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Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Guate e Internet

Guatemala, Cidade da Guatemala

Jovens guatemaltecas nas escadarias do Mercado Central da Cidade da Guatemala, capital do país

Jovens guatemaltecas nas escadarias do Mercado Central da Cidade da Guatemala, capital do país


Tivemos tão boa impressão da Cidade da Guatemala, ou simplesmente Guate, como é conhecida por aqui, que decidimos passar o dia inteiro de hoje aqui mesmo, na capital, e só seguir para Antigua amanhã, véspera de Ano Novo.

Café da manhã em padaria na Cidade da Guatemala, capital do país

Café da manhã em padaria na Cidade da Guatemala, capital do país


Queríamos conhecer o centro histórico da cidade com calma, assim como outras atrações da cidade. Além disso, apareceu a oportunidade de termos um guia muito especial, disposto a nos mostrar a sua cidade. É o Pablo, um legítimo guatemalteco amante das viagens que conhecemos via internet. Há alguns meses ele passou a nos seguir no Twitter, indicação de outros viajantes que ele também havia conhecido por internet e que também nos acompanhavam pela rede mundial de computadores.

Na Praça Centenário, a Catedral da Cidade da Guatemala, capital do país

Na Praça Centenário, a Catedral da Cidade da Guatemala, capital do país


Assim é a internet nos dias de hoje: aproxima pessoas com o mesmo gosto, formando verdadeiras comunidades de pessoas que nunca se viram, mas que tem algo em comum. No nosso caso, viajar! Hoje, por e-mail, Facebook ou Twitter, a Ana conhece ou acompanha dezenas de pessoas que estão viajando, já viajaram ou querem viajar pela América e pelo mundo. Aqui, sou obrigado a reconhecer: os argentinos dão um banho nos brasileiros neste quesito. Formam a grande maioria dos viajantes de carro através do nosso continente.

Venda de artesania no Mercado Central na Cidade da Guatemala, capital do país

Venda de artesania no Mercado Central na Cidade da Guatemala, capital do país


Pois é, há pouco mais de um ano encontrei um site de um guatemalteco que estava viajando por todos os 23 departamentos da Guatemala com sua BMW vermelha puxando um reboque feito com metade de outra BMW, pintado de vermelho também. Muito legal. Vi o site umas duas ou três vezes e depois, deixei de lado, planejando revê-lo quando chegasse por aqui. Pois é, nem precisou, pois acabamos conhecendo o próprio dono do site, o simpático Pablo. Êta mundo pequeno! Demos muita risada quando descrevi o site para ele perguntando se o conhecia e ele respondeu: “Claro! Fui eu que fiz!” Hoje, o blog mudou um pouco, mas é esse aqui, com fotos da BMW com reboque: http://bmwma.wordpress.com/

Mercado Central da Cidade da Guatemala, capital do país

Mercado Central da Cidade da Guatemala, capital do país


Nós seguimos para o centro de táxi, diretamente para o Parque Centenario. Aí estão o Palácio do governo e a Catedral da cidade. Praça bem ampla, sempre cheia de pessoas, turistas, vendedores, crianças e pombos, muitos pombos. Passamos um tempo por aí e seguimos para o Mercado central, sempre tão cheio de vida. É sempre um dos melhores lugares para se visitar, especialmente em cidades grandes. Aí passamos uma boa meia hora, vendo pessoas, comidas, frutas, sentidos odores, ouvindo músicas, enfim, acompanhando e sentido a vida do lugar. Excelente oportunidade para fotos, que a Ana soube aproveitar muito bem!

Parte externa do Mercado central da Cidade da Guatemala, capital do país

Parte externa do Mercado central da Cidade da Guatemala, capital do país


Aí, já era hora de encontrar o Pablo na frente da Catedral, conforme marcado. Ele nos reconheceu de longe, abrindo um largo sorriso e vindo em nossa direção. A gente, que não o conhecia, vendo ele se aproximar com sorriso aberto, já sabíamos que era ele. Fomos passear pela Av 6, a rua peatonal daqui, vendo prédios históricos, pessoas andando para lá e para cá, artistas populares ganhando honestamente seu dinheiro nas ruas e conversando com o Pablo sobre viagens e sobre a Guatemala.

Com nosso amigo Pablo no mais tradicional bar da cidade, o El Portal, na Cidade da Guatemala, capital do país

Com nosso amigo Pablo no mais tradicional bar da cidade, o El Portal, na Cidade da Guatemala, capital do país


O ponto alto foi a parada no mais tradicional bar da cidade, com quase 80 anos de idade, o El Portal. Lotado no meio da tarde, intelectuais, jornalistas, antigos e tradicionais frequentadores e turistas incautos como nós, todos aproveitando aquela atmosfera dos anos 30 para sorver uma boa cerveja gelada!

Com o Pablo em Ciudad Cayalá, na Cidade da Guatemala, capital do país

Com o Pablo em Ciudad Cayalá, na Cidade da Guatemala, capital do país


Foi uma cerveja só, já que ele ainda queria nos levar em passeio de carro, sua famosa BMW, pela cidade. Passamos por largas avenidas, vizinhanças famosas e fomos até um dos mirantes no alto dos morros que circulam a cidade. Daí para um chique centro comercial a céu aberto, empreendimento imobiliário atraindo a gente bacana da cidade. Por fim, ele nos levou de volta ao nosso hotel, na Zona 10. Uma tarde agradabilíssima em companhia de uma pessoa super interessante com a qual nunca tínhamos falado pessoalmente antes. Viva a internet!

Com o Pablo e nossos carros de viagem, na Cidade da Guatemala, capital do país

Com o Pablo e nossos carros de viagem, na Cidade da Guatemala, capital do país

Guatemala, Cidade da Guatemala,

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O Forte, o Massacre e as Cachoeiras

Dominica, Roseau, Portsmouth, Trois Pitons National Park

Entrando em piscina natural na base de uma das Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe

Entrando em piscina natural na base de uma das Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe


Acordamos hoje numa espécie de residência estudantil de frente para o mar! Portsmouth, no norte de Dominica, é sede de uma importante faculdade de medicina que atrai estudantes de todos os lugares, inclusive americanos. Acho que parte do apelo está no hotel criado para hospedá-los, ao lado da faculdade e de frente ao mar. Além dos estudantes, o hotel também hospeda intrépidos viajantes que chegam por aqui. Hoje, no café, não vimos muitos estudantes não. Segundo apuramos, estavam todos em seus quartos se preparando para a temporada de provas. E nós, entre uma torrada e uma fruta, entre o suco e o chá, aproveitamos para tirar fotos da praia e do píer do hotel. Quem sabe, estudantes brasileiros também se animem a vir passar seis anos por aqui, hehehe!

Nosso hotel em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe

Nosso hotel em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe


A maior atração turística da região é o Cabrits National Park, uma pequena península formada por dois antigos vulcões (extintos!), a poucos quilômetros ao norte de Portsmouth. Além das atrações naturais da mata, dos vulcões e da água cristalina que cerca a península, há também as ruínas de um antigo forte que protegia a baía. Foi o nosso destino na manhã de hoje.

A Ana caminha no pier do nosso hotel em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe

A Ana caminha no pier do nosso hotel em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe


O forte foi construído a quatro mãos, entre franceses e ingleses. Quem conquistava a ilha construía mais um pedaço, até que os ingleses finalmente o terminaram, assim como ficaram com a posse definitiva de Dominica. A parte principal do forte foi reconstruída e é atração muito visitada pelos cruzeiros que aportam por aqui na alta temporada. Agora na baixa, só havíamos nós e os operários que estão refazendo o telhado de um dos prédios.

Chegando ao forte Shirley, no Cabrits National Park, em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe

Chegando ao forte Shirley, no Cabrits National Park, em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe


Vista maravilhosa da baía, a mesma que os soldados tinham há duzentos anos, atrás de seus canhões que ainda estão por lá, sempre vigilantes. Mas para mim, ainda mais interessante é a trilha pela mata que reconquistou seu espaço original, depois que o forte foi abandonado na metade do séc XIX. Ela nos leva até a antiga casa do comandante, hoje em ruínas e totalmente tomada pela mata. Até parecem ruínas pré-colombianas, como as que vimos no México. A trilha segue mais longe, até um mirante para a baía do outro lado da península e, por fim, até o alto de um dos vulcões, onde mais canhões nos esperam. Na época do forte, toda a mata havia sido cortada. É incrível ver o poder de recuperação da natureza quando lhe dão chance. Em menos de dois séculos e quase já apagou todos os sinais de civilização.

Vista do alto do forte no Cabrits National Park, região de Portsmouth, em Dominica, no Caribe

Vista do alto do forte no Cabrits National Park, região de Portsmouth, em Dominica, no Caribe


Visitado o parque, estrada novamente, seguindo para o sul pela rota litorânea, no lado caribenho da ilha. Cruzamos algumas pequenas vilas, passamos por praias de areia escura e chegamos a um lugar com o singelo nome de “Massacre”. O nome vem de um fato ocorrido na metade do século XVII, quando a supremacia da ilha era disputada por franceses, ingleses e os valentes índios Caribs.

Ruínas da antiga casa do comandante do forte, retomada pela floresta do Cabrits National Park, região de Portsmouth, em Dominica, no Caribe

Ruínas da antiga casa do comandante do forte, retomada pela floresta do Cabrits National Park, região de Portsmouth, em Dominica, no Caribe


Dominica foi o último bastião desses índios que dominavam todo o leste do Caribe quando Colombo aqui chegou. Por mais de cem anos, eles conseguiram impedir que os espanhóis se estabelecessem por aqui, mas agora também tinham de se defender de colonizadores ingleses e franceses. As vizinhas Guadalupe e Martinica já tinham sido tomadas por franceses, assim como Barbados e Antigua por ingleses. Em St. Kitts, apenas vinte anos antes, colonizadores das duas nações europeias haviam se unido para massacrar centenas de índios Caribs num triste episódio conhecido como “Bloody River Massacre”. Adivinha de onde veio o “bloody”... Eu e a Ana passamos por lá e contamos a história nos nossos posts da época.

Águas transparentes no Cabrits National Park, em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe

Águas transparentes no Cabrits National Park, em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe


Pois bem, um nobre inglês da época, governador de St Kitts, teve um filho bastardo com uma índia Carib. Conhecido como “Indian Walter”, ele foi criado junto com os irmãos, na casa do pai. Mas quando o pai morreu, a madrasta o expulsou de casa, quando ele tinha apenas 15 anos. Acabou vindo para Dominica, para a terra de seus antepassados. Aqui, virou um grande líder, principalmente por conhecer tão bem as três culturas que disputavam o poder na região. Uma vez, quando liderou seu povo numa batalha vitoriosa contra franceses, foi até nomeado pelo líder ingês de Barbados como o “Governador de Dominica”. Mas ele também vencia ingleses em batalha, e isso causou a ira de seu meio irmão, Philip Walter, governador de Antigua.

Caranguejo se enrola em trilha do Cabrits National Park, em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe

Caranguejo se enrola em trilha do Cabrits National Park, em Portsmouth, no norte de Dominica, no Caribe


Philip trouxe suas tropas para cá, marcou um encontro amistoso com o irmão, mas o traiu. Além de massacrar toda a tribo, matou também o irmão, acetando desavenças que vinham desde a infância. Em sua honra, lá está a vila de “Massacre”, para que não esqueçamos nunca de sua traição e do fratricídio... Os Caribs restantes ainda tentaram resistir, mas duas gerações mais tarde, com franceses e ingleses entrando de pouco em pouco na ilha, desrespeitando tratados que definiam Dominica como “uma ilha neutra, a ser deixada no domínio dos índios”, tiveram de se render. De qualquer maneira, aqui é a única ilha onde sobrou um resquício da população indígena original...

Praia em Roseau, capital de Dominica, no Caribe

Praia em Roseau, capital de Dominica, no Caribe


Continuamos a viagem até à capital Roseau. Mas foi só de passagem! Logo pegamos uma estrada no sentido do interior, de volta à região do Parque Trois Pitons, com sua mata tropical, montanhas e cachoeiras. Nosso destino eram as Trafalgar Falls, duas enormes cachoeiras, de rios diferentes, que caem em paralelo em meio à mata exuberante. É uma visão impressionante, quando chegamos ao mirante, uma pequena trilha de cinco minutos a partir do estacionamento.

Observando as majestosas Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe

Observando as majestosas Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe


Como nós gostamos de sentir, além de ver, encaramos a escorregadia caminhada pelas pedras para conseguir chegar até a base de uma delas. Ali, um banho refrescante nos esperava. Um verdadeiro prêmio pelo esforço de se chegar até lá. Antes do banho, momentos de quase devoção olhando aquela maravilha da natureza aonde tão poucos chegam, barrados por pedras enormes e líquens traiçoeiros.

Explorando as Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe

Explorando as Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe


Devidamente refrescados e escorregando pedras abaixo, chegamos à outro “prêmio” lá embaixo, esse repartido com os demais turistas. Ao lado desses dois rios paralelos, prestes a se juntar um pouco abaixo, existe uma terceira fonte de águas. Nasce ali mesmo, em meio à mata e é quente! Pois é, um pequeno riacho que forma diminutas piscinas e banheiras naturais, tudo isso a poucos metros dos rios maiores.

Entrando em piscina natural na base de uma das Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe

Entrando em piscina natural na base de uma das Trafalgar Falls, no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe


Achamos uma banheira só para nós e relaxamos naquela água quente, cercados pela mais exuberante natureza por todos os lados. Uma delícia!

Banho relaxante em riacho com águas quentes no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe

Banho relaxante em riacho com águas quentes no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe


Para completar esse fim de tarde, só faltou dar uma paradinha num simpático restaurante na entrada do parque, também ao lado da mata tropical, uma varanda sobre um profundo vale completamente recoberto pela vegetação. Aí, comemos um delicioso sanduíche, como há muito não comíamos, acompanhado de cerveja estupidamente gelada. Não poderia ter caído melhor!

Uma vistosa flor no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe

Uma vistosa flor no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe


Finalmente, voltamos para Roseau, dessa vez para ficar. A gente se instalou num hotel no sul da cidade, um resort de mergulho. Ainda temos muita coisa para ver e fazer aqui em Dominica, e só temos um dia para isso. Então, foram vários telefonemas para cá e para lá para tentar agilizar nossa maratona de amanhã. Aparentemente, deu certo! Vamos começar às 5 da manhã e, na programação tem caminhada, mergulho, canyon e até um lago de águas ferventes! Será um dia intenso, daqueles que faz tempo que não temos, mas adoramos!

Relaxando em barzinho no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe

Relaxando em barzinho no Trois Pitons National Park, em Dominica, no Caribe


Estamos tão ansiosos que já até fomos celebrar em antecipação: um delicioso rum punch assistindo um pôr-do-sol inesquecível sobre a baía de Roseau! Sinal de boa sorte, sem dúvidas!

Admirando o lindo entardecer em praia de Roseau, capital da Dominica, no Caribe

Admirando o lindo entardecer em praia de Roseau, capital da Dominica, no Caribe

Dominica, Roseau, Portsmouth, Trois Pitons National Park, Cabrits National Park, cachoeira, história, Parque, Praia, Trafalgar Falls, trilha

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Rumo ao Vale do Pati

Brasil, Bahia, Vale do Pati (P.N. Chapada Diamantina)

A paisagem exuberante do Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

A paisagem exuberante do Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


A Chapada Diamantina é dinâmica. Ou... o turismo na Chapada Diamantina é dinâmico. A cada vez que volto aqui, novas atrações aparecem, outras atrações estão na moda. Na primeira vez que vim, em 91, a travessia Lençóis-Capão, passando pela Fumaça era o que estava na moda. Ninguém falava desse tal de Pati. Na segunda vez, em 98, o Pati estava começando a estourar. Na última, em 2001, o Pati era a grande atração. Caminhadas de até 5 dias! Como passei por aqui rapidamente, e não querendo ir contra a maré, só consegui dar uma arranhada no tal vale, numa corrida louca, quase desafio esportivo, de sair e voltar no mesmo dia de Andaraí, indo até o Cachoeirão por baixo (via Ladeira do Império).

Subida para se atingir os Gerais do Rio Preto e o Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA. A Fiona ficou lá embaixo ...

Subida para se atingir os Gerais do Rio Preto e o Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA. A Fiona ficou lá embaixo ...


Deata vez, as novas atrações são as cachoeiras do Buracão e da Fumacinha, ambas na parte sul do parque. O Vale do Pati, depois de sair em todas as revistas de turismo do país, virou um progama "normal". Bem, normal ou não, ele estava no top da nossa lista. Afinal, não poderia ser à tôa que ele fcou tão famoso. Muto daquele ar de aventura e descobrimento talvez tenha se perddo. Algum conforto passou a ser oferecido aos intrépidos caminhantes. pontos de apoio com colchões e chuveiros mornos. Para mim, já me aproximando da melhor idade, essas "facilidades" só valorizaram o roteiro!

Banho no Rio Preto a caminho do Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Banho no Rio Preto a caminho do Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


De banheiro e colchão, eu gosto muito. Só não gosto é de multidões. Pode ser o caso do Pati, na época errada (verão e grandes feriados). Mas não é agora. Então, para mim, é uma "win-win situation" (nada a perder, só a ganhar). E para melhorar mais ainda, ter uma espécie de win-win-win situation", decidimos ir ao Pati com um guia. Depois das dificuldades da Fumaça via 21 (não estou fazendo propaganda da Embratel!!!), ter um guia parecia um ótimo conforto. Afinal, poderíamos nos concentrar nas belezas da paisagem e esquecer do melhor caminho. Mais do que isso, arrumamos um guia que é quase (literalmente) um chef de cozinha. Chega de sanduíche de queijo! De agora em diante, comida quente e variada!

Atravessando os Gerias do Rio Preto a caminho do Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Atravessando os Gerias do Rio Preto a caminho do Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Para melhorar mais ainda o Lúcio, nosso guia, é excelente pessoa e ótimo papo, desses que rola uma empatia desde o início e com quem podemos falar sobre tudo, desde trilhas e comidas até história e música, passando por política e ciência.

Observando o Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

Observando o Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Resumo da ópera. chegamos para o Pati para sadias caminhadas, vistas maravilhosas, comidas suculentas e conversas instrutivas, Assim foi o primeiro dia, que na verdade começou depois do meio-dia, depois da volta da Fumaça. Fomos de carro até a vila de Guiné, avançamos um pouco, deixamos a Fiona ali no campo, subimos para os Gerais do Rio Preto, caminhamos até o mirante e entramos no Vale do Pati rumo à Igrejinha, nosso ponto de apoo na região. Ali, nos instalamos em um confortável colchão e fomos alimentados com um delicioso strogonoff de frango e carne, misturados e muito bem temperados. Lá do mirante, ainda tivemos uma bela aula de geografia do Pati e de suas grandes atrações. Cenários cinematográficos, dignos de Avatar e de Harry Potter.

O Lúcio nos mostra a Igrejinha, nossa base no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA

O Lúcio nos mostra a Igrejinha, nossa base no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA


Como já dizia a música: "O Vale do Pati continua lindo...". Vamos conferir pelos próximos dois dias...

Brasil, Bahia, Vale do Pati (P.N. Chapada Diamantina), Chapada Diamantina, Igrejinha, Parque, Trekking, trilha

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De Volta ao Canadá

Canadá, Waterton National Park


Depois de 16 dias atravessando os Estados Unidos, estamos de volta ao Canadá. A despedida tinha sido na região dos Grandes Lagos, na província de Ontario, e agora estamos de volta ao país na província de Alberta, já quase no Pacífico.

Sede do Parque Internacional da paz, na fronteira de Canadá e Estados Unidos

Sede do Parque Internacional da paz, na fronteira de Canadá e Estados Unidos


A cidade de Waterton, na beira do lago no parque de mesmo nome, em Alberta, no Canadá

A cidade de Waterton, na beira do lago no parque de mesmo nome, em Alberta, no Canadá


Entramos no país ontem de noite, na estrada que vem por dentro do Parque Internacional. Outra vez, a passagem pela fronteira foi super expedita e logo chegávamos à pequena cidade de Waterton, coração do parque de mesmo nome. Depois do longo dia de passeios, que incluiu até um inesquecível encontro com ursos, estávamos bem cansados e não demorou muito para desmaiarmos. Mas não por muito tempo porque hoje já tínhamos novas explorações para fazer.

No alto do Bear Hump, em Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá

No alto do Bear Hump, em Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá


Vista de Waterton e do lago, no Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá

Vista de Waterton e do lago, no Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá


O Waterton Lakes National Park é a metade canadense desse parque binacional. O forte daqui são os diversos lagos e um dos principais passeios é atravessar o maior deles, justamente onde está a cidade de Waterton, num barco para turistas. Do lado de lá, várias trilhas levam aos Estados Unidos, trilhas que só tem acesso pelo lado de cá. Como acabamos de chegar do outro lado da fronteira, ficamos meio com preguiça desse programa. Fomos até a orla do belo lago, caminhamos um pouco, tiramos fotos e seguimos para o Centro Turístico de Waterton, de onde sai a mais popular trilha daqui.

Filhote de cabra montesa, no Waterton Park, em Alberta, no Canadá

Filhote de cabra montesa, no Waterton Park, em Alberta, no Canadá


Ursos também são muito comuns por aqui e o nome dessa trilha é até uma homenagem a eles: “Bear Hump”, uma das mais visíveis características dos grizzlies e diferencial com relação aos ursos pretos. Felizmente, nessa trilha eles não costumam aparecer e nós pudemos seguir mais tranquilos, embora sempre com o Bear Spray à mão. Nem precisava, pois encontramos vários outros caminhantes por ela e o barulho conjunto de todos nós era mais do que o suficiente para manter qualquer urso afastado.

No alto do Bear Hump, em Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá

No alto do Bear Hump, em Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá


A trilha não é longa e, basicamente, sobre uns 200 metros verticais até o alto de um promontório de montanha, de onde se tem uma magnífica vista do lago que leva aos Estados Unidos. Difícil só foi aguentar o forte vento lá encima. Fora isso, foi só alegria e muitas fotos novamente. Lá embaixo, o lago mais parecia uma paisagem caribenha do que um gelado lago canadense. As aparências enganam...

Parece o Caribe, mas é o Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá

Parece o Caribe, mas é o Waterton Lakes National Park, em Alberta, no Canadá


Feita a trilha, ainda fomos de Fiona até outra atração, o Red Canyon. Basta ver as fotos (ou ao vivo!) para perceber que, quem deu o nome, não precisou usar nenhuma imaginação para o batismo. Pena que o rio seja tão gelado... Ficamos mesmo só nas fotos. Depois, chega de parques e rumo à cidade grande. A última foi Chicago e, depois de tantos parques, já estávamos com saudade de uma selva de pedra. Calgary, aí vamos nós!

Caminhando no Red Canyon, no Waterton Park, em Alberta, no Canadá

Caminhando no Red Canyon, no Waterton Park, em Alberta, no Canadá

Canadá, Waterton National Park, Parque, trilha

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Monte Roraima 2007: The Lost World

Venezuela, Monte Roraima, Santa Elena

Admirando a magnífica paisagem do alto do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Admirando a magnífica paisagem do alto do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Depois da noite de bastante frio, o dia nasceu radiante no topo do Monte Roraima. O tempo lá encima é dos mais imprevisíveis e é muito comum que turistas cheguem lá, passem dois dias e voltem sem ter tido a chance de ver nada, já que as chuvas e neblina são muito comuns. Então, aquele céu azul poderia ser considerado uma benção e tínhamos de aproveitá-lo ao máximo! Como disse no post anterior, nosso grupo tinha se dividido em dois, uma parte querendo fazer o passeio longo e o outro ficando ali por perto mesmo. A Ana, depois da noite de sono e vendo a beleza do dia, mas que depressa decidiu também pelo passeio longo, junto comigo e do japonês Jung.

Início do 3o dia, prontos para longa caminhada no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Início do 3o dia, prontos para longa caminhada no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Foi só agora, de manhã, que pudemos ver a paisagem que nos rodeava. Estávamos em um outro mundo, ou então, num mundo perdido, o famoso Lost World de Sir Arthur Conan Doyle. O escritor inglês do início do século passado nunca esteve no Monte Roraima, mas escreveu seu livro baseado nos relatos de várias expedições a essa montanha.

Paisagem de pedras no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Paisagem de pedras no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Paisagem de pedras no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Paisagem de pedras no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


O Roraima só foi descoberto para a civilização ocidental em meados do séc XIX, embora já fosse conhecido dos habitantes locais há milhares de anos. Várias expedições científicas se seguiram, sempre assinalando a impossibilidade de subir na montanha, “defendida” por escarpas e falésias de até 1.000 metros de altura. Muitos propuseram o uso de balões para se chegar ao topo, mas em 1884 uma expedição inglesa localizou uma brecha nas escarpas, uma espécie de rampa natural que levava ao cume do Roraima. Quando lá chegaram, os pesquisadores se depararam com um mundo completamente diferente de tudo o que haviam visto anteriormente.

Formações rochosas no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Estranhas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Estranhas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


O Monte Roraima, assim como os outros tepuis, são remanescentes de uma era tão antiga que mal conseguimos conceber. Tem mais de dois bilhões de anos, uma das regiões mais antigas da face da Terra. São testemunhas de um tempo muito anterior à formação da Pangéia, o último dos supercontinentes e que deu origem à geografia continental que hoje conhecemos. Tanto tempo de erosão pela água e pelo vento lavaram completamente o topo da montanha, quase não restando solo lá encima. Boa parte de sua superfície é pura rocha. Essa também acabou cedendo aos efeitos da erosão, com intensa formação de cavernas e pedras com os mais variados formatos, que lembram desde animais à templos de alguma civilização perdida.

Pequenas, belas e exóticas flores no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Pequenas, belas e exóticas flores no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Pequenas, belas e exóticas flores no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Pequenas, belas e exóticas flores no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Para viver num ambiente tão distinto, a mais de 2.700 metros de altitude, fauna e flora precisaram se adaptar, criando espécies únicas. Não são os dinossauros imaginados por Sir Arthur Conan Doyle em seu famoso romance, mas até hoje esse é um lugar que atrai botânicos e zoólogos de todo o mundo. Por exemplo, a quantidade de plantas carnívoras é impressionante. Com quase nenhum solo disponível para buscar seus nutrientes, elas tiveram de se adaptar e complementam sua dieta com os insetos da região. E para atraírem os insetos para suas armadilhas, desenvolveram formas, cheios e cores as mais atraentes possíveis!

Refrescando-se em riacho no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Refrescando-se em riacho no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Refrescando-se em riacho no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Refrescando-se em riacho no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Esse é o mundo que fomos conhecer hoje. O topo do Monte Roraima tem cerca de 10 quilômetros de comprimento, com a largura variando entre 3 e 5 quilômetros. É uma área enorme que mereceria vários dias de explorações. As paisagens lá encima, aos olhos de meros turistas, são muito parecidas ou confusas, de modo que um guia é absolutamente fundamental. Como não há solo, o terreno todo rochoso, não há trilhas. Caminhamos pelas pedras mesmo. Nos trechos mais “caminhados”, a rocha fica marcada, o que facilita um pouco nos encontrarmos, mas quando nos afastamos das ´ áreas mais visitadas, basta alguns minutos para nos perdermos. Eu até tentava fazer umas marcações mentais, decorar pontos de orientação, mas uma hora mais tarde de caminhada e me parecia que estávamos passando no mesmo lugar. Impressionante!

Curiosas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Curiosas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Curiosas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Curiosas formações rochosas no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Enfim, estávamos com um guia e podíamos nos concentrar apenas em admirar a paisagem que nos rodeava, seu exotismo e peculiaridade. Passamos por pedras com formas de elefantes e camelos, macacos e pássaros e, isso sim, era um ponto de referência. Mas, ao caminhar um pouco mais e mudarmos o ângulo de observação, aquela mesma rocha que já nos parecia tão familiar, virava uma coisa completamente nova. “É, melhor deixar a navegação com o profissional mesmo!” – pensei, relaxando e curtindo o cenário de outro mundo.

Uma mágica piscina natural no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Uma mágica piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Caverna que nos leva à piscina natural no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Caverna que nos leva à piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Ao longo da caminhada, passamos também por pequenos riachos, onde podemos nos refrescar um pouco. Se de noite faz muito frio por aqui, de dia e com sol à pino, é o calor que aperta. A água pode ser fria, mas era também irresistível! O lugar mais impressionante para esses banhos foi uma espécie de piscina natural, alimentada por pequenas quedas d’água. Uma espécie de oásis no meio daquele horizonte de pedras e rochas. Mas a piscina parecia inacessível, apenas para ser observada de cima, cercada de paredes de pedra com mais de cinco metros de altura. Até pensei em me jogar lá de cima, para só depois tentar imaginar como sair daquela armadilha. Depois das fotos, fomos nos afastando e eu meio triste de não ter tido o ímpeto de realmente me jogar lá. Mas, a uns cem metros dali, o guia nos levou para a entrada de uma caverna, por detrás de uma rocha. Cenário incrível, colunas que pareciam obra humana, um templo grego ou romano. Fomos entrando caverna adentro até que a luz apareceu lá no fundo. A luz e uma piscina de águas amarelas. Era a mesma piscina que havíamos visto lá de cima. Linda! Um dos lugares mais especiais que já visitei!

A misteriosa piscina natural no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

A misteriosa piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


A misteriosa piscina natural no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

A misteriosa piscina natural no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Ao longo da caminhada, chegamos também perto da borda do tepui e de suas falésias com centenas de metros de altura. Dali, podíamos observar as escarpas mais longínquas do Roraima, assim como outros tepuis mais adiante. Das paredes, escorriam cachoeiras gigantes. Nuvens escalavam as paredes por um lado, enquanto do outro, o céu azul e atmosfera limpa nos permitiam enxergar a mais de 100 km de distância. Realmente, um cenário grandioso e um pterodátilo voando por ali até que combinaria com a paisagem.

Chegando à borda do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Chegando à borda do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


A grandiosa paisagem do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

A grandiosa paisagem do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Finalmente, chegamos ao marco da tríplice fronteira e pudemos colocar nossos pés no Brasil e na Guiana também, uma parte do corpo em cada país e claro, uma foto de nós três, com mãos dadas, cada um numa nação distinta. Cerca de 85% do Roraima está localizado na Venezuela, 10% na Guiana e apenas 5% no Brasil. Mas foi gostoso ter pisado em terras, ou rochas brasileiras novamente.

A belíssima paisagem que se vê do topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

A belíssima paisagem que se vê do topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


A belíssima paisagem que se vê do topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

A belíssima paisagem que se vê do topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


O caminho de volta foi igualmente interessante, passando por terrenos cheios de cristal. Nunca tinha visto tantos juntos, mas parece que antes havia ainda mais, levados por visitantes como relíquias. Hoje, é proibido levar cristais lá de cima, assim como exemplares da flora e fauna, a não ser com autorização especial, para estudos.

No topo Monte Roraima, o marco da fronteira tríplice entre Venezuela, Brasil e Guiana. Cada um de nós estava em um país! ( Venezuela, em 2007)

No topo Monte Roraima, o marco da fronteira tríplice entre Venezuela, Brasil e Guiana. Cada um de nós estava em um país! ( Venezuela, em 2007)


É muito comum encontrar cristais no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

É muito comum encontrar cristais no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Já perto do final do dia, bem perto do nosso “hotel”, passamos ao lado do ponto culminante do Roraima, a Maverick Stone, com mais de 2.800 metros de altura. Ponto perfeito para assistirmos as cores de fim de tarde, um pôr-do-sol espetacular e inesquecível.

O magnífico entardecer na nossa 2a noite no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

O magnífico entardecer na nossa 2a noite no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


O magnífico entardecer na nossa 2a noite no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

O magnífico entardecer na nossa 2a noite no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


A noite foi bem mais tranquila que a anterior, agora que estávamos mais secos. Pela manhã, iniciamos o longo caminho de volta. Para baixo, todo santo ajuda e foi muito mais fácil. Além disso, sem a chuva e o frio, pudemos admirar muito mais as encostas da montanha. As cachoeiras que havíamos cruzado com tanta dificuldade na subida nem mais existiam, completamente secas, restando apenas a maior delas, conhecida como “lágrimas”, nome que combinava com nosso espírito em deixar essa montanha para trás. Saímos com a promessa de um dia voltar, agora para passar mais tempo no topo e caminharmos até o lago Gladys, o maior corpo de água no topo do Roraima.

Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


A bela paisagem durante a descida do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

A bela paisagem durante a descida do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007


Caminhamos diretamente até o ponto onde tínhamos passado a primeira noite e, no dia seguinte, na hora do almoço, já estávamos em Paraitepui. Trazíamos conosco fotografias, lembranças e o maravilhoso sentimento de ter estado em um dos lugares mais incríveis do planeta. Um lugar onde o tempo passa diferente, segundos são milhares de anos e nós, humanos, efêmeros e passageiros. Assim como foram os dinossauros e pterodátilos que, um dia, também estiveram por ali.

Emoção por estar no topo do Monte Roraima, na  Venezuela, em 2007

Emoção por estar no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007

Venezuela, Monte Roraima, Santa Elena, Montanha, Parque, trilha, ViagemAntiga

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Montego Bay - Jamaica

Jamaica, Montego Bay

Jamaica, Ilhas Cayman e Cuba, nesta ordem, nosso roteiro nesta nova investida ao Caribe

Jamaica, Ilhas Cayman e Cuba, nesta ordem, nosso roteiro nesta nova investida ao Caribe


A Jamaica é uma das quatro grandes ilhas do Caribe, ligeiramente maior que Porto Rico e bem menor que Cuba e Hispaniola. Tem um pouco mais de 10 mil km2, o que significaria um quadrado de 100km x 100km. Mas, como mostra o mapa, ela não é quadrada, sendo muito mais comprida no sentido leste-oeste que norte-sul.


Nosso roteiro planejado no país, passando por praias, montanhas, cachoeiras e cidades

Assim como as outras ilhas do Caribe, foi primeiro visitada e colonizada pelos espanhóis, que se encarregaram de extinguir a antiga população indígena (100 mil pessoas quando Colombo chegou, em 1494) através do trabalho forçado e das doenças do velho mundo. Em seguida, começaram a trazer negros da África para trabalharem em suas fazendas de cana-de-açúcar. Mas a ilha era considerada uma colônia de 2ª categoria e os poucos soldados aqui estacionados não puderam resistir à invasão inglesa na primeira metade do séc XVII.

Arquitetura na praça central de downtown - Montego Bay, na Jamaica

Arquitetura na praça central de downtown - Montego Bay, na Jamaica


Essa expedição inglesa, formada por ladrões, piratas e outras pessoas pouco queridas em sua terra natal, foi enviada para conquistar a ilha de Hispaniola. Mas aí sim os espanhóis estavam devidamente fortificados e a invasão foi facilmente repelida. Como segunda opção, vieram para cá. Despejados os espanhóis, pouca coisa mudou na vida da ilha, além de um rei diferente. Mais escravos, mais cana-de-açúcar, mais do mesmo.

Placa comemorativa da rebelião de escravos de 1831, em Montego Bay, na Jamaica

Placa comemorativa da rebelião de escravos de 1831, em Montego Bay, na Jamaica


Em 1831, um acontecimento moldaria para sempre a história do país, com influências em todo o mundo ocidental. Um escravo que tinha tido acesso à educação, Sam Sharpe, começou a pregar pela resistência pacífica dos escravos contra a opressão branca. Por exemplo, sugeriu que os escravos se negassem a trabalhar no natal daquele ano. Mas o movimento escapou-lhe das mãos e tornou-se violento, algumas dezenas de plantations queimadas e seus donos assassinados. A repressão foi ainda mais violenta. Algumas centenas de escravos enforcados e outros milhares chicoteados. Tão dura foi a reação que durante meses houve debates acalorados no parlamento inglês sobre o assunto. A questão foi crescendo e o resultado foi a abolição da escravatura em todas as colônias inglesas. Em seguida, a Inglaterra passou a combater o tráfico negreiro em todo o Atlântico, ajudando a por fim a esta prática odiosa. Mal sabia Sam Sharpe até onde chegaria o movimento que ele iniciou. Infelizmente, não pôde saber mesmo, pois foi um dos primeiros a ser enforcados durante a retaliação do governo colonial.

Com o David, em frente à bela igreja anglicana de Montego Bay, na Jamaica

Com o David, em frente à bela igreja anglicana de Montego Bay, na Jamaica


Belo interior da igreja anglicana de Montego Bay, na Jamaica

Belo interior da igreja anglicana de Montego Bay, na Jamaica


A Jamaica só se tornaria um país independente na segunda metade do séc XX, em 1962. Aliás, o festival de blues e jazz que lotou os hotéis de Montego Bay comemora exatamente os 50 anos da independência. E foi aqui em Montego Bay que chegamos anteontem, a principal porta de entrada do país, terra do herói Sam Sharpe e também de dezenas de hotéis no estilo all-inclusive, a maneira como a grande maioria dos turistas conhece o país. Ficam muito bem acomodados em seus mundos protegidos da suposta violência do país, muito conforto, belas praias e algumas excursões às atrações mais conhecidas.

Chamando a atenção em escola de crianças em Montego Bay, na Jamaica

Chamando a atenção em escola de crianças em Montego Bay, na Jamaica


Bom, esse não é o nosso modo de conhecer países e, quanto a tal violência, a nossa tendência é sempre achar que há exagero nos relatos. Nossa ideia é alugar um carro e percorrer o país, tentar fugir um pouco dos tais resorts... Aqui em Montego Bay, após a confusão na chegada de anteontem, acordamos dispostos a acertar a situação. Recebemos um e-mail do site hotel.info dizendo que nosso cartão não havia sido aceito e a reserva cancelada. Hmmm... Isso depois de terem enviado outro e-mail dizendo que estava tudo certo. Bom, bola para frente! Eis que alguém desistiu de vir para cá e nós conseguimos um quarto no próprio hotel em que chegamos, pagando com o tal cartão que havia sido recusado. Era a Jamaica que começava a sorrir para nós, hehehe! Um pouco mais caro que a reserva feita na internet, mas, enfim, agora tínhamos onde dormir.

Visitando o mercado central de Montego Bay, na Jamaica

Visitando o mercado central de Montego Bay, na Jamaica


Visitando o mercado central de Montego Bay, na Jamaica

Visitando o mercado central de Montego Bay, na Jamaica


O tal festival tinha como atração principal Celine Dion, por 100 dólares por pessoas, mais uns 50 dólares de condução. Considerando o dinheiro que havíamos gasto a mais, tanto nas passagens como no hotel, achamos uma excelente oportunidade de não gastar mais. Afinal, viemos para cá pelo reggae. Blues e jazz, vamos chegar a New Orleans daqui a pouco...

Tranquila tarde de praia em Montego Bay, na Jamaica

Tranquila tarde de praia em Montego Bay, na Jamaica


Então, “sobraram” as praias e a cidade para conhecermos! Logo na primeira manhã, ontem, fomos ao centro. Não demora muito para perceber que turistas são raros por lá. Ficam mais nos seus resorts e também na hip street, onde estão hotéis e restaurantes de frente para o mar. Visitamos a praça com seus prédios em arquitetura vitoriana, reverenciamos o monumento em honra ao Sam Sharpe e centenas de outros enforcados em 1831, entramos na mais bela igreja do país, de denominação anglicana e fizemos nossa costumeira visita ao mercado, onde podemos ver as pessoas locais levando suas vidas cotidianas.

Praia e águas caribenhas em Montego Bay, na Jamaica

Praia e águas caribenhas em Montego Bay, na Jamaica


Depois, para a praia. Todas as melhores praias da região são fechadas. Ou estão dentro de algum hotel all-inclusive, ou são um parque em que se paga para entrar. O nosso hotel já nos dava direito a entrar numa das mais conhecidas, onde está o Aquasol Theme Park. Lá, após mostrar nossas pulseirinhas, somos recebidos com guarda-sol e cadeiras. Para completar, cervejas Red Stripe geladinhas e já nos sentimos diretoria total! Mar completamente caribenho, aquela cor de piscina e areias bem claras. Uma raia protege a praia dos barcos e serve também como circuito para que possamos fazer uma boa sessão de natação.

Garçon fazendo graça em praia de Montego Bay, na Jamaica

Garçon fazendo graça em praia de Montego Bay, na Jamaica


O fim de tarde, acompanhando o maravilho pôr-do-sol, foi num dos restaurantes da hip street, em frente ao mar. Boa comida e vista fantástica, com direito a rum punch. Aos poucos, vamos nos sentido cada vez mais na Jamaica. Só está faltando um bom reggae, porque por enquanto, o que temos mais ouvido é hip hop, infelizmente.

De volta ao mar do Caribe em Montego Bay, na Jamaica

De volta ao mar do Caribe em Montego Bay, na Jamaica


O dia de hoje foi como o de ontem, com a diferença que não fizemos o passeio na cidade, fomos direto para a praia. Sendo um sábado, a frequência de jamaicanos era bem maior, famílias inteiras se divertindo nas águas mornas do mar do Caribe. Aliás, são também jamaicanos a maioria dos hóspedes no nosso hotel. Classe média alta da capital Kingston que veio acompanhar o festival. Gringos, vimos alguns no hotel e na nossa praia, mas a maioria foi dentro dos micro-ônibus e vans dos resorts, levando-os para as compras, a algum restaurante ou ao aeroporto.

Nosso primeiro pôr-do-dol na Jamaica, em Montego Bay

Nosso primeiro pôr-do-dol na Jamaica, em Montego Bay


Falando em aeroporto, para lá vamos amanhã cedo, em busca de um carro que possamos alugar aqui e devolver em Kingston, de onde sai nosso voo para Cayman, no dia 6. Teremos oito dias para dar a volta na ilha e conhecer um pouco mais das belezas e da alma do país. A primeira parada deve ser em Negril, na extremidade oeste da ilha, terra de praias, reggae e fantásticos pores-do-sol.

Nosso primeiro pôr-do-dol na Jamaica, em Montego Bay

Nosso primeiro pôr-do-dol na Jamaica, em Montego Bay

Jamaica, Montego Bay, Praia

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Visitando as Cataratas

Brasil, Paraná, Foz do Iguaçu

Visitando o P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Visitando o P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Quem vem à Foz tem de ver as cataratas. Se não, é como ir à Paris e não ver a Torre Eiffel ou ir à Roma e não ver o papa! E não é por menos, afinal esta é uma atração de renome mundial, um dos pontos mais visitados do Brasil, nosso cartão postal mais conhecido ao lado do Cristo do Rio.

Na fila da bilheteria do P.N. do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)

Na fila da bilheteria do P.N. do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)


Placa informativa do P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Placa informativa do P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


O primeiro visitante em tempos modernos foi o explorador espanhol Cabeza de Vaca que, assim como seus colegas da época, procurava incansavelmente pelo Eldorado, a lendária terra do ouro e maior engodo da história. Fico imaginando a cara dele ao se deparar com essa visão absolutamente fantástica, mais de um milhão de metros cúbicos de água despencando ao mesmo tempo através de centenas de cachoeiras de 30, 40, 60 metros causando um estrondo contínuo que se ouve à dezenas de quilômetros.

Trilha em passarelas de madeira na mata do P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Trilha em passarelas de madeira na mata do P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Andando de trenzinho em meio à Mata Atlântica no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Andando de trenzinho em meio à Mata Atlântica no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Bem, não sei a cara dele, mas os índios da região, que usavam a área das cataratas como terreno sagrado para enterrar seus antepassados não gostaram nada da "visita" daqueles conquistadores. Ofereceram suas canoas para que eles atravessassem o rio caudaloso mas, no meio da travessia, tiraram tampões que cobriam alguns buracos na madeira, deixando que a água entrasse nos barcos. Eles, índios, sem roupa e bons nadadores, simplesmente nadaram para as margens. Os conquistadores por sua vez, vestidos com suas pesadas roupas de metal, foram direto para o fundo. Foi o primeiro embate entre índios e europeus nas cercanias das cataratas do Iguaçu, que na língua indígena significa "água grande".

No barco para ver as cataratas pelo lado de baixo, no P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

No barco para ver as cataratas pelo lado de baixo, no P.N. do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Barco se dirige às Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Barco se dirige às Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Centenas de anos depois, os índios já desaparecidos da região, quem visitou as cataratas e se impressionou foi nosso conterrâneo famoso, Santos Dummont. Não sei se ele voou com o 14 bis por cima das quedas (claro que não, hehehe), mas ficou maravilhado com elas e propôs a criação de um parque para protegê-las. Isso foi em 1919. Onze anos mais tarde foi criado um parque estadual na área e em 1939 foi a vez do governo federal criar um parque para proteger esse patrimônio mundial.

Próximos às cataratas durante o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Próximos às cataratas durante o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Barco do Macuco Safari dá um banho de cachoeira em turistas, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Barco do Macuco Safari dá um banho de cachoeira em turistas, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Agora, em 2011, foi a nossa vez de visitá-las. Não foi a primeira vez minha e nem da Ana, mas foi nossa primeira vez juntos! Uma atração dessa magnitude, visitada por tanta gente, já se rendeu ao "esquemão" faz muito tempo. Parque Nacional de 1o mundo, atração cinco estrelas no Guia 4rodas, não há muita chance de se fugir das regras, caminhos, lugares-comum. Enfim, é um preço barato que se paga para se ter acesso à essa maravilha natural. Bem, falando em preço, din-din, aí não é tão barato não. Pelo menos, para brasileiros custa a metade dos 48 reais cobrados dos gringos (será uma boa propaganda, essa?). Esse aí nem é tão caro assim. Mas se somar o estacionamento de 12 reais, os preços extorsivos dos passeios extras e até a capa de chuva para quem vai de barco até as cachoeiras, aí fica caro sim. A Trilha do Poço Preto custa uns 120 reais, o Macuco Safari outros 120 reais e o rapel com vista para as cataratas, nem perguntei...

Completamente encharcado aós o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Completamente encharcado aós o Macuco Safari, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)

Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)


Andar 9 km pela mata pagando essa fortuna, acabamos desistindo, afinal o que mais temos feito é andar na mata sem pagar nada. Para quem nunca fez, talvez valha à pena. O Macuco Safari, resolvemos encarar. Uma delícia, mas eu esperava que o barco fosse mais longe, até a boca da famosa Garganta do Diabo. Mas, fui informado que isso só ocorre quando o rio está mais vazio. A visão lá de baixo é espetacular, mas não vale os 120 reais cobrados.

Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)

Turistas caminham nas passarelas próximas às catartas no P.N do Iguaçu(Foz do Iguaçu - PR)


Toda encapada nas passarelas do parque nacional nas cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu - PR

Toda encapada nas passarelas do parque nacional nas cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu - PR


O que vale, e vale muito mesmo, é a caminhada pela trilha das cataratas. Essa já está incluída no preço de entrada do parque e, de cada ângulo, de cada curva, é um verdadeiro show visual. Que coisa mais esplendorosa! Que poder da natureza! Impressionante!

Bem próximo das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Bem próximo das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Bem próxima das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Bem próxima das cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)


Foi uma manhã e tanto! Uma manhã que se estendeu até o início da tarde, quando tivemos de sair correndo para não perder o outro espetáculo do dia, a visita técnica à Usina de Itaipu. Deixamos o parque às pressas, com a sensação de que queríamos ficar mais, admirar mais, contemplar mais. Fica para amanhã, quando o visitaremos novamente, dessa vez do lado argentino. É quando se pode chegar ainda mais perto da Garganta do Diabo, o ponto mais dramático desse verdadeiro templo das águas.

A famosa Garganta do Diabo, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

A famosa Garganta do Diabo, no P.N do Iguaçu (Foz do Iguaçu - PR)

Brasil, Paraná, Foz do Iguaçu, cachoeira, Parque, trilha

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Dois Meses!

Brasil, São Paulo, Juréia

Olha só a pose de remador!

Olha só a pose de remador!


Dois meses viajando! O tempo passa muuuuito rápido. Logo serão os 1000 dias. Brrrr... dá um arrepio só de pensar.

Vista do nosso quarto na Waldhaus, em Guaraú. Mais tarde, o dia abriu!

Vista do nosso quarto na Waldhaus, em Guaraú. Mais tarde, o dia abriu!


A comemoração noturna ainda vai ser. Vamos dar um pulo em Peruíbe. Já a comemoração diurna foi sensacional! Aproveitamos o tempo bom e fizemos aquela remadinha básica de sete quilômetros para ir, mais sete para voltar. E olha que pegamos maré contrária tanto na ida como na volta. Mas é íncrível como a canoa "rende", com correnteza contra ou a favor. Íamos três na canoa, a pessoa do meio bem diretoria, tirando fotos. Ontem, eu remei o tempo todo enquanto a Ana ía tranquilona. Mas hoje, dos quatorze quilômetros, ela remou uns cinco! Isso é que é esposa!!!

Ana remando para a cachoeira Itu, na Juréia - SP

Ana remando para a cachoeira Itu, na Juréia - SP


Novamente, durante o percurso fomos tendo uma aula com o Amilton. Até aprendemos a diferenciar entre os três tipos de árvores que compõe o mangue: a branca, a vermelha e a preta. A quantidade e diversidade de aves também impressiona. Depois, tem os carangueijos e siris. E hoje, até tartarugas deram o ar da graça.

Rodrigo 'trabalhando' em pleno mangue, na Juréia - SP

Rodrigo "trabalhando" em pleno mangue, na Juréia - SP


Eu, depois de tanto remo, já estava me sentindo o Daniel Boone (apenas os mais velhos vão lembrar. Os mais novos, que dêem uma olhada no YouTube...). Depois de vencer os dois km da base até o rio Guaraú e mais quatro rio acima (rio largo, mais de 50 metros de largura), pegamos um pequeno igarapé até a cachoeira. Um espetáculo de lugar, bem no meio da mata atlântica, verde para todo lado. O banho mais que refrescante nos deixou zerados para a jornada de volta. Logo estávamos na base novamente, felizes e revigorados, prontos para celebrar o aniversário de dois meses em Peruíbe.

Tomando banho, feliz da vida, na cachoeira Itu, na Juréia - SP

Tomando banho, feliz da vida, na cachoeira Itu, na Juréia - SP


O nosso plano de seguir amanhã de madrugada para Santos para mergulhar na famosa lage é que dançou. Com medo do ciclone que se aproxima, todas as operadoras de mergulho cancelaram suas saídas. Assim, mudaram os planos, vamos direto para Sampa. Santos, se Deus quiser e não mandar mais ciclones e furacões, fica para quarta. A única vantagem é que não teremos de madrugar por aqui e poderemos curtir mais nossa celebração de hoje à noite. E ainda poderemos aproveitar nosso café da manhã incluso na diária!

Remada de volta para casa - Juréia/SP

Remada de volta para casa - Juréia/SP

Brasil, São Paulo, Juréia, Parque

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No Saco do Mamanguá

Brasil, Rio De Janeiro, Angra dos Reis

Cachoeira e poço no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ

Cachoeira e poço no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ


Acordamos hoje cedinho com uma bela surpresa: chuva! O tempo, que nos ajudou tanto desde o início dos 1000dias, anda complicando nossa vida nesses últimos dias. Mas não desanimamos. Liguei para o Reinaldo, em Parati Mirim e ele confirmou que chovia por lá mas, mais importante, não ventava! Assim, com chuva e tudo, fomos para lá encontrá-lo e, de barco, rumamos para o Saco do Mamanguá.

Dia nublado no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ

Dia nublado no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ


Essa espécie de "fiorde tropical" é uma longa baía que invade o continente bem ao lado de Parati Mirim. Com um pouco menos um quilômetro de largura e quase oito de comprimento, as encostas e pequenas praias do Mamanguá estão ocupadas por pequenas comunidades caiçaras e grandes mansões de felizardos milionários, que chegam em seus barcos ou helicópteros.

Entrando no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ, com o Reinaldo

Entrando no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ, com o Reinaldo


Mesmo com o tempo nublado misturado com um pouco de chuva, as águas do mar ali são de um verde incrível, de difícil descrição. As águas calmas facilitaram o movimento do nosso barco e logo estávamos no fundo do fiorde entrando na parte de mangue do Mamanguá. Nosso objetivo era percorrer um de seus canais e chegar até a uma cachoeira e também a uma aldeia de índios. A cachoeira foi jóia, água bem refrescante. A aldeia é meio caída, infelizmente.

Cachoeira e poço no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ

Cachoeira e poço no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ


De volta à Parati Mirim conhecemos o Jorge, um argentino que viajou por toda a América do Sul com seu carro, transformado em casa. Apaixonado pelo Brasil e pela região de Parati, já faz um bom tempo que está por aqui. Ele adorou o nosso projeto e tivemos uma conversa muito gostosa.

Com o Jorge e sua 'casa', que viajaram por toda a América do Sul, em Parati Mirim - RJ

Com o Jorge e sua "casa", que viajaram por toda a América do Sul, em Parati Mirim - RJ


A conversa terminou porque tínhamos de voltar à Parati para pegar nosso barco para o Pouso da Cajaíba. Mas, quando chegamos no porto, descobrimos que o barco só iria amanhã cedo. Depois de confabular um pouco, pesar as condições de tempo e nossa programação nos 1000dias, resolvemos deixar a Cajaíba para depois dos 1000dias e seguir em frente, para o próximo destino, a Ilha Grande.

A nossa usina nuclear, em Angra do Reis - RJ

A nossa usina nuclear, em Angra do Reis - RJ


Então, viemos para Angra dos Reis. No caminho, a visão meio surreal das nossas usinas nucleares. Após passear pelo maravilhoso Saco do Mamanguá, Angra 1 e 2 parecem mais esquisitas ainda, fora do lugar e do tempo. Até hoje acho inacreditável tê-las construído ali, no meio do pedaço de litoral que muitos consideram o mais bonito do Brasil. Vai entender...

Cachoeira e poço no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ

Cachoeira e poço no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ


Bom, amanhã cedinho, Ilha Grande. Com barco que tem hora marcada para sair, independente de São Pedro ou do bom humor de algum pescador.

Uma das muitas casonas no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ

Uma das muitas casonas no Saco do Mamanguá, região de Parati - RJ

Brasil, Rio De Janeiro, Angra dos Reis, Parati Mirim, Saco do Mamanguá

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Onças!

Brasil, Mato Grosso, Porto Jofre

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Nessas nossas andanças pelas Américas, uma das coisas que sempre procuramos é o contato com a natureza. Por isso, fazemos longas caminhadas em parques nacionais, subimos montanhas, mergulhamos em mares e rios, exploramos cavernas, cruzamos matas e desertos. As paisagens são sempre magníficas, em suas formas mais distintas, mas é o encontro com a vida selvagem, os verdadeiros habitantes dessas regiões lindas que visitamos, que nos dá a sensação verdadeira de estar ainda mais perto da natureza. Afinal, são eles que vivem ali há milhares de anos e encontrá-los nos deixa ainda mais perto do que era o mundo antes de chegarmos por aqui. São sempre encontros marcantes e inesquecíveis.

Pegada de onça em praia do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Pegada de onça em praia do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Emoção ao avistar nossa primeira onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Emoção ao avistar nossa primeira onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Normalmente, são os encontros com os bichos “grandes”, sempre em seu habitat natural, os mais emocionantes. Assim foi com as diversas espécies de tubarões no mar do Caribe e, mais ainda, com os gigantescos tubarões-baleia em Galápagos. Assim foi com golfinhos em Noronha e com baleias no México e no Alaska. Assim foi com tartarugas gigantes em Galápagos e Nicarágua ou com uma enorme sucuri na Venezuela. Assim foi com ursos e alces no Canadá e no Alaska. Esses e muitos outros encontros fizeram a nossa viagem pelo continente muito mais emocionante, interessante e verdadeira.

Onça descansa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça descansa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Mas há um tipo de animal que vinha nos despistando desde o início da viagem, por mais que o procurássemos: os grandes felinos. Basicamente, aqui na América temos duas espécies desses maravilhosos animais, que recebem os mais diferentes nomes conforme a região. O maior deles é a onça pintada, também conhecida por jaguar em todos os países de língua espanhola. O outro é o puma, cougar ou onça parda, nome dado aqui no Brasil. As duas espécies habitavam originalmente da Argentina aos Estados Unidos, embora já tenham sido extintos em muitas regiões, desde a chegada do homem branco.

Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Embora no Brasil as duas espécies sejam chamadas de “onças”, elas são apenas parentes distantes, pertencendo inclusive a gêneros distintos. A onça parda é do gênero “puma” e não sabe rugir. Já a onça pintada é do gênero “panthera”, o mesmo de tigres, leões e leopardos, os maiores gatos do mundo. Assim, é correto dizer que nossa onça pintada está muito mais próxima de um tigre asiático ou leão africano do que da sua vizinha onça parda. Esses dois animais convivem em muitas partes, mas a onça pintada é mais forte, alimenta-se de animais maiores e tende a afastar a onça parda de seu território. Já a onça preta, ou pantera, é apenas uma onça pintada de pele escura, uma variação genética que pode ocorrer até mesmo entre irmãos, assim como na espécie humana irmãos nascem com olhos claros ou escuros, filhos dos mesmos pais.

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Em vários pontos da nossa viagem, estivemos em territórios desses dois animais. Chegamos a ver muitas pegadas de onças pardas, seja no Vale do Ribeira, seja num parque americano, mas isso foi o mais perto que chegamos deles. No Yucatán e na Guatemala, os jaguares estavam ali, pertinho, mas não os vimos. Na Península de Osa, na Costa Rica, por questão de meia hora perdemos a chance de ver um puma, que muitos outros turistas no mesmo parque puderam ver e fotografar. Ele ficou ali, parado, posando para fotos, mas nós íamos por outra trilha. Mais recentemente, na Amazônia, na reserva do Mamirauá, encontramos um especialista em onças pintadas, que nos ensinou muito sobre o animal, mas não tivemos a chance de sair com ele e seu radio transmissor para encontrar um desses vistosos animais dependurado em um galho da floresta alagada.

A incrível beleza da pele de onça, em barranco do rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

A incrível beleza da pele de onça, em barranco do rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Enfim, apostávamos todas as nossas fichas em ter esse “encontro” aqui no Pantanal Norte que, nessa época do ano, é o melhor lugar do mundo para se avistar uma onça pintada. Esse fato se tornou ainda mais real para nós quando, alguns dias atrás, cruzamos e conversamos com outros turistas na trilha das cachoeiras, na Chapada dos Guimarães. Eles estavam vindo daqui e tinham presenciado uma cena incrível: uma onça caçando um jacaré! Se tivessem apenas nos contado, ficaria meio desconfiado, mas o felizardo conseguiu fotografar toda a cena, a onça se aproximando sorrateiramente pelas costas, em uma praia do rio, e avançando sobre o jacaré. A luta não demorou muito, o jacaré de porte médio, quase cem quilos, sem nenhuma chance. A onça vitoriosa ainda carregou sua presa para o outro lado do rio. Tudo isso numa incrível sequência de fotos que nos deixou com a mais pura e positiva inveja.

Uma onça ruge para nós no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Uma onça ruge para nós no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Pois bem, essa era a nossa chance! Por isso, não titubeamos em pagar o passeio de barco pelo rio Cuiabá. Com as águas mais baixas, aparecem praias e barrancos nas margens e é aí que se veem os animais, inclusive as onças. Nós ficamos no conforto e segurança do barco e podemos nos aproximar até poucos metros desses enormes felinos, se eles assim o permitirem. Os barqueiros já sabem onde esses encontros tem mais chance de ocorrer, pelo histórico dos últimos dias. Além disso, falam-se constantemente, ao longo do dia, para trocar informações, formando uma verdadeira rede.

Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Mesmo sabendo de tudo isso e também de todo o histórico de onças dos dias anteriores, a gente fica sempre com medo que hoje não seja o dia. Há casos de pessoas que tem a sorte de ver até 10 onças na mesma jornada, mas há o caso daqueles que não veem nenhuma! É sempre aquela questão de estar no lugar certo na hora certa. O que diferencia o Pantanal nessa época do ano, principalmente aqui no norte, é que há mais “lugares certos e horas certas”. Nossa chances são maiores.

A inconfundível silhueta de uma onça entre as folhagens de um barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

A inconfundível silhueta de uma onça entre as folhagens de um barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Então, todos disfarçávamos a tensão até que, enfim, depois de mais de uma hora no rio, veio a notícia dada por um outro barqueiro: há uma onça na margem esquerda algumas curvas a frente. O Tatu, nosso barqueiro, acelera para lá enquanto a gente parece não acreditar que seja mesmo verdade. Até que os olhos treinados do Tatu a localizam, ele nos indica onde ela está e nós vemos, com os próprios olhos, o elusivo animal. É mesmo uma onça, enorme, linda, imponente, senhora de si, sagrada. Como diz o anúncio, a primeira onça, a gente nunca esquece!

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Depois da primeira, ficamos mais relaxados. O que vier agora, é lucro. Bom, se pensarmos dessa maneira, posso dizer que ficamos milionários hoje! A segunda onça estava muito mais próxima, e essa pudemos nos aproximar e fotografar à vontade. Ela ficou ali, posando para fotos, bocejando, abrindo sua enorme boca, nos mostrando a língua e até rugindo um pouco, coisa que só as espécies do gênero panthera sabem fazer. É um animal enorme, que pode chegar aos 150 quilos! É menor que leões e tigres, mas é maior que o leopardo. Em compensação, tem a mordida mais forte na sua família, deixando tigres e leões para trás. Por isso, é o único felino que também costuma matar suas presas mordendo diretamente o crâneo, transformando-o em pedacinhos. Leões, tigres e leopardos preferem morder o pescoço, sufocando a vítima. A onça também sabe fazer isso, dependendo do tipo de presa. Para outras menores, como cães, basta um tapa para matar, nem precisando usar a potente mandíbula.

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Aliás, vendo de perto esse animal, deu para ver que a chance que uma pessoa teria contra ela é absolutamente zero. Ela corre mais, nada mais, sobe melhor em árvores e é muito mais forte. Nós estaríamos na classe dos cães, um simples tapinha para nos mandar dessa para melhor. Felizmente para nós, elas parecem gostar de cachorros, mas não de seres humanos. Os casos de ataque a pessoas geralmente estão relacionados a defesa de filhotes ou a indivíduos velhos e desdentados, já sem forças para caçar presas normais. É o desespero da fome que os levar a baixar seu nível de paladar.

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Ao longo do dia, tivemos vários outros encontros. Foram seis encontros no total, em praias ou barrancos. Num deles, vimos apenas a silhueta entre as folhagens, graças aos olhos treinados do Tatu. Mas quando ele nos aponta, fica inconfundível! Espero nunca ter esse encontro em terra firme, hehehe. Numa hora dessas, não podemos correr. A tática é levantar os braços, para parecer maiores, falar com firmeza, não tirar os olhos do animal e andar vagarosamente de costas, afastando-se aos poucos. Mas, mais do que tudo, reze! Pois se ela quiser te pegar, vai ficar difícil. Por sorte, na grande maioria das vezes, a onça se desinteressa e segue em caminho contrário.

Casal de onças 'namora' em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Casal de onças "namora" em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Dois dos encontros foram os mais especiais. Num deles, não havia uma, mas duas onças! Era um macho e uma fêmea e nós pudemos observar o namoro entre eles, a famosa “corte”. A fêmea fazia-se de desinteressada, mas não ia embora. O macho a rodeava, brincava um pouco com ela e se afastava. Alguns minutos de descanso e voltava à carga. Nós estivemos nesse lugar por três vezes, num período de quase duas horas. Pelo visto, o pobre macho tem de ser bem paciente enquanto a fêmea faz doce, hehehe.

Ainda despercebida, onça avança sobre grupo de capivaras em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Ainda despercebida, onça avança sobre grupo de capivaras em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


O outro encontro foi ainda mais especial, o ponto alto do dia, da semana e do mês. Tivemos a chance de ver uma caçada! Do outro lado do rio, observamos com perfeição toda a ação, que durou uns poucos minutos. Uma família de capivaras estava no alto do barranco, descansando na sombra. A poucos metros dali, uma enorme onça espreitava, se aproximando silenciosamente. Nós víamos tudo, coração na mão e tentando abafar o barulho até da respiração. Uma parte da mente torcia para ver o ataque e sucesso da onça enquanto o outro queria, desesperadamente, avisar as pobres capivaras do perigo iminente. Nossa, o que fazer? Na dúvida, câmera e filmadora nas mãos, prontos para registrar tudo.

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


De repente, uma capivara se levantou, preocupada. Ela não sabia de onde vinha o perigo, mas sabia que estava por lá. Começou a emitir sons altos, quase um latido. Algo que nunca tinha visto, mesmo depois de já ter visto milhares de capivaras por toda a América. As outras capivaras se levantaram também enquanto a onça continuava a se aproximar, sem ruídos, escondida pelas folhagens.

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Onça observa capivaras se jogarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça observa capivaras se jogarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Foi a hora do bote. A onça avançou em disparada os poucos metros que restavam, mas as capivaras tiveram tempo de se atirar ao rio, um salto de cinco metros de altura, toda a família em uníssono. Muita poeira se levantou, filtrando os raios de sol que já eram filtrados pela folhagem acima. A onça ficou um pouco confusa enquanto as capivaras se estatelavam nas águas do rio. Elas trataram de afundar e só reaparecer muitos metros adiante, enquanto a onça perdeu segundos preciosos pensando se pulava atrás delas ou não. No fim, desistiu, reconheceu a derrota e voltou para a mata. O Tatu nos disse que já viu onças pularem no rio e alcançarem as capivaras, mas essa avaliou que tinha perdido muito tempo. Não valia o esforço.

Onça observa capivaras escaparem de seu ataque em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça observa capivaras escaparem de seu ataque em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Fugindo de onça, capivaras nadam no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Fugindo de onça, capivaras nadam no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Para nós, foram vários segundos sem respirar, segundos que pareceram uma eternidade, o drama da vida passando em frente aos nossos olhos. Momentos que fizeram anos de procura valerem a pena. Tivemos a chance de ver um ataque e, ao final, entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Na hora de ir embora, ainda passamos ao lado do grupo de capivaras, já no lado de cá do rio. Se nós estávamos excitados, imagina elas! Podia-se ver nos olhos. Tinham nascido novamente! Prontas para mais um dia de vida dura. Não deve ser fácil viver sabendo que, a qualquer momento, você pode virar comida de onça. De alguma maneira, esse medo ainda está escrito nos nossos códigos genéticos, afinal, foram duzentos mil anos fugindo dos grandes gatos nas planícies africanas. Hoje, deu para sentir de perto esses genes perdidos que todos carregamos desde então.

Do outro lado do rio Cuiabá, capivaras respiram aliviadas depois de escaparem de ataque de onça, na região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Do outro lado do rio Cuiabá, capivaras respiram aliviadas depois de escaparem de ataque de onça, na região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso


Enfim, voltamos para o hotel no fim do passeio plenamente satisfeitos. Tínhamos conseguido muito mais do que imaginávamos. O dia perfeito no Pantanal. Uma experiência que nunca mais esqueceremos, um momento que se destaca mesmo entre os tantos que vivemos todos os dias nessa jornada maravilhosa pelas Américas.

Onça observa capivaras se afastarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

Onça observa capivaras se afastarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso

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