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Temimina

Brasil, São Paulo, Petar

Entrada da caverna Temimina, no PETAR

Entrada da caverna Temimina, no PETAR


O programa de hoje foi no Núcleo Caboclos, onde estive hospedado há vinte anos. Fica no município de Apiaí, a 30 km daqui. Estrada de terra, quase uma hora de viagem. Saímos cedinho, para encontrar o Edson já em Apiaí, onde ele mora. De lá, mais uns 20 km de asfalto até nova estrada de terra, descendo até o Caboclos. Por ser assim, tão isolado, ele é muito menos frequentado.

Montanhas entre Apiaí e Iporanga

Montanhas entre Apiaí e Iporanga


Caminho entre Apiaí e Iporanga

Caminho entre Apiaí e Iporanga


Lá chegando, uma desagradável surpresa: a Fiona tinha um pneu furado. O barulho do ar vazando podia ser ouvido de longe. Conto sobre isso no post seguinte. A trilha para a Temimina tem cerca de três kms. Trilha de verdade, se comparada com as trilhas do dia anterior. No meio do mato e da mata. O Edson foi abrindo caminho pelas folhagens e teias de aranha e nós atrás dele. Após a chuva dos últimos dias, os únicos rastros na trilha eram dos animais que estiveram por lá nas últimas horas. Vimos rastros de porcos, roedores e de onças. Muito rastro de onça. Inclusive com filhote. Tenho certeza que elas nos observavam. O cheiro de urina, para marcar território, ainda estava fresco. Mas, infelizmente, não conseguimos ver nenhuma.

Vencida a mata densa, as onças e uma íngreme descida com ajuda de cordas chegamos à mais bela das cavernas da região. A entrada da Teminina é absolutamente linda. Um rio sereno margeando um paredão de pedra, um desabamento do lado direito, o teto de pedra a quarenta metros de altura, bastante luz entrando pelo lado do desabamento. Conforme seguíamos o rio, a caverna vai se fechando. A visão da enorme a larga boca da caverna é inesquecível. Do teto, gigantescos estalactites desciam, em formas grotescas. Pareciam raízes de árvores, principalmente quando cobertos de musgos ou bromélias.

Entrada da caverna Temimina, no PETAR

Entrada da caverna Temimina, no PETAR


Seguindo caverna adentro, ela se mantém ampla, larga e alta. Lá dentro, o rio continua a correr sereno, formando verdadeiras praias de areia lá dentro. Algumas pobres sementes, inclusive de palmiteiros, tiveram o azar de germinar lá dentro, naquela escuridão eterna. Crescem albinos e duram enquanto durarem as reservas energéticas da semente. São uma visão incomum, quase surreal, dentro de uma caverna.

Próximo às paredes, diversos espeleotemas. Os que me chamam mais a atenção são os ninhos de pérolas. Um branco e outro, não muito longe dali, vermelho. Mas, o que mais me chamou a atenção foi o "chuveirão". Como o próprio nome diz, um verdadeiro chuveiro, com fluxo de água constante, caindo de uma altura de 5 metros sobre uma pequena banheira circular. É possível jurar que aquilo foi feito pelo homem. Perfeito demais! Mas é apenas mais uma dessas formações de caverna, que a natureza faz tão diligentemente num piscar de olhos de 50 mil anos . Com esse tempo todo, dá para ela caprichar nas formas...

Saída da Teminina, no PETAR

Saída da Teminina, no PETAR


Apesar da concorrência forte e dos percalços do dia (meu tênis arrebentou, esqueci a lanterna, o pneu furou, entre outras coisas), esse foi nosso passeio predileto aqui no Petar. Tanto a bela trilha como a caverna maravilhosa, a única das que estivemos agora que eu ainda não conhecia. Para coroar tudo, a visão desse chuveiro por lá foi espetacular!

Só faltou homenagear o Edson, nosso guia nesses dois dias. Logo se acostumou conosco e entendeu o nosso humor. Nas trilhas, nos divertíamos contando e rindo das nossas próprias piadas e tiradas. As onças devem ter se assustado com aquelas três figuras passando por aquela trilha molhada, rindo uns dos outros. Perdemos a onça mas não perdemos a piada!

Brasil, São Paulo, Petar, Parque, Caverna

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