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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Cachoeira da Piabinha, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Hoje pela manhã, aqui em Mucugê, um momento raro de separação entre eu e a Ana. O normal da nossa vida, desde que começamos a viagem, é compartilhar umas 23 horas e meia dos nossos dias. As pessoas se espantam, mas por enquanto foram pouquíssimas brigas e sempre nos damos muito bem. Pois hoje, resolvemos nos separar. Depois dos 100 km de caminhadas acumuladas desde que chegamos à Chapada, a Ana resolveu ficar na Pousada durante a manhã, dormindo um pouco mais e aproveitando para tentar colocar em dia seus posts, que estavam ainda mais atrasados do que os meus. Enquanto isso, fui visitar um parque municipal, com museu histórico e cachoeiras.
Rua em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Mucugê é bem mais tranquila que Lençóis. As duas cidades são da época áurea da exploração do diamante na Chapada, em meados do séc XIX. Na verdade, o garimpo em Mucugê se desenvolveu um pouco antes e daqui partiram os garimpeiros explorando os rios mais ao norte, onde está Lençóis. A cidade ainda tem um ar daquele século, as casas e ruas muito bem conservadas, até mais que em sua irmã mais famosa. Além disso, tudo aqui parece mais organizado, com placas indicativas estilizadas e sem uma influência tão forte de turistas e forasteiros. Para mim, foi uma bela e agradável surpresa essa cidade e gostei muito de ter vindo.
Nossa pousada em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
No parque e na região próxima há várias cachoeiras. Se estivéssemos em outro lugar que não a Chapada, essa cachoeiras seriam consideradas maravilhosas, mas aqui, por comparação, acabam diminuídas. Mesmo assim, foi muito gostoso visitar e me banhar na Cachoeira da Piabinha e na Tiburtino. Essa última é acessada através de uma trilha muito bem conservada de 2 km. Já que estava sozinho, aproveitei para seguir correndo. Correndo e pensando sobre a história dessa região. As minhas fontes foram o museu e também as longas conversas com o Lúcio, durante nossas caminhadas no Vale do Pati. O moço é uma enciclopédia da história da Chapada!
Placa informativa no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
A exploração de diamantes no Brasil teve seu primeiro boom na segunda metade do séc XVIII, principalmente na região de Diamantina, em Minas Gerais e também um pouco em Goiás. Preocupado com o excesso de diamantes no mercado e a consequente queda nos preços, o governo de Portugal simplesmente proibiu sua exploração em outras regiões, incluindo a Bahia. Essa proibição durava até o século seguinte, mesmo o Brasil já sendo um país independente.
Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Pois bem, diamantes acabaram sendo encontrados na região da Chapada. Mas como a lei de proibição ainda vigorava, essa era uma descoberta "ilegal". Os felizardos descobridores conseguiram manter segredo durante algum tempo, mas acabaram brigando entre si (a velha cobiça...). Um deles tentou revender alguns de seus diamantes. A polícia o pegou e o acusou de ter roubado as pedras preciosas. Para não ir em cana, ele acabou revelando o segredo. A notícia se espalhou como rastro de pólvora e em questão de meses, milhares de pessoas chegavam à Chapada. Era uma vez a tranquilidade no local...
Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Cidades apareceram e cresceram, entre elas Mucugê e Lençóis, que adquiriu uma importância tão grande que quase se tornou a nova capital do estado. Comerciantes do mundo inteiro vieram para cá e a França acabou instalando um consulado na cidade. Na verdade, era apenas para assegurar os interesses franceses nas pedras preciosas. Afinal, este era o tempo da construção dos metrôs de Londres e Paris, ambos construídos com perfuratrizes que usavam diamantes da nossa Chapada Diamantina!
Cemitério em estilo bizantino, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
A descoberta de diamantes na África do Sul acabou por tirar a importância do Brasil no mercado. Mesmo assim, uma nova onda de prosperidade veio com a construção do Canal do Panamá, que demandava não diamantes, mas uma pedra negra chamada Carbonato, muito mais comum por aqui que na África. Deste modo, a Chapada também contribuíu em muito com a divisão das Américas.
Antigas casas de garimpeiros, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
Depois disso, lenta decadência através do séc XX. A população de Lençóis recuou de 30 mil para 7 mil habitantes. Algum tipo de riqueza só chegou novamente com a chegada das dragas ao garimpo, na década de 70. E depois, com a criação do parque em 84, com o turismo. Mas a ocupação ainda está muito longe do que já foi um dia. Assim, ao explorar esta região, é muito comum encontrar ruínas de casas e de estradas que já foram muito movimentadas algum dia e que hoje são apenas sombras, fantasmas de sua glória passada.
Nas cachoeiras de Mucugê, apesar de estarmos em pleno sábado, nadei sozinho. Mas em meus pensamentos, havia uma multidão de fantasmas por ali, ainda preocupados em se enriquecer e nem notando aquele estranho ser do futuro que os observava atentamente.
Cachoeira do Tiburtino, no Parque Municipal do Garimpo, em Mucugê, na Chapada Diamantina - BA
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