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Clarice (19/04)
Obrigada por responder Ana! E estarei com vcs sim! Aqui e no face! Vivend...
Allan Flávio (16/04)
Olha já caminhei por várias dessas belezas naturais retratadas neste do...
Natalia (16/04)
Medrosa que sou (sem nenhum motivo racional), hesitei muito em me lançar...
CESAR JUAREZ ELICKER (16/04)
COM TODO O RESPEITO MAIS EU NUNCA VI A MULHER TÃO BONICA COMO VC COM TOD...
Thiago (16/04)
Olá Ana! Legal as imagens, muito bonitas, pouca gente aqui conhece, gost...
Visual inesquecível da praia de Half Moon Bay, na costa sudeste de Antígua, no Caribe
Antigua merece muito mais do que 32 horas. Suas belíssimas praias e natureza pulsante são motivos de sobra para você ficar relaxando entre Antigua e Barbuda por pelo menos uma semana! Nós, em um “island hopping” temos que nos adaptar aos destemperos da baixa temporada, transporte escasso e fazer o melhor que podemos nos poucos dias que nos restam, então aí vai a dica de como aproveitar o máximo de Antigua em 32 horas!
Caminhando pela tranquila orla de St John's, a capital de Antígua, no Caribe
St John´s é a capital bem característica das ilhas britânicas nas West Indies. Ruas movimentadas, casas de estilo colonial inglês bem coloridas e preservadas nos dois primeiros quarteirões e em um calçadão principal, mas se você ir além, irá encontrar a vida como ela é. A esmagadora maioria da população afrodescendente lutando pela sobrevivência em suas barraquinhas de rua, lojas e mercados. Povo trabalhador, indo de um lado para outro como vemos em todas as cidades latino-americanas, mas com um gostinho especial de África. A língua é inglês, o sotaque africano e o ritmo é baiano, para nós apressadinhos nos acostumarmos logo a entrar no clima e relaxar!
O simpático e irriquieto filho da agente de turismo na oficina do porto de St John's, a capital de Antígua, no Caribe
Saída de escola em St John's, a capital de Antígua, no Caribe
Influência inglesa em St John's, a capital de Antígua, no Caribe
Rua movimentada no centro de St John's, a capital de Antígua, no Caribe
A nossa caminhada pelo centro de St John´s foi em busca de informações sobre os barcos para Montserrat e Barbuda (veja detalhes abaixo). Assim que conseguimos saber os horários e fechamos o nosso itinerário para os próximos 5 dias foi que nos demos conta que tínhamos apenas 32 horas para conhecer o país. Primeira decisão: Barbuda ficou de fora. Ouvimos que a ilha é linda, mais procurada por “Bird-watching” e suas praias desertas, mas não teríamos tempo. Segunda decisão: alugar um carro AGORA!
Transporte de mercadorias em St John's, a capital de Antígua, no Caribe
Carro e mapa na mão e a direção é o sul da ilha. O primeiro destino Darkwood Beach, uma das preferidas dos antiguenhos! Praia de acesso fácil, colada na Valley Road, mas com um barzinho local delicioso fazendo a devida proteção entre a estrada e a praia. Areias douradas e água transparente com a temperatura ideal que só o Mar do Caribe tem! Foi o lugar perfeito para sairmos do calor e da loucura da cidade e relaxarmos com uma cervejinha ou um rum punch, acompanhados de uma porção de jerk chicken wings!
A bela praia de Darkwood Beach, no sudoeste de Antígua, no Caribe
Fim de tarde na tranquila Darkwood Beach, no sudoeste de Antígua, no Caribe
Pé na estrada novamente, o caminho já nos conta uma parte da história da ilha, não muito diferente das suas irmãs caribenhas. Colonizada pelos britânicos sua principal atividade foi a plantação de cana, que ainda podemos ver pelos campos no interior do país. A Fig Tree Drive passa por povoados e imensas plantações de banana, bananeiras aqui são chamadas de fig trees. Nosso destino: Nelson´s Dockyard.
O interior montanhoso próximo à Darkwood Beach, no sudoeste de Antígua, no Caribe
Plantação de bananeiras próximo à Darkwood Beach, no sudoeste de Antígua, no Caribe
Este antigo forte inglês foi construído na península para defender a região de ataques piratas e corsários franceses. Uma estreita baía de águas cristalinas vista melhor da ponta do forte que é alcançada em 20 minutos de caminhada. Conseguimos pegar os últimos raios de sol do alto das paredes do forte com uma vista panorâmica de toda esta costa.
Ruínas do forte de English Harbour, no sul de Antígua, no Caribe
O parque pode ser visitado durante todo o dia, tem um hotel bacana e bar e restaurante com pratos especiais nas sextas-feiras. A estrutura montada para o Friday´s Special parecia a de um casamento e os preços nem tão caros quanto parecem. Falmouth Harbour e English Harbour são os lugares mais bacanas para usar como base em Antigua. Pousadas, B&B e hotéis resorts, opções para todos os bolsos com restaurantes e bistrôs deliciosos frequentados pelos velejadores que usam as marinas destes portos como ponto de descanso.
Visitando as ruínas do forte de English Harbour, no sul de Antígua, no Caribe
Ruínas do antigo forte em English Harbour, no sul de Antígua, no Caribe
A dica é dormir aqui mesmo, mais charmoso que a cidade e menos estrada amanhã. Nós já estávamos com um hotel na cidade, então no dia seguinte invertemos o roteiro.
Road map Antigua
Começamos pela praia de Long Bay, com bastante movimento neste começo de domingo nas suas areias brancas e águas azuis turquesas! Além dos dois resorts na beira da praia, também é frequentada pelos locais das vilas nos arredores, que são super receptivos e acolhedores. Encontramos uma família super especial, vovó dominicana, filhos antiguenhos e neto aproveitando a praia enquanto a mamãe estuda no Canadá!
A beíssima praia de Long Bay, na costa nordeste de Antígua, no Caribe
Parece, mas não é piscina! É a praia de Long Bay, na costa nordeste de Antígua, no Caribe
Fazendo um novo amigo na praia de Long Bay, na costa nordeste de Antígua, no Caribe
Quase completando 27 horas em Antigua, fizemos uma parada para fotos na Devil´s Bridge, uma ponte natural cavada no calcário com um cenário espetacular! Infinitos tons de verdes nas águas a caminho da Non Such Bay. Com mais tempo, não deixe de parar para conhecer esta, que é um dos highlights do país. Nós já estávamos com as nossas horas acabando e escolhemos ir direto para a Half Moon Bay, imperdível!
Caminhando sobre a bela ponte de corais de Devil's Bridge, na costa nordeste de Antígua, no Caribe
Baía próxima à Long Bay, na costa nordeste de Antígua, no Caribe
O nome é literal na sua descrição, praia em formato de meia-lua, areias brancas e águas esmeraldas. Uma das menos desenvolvidas turisticamente, então você está buscando uma praia mais selvagem e intocada aqui este é o lugar! Só lembre de levar seu guarda sol, comes e bebes pois lá você não encontra nada além do prometido, o paraíso!
Half Moon Bay, uma miragem na costa sudeste de Antígua, no Caribe
A maravilhosa praia de Half Moon Bay, na costa sudeste de Antígua, no Caribe
Se você está com a mesma pressa que nós, as suas últimas horas neste cronômetro serão de deslocamento para o terminal do ferry ou para o aeroporto. Devolvemos o carro no hotel no centro da cidade e ainda ganhamos uma carona para o Deep Harbour.
Nosso pequeno ferry para Montserrat, ainda no porto de St John´s, em Antígua
o terminal de embarque do porto de St John´s, em Antígua
Lá não há nenhuma infra-estrutura, pagamos a departure tax, passamos pela imigração e esperamos o ferry deitados na grama. Logo fizemos amizade com John, um taxista que nasceu em Montserrat e deixou a ilha quando houve a imensa erupção em 1997. Ele nos ofereceu agendar o táxi lá, com seu irmão: “I´m sending you in the ferry two white people!” e foi quando nos demos conta que éramos os únicos brancos naquele pedacinho da África na América.
Pequena soneca na viagem de ferry entre Antígua e Montserrat
Como chegar de Antigua a Barbuda e Montserrat
PLaca multilíngue no porto de St John´s, em Antígua. Aparentemente, o italiano é a língua mais valorizada por lá...
Nós tínhamos apenas 5 dias entre Antigua e Barbuda e Monsterrat e o nosso cronograma acabou sendo pautado pela disponibilidade de transporte à Monsterrat, ilha prioritária neste triângulo insular.
Encontrar informações na internet sobre a viagem à Montserrat e Barbuda não é fácil, mas pensamos que aqui tudo se resolveria rápido. Foram quase 2 horas rodando a cidade em busca de informações. Baixa temporada e pessoal bem intencionado, mas despreparado, no centro de informações turísticas.
Barbuda: na baixa temporada aparentemente existe apenas um barco que vai e volta todos os dias, mas vale confirmar a frequência quando chegar lá, o pessoal muda de ideia. Você pode ainda decidir fazer um tour completo dando a volta à ilha neste mesmo barco. Preço Day Tour: US$ 150,00.
Montserrat
Barco:agora na baixa temporada o barco para Montserrat está saindo apenas nas sextas e sábados às 16h e retornaria no domingo. Os horários variam bastante, então vale ligar e confirmar os horários e datas de partida. A empresa de barco que faz o trajeto à Montserrat não possui escritório em Antigua, a compra dos tickets é dentro da aduana no ferry dock.
Avião: outras opções são voar com as empresas aéreas Fly Montserrat ou a SVG - San Vincent and Granadines Airways. Os aviões são pequenos (9 lugares), então nem sempre há disponibilidade. Nós tivemos que estender a estadia em Montserrat, pois os vôos estavam lotados.
Ruínas seculares com vista para o mar, em Aruba
Aruba faz parte das Antilhas Holandesas localizadas na costa da Venezuela conhecidas como “ABC”- Aruba, Bonaire e Curaçao. Embora seja ligada politicamente à Holanda, os americanos já dominaram a ilha há tempos. Por isso quando eu pensava em Aruba, logo imaginava grandes hotéis, cassinos, restaurantes e lojas de marca.
Oranjestad, capital de Aruba, cheia de lojas de grife
Uma ilha de 120.000 pessoas que representam mais de 95 nacionalidades, todos em busca de um lugar tranquilo para sua aposentadoria, desde que seja um paraíso com uma boa infra-estrutura. A língua oficial é o papiamento, uma mistura de português, espanhol, holandês, dialetos africanos, etc. Porém nas zonas turísticas o inglês domina completamente.
Palm Beach vista do farol no norte da ilha (Aruba)
É claro que como estamos no Mar do Caribe, deveríamos encontrar também algumas praias paradisíacas. Eu não estava de toda errada, mas um território de 180km2 deve ter muito mais a oferecer que arranha-céus, resorts e jogatina.
Nós não éramos os únicos a fotografar o maravilhoso pôr-do-dol em Palm Beach - Aruba
Tivemos pouco tempo para explorar a ilha, por isso durante o dia aproveitamos para ficar longe do Low e do High Rise na Palm Beach, alugamos um carro e saímos conhecer a ilha. Começamos pela Capela Alto Vista, a primera igreja Católico Romana de Aruba. Um lugar que inspira muita paz e tranquilidade com vista para o mar.
Bela igreja no norte da ilha de Aruba
Foi construída pelos índios e espanholes em 1750 e frequentemente a chamam de la Iglesia de los Peregrinos, já que no caminho encontramos à beira da estrada vária cruzes brancas com frases do calvário nas duas “línguas oficiais” da ilha. Para os arubianos em particular, é um lugar especial de paz e contemplação.
Para quem fala português ou espanhol, não é difícil ler em papiamento, a língua local de Aruba
Com a alma repleta de boas energias, seguimos para um dos principais marcos naturais da Ilha, chamada Ponte Natural. Formada pelas intempéries da maré, a ponte principal já desabou, mas ainda sobrou parte dela em pé para contar a história.
A "Ponte de Pedra", uma das atrações turísticas da ilha de Aruba
Ali perto encontramos as Ruínas de um Gold Mill. A mina de ouro de Bushiribana, localizada na costa norte, processou minério durante toda a corrida pelo ouro no século XIX. Descoberto aqui em 1824, a indústria de ouro de Aruba chegou a produzir cerca de 1.500 toneladas neste período. Foi desta busca incansável pelo ouro em mares caribenhos que nasceu o nome da ilha, derivado da expressão “Oro Ruba” que quer dizer “Ouro Vermelho”.
Explorando ruínas a beira-mar em Aruba
Ainda dentro dos limites do Arikok Nacional Park conhecemos também a piscina natural, um ponto de beleza cênica espetacular, é um dos melhores banhos de mar da ilha. Águas tranqüilas e abrigadas com muitos peixinhos para um snorkel. A maioria dos turistas chega lá de bugue ou carros 4 x 4.
Idílica praia no sul de Aruba
Nós, como alugamos o carro mais barato que existia, aproveitamos para dar uma boa caminhada de uns 40 minutos até a piscina. Tivemos a sorte grande de encontrarmos a pequena piscina em um intervalo entre grupos de turismo e pudemos aproveitá-la sozinhos! Logo chegou um grupo grande, dentre eles muitos brasileiros, com seus equipamentos para snorkel, incluindo botinhas de neoprene e colete salva-vidas. Surreal!
Piscina natural na parte sul da ilha de Aruba
Depois de um dia de muitas explorações, não podíamos deixar de aproveitar um pouco da infra-estrutura da ilha. Morreeeendo de saudades de um bom churrasco brasileiro, não comemos o dia inteiro “guardando espaço” para a noite irmos na Churrascaria Texas Brazil. Por quase duas horas eu me teletransportei ao Brasil, no buffet de saladas intermináveis, com queijos deliciosos e aquela picanha! Ai que delícia. Para lembrarmos que estávamos em Aruba, pedi como drink a especialidade da casa: sangria, vinho com frutas. Não combinou... uma cervejinha, caipirinha ou até uma coca-cola cairiam muuuito melhor.
Tirando a barriga da miséria na churrascaria brasileira "Texas do Brasil", em Palm Beach - Aruba
Todo este roteiro cabe bem em um dia, assim tivemos o nosso primeiro dia de trabalho, contemplação e uma ravezinha básica na praia, em frente ao Mambo Beach. Os DJs não eram lá essas coisas, deviam ser amigos do dono, mas já foi uma boa festa de boas vindas ao Caribe.
Festa na praia de Palm Beach, em Aruba
Ah! E as praias? Pois é, elas existem, ouvi dizer que são artificiais. Tem uma faixa de areia estreita e para alcançá-las é necessário despir-se de qualquer pudor e atravessar os grandes hotéis e resorts como se você fosse um hóspede. Perguntar e pedir passagem aos funcionários também funciona.
Praia no norte de Aruba, cor típica do Caribe
A Plaza de Armas, em Tarija - Bolívia
Uma cidade boliviana com ares argentinos, ruas limpas, prédios bem conservados e algumas atrações nos seus arredores. Zoológico, uma pequena cascata em Tomatillas, trilha nos arredores e um centro plano com as mesmas características principais de todos os centros. Ruas movimentadas, um intenso comércio de rua, mercado central com frutas deliciosas, cholas preparando almoços na grande praça de alimentação.
Homenagem à Sucre, em Tarija - Bolívia
Andamos pela Praça de Armas e pela Praça Sucre, vimos que a proximidade com a Argentina já muda inclusive os traços da população. Tarija é uma cidade muito gostosa, sem dúvida com muitas ruazinhas, cafés e lugarzinhos a serem descobertos. Mas infelizmente não temos este tempo, precisamos seguir viagem.
Rua em Tarija - Bolívia
Hoje continuamos ao sul, em direção à fronteira com a Argentina. A fronteira mais movimentada é a de Villazón (BOL) e La Quiaca (AR), porém algo nos dizia que deveríamos seguir por Bermejo. Uma estrada que beira uma área de preservação no extremo sul da Bolívia e cruza a fronteira com a Argentina na cidade de Aguas Blancas. Nossa intuição estava correta! Além de ser a indicação feita pela maioria dos “chapacos” como são chamados os naturais de Tarija, descobrimos ser esta mais uma das rotas de magnífica beleza cênica.
Chola da melhor idade descansa na Plaza de Armas, em Tarija - Bolívia
A maior parte da estrada foi construída no cânion do Rio Bermejo, que desce até a fronteira onde encontra o Rio Grande de Tarija. Belíssimo cânion diferente de tudo o que vimos na Bolívia até agora. Imensas florestas subtropicais aparecem conforme vamos baixando a altitude. Chegamos aos 400m acima do nível do mar, cruzando pontes e túneis que eram verdadeiras obras de engenharia, cavernas sem luz e sem fim.
A estrada que liga a Bolívia à Argentina segue pelo lindo canyon do rio Bermejo, sempre com asfalto e muitos túneis
No caminho encontramos uma frente fria, chuva e garoa fina se alternavam, além dos 10, 8, 6°C que faziam fora do carro! Fizemos os trâmites burocráticos na fronteira, carta verde, permissão para entrada da Fiona no país, tudo certo! Ali, conversando com os policiais da aduana argentina, decidimos que seguiríamos viagem pelo menos até Jujuy. Quando cruzamos a fronteira perdemos “automaticamente” uma hora de nossas vidas. Essa hora faz muita diferença para quem ainda pretendia dirigir mais 350km!
A estrada que liga a Bolívia à Argentina segue pelo lindo canyon do rio Bermejo, sempre com asfalto e muitos túneis
Fato é, nossa primeira estrada neste país e já estamos dirigindo à noite, com chuva e depois de uma tarde toda na estrada. Não é exatamente o que tínhamos em mente, mas eu adoro termos a liberdade de quebrarmos as nossas regras de vez em quando. Depois de tantas montanhas na Bolívia, chegamos a um país plano, estradas retas, uma maravilha para a pessoa aqui que enjoa nas serras e mares da vida. Pude até me dedicar à leitura do nosso guia argentino e decidir a cidade em que iríamos dormir, Tilcara!
Fronteira entre Bolívia e Argentina, entre as cidades de Bermejo (BO) e Água Blanca (AG)
Fizemos um pit stop estratégico para abastecer não só a Fiona mas os motoristas. A cidade de Orán é a primeira cidade maior depois da fronteira. Lá retiramos nossos primeiros pesos argentinos, enchemos o tanque de gasoil e encontramos um café lindo, super mimoso e com menu requintado, nessa cidadezinha longe de tudo! É claro, isso só nos fez lembrar que realmente estamos na Argentina!
São 90km entre Jujuy e Tilcara, os 90km que fizeram valer a pena a nossa decisão de continuar! Neste trecho da estrada tivemos a primeira neve dos 1000dias! Passamos 2 semanas atrás dos lugares mais altos e gelados do sul do Brasil, caçando a neve. Hoje, estamos andando aqui, como quem não quer nada... e bingo! A neve nos encontrou! Não é comum nevar na região de Tilcara, mas logo depois de Jujuy, passamos pela cordilheira onde fica um dos montes mais altos da região, este é o motivo da neve... pois o vento a traz lá deste cume.
Chegamos à Tilcara as 22h de um domingo e ainda assim a primeira opção de pousada estava lotada. Muito prestativa, Ana Lia nos ajudou a encontrar uma pousadinha quentinha e gostosa. Acomodados, não tínhamos outra opção a não ser comemorar a nossa viagem e primeira neve em frente da lareira.
Detalhes de haitianos no mercado de Cabaret, antiga Duvalierville, ao norte de Port-au-Prince, no Haiti
Imaginem um lugar que nada tem a perder, pois já perdeu tudo. Desastres naturais, ditaduras sangrentas e a miserável política que criou um ambiente perfeito para a opressão e manipulação de interesses que se sustenta na miséria de muitos, criando um imenso gap entre os mais ricos e os mais pobres.
Passageira do nosso ônibus aguarda em seu assento, durante nosso tempo na imigração
Um país que, isolado pelo mundo branco amedrontado pela primeira República Negra do Ocidente, acabou com seus recursos naturais e hoje depende 100% de importações. No Haiti nada se produz além de boa música, belas esculturas, algumas poucas plantações de subsistência, furacões furiosos e grandes tremores de terra.
O grande terremoto não será esquecido! (Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti)
A energia elétrica do país é gerada a base de carvão natural e hoje, que já não há mais floresta, geradores a diesel são a única saída. Esta pequena patota de ricos alienados possui em suas mãos o monopólio dos negócios chaves do país, empresas de importação, venda de geradores de energia e de combustível (diesel). Tivemos a informação de que o Brasil fez um trabalho de pesquisa, planejamento, projeto e o orçamento para a construção de uma hidroelétrica no norte do país. A construção da hidroelétrica iria gerar empregos e resolver boa parte dos problemas energéticos do Haiti. Uma doação que não foi aceita pelo governo, que prefere o valor em dinheiro, pedido recusado pelo Governo Brasileiro.
Sobrevoando Port-au-Prince, no voo para Cap-Haitien, no norte do Haiti
Aí nos perguntamos, por que o país não vai para frente? Não há interesse econômico e político, a ganância exacerbada deve cegar a visão ou tirar o coração destes poucos haitianos no poder, que veem sua população morrendo de fome, sede, sem um teto para morar e sem um puto para viver e não fazem nada a respeito.
Nas ruas de Port-au-Prince, no Haiti, muito equilíbrio na cabeça
A história do Haiti facilita a compreensão da desgraçada cultura e psique haitiana, que mesmo quando consegue se livrar dos seus algozes franceses, cria um Imperador sedento por status e poder, que para conseguir a liberdade do país termina se afundando em dívidas internacionais. Uma Republica que nasceu falida e devedora. Já não bastassem as dificuldades de um pós-guerra, Christophe e suas manias de grandeza se unem para a construção da maior fortaleza do Caribe, a Citadelle, localizada há poucos quilômetros de seu pomposo castelo desenhado para rivalizar com, nada mais nada menos, que o Castelo de Versalles, o San-Souci. (Leia mais sobre a história no Blog do Rodrigo)
O caminho morro acima até a Citadelle, no norte do Haiti
Esta semana faremos um passeio pelos locais que remontam esta história, das pobres vizinhanças nos arredores do bairro chique de Pétion-Ville, passando pelos escombros de Port-au-Prince, voando sobre Citadelle e chegando a um dos maiores paraísos particulares na costa norte do país.
Uma simpática jangada nos mares de Labadee, na costa norte do Haiti
Nós chegamos ao Haiti em um ônibus vindo de Santo Domingo. Foram 8 horas, duas delas parados na mal afamada fronteira dos dois países, em uma terra de ninguém, “esquecida por Deus”, segundo os dominicanos,“É tudo culpa do vudu”, dizem os mais religiosos.
Meninas no interior da catedral de Cap-Haitien, cidade na costa norte do Haiti
Apesar de toda essa falação, não tivemos nenhum problema na fronteira, descemos do ônibus, enfrentamos as filas da imigração, cercados de sorrisos dos cambistas quando dizíamos que éramos brasileiros. Do lado de fora carros das Forças de Paz das Nações Unidas e um belo lago, azul, sobre um terreno calcário que me fez lembrar, Pedernales deve ser aqui perto! Imaginem quantas cavernas inundadas não existem na região para serem exploradas?
Condução do lado haitiano da fronteira com a Rep. Dominicana
Este, porém, não era o nosso foco agora. Vínhamos com nossos olhos curiosos, ouvidos aguçados e coração aberto para ver o Haiti que a mídia não nos mostra. Um país de um povo que luta para sobreviver na adversidade e ainda chora e sorri, sonha e desespera, goza e sente dor, mantendo viva lá dentro uma esperança genuína de que dias melhores virão.
Encontro com criança no caminho até a Citadelle, no norte do Haiti
Saindo da Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Aurora do Tocantins é uma cidadezinha que possui em torno de 3.500 habitantes. Seu principal atrativo turístico é o Rio Azuis, conhecido como “menor rio do mundo”, mas hoje comprovadamente, o menor rio do Brasil, com 143m, por onde passamos ontem. Aurora recebeu este nome porque a região é circundada por cordilheiras, causando o aparecimento do sol mais tarde.
Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
Lá mesmo o pessoal da região comentou conosco que o município possuía muitas cavernas, a maioria delas ainda em processo de mapeamento e topografia, quase desconhecidas pelos eco-turistas. É claro que não poderíamos perder.
Explorando a Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
Fomos conversar com o responsável pelas prospecções de cavernas, o Anselmo. Sergipano, já viajou o mundo, morou em Brasília e veio para aqui em Aurora justamente pela paixão que tem pelas cavernas. Espeleólogo e artista plástico ele faz uma pesquisa de cores das cavernas e aplica os novos conhecimentos em seus quadros onde representa as cores das cavernas e os seus guardiões.
Formação na Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
Tudo isso, porém é apenas o seu hobbie, pois no momento ele também atua como Secretário do Meio Ambiente da cidade, desenvolvendo o turismo e trabalhando para a conscientização da preservação deste patrimônio natural até então desconhecido pelos moradores da região. Quando Anselmo chegou ali viu pela geografia que poderia encontrar algo novo, assuntou e aos poucos os moradores e fazendeiros começaram a apontar a ele os buracos que conheciam.
Explorando a Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
“A região é cheia de buracos, mas ninguém tinha coragem de entrar neles.”, então Anselmo entrou. Hoje ele nos apresentou dois dos seus xodós, a Gruta do Sabiá e a Gruta das Rãs. Cavernas secas, abafadas e de formação muito lenta. O calcário precisa da ajuda da água para trabalhar as formações como estalagmites e estalactites, portanto apenas no período chuvoso, que vai de outubro a março, é que se pode ver o gotejamento dentro da caverna.
Entrada da Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
A Gruta do Sabiá tem um acesso super fácil e dentro de um terreno particular onde Anselmo está montando um centro de pesquisas. São diversos salões, mas a maioria deles com acessos estreitos e quebra-corpos mais complicados. Para entrar no salão da Cidade Branca, por exemplo, é preciso um bocado de flexibilidade e nem pense em entrar lá se você tem qualquer tipo de claustrofobia, pois os espaços diminutos e abafados podem pregar peças.
Passando por quebra-corpo na Gruta do Sabiá, em Aurora do Tocantins - TO
A Gruta das Rãs já é maior, possui um lago na sua parte mais profunda, que ainda não foi totalmente prospectado para saberem se possui alguma outra conexão, se é apenas um afloramento ou se um rio temporário a mantém. O nome não é a toa, encontramos diversos tipos de rãs dentro da caverna, das transparentes, que aparecem mais no mês de setembro, até as amigas verdinhas e listradas. Formações belíssimas de calcário adornam a caverna dos pés a cabeça.
Uma rã na gruta batizada em sua homenagem, em Aurora do Tocantins - TO
Os morcegos hematófagos também dão o ar da graça, olhem que fofinhos.
Morcego hematófago na Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
O único contra-tempo que temos ali são os nossos velhos amigos, já quase esquecidos, carrapatos. Como “os buracos” ficam em propriedades particulares, a maioria fazendas de gado, os pequenos aracnídeos aparecem para nos incomodar.
Trilha em fazenda onde está a Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Quem diria que aqui, no sul do Tocantins, encontraríamos um lugar como este? Esse Brasil está sempre nos surpreendendo. Teríamos mais dezenas de grutas e cavernas para explorar, mas infelizmente nosso tempo está correndo e precisamos ir. Fechamos o passeio com um mergulho no Balneário da Serra Dourada, uma praia de rio de águas verdinhas e refrescantes!
O refrescante Rio Palmas, no Balneário Douradas, em Aurora do Tocantins - TO
Rumamos ao sul, agora para São Domingos. Vamos ao encontro da mãe de todas as cavernas, aonde os rios se perdem na terra ronca!
Belíssima Gruta das Rãs, em Aurora do Tocantins - TO
Atravessando a Barra da Lagoa, na Praia Deserta - Superagui
Lugar onde aparentemente o tempo parou, Superagui e sua praia deserta de 30km acompanham as mudanças do mundo de outra forma. Quando saímos de bicicleta para o nosso próximo destino, a Barra do Ararapira, todos já nos avisaram "iiihhh, saiam cedo que a Barra mudou muito, vocês não conseguirão passar de bicicleta por lá." E já programaram com o Dico, Presidente da Associação de Moradores, para nos buscar de barco onde o mar já havia avançado.
Viemos pedalando nesta praia deserta e dentre diversos pensamentos eu observava como a praia desta vez estava limpa. Em outra ocasião, em setembro de 2006, provavelmente por conta de outra maré, a praia deserta mais parecia um lixão a céu aberto, com toneladas de lixo, de garrafas pet até sofás, vindos dos navios que estão a caminho de Paranaguá.
Posando para foto na Praia Deserta - Superagui
Atravessando as bikes de voadeira, na Barra do Ararapira
Na voadeira para a Barra do Ararapira
Na Barra do Ararapira logo nos encontramos com Seu Rubens, um dos líderes da comunidade que ainda hoje briga para manter a vila de pescadores em pé, já que o mar está avançando sobre ela. Barreiras de contenção, dragas, diversos planos já foram traçados e estão aguardando aprovação de verba da diretoria do Parque Nacional ou mesmo da Secretaria do Meio Ambiente. Eu logo pensei no aquecimento global depois de ver todo o aquele lixo, hoje senão na praia, com certeza no mar e a barra sendo engolida. A experiência e sabedoria dos 63 anos de Seu Rubens dizem, "aquecimento global é besteira, isso é o ciclo da própria natureza." Conta ele que a Barra realmente já mudou muito desde que ele nasceu. Uma pequena Ilha que vemos entre Paraná e São Paulo não existia, era um grande banco de areia, idêntico à coroa que vemos hoje na maré seca. "Não demora muito tudo isso aqui vai fechar até o Cardoso e virar uma coisa só", esta é a teoria-prática de Seu Rubens que hoje acompanha o tempo de uma forma diferente da nossa.
Barco na Barra do Ararapira
Praia na Barra do Ararapira
Dico,Ana e o Seu Rubens - Barra do Ararapira
Aqui o tempo é medido pelo movimento da terra, pelas mudanças que fazem parte do ciclo normal da natureza, não pelo tempo que deixamos de ter na correria do dia a dia. Não pelo tempo que nos engole e nos faz perder o sono e a conexão com o real fluxo da vida.
Tartaruga descansando em mergulho em Speyside - Tobago
O mergulho é um dos principais atrativos de Tobago e mesmo de Crown Point pode-se agendar saídas. Entretanto quem vem a Tobago para mergulhar, sem dúvida alguma deve vir à Speyside. Os melhores pontos de mergulho ficam há apenas 10 minutos do trapiche, dos 41 pontos de mergulho contidos em toda a ilha, mais de 15 deles estão nesta região.
Pontos de mergulho em Speyside - Tobago
Enorme esponja em mergulho em Speyside - Tobago
Sabendo disso os hotéis e operadoras de mergulho já dominaram o pedaço, cada hotel possui a sua operadora, seja própria ou parceira. Aqui no Speyside Inn a operadora é a Extra Divers, english and germain spoken! Robert já estava nos esperando hoje para o mergulho. Desta vez, nós não trouxemos todo o equipamento, pois além do trampo de carregá-lo para lá e para cá de avião, tem um custo alto do peso extra em cada vôo. Nossas roupas curtas e máscaras Fun Dive não poderiam faltar, além dos reguladores e computadores de mergulho, precisamos alugar apenas do BCD, nadadeiras e lastro, além do cilindro, é claro. Revistos os últimos detalhes, seguimos para o trapiche, montamos o equipamento e boa!
Pausa entre mergulhos, em Speyside - Tobago
Nosso primeiro ponto de mergulho foi o Goat Island Dream, um mergulho com temperaturas e visibilidades caribenhas! 28,1°C e visibilidade variando de 15 a 20m. O começo do mergulho foi mais trabalhoso, nadando contra a corrente, com belos corais e uma promessa de ver cavalos marinhos.
"Árvore de Natal", em mergulho em Speyside - Tobago
Atravessamos de um grupo de corais para outro por um areal e aos poucos a velocidade foi aumentando e a sensação de estar voando foi tomando conta! A profundidade variava de 14 a 18m e quanto mais corrente, mais limpa a água! Fui brincando o tempo todo, me sentindo na corrente leste australiana do Nemo, junto com as tartarugas surfistas, hahaha! Foi engraçado demais, até que vi o nosso dive master começar a se posicionar, quando olhei para frente, dois grandes corais com um vão no centro, era bem ali no meio que eu queria passar! Wohoooo! Imaginem uma corredeira de um rio que de repente encontra uma queda de uns 3m, foi exatamente isso, assim que passamos o vão, a corrente nos jogou para baixo e nos colocou em uma máquina de lavar roupas, em redemoinhos invisíveis! Animal! Dali dois minutos o nosso guia pegou a continuação da corrente e se lançou para cima, com o triste sinal de “positivo”, que no mergulho significa subir, ou seja, acabou o mergulho. Foi sensacional, principalmente por este grand finale!
Fim de mergulho em Speyside - Tobago
Nem todos gostam e estão acostumados com toda essa emoção, outra dupla que estava conosco pelo jeito ficou mais assustada e pediu um segundo mergulho mais fácil e tranquilo. Então fomos ao Round Table, um ponto bem abrigado de correntes, em uma ilha onde fica a casa de Ian Flemming, o criador de James Bond. A casa foi abandonada, não sei exatamente o motivo, e está caindo aos pedaços.
Antiga casa de Ian Fleming, em ilhota na costa de Speyside - Tobago
Realmente o mergulho foi beeem mais tranquilo, um ponto super gracinha, cheio de corais de todos os tipos, peixes e seres marinhos. Justo por não termos correntes acabamos ficando com a água mais turva e um pouco mais fria, com uma visibilidade de uns 6m. O que salvou definitivamente o mergulho foram as 4 tartarugas e a imensa barracuda que passou por nós, lindas!
Tartaruga em meio a algas em mergulho em Speyside - Tobago
Voltamos àquela velha máxima do divefreak, “Mergulho mesmo quando é ruim é bom, então quando é bom é melhor ainda!” Reservamos a tarde para relaxar, trabalhar e curtir o som das ondas da nossa sacada, nada mal. Amanhã tem mais!
Formações de coral em mergulho em Speyside - Tobago
Fantástico entardecer no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
O Oregon, o Beaver State, possui uma das menores densidades demográficas dos estados americanos. Um povo progressista, à frente do seu tempo em temas ambientais, sociais, de sustentabilidade e ao mesmo tempo super relaxado, tranquilo. O estado foi contemplado com uma costa coberta pela floresta úmida, interior repleto de montanhas e uma extensão da North Cascades Range, uma natureza exuberante, com pouca divulgação turística.
Caminho coberto por folhas na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
A incrível beleza da floresta refletida em uma represa na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Sua principal cidade atrai mentes geniais e geniosas, artistas e alternativos, então se um dia você cair de paraquedas, vier a trabalho, estudo ou pegar uma conexão torta pela região, aqui vão algumas dicas do que você pode conhecer no Oregon.
O magnífico Diamond Lake, na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Riacho com pequenas cascatas no Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Existe um mundo maravilhoso a poucas horas de carro de Portland, florestas nacionais recortadas por estradas e trilhas cênicas, ao lado de rios, cachoeiras e águas termais. Porém você nunca irá encontrá-los se não se permitir explorar e sair um pouco das estradas convencionais. A Interstate 5 é a estrada que cruza o estado de norte a sul, interligando Washington à Califórnia. O nosso destino principal é o Crater Lake National Park, mas vamos escolher o caminho mais bonito, que nem sempre é o mais rápido.
A rota mais bonita entre Portland e o Crater Lake
Da I-5 pegue o desvio na altura da cidade de Cottage Grove, pela Row River Road. Você irá cruzar a pequena cidade e o lago de Dorena, a estrada ganhará outro nome Brice Creek Road ou NF-22, seguida pela NF 2213 e NF-38 (Steamboat Road). Nessa estrada você pode cruzar algumas atividades madeireiras, foi uma das rotas mais alternativas que encontramos nos lower 48. Estrada de terra entre a floresta de coníferas, veadinhos, buracos (sim! Existem estradas esburacadas nos Estados Unidos!), até chegar à OR 138.
Já quase no inverno, apenas os patos ainda tem coragem de continuar nadando nas limpas e gélidas águas do Diamond Lake, na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Nós começamos a viagem tarde e quando chegamos à esta estrada fomos direto para o Diamont Lake, região com camping, um resort e motel para passarmos a noite. Acordar ao lado desse lago com um dia maravilhoso como este foi uma grata surpresa, já que há dias estávamos enfrentando o mau tempo peculiar à região nessa época do ano. Dia ensolarado, perfeito para explorarmos a região.
Mt. Thielsen, um antigo vulcão erodido pelo tempo, na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
O magnífico Diamond Lake, na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
A Oregon Route 138, conhecida também como N. Umpqua Highway, é uma estrada cênica que cruza a Floresta Nacional de Umpqua, uma floresta belíssima, com cenários idílicos serpenteando o Rio Umpqua e suas árvores amareladas no outono. Ao longo da estrada inúmeras trilhas levam a diferentes cachoeiras, nós selecionamos algumas das mais bonitas com a ajuda e dicas dos locais:
Whitehorse Falls - milepost 65,9 - a pequena cachoeira em meio à floresta forma um spray mágico no ar, a luz do sol filtrada pelas gotículas de água forma um cenário ainda mais encantado. Ela está ao lado do estacionamento e uma área de camping e piquenique, super fácil acesso.
Whitehorse Falls, na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
O mata filtra os raios de sol na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Watson Falls – milepost 60,5 – uma trilha de um quilômetro nos leva até o mirante da cachoeira que é a quarta maior do Oregon, com 82m de altura. No fundo de um cânion a queda se forma em meio a um paredão rochoso em formato de ferradura. Belíssima!
Trilha na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
A mais alta cachoeira da região, a Watson Falls, na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Toketee Falls – milepost 58,6 – a trilha de apenas 700 m entre a floresta de folhas amareladas termina em uma plataforma de onde podemos observar ao longe a Toketee Falls. Um conjunto de 3 quedas com 36m de altura, que se despejam em um lago muito convidativo para um mergulho, não fosse a temperatura da água congelante e a ausência de uma trilha para chegar às margens dele. Curiosidade, Toketee é um nome Chinook, tribo indígena que habitava a região, e significa “cheia de graça”.
Toketee Falls, a mais bela cachoeira na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Warm Springs Falls - antes de seguirmos para o Crater Lake decidimos ainda fazer um pequeno detour para as hot springs, águas termais com acesso por uma trilha de apenas 500m, mas um tanto quanto íngreme. As águas termais surgem no topo da cachoeira em piscinas naturais e desce em níveis, formando pequenas piscinas com diferentes temperaturas. A vista para a floresta e o rio, em um cenário praticamente intocado pelo homem, não tem preço!
Banho em piscina natural de água quente em plena natureza da Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Ali é comum a prática do naturalismo, ou nudismo, casais, homens e mulheres vão se banhar sem roupa numa boa. Se isso te incomoda, o sinal já avisa, não vá até lá. O acesso é pela OR-138, pela Rd 2610, depois 600 e 680. Seguindo as placas não será difícil achar. Foi uma ótima parada para um relax antes de pegarmos a Oregon Route 230, que conecta a OR-138 ao Crater Lake National Park, uma estrada cênica com lindas vistas.
Banho em piscina natural de água quente em plena natureza da Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Aviso para quem pretende ir ás hot springs na Umpqua National Forest, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Aceleramos o passo para o Crater Lake, a esta altura já sabíamos que a Crater Rim Road estava fechada pela neve. Não nos restava muita opção a não ser dar a volta pela OR-230 e acessar o parque pela entrada sul. Subimos a mais de 2.000m de altitude já sem muitas esperanças, a floresta estava tomada pela neblina e o sol parecia já estar nas últimas. Quando chegamos lá em cima, porém, atravessamos as nuvens e chegamos a um dos lugares mais fantásticos da viagem! O lago mais profundo dos Estados Unidos e o segundo mais profundo da América do Norte.
Admirando a beleza perfeita do Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
O lago foi formado na explosão do Mount Mazama, um mega vulcão que entrou em erupção em torno de 7.700 anos atrás. Calcula-se que a sua explosão foi pelo menos 20 vezes maior que a do seu vizinho do norte, Mount St Helens e a imensa caldeira foi exposta formando o Crater Lake.
Fantástico entardecer no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
O lago possui 655m de profundidade e a água mais pura e cristalina, que reflete um azul intenso e espelhava o céu de final de tarde. O alaranjado, rosa, lilás, roxo e azul mesclados às poucas nuvens brancas no céu enganavam os nossos olhos e mente, em um espelho perfeito formado na profunda cratera vulcânica. Emudecidos, e sem acreditar que isso ainda seria possível, tivemos o final de tarde mais espetacular dos 1000dias. Já vimos o sol se pôr no Pacífico, no Atlântico, sob os Andes e as montanhas da Groelândia, mas este final de tarde superou todas as nossas expectativas! Lindo! Mágico!
Um fim de tarde com luzes e cores incríveis no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Um fim de tarde com luzes e cores incríveis no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
O maravilhoso Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
A região recebe uma imensa quantidade de neve nesta época do ano e fecha para o inverno. Porém durante o verão a estrada que dá a volta no lago está aberta e pode ser percorrida, com trilhas e mirantes para o lago.
Crater Lake, o resultado de uma gigantesca explosão vulcânica sete mil anos atrás, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Mágico fim de tarde no Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Dois dias de estradas, cascatas, rios, águas termais, montanhas e lagos e uma das naturezas menos civilizadas dos Estados Unidos. Um tour maravilhoso pelas estradas do Oregon que vale cada quilômetro dirigido, cada minuto dispensado. Mas se você ainda tem mais alguns dias e quer explorar um pouco mais deste estado, a cidade mais Shakespeareana dos Estados Unidos e uma das mais lindas cavernas da costa oeste, aguarde e leia o próximo post.
Fim de tarde a mais de 2 mil metros de altitude, o céu fica colorido em Crater Lake, no sul do Oregon, estado da costa oeste dos Estados Unidos
Chegamos esta manhã em Poços de Caldas, cidade de origem da Família Junqueira. Eu já havia estado em Poços quando, com meus pais e irmãs, fizemos uma viagem de carro por Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Poços foi apenas uma cidade no caminho, me marcou pelo bondinho que estava em reforma e não pudemos visitar. Depois de 17 anos, Poços passou a ter outro significado para mim. Uma cidade que guarda toda a história da família do meu amor. Cidade em que ele cresceu brincando com seus primos, aprendendo com seus tios e convivendo com sua avó, querida Vovó Carola.
Café no parque de Poços de Caldas - MG
A casa antiga e bem preservada nos remete aos anos em que vovó vivia ali, junto de seus filhos, netos e alguns bisnetos, já que viveu até os 96 anos. Nós dormimos em seu quarto, que ainda hoje possui armários com suas roupas dependuradas, penteadeira com seus pentes e escovas de cabelo prateadas e na cômoda o seu altar com todos os santos e água benta da pia batismal de sua catequese. Na sua cama a memória dos oito partos realizados em casa, onde nasceram os super oito! Dentre eles o meu sogro, Seu Gustavo Junqueira. Na sua cama também a memória do seu último suspiro. A primeira vez que dormi ali, pedi licença à vovó em minhas orações e sonhei que acordava nos anos 30, ouvindo as charretes na rua e sentindo a emoção de mais um parto que estava por vir.
Nesta casa almoçamos e jogamos conversa fora com a família que veio de diversos cantos para o feriado. Guto, Sossa e Lulu de Ribeirão Preto. Lalau, João Pedro, Antônio e Lucas (amigo do Antônio) de São Carlos. Gogóia, Charles e Luiza de São Paulo e o Chico láááá de Rio Verde, Goiás. Fomos caminhar pela cidade, pela praça, ao lado do antigo Cassino, onde a missa do Corphus Christi está sendo organizada, as 16h sai a romaria em direção à igreja. Tomamos uma vitamina na casa de sucos que Rodrigo frequentava com 10 anos de idade e hoje vemos os sobrinhos se deliciando com a vitamina de açaí, banana e leite.
A deliciosa Casa de Vitaminas, em Poços de Caldas - MG
No caminho de volta decidimos parar nas famosas termas que dão nome à cidade. Águas termais sulfurosas com uma infinidade de benefícios para a saúde: reumatismo, mialgias, ansiedade, stress, dermatoses pruginosas, varizes, eczemas crônicos, gastrites hiperácidas, insuficiência hepáticas, diabetes mellitus, bronquites, renites e muitas outras. Banho pérola, vulga hidromassagem, com essas águas milagrosas e aquecidas direto da fonte.
Medindo o próprio peso, logo após o banho-pérola, nas Thermas de Poços de Caldas - MG
A noite ainda uma aventura com os sobrinhos a bordo da Fiona, visita ao Cristo e depois a exploração de uma trilha off-road que nos levaria até um antigo hotel, hoje em ruínas. A corujisse do Rodrigo com a Fiona não permitiu que chegássemos ao objetivo. Lá no alto 10°C com sensação térmica de 5°C, voltamos para casa da Vovó e novamente o sentimento de estarmos em casa. Cada vez mais fica claro que a casa não é feita de um endereço fixo, mas sim das pessoas que amamos.
Vista do Cristo, direto do centro da cidade
Dentro da Pedra do Capacete, no Lajedo do Pai Mateus, região de Cabaceiras - PB
A região do Cariri Paraibano é velha conhecida de todos os brasileiros que prestigiam o cinema nacional. Filmes como o “Auto da Compadecida”, “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Canta Maria” foram filmados na região. As cidadezinhas que aparecem nos filmes, interioranas, com aquelas casinhas antigas e igreja na praça central, é exatamente a cara da cidade de Cabaceiras.
Igreja em Cabaceiras - PB
Uma área de beleza cênica ímpar no sertão do nordeste, não é a toa que a cidade é conhecida como a Roliúde Nordestina. O Museu Cinematográfico Municipal tem no seu acervo fotos, filmes e memórias dos mais de 20 filmes longas rodados na região.
Cabaceiras - PB
Durante a manhã fomos conhecer o Cânion, achando que encontraríamos uma paisagem seca. Que nada! O leito de um caudaloso rio nos meses de chuva e que nesta época ainda possui algumas lagoas, que segundo Paulo, nunca secaram. Tomamos um delicioso banho de rio, com o panorama lunar formado pela erosão da água nas rochas.
Canyon do rio Soledade, região de Cabaceiras - PB
Buraco na pedra no canyon do rio Soledade, em Cabaceiras - PB
Depois do almoço, trabalho e um passeio pela cidade de Cabaceiras, seguimos ver o pôr-do-sol na aclamada Laje do Pai Mateus. Eleito a primeira maravilha do Estado da Paraíba, o lajedo é uma imensa formação rochosa, com imensas pedras arredondadas sobrepostas.
A famosa Pedra do Capacete, no Lajedo do Pai Mateus, região de Cabaceiras - PB
Pai Mateus foi um curandeiro que viveu entre os anos de 1700 e 1800. Não se sabe ao certo se era um curandeiro indígena ou negro, fato é que sua história sobreviveu até hoje, assim como a sua casa sobre o lajeado de mesmo nome.
A casa de Pai Mateus, no Lajedo do Pai Mateus, região de Cabaceiras - PB
Une-se a esta história a crença popular no poder das rezadeiras, mulheres ou até mesmo homens, com o dom da cura. Avô de Ribamar, um guia local, já teria apagado fogo na caatinga, apenas com as suas preces.
Vista de dentro da Pedra do Capacete, no Lajedo do Pai Mateus, região de Cabaceiras - PB
O pôr-do-sol no Pai Mateus é um momento de energia e colorido especial! Os liquens alaranjados provam que o mar virou sertão, brilhando ainda mais no fim de tarde. Pedimos licença ao Pai Mateus para conhecer a sua casa e nos reenergizamos na pedra onde ele deve ter visto muitos outros momentos como este. Um elo direto entre nós, Pai Mateus e nossos mais antigos ancestrais americanos, unindo as histórias da idade da pedra e da nossa roliúde nordestina. Ah, se essas pedras falassem.
Observando o pôr-do-sol no Lajedo do Pai Mateus, região de Cabaceiras - PB
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