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Parece que foi ontem que começamos a planejar a viagem, os três meses d...
Os espanhóis chegaram quando o Império Asteca estava em plena expansão...
O vento mudou e junto dele o nosso rumo. Saímos do paraíso do mergulho ...
Niluza (30/04)
Olá Fiquei impressionada com a Caatinga do nosso nordeste, infelizmente...
paola (27/04)
popo (27/04)
debaixo da segunda foto não si escreve PUDEMOS e sim PODEMOS...
Polutram (27/04)
olá! Por onde andam!? (hehe) Mais ou menos, quanto saiu para mandar o ve...
jose roberto (22/04)
Menina, esse azul não existe!!!! O seu texto é ótimo, e eu o aproveito...
Visitando as lindas ruínas jesuítas de San Ignacio Mini, na Argentina
A Província de Misiones na Argentina faz fronteira com o Paraguai e o Brasil, separada respectivamente pelo Rio Paraná e o Rio Iguaçú. Ela divide com o Brasil um dos destinos mais visitados do país e ajuda a criar a polêmica pergunta, qual é o lado mais bonito das Cataratas do Iguaçú, o brasileiro ou o argentino? É difícil realmente escolher, eu gosto muito dos dois e sinceramente acho que a melhor vista é do lado brasileiro, portanto das quedas d´água que estão do lado argentino. Quem sabe assim todos ficam felizes!
Rota das Missões Argentinas
Esta dúvida porém não existe quando o assunto são as missões jesuíticas brasileiras e argentinas. As ruínas dos 7 Povos das Missões no Brasil infelizmente foram muito depredados e o que restou não recebe a devida atenção e infraestrutura. Faltam placas informativas dentro da missão, guias treinados para receber os turistas ou mesmo informações mais detalhadas dentro do museu. Do outro lado, as missões argentinas surpreenderam no cuidado e atenção com o turista, que paga um pouco mais caro pela visita, mas recebe uma verdadeira aula sobre a história e vida dos missionários e indígenas que ali viveram. Cada uma das missões tem um charme diferente e conta uma parte da história que se passou por ali.
Para quem gosta de observar detalhes e gosta de arquitetura, a missão jesuíta de San Ignacio Mini, na Argentina, é imperdível!
Nós cruzamos a fronteira do Brasil com a Argentina por Porto Xavier, a fronteira mais próxima de São Miguel. Depois de uma longa espera na cidade, cruzamos o Rio Uruguai em uma balsa* entre Porto Xavier e San Javier, na Argentina e seguimos direto para a Missão de Santa Ana. Dois dias foram suficientes para conhecermos as ruínas do lado argentino. A cidade de San Ignácio, a 60km de Posadas, é uma boa base para explorar rodas estas ruínas nos seus arredores.
Chegando à fronteira entre Brasil e Argentina, em Porto Xavier, no Rio Grande do Sul
*A balsa Porto Xavier funciona de hora em hora durante os dias de semana e apenas das 8 às 10h e das 16 às 18h aos sábados e domingos. Se você chegar lá em um sábado as 12h, como nós, e tiver que esperar, tem um restaurantinho por quilo quase em frente à Receita Federal que é muito gostoso e tem wifi.
Cruzando o rio Uruguai, entre Brasil e Argentina, em Porto Xavier, no Rio Grande do Sul
Iluminação torna as ruínas da Missão de Santa Ana, próximo à San Ignacio Mini, na Argentina, ainda mais belas e instigantes
A Reducción de Nuestra Señora de Santa Ana foi fundada em 1633 e tinha como principal atividade agrícola o cultivo do algodão, milho e erva mate, infusão tradicional da região muito apreciada pelos guaranis. Sua praça central é gigantesca e, seguindo o plano arquitetônico de todas as missões, está rodeado pelas casas dos indígenas, a casa dos padres missionários e a igreja, que ocupava a posição central, defronte à entrada principal da missão. Uma das descobertas mais recentes e únicas dentre as missões jesuíticas está um grande reservatório de água interligado por canais em toda a extensão da missão.
Ruínas da igreja da Missão de Santa Ana, próximo à San Ignacio Mini, na Argentina
A decadência de Santa Ana começou 1767, quando os jesuítas foram expulsos dos domínios da coroa espanhola. As missões foram assumidas religiosamente por padres de outras ordens e administrativamente por civis espanholes sem a mínima ideia e aculturamento. Isso somado às guerras que se seguiram no período da independência paraguaia e argentina, levou ao total abandono nos idos de 1820.
As ruínas da Missão de Santa Ana, próximo à San Ignacio Mini, na Argentina
Ainda assim ela guarda cenários excêntricos como o cemitério moderno construído sobre o antigo cemitério indígena. Considerado um solo sagrado pelos colonizadores que chegaram após o seu abandono, o cemitério possui lápides e mausoléus que datam até a década de 80, quando foi proibida a utilização para novos enterros. Até hoje os túmulos são visitados pelos familiares dos felizardos que ali descansam.
O assustador cemitério da Missão de Santa Ana, próximo à San Ignacio Mini, na Argentina
Ainda que menos restaurada que sua vizinha San Ignácio Miní, a Missão de Santa Ana é muito interessante e até mais emocionante do ponto de vista exploratório. Um dos principais diferenciais desta visita foi o nosso guia Yoyo, turismólogo apaixonado pelo seu trabalho e profundo conhecedor da história e da vida das missões. Ele nos deu uma aula sobre este encontro de culturas, a espanhola e a guarani, que resultou em um trabalho tão rico e curioso. Santa Ana foi considerada Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO desde 1984, junto com as suas vizinhas.
Em belo fim de tarde, caminhando com nosso excelente guia nas ruínas da Missão de Santa Ana, próximo à San Ignacio Mini, na Argentina
A Erva Mate
Uma curiosidade é que a erva mate é retirada de uma árvore alta e acreditava-se que só crescia em meio à mata e sombra das grandes árvores. Porém os jesuítas, muito observadores, aprenderam o segredo da semeadura de suas duras sementes, que precisam de uma preparação especial antes do seu plantio. Este segredo foi perdido com o tempo e apenas no início do século XX o mate voltou a ser cultivado.
Com um mapa, nosso guia na Missão de Santa Ana nos dá uma verdadeira aula sobre a história das Missões Jesuítas (próximo à San Ignacio Mini, na Argentina)
San Ignacio Mini, a mais bem conservada e restaurada missão jesuíta na Argentina
A Missão de San Ignácio Miní é a mais famosa de todas as missões argentinas. Fundada próxima ao Rio Paranapanema no antigo estado de La Guayrá, atual estado do Paraná, a redução foi transferida mais de uma vez, fugindo dos ataques dos bandeirantes paulistas e mamelucos. Ela foi instalada em definitivo na localidade atual 1696, com cerca de 3 mil indígenas.
San Ignacio Mini, a mais bem conservada e restaurada missão jesuíta na Argentina
A mais famosa é também a mais conservada e restaurada de todas as missões, o que facilita muito a nossa compreensão do estilo de vida e do dia a dia dos missioneiros. Novamente aqui a igreja está na posição central da praça principal, ao lado direito está o claustro dos padres missionários e ao lado esquerdo o cemitério. Ao redor da praça estão as casas dos moradores, cada tribo subdivididas em bairros e com seu cacique participando do conselho de caciques, na administração local. Do lado esquerdo, além da escola estão também as oficinas de carpintaria, música e outras atividades ensinadas pelos padres aos guaranis, que também mantinham a horta comunal nos fundos da missão.
Painel informativo na Missão jesuíta de San Ignacio Mini, na Argentina
O que mais impressiona nas ruínas de San Ignácio é o elaborado trabalho de entalhe feito nas colunas, portas e janelas da igreja e do claustro. A combinação de elementos católicos com as referências e criatividade dos guaranis deu origem a um novo estilo artístico.
Para quem gosta de observar detalhes e gosta de arquitetura, a missão jesuíta de San Ignacio Mini, na Argentina, é imperdível!
Para quem gosta de observar detalhes e gosta de arquitetura, a missão jesuíta de San Ignacio Mini, na Argentina, é imperdível!
A estrutura turística de San Ignácio é perfeita, um museu bem completo com imagens, histórias, peças arqueológicas que remontam a vida dos guaranis na missão, assim como um interessante comparativo de músicas guaranis, missionais e as músicas missionais interpretadas por guaranis. Lindo! No trajeto não temos um guia nos acompanhando, mas todo o caminho está bem sinalizado e possui mesas com informações e textos gravados em um sistema de som que pode ser ouvido conforme avançamos.
Lendo um dos muitos painéis informativos espalhados pelas ruínas de San Ignacio Mini, na Argentina
À noite o show de som e imagem é um espetáculo à parte. Imagens projetadas em cortinas de água, em árvores e nas paredes das missões contam a vida e a história de San Ignácio Miní, com um simpático personagem indígena como narrador principal. Durante a narrativa vamos acompanhando a vida de um pequeno guarani que se encontra com os jesuítas na floresta. A história é muito bem contada e nos envolve junto da magia das imagens em 3D projetadas enquanto caminhamos pela missão. Um espetáculo com uma concepção artística contemporânea, que soube aliar o antigo e o moderno de forma criativa e de muito bom gosto!
Imagens são projetadas nas ruínas da missão de San Ignacio Mini, na Argentina, durante o ótimo show de sons e luzes
Hologramas criam verdadeiros fantasmas no excelente show de luzes e sons na missão de San Ignacio Mini, na Argentina
Uma das missões menos restauradas a Reducción de Nuestra Señora de Loreto, assim como San Ignácio, também foi fundada em terras brasileiras e depois transferida para o oeste do Rio Uruguai. Essa missão chegou a abrigar mais de 7 mil indígenas e foi muito forte na produção do algodão e da erva-mate, tendo um papel de destaque entre as missões vizinhas.
A mata cobre boa parte da Missão de Santa Ana, próximo à San Ignacio Mini, na Argentina
Em Loreto temos a real sensação de como os arqueólogos se sentem ao descobrir novas ruínas! Praticamente todas encobertas pela vegetação e com o trabalho de restauração em estágio inicial, aqui o acompanhamento de um guia se faz necessário e enriquece muito a visita. De forma rápida e objetiva nossa guia percorreu a missão explicando o que cada pedra caída ou montículo de terra significava, nos ajudando a visualizar, em nossa mente, como foi esta antiga missão.
As ruínas da Missão de Santa Ana, próximo à San Ignacio Mini, na Argentina
Loreto recebe todos os anos os peregrinos de Nuestra Señora de Loreto de Pirapó que vem visitar a capela sagrada que fica a 1 quilometro do complexo principal de ruínas.
As ruínas jesuítas de San Ignacio Mini, na Argentina
Ao todo calcula-se que foram construídas em toda a região mais de 30 missões, cada uma abrigando de 1 mil a 7 mil indígenas. O ideal dos padres jesuítas de criar uma sociedade semidemocrática e tendo os ensinamentos religiosos como os pilares da sua educação foi ousado demais para a época. Um lugar onde indígenas teriam os mesmos direitos que homens brancos e onde seus líderes participavam das decisões políticas e econômicas, ensinando-os os modos de vista e costumes europeus, era praticamente uma utopia se tornando realidade. No seu auge as missões eram verdadeiras cidades autônomas, organizadas e que, além de pagar seus impostos à coroa, deviam satisfações apenas ao Papa, obtendo um status de estado independente. A Guerra Guaranítica criou um sentimento de unidade entre os guaranis missioneiros e foi quando tentou-se a criação deste estado, mas infelizmente as forças espanholas e portuguesas foram mais fortes e destruíram por completo uma das únicas chances de uma nação indígena na América.
Quadro mostra como era rezado o Padre Nosso na língua guarani (em San Ignacio Mini, na Argentina)
Neve soterra placa no Paso San Francisco - Argentina
Acordamos, mas parecia que ainda estávamos sonhando. Um pequeno oásis incrustado na boca de um vulcão inativo. Ainda assim ele se faz presente nas águas termais e medicinais de Fiambalá. As piscinas de 25 a 45°C construídas da forma mais integrada com a natureza dá um charme ainda mais especial ao principal atrativo da cidade.
Termas de Fiambalá - Argentina, construídas dentro de um antigo vulcão
Caminhamos rio acima, escalando ao lado de uma cachoeira de águas quentes e fomos até a nascente do rio. Ele brota há apenas 200m da primeira piscina, com a temperatura perto dos 70°C! Ainda assim existe vida, uma espécie de alga gosmenta que se desenvolveu nestas condições adversas.
Uma cachoeira natural de água quente um pouco acima das termas de Fiambalá, na Argentina
Neste dia lindo, saímos da boca do vulcão ainda com esperanças de encontrar o Paso San Francisco aberto. O pessoal de Informações Turísticas nos disse que o pessoal do exército chileno já estava começando a limpar a pista. Quem sabe hoje ou amanhã mesmo pode abrir? Compramos suprimentos suficientes para dois dias, os dois que estávamos dispostos a esperar “acampados” na base da Gendarmeria de Las Grutas. Eles possuem um abrigo para montanhistas e casos como o nosso. Já que chegamos até aqui temos que tentar! O máximo que vai acontecer é conhecermos apenas o lago Argentino de um dos mais belos pasos ao Chile.
Início de dia num dos terraços das termas de Fiambalá, na Argentina
Eu voltava ao carro depois de informações e compras e eis que dou de cara com o Rodrigo sendo entrevistado pela televisão local! Rsrs! Muito bacana! O repórter viu o carro e já quis saber sobre a viagem e o que estávamos achando da cidade, das termas, etc. Metidos que só até demos entrevista em espanhol! Só imagino o povo da cidade vendo os brazucas hablando portuñol e achando que estão abafando! Hahaha!
Entrevista para a TV de Fiambalá - Argentina
Pegamos estrada, são 130km até Las Grutas. 130 quilômetros de um cenário espetacular!!! Entre montes nevados, dunas de areia, morros coloridos, lagoas, vicuñas e apenas nós na estrada! Mais um indicativo de que a fronteira não irá abrir... mas já não importa, eu nunca havia visto uma paisagem andina tão maravilhosa.
Bela paisagem na estrada para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile
O início da jornada hoje foi aos 1505m de altitude, saindo de Fiambalá em direção aos 4000m de Las Grutas. Neste caminho passamos por um hotel desativado às margens de um lindo lago com algumas partes congeladas.
Um lago a mais de 3 mil metros de altitude, na estrada para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile
Os campos de altitude com gramíneas douradas, montanhas nevadas ao fundo euma reta interminável que vai nos levando gradativamente aos 4000m. Em cada baixada encontramos grupos de vicuñas, camelídeo totalmente adaptado à altitude. Elas se agrupam nas regiões com mais água e gramíneas. Sua lã é uma das mais caras do mundo, devido à qualidade e dificuldade de ser retirada, já que este animal é selvagem e dificilmente domesticado.
Observando Vicunhas, animal comum na paisagem da estrada para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile
Chegamos à Las Grutas, com a cancela fechada e um dos oficiais nos dizendo que nem adiantava insistirmos, o Paso estava fechado e não teríamos como passar. Olviedo estava comemorando seu aniversário hoje, recebendo várias ligações e ainda que super informal foi super atencioso. Nós conversamos, explicamos os nossos planos e ele já adiantou, o lado chileno não irá abrir pelo menos por mais uma semana. Já está fechado há 45 dias, este ano foi o pior e o lado chileno é o que mais sofre com a neve. Alguns trechos estão com blocos de gelo muito altos e eles ainda não conseguiram limpar.
A Fiona deixou suas marcas na neve, próximo ao Paso San Francisco - Argentina
Entendendo a nossa ansiedade por conhecer a região, ele nos liberou para passarmos, irmos até a fronteira e se a estrada permitisse, até a Laguna Verde, uma das principais atrações deste paso. Desde que voltássemos, pois ali eles não possuem muita mobilidade e estrutura para resgate de turistas e carros atolados na neve. Andamos uns 11km até encontramos a primeira e última barreira.
Não vai dar para passar! (Paso San Francisco - Argentina)
Um trecho longo de neve fofa fechava a estrada. Linda, branquinha, fofinha... eu parecia uma criança brincando na neve. Tentamos passar, mas em alguns trechos ela estava muito alta e a Fiona não teve forças para vencê-la. O Rodrigo estava inconformado. Andava de lá para cá, enquanto eu me divertia na neve, me afundando, feliz.
Brincando com a neve perto do Paso San Francisco - Argentina
Ali, refizemos os planos. Não precisaríamos mais dormir no refúgio de Las Grutas, pois não vamos esperar por uma semana. E como não vamos mais até a lagoa, temos tempo suficiente para voltar o máximo possível já em direção ao nosso próximo objetivo, o Paso de Jama. Aproveitamos a paisagem senacional e a neve fofa para gelar as nossas Quilmes, relaxar e aproveitar! Essas horas eu sou bem prática, não adianta chorar e espernear, o que não tem remédio, remediado está. Voltaremos e cruzaremos por Jama.
Procurando nova rota para atravessar a fronteira para o Chile (no Paso San Francisco - Argentina não vai dar!)
Fizemos a nossa viagem de volta com uma luz ainda mais linda que na vinda. Nos despedimos dos gentis rapazes da gendarmeria argentina, demos parabéns novamente a Olviedo e pé na estrada. Vimos as mesmas vicuñas, montes coloridos e lago congelado... e pensar que aquela paisagem está lá todos os dias de nossas vidas! Que loucura.
Magnífica paisagem no Paso San Francisco, do lado argentino
A vantagem dessa nossa viagem é que podemos refazer os planos quando sentimos necessidade. E hoje decidimos, voltaremos ao Paso San Francisco em 2012, quando estaremos a caminho da Patagônia. Chegaremos ainda no verão, quando o paso estará aberto e a temporada de escaladas também! Vamos escalar o Ojos del Salado, segunda maior montanha da América. Até lá tenho tempo para me preparar!
Adesivo dos Mildias na fronteira do Paso San Francisco - Argentina. Vamos voltar!
Na estrada, esticamos até a cidade de Belén, no estado de Tucumán. A cidade possui um museu arqueológico e algumas atrações naturais nos seus arredores, que se tivéssemos tempo com certeza iríamos conhecer. Esta porém, ficará para os próximos 1000dias.
Chegando aos Andes, na estrada para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile
Visita à fábrica e museu da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Seattle é a cidade-sede da maior companhia de aviação do planeta. No mundo ela é sinônimo de transporte aéreo, qualidade, agilidade e seus produtos são sinônimo de categoria. Para mim, porém, Boeing representa algo mais simples e direto, mas uma das melhores coisas da vida: viajar!
Bandeiras de todos os países que já compraram aviões da Boeing, expostas no salão de visitantes da empresa, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Não interessa se você está fazendo uma viagem a trabalho ou de férias, é o avião que poderá te levar e trazer em segurança (na grande maioria das vezes!) e unir você àquele destino mais sonhado, maluco e distante que você planejou. A aviação começou a fazer parte da minha vida através das viagens de trabalho dos meus pais, que vinham de seus congressos, encontros médicos e palestras com uma bandejinha fofíssima com todas as comidinhas em miniatura. Vocês lembram delas? Pois é, hoje são peça rara no mercado, mas naquela época eram customizadas em maletinhas e sempre tinham alguma novidade bacana. Fico só imaginando meus pais, com fome depois de um dia de trabalho e correria, deixando de comer aquela comidinha só para trazê-las intocadas para as filhas. Pior! Eles ainda tinham que negociar uma segunda ou terceira, para nenhuma filha ficar sem! Hahaha! Mas sem dúvida a nossa alegria em ver a maletinha da Vasp, Varig ou Transbrasil, mais do que pagava o esforço ou o mico deles, depois das longas viagens.
A Ana se fazendo de pilota de jatos, em visita à fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
A minha primeira viagem de avião “de verdade” foi em 1995, quando fui para a Europa. Voar é sempre aquela magia, ver a terra do alto, voar sobre as nuvens e descobrir que mesmo em um dia chuvoso, o céu é azul! Mas é engraçado que mesmo estando contagiada por esta magia eu tinha total noção do privilégio que era poder entrar em um avião, não apenas pelo preço, mas por ter acesso a toda aquela tecnologia e a grande facilidade que ela proporcionava. Sou um pouco saudosa do tempo que não vivi, quando viajar para o outro lado do mundo significava tirar 2 ou 3 meses de férias, entrar em um navio por dias para atravessar o oceano e depois cruzar países e continentes inteiros em um trem, se quisesse desbravar aquelas terras do além mar.
Evolução dos voos e diminuição das escalas, no longo trajeto entre Londres e Sydney, em painel na fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
A visão de Santos Dummont e os Irmãos Wright foi uma faísca para um futuro onde as fronteiras não são mais barreiras geográficas, mas apenas demarcações políticas. E foi o sonho de visionários como William Boeing e Donald Will Douglas, dois gênios, concorrentes e empreendedores megalomaníacos, que tornou tangível o transporte aéreo comercial em grande escala, encurtando distâncias, aproximando culturas e tornando possível realizarmos as nossas tão sonhadas viagens pelo mundo.
A tradicional foto com o fundador da companhia, na fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Hoje viemos então, prestar as nossas homenagens a estes gênios da aviação, que deixaram um legado impressionante, em carne e osso, ou melhor, em concreto e metal, entre aeronaves e um dos maiores centros de tecnologia do mundo, que pode ser visitado por qualquer um.
Pilotando o nosso Boeing, em visita à fábrica da companhia, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
A Boeing nasceu do sonho e determinação de William Boeing, que depois de se formar na Yale University, fez fortuna no novo mercado madeireiro na costa oeste e construiu o primeiro seu primeiro hidroavião em 1916. Durante a primeira Guerra Mundial o governo americano se convenceu que uma força aérea seria estrategicamente superior às frotas marítimas inimigas e fez o seu primeiro grande pedido na fábrica que estava apenas começando.
Diversos aviões novos, esperando pela pintura na fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Hoje a gigante da aviação emprega mais de 80 mil funcionários, e fatura mais de 36,2 bilhões de dólares (dado de 2011). Através de quase um século, estes funcionários fabricaram aeronaves de passageiros, hidroaviões, helicópteros, aviões de guerra, lança mísseis, satélites e até espaçonaves!
A estrela atual da companhia, exposto na fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Aviões já prontos e pintados, aguardando a entrega, na fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
O The Future of Flight Aviation Center & Boeing Tour está localizado a 25 milhas ao norte de Seattle. A fábrica é o maior edifício do mundo, com 13.385.378 metros cúbicos de área construída. Também pudera, ele abriga as linhas de montagem das aeronaves Boeing 747, 767, 777 e o novíssimo 787 Dreamliner. Vocês conseguem imaginar o tamanho desta fábrica? Para ter uma ideia, caberiam dentro dela 14 Empire States deitados! E cada uma das muitas portas tem o tamanho de um campo de futebol! A planta foi concebida em diferentes níveis para facilitar a montagem dos gigantes do ar, desde a fuselagem até a instalação das turbinas, última peça a ser colocada no produto, e pintura.
O gigantesco prédio da fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos. Cada porta é do tamanho de um campo de futebol!
O tour dura uma hora e meia, é super organizado e pode reservado pela internet neste site. Ele se inicia com um vídeo sobre a companhia, segue de ônibus e a pé pelas dependências da fábrica. Eu fiquei impressionada com a infraestrutura montada para receber os visitantes, desde as plataformas especiais, telas com vídeos e informações no meio da planta fabril, microfone e autofalantes para que todos possam acompanhar as ótimas informações passadas pelo guia, até o pequeno museu montado na entrada da fábrica. O museu apresenta painéis com a história e a linha de produtos, peças dos aviões, exemplos de funcionamento de turbinas, a cabine do piloto e até um simulador de voo (por 8 dólares extras). A visita é uma viagem no tempo, ao início do século, quando construíram o primeiro avião, e a um futuro muito mais ágil e sustentável. Super indicamos a visita!
Hall de exposições na fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Em tempo: se você é especialmente interessado no assunto, indicamos também o Museum of Flight, ao sul de Seattle, com uma exposição mais extensa sobre o tema e até o Air Force One para ser visitado. Nós não tivemos tempo de visitá-lo e acabamos optando por conhecer a fábrica da Boeing em Everett. Mas se você tiver tempo não deixe de conferir, todos que foram adoraram! Vejas as dicas detalhadíssimas dos nossos amigos MauOscar neste link.
Painel mostrando a busca por novas tecnologias, na fábrica da Boeing, 30 km ao norte de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Maré baixa na Praia do Forte - BA
Acordamos cedo para tomar café com Mônica e Lívia. Dona Dori já havia preparado a banana da terra quentinha, suco de laranja, pães, biju daquele jeitinho que só ela faz. Um café da manhã como este já é muito especial por si só, mas hoje ele recebeu um lugar ainda mais especial por ser o último café da manhã que tomaremos em família por um bom tempo, e foi com a minha família baiana. Despedidas feitas, com o coração na mão, deixamos Salvador.
O Farol de Itapoã, em Salvador - BA
A Fiona passou por um banho completo ontem, com produtos da melhor qualidade e direito até a uma borrifada com vaselina para proteger o motor e borrachas da sua parte inferior, da barriga da Fiona. Feito isso, hoje tivemos uma manhã de reorganização da nossa casa, todas as bagagens e equipamentos.
Merecido banho completo da Fiona em Salvador - BA
Pegamos a estrada para a Praia do Forte, chegamos no início da tarde. Eu já havia vindo para a Praia do Forte, mas foi em um congresso que o Ro participou, ficamos hospedados em um resort e caminhamos um dia até a praia da vila. Sendo assim eu não considerava conhecer e hoje tive certeza de que não conhecia. A vila muito organizada me lembrou muito a Rua das Pedras em Búzios, repleta de lojas bacanas e restaurantes super charmosos.
Igreja da Praia do Forte - BA
Eu imaginava a vila completamente diferente, com cara de vila de pescadores mesmo, mas o que fez o investimento de tantos resorts na cidade. Esta é outra prova de que uma prefeitura pode, e muito, investir corretamente o dinheiro que recebe em carga tributária destes empreendimentos, ruas calçadas, bem sinalizadas, bem organizadas e limpas, pelo menos por onde os turistas passam.
Entardecer na Praia do Forte - BA
A região da Praia do Forte oferece opções variadas de atividades, desde o Projeto TAMAR, atração principal da vila, até passeio de canoa no rio, snorkel nas piscinas naturais e uma visita ao único Castelo Medieval brasileiro. Nós fechamos o dia com um belo pôr-do-sol, matando as saudades da natação nas águas verdes e calmas na praia do resort.
Pôr-do-sol na Praia do Forte - BA
A linda imagem do deserto florido, entre Tacna e Arequipa, no Peru
Mais um dia de muita estrada. Hoje rodamos em torno de 700km de estrada entre Iquique, no Chile e Arequipa, no Peru. Nos despedimos da cidade praiana britânica do alto do mirador do parapente, onde já ficamos meio depressivos por não poder ficar mais um pouco e saltar. Fazer o que, não podemos ter tudo! Rsrs!
Parapente nos céus de Iquique, no norte do Chile
O dia era longo e ainda incluía os trâmites burocráticos fronteiriços, que nunca sabemos quanto tempo pode levar. Logo depois de Arica encontramos o complexo fronteiriço, subimos em um refeitório meio improvisado que vendia os formulários para entrarmos no Perú. É estranho mesmo, mas é assim que funciona. 8 vias de um dos formulários preenchidos, mais 2 de outro e logo estávamos chegando ao Peru.
Chegando ao Peru!
Ali demorou um pouco mais, os oficiais de aduana estão acostumados com carros chilenos que vem de Arica até Tacna, se o carro vai além desta cidade e por um período maior, eles precisam emitir um documento especial. Aí o sistema caiu, a impressora não funcionava... mas tudo bem, assim acabamos ganhando uma aula sobre a atual conjuntura política do país. Resumindo, ela não votou no Ollanta, ele é mais esquerdista e populista, porém para se eleger acabou abrandando sua sede comuna, mas está amarrado pois não tem a maioria no congresso. Parte dessa história a gente já conhece, vamos ver qual rumo ela irá tomar aqui. “É tudo muito novo, vamos ver se este novo presidente vai dar conta do recado”, diz ela.
Exibir mapa ampliado
Atravessamos a cidade de Tacna e logo tivemos uma das maiores surpresas do dia. Começou a agora o período das lomas, quando a umidade chega ao deserto e ele fica completamente florido! Lindíssimo!
A linda imagem do deserto florido, entre Tacna e Arequipa, no Peru
Seguimos a Panamericana Sur, apreciando o monocromático litoral do pacífico, até adentrarmos a região de Arequipa. Chegamos à cidade já era noite, estávamos cansados e completamente esfomeados. Depois de instalados no nosso Hostal Torres de Ugarte (um xuxuzinho e bem localizado), pedimos uma dica de um lugarzinho para comer, ali perto mesmo, algo gostoso e simples. A dona (e/ou gerente) do hostal nos indicou um restaurante chamado El Paladar, uma quadra dali. Mal sabíamos a surpresa que nos aguardava! Um restaurante bacanérrimo! Estávamos tão sem forças e ao mesmo tempo tão precisados que acabamos decidindo nos dar a este luxo e provar o que a alta gastronomia peruana tinha a nos mostrar. O meu prato foi uma Alpaca a La Parilla com risoto de quinoa à piamontese, acompanhando salada. Divino! O Ro quis a mesma carne mas com um acompanhamento de purê de batatas fúcsia (magenta, cor-de-rosa). Sabe Deus o que dava essa cor ao purê, mas ele adorou! Acompanhando tudo isso, o Enzo, nosso garçom somelier nos indicou um vinho chileno da uva Sauvignon Franc de tomar ajoelhados! Essa surpresa mudou completamente nosso humor e o ânimo de chegada à uma das maiores e mais belas cidades peruanas. Bem vindos à Arequipa!
Jangada em falésia de Canoa Quebrada - CE
Um navegador português aportou neste litoral após ter sua embarcação avariada nos arrecifes próximos à praia. Sem mais, entregou-a de presente a um pescador da região, que nunca havia visto uma embarcação como aquela antes. E foi assim que passou a chamar aquela praia onde foi presenteado com uma “Canoa Quebrada.”
Jangadas em Canoa Quebrada - CE
Ao lado da capital Fortaleza e da sua prima do litoral norte, Jericoacoara, Canoa Quebrada é um dos principais destinos turísticos do estado do Ceará. Conhecida por suas falésias vermelhas e pela aura que um dia a fez um dos preferidos destinos hippies no Brasil da década de 70. A comunidade ficava isolada pelas dunas, aonde só se chegava a pé depois de uma longa subida pela areia. A criação de porcos vivia dentre as casas e ruas da pequena e tranquila vila de pescadores.
Praia em Canoa Quebrada - CE
Era essa a praia que gostaríamos de encontrar, mas já vínhamos sendo avisados que Canoa Quebrada não era mais a mesma. Quando Rodrigo esteve aqui em 1993 o asfalto já estava chegando à comunidade, e no seu retorno em 2000 ele já ficara saudoso dos tempos passados. Infelizmente eu me pego sempre chegando atrasada nestes lugares, mas nem por isso vou deixar de conhecê-los.
Passarela sobre as falésias em Canoa Quebrada - CE
Chegando à vila vemos aquela agitação, carros, ônibus da CVC e bugues cadastrados levando turistas para cima e para baixo. Pousadas lotadas, ruas sujas, lixo por todo o lado... É, o desenvolvimento chegou por aqui. A passarela aparentemente foi uma tentativa de diminuir o fluxo de pessoas andando sobre as falésias, pois a erosão é claramente notada, além das pichações totalmente descabidas e desnecessárias nesta paisagem maravilhosa. Ainda assim, o fluxo de pessoas e bugues sobre as falésias continua e a própria acaba sendo um monumento um tanto quanto esdrúxulo em meio àquela paisagem. Nas praias barracas abarrotadas de pessoas, músicas de gosto duvidoso, muvuca e farofas. Mesmo assim quis retornar hoje à praia na maré baixa para ver a mudança da paisagem.
falésias rabiscadas em Canoa Quebrada - CE
Dia chuvoso, nuvens escuras, sem luz o mar fica um verde-acinzentado, mas é caminhando lá na baixa da maré que começamos a ver a beleza desta praia. Abstraia as barracas e a farofa. Distancie-se das falésias. Ouça o barulho das ondas e se transporte ao momento em que o português chegou aqui, com sua caravela quebrada. Um lugar maravilhoso, com suas dunas ao fundo, lagoas formadas na maré baixa e arrecifes aflorados. Caminhamos uns 200m para a direita e logo encontramos um outro ambiente, onde pessoas lêem seus livros tranquilamente na praia. Outros brincam com suas miniaturas de jangadas na lagoinha e onde as barracas tocam bossa nova e o melhor da música popular brasileira. Chegamos ao paraíso! Pensamos. Vamos ficar, buscar a máquina fotográfica, sair nadando até os arrecifes e voltar. Tomar um suco de acabaxi e aproveitar este dia aqui na Lazy Day, nome convidativo da barraca com pufes e espreguiçadeiras muito acolhedores.
Pequenas jangadas em Canoa Quebrada - CE
Aí, novamente me pergunto, porque as pessoas gostam tanto de se aglomerar? É impressionante como aqui testemunhamos o processo de seleção natural. Só chegam a esta parte da praia as pessoas com este outro astral. Tão longe, tão perto.
Barraca Lazy Days em Canoa Quebrada - CE
Eu que estava achando um azar vermos a praia com chuva passei a achar maravilhoso! O Sonhador, artesão local, me contou que há 2 anos e meio não chovia aqui, assim esta era uma chuva bendita! Ela traria fartura na pesca do camarão, hoje vendido a 30 reais/kg e nos tempos de fartura por 5. Além disso, os cajueiros ficarão abarrotados de caju, sustento de muitas famílias que vendem o fruto e a castanha. Ao saber disso, o cinza para mim ficou azul e a chuva de “chata” tornou-se abençoada.
A Ana no mar de Canoa Quebrada - CE
Como sempre precisamos saber olhar para as coisas, sem preconceitos, dando tempo para que elas se mostrem como são verdadeiramente. Canoa Quebrada não pôde escapar dos malefícios do desenvolvimento, mas dentro dela ainda encontramos aquela vila de pescadores tão sonhada. Só quem quiser ver, verá.
Parati - RJ, vista do mar
Escuna em Parati? Que programa de índio! No entanto se for feito durante a semana pode ser muito interessante. Estávamos morrendo de saudades do mar! Parati é uma cidade de baía, por isso para chegar à praia deve-se usar o carro ou uma embarcação. Agendamos logo um passeio de barco, aproveitando que a cidade não está tão cheia durante a semana.
Passeio de escuna em Parati - RJ
O barco saiu das 10h do trapiche com uns 20 passageiros, destes mais da metade eram estrangeiros. O trajeto passa pela Ilha Comprida, Saco da Velha, Lagoa Azul e termina na Praia Vermelha. Sol, mar esmeralda, transparente!
Nadando na praia Vermelha, em Parati - RJ
Tentando fotografar os peixes na Ilha Comprida, em Parati - RJ
Durante o passeio conhecemos dois amigos, Jane é australiana e Fergal é irlandês. São super interessantes e divertidíssimos, ele é designer de interiores e mora no Rio de Janeiro, os dois se conheceram em Londres onde dividiram apartamento. Recentemente Jane trabalhava com cavalos perto de Sevilha na Espanha, veio visitar os amigos no Brasil e resolveu esticar um pouquinho fazendo uma viagem pela América do Sul.
Saco da Velha, em Parati - RJ
Depois de alguns mergulhos, muito papo e uma caipirinha de maracujá almoçamos a bordo na Lagoa Azul, um dos pontos mais bonitos do passeio. Voltamos ao trapiche e vamos direto para a mesma estrada por onde passamos ontem, a estrada de Cunha.
Saltando da escuna no mar, em Parati - RJ
Ao lado do Caminho do Ouro encontramos a Cachoeira do Tobogã e Poço do Tarzan lindos, mas um pouco secos, já que não é a época das monções. O tobogã ainda funciona bem, mas não com a mesma velocidade que se estivesse cheio d´água. Depois de um dia salgado, debaixo do sol, um banho de água doce é sempre renovador!
Escorregando pela Cachoeira do Escorrega, em Parati - RJ
Finalizamos o dia com um jantar delicioso com a Jane e o Fergal, ótimas companhias, tentando desenferrujar um pouco o inglês. Demos uma voltinha na Praça da Matriz onde a festa para a padroeira da cidade rola solta até tarde. Barraquinhas e bandas de pop rock, uma beleza! Pena que estava vazia... Amanhã trilha para as praias ao sul de Parati, vamos ao Sono!
Jantar em Parati - RJ
Nadando sobre o canhão da Corveta em Fernando de Noronha - PE
Já falei aqui sobre aquele filme Imensidão Azul, título em inglês “Big Blue”. Alguns lugares nesta terra, ou melhor, neste mar, nos faz lembrar e sentir dentro do filme. O mergulho na Corveta Ipiranga V17 em Fernando de Noronha é um deles. A Corverta afundou em outubro de 1983, depois de chocar-se com o Cabeço da Sapata, uma montanha submarina de 70m de altura que chega a ficar aflorada nas marés baixas. Ninguém morreu no acidente e a Marinha declarou não haver culpados. A embarcação levou 8 horas para afundar, tempo suficiente para que pescadores da ilha ajudassem a salvar as peças mais importantes e todos os marinheiros que estavam a bordo. A Corveta então descansou, depois de 30 anos de atividade e hoje repousa a 60m de profundidade.
Cabo amarrado na Corveta em Fernando de Noronha - PE
Nós já havíamos feito um primeiro mergulho na Corveta em 2008, apenas explorando sua estrutura externa. Nesta ocasião fiz o meu curso de rec-trimix, pré-requisito para um mergulho simples a esta profundidade. Conhecemos a hélice a 60m, todo o casario e o canhão que se encontra na proa. Foi maravilhoso, mas ali fomos picados pelo bichinho do mergulho técnico. Fernandão nos colocou a maior pilha, contou sobre a estrutura interna e objetos que ainda podiam ser vistos lá dentro. Foi por este motivo que começamos o nosso treinamento de mergulho técnico e aqui estamos hoje para cumprir o prometido.
Preparando-se para mergulhar na Corveta, em Fernando de Noronha - PE
Caímos na água parecendo um pinheirinho de natal, dupla de aço com trimix 20/30 nas costas e dois stages, um EAN 50 e outro O2 puro para respirar aos 5m. Planejamento completo nas nossas sped tables e revisados com o nosso instrutor. Em poucos minutos de descida atingimos os 55m, onde deixamos nossos stages de EAN 50.
Descida para a Corveta em Fernando de Noronha - PE
A penetração planejada e sugerida pelo Fernando inclui o primeiro andar, a partir da escotilha de proa. Passamos pelos quartos dos oficiais, onde pudemos ver os armários com os uniformes ainda pendurados nos cabides, uma das cenas mais fantasmagóricas que já vi ao vivo.
Roupas penduradas em cabides no interior da Corveta em Fernando de Noronha - PE
É fácil imaginar tudo aquilo em pleno funcionamento e é mágico realizar que hoje ela serve como casa para corais, esponjas, camarões e milhares de espécies marinhas.
Mergulhando no interior da Corveta em Fernando de Noronha - PE
Seguimos pelo corredor e vemos o armário onde guardavam botas e mais a frente uma sala com engradados de coca-cola, casacos flutuantes e vários utensílios espalhados. Subimos a escada e logo à direita está a antiga copa onde aconteciam as confraternizações, ao lado da sala de comunicação, com telégrafos, telefones e diversos instrumentos e mapas de navegação.
Telefone no interior da Corveta em Fernando de Noronha - PE
Tudo intacto, começando a ser coberto por uma fina camada verde. Terminamos nosso tour na cabine de comando, olhando pela janela do capitão a proa do navio, a vista que considero uma das mais bonitas do mergulho. O planejamento foi perfeito, saímos da corveta com 25’ de fundo e 1500psis.
Nadando em volta da Corveta em Fernando de Noronha - PE
Exatamente na hora em que eu estava saindo da corveta, fui checar o meu manômetro. Vi que estava com 3mil psis, ou seja, cilindro completamente cheio e no mesmo segundo só ouvi um estouro e muito gás vazando, o manômetro estava esvaziando rapidamente! Procurei pelo Fernando à frente, não vi, voltei para dentro da cabine indo direto na mangueira longa do Rodrigo, quando ele me apontou o Fernando que já me acalmava dizendo, está tudo bem, fui eu! Meu coração quase saiu pela goela, ficar sem ar a 50m não era exatamente o planejado e rapidamente eu entendi, o meu manifold estava fechado, por isso o manômetro marcava 3mil psis e o Fernando decidiu me dar um susto, abrindo-o exatamente na hora em que eu checava o gás. SOCORRO! Agora já sei qual é a sensação e o desespero, o susto serviu no mínimo como um treinamento psicológico, agora já sei minha reação!
Cardume de peixes na Corveta, em Fernando de Noronha - PE
Havíamos combinado que se tudo corresse perfeitamente poderíamos decidir dar uma esticadinha e usar o nosso planejamento de contingência, ficando mais 5’ ali fora, olhando o casario. Depois deste “pequeno” susto, decidimos ficar. Badejos imensos rondavam a corveta, fomos dar um alô para a pequena peixinha que mora no canhão e começamos a nossa deco em meio aquela imensidão azul.
Um grande badejo nada na Corveta em Fernando de Noronha - PE
Olhávamos para cima e só víamos o Haroldo, que inconformado de não poder descer mais, assistiu a tudo dos 40m de profundidade, na Aventura Profunda que pôde fazer. Ele desceu com o Guilherme, outro instrutor que nos aguardou lá com muito carinho e nossos stages de O2.
O haroldo nos aguarda na subida da Corveta em Fernando de Noronha - PE
Ao todo foram 76 minutos de mergulho, sendo 30’ de fundo e os outros 46’ de descompressão pagas com muito prazer! Só faltou a companhia da raia manta, privilégio que só o Rodrigo e o Fernando tiveram em um mergulho pregresso no mesmo local.
Início da subida da Corveta em Fernando de Noronha - PE
Voltando para o Porto ainda celebramos o feito com um cardume de golfinhos rotadores super exibidos! Foi simplesmente fantástica a experiência da Corveta e ainda temos muito a explorar, portanto tenho certeza que esta não é uma despedida e sim apenas um até logo!
Golfinhos acompanham nosso barco em Fernando de Noronha - PE
Praia do Havaizinho, em Itacaré - BA
Locutor empolgado: Bom dia amigos! E começa agora o segundo dia do Circuito Praias e Trilhas de Itacaré! Hoje os competidores devem conhecer as belas praias do sul e as Cachoeiras do Tejuípe! O desafio será enfrentar uma cachoeira mega populada, descer a pé para a praia do Itacarezinho, continuar por trilha até a Praia da Engenhoca, passando pela Gamboa e pelo também famoso Hawaizinho. O retorno pela trilha da Engenhoca ainda terá como gran finale uma corrida pelo asfalto para buscar a Fiona 1km morro acima! A competição se encerrará hoje, mas teremos novas edições do Circuito Praias e Trilhas em diversas praias da América!
Equilibrando-se em coqueiro no caminho para Havaizinho, em Itacaré - BA
O circuito começou bem, carros lotavam a entrada de todas as praias e inclusive da cachoeira. Mesmo em dia de votação as praias não têm descanso! Feriadão é assim mesmo, traz todo o povo para a sessão farofa da semana. Tentando fugir da muvuca nossa estratégia foi invertermos o roteiro, que logicamente começaria pelas praias e terminaria na cachoeira. Fomos direto para a água doce e pegamos a Cachoeira do Tejuípe ainda menos “crawdeada”, como dizem por aí.
Cachoeira do Tijuípe, movimentada num feriado, em Itacaré - BA
Tinham só umas 30 pessoas se refrescando por ali. Nós resolvemos continuar a trilha e explorar rio acima um outro recanto na mesma fazenda. Foram apenas uns 500m e logo chegamos à Cachoeira do Gravatá, um lugar lindíssimo, um lago imenso de águas deliciosas e o principal, não havia ninguém! Missão cumprida! Conseguimos aproveitar o banho de cachoeira como rezam os mandamentos dos 1000dias!
Refrescando-se na Cachoeira do Gravatá, em Itacaré - BA
Seguimos para Itacarezinho e a estrada que leva até a praia estava fechada, por isso descemos em torno de 1km em uma pirambeira com a fantástica vista para a maior praia de Itacaré!
A praia de Itacarezinho, em Itacaré - BA
Praia linda, infra-estrutura maravilhosa, restaurante e bar com espreguiçadeiras e cabanas de palha para os visitantes, só faltou um pouquinho de tino comercial do dono, que fechou tudo isso bem no feriado. O Rodrigo aproveita o mar por mim e por ele já que eu ainda estou resguardando as orelhas.
Muitos coqueiros no caminho entre Itacarezinho e Havaizinho, em Itacaré - BA
A terceira etapa do circuito continuava por uma trilha de uns 30 minutos entre morros e coqueiros até a praia do Hawaizinho, passando pela Gamboa. Mesmo para os mais preguiçosos este programa vale muito a pena, o cenário da trilha é dos mais bonitos de Itacaré!
Trilha entre Itacarezinho e Havaizinho, em Itacaré - BA
Chegamos no Hawaizinho e encontramos o tio do coco, refri e cocadas. Estávamos preocupados se conseguiríamos justificar nosso voto e assuntamos com ele sobre a eleição. Foi muito bacana, quando perguntei a ele quem era o seu candidato ele logo defendeu que seria para o partido que ajudou os moradores da região a lutar pela liberação de todas estas praias que estamos conhecendo hoje. Segundo ele todos estes terrenos foram vendidos a um imenso grupo de hotelaria português que estava construindo ali um mega empreendimento hoteleiro. A primeira pergunta que nos fazemos é: Ué, pode-se construir em uma APA (Área de Preservação Ambiental) que se tornou Patrimônio da Biosfera?
Vendedor de cocadas em Itacaré - BA
E o sábio tio da cocada responde, “Quem tem dinheiro pode tudo, minha fia! Pagaram 1 milhão para o prefeito liberar o alvará.” O resort proibiu a entrada de qualquer turista ou até moradores antigos da região que usavam essas trilhas há mais de 80 anos. Foi o PT que ajudou a embargar a obra e proibir, pelo menos por enquanto, que as praias fossem fechadas e o hotel concluído. Ainda bem que sempre tem um conflito de interesses, quem mandou os portugas não comprarem a oposição também, não é mesmo?
Praia do Havaizinho, em Itacaré - BA
Depois de adquirirmos um pouco mais de conhecimento sobre a região e uma cocada, continuamos mais 20 minutos até a praia da Engenhoca, onde está o esqueleto do elefante branco. Nada a ver um prédio imenso de concreto como aquele ali no meio do paraíso. Um final de tarde delicioso, mais um tchibum do Ro em nossa homenagem e caminhamos para encerrar o circuito Praias e Trilhas de Itacaré.
Praia da Engenhoca, em Itacaré - BA
Hoje no nosso roteiro gastronômico fomos conhecer o restaurante “À Brasileira”, onde um misto de culinária contemporânea com toques bem brasileiros dão um sabor especial aos pratos. Risoto 3 queijos com raspas de limão e capim santo. Hummm, delícia! Pronta para mais uma baladinha no Cabana Corais, mas hoje sem o Rodrigo que me acompanhou até o esquenta no Jungle. Dali ele me despachou para a baladinha junto com a Rebeca.
Com a Bianca e a Rebeca, em Itacaré - BA
Como os amigos estão longe é ainda mais gostoso quando encontramos alguém com a mesma energia para nos acompanhar. A Rebeca além de uma ótima amiga é uma companheira de balada divertidíssima! É, com essa dupla jornada em Itacaré nem eu estava contando!
Escalando um coqueiro na praia da Engenhoca, em Itacaré - BA
Banho de sol na manhã do primeiro dia do ano em Antigua, na Guatemala
Rodrigo foi deitar perto das 4am, eu ainda encontrei uns vizinhos de hostal acordados e emendei a madrugada batendo papo com uns chilenos viajantes e três guatemaltecos super curiosos sobre a nossa viagem e as histórias do caminho. Ficamos ali batendo papo e vendo os outros hóspedes chegarem da festança naquele estado lastimável, “adorando el diós porcelana”, como disse a nossa amiga! Hahaha! Quando vi já eram 5h30 e faltava pouco para o sol nascer... Aí já viram! O primeiro dia do ano começou de goma (ressaca) e com um dos meus pecados favoritos, a gula!
Café da manhã em hotel de Antigua, na Guatemala
Acordamos a tempo de aproveitar o nosso desayuno super especial no Hotel Camiño Real, que o Rodrigo ganhou no sorteio de ontem. Nos esbaldamos em um verdadeiro banquete, com direto à banda de Marimbas, frutas, iogurte com granola, sucos naturais, pães, panquecas, crepes e tudo o que você pode imaginar. Detalhe: ainda deixamos metade do buffet intocado, o café da manhã tradicional chapín inclui ainda ovos, tortillas de milho, tutu de feijão, lingüiças fritas e outros preparados de milho especiais.
Café da manhã chique, ao som de marimba, em hotel de Antigua, na Guatemala
Caminhamos um pouco pela cidade que estava entregue à goma, vazia e toda fechada para o feriado. Ainda antes do meio dia, trocamos de pousada para uma vizinha que passada a nochevieja já oferecia quartos muito melhores pela metade do preço. Confortavelmente instalados, meu maridão não teve dúvida, se jogou na cama e apagou completamente. Eu descansei um pouco e aproveitei para colocar uma das resoluções de ano novo já em prática: deixar o site em dia!
Ruas tranquilas no primeiro dia do ano em Antigua, na Guatemala
Ok, não tão em dia assim, mas já tirei um atraso... um dia eu chego lá.
Café da manhã em hotel de Antígua, prêmio ganho em rifa na noite de reveillon (Guatemala)
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