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hugo brandão (09/07)
boa tarde gostaria de saber se na guiana é bom pra aprender ingles qua...
Ranieri (08/07)
Boa noite, Adorei as fotos e os comentários...também adoro viajar e reg...
Marcos Venicius (01/07)
Precisa de algum GUIA para fazer o passeio as montanhas Popocatépetl e ...
germania (28/06)
deberias venir a tucacas son playas e islas hermosas de aguas claras y ti...
Edilma Alves (24/06)
Oi adorei o seu trabalho irá me ajudar bastante no meu mestrado em Ciên...
A Serra da Capivara é conhecida principalmente por suas riquezas arqueológicas e não por suas belezas naturais. Mas este Parque Nacional continuaria sendo um ponto obrigatório mesmo se as pinturas não existissem. A cultura brasileira não valoriza o sertão, a caatinga, acredita que o nordeste possui belezas naturais apenas no litoral e é aí que todos nós estamos muito enganados. Falta conhecimento e cultura, a influência da mídia e do próprio mercado turístico fizeram com que o sertão nordestino ficasse marginalizado no turismo brasileiro.
A famosa Pedra Furada, na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Não é a toa que grandes obras literárias e musicais brasileiras são inspiradas por este cenário. João Cabral de Melo Neto, Gonzagão, Gil e vários outros grandes nomes já cantavam o poético luar do sertão, mais brilhante do que nunca sobre a caatinga branca e reluzente. A florada do mandacaru anunciando a chegada do período chuvoso e os tempos de renovação das plantas, águas, animais, a vida!
Caatinga verdinha na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Durante as trilhas que fizemos no parque nacional, aos poucos fomos aprendendo a compreender e admirar este bioma. Várias árvores encontradas na mata atlântica se adaptaram para conseguir sobreviver neste novo ambiente. Além do tão famoso mandacaru, planta cactácea comum na caatinga, encontramos os ipês, a jurema-preta, planta de raízes alucinógenas, a maniçoba e várias outras que se modificaram durante milênios para suportar o clima semi-árido. Estas plantas caducifólias sobrevivem durante todo o período de seca justamente por diminuir a sua superfície de perda de água, ficando sem folhagens.
Coroa de Frade na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Estas folhagens servem de alimentos para os animais que vivem nesta região como os caprinos, os catitus, veados, entre outros. Nós tivemos a grande sorte de encontrar um grupo de catitus, próximo a uma das portarias do parque, em um dos pontos de alimentação mantido pelo parque. São uma espécie de porcos selvagens, me aproximei para fotografar e o chefe do grupo não hesitou em que enfrentar com seus valentes grunhidos. Eu é que não me atrevi a continuar avançando.
Catitus (porcos selvagens) na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Na caminhada pela trilha da Invenção e Toca do Inferno, nós tivemos a grande sorte de ver um fenômeno raro no sertão, a chegada da chuva. Já estávamos estranhando ver a caatinga tão verde, mas isso já era motivo de que estamos em período chuvoso. Perguntamos curiosos ao Rafael, nosso guia, se a chuva surpreendia em outras épocas de seca e ele nos respondeu que sim, e que esta era conhecida como “a chuva desgraçada”.
Vista do alto da Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Nós, sulistas de plantão, achamos que a maior benção no sertão é receber uma chuva em período de seca... que nada! A natureza é tão sábia que já se adaptou e até uma chuva, aparentemente inofensiva, pode arruinar as criações de caprinos que se alimentam da folhagem seca. Quando estas folhas são molhadas, apodrecem e criam fungos, que significam doenças se ingeridos pelos bodes e cabras.
A chuva faz a alegria das crianças na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
A fauna continua rica quando se trata de répteis e anfíbios. São vários tipos de lagartixas, inclusive uma espécie endêmica da Serra da Capivara, além de camaleões, sapos-bois, etc. Período de chuva chegando, estão todos prontos para o período reprodutivo. A chuva que vimos chegando no alto da escadaria da invenção logo nos alcançou, esperamos um pouco em uma portaria e seguimos para a trilha da Toca do Inferno. Ela é assim chamada, pois os caçadores ouviam barulhos estranhos vindos de dentro desta toca. Nós não sabíamos o que iríamos encontrar e a nossa surpresa foi simplesmente a mais mágica de todas, uma cachoeira!
Pequeba e mágica cachoeira no fundo de canyon do Inferno, na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
A água da chuva escorreu para esta toca, formando no fundo dela uma pequena cachoeira e um riacho, que mais uma vez aproveita para irrigar a vida. Espumas um tanto quanto nojentas, são um ninho de sapo-boi, os insetos dependem dessa chuva para se reproduzir, inclua aí as muriçocas, todo o tipo de pernilongos irritantes e até as borboletas!
Caminhando com as borboletas na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Toda esta vida, esta fauna e esta flora é circundada por sítios arqueológicos de riqueza histórica incomensurável e situados em um dos mais belos cenários já vistos aqui no Brasil. Montanhas de arenito desenhadas pelo desgaste do tempo, da chuva e dos ventos, formou a Serra da Capivara, uma serra de pedras coloridas , cânions secos e inexplorados. Tocas que testemunharam a chegada do ser humano nestas terras e até hoje permanecem intactas, mudas, caladas. A nossa Capadócia não deixa nada a desejar para as turcas, só falta mesmo o passeio de balão.
Incrível visual, semelhante ao da Capadócia, no canyon Canoas, na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Apresento a vocês a beleza dos sertões, aquela que não é falada nos telejornais, programas turísticos e pelos políticos. Apresento a vocês o nosso Brasil.
Incrível visual, semelhante ao da Capadócia, no canyon Canoas, na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
A tradicional e centenária igreja de San Francisso de Asis, em Taos, no Novo México, nos Estados Unidos
Há quase 9 meses estamos rodando pelos Estados Unidos, muito mais do que havíamos planejado para estes 1000dias. Depois de tantos zigue-zagues estávamos ansiosos para girarmos a nossa bússola para o sul e termos, enfim, um novo sentido para a nossa jornada. É chegada a hora, não podemos mais esperar. Hoje começamos a nossa travessia do mid-west americano, cruzando suas imensas planícies rumo ao México, mais de 2.400km que seriam completados nos próximos 10 dias, incluindo ainda alguns pontos de interesse no caminho.
Exibir mapa ampliado
No primeiro dia dirigimos mais de 570km em direção à cidade de Las Vegas. Não, não chegamos à iluminada e agitada Vegas e sim na Las Vegas de New México, a original. Fundada em 1835 ainda durante o período da colônia espanhola, a cidade presenciou a Guerra Americana-Mexicana na disputa pelo seu território, viu o progresso chegar pelas ferrovias que cruzavam para o oeste e junto delas os notáveis bandidos como Billy the Kid, Jesse James, Doc Holiday e Hoodoo Brow.
Estátua na praça central de Las Vegas, no Novo México, nos Estados Unidos
Apenas 70 anos mais tarde surgiu a sua homônima do estado de Nevada. Aqui a Vegas dos cassinos e do show bizz dá espaço para uma charmosa cidade de arquitetura espanhola pueblana, com uma praça central e casas de adobe, como a sua irmã maior Santa Fé.
Tradicional hotel da pequena Las Vegas, no Novo México, nos Estados Unidos
Depois de tanto tempo andando pelas cidades espartanas dos Estados Unidos, com seu urbanismo prático, grandes avenidas e quase nenhuma história, chegar à pequena Las Vegas foi um alívio para os nossos olhos.
Fiona em frente ao nosso hotel na histórica Las vegas, no Novo México, nos Estados Unidos
Ontem quando dirigia rumo ao sul passamos pelas placas de Taos, um povoado pueblano que há pouco tempo havia entrado na nossa lista, apresentado por Mariana e Marlus, curitibanos que vivem no Texas, que conhecemos no Mesa Verde. Eles sugeriram que no nosso caminho para o sul parássemos na pequena vila de Taos, “imperdível!”. A vontade de explorar a história e um pouco da cultura deste estado de origem indígena, meio mexicano, meio americano tomou conta e mais uma vez resolvemos fazer um pequeno detour para o norte. É, é difícil irmos embora sem olhar para trás. Lá fomos nós 124km, entre montanhas nevadas por uma pequena estrada sinuosa, rumo ao norte novamente.
Lago completamente congelado perto da histórica Las Vegas, no Novo México, nos Estados Unidos
Construída entre 1000 e 1450 d.C, o Pueblo de Taos é a comunidade mais antiga dos Estados Unidos, continuamente habitada. Acredita-se que os puebloans são descendentes dos Anasazi, os Ancient Pueblos que viviam em toda a região de Four Corners e inclusive no Mesa Verde National Park que também visitamos. A arquitetura pueblana é composta por casas de adobe com 2 ou mais níveis, paredes compartilhadas e os pátios e varandas na parte de cima, que são utilizados para diversas atividades cotidianas. Abaixo, em um nível subterrâneo, estão os kiwas, salas onde os anciãos reúnem os mais jovens da família para lhes passar todo o seu conhecimento e a história da tribo.
O pueblo de taos, no Novo México, nos Estados Unidos (foto obtida na internet)
O povo de Taos é um dos mais tradicionais, fechados e conservadores de todos os povos indígenas americanos. Toda a sua história é passada única e exclusivamente de forma oral para as novas gerações. Assim eles conseguiram manter viva a sua cultura, ritos e tradições através destes milhares de anos.
Chegando ao mais antigo pueblo dos Estados Unidos, Taos, no Novo México, nos Estados Unidos
As palavras em Tiwa, a língua nativa do pueblo, possuem vida e poder e a tribo acredita que se as palavras fossem escritas perderiam a sua vivacidade, música e dança. Assim, nunca alguém que não possui o sangue indígena, nascido na tribo e criado dentro do pueblo, poderá compreender a verdadeira sabedoria, crença e magia que este povo carrega.
Oferendas nos muros da tradicional igreja de San Francisco de asis, em Taos, no Novo México, nos Estados Unidos
Nós chegamos no Pueblo de Taos em um dia de festa, festas sagradas! É um dia muito especial, um dia em que a tribo está entoando seus cantos e realizando as suas danças sagradas. Mesmo conservadores, eles permitem que pessoas de fora entrem e assistam aos seus rituais, porém não dão explicação alguma sobre o seu significado e tampouco permitem que o povoado e os rituais sejam gravados ou fotografados.
Visitando Taos, a cidade mais antiga dos Estados Unidos, com mais de 700 anos, no Novo México
As danças acontecem entre dezembro e fevereiro a cada 15 dias ou semana. Conforme vão se aproximando do fim do período de festividades, elas se intensificam e podem ocorrer praticamente todos os dias. Elas são realizadas pelos homens da tribo, que se vestem com peles de animais, pintam-se de negro e praticamente em transe, dançam entre as casas do povoado, como se estivessem abençoando e trazendo boas energias para a tribo. Hoje foi o dia da Buffalo Dance, homens vestidos com pesadas cabeças de bisões, seus corpos pintados de negro e envolvidos em peles de animais. Dançavam incessantemente ao som quase hipnotizante dos tambores e cânticos dos anciãos. Os sons parecem mantras compostos apenas por vogais, belos e complexos. As mulheres acompanham todo o ritual ao redor do grupo, com os cabelos trançados ou presos e dobrados com fitas. Suas vestes e mantas coloridas são tecidas à mão, cada uma com sua história e significado. De tempos em tempos somos surpreendidos pelas mulheres, que participam do canto vibrando rapidamente a língua contra os dentes e soltando um som estridente e bem tribal, muito parecidos com os sons feitos pelas mulheres do mundo árabe. Os homens abafados sob as cabeças de bisões parecem entrar em transe, talvez apenas pelo ritmo, talvez sob efeito da mezcalina, comum entre povos indígenas americanos.
Traje das danças sagradas do pueblo de Taos, no Novo México, nos Estados Unidos (obtido na internet)
A ligação destes indígenas com a natureza e o equilíbrio do mundo é a base da sua crença. Se o mundo está doente, nós também estamos doentes, os rios são o nosso sangue, a terra o nosso corpo e a única forma de nos mantermos sãos e vivos é cuidando da terra, respeitando a natureza e equilibrando as más energias com as nossas preces e boas vibrações.
Um espetacular pôr-do-sol nas imediações de Taos, no Novo México, nos Estados Unidos
Eles trabalham para manter o equilíbrio do planeta, hoje extirpado pelo homem branco. Se eu tivesse que opinar, diria que o ritual aparentemente tem ligação com a abundância na caça dos bisões e veados, mas esta é apenas a visão de uma branca viajante, distante da realidade deste povo.
Escultura do patrono da igreja de San Francisco de asis, em Taos, no Novo México, nos Estados Unidos
As danças continuaram pela vila, mas agora o povo já não podia acompanhá-las. Sem saber tentamos continuar seguindo os dançarinos, mas uma mulher do pueblo nos avisa que dali não poderíamos passar. Voltamos ao centro da vila, curiosos e querendo entender o que era aquilo que acabávamos de presenciar. Todas as vendas de artesanatos e comida hoje deveriam estar fechadas, mas logo após o término das danças vemos duas delas abertas. A primeira com seus pães fazendo um grande sucesso. Várias pessoas saíam dali com doces e pães frescos, feitos de pura farinha. Entro em uma cabana e sou recebida por Chilli Flower Poho, uma artesã que voltou a viver na tribo depois de um longo período conhecendo o mundo lá fora. Ela viajou o mundo, conhece sobre a cultura do povo branco, mas sente que Taos Pueblo é a sua casa. Tem filhos de um primeiro casamento e um novo namorado pueblano, mas que mora fora do povoado.
“Sei que o meu papel é estar aqui, passar a nossa cultura adiante, eu posso sair do pueblo, mas o pueblo faz parte de mim e sempre estará comigo.”, me diz Chilli Flower. “Meu namorado quer se casar, ele é daqui, mas tem dúvidas se quer voltar a viver dentro da comunidade. Eu já deixei claro a ele, se não quiser voltar ao pueblo, não iremos nos casar, pois daqui eu não saio, tenho consciência que este é o meu lugar.”
Ela me pergunta de onde sou e quando digo que sou brasileira logo comenta sobre a dança. O samba é muito bonito, “vocês brasileiras sabem dançar muito bem! Quando eu era jovem, eu e meu irmão ganhamos um concurso de dança na cidade!”. Eu curiosa, lhe perguntei que tipo de dança era, pensando, sei lá, que seria algo mais tradicional ou ligado à época... “Dance, música eletrônica” ela me responde. É claro! Afinal, em que mundo nós vivemos? Hahaha!
O céu pintado de vermelho durante um memorável pôr-do-sol nas imediações de Taos, no Novo México, nos Estados Unidos
Ela nos conta sobre suas experiências e visão de mundo, como gostaria que a tribo fosse um pouco mais aberta para as mulheres. Elas participam dos conselhos familiares, mas apenas os homens podem votar. Durante o período que viveu em outra comunidade indígena, percebeu como podem existir outras maneiras de lidar com essas questões.
“Lá as mulheres tinham espaço, voto direto e podiam participar das reuniões da tribo ao lado dos homens, aqui ainda não. Mas os homens sempre gostam de pedir a minha opinião sobre as questões da comunidade, pois querem a visão de alguém que conhece o mundo lá fora...”
Há também os que temam que a língua tiwa esteja se perdendo, e junto dela sua história, cânticos e danças sagradas. As crianças já não descem mais aos kiwas para ouvir os seus avós, preferem ver televisão. Tito Naranjo, um membro da tribo, chegou a ser expulso do pueblo em 2004, aos 66 anos, por decidir escrever sobre a dança dos veados no jornal local. O professor universitário acredita que a língua, a história e os rituais devem ser descritos para que não se percam no tempo. Mas os anciãos da tribo acreditam que com este ato ele tenha matado a dança do veado e ele se defende dizendo “não, a dança está aí, viva e bem.”
A nova percepção de mundo de homens como Tito Naranjo e mulheres como Chilli Flower trarão ao Pueblo de Taos alterações na sua organização e nas suas crenças. Este é um movimento natural, afinal eles não vivem isolados do mundo exterior. Neste rápido contato que tivemos com a comunidade, fica claro que o amor que o pueblo nutre por suas tradições, conhecimentos e cultura não será perdido. Porém o desafio que eles enfrentam para abrir a comunidade para novas ideias e conhecimentos é menor que o desafio que os seus anciãos terão para manter a sua cultura intacta.
O céu pintado de vermelho durante um memorável pôr-do-sol nas imediações de Taos, no Novo México, nos Estados Unidos
Laura e Rafa pegando o táxi para o aeroporto em Quito, no Equador
Quito tem um clima meio instável, mas neste pouco tempo que ficamos aqui até que conseguimos encontrar um certo padrão. Todo e qualquer passeio que você tenha para fazer em lugares abertos, faça pela manhã. Com sorte você terá céu azul e uma ótima luz para fotos. Perto do meio-dia o tempo começa a fechar, as nuvens cinza tomam conta do céu e tem uma grande chance de chover.
Tentando aproveitar os últimos momentos antes de Laura e Rafael pegarem o vôo para o Brasil, fomos conhecer um dos principais mirantes da cidade de Quito.
Quito vista do alto do teleférico, no Equador
Quito foi construída na base de um vulcão ativo que teve a sua última grande erupção em 1660. Atividades vulcânicas foram registradas também no século XIX e a última em 2006, nada sério, mas chegou a fechar o aeroporto pela grande quantidade de cinzas que foi espalhada sobre a cidade.
Observando uma Quito bem nublada no teleférico da capital, no Equador
O teleférico construído na base do Ruccu Pichincha nos leva dos 2.900m à Cruz de Loma a 4.100m de altitude, em no máximo 10 minutos. Nós demoramos um pouco mais para subir e 30 minutos a mais na hora de descer, já que pegamos uma chuva de granizo forte que deixou todo o páramo branco, como se houvesse nevado.
Muita chuva e granizo no teleférico em Quito, no Equador
Em resumo, quando chegamos lá em cima não pudemos ver o Antisana, nem o Cotopaxi e muito menos o Cayambe, vulcões que fazem parte da bonita paisagem normalmente alcançada desde o mirante em dias claros de sol. Lá em cima também existem algumas trilhas nos páramos de altitude com belas vistas e inclusive uma que chega à boca do vulcão a 4.900m. Nós que chegamos junto com a chuva, aproveitamos para tomar um chazinho gostoso nos bares enquanto esperávamos o tempo e o teleférico abrir para o retorno.
Laura e Rafa no teleférico em Quito, no Equador
Retornamos ao hotel depois de uma passada rápida pelo Burguer King, junk, mas fast food para que Laura e Rafa não perdessem o horário do vôo. No restante do dia aproveitamos para trabalhar no site e retirar as coisas de dentro da Fiona, que já está com a sua revisão de 60 mil km agendada na Toyota Casabaca, concessionária em Quito.
Foto de despedida dos padrinhos Rafa e Laura, no hotel Eugenia, em Quito, no Equador
À noite jantamos no Pavarotti, restaurante italiano super indicado pelo trip advisor, já que o seu vizinho La Choza, de comida típica equatoriana, já estava fechado. Estávamos ainda tristes e indignados pela notícia que acabávamos de ler “Aos 56 anos, morre Steve Jobs.” Enquanto conversávamos sobre seus feitos e dessa luta injusta que travou contra o câncer, o vemos participando mais uma vez na nossa vida. O garçom nos ofereceu uma curiosa carta de vinhos, em um Ipad. Escolhemos o vinho no mapa mundi, o menu interativo falava sobre a região, vinícola e detalhes do vinho. É Steve, você ainda está entre nós.
Tempo bastante nublado em Quito, no Equador, vista aos 4 mil metros no morro Pichincha
Beija-Flor de rabo comprido no alto das Blue Mountains, na Jamaica
O dia hoje começou com a viagem de Port Antonio para Kingston cruzando as magníficas Blue Mountains. Uma cordilheira no leste da Jamaica que chega a 2.200m de altitude no seu ponto mais alto. Inclusive escalar este pico, é um dos trekkings feitos na região, mas não animamos para esta empreitada, muitas nuvens no topo e tínhamos apenas mais dois dias na ilha. Deixamos o trekking de lado e aproveitamos o nosso penúltimo dia na fantástica Winnifred Beach e o outro seria para cruzar as famosas Blue Mountains, a tempo de conhecer um pouquinho da capital.
Distância para Kingston, capital da Jamaica
A estrada é bem sinuosa, sai do nível do mar e sobe, entre vales e montanhas, vilas interioranas, algumas com apenas 10 casas ou uma casa, sem vila. No início da estrada vamos margeando um rio e cruzando belíssimas cachoeiras no caminho e aos poucos subimos, encontrando um clima mais ameno e temos uma bela vista da costa e do mar. A viagem dura em torno de 2 horas até o ponto mais alto, quando cruzamos para o outro lado da serra e finalmente podemos ver Kingston.
Atravessando as Blue Mountains entre Buff Bay e Kingston, na Jamaica
Neste ponto topamos com o Gap´s Café and Restaurant, estrategicamente colocado no alto das Blue Mountains, com uma vista magnífica e uma varanda super convidativa para desfrutarmos o silencio da montanha acompanhado de um belo rum punch.
Pit-stop em restaurante no alto das Blue Mountains, com magnífica vista para Kingston, capital da Jamaica
Ao lado do bebedouro dos beija-flores estava Joseph, sua esposa e filho, uma família super viajada e simpática de Kingston que já nos deram algumas dicas do que ver e conhecer na cidade.
Vista de Kingston, na costa sul da ilha desde o alto das Blue Mountains, na Jamaica
Descemos em mais uma hora de estrada e fomos direto para o Bob Marley Museum. O museu está fechado aos domingos, mas tínhamos esperança que por ser véspera do aniversário de Bob, hoje ele estivesse funcionando. Chegando lá conversei com o segurança, expliquei a situação e ele nos deixou entrar. O Legend´s Café na entrada e a parte interna do museu infelizmente estavam fechados, mas pudemos conhecer os arredores, ver as fotos e os murais, da antiga casa do Bob Marley e sua gravadora de discos. Nos jardins da casa conhecemos o Mickey Mystic, cantor jamaicano que freqüentava a família, jogava futebol e era amigo de Bob Marley.
Antiga residência e gravadora, hojje retransformada no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica
Além de nos contar algumas histórias rápidas, Mickey fez a nossa passagem por ali ficar ainda mais especial, nos mostrando um pouco da sua música, ao vivo e a cores. Reggae puro e raiz! Vou ver se consigo dar um upload do CD do Mickey para vocês conhecerem. Sucesso ao Mickey Mystic!
Nosso amigo Mickey Mystic tocando um reggae no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica
Comentei com ele como estava triste de ir embora justo no dia do Bob Marley Celebration, pois haveria uma grande festa em Nine Mille, lugar onde nasceu e foi enterrado o Bob Marley. E mais uma vez Mickey fez a diferença na nossa história, nos convidando para o show que aconteceria em homenagem ao rei do reggae, no Emancipation Park, na noite de hoje.
Visitando o Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica
Nós deixamos o nosso carro no hotel em West Kings, Uptown e saímos caminhando para sentir melhor a cidade. Kingston é uma cidade engraçada, bem espalhada e com sua arquitetura bem horizontal, alguns poucos prédios em Downtown, ruas largas e poucas calçadas, nada agradáveis para pedestres. Fomos à primeira dica de Joseph, o Truck´s Stop para provar o tradicional Jerk Pork jamaicano. Dali, decidimos ir direto para o Emancipation Park, caminhando por loooongos quarteirões sem nenhum charme ou atrativo.
Nos jardins do Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica
A fama de Kingston não é nada boa no quesito segurança, mas chegando ao parque tivemos uma ótima surpresa! Um imenso show aberto ao público, gratuito, lotado de famílias, homens, mulheres, crianças e idosos literalmente celebrando o aniversário de nascimento de um dos maiores heróis deste país. Bob Marley não só fez a música jamaicana quebrar fronteiras, mas lutou por suas crenças e seus ideais.
Placa informativa no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica
O Bob Marley Celebration Day comemorou o aniversário de 67 anos do cantor e foi simplesmente espetacular! O show contou com artistas como Kymani Marley, Freddy McGregor, Judy Mowatt, Protégé, Alaine, Coco-Tea, Romaine Virg, I-Octane and Jermaine Edwards. Milhares de pessoas cantando todas as músicas, em uma só voz... Dançando e celebrando a vida de um dos maiores cantores da história, que com a sua música espalhou a mensagem de amor, paz e justiça, seja ela política, racial ou social.
Chorei, emocionada, quando a multidão cantou Redemption Song... fantástico! Era esta a imagem que eu tinha da Jamaica, pessoas felizes, cantando em paz e harmonia e é esta a imagem que levarei comigo. Amanhã partimos para as Ilhas Cayman, um paraíso dos mergulhadores.
Vejam também o post do Rodrigo com histórias sobre os Rastafáris.
A valente Fiona enfrenta a neve do North Cascades National Park, no estado de Washington, noroeste dos Estados Unidos
1400 dias de estrada e muita história para contar! Por mais que tentemos resumir, o vídeo é só um teaser das incríveis experiencias e histórias que vivemos e queremos compartilhar!
Edição: Gustavo Filus - HoHey!
Muito movimento na Bourbon Street, a rua mais famosa de New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
New Orleans, ou NOLA para os íntimos, é a cidade dos sonhos para qualquer boêmio. Lá todos podem encontrar onde se divertir, desde aqueles que querem festa, mulheres e cerveja baratas, até os que apreciam a boa culinária, cervejas artesanais e, é claro, uma boa música.
Homenagem aos grandes nomes do jazz em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
É o tipo de lugar que você pode passar dois dias e conhecer razoavelmente bem, mas foi uma das poucas cidades que senti aquela vontade imensa de morar por um tempo. Poder conhecer os bares, os músicos e participar da história viva que está acontecendo, aqui e agora. Ser uma “insider” em NOLA, rodeada de pessoas interessantes e curiosas pelo mundo, principalmente da música, do jazz, do blues e todas as nuances que giram em torno delas. Bem, sonhar não custa nada, tínhamos dois dias, então vamos tentar viver neles um mês inteiro!
Tarde de leitura em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
A cidade que já teve ocupação espanhola e francesa é um misto de Europa e Estados Unidos, com um pé na África. Os tempos de escravidão trouxeram para cá o ingrediente que faria esta mescla de culturas entrarem em ebulição e resultarem em boa música, uma das melhores culinárias nos Estados Unidos e lindos festivais como o Mardi Gras.
A cruz acorrentada, homenagem aos escravos na primeira igreja para negros em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
O Mardi Gras é um carnaval que nasceu nos encontros semanais dos escravos na Congo Square, hoje dentro do principal parque da cidade, o Parque Louis Armstrong.
Congo Square, um raro lugar de diversão para os escravos em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
A praça era o único lugar onde os negros podiam se reunir livremente com seus instrumentos musicais e viver um pouco da sua cultura, falando sobre os seus sentimentos em relação ao trabalho escravo, a religião e as tradições de suas tribos na África. Esse caldeirão cultural foi precursor de ritmos como o blues e o fabuloso jazz!
Ana participa de banda de jazz em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
A arquitetura e organização da cidade dispensam carro. No Garden District você encontra os melhores Bed & Breakfast e Guesthouses, restaurantes e alguns pubs. Detalhe importante: a cidade é um grande centro para convenções da região, além de um dos destinos favoritos dos americanos para casamentos, ao lado de Las Vegas. Assim, reservar a pousada com antecedência vai lhes poupar de uma hora de busca e bateção de perna.
Pegando o bonde em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
Todos os dias pegamos charmoso bondinho da St Charles Avenue, no Garden Disctrict até a entrada da famosa Bourbon Street. O antigo centro cultural de New Orleans já teve seus dias de glória, hoje continua lotado de turistas, porém com bares e casas de reputação duvidosa.
Casa de shows na Bourbon Street, em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
Meninas em roupas diminutas convidam os homens a entrarem nessas casas, em outros cantos mulheres decadentes tentam ganhar a vida na porta de um bar. Cervejas, drinks baratos e essa atmosfera festiva atraem os jovens a se perder dia e noite nos guetos da Bourbon Street.
Marujos caminham na famosa Bourbon Street, em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
A cidade portuária foi escolhida para um Encontro Nacional da US Navy (Marinha Americana), então encontrar marinheiros uniformizados era comum em todas as ruas e bares. As casas ofereciam descontos especiais para os oficiais, que se dividiam em atividades diversas. Uma das belas surpresas que tivemos foi encontrar a banda oficial da marinha em um concerto especial na St. Louis Cathedral. Admiramos pasmos e emudecidos a suntuosa catedral ao som de hinos militares e famosas notas sulistas típicas de NOLA.
Interior lotado da St. Louis Cathedral, em dia de apresentação de banda da marinha (em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos)
St Louis Cathedral, em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
Seguimos em busca da tão aclamada e legendária New Orleans. Caminhando pelo French Quarter, cruzamos a Jackson Square, rodeada de cartomantes e músicos, em direção ao Rio Mississippi.
Barco leva turistas em passeio noturno pelo rio Mississipi, em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
O clássico rio cantado em várias canções forma a maior bacia hidrográfica na América do Norte e marcou a história dos Estados Unidos como uma das principais vias de comércio de madeira, alimentos e algodão. Os antigos barcos a vapor comuns entre 1830 e 1870 já não circulam mais, a não ser para levar e trazer turistas. Quem tiver tempo pode programar cruzeiros de 5 e até 10 dias por paisagens belíssimas e pela história dos Estados Unidos no American Queen.
O barco tradicional do Mississipi, que hoje faz passeios com turistas em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
Caminhando pela Decatur St. chegamos finalmente à parte boêmia do French Quarter. No caminho vale um desvio para conhecer o Laffite´s Black Smiths Shop, se autoproclama o bar mais antigo de New Orleans ainda em atividade.
Lafitte's Blacksmith Shop, o mais tradicional bar da Bourbon Street, em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
A Frenchmann Street é tudo o que imaginamos que foi um dia a Bourbon Street. Bares e casas de música com bandas de jazz, blues e rock, garotos de uma banda de metais tocando na esquina e casais dançando em um revival total das épocas áureas do Jazz em New Orleans.
Banda de jazz toca nas ruas de New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
Spotted Cat foi o meu bar preferido, músicos e público apaixonados pela música. Não se assuste se só encontrar seus pais e avós na plateia, eles sabem apreciar a boa música melhor que muitos jovens por aqui.
Muito jazz nos bares da Frenchman Street, em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
Um encontro com o Captain Charles, amigo de Andrew revelou que a música não está apenas nos bares, está na cultura de todo orleneano. Restaurando sua casa, uma pérola do final do século XIX, estava com todos os seus móveis e peças de decoração no primeiro andar. Rodeados por um grande antiquário original, quadros, móveis e sua imensa coleção de CDs, tomamos um vinho delicioso trocando histórias da vida, viagens e amigos em comum.
Encontro com o Capitão Charles Walton e seus amigos, na sua casa em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
Sua visita à NOLA não estará completa se não incluir no roteiro um breve tour gastronômico pelas delícias do sul. O po-boy, sanduíche de lingüiça artesanal ou carne desfiada com queijo é uma boa pedida para um brunch. O preferido dos locais é a muffalleta.
Po-Boy e cerveja da Louisiana em New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
Propaganda de Po-Boy, o famoso sanduíche de New Orleans, na Louisiana - Estados Unidos
A dica para um jantar especial é o Irene´s Cuisine, é um pouco mais caro, mas vale cada centavo. O menu não é extenso, porém cada prato é preparado à perfeição! Um piano bar foi nosso companheiro durante uma hora já que fizemos a reserva em cima da hora, portanto se não quer esperar ligue e reserve com antecedência! Para fechar a noite, um pouco de açúcar na veia, prove o beignets do Café du Monde, um dos points preferidos para o fim de noite nas madrugadas de NOLA.
O famoso e boêmio Cafe du Monde, em New Orleans, na Louisiana, nos Estados Unidos
Fantasia de carnaval em Cayenne, na Guiana Francesa
Cayenne foi o primeiro vilarejo construído pelos franceses no século XVII. Estas terras foram disputadas pelos ingleses, holandeses e chegaram a ser ocupadas pelos portugueses durante 8 anos. Apenas no meio do século XIX os franceses retomaram o controle do território e decidiram utilizá-la como Colônia Penal Francesa. Vários presos foram trazidos da Europa, mas a maioria deles acabou vítima da malária e febre amarela, o que dificultou ainda mais o desenvolvimento de uma comunidade em torno destas colônias, formadas por funcionários e policiais. Apenas em meados do século XX a Guiana passou a receber maior imigração e começou a ter sua costa ocupada, sendo 90% do território país coberto por florestas intocadas até os dias atuais.
Desfile de carnaval em Cayenne, na Guiana Francesa
Chegamos à Cayenne em um período de feriado, onde os serviços e comércio estão funcionando apenas no período da manhã e ainda assim com pouco movimento. O tempo incerto e chuvoso acaba espantando as pessoas das ruas e diminuindo as nossas possibilidades de exploração, por isso estamos aproveitando bem a infra-estrutura do nosso hotel para descansar, trabalhar e encontrar soluções para as nossas questões burocráticas. Conseguimos contato com um funcionário do Consulado Brasileiro que nos confirmou que segunda-feira o consulado não irá funcionar. Para piorar um pouquinho descobri que tenho uma situação pendente no tribunal eleitoral de 2006, ocasião em que estava de férias mochilando pela Europa. Pior foi que quando eu voltei dessa viagem em liguei no TRE e me disseram que não havia o que justificar se eu havia votado no primeiro turno, desgraça! Enfim, nos resta apenas o visto para o Suriname, cujo consulado estará funcionando amanhã pela manhã.
A noite cai em desfile de carnaval em Cayenne, na Guiana Francesa
Hoje a nossa grande expectativa estava voltada para o maior acontecimento da cidade, a Grande Parada de Carnaval de Cayenne. Um grande desfile de criatividade de todas as etnias e nacionalidades que compõe a Guiana Francesa. Os grupos seguem um circuito montado pelas principais avenidas da cidade, a Praça Léopold Héder fica coberta de barraquinhas que vendem doces, bebidas e comidas, foi montado também um pequeno parque de diversões e arquibancadas e um palco que ajuda a apresentar os diferentes blocos carnavalescos. Os blocos são claramente uma iniciativa popular, aqueles que conseguem algum patrocinador ou apoiador conseguem fantasias mais elaboradas, mas isso não inibe que outros mais simples também se apresentem. Divididos por interesses, grupos escolares, etnias, nacionalidades, temas, todos tem espaço para mostrar a sua criatividade e esbanjar alegria mesmo abaixo de chuva.
Desfile de carnaval em Cayenne, na Guiana Francesa
Nas calçadas a população acompanha sob guarda-chuvas, capas plásticas e marquises. Crianças de colo até senhoras de 70 anos se divertiam ao ver seus amigos e familiares passarem. Nós esperávamos ver um grupo de capoeiristas, onde Elza, nossa amiga francesa de Algodoal, estaria tocando. Infelizmente acabamos nos desencontrando e não conseguimos torcer por ela na avenida. O grupo brasileiro e o dominicano foram os mais animados, pelo que ouvimos falar, mas eu fiquei mesmo curiosa foi de ver um grupo chinês! Rsrsrs! Até onde vimos eles não compareceram à avenida. As festividades de carnaval continuam por aqui, outros desfiles menores e festas paralelas continuarão. Amanhã, depois do Consulado do Suriname, veremos se poderemos comemorar junto deles!
Desfile de carnaval nas ruas de Cayenne, na Guiana Francesa
Assistindo a um inesquecível pôr-do-sol a mais de 4.200 metros de altura, no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
A nossa viagem de carro pelas Américas tem uma dinâmica diferente das viagens “normais”. Nem vou discutir aqui o que é normal hoje em dia... São tantas realidades diferentes que encontramos em uma viagem como esta, que viajar 20, 30 dias por ano já não é mais parâmetro de normalidade para mim. Enfim, um dos prazeres de se descobrir viajante (e não turista) é saber que você pode ir sem saber para onde está indo, chegar e decidir se quer ou não ficar e ir embora com dor no coração, pois quanto mais conhecemos, mais realizamos que não vimos nada. Seguimos mesmo assim, sabendo que o nosso destino é seguir.
Voltando em direção à Tea House e ao Lake Louise, em Alberta, no Canadá
Acordamos todos os dias em um quarto diferente, às vezes até desorientados, fazendo força para lembrar onde estamos. Entramos na Fiona e decidimos o roteiro do dia, seja ele na estrada, no parque nacional ou na cidade onde estivermos, enquanto tomamos o nosso iogurte matinal, com cereais comprados no mercadinho da esquina. Passamos o dia vendo paisagens maravilhosas, incríveis, trilhas por lugares inimagináveis e voltamos ao hotel, seja ele onde for, para sentar em frente ao computador e colocar as nossas memórias neste blog.
Fiona limpinha e de mapa atualizado, no Banff National Park, em Alberta, no Canadá
O Hawaii era um sonho antigo, um sonho que se realizou muito antes do que eu imaginava. Ele foi daqueles sonhos curtidos, vividos intensamente desde o planejamento até cada minuto de sobrevoos e estrada de ilha em ilha.
Chegando à ilha de Maui, no Havaí
Planejamento? Como assim? Viajantes não planejam, não é verdade? Verdade, por isso dar umas escapadas destas de vez em quando, nos dá aquele gostinho de férias. Férias da nossa rotina, que por mais que pareçam umas looongas férias, hoje, depois de quase 1000 dias, já é a nossa vida.
Passeando com nosso jipe em West Maui, no Havaí
Planejamos para poder aproveitar intensamente cada minuto da viagem. A definição do roteiro foi uma das mais detalhadas que eu já fiz de todas as minhas viagens, isso por que eu sabia que 4 dias em cada ilha não seriam nada! Em cada uma delas tínhamos mais sonhos a serem realizados do que tempo disponível. Ver um vulcão ativo, mergulhar com as arraias mantas e golfinhos em Big Island. Ver o sol amanhecer no alto de um vulcão em Maui, fazer um dos trekkings mais lindos do mundo no Kauai e ver as ondas gigantes no North Shore de Oahu eram apenas alguns deles e eu ainda tinha que fazer tudo isso caber dentro dos nossos parcos 17 dias de viagem. Em meio a isso defini então a compra das passagens aéreas, pesquisei e fiz as reservas de hostels (num budget razoável), aluguel de carro, reserva dos mergulhos e tours, etc. Enfim, um trabalhão que eu ficaria louca se tivesse que fazer, neste nível de detalhe, para os nossos 1000dias.
O turista parece achar que a placa não era necessária... (Chain of Craters Road, em Volcano, na Big Island, no Havaí)
Pausa: eu sei que alguns de vocês devem ficar pensando que eu sou uma preguiçosa ou indisciplinada na atualização do meu blog, pois enquanto o Rodrigo está sempre atualizado, eu estou aqui, batendo recordes de atraso. Não vou tirar o mérito do meu maridão, que é sim mais disciplinado e incansável do que eu, mas pelo menos posso contar para vocês o que eu estou fazendo enquanto ele bloga, né?! Rsrs!
Nosso circuito aéreo entre as ilhas do Havaí, chegando na Big island, voano para Maui, Kauai, Oahu e daí, de volta à Los Angeles
Foram 17 dias nas 4 principais ilhas havaianas: Big Island, Maui, Kauai e Oahu. O meu manual prático, guia e companheiro de viagem pelo Hawaii foi o blog Uma Malla pelo Mundo, da blogueira brasileira Lucia Malla. A Lucia vive em Oahu há 8 anos, é bióloga marinha, mergulhadora e é apaixonada pela cultura das ilhas pacíficas, pelo mar e pela terra. Não preciso nem dizer por que me identifiquei com ela, né? Ela foi ótima em nos dar dicas e tirar todas as dúvidas pelo twitter, faltaram apenas os astros se alinharem para conseguirmos nos encontrar pessoalmente. Dias antes de chegarmos a Oahu ela havia partido para um congresso no Caribe. Enfim, não tenho dúvidas que a vida de viajantes nos aproximará novamente. Obrigada pelas dicas valiosas, roteiros e aulas de cultura havaiana Lúcia!
Prestando reverência ao deus Ku, no Jardim Botânico de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Astros desalinhados de um lado, mas apuradíssimos de outro! Assim que compramos as passagens avisamos o casal de amigos viajantes que tem nos acompanhado de perto nestes 1000dias. Laura e Rafael já nos encontraram nas praias de São Paulo e do Espírito Santo no começo da viagem, nas montanhas do Equador e em Galápagos em outubro de 2011, na ilha de Cuba em fevereiro deste ano e agora voltam a nos encontrar no Hawaii! Sensacional! É sempre uma delícia reencontrar nossos amigos e compartilhar as nossas viagens e aventuras com um casal tão alto astral!
Após o nascer-do-sol, fazendo festa a mais de 3 mil metros de altitude, no cume do vulcão Haleakala, em Maui, no Havaí
Enfim, nossa viagem no Hawaii começou pela ilha conhecida como Big Island, em Maui encontramos o Rafa e a Laura e juntos voamos para o Kauai. Lá uma grande conversão de energias cósmicas aconteceu! Em uma coincidência de datas (ou não!), nós voltamos a encontrar os amigos brasileiros de San Francisco: Sidney e Ane, e com eles o Marcos Amend, um grande amigo em comum que viajou do Brasil para encontrá-los aqui. Que loucura! O final da viagem foi em Oahu, torcendo para o swell entrar e as ondas gigantes barbarizarem os campeonatos de surfe em Pipeline.
Surfista mostra seus truques em Big Beach, ao sul de Kihei, litoral de Maui, no Havaí
Como sempre, o Rodrigo já está mais atualizado do que eu, mas ainda bem atrasado em relação ao nosso itinerário atual. Então a nossa estratégia de postagens será um pouco diferente desta vez. Ele seguirá escrevendo sobre a nossa viagem pelo Hawaii e eu começarei a contar das nossas aventuras de volta aos Estados Unidos continental, começando por Los Angeles e passando pelos parques nacionais do Arizona, Utah e Colorado. Aos meus leitores amigos e fiéis, não se preocupem! Eu ainda irei escrever do Hawaii, mas se a pressa e curiosidade apertarem indico a leitura do Blog do Rodrigo, sempre recheado de história e ótimos causos!
Olha só a gente "perdido" no meio do Canadá!
É isso aí amigos, um sopro de vida para todos vocês e que 2013 venha com tudo, que nós estaremos aqui esperando ansiosos! Aloha!
Aos 30 metros de profundidade, uma mensagem para os mergulhadores, em Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí
Monumento em honra ao 11/09, em New Jersey, em frente à Manhattan, nos Estados Unidos
A despedida de Bermudas foi dolorida, pois sabíamos que demoraríamos a voltar para belas praias tropicais (ou subtropicais) de águas azuis e areias brancas. Nas minhas contas as próximas serão lá no Havaí, depois de cruzarmos até o Alasca e descermos a costa oeste dos EUA até Los Angeles. Voltamos para New Jersey via Charlotte (North Carolina) e parece que não apenas nós estávamos tristes com essa notícia...
Longa espera pelo voo de conexâo no aeroporto de Charlotte, na Carolina do Norte - Estados Unidos
Os céus resolveram esbravejar e nos deram de presente uma tempestade elétrica daquelas! Eu adoro raios e trovões, fortes, cheios de fúria e personalidade, mas não quando estou em um avião no meio deles! Foi mais de uma hora de atraso subindo e descendo, tentando escapar das descargas elétricas até podermos pousar.
Aproveitando a espera no aeroporto de Charlotte, na Carolina do Norte - Estados Unidos para trabalhar
Chegamos à Princetown na casa da nossa prima Anita já eram quase 3 horas da manhã e o dia seguinte foi correndo atrás de burocracias e arrumações para sairmos de viagem. Ficamos às voltas com seguro do carro para o Canadá, finalmente recuperamos a nossa Nikon que havia ficado na assistência técnica por quase 30 dias, enquanto fizemos nosso tour pela região da Nova Inglaterra com a Bebel. Por sinal a mocinha está super bem e feliz aqui com os primos, se divertindo na colônia de férias americana!
Brincando com as meninas na casa da Anita em Princeton Junction, New Jersey - EUA
No nosso último ímpeto capitalista compramos um ipad 2 para facilitar nossa comunicação com o mundo nesse Marlbourogh Country. O Rodrigo era relutante mas a Anita nos vendeu seu ipad 2 novinho em folha, ainda na caixa, com um belo desconto e já conectado à internet. Como ela conseguiu convencer o Rodrigo? Simples, usando um dos poucos argumentos que poderiam pegá-lo: Olimpíadas de Londres LIVE! Hahaha! Afinal seria um privilégio poder assistir as provas preferidas dele na estrada.
Despedida da Anita, em Princeton Junction, New Jersey - Estados Unidos
A Anita ainda nos preparou um almocinho brasileiro delicioso! Arroz, feijão, frango e salada com a melhor companhia da Chevres Family & Friends! De quebra ainda aprendi uma sobremesa deliciosa: nectarina assada na churrasqueira com açúcar, canela e sorvete de creme. Hummm! Maravilhoso! A noite ainda pudemos assistir com o Larry as primeiras provas de natação em Londres acompanhado de um belo calzone.
Almoção de domingo com amigos da Anita no quintal da casa em Princeton Junction, New Jersey - EUA
Deliciosa guloseima preparada pela Anita, de sobremesa, em Princeton Junction, New Jersey - EUA
No dia seguinte tomamos coragem e finalmente caímos na estrada rumo ao Canadá! No caminho paramos em Jersey City no parque conhecido como Empty Sky, localizado no Liberty State Park à beira do Hudson River, com uma vista maravilhosa para Manhatan e o skyline onde um dia estiveram as Torres Gêmeas.
Orla do Hudson River, com Manhattan ao fundo, nos Estados Unidos
A inconfundível skyline de Manhattan, vista de New Jersey, nos Estados Unidos
O memorial é emocionante, o monumento principal tem duas grandes paredes idênticas que simbolizam as Torres Gêmeas e trazem nomes de todos os 746 cidadãos de New Jersey que morreram no atentado de 11 de Setembro de 2001 e no atentado ao Pentágono em 1993.
Monumento em honra ao 11/09, em New Jersey, em frente à Manhattan, nos Estados Unidos
Monumento em honra ao 11/09, em New Jersey, em frente à Manhattan, nos Estados Unidos
Nós queríamos muito entrar em Nova Iorque com a Fiona, rodar entre os prédios e avenidas mais famosos do mundo, mas o trânsito da ponte nos deu um baita desânimo e por isso deixamos aqui registrada a nossa passagem pela ilha com a Fiona.
Monumento em honra ao 11/09, em New Jersey, em frente à Manhattan, nos Estados Unidos
Após uma parada na AT&T para liberar o Ipad seguimos viagem até a pequena cidade de Plattsburgh. Amanhã um novo país: Canadá!
A equipe 1000dias completa, em frente à Manhattan, em Nova York - EUA
As coloridas canoas da Praia do Bonete em Ilha Bela - SP
Uma noite maravilhosa, longe das luzes da cidade, ontem tivemos um céu totalmente estrelado! 3 estrelas cadentes vistas em apenas 5 minutos na praia! Difícil é escolher o pedido, são tantos! Um jantar com comidinha caseira na Pousada da Rosa e um vinho delicioso na nossa Pousada, a Canto Bravo, nos fizeram dormir como dois bebês.
Admirando a Praia do Bonete em Ilha Bela - SP
Acordamos hoje já preparados para caminhar e desbravar mais algumas praias do sul. Subimos o morro para uma vista maravilhosa do Bonete e seguimos caminhando para a Praia das Enchovas. Até tínhamos pensado em um plano alternativo, que seria seguirmos por uma trilha de 5 horas direto para a Praia de Castelhanos, mas não conseguimos contato com um jipeiro para a carona de volta até a Fiona.
Bela vista de Ilha Bela - SP (no caminho para a Praia das Anchovas)
A trilha para Enchovas seguia pelo mesmo tipo de “trilha-avenida” que chegamos aqui. Um desvio rápido para o morro, onde vemos o outro lado da praia do Bonete e as casas à beira do rio. Mais 30 a 40 minutos de caminhada e chegamos em uma praia ainda mais paradisíaca. A água esmeralda, transparente, com um rio gelado encontrando o mar no meio da praia. Uma baía mais protegida bem procurada pelos pescadores da região, que já tinham levado dali naquela manhã 30kg de lula. Hummm! Prefiro lula na panela do que em Brasília!
Vista da Praia do Bonete do alto do morro no caminho para a Praia das Anchovas em Ilha Bela - SP
Lá nas Enchovas conhecemos o Seu Anacleto, meu xará “versão masculina”. O Seu Anacleto é nativo ali das Enchovas, vive com sua esposa, trabalhando como caseiro da propriedade particular que domina todo o terreno em frente à praia. Chegamos lá e começamos a conversar enquanto ele prendia sua nova rede à corda com bóias, com uma agulha de madeira feita por ele mesmo. Lembro que certa vez tentei aprender a usar esta agulha, mas é muito difícil! O Seu Anacleto faz isso há anos, de olho fechado.
Chegando à Praia das Anchovas em Ilha Bela - SP
Muito sábio e divertido ele me consolou dizendo “Se eu for para São Paulo, não sobrevivo 2 dias!”. Eu só acredito vendo, Seu Anacleto já rodou o Brasil inteiro trabalhando em barco pesqueiro conheceu de norte a sul, mas voltou para a sua terra natal.
Na casa do Anacleto na Praia das Anchovas em Ilha Bela - SP
Pedimos a ele um depoimento para o Soy loco por ti América. Ele, muito encabulado, não deixou filmarmos, mas respondeu à pergunta:
- Por que você gosta daqui?
- Eu não gosto de Ilha Bela! Muito carro, muita gente... - respondeu rapidamente!
Então refizemos a pergunta:
- Por que você gosta daqui, da Praia das Enchovas? - E ele sem titubear respondeu:
“Ué, por que é o lugar onde eu nasci!”.
Eu tentei emendar que não deveria ser nada difícil morar ali, naquele paraíso, praia maravilhosa, mar, tranqüilidade... e ele me desafiou:
- “Venha! Venha morar aqui, você não agüenta! Venha ver o que é esse paraíso, viver com estes borrachudos todos os dias!”
Hahaha! Seu Anacleto é uma figura rara, logo nos encantamos pela sua sabedoria e jeito verdadeiro de ser!
Chegando à Praia das Anchovas em Ilha Bela - SP
O procuramos por indicação do André, o gerente da Pousada Canto Bravo, ele já havia nos avisado que iríamos gostar de conversar com ele. O motivo principal era uma trilha que nos leva até o Poço Esmeralda e uma árvore belíssima dentro da propriedade, uma Sapopema gigantesca, com mais de 40m de circunferência! Não conseguimos fazer esta trilha, pois nosso plano era irmos embora hoje mesmo, pegando a trilha do Bonete de volta para a Ilha Bela. Engraçado, é como se o Bonete não fosse parte da Ilha Bela mesmo... enfim, íamos voltar para a cidade.
As coloridas canoas da Praia do Bonete em Ilha Bela - SP
Chegando de volta ao Bonete começamos a pensar, por que não ficar mais uma noite? Passar mais uma noite aqui neste lugar tão mágico? A Pousada Canto Bravo é super romântica, à luz de velas, com mosquiteiros graciosos sobre as camas e um banho quentinho, ali na beira da praia. Vimos o sol se pôr, aproveitando ao máximo a praia, o mar delicioso e combinamos um jantar para provar a deliciosa gastronomia da Chef da Pousada, Oriana. Ela veio de Pirinópolis para o Bonete, passando por SP onde se formou em Gastronomia, Conseguem imaginar o menu? Sororoca, um peixe branco, fresquinho, pescado hoje mesmo! E de sobremesa um doce de leite com coco, uma delícia!
Pescador consertando sua rede na Praia do Bonete em Ilha Bela - SP
Como disse o Chefe da Polícia Ambiental que encontramos: “Ahá, não foram embora né? Já estão virando boneteiros!”
Cruzando rio na Praia do Bonete em direção à Praia das Anchovas em Ilha Bela - SP
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