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fernando (15/01)
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Andre Zain (13/12)
ola boa tarde meu nome e Andre ja estive por diversas vezes na patagonia ...
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Antonio Carlos (13/11)
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Sergio (25/10)
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Chegando a Buenos Aires, capital da Argentina
Pouco mais de um mês depois de deixarmos as terras brasileiras pela última vez, estamos chegando ao nosso objetivo tão sonhado. Não ao final da viagem, como o nome do post parece sugerir, mas à realização de um dos maiores sonhos que tínhamos quando iniciamos esses 1000dias por toda a América: nossa viagem à Antártida! Desde que entramos na região das Missões, já em território argentino, foram mais de 5 mil quilômetros, primeiro cruzando o país de leste à oeste, depois cruzando a região central do Chile de norte a sul, ainda com a chance de dar um pulinho na Ilha de Páscoa e, finalmente, cruzando a Argentina novamente, agora de oeste a leste. Tudo isso para chegarmos aqui, em Buenos Aires, a magnífica capital federal, de onde parte o nosso barco rumo aos mares do sul em apenas poucos dias.
[a]Nossa viagem de mais de um mês e 5 mil km através de Argentina, Chile e Argentina novamente, para chegarmos, enfim, a Buenos Aires
A última parte desse longo e intenso recorrido foi hoje, umas poucas horas na moderna autoestrada que liga os dois maiores centros econômicos do país, Rosário e Buenos Aires. Pela manhã, ainda tivemos tempo para curtir uma praia no belíssimo rio Paraná, o mesmo que recolhe as águas lá das minhas Minas Gerais e São Paulo e se junta ao rio Paraguay, com as águas do Pantanal que visitamos há tão pouco tempo. Aqui, todas juntas, o rio é enorme e mais argentino do que nunca! Almoçamos de frente ao rio e aceleramos para a capital, aonde chegamos junto com as últimas luzes. Entramos, emocionados, pela portentosa Avenida 9 de Julio, “la más ancha del mundo”, e viemos diretamente para Palermo, um dos nossos bairros preferidos nessa cidade que nos encanta.
[a]Última perna da viagem, hoje, entre Rosário e Buenos Aires, pouco menos de 300 km.
Buenos Aires é nossa última parada antes de embarcarmos para a Antártida. Aliás, zarpamos das docas aqui da cidade mesmo, no dia 3 de Novembro. Temos, então, mais quatro dias para explorar e rever essa cidade que aprendemos a admirar faz tempo, local de nossa primeira viagem internacional juntos, muito antes dos 1000dias, em 2007. Mas temos mais coisas para fazer por aqui, além de simplesmente passear. A principal delas é levar a Fiona para o local onde ficará guardada essas pouco mais de três semanas que estaremos em viagem pelo sul do planeta. Além disso, já na véspera do nosso embarque, vamos nos encontrar com o grupo que viajará conosco, nos instalar no hotel da expedição e participar da programação em terra, como o city tour e a noite de tango. Enfim, serão dias corridos até estramos rumo a alto mar.
Chegando a Buenos Aires, capital da Argentina
Nós já sonhamos com essa viagem desde 2009, quando idealizamos nossa volta por todos os países e regiões das Américas. Mas só começamos a operacionalizar esse sonho há dois meses, quando decidimos em qual data viajaríamos, com qual empresa e qual o roteiro. O principal pré-requisito é que a viagem ao continente gelado incluísse passagens pelas Ilhas Malvinas e South Georgia, ilhas que compõe o nosso continente e que, portanto, teríamos de (e queríamos!!!) visitar. Outra questão era a data da viagem. Todas as viagens comerciais para a Antártida são no verão do hemisfério sul, entre Novembro e Fevereiro. Como devemos estar no Brasil impreterivelmente no início de Dezembro (somos padrinhos de um casamento) e ainda queremos conhecer por terra todo o sul da Argentina e Chile, a data que melhor se encaixou foi mesmo no início de Novembro. O detalhe é que o barco sai aqui de Buenos Aires, mas termina sua viagem em Ushuaia. Aí, teremos de voar de volta para cá, viajar mais uns dias pelo país para deixamos nossa Fiona outra vez por aqui, enquanto voamos para um bate-volta ao Brasil no início de Dezembro. Finalmente, e aí com mais calma, retornamos ao país para continuarmos nossas viagens terrestres pela Patagônia argentina e chilena.
Chegando à Avenida Nueve de Julio, em Buenos Aires, capital da Argentina
Não há viagens realmente independentes à Antártida, a não ser que você tenha seu próprio barco e seja exímio navegador, tipo Amyr Klink, por exemplo. Como estamos longe disso, temos de nos render a uma “excursão”, ou expedição, como gostamos mais de pensar! Se a ideia fosse apenas a Antártida, poderíamos pensar em apenas voar para lá, desde Punta Arenas. Mas como queremos passar nas ilhas, tem de ser de barco mesmo. São bem poucas companhais que oferecem circuitos que incluam a passagem pelas ilhas e, dessa, tentamos escolher pelo melhor preço e menor barco. Infelizmente, não dá para fugir dos preços absurdamente altos, pelo menos para o nosso padrão. A única chance disso seria comprar passagens de última hora, em quartos coletivos. O problema dessa alternativa é que nunca se tem certeza que haverá vagas para nós. Além disso, teríamos de passar 3 semanas em quartos separados e sem chance de fazer caiaque, pois as passagens que incluem essa atividade se esgotam com meses de antecedência. Tudo medido e analisado, resolvemos tirar a mão do bolso e investir o nosso pobre dinheirinho que viemos economizando ao longo da viagem. Foi, de longe, o maior investimento que fizemos nesses 1000dias, mas temos certeza que valerá a pena cada centavo. Afinal, não é todo dia que se viaja para a Antártida!
Chegando à Avenida Nueve de Julio, em Buenos Aires, capital da Argentina
Outra questão que tivemos de planejar com antecedência foi o que fazer com a Fiona. Poderíamos deixá-la em algum estacionamento da capital, claro. Mas, como acabei de falar, e ainda mais depois de todo esse investimento no barco para a Antártida, queríamos economizar onde fosse possível. Assim, nos últimos dias, lançamos um pedido de socorro nas redes sociais, para ver se alguém nos ajudava. E não demorou a aparecer! Mais uma prova de que viajantes se ajudam e que os argentinos são ótimas pessoas, logo vários deles se ofereceram para guardar a Fiona, em Buenos Aires e arredores. Dentre as várias ofertas, acabamos combinando com a Carola e o Marcelo, os “periodistas viajeros”, que já nos acompanham no Facebook há algum tempo. A Fiona ficará na casa da família da Carola, em Pilar, uns quarenta quilômetros ao norte da capital. Então, nesses dias por aqui, precisamos encontrá-los e combinar como vamos fazer para levar a Fiona até lá.
O roteiro do nosso barco, saindo de Buenos Aires, passando pelas Malvinas, Geórgia do Sul e Antártida e chegando em Ushuaia
Enfim, estamos excitadíssimos com essa viagem que se avizinha, tão perto que já estamos vendo a fumaça da chaminé do navio e sentindo frio por antecipação por encontrar pinguins e leões-marinhos. Mas temos de relaxar e nos concentrar nesses próximos dias aqui nessa cidade maravilhosa, com tanto para ver, fazer e comer. Por falar nisso, e até para ajudar a gente a relaxar, hoje mesmo, depois de nos instalarmos num hotel bem joia em Palermo, saímos para jantar fora. Fomos comer aqui perto mesmo, na praça principal do bairro, num restaurante de comida japonesa-peruana. Estava espetacular, ainda mais muito bem acompanhada de vinho nacional. Foi apenas o início da nossa comemoração pelas aventuras que se aproximam!
Visitando as fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Acordamos meio preguiçosos na pequena Breiðdalsvík, na costa leste da Islândia, entre montanhas e um fiorde de cor azul profunda. O ar, como sempre, é gelado, mas a luz do sol ajuda a esquentar, assim como o café da manhã. O dia está mais ensolarado do que nunca e não podemos nos dar ao luxo de ceder à nossa preguiça. Ainda temos meio país pela frente e poucos dias até nosso voo de volta aos Estados Unidos. Então, de volta ao carro e à estrada!
Nosso hotel em Breidalsvík, no leste da Islândia
Optamos pela estrada da costa, ao invés da ring road que segue pelo interior, cortando caminho. Queríamos estar, pelo menos durante mais alguns tempo, perto dos fiordes que caracterizam todo esse lado do país. Principalmente num dia lindo como hoje.
Percorrendo os fiordes no leste da Islândia
Percorrendo os fiordes no leste da Islândia
Assim, pela próxima hora, fomos dirigindo ao lado do mar, passando por cidades pitorescas e tirando nossas fotos. Passamos até por um monumento homenageando um dos primeiros missionários no país, em um local bem fotogênico. O país tem uma história muito interessante, mas vou deixar para contar sobre os primeiros séculos de ocupação humana da Islândia quando voltarmos a Reykjavik, em cujo entorno estão os principais pontos históricos da ilha, como o primeiro parlamento do mundo.
Breidalsvík, no leste da Islândia
Dia ensolarado nos fiordes do leste da Islândia
Bom, deixo a história antiga para depois, mas adianto a história moderna, fazendo uma inversão cronológica. Dirigir por esses enormes espaços e paisagens sempre nos faz pensar e refletir, e temos lido muito sobre esse país nos últimos dias. A Islândia foi ocupada pelos vikings e nasceu independente. Foi só no seu terceiro século de existência que ela se associou à Noruega, já no séc. XIII. Duzentos anos mais tarde, foi a vez da Noruega se associar à Dinamarca e a Islândia foi de brinde. Essa união de Noruega e Dinamarca durou até 1814, quando o fim das guerras napoleônicas redesenhou as fronteiras da Europa pelos próximos 100 anos. A Noruega ganhou sua independência, mas a Islândia permaneceu ligada à Dinamarca, pelo menos até o fim da 1ª Guerra Mundial, em 1918.
Dia ensolarado nos fiordes do leste da Islândia
Deve estar agradecendo a incrível beleza dos fiordes no leste da Islândia
Foi quando foi assinado um acordo entre os dois povos. A partir desse ano, e pelos próximos 25 anos, seriam dois países independentes, mas com o rei da Dinamarca reinando sobre ambos e cuidando da política externa dos dois países. Ou seja, a Islândia cuidaria dos assuntos na própria ilha, mas não teria embaixadas espalhadas pelo mundo. Pelo menos até 1944, quando o acordo deveria ser renovado.
Início das highlands islandesas, no nordeste do país
Pois é, mas antes disso, já na 2ª Guerra, em 1940, Hitler invadiu e conquistou a Dinamarca em apenas um dia, em 9 de Abril de 1940. A Islândia, mais do que rapidamente, não só declarou que era ligada apenas ao Rei Dinamarquês e a ninguém mais do que ele, como se disse neutra naquela guerra. Mas a neutralidade não durou muito. Um mês mais tarde, temendo que os alemães chegassem à ilha, os ingleses se anteciparam e invadiram a Islândia, conquistando-a sem maiores problemas. Afinal, a última vez que o país tinha tido um exército foi quinhentos anos antes! Os ingleses permaneceram por lá apenas até Junho de 41, quando repassaram a ilha à tutela dos Estados Unidos. Isso antes desse país ser atacado pelos japoneses e entrar na guerra. Eram os americanos que estavam no comando quando chegou o ano de 1944, data para rever aquele antigo tratado que ainda ligava a ilha à Dinamarca. Como esse país ainda estava sob ocupação nazista, dá até para imaginar o resultado da consulta popular que foi feita, não é? Mais de 90% da população votou pela instalação da república e pela independência total da Dinamarca.
Início das highlands islandesas, no nordeste do país
Início das highlands islandesas, no nordeste do país
E assim continua até hoje. Os americanos se foram logo depois da 2ª Guerra, mas voltaram alguns anos mais tarde, já no contexto da Guerra Fria. Dessa vez, apenas para ocupar algumas bases militares, já que a Islândia era (e é!) membro da OTAN. Ficaram até 2006 e hoje o país vive muito bem sem forças estrangeiras ou exército próprio em seu território. Um exemplo de paz a ser seguido.
E a paz realmente reina por aqui, principalmente desse lado do país onde quase não vive ninguém. Depois de reencontrarmos a Ring Road e seguirmos para o interior, passamos por pequenas estradas que dão acesso às highlands, como é chamado o vasto interior do país, região quase que completamente desabitada. Infelizmente, para nós, é território proibido. Isso porque as companhias de carro não permitem que exploremos essa área, pelo estado das estradas e dificuldade de se conseguir ajuda. Para lá, só com carros tracionados e no verão. Uma pena, pois parece que a paisagem é ainda mais fantástica lá encima. A gente chegou a se aventurar alguns quilômetros em uma estrada de terra, mas só até um mirante. Ali, uma outra placa nos advertia que não deveríamos continuar. Então, de volta ao asfalto...
Fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Já bem perto do nosso destino final no dia de hoje, a região de Myvatn, fizemos uma última parada. Dessa vez, em uma região de fontes termais, diversas pequenas lagoas de água tão quente que chegava a borbulhar. Ou então, montes de areia de onde jorravam nuvens espessas de vapor. Uma paisagem realmente pitoresca, no meio do nada, indicativo forte da intensa atividade geológica que ocorre embaixo dessa ilha. Esse é outro assunto que vou tratar quando voltarmos a Reykjavik, mas não podemos nos esquecer que a Islândia se localiza justamente sobre o ponto de encontro entre as placas tectônicas da América e da Europa, que estão se separando. Por isso, tantos vulcões, geisers e lagos de água fervente.
Esquentando a mão no vapor quente que sai de fonte termal em Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Muito vapor e água borbulhante nas fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Falando nisso, encontramos um enorme lago de águas azuis e esfumaçantes um pouco mais adiante. O dia estava bem frio e a tentação de um mergulho era grande. Mas uma placa não deixava dúvidas: a não ser que quiséssemos ser cozinhados, nada de banho naquele lugar. Acho que nunca tinha visto um lago tão grande como esse só de água quente. É.... estamos mesmo na Islândia!
Encoberta pelo vapor gerado nas fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
Encoberta pelo vapor gerado nas fontes termais de Hverir, região de Myvatn, no nordeste da Islândia
De tão quente, está proibido nadar nesse lago em Myvatn, no nordeste da Islândia
Por fim, chegamos a Myvatn. Achamos logo um hotelzinho e fomos procurar um lugar para comer. Acabamos encontrando uma fazenda que tinha seu próprio e delicioso restaurante. Aí, nos esbaldamos em carneiro defumado cru, saladas e tortas deliciosas de sobremesa. Tudo isso com vista para o lago que dá nome à região. Espetacular! E quem diz isso não sou apenas eu, mas o meu estômago, hehehe!
Fazenda e restaurante em Myvatn, no nordeste da Islândia
O lago termal de Myvatn, no nordeste da Islândia
Pôr-do-sol na Washington Luís, chegando em São Carlos - SP
Um longo, interessante e variado dia na estrada. Assim podemos resumir o dia de hoje. Chuva e sol, mar e rio, montanha e praia, Paraná e São Paulo. Mas, no fim, saímos da casa da família para chegar na casa da família também!
A idéia original era só dirigir até Cananéia, mas acabamos "esticando" até Ribeirão Preto. Deixamos Cananéia perto das 11 da manhã, ainda com tempo ruim (ver post abaixo). Resolvemos seguir para Ribeirão por um roteiro alternativo, passando por um parque estadual chamado Carlos Botelho. Existe uma estrada-parque que o atravessa de sul a norte e que estava bem na nossa direção.
Placa informativa no Parque Estadual de Carlos Botelho, núcleo Sete Barras, em São Paulo
O parque tem uma das porções de mata atlântica mais bem conservadas do estado. Basta entrar nela para se observar e sentir a abundância de vida desse ecossistema. Não é muita gente que sabe mas a diversidade de vida da Mata Atlântica supera em muito a da floresta amazônica.
Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo
O único porém do parque é que para se visitar várias de suas atrações é preciso agendar com bastante antecedência. Assim, não pudemos fazer as trilhas que levam à cachoeiras e a uma enorme figueira. Por um lado, estão protegendo o parque, mas por outro, acho um absurdo não podermos seguir uma trilha bem marcada com nossos próprios pés. De novo, fiz aquela promessa de, na próxima encarnação, ser um "pesquisador" com super-poderes e poder visitar todos os parques, reservas e cavernas do Brasil sem ninguém enchendo o saco.
Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo
Quando descemos a montanha do outro lado do parque o tempo já tinha melhorado. Sinal que já estávamos chegando em Ribeirão e se afastando de Curitiba! He he he. Mas antes, ainda tínhamos um pit-stop a fazer: São Carlos, uma quase tranquila cidade do interior paulista que ostenta duas das melhores universidades do país, a USP e a UFSCAR. Local perfeito para a vida estudantil, cidade jovem e progressista. Passamos lá para conhecer a casa da Lalau (minha irmã) e do Gêra, muito bem instalados que estão.
Casa da Lalau e do Gêra em São Carlos - SP
Depois de conhecer a gostosa casa e condomínio, demos carona para a Lalau até Ribeirão Preto, onde moram meus pais. Os próximos dias serão de muito sol, saúde e vida na fazenda. Aguardem notícias!
Imagem de Alcântara - MA
Alcântara, do outro lado da baía de São Marcos, onde está a capital São Luís, foi o centro de uma próspera região que vivia do cultivo do arroz e do algodão. A rica aristocracia rural, durante cerca de 200 anos viveu em seus grandes sobrados e solares na cidade, com mobiliário e utensílios trazidos diretamente da Europa. A cidade chegava a rivalizar com a capital em influência e poder político.
Casario bem conservado em Alcântara - MA
Com a decadência da agricultura pela queda dos preços intrernacionais, a cidade e suas construções ficaram meio que "congeladas" no tempo desde meados do séc XIX. A população hoje é menor do que era há 150 anos e um minucioso trabalho de conservação e restauração das construções resultou no mais harmonioso conjunto arquitetônico dos séc. XVIII e XIX que temos hoje no Brasil.
Pousada do Mordomo Régio, em Alcântara - MA
Passear pelas ruas de Alcântara é um colírio para os olhos e um estímulo para pensamentos e divagações. A praça central, gramada, está toda cercada de um casario muito bem conservado e pintado. No seu centro, ruínas da mais antiga construção da cidade, a igreja de São Matias, toda de pedra, feita no início do séc XVII, quando a cidade ainda era uma aldeia Tupinambá. Ali também está o Pelourinho mais bem conservado do Brasil, bem em frente à igreja.
O mais bem conservado pelourino do Brasil, em Alcântara - MA
Um dos sobrados da praça é a "Casa Histórica", construído pela família Viveiros, uma das mais importantes da aristocracia rural de fins do séc XVIII até meados do séc. XIX. Depois, foi comprada por um rico comerciante, cuja família prosperou pelas próximas décadas. Mais recentemente, a casa foi transformada num museu, com todo o seu mobiliário ainda em ótimo estado. Andar pelos seus quartos e salas é viajar no tempo, aprender os aspectos cotidianos de ricas famílias de 100 e 200 anos atrás. É incrível como os móveis, os antigos baús, o estilo das janelas e cortinas, tudo me traz reminiscências das visitas de infância na casa da avó, em Poços de Caldas. Tinha sentido a mesma coisa na visita ao Palácio dos Leões, em São Luís. Faz a visita ficar ainda mais saborosa.
Na bela praça central de Alcântara - MA
Enfim, passear por Alcântara é uma delícia. Mas tem uma grande diferença entre fazer isso de dia e de noite. De dia, temos a incômoda companhia de carros e motos e do barulho chato dos seus motores. Se isso já incomoda em cidades grandes, imagina em uma pequena cidade que ainda tem a cara de séculos atrás, quando carros não existiam! Não que haja muito trânsito, e não há, mas o barulho dele é simplesmente muito chato! Não tem nada a ver com o ambiente de Alcântara e com a calma que suas construções inspiram. Ontem, pela noite, esse foi o toque especial. A cidade estava deserta, habitada apenas pelos seus centenários moradores. É a imagem que guardaremos de Alcântara!
Casa Histórica de Alcântara, antigo sobrado da família Viveiro, transformado em museu. (em Alcântara - MA)
Digno de nota também é a bela vista que temos de São Luís, tão próxima e, ao mesmo tempo, tão longe. Será que algum dia farão uma ponte? Bem, se fizerem, espero também que proíbam o trânsito de veículos no centro histórico de Alcântara, esse verdadeiro tesouro arquitetônico brasileiro.
Entrada da base espacial brasileira, em Alcântara - MA
Depois do passeio na cidade, era hora de voltar para a estrada. Mas antes, uma rápida passagem pela base espacial brasileira, bem ao lado da cidade. Não deixa de ser irônico que uma cidade ainda tão ligada aos séculos pássados seja também o local de escolha para a construção de uma base de foguetes, atividade tão ligada aos séculos futuros. Infelizmente, não é um lugar muito fácil de ser visitado e o máximo que fizemos foi dar uma olhadinha pelo lado de fora da base militar.
Búfalos pastam tranquilamente na região de Pinheiro, nas reentrâncias maranhenses - MA
De lá seguimos em frente para atravessar essa região do estado conhecida como "baixada", área repleta de babaçus e terrenos alagadiços, vegetação com muito mais cara de amazônia do que nordeste. Para nossa surpresa, já bem perto de Pinheiro, a maior cidade da região, numa enorme área alagada, cruzamos com uma manada de búfalos se deliciando dentro do pântano. Eles podem ser comuns por aqui, mas não é algo que se vê todo dia nas outras partes do Brasil, né? Não resistimos a parar e tirar algumas fotos. Até parecia que a gente já estava na Ilha de Marajó (ainda vamos chegar lá...).
Campo alagado na região de Pinheiro - MA
Nosso destino final hoje era a pequena cidade de Apicum Açu, um movimentado porto de pescadores em plena região das Reentrâncias Maranhenses. Aqui, a gente se instalou na única pousada da cidade, ao lado do porto, e fomos procurar um barco que nos levasse para a Ilha de Lençóis, no dia seguinte. Conseguimos uma carona para amanhã, às 04:30 da madrugada! Então, já está tudo certo para mergulharmos de vez nessa região que sempre atraiu minha curiosidade desde os tempos das aulas de geografia da 5a série. Já estava passando do tempo de conhecê-la!!!
Porto de Apicum-Açu, região das reentrâncias maranhenses - MA
Hoje foi um dia muito simbólico para mim. Deixamos para trás a cidade de Alcântara. Já citei algumas vezes, em posts passados, que fiz uma longa viagem de carro pelo Brasil, há onze anos. Alcântara foi o meu turning point. Foi de lá que iniciei a minha volta, seguindo para o sul pelo interior. Agora, dessa vez, estamos indo mais longe! "Entrar nas reentrâncias" (hehehe - parece até um pleonasmo!) significa, para mim, território novo e inexplorado. E ainda tem muita coisa pela frente! Vamos que vamos!
São Luís vista de Alcântara - MA
Feliz da vida, com o sol, o mar, a vida...
Acordamos cedo hoje, dessa vez para ver outra das atrações turísticas de North caicos: Flamingos! Até onde sei, o único lugar em que vivem naturalmente, fora da África. Para vê-los, só mais cedo, quando o sol ainda não está tão forte e eles vem se refrescar e pescar numa das lagoas daqui. Mas, acabamos descobrindo, para vê-los realmente, só com potentes binóculos. A olho nu, não passam de pequenos pontos rosas no meio do lago. E não dá para chegar mais perto. Por isso é mais fácil ser um fish watcher que um bird watcher.
Flamingos vistos bem de longe, em North Caicos
Feito isso e após um reforçado café da manhã no hotel, na conta do cartão de crédito, rumamos para Middle Caicos, no nosso carrinho japonês e direção inglêsa. Uma pequena ponte e uma longa causeway ligam as duas ilhas. Se North já é despovoada (só umas 5 mil pessoas), imagina a Middle, que é maior e tem 10 vezes menos pessoas. Isso mesmo, moram lá umas 400 pessoas! O número de turistas também é pequeno. Acho que 1% das pessoas que vem a Provo seguem para lá. Com isso, ailha se mantém bem intocada, sua natureza e suas poucas vilas.
Vista de Dragon Cay, em Middle Caicos
Água transparente em Middle Caicos
E, falando em natureza, que natureza!!! Que água de mar! Que praias! Uma delas, onde está a Dragon Cay, me lembrou muito Fernando de Noronha. Só que com a água ainda mais bonita, se é que isso é possível. E é, acreditem! Well, como já dizia o Friedman, there's no free lunch e zilhões de pernilongos nos azucrinaram em boa parte do tempo. Não fosse a insistência da Ana em comprar um Off logo de manhã e estaríamos fritos! Armados do Off, até que nos viramos bem. Nas praias, com o vento, até que eles ficavam mais longes, mas um pouco mais para dentro, só com Off mesmo.
Caminhada entre várias praias, em Middle Caicos
Começamos com uma caminhada pelas colinas e falésias ao lado das praias. Vistas sublimes! Ótima temperatura. Até mesmo um outro lago com flamingos. E pernilongos enchendo o saco. Depois, um bom tempo se refrescando em Dragon Cay, talvez o ponto mais bonito do país (acima d'água!). Depois, uma passada rápida na Indian Cave, local de achados arqueológicos dos Tainos, a pobre tribo pacífica completamente extinta pelos espanhóis em apenas uma geração, através da escravidão e doenças. A Ana nem consegiu descer, por causa dos pernilongos. Eu os enfrentei, matei algumas dezenas (número completamente irrelevante perto do exército que me atacava) e tirei fotos do belo e fedegoso lugar. Fiquei imaginando como os Tainos lidavam com os pernilongos. Teriam algum Off natural? Ou, na verdade, teriam eles se transformados nesses mortíferos pernilongos, atacando inclementemente todos os forasteiros? Eram as minhas dúvidas enquanto fotografava o local, bêbado de Off (aqui, ele tem um cheiro bom!).
Pequeno istmo de areia que serve de ponte até Dragon Cay
Pequeno istmo de areia que serve de ponte até Dragon Cay
Indian Cave, em Middle Caicos. Milhões de mosquitos!!!
Seguimos então para Banbarra Beach, uma praia com um quilômetro de largura e que se mantém rasa, entre o joelho e a cintura, mar adentro, por mais de 500 metros, até se encontrar com uma ilha. Não aceitamos o desafio de caminhar até a ilha e ficamos ali, de barriga para cima, aproveitando a brisa e a água mais quentinha.
Nosso carro alugado nas Caicos
Na volta, ainda em Middle Caicos, paramos no Daniel's, um café que pertence a um casal que é uma lenda na ilha. Ela, canadense e ele, local. Organizam a comunidade em cooperativa para produzir artesanato tradicional (que de outra forma, se extinguiria), só produzem alimentos orgânicos e são ótimas pessoas. Conversamos longamente, regados a Presidente, uma popular cerveja dominicana por aqui. Falamos dos projetos deles na ilha e dos nossos, dos 1000 dias. Adoraram! Ela, nos anos 70 e 80, viajou muito pelo mundo, mochila nas costas. Foi ótimo ter estado com eles (foto jóia no blog da Ana)! Tão legal quanto conhecer essas paisagens lindas que temos conhecido, é poder conversar e interagir com esses personagens interessantíssimos que temos conhecido!
Barco que faz a ligação entre Provo e North Caico
Depois, aceleramos na volta, para não perder nosso barco, o último do dia. Nos despedimos do Cliff e da Suzan, sua esposa e das funcionárias dominicanas, Maqui e Jaqueline, todos tão simpáticos e interessados nos 100dias. Depois, de volta ao rápido barco e a um táxi de haitianos e já estávamos no nosso hotel em Provo. Aqui chegando, fomos recebidos e batemos um longo papo com uma das funcionárias, também do Haiti. Ela adorou quando lhe disse que íamos ao seu país. Foi muito simpática conosco e até nos deu seu e-mail e contato por lá para, eventualmente, nos comunicarmos.
De noite, já readaptados à Disneylândia, fomos aproveitar o que ela nos oferece de bom: um belo jantar com música ao vivo da melhor qualidade: jazz. Conforto, classe, estilo. Que diferença da noite anterior. Cada uma com seus encantos, mas tão distintas entre si, ambas num mesmo país, menor que muitos municípios brasileiros. São as ambiguidades de um páís que tem a sua disneylandia, mas que também tem a sua alma. É o que o faz ficar mais interessante. E olha que só estou falando da parte em cima d'água porque se falar da parte embaixo d'água, aí vira uma covardia! By the way, amanhã é dia de mergulho!!!
A belíssima Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Quem acompanha o blog há mais tempo sabe de cor e salteado, pois já falei sobre isso algumas vezes, a questão sobre mergulhos em cavernas. Nós fizemos nosso curso introdutório em Mariana, em Minas Gerais, e o curso avançado em Tulum, no México. O Brasil tem lindas cavernas com lagos e rios subterrâneos onde seria possível fazer mergulhos, mas já há algum tempo que essa atividade está proibida em terras tupiniquins. Tanto é assim que o curso de mergulho em cavernas é dado em uma mina inundada e não numa caverna de verdade. Exatamente por isso também que fizemos nosso curso avançado no México e não por aqui.
Chegando à Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
A belíssima Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Na verdade, não é que os mergulhos em cavernas sejam proibidos por aqui, mas para que sejam realizados, é necessário que se faça um estudo de impacto ambiental da atividade na caverna. Quem deve fazer (e pagar!) pelo estudo são os donos das áreas onde se encontram as cavernas ou alguém que deseje “alugar” a área para explorá-la economicamente. Esse estudo não é barato, são poucas as empresas gabaritadas para isso e, pelo menos por enquanto, as perspectivas não são boas para os mergulhadores brasileiros. Os possíveis interessados simplesmente fazem a conta de quanto gastariam pelo estudo e quanta renda obteriam depois, cobrando pelos mergulhos na caverna e, ao final, a conta não fecha. Aparentemente, não temos mercado para isso. Se eles vissem o quanto de dinheiro se faz em Tulum, talvez mudassem de ideia...
Caminho para a Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
A belíssima Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Pois bem, quando iniciamos nossa viagem, já há mais de três anos, ouvimos que havia a chance de a atividade ser liberada em uma caverna, onde estava sendo feito o estudo de impacto ambiental. Finalmente, alguém tinha resolvido fazer o investimento! A caverna era a Lagoa Misteriosa, em Bonito, também um dos locais prediletos da nossa professora de mergulho livre de fazer seus treinamentos de apneia. Assim, deixamos o Brasil cheios de esperanças de que, ao voltarmos, ainda antes do fim dos 1000dias, poderíamos fazer um mergulho desse tipo na pátria amada. De longe, acompanhávamos as notícias e, por fim, veio a confirmação: o mergulho estava mesmo liberado na Lagoa Misteriosa!
Conversando com o João, nosso guia na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
O mapa da Lagoa Misteriosa, cujo fundo não foi ainda descoberto, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Então, começamos a contar os dias para chegarmos a Bonito. Esse dia chegou e a Ana já vinha em contato há alguns dias com o João, o responsável pelo mergulho no local. Quando chegamos à cidade, dois dias atrás, logo fomos conversar com ele e marcamos o mergulho para a manhã de hoje. A ideia era fazer um mergulho técnico, descendo por um dos túneis, fazendo a travessia a pouco mais de 50 metros de profundidade e subindo pelo outro. Seríamos os primeiros clientes a fazer esse mergulho técnico, desde que a caverna foi liberada para isso. Ao mesmo tempo, o Chico faria o mergulho “normal”, descendo por um dos túneis até os 15 metros de profundidade.
Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Um maravilhoso mergulho na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
A Lagoa Misteriosa é um lago de águas azuis e transparentes no meio de uma mata. Não é um lago grande, como se pode perceber pelas fotos. Também não é muito profunda, exceto por dois túneis na região central da lagoa, cujas bocas estão separadas por uns 20 metros de distância. Os dois túneis descem de forma oblíqua e se encontram a pouco mais de 50 metros de profundidade. A partir daí, já como túnel único, continua a descer até alguma profundidade desconhecida. Daí o nome do lago, a “Lagoa Misteriosa”. Quem chegou mais fundo ali foi o Gil, uma lenda-viva entre os mergulhadores de cavernas do Brasil e do mundo. Há pouco mais de 10 anos, ele chegou a incríveis 220 metros, mas não viu nenhum sinal de que estaria perto do fundo. Atualmente, o dono da área não quer nem saber de encontrar o fundo. Prefere que a lagoa continue “misteriosa”. De qualquer maneira, daria para contar nos dedos de uma mão o número de mergulhadores que poderiam tentar ir mais fundo que o Gil.
Um maravilhoso mergulho na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Mergulho na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Enfim, o que se pode fazer lá hoje é o mergulho “normal” ou o técnico, quando fazemos a travessia de um túnel para o outro. Esse era o nosso plano e dormimos com essa perspectiva. Mas tudo estava muito bom para ser verdade, infelizmente... Logo pela manhã, quando encontramos o João, eles nos deu a má notícia: seu antigo medidor de hélio não estava funcionando e o novo, que deveria ter chegado pelo correio já há alguns dias, não havia chegado. Sem medidor de hélio, sem mergulho técnico! Quando vamos a profundidades maiores, como 50 metros, o nitrogênio se torna narcótico, tirando nossa habilidade de tomar decisões “inteligentes”. A solução é preparar uma garrafa de ar com menos nitrogênio, substituindo-o por hélio. Mas, para fazer uma mistura diferente de gases, precisamos de um medidor que funcione, para sabermos a quantidade exata de cada gás na garrafa, do ar que vamos respirar durante o mergulho. Apenas conhecendo com exatidão a quantidade de cada gás na garrafa que poderemos planejar o mergulho, saber quanto tempo poderemos ficar no fundo e quanto tempo teremos de ficar nas paradas obrigatórias, quando estamos nos “desintoxicando” de todos esses gases que foram absorvidos pelo nosso tecido muscular devido às maiores pressões a que fomos submetidos.
Mergulhando e fotografando na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Mergulhando nas águas claríssimas da Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Enfim, como disse, sem o medidor, não poderíamos fazer a mistura de gases. E sem essa mistura, nada de mergulhos profundos. Perdemos a chance de fazer a famosa travessia. Restava a chance de fazer um mergulho até cerca de 30 metros, já que estamos certificados para isso. O próprio João desceria conosco. Bom, com essa nova realidade, repensamos nossos planos. A Ana decidiu fazer o mergulho mesmo assim, mas eu preferi o plano B, fazer “apenas” snorkel por lá. Desde o tempo que fizemos o curso de apneia com a Carol que eu nunca mais esqueci das fotos que vi dela fazendo mergulho livre na Lagoa Misteriosa. Então, assim como a travessia, esse também era um sonho antigo. O plano B era quase tão bom como o A!
O Chico mergulha na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
O Chico mergulha na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Então, lá fomos os três para a área onde está a lagoa, eu para a apneia, o Chico para o mergulho normal e a Ana para o mergulho um pouco mais fundo. Junto conosco, várias outras pessoas, a maioria apenas para flutuar sobre a lagoa e outros poucos também para um mergulho normal. Com o grupo já reunido, o João faz uma pequena palestra sobre o local e caminhamos todos juntos até a Lagoa. Entre as muitas informações dadas, uma muito curiosa: um grande terremoto no Chile, há poucos anos, também teve efeitos por aqui! Ao mesmo tempo em que uma sujeira vinda lá do fundo misterioso turvou toda a Lagoa, um troco que por décadas estava encalacrado na entrada de um dos tuneis escorregou e caiu lá para baixo. Até eu conhecia esse tronco, pelas fotos da Carol, mas ele já era... Tudo por causa d um terremoto no Chile, a mais de 1.500 km de distância!
Início de mergulho livre na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Usando a corda para voltar à superfície, depois de mais um mergulho livre na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Bom, a Ana entrou na água com o João e o Chico com outro guia. Ele não havia mais mergulhado desde que fez o curso em Noronha, há alguns anos. Para ele, foi ótimo para rever as técnicas e conceitos. Meio difícil no começo, mas depois pode aproveitar bastante.
Mergulho livre na vastidão da Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Explorando a Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul, apenas com os pulmões
Quanto a mim, fui com o grupo, todos devidamente vestidos em seus coletes, até o centro da Lagoa. Aí, quem quisesse mergulhar, deixava o colete encima, enchia os pulmões e se mandava para baixo. Aos poucos, o meu guia percebeu que eu sabia o que fazia e me deixou ali, enquanto tomava conta dos outros. Desse modo, tive todo o tempo do mundo para me divertir naquelas águas maravilhosas, uma visibilidade de dezenas de metros, a sensação de estar voando e não nadando!
O Chico observa o Rodrigo lá embaixo, na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Explorando a Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul, apenas com os pulmões
Em cada um dos túneis, há uma boia com uma corda que desce até os 30 metros de profundidade. Não demorou muito para eu descobrir que era muito mais fácil eu descer pela corda, puxando com os braços, do que fazendo força com as pernas. O desafio era chegar ao final da corda, o que deu para fazer algumas vezes. Foi fantástico! No caminho, passava pelo Chico e tentava chegar até onde estava a Ana, junto com o João. A tentação, ao chegar lá embaixo e encontrá-la, era dar uma boa respirada e, quem sabe, descer mais um pouco. Mas, para quem sabe um pouco desse assunto, sabe que não é uma boa ideia fazer isso, podendo tanto me intoxicar como estourar meus pulmões na subida, se não soltar o excesso de ar.
Um encontro nas profundezas da Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Então, nada de respirada lá embaixo! A diversão de lá chegar e admirar o mundo transparente a minha volta já era o suficiente. Encontrar a Ana a 25 metros de profundidade, ela de garrafa e eu no pulmão, também foi demais. Tudo isso fotografado pelo João, que conhece os melhores ângulos da Lagoa Misteriosa, onde já trabalha há tantos anos.
Voltando de 20 metros de profundidade na Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Quase uma hora depois, estávamos todos satisfeitos com nossas respectivas experiências. Ainda não foi dessa vez que fizemos a travessia, mas não faltarão oportunidades no futuro. O que importa é que o Brasil já tem uma caverna onde se pode mergulhar e nós esperamos que ela sirva de exemplo para tantas outras que existem por aí. O potencial é enorme, tantas coisas maravilhosas para se ver, desde que cavernas e mergulhadores estejam habilitados para isso, conciliando segurança e preservação. Bom para todo mundo!
Mergulhando nas águas claríssimas da Lagoa Misteriosa, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Ana aproveitando a sombra para ler sobre USVI, em para de Luquillo - Porto Rico
Nosso plano hoje era ir conhecer Culebra e a praia Flamenco, considerada a mais bonita do país. Culebra é uma ilha a cerca de uma hora de barco, na costa leste de Porto Rico. Antigamente, junto com outra ilha, Vieques, era conhecida como Ilhas Virgens Espanhóis.
Confusão para abordagem do Ferry para Culebra - Porto Rico
São três ferries diários indo para lá, saindo aqui de Fajardo. O primeiro horário de saída é às 9 da manhã. Seguindo as recomendações aqui da nossa pousada, chegamos ao porto com uma hora de antecedência. Doce ilusão! As passagens já se haviam esgotado fazia tempo e, mesmo assim, havia uma enorme fila para um possível ferry extra. Hoje é sábado e nós subestimamos isso. Famílias inteiras indo para lá passar o dia, toda a farofa acomodada em isopores e coolers. Uma enorme confusão no porto. Basicamente, um programa de índio (com todo o respeito!).
Desistindo do Ferry para Culebra - Porto Rico
Não dava para encarar e partimos para o plano B: ir à praia em uma cidade aqui pertinho, chamada Luquillo. Não poderíamos ter tomado decisão melhor! Praia super tranquila, muito sol, água limpa, bonita e com temperatura agradável. Aliás, é impressionanmte como a água do mar em Porto Rico é mais quente que nas Bahamas e em Turks e Caicos.
Playa del Sur, em Luquillo - Porto Rico
A praia é toda ladeada de palmeiras que fornecem sombras refrescantes. A gente se aboletou em uma delas e lá ficamos por várias horas, se revezando em corridas pela praia, natação no mar, leitura do guia sobre nosso próximo destino e um soninho também. Horas preguiçosas e deliciosas, sob medida para nos ajudar a nos recuperar da correria dos últimos dias. E que fique registrado: o trecho da praia entre Playa del Sur e Luquillo é dos mais bonitos da viagem! Escapamos da farofa e caímos no paraíso.
Estrada vai serpenteando moro acima, em direção à Sucre - Bolívia
O programa de hoje era enfrentar a estrada e a altitude e chegar à belíssima Sucre, para muitos a mais bonita cidade da Bolívia. É lá que nasceu o país, onde foi ploclamada sua independência e sua primeira capital. Aliás, até hoje é a sede do poder judiciário da Bolívia.
Rua em Monteagudo, Bolívia
Tomamos o café da manhã que tínhamos encomendado no dia anterior, num restaurante em frente ao nosso hotel e fomos passear um pouco na pequena Monteagudo, começando a nos ambientar na vida e costumes bolivianos. Logo o que mais chama a atenção são as "cholas", mulheres indígenas que se vestem de maneira super característica, com seus chapéus negros, suas saionas e meias e, muitas vezes, um filho carregado em panos nas costas. Fico me peguntando de onde terá nascido essa vestimenta. Vamos ver se nessa temporada aqui na Bolívia eu descubro...
Nosso hotel, o Residencial San Jose, em Monteagudo, Bolívia
Depois saímos de viagem, deixando o simpático Residencial San José para trás. A previsão de tempo de viagem variava de 7 a 10 horas, então saímos com muita paciência. A Ana foi dirigindo boa parte da viagem enquanto eu ía curtindo a paisagem e o aumento de altitude.
"Evo Presidente!" (estrada de Monteagudo à Sucre - Bolívia)
A vegetação e o solo vão ficando cada vez mais secos conforme vamos subindo e seuindo em direção à oeste. A estrada segue margeando precipícios, vencendo montanhas, descendo vales e atravessando rios. A cada nova curva, a cada novo topo, mais uma paisagem cinematográfica.
Pedágios "caseiros", muito comuns na Bolívia
Pelo altímetro do GPS, fui obsevando a Fiona quebrar barreiras. Primeiro, estávamos mais altos que o ponto culminante do Rio Grande do Sul, onde estivemos recentemente. Depois, mais alto do que Campos do Jordão, a mais alta cidade brasileira. Em seguida, mais alto que o Morro da igreja, o lugar mais alto de toda a região sul do Brasil. Por fim, vencemos os dois mil metros!
Atravessando pequeno riacho ao lado de vilarejo, na estrada que liga Monteagudo à Sucre - Bolívia
E a subida continuava. A Fiona bateu seu próprio recorde quando chegou aos 2.400m. Tinha sido em Itatiaia, no Abrigo Rebouças, quando subimos o Pico das Agulhas Negras. Motivo de comemoração e fotos! Foi por aí que chegamos também ao asfalto. sucre estava a uma hora e meia de distância e chegaríamos lá de dia!
Um dos rios na estrada que liga Monteagudo à Sucre - Bolívia
Chegaríamos... Mas aí, o balde de água fria. Conforme já tínhamos sido avisados, mas não queríamos acreditar, parte da estrada fica fechada durante o dia e só abre depois das 18:30. Está sendo asfaltada e, por aqui acham melhor assim: trânsito, só de noite e de madrugada. Vai entender... Bom, entendendo ou não, entramos na fila para esperar mais de duas horas por lá.
Admirando a paisagem na estrada que liga Monteagudo à Sucre - Bolívia
Aproveitamos para trabalhar um pouco, ler o guia e socializar com os simpáticos e curiosos camioneiros. Não é todo dia que eles cruzam com carros brasileiros na Bolívia. Ainda mais naquela estrada.
Bela paisagem já acima dos 2.200 metros de altitude, no caminho para Sucre - Bolívia
Já de noite e com a estrada finalmente aberta, partimos para a parte final do caminho. Mais subida e agora a Fiona superou o nosso recorde de altura na viagem, os quase 2.900 metros do Pico da Bandeira. daí para os 3 mil foi um pulo. E fomos além, chegando aos 3.300 metros! Bem nesse ponto vemos as luze de Sucre ao fudo, a mais de 40 km de distância. A vista já é bela de noite, imagina como teria sido de dia...
Esperando algumas horas até que a estrada fosse reaberta, no caminho para Sucre - Bolívia
Finalmente, umas oito da noite, entramos na movimentada Sucre. O GPS nos levou diretamente para a bela praça cental da cidade e, de lá, para o Residencial Bolívia, onde nos instalamos. Cansados da longa viagem e eu até com um pouco de dor de cabeça, apesar de termos descido para 2.800 metros (será que não era da cerveja de ontem?), acabamos ficando no hotel mesmo. O passeio por esta magnífica cidade começa amanhã...
Uma típica "Chola", com seu filho nas costas, na fila da estrada fechada, à caminho de Sucre - Bolívia
Uma enorme fêmea de elefante-marinho descansa em Grytviken, na Geórgia do Sul
No post anterior, tratei da triste história da caça e quase extinção das baleias aqui nos mares do sul. Caminhar pelas ruínas de Stromness e Grytviken nos fez pensar muito sobre isso. Mas nem só do passado vivem essas ruínas de antigos postos baleeiros. De maneira nenhuma! No presente, elas se tronaram verdadeiros playgrounds da vida animal que, de alguma forma, já incorporaram esse estranho cenário às suas vidas cotidianas. Sorte de quem passa por lá e pode observar esse espetáculo.
Cruzando com um grupo de pinguins gentoo pouco antes de chegarmos a Stromness, na Geórgia do Sul
Um ´pinguim gentoo nos observa enquanto caminhamos para Stromness, na Geórgia do Sul
Já um pouco antes de terminarmos nossa caminhada até Stromness, começamos a nos deparar com pinguins. Pela primeira vez, víamos pinguins na neve. Agora sim, aquela imagem de cartão postal que todos temos no nosso inconsciente sobre a Antártida se completava: pinguins se divertindo em um cenário todo branco de neve. A gente com nossas jaquetas, luvas e gorros e eles ali, se divertindo no solo branco de neve fresca. Acho que estavam matando a saudade!
Um pequeno grupo de poinguins rei no nosso caminho para Stromness, na Geórgia do Sul
Um pequeno grupo de poinguins rei no nosso caminho para Stromness, na Geórgia do Sul
Pela primeira vez também vimos as duas espécies quase juntas, gentoo e rei, os brancos e os amarelos. Definitivamente, os reis são maiores. Os branquinhos pareciam muito mais à vontade com a neve do que os amarelos. E eles estavam próximos, mas não se misturavam. Será que falam línguas diferentes?
Elefantes e lobos-marinho ocupam as ruínas de Stromness, antiga estação baleeira na Geórgia do Sul
Um lobo-marinho se ergue nas quatro patas, quase como um mamífero terrestre, em Stromness, na Geórgia do Sul
Passados os pinguins, ficamos realmente impressionados com a quantidade de lobos-marinhos na praia de Stromness e também entre as ruínas. Eram dezenas e dezenas. Acho que preferem praias urbanizadas do que selvagens...
Na praia da antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul
Um altivo lobo-marinho na praia de Stromness, na Geórgia do Sul
Eles realmente parecem não se incomodar com a presença dos pinguins e mesmo dos elefantes. Mas simplesmente não suportam outro da sua espécie por perto. A essa altura da viagem, já aprendemos que são todos machos e que estão aqui para garantir um território amplo nas praias para atrair mais fêmeas. Essas, ainda não chegaram. Esperam que os machos “gastem” este excesso de testosterona entre eles para depois, com a praia já dividida, chegarem a se aboletarem num bom lugar.
Momento tenso entre dois lobos-marinhos na praia de Stromness, na Geórgia do Sul
Dois lobos-marinhos se enfrentam na praia de Stromness, na Geórgia do Sul
Hoje assistimos a várias brigas entre eles. Existe todo um ritual que antecede as vias de fato e muitas vezes um dos lobos, o menor, logo percebe que não tem chances e nem entra no combate. Mas quando dois do mesmo tamanho se encontram, ou um deles é um baixinho invocado, aí não tem remédio: vai ser mordida para os dois lados. Tudo começa com olhares atravessados, avança para a gritaria, chega ao auge com as mordidas e se acalma com um dos lobos, com o rabo entre as pernas, batendo em retirada.
Dois lobos-marinhos se enfrentam na praia de Stromness, na Geórgia do Sul
Lobos-marinhos se mordem durante uma briga na praia de Stromness, na Geórgia do Sul
Assistimos também um lobo que nadava para lá e para cá, a agua gelada perecendo uma banheira tépida para ele. Procurava um lugar na praia, mas estavam todos ocupados. Ele parecia querer se encher de coragem para poder conquistar seu pedaço também. Seria por bem ou por mal. Mas antes disso, um delicioso e refrescante mergulho.
Um lobo marinho nada nas águas geladas de Stromness, na Geórgia do Sul
Um lobo marinho nada nas águas geladas de Stromness, na Geórgia do Sul
Um lobo marinho nada nas águas geladas de Stromness, na Geórgia do Sul
Já os elefantes, agora que a estação já está terminando, estão muito mais tranquilos. Dormem, descansam, bocejam, dormem. Algumas vezes, a barulheira de dois lobos os faz abrir os olhos. Aproveitam para dar mais um bocejo, espreguiçam, dão uma coçadinha na barriga, jogam areia sobre si mesmos e fecham os olhos novamente. Os sonhos devem ser mais interessantes do que a realidade.
Um elefante-marinho descansa em meio às ruínas de Stromness, na Geórgia do Sul
Elefante-marinho descansa em Grytviken, na Geórgia do Sul
Elefante-marinho descansa em Grytviken, na Geórgia do Sul (foto de Marla Barker)
Ali em Stromness o movimento era tanto que acho que até eles estavam um pouco incomodados, para padrões “elefantinos”. Mas quando chegamos a Grytviken, aí o encontramos em todo o seu “esplendor dorminhoco”. Ainda mais que havia um pouco de sol para esquentá-los e uma graminha para fazer a cama mais confortável. E, para melhorar, não havia lobos barulhentos ao redor. Apenas esses estranhos humanos para tirar uma foto aqui e outra ali. Mas eles vão embora rápido e o sono voltará a ser tranquilo.
Elefante-marinho descansa em Grytviken, na Geórgia do Sul (foto de Fance Dionne)
A Ana fica cada vez mais craque no standup paddle, na Praia da Guarda, litoral sul de Santa Catarina
De tempos em tempos surge um novo esporte ou prática esportiva que toma de assalto as fotos de revistas, imagens de TV, praias e ares do Brasil e do mundo. De repente, está todo mundo fazendo, tentando fazer ou falando disso. São esportes que nos deixam mais próximos da natureza, refletem saúde e felicidade.
A Ana pratica standup paddle no belíssimo visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Não sou desse tempo, mas acho que o primeiro grande exemplo disso foi o surf. Totalmente inexistente por aqui até o final da década de 60, ele já reinava absoluto em nossas praias a partir das minhas mais antigas lembranças, em meados da década seguinte.
Praia da Guarda, litoral sul de Santa Catarina
Não demorou muito e veio a asa delta, acho que no início da década de 80. Depois, mas não necessariamente nessa ordem, veio o wind surf e as pranchas de bodyboard. As bicicletas de bicicross, o paragliding e o jet ski. O ultraleve, o bungee jump e o base jump.
A Ana pratica standup paddle na lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
A Ana pratica standup paddle na lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Mais recentemente, foi a vez do kite surf. Em várias praias espalhadas pelas Américas que visitamos, era comum ver dezenas de pessoas deslizando rapidamente sobre a água, amarrados em suas asas e dando saltos acrobáticos, demonstrando perícia e coragem.
O Rodrigo se exercita no standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
O Rodrigo se exercita no standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Quando vemos (ou víamos) esses novos esportes sendo praticados, a vontade era de fazer igual. Mas a maioria deles não é fácil e está muito além das habilidades e do bolso dos simples mortais. Ou requerem muito equilíbrio, ou muita coragem, ou bastante dinheiro. Ou uma combinação disso tudo. Seriam meses ou anos de treinamento para conseguirmos fazer igual ao que víamos na TV ou na foto da revista. Em resumo, na grande maioria dos casos, ficávamos só na vontade ou nas promessas...
A Ana recebe as últimas instruções para fazer standup paddle na na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
A Ana pratica standup paddle no belíssimo visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Mas, eis que apareceu mais um esporte da moda. Quando iniciamos os nossos 1000dias, ele ainda era bem restrito, conhecido apenas pelos mais antenados. Mas o esporte foi crescendo, ficando mais e mais conhecido, virando moda. Estou falando do standup paddle, aquela pranchona de surf em que ficamos em pé sobre ela remando em algum lugar de águas um pouco mais tranquilas. Foi nítido para nós como esse esporte, em questão de poucos anos, se espalhou e se popularizou por todo o continente.
Standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Além de nos levar para mais perto da natureza, como os outros esportes da longa lista acima também faziam, o standup paddle tem uma grande vantagem sobre todos eles: a acessibilidade. Acho que o único pré-requisito é não ter medo de água. Nem saber nadar é preciso, pois pode-se praticá-lo com um colete salva-vidas. Comprar uma prancha pode ser caro, carregá-la, muito complicado, mas a solução para essas duas questões é simplesmente alugá-la já no lugar onde se vai praticar o esporte. Um mínimo de equilíbrio, um pouco de força nos braços e pronto: todos podem fazer sem medo de ser feliz!
A Ana pratica standup paddle no belíssimo visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
É claro que, por estar na moda, quem aluga as pranchas aproveita para enfiar a faca. O preço é por hora e, se fizermos as contas, em muitos casos sai bem mais caro alugar uma pranchona dessa do que alugar um carro. Mas, se tem quem paga, nem dá para botar a culpa em quem aluga. Só está aproveitando para fazer o seu pé de meia. Eu e a Ana, já fazia tempo que queríamos praticar. Só estávamos esperando a hora certa no lugar certo. Tudo parecia indicar que seria na lagoa do Meio, lá na Praia do Rosa. Mas ali, o preço era tão aviltante que nós resistimos. Agora, aqui na Guarda do Embaú, tínhamos uma nova chance.
O fantástico cenário da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Pois é, difícil imaginar um lugar mais perfeito para a prática desse esporte. Para iniciantes como nós, o melhor é fazer em águas mais calmas, sem ondas. Pois bem, é exatamente como é o rio da Madre, que separa a cidade da praia. Para aqueles que não sabem nadar, o rio dá pé na maioria dos lugares. E para quando nos sentirmos mais confiantes e querermos “mais emoção”, basta remar até a boca do rio, onde ele se encontra com o mar. Para quem é bom mesmo, não vai ser qualquer onde que vai te derrubar. Eu já vi muita gente remando de uma praia à outra, como se estivessem andando calmamente de bicicleta. A praia da Guarda tem espaço para todo mundo: dos iniciantes até aqueles que querem surfar com a pranchona.
O Rodrigo se exercita no standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Depois da queda, subindo novamente na prancha de standup paddle da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Aqui, depois de uma boa conversa e muita simpatia, a Ana conseguiu negociar um preço muito mais em conta. Tão bom que nós voltamos dois dias mais tarde para fazer de novo, agora com céu azul e muito sol. Um de cada vez, para podermos tirar fotos. Aos poucos, fomos acertando o equilíbrio e até nos arriscamos um pouco no mar também. Um tombo aqui, outro ali, mas não tem problema: da água não passamos!
A Ana fica cada vez mais craque no standup paddle, na Praia da Guarda, litoral sul de Santa Catarina
Enfim, foi uma delícia, vontade de fazer mais e mais. Um pouco de prática evita tombos e dor nas costas. A remada passa a render muito mais e a sensação de integração com a natureza compensa o suor na testa. A pele fica queimada e os músculos, tonificados. Tudo de bom, mesmo. E que bom que fizemos aqui, na Praia da Guarda. Até adiamos nossa viagem para Florianópolis para o final do dia. A Ilha da Magia poderia esperar mais um pouco...
Standup paddle no paraíso chamado Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Para finalizar, só uma curiosidade. Muitos daqueles esportes que citei no início, e outros também, chegaram até nós pela primeira vez de uma forma meio inusitada para os dias de hoje. Para quem viveu e se lembra dos anos 80, como esquecer os antológicos comerciais do cigarro Hollywood? Eles misturavam, na mesma peça publicitária, gente bonita, mulheres gostosas, as melhores músicas da década e muita ação em esportes novos no meio da natureza. Tudo isso para vender aquele veneno. Associavam o cigarro à saúde e ao sucesso. Felizmente, isso não é mais permitido, mas o lado ruim da lei é que ficamos sem propagandas que marcavam época. Então, só para relembrar e sem fazer apologia ao cigarro (que eu detesto!), segue um vídeo com várias dessas propagandas e vários dos esportes da moda naqueles anos. Se essa publicidade ainda fossem permitida, certamente teria havido uma propaganda da Hollywood com o standup paddle há uns 4-5 anos atrás. Qual teria sido a música?
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