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Passeando em Potosí

Bolívia, Potosí

A cidade de Potosí - Bolívia, ao pé do Cerro Rico

A cidade de Potosí - Bolívia, ao pé do Cerro Rico


Depois de conhecer as minas de Potosí pela manhã aproveitamos a tarde para conhecer um pouco da cidade. A riqueza que fez de Potosí a cidade mais rica das Américas por tanto tempo deixou seus traços nas cidade, sob forma de uma arquitetura elaborada, dezenas de grandes igrejas e palacetes. Caminhar por Potosí é um prazer, não só pela história que transborda de cada uma das esquinas do centro histórico, mas também para observar a densa população local e de estrangeiros que disputam os apertados espaços das calçadas e ruas de paralelepípedo.

Rua peatonal em Potosí - Bolívia

Rua peatonal em Potosí - Bolívia


A Catedral de Potosí - Bolívia

A Catedral de Potosí - Bolívia


O outro prazer de caminhar é não estar de carro! Com as ruas apertadas e o tráfego intenso, a melhor coisa que tem é deixar a Fiona guardadinha, um dos maiores diferenciais do nosso hotel, o El Libertador, que tem garagem própria. Assim, com os próprios pés, já acostumados com os 4 mil metros, percorremos o centro histórico, seus prédios e seu mercado.

Praça 10 de Novembro, em Potosí - Bolívia

Praça 10 de Novembro, em Potosí - Bolívia


Restauração da parte interna da Catedral em Potosí - Bolívia

Restauração da parte interna da Catedral em Potosí - Bolívia


O ponto alto do passeio, literalmente, foi a visita à Catedral e à torre da igreja, de onde se tem uma vista magnífica de Potosí. A Catedral está em reforma já há 5 anos e ficará finalmente pronta este ano. Mas já está aberta à visitação, onde podemos acompanhar o difícil e delicado trabalho de restauração. O guia mais uma vez é um show e nos dá uma verdadeira aula de cultura, ensinando-nos sobre as pinturas, esculturas e até sobre o raríssimo órgão alemão da catedral. No final da visita subimos todos ao campanário, com cinco grandes sinos, o maior deles feito em parte com ouro e que pode ser ouvido a mais de 30 km de distância!. Nas paredes da torre, testemunhos das diversas revoluções que já ocorreram nesta cidade, na forma de marcas tiros!

No alto da torre da Catedral, em Potosí - Bolívia

No alto da torre da Catedral, em Potosí - Bolívia


Grupo de turistas no alto da torre da Catedral em Potosí - Bolívia

Grupo de turistas no alto da torre da Catedral em Potosí - Bolívia


Antes de voltarmos ao hotel, resolvemos adiantar o jantar. Voltamos ao restaurante que não tínhamos conseguido lugar ontem, por estar lotado, o El Mesón, e hoje fomos os primeiros fregueses. Nosso cardápio: vinho boliviano e carne de lhama. O vinho não estava lá essas coisas, mas vamos tentar novamente em Tarija, região das melhores vinícolas do país. Já a lhama, hmmmm... estava uma delícia! Muito bem alimentados, ainda com as memórias fortes da visita à mina parcialmente "amaciadas" com a visita à catedral e com o vinho boliviano, voltamos ao hotel para merecida noite de sono. Com a temperatura chegando perto do 0 graus nessas noites à 4 mil metros, nosso quarto com calefação e cama com edredon tem sido um imenso prazer!

A bela fachada da igreja de San Lorenzo, em Potosí - Bolívia

A bela fachada da igreja de San Lorenzo, em Potosí - Bolívia

Bolívia, Potosí,

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Paisagens Patagônicas e Fly Fishing

Argentina, Trevelín

Admirando a beleza do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Admirando a beleza do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Deixamos El Bolsón no meio da manhã. A partir de agora, o sul é nosso norte! Por enquanto, o recorde de latitude sul da Fiona ainda é na pequena Los Altares, bem no centro da patagônia, a meio caminho entre a Península Valdés e El Bolsón, duas semanas atrás (veja esse post com o mapa aqui). Mas agora, com o nariz apontado para o sul, logo vamos pulverizar essa marca. Não vai demorar muito e chegaremos à Punta Arenas e Ushuaia, no extremo sul do continente. Mas antes, passaremos pelos principais atrativos da Patagônia andina argentina, como aparece no roteiro abaixo. Ele mostra nosso caminho até El Calafate, onde está a famosa geleira de Perito Moreno. De lá, seguiremos ao Chile antes de viajarmos à Terra do Fogo



Toda grande jornada começa com um primeiro passo! E o nosso primeiro passo foi dado hoje, num pequeno roteiro de menos de 200 quilômetros até a pequena cidade de Trevelin. Essa é uma daquelas cidades de origem galesa, mas nós estávamos interessados mesmo era no caminho até lá. Afinal, boa parte dele foi feito dentro do Parque Nacional Los Alerces, numa sequência linda de lagos e florestas. O caminho mais rápido teria sido pelo asfalto da famosa Ruta 40. Mas nós preferimos o rípio da estrada provincial 71, exatamente porque é ela que nos leva para o parque.

Estrada de rípio em direção ao Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Estrada de rípio em direção ao Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina




O parque que atravessamos hoje e onde fizemos uma deliciosa caminhada foi criado para justamente proteger a espécie de árvore que dá nome à reserva, os Alerces. Sem dúvida, seus bosques formam uma das grandes atrações do parque, mas há também muitas outras plantas, além de uma rica fauna a ser vista e admirada. Tanto que vou falar disso, flora e fauna, em um post separado. Nesse, vou falar apenas da caminhada que ali fizemos, das pessoas que conhecemos e do esporte mais admirado por essas bandas: a pesca de mosca. Além disso, claro, ainda mais em se tratando de um parque na patagônia andina, há sempre a beleza natural da região com seus lagos, rios, glaciares e montanhas.

Chegando ao Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Chegando ao Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Placa mostra o mapa do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Placa mostra o mapa do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Basicamente, a estrada nos leva através de uma sequência de lagos, como o Rivadavia, o Menéndez, o Verde e o Futalaufquen, cada um mais belo do que o outro. Assim como a maioria dos lagos andinos, todos esses têm origem glacial. Há 15 mil anos gigantescas geleiras desciam das montanhas ao redor abrindo seu caminho no relevo. Com o fim da era glacial as geleiras retrocederam, deixando em seu lugar diversos lagos que continuam a ser alimentados pela água que desce das montanhas, gelo e neve invernal derretidos com o calor da primavera e verão. O que sobrou de uma dessas antigas geleiras ainda pode ser admirado no parque: o glaciar de Torrecilhas, pendurado nas encostas da montanha de mesmo nome, a mais alta da região com 2.253 metros de altitude.

Praia do Lago Menendez, observando o glaciar Torrecillas, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Praia do Lago Menendez, observando o glaciar Torrecillas, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


O majestoso glaciar Torrecillas, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

O majestoso glaciar Torrecillas, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Essa sequência de lagos é toda ligada por rios cristalinos e gelados, alguns mais tranquilos, outros cheios de corredeiras. Salmões e trutas abundam por ali e fazem a festa dos pescadores, principalmente nos lagos e nos remansos de rio. Esse espetáculo das águas, que variam sua cor de um verde esmeralda até um azul profundo, mas sempre transparentes, é também um prazer para os olhos de quem passa por perto, seja de algum mirante na estrada, seja de alguma praia de lago, seja em alguma curva nas poucas trilhas que cortam a região.

A paisagem grandiosa do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

A paisagem grandiosa do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Belíssimo rio de águas geladas e transparentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Belíssimo rio de águas geladas e transparentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Um rio cheio de corredeiras que une os lagos no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Um rio cheio de corredeiras que une os lagos no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Vindos do norte, o primeiro lago no nosso caminho, após termos entrado no parque, foi o Rivadavia. Quando chegamos lá perto, a surpresa: seu acesso estava fechado por um “surto de ratos”! Ratos??? Isso mesmo! E olha que, dessa vez, a culpa não é nossa, dos humanos. Não, trata-se de um fenômeno natural, que ocorre a cada poucas décadas e se repete ao longo de toda a patagônia andina por onde cresce uma espécie de bambu. Vou falar disso no próximo post, mas os ratos tem a ver com o ciclo de vida dessa planta.

Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Típica paisagem patagônica no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Típica paisagem patagônica no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Bom, já que os ratos não deixavam, seguimos até o próximo lago, agora já atravessando as belas florestas de pinheiros que caracterizam grande parte do parque. Finalmente, chegamos a um estacionamento de acesso ao Lago Verde onde pudemos deixar a Fiona e esticar as pernas. Ainda ali no alto, uma das mais belas vistas do parque, a região entre os lagos Verde e Menéndes, os rios quase mágicos de tão belos que ligam esses dois lagos e as montanhas do parque parcialmente cobertas por florestas. É hora de respirar fundo e de ter certeza: “Sim, estamos mesmo na patagônia!”.

Chegando ao Lago Verde, um dos muitos existentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Chegando ao Lago Verde, um dos muitos existentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Ponte que cruza o rio que une o Lago Verde ao Lago Futlaufquen, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Ponte que cruza o rio que une o Lago Verde ao Lago Futlaufquen, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Uma ponte de madeira para pedestres cruza o rio e dá acesso a uma espécie de ilha entre os dois lagos. É aí que fazemos uma caminhada de poucos quilômetros que nos leva de um lago a outro, de um rio a outro e através da rica vegetação. Placas explicativas vão nos ensinando sobre os animais que aí vivem e, principalmente, sobre as diversas espécies de árvores encontradas na reserva, o principal tesouro do parque.

Belíssimo rio de águas geladas e transparentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Belíssimo rio de águas geladas e transparentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


As águas esverdeadas de remanso de rio no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

As águas esverdeadas de remanso de rio no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Antes da metade do caminho da trilha, encontramos e conhecemos três outros caminhantes, um pai e suas duas filhas também explorando o parque. Eram o Jeffrey, a Benna e a Miriam, que trabalha no Wall Street Journal. São americanos de Oregon, na costa oeste, e o Jeffrey trabalha como guia de natureza por lá. Juntos, caminhamos o resto da trilha, companhia muito agradável e ótima oportunidade para desenferrujar o inglês a aprender um pouco sobre um dos hobbies preferidos do Jeffrey: a pesca de mosca.

A Benna, o Jeffrey e a Miriam (a direita), pai e filhas, nossos amigos americanos durante caminhada pelo Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

A Benna, o Jeffrey e a Miriam (a direita), pai e filhas, nossos amigos americanos durante caminhada pelo Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Jeffery Gottfried, americano guia no Oregon e amante da pesca de mosca, maravilhado com as belezas do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Jeffery Gottfried, americano guia no Oregon e amante da pesca de mosca, maravilhado com as belezas do Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Aliás, estávamos juntos com eles quando encontramos um segundo grupo de pessoas, argentinos dessa vez. Eram pescadores de mosca e se preparavam para partir em um passeio de barco no lago Menéndez, justamente para fazer o que mais gostam: pescar! Apesar das dificuldades da língua, foi uma ótima oportunidade para o Jeffrey trocar informações sobre técnicas e tipos de mosca utilizados aqui no patagônia. Afinal, ele só é um especialista nos peixes lá do hemisfério norte.

Encontro com pescadores de mosca (fly fish) no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Encontro com pescadores de mosca (fly fish) no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Pescadores partem para a pesca no lago Menendez, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Pescadores partem para a pesca no lago Menendez, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Enquanto os pescadores argentinos saíam para seu passeio e posavam alegres para fotos, o Jeffrey nos mostrou orgulhoso sua coleção de moscas, as iscas utilizadas nesse tipo de pesca. Ao contrário da pesca tradicional, em que espetamos uma minhoca no anzol, jogamos na água e ficamos tranquilamente esperando que algum peixe venha morder a isca, a pesca de mosca, ou “fly fishing” em inglês, é muito mais dinâmica. Os peixes pescados nesse tipo de pescaria tem suas preferências, cada espécie gosta mais de um tipo de mosca. Então, a primeira coisa a fazer é descobrir a preferência dos peixes e depois, manufaturar, fazer moscas de mentira que enganem e atraiam os peixes para a “armadilha”.

Pescaria de Mosca no lago Menendez no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Pescaria de Mosca no lago Menendez no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Orgulhoso, um pescador nos mostra suas iscas de mosca no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Orgulhoso, um pescador nos mostra suas iscas de mosca no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Além disso, não basta jogar a isca e ficar lá, esperando. Os peixes atacam as moscas assim que elas caem na água. É muito rápido. Se nenhum peixe morder a isca logo que ela caia na água, não adiante deixar ela ali, boiando ou mergulhando. Não é esse o instinto do peixe. Seus reflexos o atraem para moscas entrando na água e não para moscas paradas dentro d’água. Se não deu certo logo de início, o pescador recolhe a isca e a atira novamente. Por isso é importante jogar a isca bem próxima do peixe, para que ele já possa atacá-la logo que ela cai na água. Essa é a razão dos pescadores de mosca terem varas com longas linhas que eles rodopiam para poder atirar mais longe, bem para o meio do remanso onde devem estar os peixes. Não devem caminhar até lá, para não assustá-los e, ao mesmo tempo, é justo ali que devem atirar a isca. Vimos muito isso no Alaska e agora aqui, na patagônia. São dois dos melhores lugares do mundo para esse tipo de pesca.

Para a alegria dos fotógrafos, cores fortes e vivas no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Para a alegria dos fotógrafos, cores fortes e vivas no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Um rio cheio de corredeiras que une os lagos no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Um rio cheio de corredeiras que une os lagos no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Sem dúvida, é bonito de se ver. Não somos muito fãs de pescaria (e muito menos de caça!), mas quem gosta, gosta mesmo! Tanto que chegam a competir com ursos (!!!) por espaço nos rios do Alaska (veja nosso post quando estivemos por lá) ou então, investem alguns milhares de dólares em viagens para lugares propícios à prática, mesmo que seja em outros continentes, como é o caso da patagônia para os americanos ou canadenses, origem de boa parte dos turistas não nacionais que frequentam o Parque Nacional Los Alerces. Por falar nisso, apesar de ser uma área protegida, o parque permite sim esse tipo de pesca. Mas apenas essa, durante a temporada e com a obrigação de conseguir uma permissão especial da sede do parque.

Rio de águas verdes e transparentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Rio de águas verdes e transparentes no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Placa de aviso de que apenas a pescaria de mosca é permitida (é preciso uma licença!) no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Placa de aviso de que apenas a pescaria de mosca é permitida (é preciso uma licença!) no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Bom, quase ao final da caminhada, chegamos à praia do lago Menéndes de onde se pode admirar o glaciar Torrecillas e de onde partem os barcos que levam turistas à floresta de Alerces nas encostas daquela montanha. Boa parte da área do parque está inacessível para quem apenas caminha. Por razões de segurança (evitar incêndios!), somente poucas trilhas foram criadas e são mesmo os barcos que cruzam os lagos que são o principal, senão o único meio de acesso à várias das atrações turísticas da reserva. E dentre os diversos passeios de barco, esse que cruza o lago Menéndes rumo ao bosque de Alerces é o mais popular. Mas para nós, isso não era uma opção. O longo passeio parte apenas pela manhã e nós tínhamos de seguir viagem. É o sul que nos chama, hehehe!

Estrutura para barcos e pesca no lago Menendez, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Estrutura para barcos e pesca no lago Menendez, no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Caminhando no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Caminhando no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina


Chegamos de volta à ponte de onde iniciamos a trilha, não sem antes passar em outros mirantes para aproveitar a belíssima paisagem. Despedimo-nos de nossos novos amigos e seguimos viagem, agora de carro, pelas estradas do parque. Os americanos tinham vindo do sul e já nos deram as dicas do que ver pela frente. Passamos pelo lago Azul e pela pequena vila de Futalaufquen, local idílico e muito procurado pelos frequentadores do parque. Mas não tínhamos mais tempo para percorrer mais trilhas e decidimos seguir viagem até Trevelin, deixando esse belo parque para trás. Amanhã será um dia de estradas, perto de 600 km entre asfalto e muito rípio e precisamos sair cedo. Seguimos felizes pelo que nos espera, mas ficou mesmo faltando o passeio de barco até o bosque dos Alerces. Vamos deixando, espalhados pelas Américas, ótimos motivos para novas viagens!

Fim de tarde belíssimo no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

Fim de tarde belíssimo no Parque Nacional Los Alerces, ao norte de Trevelin, na patagônia argentina

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A Luiza Nasceu! De Volta à Curitiba

Brasil, São Paulo, Ilha Bela

Os orgulhosos pais com a Luiza (Curitiba - PR)

Os orgulhosos pais com a Luiza (Curitiba - PR)


Assim que chegamos mais perto do Perequê e do centro de Ilha Bela ontem, após a maravilhosa "temporada" no Bonete, o celular começou a apitar. Tínhamos ficado alguns dias fora do ar e quando chegamos à área com sinal, foram mensagens e mais mensagens chegando. Nem precisamos ler ou ouvir, só poderia ser uma coisa: a sobrinha tinha chegado ao mundo, quatro dias antes do previsto!

Com a sobrinha Luiza, que acaba de chegar! (Curitiba - PR)

Com a sobrinha Luiza, que acaba de chegar! (Curitiba - PR)


A Luiza nasceu saudável, 3,4 kg e 50 cm de altura! Viva! A tristeza da Ana de não ter estado lá no momento foi logo substituída pela alegria e emoção de ver a foto dela chegando pelo celular. Viva a tecnologia!

Com o Dudu e o Leslen na casa em Ilha Bela - SP

Com o Dudu e o Leslen na casa em Ilha Bela - SP


Deste modo, programamos nossa partida para Curitiba para hoje cedo, ansiosos por enfrentar e vencer as cerca de sete horas de viagem. Dito e feito! A gente se despediu do Dudu e do Leslen e no final da tarde já estávamos no apartamento da Dani e do Dudu para conhecer nossa linda sobrinha.

Com a sobrinha Luiza, que acaba de chegar! (Curitiba - PR)

Com a sobrinha Luiza, que acaba de chegar! (Curitiba - PR)


Agora, o plano é ficar por aqui cerca de uma semana, curtindo a sobrinha, a cidade, a família e amigos, resolvendo algumas burocracias, botando os blogs em dia e tentando deslanchar partes do site que ainda não entraram no ar.

Aproveitamos também para respirar um pouco e pegar fôlego para entrar pelo interiorzão do país. Rapidinho a Fiona vai estar na estrada novamente!

Placa de distâncias em posto em Registro - SP. Um dia chegaremos lá!

Placa de distâncias em posto em Registro - SP. Um dia chegaremos lá!

Brasil, São Paulo, Ilha Bela, Curitba

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Lagos, Geleiras e Cachoeiras

Canadá, Lake Louise, Jasper National Park

O belíssimo Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

O belíssimo Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


Ontem, depois da longa e maravilhosa caminhada na região do Lake Louise, ficamos sem tempo de voltar à outra das maravilhas da natureza do parque: o Lake Moraine. Tínhamos estado lá rapidamente, com chuva, no final do dia de anteontem. E juramos que iríamos voltar, de tão bonito que era. Então, hoje cedo, ainda antes de partirmos para Jasper, mais ao norte, retornamos ao Lake Moraine.

O belíssimo Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

O belíssimo Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


O nome vem da sua origem glacial. “Moraine” é o nome que se dá ao acumulo de pedras e entulho que uma geleira vai construindo ao longo do tempo. Esses verdadeiros rios de gelo carregam em suas costas pedaços das montanhas e vales pelos quais atravessa. Na sua luta para alargar o canal por onde passa, vai gerando desabamentos e as pedras que caem ficam sobre o gelo, que se desloca uns poucos metros por ano. Em algum ponto, na extremidade da geleira, o gelo derrete, É aí que ficam todas as pedras carregadas durante séculos. Acabam formando um monte de entulho que é o que chamamos de “Moraine”. Quando a geleira retrocede, por causa das mudanças climáticas, e deixa em seu lugar um rio, as “Moraines” acabam se transformando em diques naturais, favorecendo a formação de lagos. Como não tivemos glaciares no Brasil, essa não é uma palavra muito comum no nosso vocabulário, mas “moraine” em português é “morena”.

Caminhada pelo incrível Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

Caminhada pelo incrível Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


Fascinado pelas cores do Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

Fascinado pelas cores do Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


Bom, ainda bem que voltamos lá, pois o lago é uma das coisas mais lindas que já vimos nessa viagem. Ainda mais bonito que o Lake Louise, para falar a verdade. O seu verde é mais escuro e, sem vento por ali, é um verdadeiro espelho gigante, refletindo a paisagem de florestas verdes e montanhas nevadas ao seu redor. Uma verdadeira pintura! Palavras não podem fazer jus àquilo, mas as fotos mostram, pelo menos em parte, a beleza magnífica do lugar.

Pessoas esperam companheiros para poder completar o grupo e caminhar em área de ursos, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

Pessoas esperam companheiros para poder completar o grupo e caminhar em área de ursos, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


Aviso de que apenas grupos com 4 pessoas, no mínimo, podem caminhar nessa área na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

Aviso de que apenas grupos com 4 pessoas, no mínimo, podem caminhar nessa área na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


Nós fizemos uma curta trilha pela sua orla, pela floresta de pinheiros, o lago maravilhoso sempre ao nosso lado. Como ainda estava cedo, quase não havia turistas por ali e a sensação de contato com a natureza era ainda maior. Pelo caminho, outras trilhas saiam em direção às montanhas, mas nós não teríamos tempo de percorrê-las. Nem que quiséssemos, seria muito simples. Isso porque somos apenas dois e, nessa época do ano, o mínimo por grupo são quatro pessoas. Tudo por causa dos ursos, que tendem a respeitar grupos maiores de pessoas. Se um ranger (o guarda do parque) te pega fazendo a trilha fora de um grupo, as multas são pesadíssimas. E, pelo jeito, as pessoas respeitam pois, numa das entradas, lá estava um casal acompanhado de seu cão esperando que mais gente aparecesse, para poder fazer a trilha. Até olharam com esperança para nós, mas teriam de esperar mais um pouco...

Mirante de observação do magnífico Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

Mirante de observação do magnífico Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


feliz, durante passeio pelo Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá

feliz, durante passeio pelo Lake Moraine, na região de Lake Louise, em Alberta, no Canadá


Fizemos essa trilha na orla do lago e subimos novamente no alto da “morena”, onde está o mais acessível mirante para observar todo o lago. Um colírio para os olhos, muita fotos e até um encontro com um grupo de brasileiras que viajava pelo local. Conversamos bastante com a guia, que mora no verão por aqui, recebendo turistas enviados por agências brasileiras e, no inverno, na California, de onde acompanha turistas brasileiros para o Havaí. Que bela vida! Literalmente!

O magnífico cenário da estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

O magnífico cenário da estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


Um dos muitos belos lagos na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

Um dos muitos belos lagos na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


Ainda “flutuando” com tanta beleza, voltamos para a Fiona e pegamos a estrada em direção à Jasper, no norte. Logo que saímos da cidade de Lake Louise, mudamos de parques: deixamos o Banff National Park e entramos no Jasper National Park. O principal centro de apoio desse parque é a cidade de Jasper, 230 km ao norte de Lake Louise.

A incrível paisagem atravessada pela estrada que liga Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

A incrível paisagem atravessada pela estrada que liga Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


Pode parecer longe, mas a estrada que liga as duas cidades passa por paisagens tão incríveis que a gente nem vê o tempo passar. São montanhas, lagos e geleiras que vão prendendo a nossa atenção, fazendo a gente querer parar em cada curva, fotografar ou simplesmente respirar aquela beleza incrível.

A geleira de Crowfoot, agora com apenas dois dedos, na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

A geleira de Crowfoot, agora com apenas dois dedos, na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


Foto antiga mostra a geleira de Crowfoot ainda com três dedos, na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

Foto antiga mostra a geleira de Crowfoot ainda com três dedos, na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


A primeira parada foi em frente a geleira conhecida como Crowfoot, ou “pé do corvo”. Não demora muito para adivinhar a razão do nome. Mas, infelizmente, está faltando um dedo do corvo, que estava lá quando a geleira foi batizada, há um século. Podemos ver as fotos antigas e perceber como o gelo recuou nesses últimos 100 anos. Prova irrefutável de que algo está mudando no nosso planeta. O segundo dedo também está diminuindo, mas mesmo assim, a magnitude da geleira, pendurada na montanha, impressiona.

Lagos e montanhas na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

Lagos e montanhas na estrada entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


Mas à frente, passamos por diversos lagos, cada um mais belo do que o outro. Todos da família do Lake Louise, pela cor. Aliás, essa cor vem dos minerais presentes nas pedras trazidas pelas pequenas geleiras atuais. As pedras acabam se dissolvendo na água e tingindo o lago com essa cor mista de azul e verde. Uma beleza!

Estrada que corta as montanhas e a belíssima paisagem entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

Estrada que corta as montanhas e a belíssima paisagem entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


Seguindo adiante, chegamos à maior geleira da região, originada em um enorme campo de gelo por detrás das montanhas chamado de Columbia Icefields. Olhando bem de longe, já ficamos impressionados com sua envergadura, principalmente quando, com muito trabalho e esforço, conseguimos discernir pessoas caminhando sobre ela, minúsculos pontos escuros naquela vastidão branca e gelada.

Admirado com a grandiosidade da paisagem entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá

Admirado com a grandiosidade da paisagem entre Lake Louise e Jasper, em Alberta, no Canadá


minúsculas pessoas caminham na geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

minúsculas pessoas caminham na geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Para lá seguimos com a Fiona, loucos para matar nossa saudade de caminhar me geleiras. A última vez tinha sido na Islândia (trecho da nossa viagem que, vergonhosamente, eu ainda não relatei. Mas chego lá, pois as fotos do país são absolutamente maravilhosas e merecem ser mostradas!), em maio desse ano. Conforme vamos chegando mais perto, mais tomamos ciência do tamanho do rio de gelo. É de tirar o fôlego...

Pessoas caminham pelo Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

Pessoas caminham pelo Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Temos de estacionar a mais de um quilômetro de onde a geleira está e caminhar o resto do tempo. Primeiro, subir uma antiga e enorme “moraine” e depois, descer do lado de lá, até chegar ao ponto em que o gelo encontra a terra. No caminho, diversas placas marcam o ponto onde estava a geleira nos anos anteriores. É bem triste passar pelas marcas de 1982 e 1992 e ver o quanto a geleira retrocedeu nessas ultimas décadas. Triste e preocupante.

A caminho da geleira em Columbia Ice Fields, a placa marca até onde o gelo chegava em 1982 (no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá)

A caminho da geleira em Columbia Ice Fields, a placa marca até onde o gelo chegava em 1982 (no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá)


Explorando a geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

Explorando a geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Preocupação é o que sente os administradores do parque, colocando diversos cartazes dizendo que é proibido caminhar sobre a geleira, devido ao perigo de se cair em alguma das diversas fissuras escondidas por neve ou gelo fino. Mas os avisos são simplesmente ignorados pelas pessoas e nós fomos na onda, claro! Afinal, chegar até ali e não seguir para ver de perto seria um pecado. Com todo o cuidado, claro!

Caminhando pela fantástica geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

Caminhando pela fantástica geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Seguimos uns quinhentos metros geleira acima, pelo menos até o ponto onde não havia mais turistas ou pessoas à minha frente. Só aí, vendo aquela imensidão puramente branca defronte a mim, me dei por satisfeito. Aqui, o gelo é mais branco, pois até onde as pessoas caminham ele está bem sujo de pó e pedras. A beleza e a sensação de solidão são indescritíveis. A força da natureza que sentimos sob os nossos pés também. Ao contrário da Islândia, onde as geleiras eram cheias de fissuras e buracos em fundo, aqui ela era bem mais homogenia, uma enorme massa de água congelada em movimento. Uma força primordial da natureza, a qual só podemos respeitar e admirar.

Riacho atravessa a geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

Riacho atravessa a geleira de Columbia Ice Fields, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Rio corta canyon através de diversas camadas de rocha, em Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

Rio corta canyon através de diversas camadas de rocha, em Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Os pequenos riachos que correm sobre o gelo são o lembrete de que ela está derretendo. De pouco em pouco, mas está derretendo. Esses pequeno riachos tornam o cenário ainda mais belo, formando até pequenas corredeiras e cachoeiras. Mas também nos alertam do perigo do gelo que pode ceder, então caminhamos cuidadosamente de volta à terra firme.

Atravessando antigo canyon criado (e abandonado) pelo rio, em Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

Atravessando antigo canyon criado (e abandonado) pelo rio, em Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Ainda havia mais atrações pelo caminho, antes de chegarmos à Jasper, então seguimos em frente. Agora, depois de tantas montanhas, lagos e geleiras, a próxima parada foi numa grande cachoeira, no principal rio da região, o Athabasca. Ao longo de milhares de anos de erosão, ele formou um impressionante canyon nessa parte do rio. Através de várias passarelas, podemos caminhar sobre essa maravilha natural e, através dos painéis explicativos, podemos viajar no tempo e entender como se dá a eterna luta entre a água e a rocha que tenta cercar o seu caminho.

O balé das águas na Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

O balé das águas na Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Normalmente, tendemos a ver essas paisagens de forma estática, como se aquilo tivesse nascido assim, como que por uma passe de mágica e que continuará da mesma maneira, pela eternidade. Nada disso! Pode ser assim na ridícula escala de tempo de nossas vidas, mas considere alguns poucos milhares de anos e logo percebemos o quão dinâmico e efêmero é isso tudo. As cachoeiras e canyons que estávamos vendo tem essa idade. E, para a nossa surpresa, não é apenas a água que vence essa luta. Ao lado do canyon onde passa o rio atualmente está um outro canyon, seco. Por ali passou a água por um bom tempo, mas acabou perdendo a batalha para a dureza da pedra e acabou seguindo por outro caminho, onde a rocha era mais mole. Caminhar por ali e imaginar os antigos turbilhões de água moldando e arranhando as paredes é bem legal. Entender como se dá todo o processo o torna ainda mais interessante, ao invés de “destruir a poesia”, como pensam alguns.

Um dos mirantes de Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá

Um dos mirantes de Athabasca Falls, no Jasper National Park, em Alberta, no Canadá


Enfim, tantas atrações haviam no caminho que chegamos já de tarde em Jasper, sem tempo para ver uma sequência de lagos coloridos que requeriam uma trilha de meia hora para ser percorrida. Fomos diretamente para a cidade. Final de feriado, foi um pouco mais fácil encontrar hotel. Ainda tivemos forças para um jantar com vinho no bar do próprio hotel, com direito à música ao vivo da melhor qualidade. O músico mandava muito bem no francês e inglês, além de tocar diversos instrumentos, inclusive uma espécie de cavaquinho e um pandeiro que se toca com os pés. Incrível! Valeu cada gotinha do nosso vinho! Aliás, o dia de hoje valeu cada minuto do nosso tempo. Viva o Canadá!

Olha só a gente 'perdido' no meio do Canadá!

Olha só a gente "perdido" no meio do Canadá!

Canadá, Lake Louise, Jasper National Park, Aathabasca Falls, Alberta, Columbia Icefields, Lake Moraine, Parque, trilha

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Golfinhos Pintados e o Gelo Que Some

Geórgia Do Sul, Atlântico Sul Geórgia do Sul

Três lindos golfinhos da espécie Dusky acompanham o SEa Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Três lindos golfinhos da espécie Dusky acompanham o SEa Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


Outra vez estamos em alto mar. Dessa vez, navegando pelos quase 1.300 km de mar aberto entre o arquipélago de Falkland e a ilha da Geórgia do Sul. Pouco mais de dos dias para digerirmos tudo o que vimos nas ilhas que ficaram para trás e nos prepararmos para as maravilhas que nos esperam na chamada “Galápagos do Atlântico Sul”, alusão à quantidade impressionante de vida animal que se encontra nessa pequena ilha isolada nos mares gelados do sul.

A clara silhueta de golfinhos abaixo d'-agua em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

A clara silhueta de golfinhos abaixo d'-agua em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


De volta, então, à rotina de alto mar, com as palestras pela manhã, algum filme durante a tarde e muito tempo livre para socializar no navio, seja na piscina, seja no bar, seja nos eventos organizados pelos nossos guias. Isso sem esquecer de manter os olhos bem abertos para a vida marinha e aérea que sempre está a nos acompanhar. Não apenas os olhos, mas os ouvidos também, já que qualquer avistamento mais interessante será logo comunicado pelo sistema de som do navio, para que todos possam ter a chance de ver também, mesmo aqueles que se escondem em seus quartos ou na biblioteca do Sea Spirit.

Parece um torpedo, mas é um golfinho dusky em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Parece um torpedo, mas é um golfinho dusky em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


E assim foi no nosso primeiro dia em alto mar a caminho da Geórgia do Sul. Os microfones avisaram que tínhamos companheiros nadando ao lado do Sea Spirit. Eram vistosos, agitados e belíssimos “dusky dolphins”, ou “golfinhos do crepúsculo”, em português. Nós já o tínhamos visto muito rapidamente uma vez, na primeira manhã depois de sairmos de Buenos Aires, mas foi hoje que pudemos observá-los com mais atenção e por mais tempo, com muitas chances de fotografá-los.

Três lindos golfinhos da espécie Dusky acompanham o SEa Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Três lindos golfinhos da espécie Dusky acompanham o SEa Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


Três lindos golfinhos da espécie Dusky acompanham o SEa Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Três lindos golfinhos da espécie Dusky acompanham o SEa Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


É uma espécie realmente linda, manchada de branco e preto. A primeira vez que os vi, até achei que fossem orcas. Mas o tamanho não deixa dúvidas, eram mesmo dusky dolphins. Para nós, acostumados com os golfinhos roteadores de Fernando de Noronha, com o famoso Flipper da série de TV e com outros bem parecidos que andamos vendo pelo nosso continente, todos eles cinzas, é mesmo bem estranho ver golfinhos malhados. Um verdadeiro prazer para os olhos, vê-los saltando entre as ondas e nadando tão rápido como o Sea Spirit.

Encontro com golfinhos dusky em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul (foto de Vladimir Seliverstov)

Encontro com golfinhos dusky em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul (foto de Vladimir Seliverstov)


Animados golfinhos dusky nadam ao lado do Sea Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Animados golfinhos dusky nadam ao lado do Sea Spirit em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


Eles vivem em grandes grupos em alto mar ou grupos menores em águas mais rasas. São encontrados em todas as águas do sul do planeta, mas principalmente na Nova Zelândia e América do Sul. Caçam em grupo, cercando os peixes e os encurralando na superfície. Quando fazem isso, quem se aproveita são os tubarões, as orcas e os pássaros, que também se refestelam no banquete. Falando em tubarões, pelo menos nos maiores, são os predadores dos dusky dolphins, além de suas primas maiores, as orcas.

Ao lado do Sea Spirit, um dusky dolphin salta sobre as ondas em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Ao lado do Sea Spirit, um dusky dolphin salta sobre as ondas em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


Ao lado do Sea Spirit, um dusky dolphin salta sobre as ondas em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Ao lado do Sea Spirit, um dusky dolphin salta sobre as ondas em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


Como a maioria dos golfinhos, são bem promíscuos sexualmente, machos e fêmeas com múltiplos parceiros. Assim, os filhotes têm “vários pais” e todo mundo se defende, fortalecendo a união do grupo. As fêmeas não preferem os machos mais fortes e agressivos, como em outras espécies de mamíferos, mas os mais rápidos. No ritual de acasalamento, uma fêmea é perseguida em alta velocidade por vários machos. Ela os está testando, numa espécie de jogo. Ganha aquele que finalmente a alcançar, deixando os outros para trás. Talvez tenha sido isso que observamos hoje. Ou, imagino, nós os distraímos durante algum tempo, fazendo-os esquecer do jogo sexual para nos acompanhar, curiosos, durante algum tempo. Para quem achava que apenas os golfinhos roteadores faziam malabarismos, foi uma grande surpresa!

Água quente no ar gelado do alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Água quente no ar gelado do alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


Aproveitando o tempo em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul, para um bom banho de piscina

Aproveitando o tempo em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul, para um bom banho de piscina


Depois de todas essas perseguições, o remédio foi relaxar e descansar nas águas quentes da nossa jacuzzi enquanto outros passageiros enfrentavam o frio do lado de fora com suas parkas, as jaquetas amarelas que já viraram nossa marca característica. Eles procuravam algum albatroz ou petrel gigante perdido pelos ares e nós nos divertíamos com uma champagne dentro d’água.

Quente dentro da piscina, frio fora dela, em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Quente dentro da piscina, frio fora dela, em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


Um giant petrel nos acompanha em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul

Um giant petrel nos acompanha em alto mar, entre Falkland e Geórgia do Sul


As palestras estão falando da geologia e da fauna que vamos encontrar na Geórgia do Sul. Pinguins, lobos e elefantes marinhos, quiçá algumas baleias e muitas montanhas nos aguardam nos próximos dias. Além disso, temos falado bastante de frio e de gelo. Entre hoje e amanhã devemos cruzar a linha de “convergência antártica”, uma espécie de fronteira entre as águas frias do Atlântico Sul e as águas polares que circundam a Antártida. Num espaço de poucos quilômetros, a água do oceano cai quase 3 graus em temperatura, com profundas consequências no ecossistema e na vida animal e vegetal.

Palestra sobre a Antásrtida no trecho entre Falkland e Geórgia do Sul

Palestra sobre a Antásrtida no trecho entre Falkland e Geórgia do Sul


Palestra sobre aquecimento global entre Falkland e Geórgia do Sul

Palestra sobre aquecimento global entre Falkland e Geórgia do Sul


Para entrar ainda mais no clima, assistimos recentemente o filme “Chasing Ice”, durante o festival de Cinema que está ocorrendo no Sea Spirit. O filme é absolutamente espetacular e recomendo a todos assistir. É um documentário que mostra a história de um fotógrafo famoso que decidiu fotografar e documentar o recuo das geleiras mundo afora. Para isso, instalou câmeras automáticas que, ao longo de 2-3 anos, fotografou mais de 20 geleiras do hemisfério norte a cada hora, todos os dias. O resultado é impressionante e alarmante. Podemos ver, com nossos próprios olhos, esses gigantes de gelo retrocedendo, prova incontestável de que algo diferente está ocorrendo com o clima de nosso planeta.



No ápice do filme, é mostrando uma cena captada em vídeo, quando em duas horas, um pedaço de geleira na Groelândia muito maior do que Manhattan simplesmente se desmancha. O evento, o maior já captado por câmeras, tem uma escala inimaginável. O melhor de tudo, para nós, é que o Jeff Orlowski, um dos fotógrafos que auxiliou na produção desse documentário, está aqui conosco. Não só isso, era justamente ele, junto com mais um cinegrafista, que estava lá na Groelândia filmando a cena grandiosa da geleira desmontando. A mesma geleira, a maior do hemisfério norte e de onde partiu o iceberg que afundou o Titanic, que eu e a Ana visitamos quando estivemos naquele país. Ver esse documentário enquanto navegamos para a Antártida foi realmente especial. Aliás, o sucesso do documentário e do projeto foi tão grande que ele foi ampliado e agora, numa segunda etapa, as câmeras vão passar a registrar as geleiras do hemisfério sul do planeta também. Abaixo, a cena final do filme, o da enorme geleira se despedaçando. Parte da narração é do nosso amigo Jeff

Geórgia Do Sul, Atlântico Sul Geórgia do Sul, Bichos, dusky dolphins, golfinho, Sea Spirit

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O Dia das Cachoeiras

Brasil, Mato Grosso, Chapada dos Guimarães

A famosa cachoeira do Véu da Noiva, cartão postal mais conhecido da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

A famosa cachoeira do Véu da Noiva, cartão postal mais conhecido da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


O dia começou cedo novamente. Ontem, foi o dia das cavernas e hoje, o das cachoeiras. Outra vez, estávamos com o Sergio, nosso guia paulistano, mas cidadão da Chapada de coração, já há mais de duas décadas. A trilha das cachoeiras fica dentro da área do parque e para percorrê-la, é obrigatória a companhia de um guia. Como o Gabriel e a Luisa, o casal que nos acompanhou ontem, já tinha feito essa trilha, fomos apenas com o Sergio para a trilha.

Entrando no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Entrando no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Mas a primeira parada do dia não foi essa trilha que percorre sete quedas d’água, e sim o principal cartão postal da região, a cachoeira do Véu da Noiva. Aí sim, é possível ir sem guia, mas o Sergio foi conosco, já que passaria todo o dia com a gente. Fomos as primeiras pessoas do dia a entrar lá hoje, praticamente acordando o guarda na portaria.

Chegando na cachoeira do Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Chegando na cachoeira do Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


A famosa cachoeira do Véu da Noiva, cartão postal mais conhecido da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

A famosa cachoeira do Véu da Noiva, cartão postal mais conhecido da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


O Véu da Noiva já vem atraindo visitantes desde o início do século passado. Foi sua imagem que popularizou a Chapada dos Guimarães em todo o país, atraindo gente de longe, como o próprio Sergio, que viu sua foto num calendário e decidiu que queria conhecer aquele lugar. Os visitantes vinham para o mirante da cachoeira e também desciam até o lago lá embaixo, para um mergulho.

O vale da cachoeira do Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

O vale da cachoeira do Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Trilha das cachoeiras, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Trilha das cachoeiras, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


A atração ficou tão popular que até batizados evangélicos eram realizados lá embaixo. Infelizmente, a beleza e significado do lugar começou a atrair um outro “público” também. Não foram poucas as pessoas que escolheram o Véu da Noiva para um último mergulho, diretamente dessa para outra vida. Mas não foi um caso de suicídio que levou a atração a ser interditada por mais de um ano. Foi mesmo uma cerimônia de batismo. Uma grande rocha se soltou do topo da cachoeira e, ao se despedaçar lá embaixo, uma lasca atingiu uma pessoa com a força de uma bala. A cachoeira ficou fechada por um bom tempo e só foi reaberta recentemente. Mas agora, apenas o acesso ao mirante é permitido. Nada mais de mergulhos ou batismos lá embaixo.

Uma Sempre-Viva, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Uma Sempre-Viva, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Flora exuberante na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Flora exuberante na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Para nós, foi mais do que o suficiente. A imagem lá de cima é mesmo belíssima e pudemos tirar nossas fotos tranquilamente, sem ter de disputar os melhores ângulos com outros turistas. A cachoeira não tem culpa das histórias que se passaram por lá e continua linda como sempre. Em seguida, aí sim, seguimos para outra entrada do parque, onde está a tal trilha das cachoeiras.

A magnífica cachoeira das Andorinhas, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

A magnífica cachoeira das Andorinhas, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


São várias delas, todas no mesmo rio. Seguimos diretamente para as duas que estão mais abaixo no curso da água, a Andorinhas e a Independência, para depois, com tranquilidade, percorrermos a trilha rio acima, passando por todas as outras, como a Prainha, o Degrau ou a Cachoeira Do Pulo.

Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Estamos em plena onda de frio aqui na Chapada. As pessoas podem não acreditar, mas pode fazer muito frio aqui na Chapada dos Guimarães, em pleno Mato Grosso. Ao mesmo tempo em que cidades paranaenses e catarinenses enfrentavam temperaturas negativas, nossas noites por aqui beiravam os 5 graus, principalmente com o efeito do vento. A consequência disso foi que a água do rio estava bem fria também, mas o dia lindo foi um estímulo para o mergulho, mesmo em águas geladas.

Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Um banho gelado na cachoeira das Andorinhas, uma das mais bonitas no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Cachoeira do Degrau, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Cachoeira do Degrau, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Tomamos um banho logo na primeira parada, na cachoeira das Andorinhas, a maior delas. Depois, uma a uma, fomos conhecendo, fotografando e, onde houvesse coragem e disposição, mais um mergulho.

Cachoeira do Pulo, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Cachoeira do Pulo, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Uma das mais belas cachoeiras na trilha das cachoeiras, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Uma das mais belas cachoeiras na trilha das cachoeiras, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Por fim, já lá no alto, deixamos as cachoeiras para trás e fomos conhecer a Casa de Pedra, uma espécie de caverna aberta, um refúgio perfeito para antigos animais e índios que passaram por aqui há milhares de anos. Um convite a descansar e contemplar, observar, refletir ou simplesmente, tirar uma pestana ao embalo dos barulhos da natureza ali do lado.

Chegando à Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Chegando à Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Descanso na bela formação conhecida como Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Descanso na bela formação conhecida como Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso


Da Casa de Pedra de volta para a Fiona e ao reencontro do Gabriel e da Luisa. Eles nos acompanhariam na nosso último passeio na Chapada dos Guimarães, as paisagens grandiosas da Cidade de Pedra, uma despedida em alto estilo desse lugar mágico no coração do Brasil.

Romantismo na bela formação conhecida como Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Romantismo na bela formação conhecida como Casa de Pedra, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso

Brasil, Mato Grosso, Chapada dos Guimarães, cachoeira, Parque, trilha, Véu da Noiva

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Coatepeque, mais Mayas e a Guatemala

El Salvador, Tazumal, Coatepeque, Guatemala, Cidade da Guatemala

Nadando no incrível lago de Coatepeque, em El Salvador

Nadando no incrível lago de Coatepeque, em El Salvador


Acordamos e fomos direto para o lago, bem ali na frente. Um sadio exercício matinal ainda antes do café da manhã. Temperatura agradável, daquela que parece fria num primeiro momento, mas que fica uma delícia depois do primeiro mergulho. A vontade era sair nadando até o outro lado, relembrar os tempos de travessia. A esta hora, ainda sem o movimento de barcos, as águas estão absolutamente calmas. Nem parece que um pouco mais a frente a profundidade pode chegar a 120 metros.

Mergulho matinal nas deliciosas águas do lago Coatepeque, em El Salvador

Mergulho matinal nas deliciosas águas do lago Coatepeque, em El Salvador


Eu fui o primeiro a entrar, a Ana tirando fotos. Depois, na vez dela, aquele sofrimento de sempre, até que ela se encha de coragem e dê seu mergulho. Quando fui fotografá-la, cadê a tampa da lente da máquina? A Ana tinha entrado com ela no lago e deixado cair! É a “maldição da tampa da máquina”, a Ana perdendo ela umas cinco vezes por dia! Lá em Boquete, no Panamá, o protetor solar da máquina também caiu no estreito canyon. Ainda tentei mergulhar e acha-lo, mas a corrente, os sete metros de profundidade e o escuro lá embaixo não me deram nenhuma chance. Aqui, com as condições muito mais favoráveis, principalmente a transparência da água, decidi que acharia a tampa de qualquer maneira. A Ana tentou primeiro, mas disse que seria difícil com a vegetação no fundo do lago. Eu não quis nem saber! Muito fôlego e lá fui, bem no lugar onde ela ficou se enrolando bastante até o mergulho. Um pouco de paciência e... achei!!! Hehehe, a “maldição da tampa” ainda não nos venceu!

Preparando-se para entrar no lago Coatepeque, em El Salvador, em frente ao restaurante do nosso hotel

Preparando-se para entrar no lago Coatepeque, em El Salvador, em frente ao restaurante do nosso hotel


Depois, hora do café da manhã em cima das pinguelas que sustentam o restaurante do nosso hotel. Como se diz por aqui, “vista preciosa”! Aos poucos, lanchas e jet skies foram tomando conta das redondezas e ficamos muito felizes de termos nos banhado antes.

À espera do café da manhã, no restaurante do nosso hotel em Coatepeque, em El Salvador

À espera do café da manhã, no restaurante do nosso hotel em Coatepeque, em El Salvador


Hora de seguir viagem, seguimos diretamente para as famosas ruínas de Tazumal, na região da cidade de Santa Ana. Ao contrário dos sítios arqueológicos de ontem, aqui a exploração turística já é bem mais antiga, da década de 50. Um dos primeiros visitantes, em 1954, foi o jovem Che Guevara, quando passou a temporada na Guatemala que o faria decidir pela vida de revolucionário. Ainda vou falar desse ano fatídico para Guatemala quando chegarmos lá...

As imponentes ruínas mayas de Tazumal, em El Salvador

As imponentes ruínas mayas de Tazumal, em El Salvador


Não é à toa que Tazumal é famosa faz tempo. Suas pirâmides são imponentes e estão localizadas quase no centro da vila que se desenvolveu ao seu redor. Turistas locais se misturam com estrangeiros trazidos diretamente de seus hotéis em ônibus com ar condicionado, todos impressionados com as antigas construções mayas, enormes templos onde eram realizados rituais e sacrifícios e onde eram enterrados seus dignatários. Como ontem, um museu na entrada nos fornece as informações necessárias para entendermos um pouco mais desse povo, seus costumes e construções. A tentação é voltar no tempo e observar aquele lugar em seus tempos de glória, centenas ou milhares de pessoas ao redor das pirâmides onde sacerdotes seguiam rituais sofisticados para agradar os deuses ou tentar interpretar os seus desejos. Uma realidade que se passou ali, justo onde estamos agora com nossas máquinas fotográficas, naquelas mesmas pedras e pirâmides que agora observamos curiosos. Um mero lapso temporal de 1.100 anos nos separa dessas pessoas, uma simples piscadela de tempo. Prestando bem atenção, ainda é possível ouvir o eco do seu burburinho por entre os corredores de pedra...

Divindade pré-colombiana no museu em Tazumal, em El Salvador

Divindade pré-colombiana no museu em Tazumal, em El Salvador


Bom, com os mayas na cabeça, seguimos para a Guatemala, o coração da cultura dessa antiga civilização. Logo estávamos na fronteira e não demorou muito para realizar os trâmites, sempre mais fáceis na saída que na entrada. Aliás, dessa vez, na entrada, fomos recebidos com um show de simpatia pelos agentes guatemaltecos. O custo total dessa travessia foram os 160 quetzales (20 dólares) para obtermos o “visto” para a Fiona no país.

Visitando o sítio arqueológico maya de Tazumal, em El Salvador

Visitando o sítio arqueológico maya de Tazumal, em El Salvador


Seguimos então para a capital do país, a Cidade da Guatemala, sempre tomando cuidado com os “túmulos” na estrada. “Tumulos”? Pois é, esse é o nome que se dá aqui e em El salvador para os quebra-molas. Vivendo e aprendendo...

Momento de carinho nas ruínas mayas de Tazumal, em El Salvador

Momento de carinho nas ruínas mayas de Tazumal, em El Salvador


Pelo que tínhamos lido e ouvido da capital do país, não iríamos querer ficar muito por aqui. Mas, não devemos acreditar em tudo o que a gente lê! Ao contrário, ficamos muito bem impressionados na entrada da capital, a mais cosmopolita e organizada de todas as que conhecemos aqui na América Central. Grandes e arborizadas avenidas nos levaram até a Zona 10, onde estão hotéis, museus e restaurantes da cidade. “Guate”, como a Cidade da Guatemala é conhecida por aqui é dividida em Zonas e as mais interessantes para nós, viajantes, é a 10 e a 1, onde está o centro histórico. Nessa, vamos amanhã.

Tumulo? É o nome dos quebra-molas na Guatemala e em El Salvador

Tumulo? É o nome dos quebra-molas na Guatemala e em El Salvador


Hoje, já instalados no Hostal Torres, super bem localizado entre restaurantes e bares e deliciosas padarias, nos restava tempo para sair para jantar e pela noite. O restaurante escolhido foi um de comida típica, muito recomendado no TripAdvisor. Um bom vinho para brindar mais um país e acompanhar os deliciosos pratos. Depois, esticamos a noite no bar Esperanto, indicação do Pablo, nosso amigo via internet aqui da Guatemala. Amanhã vamos encontrá-lo no centro da cidade para passearmos com ele.

Um brinde à Guatemala, no restaurante Kacao, na Cidade da Guatemala, capital do país

Um brinde à Guatemala, no restaurante Kacao, na Cidade da Guatemala, capital do país


No Esperanto fomos muito bem tratados. Nada como viajar acompanhado de uma loira linda, comunicativa e de sorriso cativante, hehehe. E aqui na Guatemala, tenho outra vantagem: existe uma Lei Seca que obriga os bares a fecharem à uma da manhã. Assim, fica muito mais fácil levar essa loira linda e de sorriso cativante de volta para casa antes do sol nascer, hehehe!

Balada no bar Esperanto, na Cidade da Guatemala, capital do país

Balada no bar Esperanto, na Cidade da Guatemala, capital do país

El Salvador, Tazumal, Coatepeque, Guatemala, Cidade da Guatemala, arqueologia, Lago, maya

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No Parque de Ubajara

Brasil, Ceará, Ubajara (P.N de Ubajara)

Visão do famoso bondinho que leva à entrada da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE

Visão do famoso bondinho que leva à entrada da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE


Depois de tantos dias acordando na praia e dormindo de ar condicionado ou ventilador, foi meio estranho dormir no alto da Serra do Ibiapaba. O dia amanheceu tomado pela neblina, friozinho bem gostoso. Do lado de fora do nosso chalé de João e Maria, a vegetação densa se confundia com o branco das nuvens. O Herbert já tinha armado nosso café da manhã num pequeno quiosque ali do lado, entre pés de café, de banana e de mamão. Posso soar repetitivo, mas mais uma vez, era difícil nos imaginar em pleno Ceará!

Café da manhã no Sítio do Alemão, em Ubajara - CE

Café da manhã no Sítio do Alemão, em Ubajara - CE


Neblina matinal no Sítio do Alemão, em Ubajara - CE

Neblina matinal no Sítio do Alemão, em Ubajara - CE


Para degustar o delicioso pão integral e as maravilhosas geléias caseiras, a Ana precisou até de casaco! Hmmmmm, as tais geléias continuam tão boas como há dez anos atrás! Ainda mais naquele clima frio. Infelizmente, tivemos de sair correndo para encontrar nossos amigos chilenos no parque e não pudemos conversar muito com o Herbert. Apesar de ter vindo se instalar aqui no friozinho cearense há mais de 30 anos, ele não deixou de viajar pelo mundo. Tem uma coleção de Lonely Planets bem mais "robusta" que a minha e, este ano, planeja uma grande viagem pela China!

Com o Herbert, no Sítio do Alemão, em Ubajara - CE

Com o Herbert, no Sítio do Alemão, em Ubajara - CE


Esperando o bondinho no Parque Nacional de Ubajara - CE

Esperando o bondinho no Parque Nacional de Ubajara - CE


Nós, mais modestos, fomos para o Parque Nacional de Ubajara. Criado por Juscelino no final de década de 50 (é o 4o parque mais antigo do Brasil) foi, durante muito tempo, o menor parque nacional do país, com 500 hectares. Mas, em 2002, foi aumentado em mais de dez vezes, chegando a 6 mil hectares! As novas áreas ainda não foram desapropriadas, mas já estão sendo protegidas. A magnífica Serra do Ibiapaba e sua vegetação luxuriante agradecem!

Serra do Ibiapaba no Parque Nacional de Ubajara - CE

Serra do Ibiapaba no Parque Nacional de Ubajara - CE


Mesmo aumentado assim, ainda são apenas duas as atrações abertas ao público: a famosa gruta, ou caverna, e uma trilha pelo alto da serra que passa por algumas cachoeiras. Para se chegar até a gruta, o mais fácil e bonito é descer o bondinho, uma bela obra de engenharia que nos leva rapidamente centenas de metros abaixo. Fomos juntos com o Pablo e a Andrea, o casal chileno que também viaja a américa de carro e mantém um blog muito interessante com o nome de "America Sin Fronteras".

Entrada da caverna no Parque Nacional de Ubajara - CE

Entrada da caverna no Parque Nacional de Ubajara - CE


Juntos e acompanhados de um grupo de Teresina, levados por um guia, demos uma volta na caverna. A parte aberta ao público, cerca de 300 metros, está toda iluminada e tem muitas formações típicas de cavernas de calcário. A iluminação tira um pouco do senso de aventura mas, com suas luzes e sombras, ajuda a delinear as formas interessantes que existem no mundo subterrâneo. Trabalhos árduo, meticuloso e paciente da mãe natureza que opera em escalas de tempo difíceis de serem compreendidas quando comparadas com nossas vidas fugazes.

Formações de calcário na caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE

Formações de calcário na caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE


A caverna vem sendo explorada desde o séc XVIII por pessoas que buscavam o vil metal. Nesta procura, parte das formações foram destruídas, já que os exploradores confundiam o brilho da calcita com algum metal precioso. Era o chamado "ouro de tolo". Mais tarde, no início do séc. XX, começou a haver um turismo também. É dessa época que vem outra atração da caverna, pelo menos para mim: pichações! Há na caverna pichações com mais de 100 anos! Estão no limite de serem consideradas pinturas rupestres, hehehe! Há uma de 1906! Naquela época, os habitantes locais ganhavam um dinheirinho entregando aos visitantes pigmentos naturas, para que eles pudessem registrar sua passagem por lá. Essas pichações pararam com a criação do parque. Mas as antigas, muito bem conservadas pelo ambiente da caverna, continuam por lá. Parecem ter sido feitas ontem!

Pichação de 1906 na caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE

Pichação de 1906 na caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE


Com o Pablo e a Andrea no Parque Nacional de Ubajara - CE

Com o Pablo e a Andrea no Parque Nacional de Ubajara - CE


Voltamos de bondinho para o alto da serra e fomos, o mesmo grupo, fazer a trilha para a Cachoeira do Cafundó. O nome é um bom indicativo de onde ela fica... A caminhada é toda na mata viçosa e verdejante. Parace a mata atlântica, quase. No caminho, uma mirante para se admirar a serra, que na verdade é uma grande chapada, e várias cachoeiras que escorrem para o sertão através de seus paredões. A mais bela é justamente a Cachoeira do Cafundó, onde chegamos algum tempo depois.

no Parque Nacional de Ubajara - CE

no Parque Nacional de Ubajara - CE


Encima da Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional de Ubajara - CE

Encima da Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional de Ubajara - CE


Lá, um refrescante banho nas suas águas frias, se comparadas com as águas das praias que temos frequentado. O local também propicia uma visão belíssima do sertão e do bondinho, lá longe, cortando os céus da região. A Ana foi aproveitando todo o tempo para botar em dia o seu castelhano, já que assunto não faltava com nossos colegas aventureiros. E a conversa continuou pela tarde afora já que, do parque, seguimos juntos, em comboio, para a Cachoeira do Frade, ainda dentro do município. Mas isso é assunto para outro post...

Tomando banho na parte alta da Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional de Ubajara - CE

Tomando banho na parte alta da Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional de Ubajara - CE

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A Explosão de Vida

Nicarágua, San Juan Del Sur

Tartarugas recém nascidas caminham para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartarugas recém nascidas caminham para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


A praia La Flor localiza-se a vinte quilômetros ao sul de San Juan del Sur, na costa pacífica da Nicarágua. Lá ocorre um dos mais incríveis fenômenos naturais do país: a chegada de tartarugas para colocarem seus ovos e, dois meses depois, o nascimento de milhares de tartaruguinhas. Esse fenômeno ocorre também em muitas outras praias do mundo, mas o que impressiona aqui são os números. Em três ou quatro ocasiões, durante os meses de Outubro à Janeiro, logo após a mudança da lua, ocorre o que eles chamam de "arribada". São literalmente milhares (o recorde é oito mil!) de tartarugas que vem à praia em um único dia para colocarem seus ovos. Testemunhas do evento dizem que não se vê areia, apenas cascos de tartarugas. Deve ser impressionante!

Registro com contagem de tartarugas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Registro com contagem de tartarugas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


Bom, além dessas "arribadas", nos dias "normais", dez ou vinte vem à praia cumprir seu papel de mãe. E como outras já vieram dois meses antes, enquanto elas vêm, centenas de tartaruguinhas estão correndo no outro sentido, em direção ao mar. Quase toda a ação ocorre de noite, maneira encontrada pela sábia natureza para tentar proteger os filhotes dos predadores e do sol escaldante, enfim, aumentar um pouco sua chance de sobrevivência. As poucas que chegam à vida adulta, depois de viajarem até ao Alaska ou ao Chile, retornarão à mesma praia em que nasceram para colocarem seus ovos também. O GPS delas funciona direitinho!

Tartaruguas recém-nascidas e recolhidas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartaruguas recém-nascidas e recolhidas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


Por falar em GPS, o nosso nos ajudou a chegar até a praia. Mas, mais do que GPS, precisamos também foi de coragem para enfrentar os 20 km por estrada de terra no escuro num país distante sem saber precisar a segurança na região. Quase todos os turistas vão em camionetes das pousadas que organizam tours. Parece que há duas semanas uma dessas camionetes foi assaltada, mas nunca dá para saber se é boato ou não. O fato é que lá fomos os dois, dinheiro e documentos escondidos no compartimento secreto da Fiona, enfrentar a estrada no escuro mesmo. Fomos um pouco mais tarde que as camionetes das pousadas para estarmos sozinhos na praia La Flor, uma Reserva de proteção ambiental.

Tartaruga em pleno 'trabalho de parto', na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartaruga em pleno "trabalho de parto", na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


Os 20 km demoraram a passar, mas passaram. Sem nenhum problema, diga-se! Lá na reserva fomos recebidos pels guarda-parques que já foram logo nos mostrando um balde de recém-nascidas e depois nos encaminharam à praia. Ali já estavam os 10 ou 15 turistas que tinham ido em tours. Acompanhamos todos uma tartaruga colocando seus ovos pacientemente, sob a luz de lanternas avermelhadas que não as incomodam.

Ovos de tartaruga na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Ovos de tartaruga na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


Logo ali do lado a areia começava a se mover e uma penca de tartaruguinhas começou a despontar. Com a ajuda dos turistas, foram logo se encaminhando para o mar protetor. Nessa hora, os guias dos tours anunciaram que era hora de voltar e ali ficamos, eu e a Ana, sós, acompanhando o espetáculo da vida.

Tartaruga recém nascida caminha para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartaruga recém nascida caminha para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


A mamãe tartaruga, depois de feito seu trabalho, voltou feliz e aliviada para o mar. Mal entrou e lá vinha outra mamãe cumprir com suas obrigações maternas. Ao caminhar entre elas, tomávamos cuidado para não massacrar alguma tartaruguinha perdida por ali, no meio do caminho. A luz das lnternas as desorientam e elas correm para o lado errado!

Acompanhando tartaruga que, logo após colocar seus ovos, volta para o mar, na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Acompanhando tartaruga que, logo após colocar seus ovos, volta para o mar, na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


Enfim, foi um programa muito jóia. Um ritual que se repete desde o tempo dos dinossauros, mas que parece tão especial a cada vez que acontece. Principalmente quando somos nós que testemunhamos! A cada tartaruguinha que ajudávamos a chegar ao mar, parecia que estávamos dando um empurrão na natureza e na vida. Sentimo-nos mais leves, mais puros, mais justos. Tanto que, no nosso caminho de volta, já depois da meia-noite, mais sós do que nunca naquela estrada escura, sentíamo-nos inatingíveis por qualquer tipo de ameaça ou maldade. Flutuamos de volta para o nosso hotel.

Tartaruga volta ao mar após colocar seus ovos na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartaruga volta ao mar após colocar seus ovos na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Nicarágua, San Juan Del Sur, Praia, tartaruga

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Uma Aula de História

Nicarágua, León

Mural nas ruas de León, na Nicarágua

Mural nas ruas de León, na Nicarágua


Fundada em 1524 aos pés do vulcão Momotombo, à beira do Lago de Manágua, a cidade de León não demorou muito a mudar de "endereço", devido às seguidas tragédias naturais que a afligiram nas suas primeiras décadas de vida, de terremotos à erupções vulcânicas. Na sua nova posição mais segura e estável, a cidade foi elevada à capital provincial pelos espanhóis, logo se tornando um importante centro político, religioso e cultural. Enquanto o dinheiro e a "nobreza" estavam em Granada, os ideais estavam na fervilhante León. Não por acaso, enquanto a primeira era o berço do conservadorismo no país, León era o foco de ideias liberais e progressistas.

A bela cidade de León vista do alto do Museu dos Revolucionários, na Nicarágua

A bela cidade de León vista do alto do Museu dos Revolucionários, na Nicarágua


Essa tradição seguiu até o século XX, tanto no lado cultural, com o maior dos poetas nicaraguenses, Rubén Dario, até o político, com alguns dos acontecimentos mais importantes da história recente do país. Talvez o mais emblemático deles tenha sido perpetrado pelo jovem poeta e jornalista Rigoberto Pérez. Cansado da ditadura de vinte anos de Somoza, que tinha esmagado toda a oposição com sua mão de ferro, decidiu que era a hora de mudar. Numa festa para dignatários na cidade, o jovem Rigoberto se fantasiou de garçon e, num ataque suicida, acertou vários tiros com balas envenenadas no ditador. Somoza sobreviveu alguns dias, levado a um hospital na Cidade do Panamá, mas os médicos não puderam conter os efeitos do veneno e ele morreu em agonia. Já Rigoberto, foi morto ali mesmo, o corpo perfurado com mais de 50 balas. Hoje é um herói reverenciado no país, principalmente em León. Infelizmente, a ditadura somozista duraria outros 20 anos, agora nas mãos dos filhos do patriarca.

Ruínas de igreja em León, na Nicarágua

Ruínas de igreja em León, na Nicarágua


Quem ajudou a acabar de vez com a terrível dinastia foi novamente a cidade de León, uma das mais aguerridas durante a Revolução Sandinista no final dos anos 70. Ainda hoje a cidade guarda as memórias dessa luta, na forma de ruínas, museus e murais espalhados por toda a León. Nós fomos conhecer algumas dessas "memórias", culminando com uma visita no final da tarde ao Museu dos Revolucionários, com a chane de ser guiado por um ex-combatente das forças sandinistas.

A Fiona passa por uma 'obturação', na verdade uma soldagem do suporte do controle do guincho (em León, na Nicarágua)

A Fiona passa por uma "obturação", na verdade uma soldagem do suporte do controle do guincho (em León, na Nicarágua)


Mas antes disso fomos primeiro cuidar da nossa Fiona. Já há algum tempo que o suporte para o controle do guincho estava solto e só hoje tivemos tempo de ir atrás de alguém para fazer a solda necessária. Após rodar um pouco pela periferia da cidade encontramos o lugar. Agora, só está faltando um chaveiro para consertar a fechadura da capota! Outra coisa no conserto é o meu computador, que já não se comunica com discos externos ou modens, o que tem complicado bastante minha rotina de trabalho.

A Catedral de León, a maior da Nicarágua e de toda a América Central

A Catedral de León, a maior da Nicarágua e de toda a América Central


Interior da Catedral de León, na Nicarágua

Interior da Catedral de León, na Nicarágua


Cumprida a obrigação, passamos à diversão. Um passeio na praça e ruas do centro nos deu a chance de observar as construções históricas pouco conservadas, mas em charmosa decadência. Destaque para a enorme Catedral, bem no meio do "parque" central, que é como os nicaraguenses chamam as praças por aqui.

Mural no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua

Mural no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua


Finalmente, fomos ao Museu dos Revolucionários. Ali sempre estão antigos guerrilheiros ou combatente das forças sandinistas, hoje já beirando os sessenta anos. São eles que nos acompanham na visita ao museu, nos contando histórias, explicando fotografias e recortes de jornal e nos dando uma visão de quem não só viveu aquela época, mas ajudou a mudar aquela dura realidade. É estranho ver e conversar com esses simpáticos velhinhos que, não faz muito tempo, com armas em mão ajudaram a derrubar uma das mais violentas ditaduras do continente. Nessa luta, mataram, perderam amigos, foram torturados e baleados. Um mundo que nos parece tão distante mas que, conversando com eles, está ali, do outro lado dos olhos que nos olham.

Mural de fotos no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua

Mural de fotos no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua


Amanhã, ainda empolgados com essa atmosfera revolucionária, vamos visitar uma terrível prisão da época somozista que foi um dos últimos bastiões da Guarda Nacional a cair na cidade. Hoje virou museu. Em seguida, vamos ao vulcão Cerro Negro, o mais ativo do país e um dos mais novos das américas, com apenas 150 anos de idade. Um verdadeiro bebê-vulcão! Com o problema no computador, a ida para Somoto e de lá para Honduras e El salvador ficou adiada em um dia.

Conversando com o ex-guerrilheiro Frank no telhado no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua

Conversando com o ex-guerrilheiro Frank no telhado no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua

Nicarágua, León,

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