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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Autoretrato de uma bela menina garifuna, em Livingston, no litoral da Guatemala
Em meados do século XII, um povo guerreiro originário do rio Orinoco, na Venezuela, começou a migar para o norte, através da longa cadeia de ilhas caribenhas. Eram os “Caribs” e foi por causa deles que os espanhóis passaram a denominar as ilhas dessa região de “Caribe”. Os Caribs não encontraram as ilhas despopuladas, mas ocupadas por um outro povo, de índole mais comercial e menos guerreira, os Arawaks, que aí haviam chegado ao menos um milênio antes.
Informações sobre o povo e a cultura garifuna no parque Sete Altares, em Livingston, no litoral caribenho da Guatemala
Essa migração dos Caribs foi, então, mais um processo de conquista que de ocupação. Pressionados ou escravizados, os Arawaks seguiam para ilhas mais distantes enquanto, aos poucos, os Caribs, os seguiam. Foi durante esse processo que os espanhóis chegaram à América. Apesar de pertencerem à grupos étnicos diferentes, em algumas ilhas ouve uma mistura das duas etnias, em especial na pequena San Vincent. Ali, um grupo de Caribs homens, depois de matar ou expulsar os guerreiros Arawaks, acabou por se juntar à população feminina Arawak. Dessa mescla, surgiu um dos fenômenos linguísticos mais interessantes de que se tem notícia.
Garoto garifuna em Livingston, no litoral da Guatemala
As línguas dos dois grupos indígenas eram bem distintas e quando ouve a mescla das duas culturas, homens Caribs e mulheres Arawaks, de alguma maneira as línguas mantiveram sua identidade. Mães ensinavam suas filhas sua antiga língua enquanto pais passavam aos filhos a sua língua. Aos poucos, o costume se generalizou, homens e mulheres convivendo, mas com centenas de palavras distintas para diferentes objetos e ações. É claro que uma criança acaba por aprender as duas versões, mas usará aquela específica do seu gênero. Todos se entendem, mas usam vocabulários distintos.
No parque Siete Altares, informações sobre a língua garifuna, em Livingston, no litoral da Guatemala
Bom, essa é só metade da história! Os espanhóis vieram, fizeram seu estrago nas pequenas ilhas, inclusive San Vincent, mas partiram, mais interessados em colonizar o continente e as grandes ilhas do que as pequenas. Mas atrás dos espanhóis vieram holandeses, ingleses e franceses, todos atrás do seu quinhão de novo mundo. Inicialmente, San Vincent foi deixada para trás nessa corrida, enquanto o uso de escravos negros se generalizava por todo o Caribe. Em 1675, um navio negreiro naufragou na costa de Bequia, uma das ilhas de San Vincent e um grande grupo de negros se salvou, nadando para a ilha. A população local (a mescla de Caribs e Arawaks) os recebeu. Como em sua cultura, não era possível a existência de homens solteiros, eles trataram de logo “casar” os negros com as mulheres de sua tribo. Nascia uma nova mistura, ou raça, os “black caribs”. Novamente, línguas distintas se mesclaram, agora de origem africana e americana. Mas toda aquela parcela do idioma Carib e Arawak que se manteve na nova língua manteve aquele padrão de diferença por gêneros, enquanto as palavras de origem africana eram faladas por todos.
Autoretrato de uma bela menina garifuna, em Livingston, no litoral da Guatemala
Enquanto essa mescla de culturas ocorria, franceses e ingleses disputavam cada pequena ilha no Caribe. Mas em San Vincent, os Black Caribs impunham uma encarniçada resistência e, por diversas vezes, resistiram a tentativas de colonização por parte das duas nações. Tanto resistiram que, em meados do séc XVIII, Inglaterra e França declararam a ilha como uma região neutra e independente, um caso único no Caribe. Mesmo assim, ao menos informalmente, colonizadores franceses foram se instalando com suas fazendas, estabelecendo uma convivência mais pacífica com os Black Caribs.
Interagindo com crianças em centro cultural garifuna, em Livingston, no litoral da Guatemala
Mas essa situação não perdurou por muito tempo. Em 1763, o Tratado de Paris concedeu a ilha, em definitivo, para a Inglaterra. A população francesa de San Vincent, obviamente, não gostou muito disso e passou a instigar os nativos a se rebelarem contra os novos colonizadores. Assim aconteceu e os britânicos demoraram quase uma geração para controlar a rebelião e conseguir que os revoltosos se rendessem. Decidiram, então, expulsar da ilha todos os Black Caribs. Na base do olho mesmo, separaram aqueles com uma aparência mais africana e os embarcaram em seus navios. Nesse processo, quase metade dos 5 mil capturados morreram, enquanto que os restantes foram literalmente despejados na ilha de Roatán, na costa de Honduras, formalmente uma colônia espanhola.
Tentando aprender o envolvente ritmo garifuna em Livingston, no litoral da Guatemala
A partir de então, início do século XIX, com a aquiescência dos espanhóis, que viram nesse novo povo uma chance de colonizar as isoladas terras do leste da América Central, os garifunas (como passaram a ser conhecidos os Black Caribs na costa do continente) começaram a fundar pequenas vilas, da Nicarágua à Belize, passando por Honduras e Guatemala. Nessa última, destaca-se a cidade de Livingston, onde viemos passar alguns dias. Em Belize, conhecemos as cidades de Dangriga e Hopkins, também de origem garifuna. Mas é em Honduras que está o maior número de vilas e descendentes dessa diferente cultura.
Praticando com tambores garifunas em Livingston, no litoral da Guatemala
À língua, ao longo desses últimos dois séculos, se juntaram termos em inglês, francês e espanhol, mas é mesmo suas raízes africanas que se destacam. Além disso, manteve-se a diferença por gêneros, pelo menos nas palavras de origem Carib e Arawak. Na música, destaca-se a batida e os tambores africanos, algo que soa a nós, brasileiros, bem semelhante ao Olodum da Bahia. Notável também é o orgulho que se tem da cultura, suas origens e do fato de jamais terem sido escravos.
Tentando aprender o envolvente ritmo garifuna em Livingston, no litoral da Guatemala
Nós já tínhamos tentado em Hopkins, mas foi aqui em Livingston que tivemos o mais intenso contato com a cultura garifuna. Na visita ao parque Siete Altares, lá estava uma verdadeira enciclopédia de dados sobre as origens desse povo. Nas ruas e na praia, estávamos sempre entre eles. Mas o melhor foram as aulas que a Ana teve de percussão, num centro cultural garifuna. Na mesma noite em que chegamos, fomos ouvir uma apresentação. No dia seguinte, por duas horas, a Ana teve uma aula, aprendendo as técnicas e ritmos mais simples. Clima totalmente “Olodum”. Fez amizade com as crianças que frequentavam o centro e também com a simpática senhora que toma conta de tudo por lá, a Blanca. O bater dos tambores é algo sagrado na cultura, uma forma de se comunicar com deuses e espíritos, que adoram a boa música (quem não gosta?). Para nós, foi uma experiência única e enriquecedora, um dos pontos altos da nossa visita à Livingston e a esta parte tão isolada e desconhecida do nosso continente. É incrível como, mesmo depois de 3 anos viajando pelas Américas, ainda temos tanto por aprender e descobrir...
Ponte sobre foz de rio em praia de Livingston, no litoral da Guatemala
Fantástico!
Adoro viajar com vcs.
Resposta:
Oi Suzana
E nós, ADORAMOS que viajem conosco!
Um abraço
Que vida dura hein! Não fico um dia sem visitar o site cada viagem de vocês, eu curto muito, privilegiados, a vida de vocês nunca, mas nunca mais será a mesma... ABCS.
Resposta:
Oi Moca
Hehehe, vida duríssima! Legal que vc esteja gostando!
É, tem razão, com certeza nossa vida nunca mais será a mesma! E como poderia?
Um grande abraço
P.S Desculpe ter demorado tanto a responder! Mas antes tarde do que nunca, né?
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