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Blog do Rodrigo - 1000 dias

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SHUFFLE Há 1 ano: Argentina Há 2 anos: Argentina

Manaus e os Nossos Planos

Brasil, Amazonas, Manaus

Visitando o mercado de peixes em Manaus - AM

Visitando o mercado de peixes em Manaus - AM


Como vimos que só poderemos viajar para Santarém na segunda ou terça, decidimos adiar nossa ida à Nova Airão para amanhã e ficar mais um dia em Manaus. Assim, poderíamos aproveitar esse dia para procurar novas alternativas para viajar à Santarém, além de andar um pouco mais pela cidade.

O belo e restaurado prédio do Palacete Provincial, em Manaus - AM

O belo e restaurado prédio do Palacete Provincial, em Manaus - AM


De novo, resolvemos ir ao porto à procura de barcos. Desta vez por um novo caminho e para um outro porto. Em Manaus, tem vários. Neste caminho, passamos por outra das grandes atrações da cidade, o Palacete Provincial, um belo prédio que já foi sede da polícia e que está todo restaurando, abrigando vários museus e espaços culturais.

Passagens fluviais para toda a região amazônica, num dos muitos portos de Manaus - AM

Passagens fluviais para toda a região amazônica, num dos muitos portos de Manaus - AM


Barco, passageiros e redes prontos para zarpar de Manaus - AM

Barco, passageiros e redes prontos para zarpar de Manaus - AM


De lá, atravessamos toda a movimentada Zona Franca de Manaus, com suas centenas de pequenas lojas, e chegamos a um porto bem menos organizado e, até por isso, bem mais autêntico, que o porto oficial. Lá, de conversa em conversa, de barco em barco, encontramos uma alternativa bem mais barata para a Fiona. Sai apenas na terça, mas a economia de 700 reais muito mais do que compensa. Mas, certeza mesmo de um bom negócio, só vou ter quando este barco zarpar, conosco e com a Fiona à bordo, na terça. Até lá, sempre um pé atrás. Afinal, minha experiência com o horário de barcos amazônicos não é das melhores. Em 1990, em Iquitos, no Peru, embarcando para Tabatinga, já no Brasil, foram alguns dias de espera. No final, sempre sai, mas é um grande alívio ver o porto ficando para trás. Aqui em Manaus, me dizem, as coisas funcionam melhor com esses barcos grandes. Vamos ver...

O Mercado Municipal em reforma, em Manaus - AM

O Mercado Municipal em reforma, em Manaus - AM


Ainda antes de chegar no porto, passamos pelo imponente Mercado Municipal, em obras de restauração. Mas, logo ali do lado, há outro mercado, de peixes, que é um espetáculo. Não só de peixes, mas também de frutas, verduras e outras coisas. Mas a parte de peixes é a mais interessante. Passamos bem uma hora por ali, zanzando nos diversos corredores, conversando com as pessoas e fotografando. Delícia de passeio. Incrível a quantidade e variedade de peixes. Incrível também é o tamanho do mercado. Achei muito maior e mais sortido que os mercados de Belém, Fortaleza e de outras grandes cidades que estivemos. Uma coisa que sempre me impressiona é a quantidade de pequenas lojas e estandes, todos vendendo a mesma coisa. isso sim é concorrência! Não é à tôa que são nesses mercados que conseguimos os melhores preços. Fico sempre duvidando de que haja clientes para todas aquelas lojas. Mas o fato é que, se elas estão lá, é por que há clientes para sustentá-las...

O movimentado mercado de peixes em Manaus - AM

O movimentado mercado de peixes em Manaus - AM


O movimentado mercado de peixes em Manaus - AM

O movimentado mercado de peixes em Manaus - AM


A visão de toda aquela abundância de alimentos nos deu uma fome danada! Fomos para o hotel Taj Mahal, quase do lado do nosso hotel Brasil. Ali, no último andar, tem um restaurante numa torre giratória. Em menos de hora, damos a volta toda e temos lindas vistas de Manaus, especialmente do Teatro Amazonas, logo ali na frente. Um espetáculo, observá-lo de cima e, um pouco mais atrás, a grande ponte sobre o Rio Negro, que ainda não foi inaugurada. Isso sem falar do próprio rio, poderoso, a poucos quilômetros antes de se encontrar com o Solimões para formarem, juntos, o maior rio do mundo, o Amazonas.

Rio Negro visto do restaurante giratório Taj Mahal, em Manaus - AM

Rio Negro visto do restaurante giratório Taj Mahal, em Manaus - AM


Comemos um prato delicioso, feito com os dois peixes mais famosos da bacia amazônica, o Tucunaré e o Pirarucu. Excelente idéia do cozinheiro! Assim, num mesmo prato, podemos saborear os dois peixes, curtindo suas diferenças de gosto e textura. Tudo a um molho de frutas amazônicas. Hmmmmm...

Almoçando no restaurante giratório do Taj Mahal, com belíssima vista de Manaus - AM

Almoçando no restaurante giratório do Taj Mahal, com belíssima vista de Manaus - AM


Bom, e depois de muito conversar, temos os nossos planos para os próximos meses mais ou menos delimitados. O problema maior está na parte inicial, que depende também de terceiros, além de São Pedro. Vamos passar os próximos dois dias em Novo Airão (botos e Anavilhanas!!!); voltamos para Manaus para a ópera; embarcamos para Santarém na terça; Alter do Chão e o caribe brasileiro; transamazônica até o Maranhão (brrrr...); depois, na sequência, Chapada das Mesas, Jalapão, Palmas, Ilha do Bananal, Terra Ronca, Chapada dos Veadeiros, Pirenópolis e Goiás velho, Rio Verde, Brotas, visita às famílias em Ribeirão Preto e Curitiba. Por fim, rumo ao Paraguai para o início da nossa longa viagem pela américa espanhola. Parece bom, né?

Belo pôr-do-dol em Manaus - AM

Belo pôr-do-dol em Manaus - AM

Brasil, Amazonas, Manaus,

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San Juan, Perón e Evita

Argentina, San Juan AR

Praça principal de San Juan, na Argentina, com a torre da igreja ao fundo

Praça principal de San Juan, na Argentina, com a torre da igreja ao fundo


Desde que compramos nossas passagens de barco para a Antártida, zarpando de Buenos Aires no começo de Novembro, que já estamos planejando a rota que faríamos para cruzar o país, vindos de Santiago. Entre as muitas possibilidades, nenhuma delas passaria pela cidade de San Juan, 160 km ao norte de Mendoza, um considerável desvio para quem quer ir para o leste e não para o norte. Mas tudo isso mudou quando encontramos nosso amigo Maxi em La Serena (ver post aqui). Ele e sua esposa Marianela estão morando lá e tínhamos de visitá-los, ainda mais que ela está grávida de uns sete meses. A Ana e ela tem se comunicado muito por internet nesses últimos dias e era a hora de colocarmos o papo em dia, desde nosso último (e único!) encontro em Playa del Carmen, lá no México (veja post aqui). Diante disso, San Juan, aí fomos nós!

Praça principal de San Juan, na Argentina, com a torre da igreja ao fundo

Praça principal de San Juan, na Argentina, com a torre da igreja ao fundo


San Juan sempre foi uma cidade tranquila e pacata, desde a sua fundação no séc. XVI. Mas uma enorme tragédia mudaria não só a sua história, mas também a do país. Grandes terremotos não são tão comuns na Argentina como no vizinho Chile, mas eles também ocorrem por aqui. O mais trágico de todos havia ocorrido em Mendoza em 1861, matando quase 5 mil pessoas, como descrevi no post passado. Foi quando, em 15 de Janeiro de 1944, um grande tremor abalou a cidade de San Juan matando 10 mil pessoas e destruindo 90% das construções da cidade, no maior desastre natural da história argentina. O país se comoveu e se uniu na organização de uma grande operação de salvamento e ajuda dos desabrigados.

Igreja matriz de San Juan, na Argentina

Igreja matriz de San Juan, na Argentina


Quem organizou esse grande operação e foi o responsável por uma campanha de meses de esforços para arrecadar fundos para a cidade destruída foi um então desconhecido burocrata do segundo escalão do governo. Foi o sucesso dessa organização que o tornou numa figura conhecida nacionalmente, o início de uma carreira política fulminante que o transformaria na figura histórica argentina mais importante do séc. XX. Seu nome: Juan Domingo Perón. E ainda tem mais! Para arrecadar fundos, Perón mobilizou diversos artistas famosos argentinos, realizou shows e festas. Nelas se envolveram também artistas menos conhecidos, como a quase anônima Eva Duarte, cantora de rádio de 2ª grandeza. Eva estava destinada a conquistar o coração de Perón e se eternizar na história argentina como a quase mitológica Evita. Enfim, é impossível imaginar a história da Argentina hoje sem esses dois personagens, Perón e Evita, que vieram a se conhecer justamente por causa dessa enorme tragédia que se abateu sobre San Juan.

Maxi prepara um legítimo asado argentino na sua casa em  San Juan, na Argentina

Maxi prepara um legítimo asado argentino na sua casa em San Juan, na Argentina


Preparando um 'asado' em San Juan, na Argentina

Preparando um "asado" em San Juan, na Argentina


Bom, no processo de reconstrução da cidade, assim como foi feito em Mendoza 80 anos antes, foram usadas técnicas para ajudar a cidade a resistir a novos terremotos: material de construção mais resistente, prédios baixos, ruas e calçadas largas, etc... A prova veio em 1977, quando um terremoto de força semelhante (pouco acima de 7 na escala Richter) se abateu sobre a cidade. Dessa vez, o número de mortos não passou de 65!

Confraternização com as famílias do Maxi e da Marianela em San Juan, na Argentina

Confraternização com as famílias do Maxi e da Marianela em San Juan, na Argentina


Foi nessa San Juan que chegamos ontem no final da tarde. Achamos um pequeno hotel no centro, caminhamos um pouco e fomos visitar o Maxi e a Marianela onde dividimos alguns vinhos e passamos horas conversando sobre viagens, Américas e filhos. Assunto é que não faltava! Depois, voltamos para o hotel com a promessa de reencontro hoje, quando eles fariam um legítimo “asado” argentino.

Com nossos amigos Maxi e Marianela em San Juan, na Argentina

Com nossos amigos Maxi e Marianela em San Juan, na Argentina


O asado não era só para nós! Também estão em San Juan os pais da Marianela e a família do Maxi estava recebendo as visitas com muita carne e vinho. A sobremesa, fomos nós que levamos, comprada na melhor confeitaria da cidade. E assim passamos algumas boas horas por lá, uma deliciosa confraternização que celebrava o Dia das Mães na Argentina, que tem data bem diferente do Brasil! Ficamos muito amigos de todos e agora já temos até mais um lugar para parar no nosso caminho para Buenos Aires: na cada dos pais da Marianela! Apesar dela não estar lá, os simpáticos Cristina e Anibal insistiram muito para tomarmos um chá na nossa passagem por lá, pertinho de Córdoba.

Com o Maxi nas janelas de um velho avião abandonado perto de San Juan, na Argentina

Com o Maxi nas janelas de um velho avião abandonado perto de San Juan, na Argentina


Com o Maxi no interior de um velho avião abandonado perto de San Juan, na Argentina

Com o Maxi no interior de um velho avião abandonado perto de San Juan, na Argentina


Depois do asado, saímos os dois casais na Fiona para uma volta pelas cercanias de San Juan. O Maxi nos guiou até uma represa que fornece energia para a cidade, mas vive uma seca histórica. É uma área desértica, mas muito bela. Daqui sai a estrada que cruza os Andes e chega direto em La Serena, no Chile, passando pelo Paso Aguas Negras, que dizem ser muito bonito também. Mas nós não fomos tão longe assim. Tiramos umas fotos em um antigo avião militar abandonado no meio deserto e voltamos para a cidade, a tempo de pegar um cineminha junto com os pais da Marianela. Enfim, um típico programa de domingo para finalizar com chave de ouro um típico Domingo das Mães!

O Maxi em um velho avião abandonado perto de San Juan, na Argentina

O Maxi em um velho avião abandonado perto de San Juan, na Argentina


Nada como uma programação familiar para quebrar um pouco o ritmo frenético de viagem. Falando nisso, amanhã retomamos esse ritmo, hehehe. A gente se despediu dos amigos e fomos dormir. Amanhã, seguimos ainda mais para o norte, para depois retomarmos o sentido leste. A razão agora são dois parques, um provincial e outra nacional, que já estavam no nosso radar desde que cruzamos a Argentina mais ao norte, quando íamos em direção ao Paso San Francisco. O nome dos parques? Ischigualasto e Talampaya!

Argentina, San Juan AR, história

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Jacarés, Moncada e o Presídio

Cuba, Nueva Gerona

Nosso guia segura jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba

Nosso guia segura jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba


Depois do mergulho mais ou menos de ontem, resolvemos ficar por terra firme hoje. Contratamos um carro com motorista e fomos conhecer algumas das maiores atrações terrestres da Isla de la Juventud: seus jacarés, o antigo presídio a algumas de suas praias

A Ana segura um filhote de jacaré em criadero na Isla de la Juventud, em Cuba

A Ana segura um filhote de jacaré em criadero na Isla de la Juventud, em Cuba


Começamos pelos répteis, a atração mais afastada de Nueva Gerona, a capital da ilha onde estamos hospedados. Foram uns 40 minutos para chegarmos na fazenda onde são criados jacarés na tentativa de repopular os antigos habitats. Ali eles quase foram extintos devido à caça ilegal. Proibidos de matar gado para consumir sua carne, os cubanos não resistem a uma carne de caça, entre elas a de jacarés.

Nosso guia segura jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba

Nosso guia segura jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba


Protegidos na fazenda, os jacarés se reproduzem como coelhos. Quer dizer, isso é só força de expressão. Na verdade, colocam ovos e, dependendo da temperatura de incubação, nascem fêmeas ou machos. Aí, são colocados em tanques e divididos por faixa etária, para que não se matem e se comam.

Visitando criadero de jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba

Visitando criadero de jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba


A gente circulou entre esses tanques e também entre os açudes, para onde vão os maiores. Esses, a gente só pode ver através da cerca, ameaçadores que são. Mas os pequenos, por mais que eles tentem se defender, podemos pegar com as mãos. Até hoje, só tinha visto isso, pegar jacarés, pela TV. Mas hoje a Ana não resistiu e deu para tirar boas fotos desses animais maravilhosos. Já andam (e nadam!) por aí desde a época dos dinossauros e isso prova o seu sucesso evolucionário e extrema adaptabilidade. Não seremos nós, uma espécie que mal tirou as fraldas, que acabaremos com eles!

Tentando interagir com jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba

Tentando interagir com jacarés na Isla de la Juventud, em Cuba


De lá seguimos para as ruínas de um antigo presídio que teve como seu hóspede mais famoso ninguém menos que Fidel Castro. Cópia de um presídio americano de Illinois, são cinco enormes prédios circulares, cada um com 400 celas distribuídas em 4 andares e dispostas ao redor de um enorme pátio central. Uma visão impressionante, entrar nesses prédios, caminhar por esse pátio e tentar imaginar a vida ali antes da desativação.

A prisão onde ficou preso Fidel Castro na Isla de la Juventud, em Cuba

A prisão onde ficou preso Fidel Castro na Isla de la Juventud, em Cuba


Em 1953, pouco depois do golpe militar que levou Batista ao poder novamente, Fidel Castro perdeu suas esperanças nas vias pacíficas e partiu para o confronto. Para derrubar o ditador, imaginou um golpe de mestre: liderando 165 homens, tenta tomar o quartel de Moncada, o segundo maior do país, em Santiago de Cuba. Sua ideia foi atacar o quartel durante o carnaval quando, imaginava, boa parte dos soldados estariam bêbados e não oporiam muita resistência.

Fotografando o Presidio Model, na Isla de la Juventud, em Cuba

Fotografando o Presidio Model, na Isla de la Juventud, em Cuba


Mas não teve muita sorte. No caminho para o quartel, seu grupo acabou cruzando com uma patrulha do exército e o alarme foi dado. Perdeu o elemento surpresa. Boa parte de seus homens morreram na luta e os que foram capturados naquele dia eram sumariamente executados. Fidel escapou com um pequeno grupo, polícia e exército no seu encalço. Batista deu a ordem secreta: quando capturado, o líder deveria ser morto ali mesmo, na hora.

Visitando o Presidio Model, na Isla de la Juventud, em Cuba

Visitando o Presidio Model, na Isla de la Juventud, em Cuba


Mas, para sorte de Fidel, ele acabou capturado por um homem honesto, mais apegado às leis que às ordens secretas de um ditador. Ao invés de executá-lo, levou-o preso. Quando as notícias se espalharam e a imprensa se mobilizou para cobrir o fato, já não mais havia como executá-lo a sangue frio. Castro foi a julgamento enquanto o oficial que o prendeu foi colocado na geladeira por Batista, sendo eventualmente preso. Seis anos mais tarde, quando a revolução triunfou, uma das primeiras medidas de Castro foi mandar soltá-lo e incorporá-lo ao novo exército cubano.

APraia Paraiso, em Nueva Gerona, na Isla de la Juventud, em Cuba

APraia Paraiso, em Nueva Gerona, na Isla de la Juventud, em Cuba


Quanto à Castro, sendo advogado, fez a sua própria defesa. Foi aí que proferiu o mais famoso discurso de sua vida (e olha que foram muitos!), conhecido com “A História me absolverá!”. O discurso foi brilhante, comovendo juízes e população, mas não impediu que ele fosse condenado e enviado para a prisão na então chamada “Ilha dos Pinos”. Aí permaneceu por cerca de dois anos, junto com outros sobreviventes do ataque à Moncada. Em 1955 o governo Batista concedeu anistia aos presos políticos, na tentaiva de tentar legitimar seu governo. Nada que sensibilizasse Fidel. Ele partiu para o México onde passou a preparar novas tropas para tentar outra vez derrubar o regime de Batista. Mas isso já é outra história...

Local do nosso almoço na Praia Paraiso, na Isla de la Juventud, em Cuba

Local do nosso almoço na Praia Paraiso, na Isla de la Juventud, em Cuba


Bem mais recentemente, na década de 70, o governo cubano passou a receber milhares de estudantes estrangeiros, principalmente africanos, em escolas que construíu na Ilha dos Pinos. Para homenagear esses estudantes, Fidel resolveu mudar o nome da ilha para Isla de La Juventud. As tais escolas e seus estudantes se foram, mas o nome ficou.

No volante de um carro sexagenário em Nueva Gerona, na Isla de la Juventud, em Cuba

No volante de um carro sexagenário em Nueva Gerona, na Isla de la Juventud, em Cuba


E nós, depois do presídio e dos jacarés, resolvemos por algo mais light. Seguimos para a praia para passar o resto do dia. Mojitos, areia, água clarinha e morna e um delicioso almoço de peixe e não tínhamos do que reclamar. Um dia bem gostoso para que nunca mais esqueçamos da Isla de La Juventud. Amanhã já partiremos daqui. Avião para Havana e, lá no aeroporto mesmo, pegamos nosso carro e iniciaremos a longa viagem pelo país, rumo à Santiago. Primeira parada: Cienfuegos.

Jacarés maiores no criadero na Isla de la Juventud, em Cuba

Jacarés maiores no criadero na Isla de la Juventud, em Cuba

Cuba, Nueva Gerona, Bichos, Praia

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Natividade

Brasil, Tocantins, Natividade

Igreja matriz em Natividade - TO

Igreja matriz em Natividade - TO


A ocupação de Tocantins iniciou-se, assim como várias outras regiões do país, com a busca pelo ouro. Na segunda metade do séc. XVIII, o vil metal foi descoberto nas serras no entorno do que é hoje a cidade de Natividade. Uma "corrida" se seguiu e, ao longo das próximas décadas, cerca de 40 mil escravos foram levados para lá, para trabalhar nas atividades de mineração. Foi um ciclo relativamente rápido, mas que deixou para trás a mais antiga cidade do estado que, ainda hoje, no seu centro histórico, preserva uma belo casario antigo, ainda com ar colonial.

A tranquila praça central de Natividade - TO

A tranquila praça central de Natividade - TO


Nós chegamos na cidade no final da tarde, vindos de Taquaruçu. Instalamo-nos no hotel Serra Geral e corremos para passear no centro ainda com luz natural. A sensação foi a de se estar numa das antigas cidades mineiras ou baianas, exceto por uma tranquilidade ainda maior. Nas ruas centrais, o casario ainda está bem conservado (pelo menos nas fachadas!). Construída no pé da serra, o visual das casas antigas com as montanhas ao fundo é muito cativante.

Passeando em Natividade - TO

Passeando em Natividade - TO


Uma das mais antigas construções é a igreja inacabada de Nossa Senhora dos Pretos. É aquela que existe em quase todas as cidades coloniais brasileiras, uma igreja construída por escravos e negros libertos para poderem, eles também, realizarem seus cultos, já que não eram aceitos em outras igrejas, as dos "brancos". Confesso que isso sempre me intriga: como é que eles tão devotamente abraçaram uma fé que, de maneira geral, os relegava? Aparentemente, a resposta é que era somente ali que tinham espaço para escapar, por alguns momentos que fossem, da dura e cruel vida que levavam. Pelo menos no mundo espiritual poderiam ter esperanças... E a única saída para o mundo espiritual que lhes era permitido professar era a fé católica.

A igreja incompleta de Nossa Senhora dos Pretos, em Natividade - TO

A igreja incompleta de Nossa Senhora dos Pretos, em Natividade - TO


Hoje, felizmente, o mundo não é tão cruel. Para escapar um pouco das agruras diárias, as pessoas podem, por exemplo, tomar um refrescante banho de rio. Em Natividade, as pessoas vão para os "poções", piscinas naturais a um quilômetro do centro. Foi nossa última atividade do dia, admirar esses recantos verdes tão próximos da vida urbana. Amanhã, a viagem continua, para o "menor rio do mundo", ainda em Tocantins, e para o norte de Goiás, parque estadual da Terra Ronca.

Os 'poções', piscinas naturais em Natividade - TO

Os "poções", piscinas naturais em Natividade - TO

Brasil, Tocantins, Natividade,

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A Pirâmide Que Virou Montanha

México, Puebla, Cholula

Com a Val, em uma das escadarias da pirâmide de Cholula, no México

Com a Val, em uma das escadarias da pirâmide de Cholula, no México


Ontem de noite, depois de deixar o Gera na rodoviária de Puebla, voltei ao mesmo hotel que tinha ficado duas noites antes, aqui na cidade. Lá era o ponto de reencontro com a Ana e a Val, depois de alguns dias de separação, eu na montanha e elas na capital do país. Lá cheguei e as meninas já me esperavam, muito bem instaladas. O Hotel Colonial é mesmo um charme e o nosso quarto dessa noite, ainda mais amplo do que o outro. Vontade de passar vários dias por ali, intercalando passeios em Puebla e região com noites muito bem dormidas. Infelizmente, não temos esse tempo. Nosso destino é a península do Yucatán, onde vamos passar a semana que ainda resta na companhia da Val, entre praias, pirâmides e muita história. Assim, o que nos restou foi um jantar delicioso na cidade, a melhor pizza que já comi no México, acompanhado de todas essas histórias dos últimos dias, eu falando da minha aventura nas alturas e elas dos passeios em Teotihuacán e Xochimilco. Bom, as minhas histórias, vocês já viram aqui no blog. As histórias da Ana, isso quem vai contar são elas...

Com a Val, visitando a igreja construída sobre uma antiga pirâmide, em Cholula, no México

Com a Val, visitando a igreja construída sobre uma antiga pirâmide, em Cholula, no México


Hoje cedo, então, começaria nossa longa viagem até o mundo maia, a uns bons mil quilômetros de distância de Puebla. Mas antes disso, resolvemos aproveitar que aqui estávamos e dar uma última e rápida “passeadinha” na região. Queríamos ver Cholula. Realmente, foi o último passeio, mas quem disse que foi rápido? Gostamos tanto que passamos várias horas por ali e nossa longa viagem de carro teve de esperar mais um dia.

Cholula, mais um Pueblo Mágico no México

Cholula, mais um Pueblo Mágico no México


Cholula também é um Pueblo Magico (não conseguimos resistir mais a essa classificação...), bem ao lado de Puebla, quase como se fosse um bairro. Mas, na verdade, a cidade é bem mais antiga que sua vizinha maior e vem dos tempos pré-colombianos, quando era um importante centro religioso. A cidade começou a ganhar importância por volta do ano 700 e foi contemporânea da gloriosa Teotihuacán, sua principal parceira comercial e cultural. Foi nessa época em que se começou a construir o templo que, com o passar dos séculos, se tornaria a maior construção em volume da história da humanidade. Estou falando da famosa Pirâmide de Cholula.

Cholula e suas dezenas de igrejas, mais um Pueblo Mágico no México

Cholula e suas dezenas de igrejas, mais um Pueblo Mágico no México


O tempo foi passando e civilizações foram ficando para trás, como a própria Teotihuacán, enquanto outros as substituíam, como Toltecas e Astecas. Enquanto isso, em Cholula, novos governantes ampliavam o seu templo, em forma piramidal, ou faziam uma totalmente nova, sobre a antiga, quase que engolindo a anterior. Desse modo, o que havia começado de maneira modesta, agora já era uma pirâmide com incríveis 430 metros de lado! Para se ter uma ideia, a grande pirâmide de Quéops, no Egito, tem duzentos metros a menos que isso. A altura dessa construção não era tão impressionante assim, com “apenas” 70 metros, metade de sua similar egípcia, mas o volume resultante é simplesmente fabuloso, superando de longe os “rivais” maias, chineses (eles também tinham pirâmides!), astecas e mesmo os egípcios.

Tecidos a venda em Cholula, no México

Tecidos a venda em Cholula, no México


Em finais do séc. XIII a cidade foi conquistada pelos guerreiros toltecas. A pirâmide parou de crescer, finalmente, já que os toltecas construíram um novo templo, mais apto a receber seus deuses sedentos de sangue. Mas a grande pirâmide de Cholula, assim como toda a cidade, continuou sendo um importante centro religioso e de peregrinação. Tanto é assim que, dois séculos mais tarde, agora já sob domínio asteca, era aqui que os governantes desse poderoso império vinham ser coroados, ou ungidos, pelos deuses.

Em Cholula,socializando com a Roberta, simpática vendedora ambulante (região central do México)

Em Cholula,socializando com a Roberta, simpática vendedora ambulante (região central do México)


Chapolines, os famosos gafanhotos comestíveis mexicanos! )em Cholula, no México)

Chapolines, os famosos gafanhotos comestíveis mexicanos! )em Cholula, no México)


Nesse meio tempo de 200 anos, a grande pirâmide, deixada de lado, passou por uma grande transformação. A vegetação cresceu, escondendo-a sobre terra. A maior construção humana de todos os tempos disfarçou-se de montanha! Ou colina, pela sua altura. Era esse o seu estado quando chegaram por aqui os espanhóis liderados por Cortes.

Em Cholula, no México, experimentando chapolines (gafanhotos crocantes!)

Em Cholula, no México, experimentando chapolines (gafanhotos crocantes!)


A Roberta, vendedora de chapolines e outras iguarias em Cholula, no México

A Roberta, vendedora de chapolines e outras iguarias em Cholula, no México


O mais famoso dos “conquistadores” encontrou em Cholula a segunda maior cidade do Novo Mundo, atrás apenas da capital imperial, Tenochtitlan. Eram cerca de 100 mil habitantes vivendo ao redor da gigantesca pirâmide-montanha e outras centenas de templos pagãos. Cortes foi muito bem recebido na cidade e ainda hoje não se sabe ao certo o que levou ao massacre, pelos espanhóis, de mais de 5 mil indígenas, incluindo aí boa parte dos nobres e sacerdotes de Cholula. Uma versão diz que Cortes se antecipou a uma traição dos índios que estaria por acontecer e outra diz que foi simplesmente um ato deliberado para espalhar o terror e o medo entre os habitantes do Novo Mundo e, principalmente, em seu vacilante imperador, Montezuma.

Francisco, nosso guia nos túneis da pirâmide de Cholula, no México

Francisco, nosso guia nos túneis da pirâmide de Cholula, no México


Bom, qualquer que tenha sido a razão, o massacre deixou a cidade aos seus pés. Cortes ordenou então a destruição de diversos templos e sua substituição por igrejas cristãs. Mas, um dos templos, ele sequer percebeu. Justo o maior deles. Tanto que a montanha foi deixada em paz. Setenta anos mais tarde, já em tempos coloniais, foi construído uma igreja sobre aquela verdejante montanha quase no meio da cidade e, novamente, a pirâmide disfarçada tornou-se um centro de peregrinação, agora cristã.

Percorrendo os túneis da gigantesca pirâmide de Cholula, no México

Percorrendo os túneis da gigantesca pirâmide de Cholula, no México


Interior da pirâmide de Cholula, no México

Interior da pirâmide de Cholula, no México


Mas, mesmo depois de tantas igrejas, os espanhóis acharam por bem fundar uma nova cidade ali do lado, que veio a se tornar Puebla. Sua função era crescer e se sobrepor ao antigo centro religioso pagão, o que realmente aconteceu. Cholula permaneceu pequena e foi praticamente engolida pela vizinha. Mas o turismo trouxe a glória de volta e hoje, nós estávamos entre esses novos “peregrinos”.

A pirâmide que virou uma pequena montanha, em Cholula, no México

A pirâmide que virou uma pequena montanha, em Cholula, no México


As ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México

As ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México


Visitamos primeiro a igreja no topo da colina que, de longe, observamos com incredulidade: “Aquela montanha é uma pirâmide mesmo?”. Pois é, estava difícil acreditar. Lá encima, depois de apreciar a vista da cidade e do Popo e Izta ali do lado (Cholula fica quase aos pés desses vulcões, formando um visual fantástico!), a Ana e a Val pararam em frente a uma barraca onde uma simpática senhora vendia Chapolines, os famosos gafanhotos torrados mexicanos. Não poderia ser melhor o lugar para experimentar essas iguarias, as mesmas que foram servidas aos soldados de Cortes, quando foram bem recebidos na cidade (terá sido esse o motivo da ira espanhola?). De barriga cheia, estávamos prontos para ir ver a pirâmide sob os nossos pés.

As ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México

As ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México


Percorrendo as ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México

Percorrendo as ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México


Uma série de túneis foi escavada por arqueólogos pelo interior dessa construção monumental. Quilômetros de passagens, dos quais percorremos apenas algumas centenas de metros, não deixam dúvida que aquela montanha é mesmo feita pelo homem. O Francisco, nosso simpático guia, nos mostrou várias das etapas construtivas, uma pirâmide sobre a outra, cada uma com suas escadarias, portais e paredes. É mesmo incrível!

Com a Val, em uma das escadarias da pirâmide de Cholula, no México

Com a Val, em uma das escadarias da pirâmide de Cholula, no México


Depois, de volta ao ar puro, ele nos mostrou as seções que já foram expostas novamente à luz do sol. Pátios, altares e escadarias. Um local que foi sagrado por quase 1.000 anos, atraindo milhões de peregrinos ao longo da história. É como visitar o Vaticano ou Meca depois que eles tivessem sido soterrados por meio milênio. Quase pode-se ouvir o burburinho das incontáveis pessoas que passaram por ali, principalmente no meio do pátio com sua acústica perfeita. O Francisco nos demonstrou como o barulho de uma palma ou de uma fala pode ser escutado à perfeição. Imagino como deve ter ecoado os gritos dos milhares massacrados por Cortes sob o fogo dos mosquetes espanhóis...

Praças e igrejas de Cholula, no México

Praças e igrejas de Cholula, no México


Venda de roupas em Cholula, no México

Venda de roupas em Cholula, no México


Depois da pirâmide, fomos passear pelas simpáticas ruas da cidade. Muitas praças, igrejas e botecos. Isso porque Cholula vem se transformando em um centro estudantil, clientela certa para boa comida e cerveja gelada. A gente se refestelou em um deles, atacando pratos típicos pueblanos deliciosos, acompanhados de uma jarra de cerveja para contrabalançar os sabores mais picantes. O boteco estava cheio, estudantes fazendo festa, igualzinho seria em qualquer outro lugar parecido do mundo. Cidades históricas e vida estudantil são mesmo uma combinação perfeita!

Delicioso e movimentado boteco em Cholula, no México

Delicioso e movimentado boteco em Cholula, no México


Almoçando cordeiro em Cholula, no México

Almoçando cordeiro em Cholula, no México


Desse modo, o que era para ter sido uma visita rápida se tornou uma deliciosa tarde de conhecimentos e culinária. A grande viagem teria mesmo de aguardar, mas foi por um ótimo motivo. Mas, em um esforço final, ainda resolvemos aproveitar as duas últimas horas de luz e as primeiras da noite para adiantar um pouco o roteiro de amanhã. No caminho, passamos ao lado do meu agora amigo Pico Orizaba. Foi a chance que a Ana e a Val tiveram de ver essa magnífica montanha de perto. Depois, ainda tivemos tempo de descer do planalto mexicano para a planície costeira, de 3 mil metros de altitude para quase o nível do mar. Deixamos o porto de Vera Cruz para trás com peso na consciência e chegamos a Acayuacan. Quatrocentos quilômetros a menos para viajar amanhã...

Na estrada, passando ao lado do Pico Orizaba, no México

Na estrada, passando ao lado do Pico Orizaba, no México

México, Puebla, Cholula, história, pirâmide

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Huaca de La Luna

Peru, Trujillo

Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru


Bem ao lado de Trujillo (provavelmente embaixo também!) há tesouros arqueológicos inestimáveis. O mais famoso deles, há muito Patrimônio Mundial da Unesco, é a gigantesca cidade de Adobe de Chan Chan. Essa eu conheci há 21 anos atrás e amanhã estará no nosso roteiro. Outro, para mim ainda mais fascinante, são as ruínas da cultura Moche, que antecedeu Chan Chan em muitos séculos.

A Huaca del Sol, que só agora começa a ser escavada e estudada, em Trujillo - Peru

A Huaca del Sol, que só agora começa a ser escavada e estudada, em Trujillo - Peru


Para lá seguimos hoje, seguindo a recomendação do Andreas e da Vania que gostaram muito de lá. A escavação é relativamente recente, tanto que nem existia quando passei por aqui da outra vez. São dois enormes sítios, um ao lado do outro, a Huaca de La Luna, um centro religioso, e a Huaca del Sol, um centro administrativo. Por incrível que pareça, a Huaca del Sol ainda está praticamente intocada, coberta pela terra de séculos e séculos. As visitações não são permitidas e só se pode observá-la de longe. Imagina quantos segredos lá dentro? As escavações devem começar nos próximos meses.

A nossa excelente guia Milagro, que muito nos ensinou sobre a cultura Moche, na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

A nossa excelente guia Milagro, que muito nos ensinou sobre a cultura Moche, na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru


Já a Huaca de La Luna, nessa as escavações andam a todo vapor e as visitações são um verdadeiro show, principalmente com um guia bom como o que tivemos a sorte de ter, a simpática, profissional e inteligente Milagro. Ela nos conduziu através do antigo templo e seus diversos níveis e nos ilustrou sobre a cultura Moche, que floresceu na primeira metade do primeiro milênio da nossa era. Ouviu e respondeu pacientemente nossas perguntas, tanto sobre o assunto que ali visitávamos, como sobre outras antigas culturas peruanas e arqueologia em geral. Uma verdadeira aula!

Placa informativa na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

Placa informativa na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru


O espaço está muito bem organizado, cheio de painéis explicativos, desenhos e diagramas. Pode-se ver arqueólogos trabalhando, além de observar trabalhos de manutenção do sítio. Um dos painéis mostrava o número e a origem dos visitantes. Nós, brasileiros, ainda estamos lá atrás. Como também já disse em outro post, brasileiro vem ao Peru para ver Machu Pichu, mas o país tem muito mais coisa a mostrar, entre tesouros arqueológicos e belezas naturais.

Visita à ruína moche de Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

Visita à ruína moche de Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru


E aqui é um deles! Os moches, de tempos em tempos, provavelmente quando havia alguma mudança de poder, enterravam seu antigo templo e faziam outro encima, um pouco maior. Isso ajudou a preservar os templos antigos e hoje, ao serem desenterrados, mostram suas paredes pintadas ainda com todas as suas cores. Aliás, para mim isso foi inédito aqui no Peru: ver pinturas coloridas, mais vivas do que nunca. Parecem até as tumbas egípcias, mas com deuses diferentes.

Painel representando os sacrifícios humanos realizados na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

Painel representando os sacrifícios humanos realizados na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru


Aliás, o deus principal daqui exigia sacrifícios humanos de tempos em tempos, características de quase todas as culturas pré-colombianas. Aqui, os sacrifícios eram raros, a cada 20 ou 30 anos, ao final de alguma grande seca ou enchente (coisa do El Niño...). O que foi diferente entre os Moches era que os sacrificados, todos homens, eram Moches também. Participavam de algum combate contra os próprios companheiros e, aos perdedores, o sacrifício. Para eles, tudo indica, deveria ser uma honra, tudo para aplacar a ira divina.

Trabalho de conservação na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

Trabalho de conservação na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru


Bom , por aqui ficamos algumas horas, extasiados com a arquiteura, pinturas e histórias do lugar. E também curiosíssimos sobre o que vai aparecer quando escavarem a vizinha Huaca del Sol. Um motivo a mais para voltar daqui a um tempo. Quanto aos moches, entraram em decadência depois do ano 500, mas não demorou muito para que, transfigurados, criassem a cultura Chan Chan ali do lado mesmo, um pouco mais ao norte. Para lá seguimos ainda hoje, mas só tivemos tempo de dar uma olhada no museu. A visita à famosa cidade de Adobe será mesmo amanhã, já a caminho de Mancora, no extremo norte do país.

Um belo, complexo e misterioso painel na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

Um belo, complexo e misterioso painel na Huaca de La Luna, em Trujillo - Peru

Peru, Trujillo, Chan Chan, Huaca de La Luna, Huaca del Sol, Moche, Mochica

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"Here Was Granada"

Nicarágua, Granada

Admirada com os grafites de Granada, na Nicarágua

Admirada com os grafites de Granada, na Nicarágua


No final de dezembro de 2011, por nove dias cruzamos a Nicarágua, de sul a norte, no nosso caminho para os Estados Unidos. Passamos pela capital, estivemos na histórica Leon, exploramos a deliciosa ilha de Ometepe, subimos vulcões e até atravessamos o canyon de Somoto. Foram nove dias memoráveis que nos fizeram escolher o país como um de nossos destinos preferidos na América Central. Mas deixamos para trás, sem conhecer, justamente a mais visitada cidade do país, a joia arquitetônica de Granada. E o fizemos de propósito! Afinal, nosso caminho de volta passaria necessariamente pelo país e tínhamos de deixar algo para nosso retorno.


Viajando de Tegucigalpa à Granada. Na verdade, o google não consegue desenhar o caminho correto, que passou por Dani (em Honduras) e Ocotal (na Nicarágua)

De volta à Nicarágua, região de Granada, lá estão os vulcões e suas formas inconfundíveis!

De volta à Nicarágua, região de Granada, lá estão os vulcões e suas formas inconfundíveis!


Pois bem, o retorno chegou e ontem, vindos de Tegucigalpa, seguimos diretamente para Granada, na costa norte do maior lago da América Central, o mesmo onde está a ilha de Ometepe, o famoso lago Nicarágua. O sol se punha por detrás da silhueta de um vulcão, aquele formato cônico tradicional, coisa que há muito não víamos, mas que nos fez sentir em casa. Estávamos novamente na Nicarágua para, dessa vez, fazer nossas reverências à Granada.

Igreja de Guadalupe, em Granada, na Nicarágua

Igreja de Guadalupe, em Granada, na Nicarágua


Interior da Igreja de Guadalupe, em Granada, na Nicarágua

Interior da Igreja de Guadalupe, em Granada, na Nicarágua


Durante séculos a cidade disputou com León a primazia de ser a cidade mais influente no país, desde o período colonial até o século XIX. A disputa só se acalmou quando, em uma espécie de resolução salomônica, foi decidido construir uma nova cidade, a meio caminho entre as duas, para ser a nova capital do país, a atual Manágua.

O mais belo prédio da Calle La Calzada, em Granada, na Nicarágua

O mais belo prédio da Calle La Calzada, em Granada, na Nicarágua


Prédios no Parque Central, a principal praça de Granada, na Nicarágua

Prédios no Parque Central, a principal praça de Granada, na Nicarágua


Na época da disputa, partidos políticos se formaram, cada um associado a uma das cidades. O Partido Conservador tinha sua base em Granada enquanto o Liberal tinha sua base em León. Na década de 50 do século XIX, os Liberais de León resolveram pedir ajuda ao flibusteiro americano William Walker. O aventureiro americano trouxe para cá seu exército de mercenários e, após algumas batalhas, conquistou a histórica cidade. Depois de dar uma banana para seus antigos aliados de León, Walker proclamou-se líder da nação e fez de Granada a sua capital. Entre suas primeiras medidas como presidente estava e reinstituição da escravidão dos negros e a definição da língua inglesa como a oficial do país.

A vistosa Catedral de Granada, na Nicarágua

A vistosa Catedral de Granada, na Nicarágua


Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua


Walker sonhava alto. Queria governar toda a América Central como um só país e transformá-la em uma república aos moldes dos estados ao sul dos Estados Unidos, que nessa época ainda eram escravocratas. De lá vinha seu apoio, logístico e econômico. Mas os países vizinhos da Nicarágua resolveram se antecipar aos planos de Walker e uniram suas forças para derrotá-lo. Atacado pelo sul e pelo norte e sem o apoio local, o flibusteiro foi perdendo terreno, até refugiar-se apenas em sua capital, Granada. Ao perceber que também ela cairia frente aos exércitos invasores, não teve dúvida: ordenou que a cidade fosse incendiada e, antes de abandoná-la em chamas, ali deixou sua infame mensagem escrita em um cartaz: “Here was Granada” (Aqui Foi Granada), tudo o que encontraram seus perseguidores.

casas colorem as ruas de Granada, na Nicarágua

casas colorem as ruas de Granada, na Nicarágua


Um orgulhoso guarda faz a sua ronda nas ruas de Granada, na Nicarágua

Um orgulhoso guarda faz a sua ronda nas ruas de Granada, na Nicarágua


Alguns anos mais tarde, Walker seria fuzilado em Honduras, quando fazia nova tentativa de se estabelecer na região, enquanto a outrora gloriosa Granada era reconstruída. Foi essa magnífica cidade que conhecemos hoje, com suas ruas de paralelepípedos, suas casas coloridas, suas igrejas coloniais, todos cercados pelo imenso lago ao sul e o grande vulcão a leste, um cenário de tirar o fôlego de qualquer um.

Caminhando pelas ruas coloridas da histórica Granada, na Nicarágua

Caminhando pelas ruas coloridas da histórica Granada, na Nicarágua


Conhecendo a charmosa Granada, na Nicarágua

Conhecendo a charmosa Granada, na Nicarágua


A parte central da cidade é sempre cheia de turistas, seja caminhado em suas ruas, explorando suas igrejas ou bebericando em seus bares. Granada tem uma rua peatonal com vários bares lado a lado, todos com mesas na calçada e que, de noite, são o principal ponto de encontro da cidade. Uma cena agitada que fazia muito que eu não via e que não imaginava encontrar em um país como a Nicarágua. Vivendo e aprendendo, Granada tem uma balada que não deve nada à muita metrópole por aí...

Depois de tanto tempo, o prazer de compartir uma grande garrafa de cerveja, a deliciosa Toña, em Granada, na Nicarágua

Depois de tanto tempo, o prazer de compartir uma grande garrafa de cerveja, a deliciosa Toña, em Granada, na Nicarágua


Outra coisa gostosa que encontramos por aqui foi a Toña. Quem é? Ora... trata-se da principal cerveja do país, muito gostosa por sinal. Mas o melhor: vem também em uma garrafa de litro! Há mais de um ano que só encontramos essas garrafinhas de cerveja individuais pela frente. Não tínhamos percebido a falta que faz uma cerveja para compartir com os amigos! Pois é, aqui encontramos! Saborear uma Toña de litro no calor de fim de tarde foi um prazer incomensurável!

O lago de Nicarágua, o maior da Améica Central, em Granada, na Nicarágua

O lago de Nicarágua, o maior da Améica Central, em Granada, na Nicarágua


Praia do lago Nicarágua, em Granada, na Nicarágua

Praia do lago Nicarágua, em Granada, na Nicarágua


Nós começamos o dia de hoje caminhando até a orla do lago Nicarágua, nosso velho conhecido dos tempos da visita à ilha de Ometepe. Olhamos para ele e só imaginamos os tubarões-touro que frequentam suas águas doces, um fenômeno quase único na natureza. Mesmo como os touros por ali, crianças aproveitam as praias do lago e não tenho notícia de nenhum acidente. As duas espécies coabitam em paz.

Subindo a torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

Subindo a torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua


Uma espuma protege a cabeça dos mais distraídos ao descer a escadaria da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

Uma espuma protege a cabeça dos mais distraídos ao descer a escadaria da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua


Depois do lago, uma longa caminhada pelas ruas históricas, com passagens por diversas igrejas. O ponto alto, literalmente, foi no alto da torre de uma delas. Uma belíssima vista da cidade e seu entorno, seus telhados vermelhos, o lago ao fundo e o imponente vulcão.

A Catedral e o Lago Nicarágua vistos do alto da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

A Catedral e o Lago Nicarágua vistos do alto da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua


Os telhados da cidade e o vulcão ao fundo, vistos do alto da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

Os telhados da cidade e o vulcão ao fundo, vistos do alto da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua


Realmente, bastaram 40 horas na cidade, duas noites agradáveis adocicadas pela Toña e um dia inteiro de caminhadas e explorações para entender o porquê da cidade ser o principal destino turístico no país. Sinto muito, William Walker, mas a sua frase não faz o menor sentido. Granada está mais presente do que nunca!

A Catedral e o Lago Nicarágua vistos do alto da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

A Catedral e o Lago Nicarágua vistos do alto da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua



Em uma incrível e emocionante coincidência, uma nuvem desenha o mapa das Américas nos ceús de Granada, na Nicarágua. Espetacular!

Em uma incrível e emocionante coincidência, uma nuvem desenha o mapa das Américas nos ceús de Granada, na Nicarágua. Espetacular!


P.S Levaremos de Granada uma lembrança inesquecível: enquanto compartíamos uma Toña, a Ana percebeu nos céus da cidade um verdadeiro e auspicioso milagre! Lá estava uma nuvem com o formato perfeito da América, o continente que temos viajado esses últimos 3 anos. Groelândia, Alasca, América do Sul, estavam todos lá! Incrível!!! Não poderíamos nos sentir mais homenageados e inspirados. Granada, São Pedro ou o acaso, ADORAMOS!

Visita ao alto da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

Visita ao alto da torre da Igreja La Merced, em Granada, na Nicarágua

Nicarágua, Granada, história

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Homenagem ao Meteoro

México, Holbox

Salinas e região de flamingos no litoral norte do Yucatán, no México

Salinas e região de flamingos no litoral norte do Yucatán, no México


Após um último e sadio café da manhã nas nossas amigas argentinas, ainda em Holbox, seguimos a todo o vapor para o píer da ilha de onde partem os barcos para o continente. Se perdêssemos o barco das dez, só daí a duas horas. Como tantas outras vezes nessa viagem, chegamos no minuto certo, embarcamos e deixamos o paraíso para trás. Foi só colocar o pé no barco que começamos a sentir saudades dessa linda ilha onde passamos quatro memoráveis dias. Teremos de voltar algum dia, dessa vez na temporada dos tubarões-baleia, para ter a chance de nadar com esses gigantes gentis.

Em Chiquila, taxistas em seus triciclos aguardam os turistas que retornam da ilha de Holbox, no norte do Yucatán, no México

Em Chiquila, taxistas em seus triciclos aguardam os turistas que retornam da ilha de Holbox, no norte do Yucatán, no México


Chegamos ao porto de Chiquila, onde uma fila de táxis triciclos aguardava, ansiosamente, o barco com seus fregueses potenciais. Não era o nosso caso, já que nossa fiel Fiona nos esperava a apenas um quarteirão dali. Já a bordo da nossa querida amiga, começamos o trecho rodoviário da nossa viagem de hoje, atravessando boa parte do norte do Yucatán, em direção ao oeste, à cidade de Mérida. Pois é, voltamos ao ponto inicial da nossa viagem por essa península, para fazer tudo aquilo que deixamos para trás, na pressa de chegar logo ao litoral.

Indo conhecer a 'árvore sagrada dos mayas', em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México

Indo conhecer a "árvore sagrada dos mayas", em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México


A primeira parada foi a poucos quilômetros ao sul de Chiquila, em um local com árvores centenárias, que já faziam sombra no tempo em que a civilização maya florescia na região, antes da chegada dos espanhóis. Tínhamos visto o cartaz anunciando a “Arbol Sagrada de Los Mayas” ainda antes de embarcarmos para Holbox, há 5 dias, o que tinha atiçado nossa curiosidade. Aí, por coincidência, na nossa primeira noite na ilha, aquela do carnaval agitado, a Ana fez amizade com uma artista plástica da Croácia, que viajou pelo mundo inteiro e veio construir seu estúdio e casa justamente aqui, embaixo dessa árvore. Ela nos convidou para passar por lá e assim estávamos fazendo.

Venerável árvore que já era grande des a época em que a civilização maya floescia na península do yucatán (em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México)

Venerável árvore que já era grande des a época em que a civilização maya floescia na península do yucatán (em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México)


As árvores são ceibas, de troncos bem largos, a mais velha com cerca de 800 anos de idade. Lindas! Estão na propriedade de um simpático senhor que, além dessas árvores, ainda possui várias outras, como a “seringueira” do Yucatán, além de uma bela coleção de orquídeas e bromélias. Enfim, um verdadeiro jardim botânico. Tudo muito simples, mas as flores são lindas e a tal “seringueira”, na verdade o sapote, já procurávamos faz tempo. Mas, ao contrário de sua prima brasileira, cujo “suco” era usado como matéria-prima para a borracha, o suco da árvore mexicana tinha fins mais “doces”. Era usado para fazer chiclete! No final do século XIX e início do XX, foram feitas fortunas por aqui, tudo por causa da popular goma de mascar. A maior produtora era a gigante Adams!

Venerável árvore que já era grande des a época em que a civilização maya floescia na península do yucatán (em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México)

Venerável árvore que já era grande des a época em que a civilização maya floescia na península do yucatán (em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México)


Mas, o que mais chama a atenção mesmo são as árvores gigantes. Só de pensar que naquela mesma sobra descansavam guerreiros e sacerdotes mayas, já é emocionante! Essas árvores centenárias e milenares tem o poder de atravessar gerações e mesmo, civilizações. São um elo direto entre nós e nossos bisavós, entre nós e povos que nem mais existem. Algumas, já estavam aqui quando os egípcios construíam suas pirâmides. Outras, as oliveiras naquela colina em Jerusalém, testemunharam a última ceia de Jesus. E essas aqui, bem na nossa frente, davam guarida para os mayas. Lindas!!!

Coleção de flores no terreno da árvore sagrada dos mayas, em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México

Coleção de flores no terreno da árvore sagrada dos mayas, em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México


Coleção de flores no terreno da árvore sagrada dos mayas, em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México

Coleção de flores no terreno da árvore sagrada dos mayas, em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México


É claro que, depois da nossa visita e homenagem às árvores, fomos ver nossa amiga croata. Cheia de histórias de suas viagens pelo mundo. Conversa interessantíssima. Sempre viaja à Europa, mas seu lar é aqui, quase embaixo das sagradas e inspiradoras árvores centenárias. Muito joia. Aproveitamos para ouvir cuidadosamente suas indicações sobre o caminho a seguir até Mérida. Nada de autoestrada! Deveríamos seguir pelo litoral, numa rota muito mais bonita.

Casa e ateliê da artista plástica europeia que veio morar embaixo da árvore sagrada dos mayas, em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México

Casa e ateliê da artista plástica europeia que veio morar embaixo da árvore sagrada dos mayas, em Chiquila, costa norte do Yucatán, no México


Pois assim fizemos! Cruzando pequenas vilas e regiões raramente visitadas no Yucatán, chegamos ao litoral banhado pelas agitadas e escuras águas do Golfo do México. Um vento que quase não para, um visual completamente diferente do que temos visto ultimamente. Muito interessante.

O agitado mar do Golfo do México, no litoral norte do Yucatán, no México

O agitado mar do Golfo do México, no litoral norte do Yucatán, no México


Mais para frente, região de salinas e flamingos. Lagos avermelhados pelo mineral, pássaros avermelhados pela dieta. Região bonita e selvagem. Mas os flamingos, não vimos, nem do alto da torre de observação, construída exatamente para encontrá-los. Mas não era a hora certa. Eles se reúnem por ali no fim de tarde, estávamos cedo demais para eles... Tivemos de nos contentar com as salinas e lagos, sem os pássaros. Pelo menos, sem os flamingos, pois garças haviam de monte.

Salinas e região de flamingos no litoral norte do Yucatán, no México

Salinas e região de flamingos no litoral norte do Yucatán, no México


Mas havia uma outra coisa por ali que não víamos também, infinitamente maior que os formosos flamingos. Falo de uma cratera, a mais importante delas para a história da humanidade e de todo o planeta, pelo menos nós últimos 100 milhões de anos. O nome dela? Chicxulub.

Salinas e região de flamingos no litoral norte do Yucatán, no México

Salinas e região de flamingos no litoral norte do Yucatán, no México


Há 65,5 milhões de anos, um meteoro com cerda de 10 km de diâmetro chocou-se violentamente com a Terra, justamente aqui, no norte do Yucatán. O resultado “geográfico” da colisão foi uma cratera com cerca de 180 km de diâmetro. Após tantos milhões de anos, a cratera foi totalmente coberta por sedimentos, pela vegetação e pela água do mar, na sua porção norte. E como sabemos que está aqui, então? Elementar, meu caro Watson! Pela anomalia gravitacional que ela ainda gera! O enorme impacto compactou o solo da região, fazendo que toda a área seja mais “pesada”. Até nós pesamos mais por aqui, pois a gravidade é mais forte nessa região. Não temos sensibilidade para sentir essa diferença, pois ela é extremamente sutil para nós. Mas não para os satélites que passam por aqui, com seus instrumentos super calibrados. Sentem na hora e conseguem apontar toda a extensão da cratera. E para confirmar isso, cientistas encontraram por aqui um elemento químico, o iridium, que quase não é encontrado na Terra, mas é bem comum em meteoros. Quando são encontrados em maiores quantidades, é um forte indicativo de “trombada” cósmica.


Nosso caminho pelo norte do Yucatán, onde caiu o meteoro que extinguiu os dinossauros

Bom, só falei do efeito “geográfico”, mas tem outro muito mais importante para nós, seres humanos, pertencentes da classe dos mamíferos. Quando o meteoro caiu, quem dominava o planeta há 150 milhões de anos eram os dinossauros. E não é porque os mamíferos não fizessem concorrência. Pelo contrário! Nós já estávamos aqui há 100 milhões de anos! E nesse tempo todo, nunca tínhamos deixado de ser pequenos roedores. Ratos! Comedores de insetos e carniça deixada para trás pelos dinossauros. Nada parecia indicar que a situação fosse mudar. Até que essa pedra caiu dos céus, causando um cataclisma global e intensas mudanças climáticas que, ao final, parecem ter sido a principal causa da extinção dos dinossauros. Sem eles, ficou mais fácil. Alguns poucos milhões de anos depois e os ratos já tinham se diversificado: mamutes, baleias, tigres, lobos e macacos perambulavam pelo planeta. Mais um pulinho e éramos nós. Graças à Chicxulub!

A cratera de Chicxulub, no norte do Yucatán, no México. Este impacto teria sido a principal causa da extinção dos dinossauros

A cratera de Chicxulub, no norte do Yucatán, no México. Este impacto teria sido a principal causa da extinção dos dinossauros


Então, hoje, viemos prestar nossa singela homenagem a essa cratera que não se vê e mal se sente, mas que está aqui. A prova disso é simplesmente o fato de existirmos, de sermos nós a viajar pelo Yucatán, hoje, e não um simpático casal de triceratóps. Há maus que vem para bem. Pior para os dinossauros...

O agitado mar do Golfo do México, no litoral norte do Yucatán, no México

O agitado mar do Golfo do México, no litoral norte do Yucatán, no México

México, Holbox, dinossauros, meteoro, Yucatán

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Turismo em Bonito

Brasil, Mato Grosso Do Sul, Bonito

Início de flutuação no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Início de flutuação no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Já tínhamos feito dois dos mais incríveis programas de Bonito, o Abismo de Anhumas e a Lagoa Misteriosa, mas isso era apenas uma pequena amostra entre tantas coisas para se ver e fazer na cidade e cercanias. Desde a década de 80, quando o turismo começou a se desenvolver na cidade, Bonito se transformou em um dos principais polos de turismo ecológico no país e, certamente, o mais organizado entre eles. São dezenas de opções entre cavernas, cachoeiras, rios e lagos de águas transparentes ou uma combinação de tudo isso junto e ao mesmo tempo!

Já de coletes, esperando a hora da flutuação no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Já de coletes, esperando a hora da flutuação no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


O turismo na região começou com a Gruta Azul, já há muitas décadas, mas foi só na década de 80 que outras atrações começaram a ser “descobertas” e exploradas. Naquela época, aqueles que por aqui se aventuravam ainda tinham o prazer de chegar a lugares maravilhosos e vazios, caminhar por rios a procura de novas cachoeiras ou entrar em fazendas onde se dizia haver rios de águas cristalinas ou grutas inexploradas. Mas a notícia desse lugar paradisíaco foi se espalhando pelo Brasil afora, de boca em boca e, logo depois, já eram dezenas de turistas que chegavam por aqui.

Alguns turistas aprendem na piscina como fazer flutuação, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Alguns turistas aprendem na piscina como fazer flutuação, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Empreendedores locais e outros que vieram para se estabelecer logo perceberam a mina de ouro que tinham em mãos. Enquanto as belezas de Bonito eram propagandeadas a quatro ventos, tratou-se também de se organizar o acesso às diversas atrações. Criou-se o Parque Nacional e as fazendas deixaram de permitir o acesso a pessoas que viessem de forma independente. Agora, só acompanhado de guias e, mais tarde, só através de agências. O número cada vez maior de visitantes pedia uma organização cada vez mais estrita e restrita. Afinal, o lago, a cachoeira ou a caverna não comportaria centenas de pessoas ao mesmo tempo. Limites e ordem tinham de ser impostos. Para o bem da natureza, para o bem do capitalismo e das finanças da cidade e para que todos tivessem sua chance. Investimentos foram feitos, uma infraestrutura foi criada para facilitar o acesso e as belezas foram “democratizadas”.

Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Muitos peixes no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Muitos peixes no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Essa é minha terceira vez em Bonito. Estive aqui há dez anos e há vinte anos. A diferença do turismo salta aos olhos. Tanto no número de turistas e agências como no número de regras do que se pode e o que não se pode fazer. Para viajantes pretensamente mais “descolados”, o nível de aventura diminuiu quase a zero, mas para as pessoas “normais”, abriram-se as portas do paraíso. Eu cheguei aqui pela primeira vez já alguns anos depois da “descoberta”, quando o turismo e as regras começavam a se implantar e ainda tive chance de fazer algumas coisas sem guias e sossegado. Mas em 2000 já não havia como fugir das agências. Mesmo assim, ainda lembro de ter feito umas flutuações com tranquilidade.

Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Agora em 2013, mesmo já antecipando o que nos esperava, confesso que me surpreendi. As atrações mais populares (Gruta Azul e flutuações) recebem grupos de turistas em série, com horários pré-determinados. Muitas vezes, esses passeios devem ser reservados com dias ou até semanas de antecipação! Cada grupo tem um número máximo de pessoas e um tempo determinado para o passeio. Depois, tem de abrir espaço para o próximo grupo. As fazendas onde estão as atrações já oferecem o equipamento necessário e muitas vezes tornado obrigatório (como coletes para flutuação) e também almoços no estilo buffet. Tudo incluído já no voucher comprado na agência. As agências tem seus computadores interligados para saber se ainda há espaço nos grupos e horários. Parece até a Disney World...

Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Enfim, a gente já tinha feito o que mais queríamos fazer e agora, partimos para as atrações mais populares. Conseguimos marcar o passeio da Gruta Azul para amanhã cedo e queríamos fazer a flutuação hoje de tarde. Tanto eu como a Ana já conhecíamos as flutuações mais famosas da cidade, no Rio da Prata e no Rio Sucuri e, na nossa modesta opinião, a melhor é a da Prata. Mas, decepção nossa, ela já estava lotadaça para hoje, apesar de estarmos tentando marcá-la já há alguns dias. Resolvemos, então, tentar uma terceira opção: flutuação no Aquário Natural e rio Baia Bonita.

Caminhada para a área de flutuação no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Caminhada para a área de flutuação no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Assim, depois do mergulho na Lagoa Misteriosa, só pudemos observar as pessoas se equiparem para o Rio Da prata, que é no mesmo complexo. Seguimos de carro para o Aquário Natural e almoçamos ali mesmo (voucher comprado na agência). Depois, chegou a nossa guia e o resto do grupo. Ganhamos nossos coletes snorkel e fomos para a piscina, onde a guia ensinou como deve ser feita a flutuação. Felizmente, pudemos optar por só observar de longe... Em seguida, em fila indiana, caminhamos até o local onde se inicia a prática. Mais uma palestra sobre como se portar no rio e entramos todos nas águas transparentes do Baía Bonita. Aí, outra vez em fila indiana, fomos descendo o rio e observando os peixes que também nos observam, mais um grupo de turistas a cruzar seu habitat.

Grupo de catetos de alimenta em área do Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Grupo de catetos de alimenta em área do Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Como quase tudo em Bonito, foi muito bonito, é inegável. A gente fica com um pouco de saudade de algumas décadas atrás, quando os peixes daquele rio ainda não conheciam turistas. Mas, é forçoso reconhecer, para que todos possam ter esse prazer de flutuar num rio tão bonito, é preciso organizar as coisas. Assim foi feito. Perde-se em charme, ganha-se em segurança. É o tênue equilíbrio entre a civilização e a natureza, tentando coexistir em um mesmo lugar.

Uma capivara e uma anta dividem o mesmo espaço no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Uma capivara e uma anta dividem o mesmo espaço no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul


Ao final da flutuação, ainda tivemos a chance de nos divertir em uma pequena tirolesa que nos jogava em um lago ladeado de cachoeiras e depois, na trilha de volta, ainda passamos por um pequeno zoológico. Na verdade, os bichos estão soltos, mas eles sabem muito bem aonde lhes é colocado o alimento, para a alegria dos turistas que podem fotografá-los sem ter de se embrenhar na floresta. Fizemos então a nossa flutuação, programa OBRIGATÓRIO para quem visita Bonito, mas continuamos com a impressão que o Rio da Prata é a melhor opção. Desde que seja reservado com antecedência! E amanhã é a vez da Gruta Azul...

Anta se alimenta em área no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Anta se alimenta em área no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul

Brasil, Mato Grosso Do Sul, Bonito,

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Diz aí se você gostou, diz!

Aniversário de 50.000 km

Argentina, Salta

O enorme campo de sal em Salinas Grandes, na rota do Paso de Jama - Argentina

O enorme campo de sal em Salinas Grandes, na rota do Paso de Jama - Argentina


Hoje levamos a Fiona para sua primeira revisão fora do Brasil. Está fazendo 50 mil quilômetros de idade! Já é uma senhora, hehehe!

Fiona atravessa rio no P.N Nascentes do Parnaíba, município de São Félix do Tocantins, região do Jalapão - TO

Fiona atravessa rio no P.N Nascentes do Parnaíba, município de São Félix do Tocantins, região do Jalapão - TO


Uma senhora bem aventureira, diga-se de passagem. Já enfrentou rios e lagos, estradas de terra, barro, areia e asfalto de todas as qualidades. Esteve no alto de montanhas e dunas, na boca de cavernas e cachoeiras, em apertadas ruas de cidades históricas. Seu "passaporte" já tem carimbos de 7 países que falam português, espanhol, francês, inglês e holandês. Nada mal para essa jovem senhora.

Caminho do Céu, próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG

Caminho do Céu, próximo à Delfinópolis na região da Serra da Canastra - MG


Fiona enfrenta as duras estradas do Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí

Fiona enfrenta as duras estradas do Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí


As cidades que efetuamos as revisões periódicas a cada 10 mil km dão uma boa idéia de onde ela tem andado. Comprada em Curitiba, a revisão dos 10 mil foi em Belo Horizonte (MG), a dos 20 mil em Feira de Santana (BA), a dos 30 mil em Boa Vista (AP) e a dos 40 mil em Rio Verde (GO) e agora aqui em Salta, Argentina. Além disso, ainda teve um alinhamento/balanceamento em Olinda (PE), pois não conseguimos fazer em Feira de Santana.

Longas praias desertas no caminho entre a praia do Sagi e a Praia da Pipa - RN, antes de chegar à Baía Formosa

Longas praias desertas no caminho entre a praia do Sagi e a Praia da Pipa - RN, antes de chegar à Baía Formosa


Filhotes de gato abrigados sob a Fiona, após passeio no Delta do Parnaíba, na fronteira dos estados do Piauí e Maranhão

Filhotes de gato abrigados sob a Fiona, após passeio no Delta do Parnaíba, na fronteira dos estados do Piauí e Maranhão


Por enquanto, os únicos problemas foram dois pneus furados, um no Vale do Ribeira (SP) e outro na Serra das Confusões (PI). E teve também a luz do óleo que não apagava, resolvido com a troca do filtro, em Caxias (RS). De resto, ela sempre foi um porto seguro para nós, uma espécie de bolha de conforto enfrentando o calor do sertão nordestino, algum engarrafamento em São Paulo ou o frio do altiplano boliviano.

Nossa travessia de balsa entre Oiapoque, no Brasil e Saint Georges, na Guiana Francesa

Nossa travessia de balsa entre Oiapoque, no Brasil e Saint Georges, na Guiana Francesa


O feliz reencontro com a Fiona no nosso hotel em Paramaribo - Suriname

O feliz reencontro com a Fiona no nosso hotel em Paramaribo - Suriname


Sua tração 4x4 nos levou à lugares e estradas remotos, totalmente inatingíveis com carros de passeio. Certamente, a maior aventura foi cruzar do sul do Maranhão para o Jalapão, literalmete pelo meio do mato. Mas houve outras aventuras também como cruzar a Serra das Confusões e, mais recentemente, enfrentar altitudes de quase 4.500 metros. A última de todas, alguns dias atrás, foi enfrentar a neve na Quebrada de Humahuaca.

Pra vencer essa rampa, foi preciso ajuda do guincho, no P.N. Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão

Pra vencer essa rampa, foi preciso ajuda do guincho, no P.N. Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão


Atravessando a bucólica fronteira entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no caminho entre as cidades mais frias do país

Atravessando a bucólica fronteira entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no caminho entre as cidades mais frias do país


Enfim, a nossa querida companheira está mais firme do que nunca, pronta para mais 50 mil km, levando-nos até o Alaska e depois, de volta, até a Terra do Fogo. Vamos que vamos, Fiona!

Montanhas coloridas no caminho para San Antonio de Los Cobres - Argentina

Montanhas coloridas no caminho para San Antonio de Los Cobres - Argentina



P.S Em tempo, correu tudo bem na revisão aqui em Salta. De observação, apenas os freios bem sujos. Não é para menos... temos pego cada estrada por aqui! Mas já está tudo limpinho agora. O alinhamento/balanceamento é que ficou para depois de amanhã, em loja especializada. Antes disso, amanhã, a Fiona nos promete levar com todo o conforto para os 4.200 metros de altitude, em San Antonio de Los Cobres

Fiona pronta para partir

Fiona pronta para partir

Argentina, Salta,

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