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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A Ana admira um glorioso pôr-do-sol logo na nossa chegada ao Uruguai, na cidade de Paysandú
Cruzar a ponte General Artigas no final da tarde de ontem não significou apenas mais uma ponte no caminho da Fiona. E nem passar da Argentina para o pequeno país vizinho sobre o caudaloso rio Uruguai significou unicamente mais uma fronteira na rota dos 1000dias. Nada disso! Nós estávamos entrando simplesmente no último e único país das Américas onde ainda não havíamos estado nessa longa jornada pelo Novo Mundo. Finalmente, após cerca de 150 fronteiras cruzadas e 60 países, ilhas ou territórios viajados, chegamos ao Uruguai, país vizinho ao Brasil, relativamente próximo ao nosso ponto de partida, Curitiba, mas que nos custou 170 mil quilômetros e quase quatro anos para aqui chegar.
A ponte que cruza o rio Uruguay e une a Argentina ao Uruguai, na cidade de Paysandú
A ponte que cruza o rio Uruguay e une a Argentina ao Uruguai, na cidade de Paysandú
Nem preciso dizer o quão emocionados estávamos. Um misto de grande felicidade e tristeza ao mesmo tempo. Felicidade pela quantidade de lugares que conhecemos nesses últimos anos, todos com muita saúde e segurança. Tristeza por estarmos tão perto do fim. Pois é, até 1.000 dias, que acabaram virando algo perto de 1.400 dias, também acabam. E chegar ao último país do roteiro é um marco claro de que estamos quase lá. Depois do Uruguai, voltamos em definitivo para o Brasil. Ali, felizmente, ainda temos uns quarenta dias de explorações nos estados do sul, principalmente o glorioso litoral de Santa Catarina, por onde não passamos até agora. Isso sem falar das capitais estaduais restantes na nossa “coleção”, Porto Alegre e Florianópolis.
Cruzando a ponte General Artigas, sobre o rio Uruguay, unindo a Argentina (lado direito) ao Uruguai (lado esquerdo), na cidade de Paysandú
Chegando a Paysandú, no Uruguai, o último país dos 1000dias
O Uruguai vai ser mesmo um lugar especial na nossa viagem. Além de ser o último país da lista, vamos viajar por ele muito bem acompanhados. Amanhã chegam aqui meus pais, que finalmente resolveram nos conceder a honra de sua companhia e experiência. Vamos pegá-los no aeroporto de Montevideo e, com eles, por quase duas semanas, explorar esse pequeno país, principalmente o seu litoral e capital, mas também com alguma incursão rápida ao interior. Depois, seguem conosco para o Rio Grande do Sul, de onde embarcam de volta para sua casa no interior de São Paulo. Vínhamos brigando por essa “visita” desde o início da viagem e, finalmente, no final do segundo tempo da prorrogação, conseguimos! Vai ser joia!
O Uruguai fica encravado entre os dois gigantes do continente, Brasil e Argentina
Mapa do Uruguai e suas principais cidades. Nós entramos pelo oeste, na cidade de Paysandú. Daí seguimos para Carmelo. Colonia do Sacramento e a capital Montevideo. Em seguida, vamos explorar o litoral, onde estão cidades como Punta del Este e La Paloma
Com apenas 176 mil km2, o Uruguai só é maior do que o Suriname na América do Sul, se não contarmos a Guiana Francesa e as Malvinas, que nem países são. É menor que a maioria dos estados brasileiros, incluindo aí o nosso estado Paraná. Ao mesmo tempo, fica encrustado entre os dois gigantes geográficos do continente, Brasil e Argentina, quase como se fosse um estado-tampão. Aliás, era essa a acusação feita pelos esquerdistas de antigamente, de que o Uruguai era apenas uma invenção da Inglaterra, a potência imperialista do século XIX, para servir de buffer entre os grandes da região para evitar que eles se desenvolvessem e se tornassem uma ameaça à própria Inglaterra. Versão simplista e simplória dos processos históricos e que não dá valor aos próprios uruguaios na formação de seu país.
Uruguiaos aproveitam o maravilhoso entardecer às margens do rio Uruguay, em um parque na cidade de Paysandú
Em Paysandú, no Uruguai, garoto observa a ponte General Artigas, que liga o país à Argentina, do outro lado do rio uUuguay
Ainda vou falar mais da história do Uruguai, principalmente quando passarmos em Colonia del Sacramento, mas vai aqui um breve resumo. Os índios que aqui habitavam quando os espanhóis e portugueses começaram a ocupar a América eram os valentes e pouco amistosos Charrúas. Sua belicosidade e a ausência de ouro na região fizeram com que as terras do atual Uruguai fossem deixadas em paz por mais de um século desde a chegada de Colombo e Cabral. Foi apenas no início do séc. XVII que os primeiros colonizadores começaram a trazer para cá seus rebanhos de gado, aproveitando os ricos pastos que ocupavam as planícies da região. Nessa época, os Charrúas já haviam se acostumado à presença europeia e já não mais opuseram resistência. Desde então, a criação de gado em grandes estâncias se tornou a principal atividade econômica do país.
O Uruguai nos recepciona na cidade de Paysandú com um pôr-do-sol espetacular no rio Uruguay, que faz fronteira com a Argentina
O Uruguai nos recepciona na cidade de Paysandú com um pôr-do-sol espetacular no rio Uruguay, que faz fronteira com a Argentina
O próximo impulso econômico e populacional foi o contrabando. A política espanhola era a de canalizar todas as importações e exportações de seus domínios na América do Sul pelo Peru. Isso significava um enorme custo para os habitantes de Buenos Aires. Para comprar tecidos, eles teriam de fazer a longa jornada por terra desde Lima. Para exportar carne e matérias-primas, o mesmo longo roteiro. Dessa estupidez econômica para o contrabando, foi um pulo. E os portugueses viram aí um grande filão e se apressaram em fundar uma cidade quase em frente à Buenos Aires, mas do outro lado do rio, para levar e trazer mercadorias para a cidade espanhola. Nascia Colonia del Sacramento, o primeiro povoado importante em terras uruguaias. Nosso pequeno país vizinho nasceu falando português! Percebendo o perigo e a bobagem, os espanhóis apressaram-se a criar um forte do lado de cá do Rio da Prata também. Foi a origem a futura capital, Montevideo. Ao mesmo tempo, passaram a permitir que Buenos Aires negociasse diretamente com a Europa, minando a força econômica da pujante cidade portuguesa. Por fim, trataram de conquistá-la militarmente. Mas a cidade e os portugueses resistiram e, ao longo das próximas décadas, por diversas vezes ela mudou de mãos. Foi quando vieram as guerras napoleônicas na Europa e a Inglaterra, em guerra com a Espanha aliada dos franceses, tentou ocupar Buenos Aires, mas acabou ficando apenas com Montevideo. Sim, os esquerdistas de antigamente não estavam totalmente equivocados, os súditos de Sua Majestade realmente estiveram por aqui!
Uruguiaos aproveitam o maravilhoso entardecer às margens do rio Uruguay, na cidade de Paysandú
Uruguiaos aproveitam o maravilhoso entardecer às margens do rio Uruguay, na cidade de Paysandú
O Uruguai nos recepciona na cidade de Paysandú com um pôr-do-sol espetacular no rio Uruguay, que faz fronteira com a Argentina
Outra consequência das Guerras Napoleônicas foi todo o processo de independência das antigas colônias espanholas na América do Sul. No Uruguai, o maior líder desse processo foi o general Artigas, aquele que dá nome à ponte que atravessamos para chegar ao país. Ele venceu e expulsou os espanhóis daqui, mas acabou por entrar em conflito com outras lideranças argentinas. Os portugueses, que ainda controlavam o Brasil, aproveitaram a confusão para ocupar a pequena nação que mal acabava de nascer. O General Artigas se exilou no Paraguai e nunca mais conseguiu retornar à sua terra natal. Anos depois, foi a vez de brasileiros expulsarem os portugueses e acabarem herdando o controle do Uruguai, então conhecido como Província Cisplatina. Mas esse controle não durou muito. Com a ajuda dos argentinos e ainda no reinado de D. Pedro I, os uruguaios conseguiram novamente sua independência, pero no mucho. Pela próxima metade de século, o país sofreria diversas intervenções de seus países vizinhos, hora do Império do Brasil, hora da Argentina, algumas vezes aliados aos Blancos, outras aos Colorados, as duas facções políticas que dominariam a política local até a virada do séc. XXI.
A Ana observa as cores incríveis do pôr-do-sol nas águas do rio Uruguay, na cidade de Paysandú, no Uruguai
Um fantástico entardecer nas águas do rio Uruguay, em Paysandú, no Uruguai
Hoje o Uruguai é um país com uma população de 3,3 milhões, dos quais cerca de 2 milhões vivem na região metropolitana de Montevideo, a capital. As outras grandes cidades, pelo menos para padrões uruguaios, estão na margem do rio da Prata, na parte ocidental de país. Uma delas é Salto, com 100 mil habitantes, e a outra é Paysandú, com 75 mil habitantes. Foi nessa última cidade que entramos no país, no fim da tarde de ontem. Aí fizemos nossos papéis, logo após cruzarmos a ponte General Artigas e rapidamente estávamos dirigindo ao lado do rio Uruguay, que dá nome ao país e quer dizer “rio dos pássaros”.
O clube mais tradicional da cidade de Paysandú, no Uruguai
A confeitaria que inventou o chajá, sobremesa típica de Paysandú, no Uruguai
Nós nem conseguimos chegar ao centro da cidade, pois o entardecer estava tão espetacular que tivemos de parar para admirar aquilo. O sol se punha do outro lado do rio (na Argentina!) e as cores avermelhadas e alaranjadas eram refletidas no rio, quase nos hipnotizando. Não é a toa que muita gente de Paysandú vem passar esses momentos no parque que foi criado às margens do rio. Famílias caminhando, pescando, namorando ou simplesmente reverenciando aquela cena maravilhosa. Assim fizemos também, nossas boas vindas ao país, começando com o pé direito com um dos mais belos pores do sol dos 1000dias.
A deliciosa cerveja Patricia, a mais popular do Uruguai, na cidade de Paysandú
A Ana bem feliz com uma legítima Patricia nas mãos, na cidade de Paysandú, no Uruguai
Depois do espetáculo, fomos achar um hotel para ficar, no centro. Os primeiros momentos em um novo país são sempre interessantes, a gente sentindo como é esse novo ambiente. A última vez que havíamos entrado em um novo país nos 1000dias havia sido nas Falkland, mas, como já disse, essas ilhas não são propriamente um país. Então, a última vez havia sido na Venezuela, no finalzinho de Maio de 2013, há mais de 8 meses. Acho que nunca tínhamos ficado tanto tempo assim sem entrar em um novo país desde que começamos a viajar. Então, estávamos bem “fora de forma” para isso, hehehe.
A gostosa praça central de Paysandú, no Uruguai
A vistosa igreja na praça central de Paysandú, no Uruguai
A vistosa igreja na praça central de Paysandú, no Uruguai
Lá fomos nós, testar o trânsito, as ruas, caixas eletrônicos, comida, sotaque, cervejas (aqui é a terra da deliciosa Patricia!). Aos poucos, vamos nos ambientando. Não demorou muito para descobrirmos uma das “estrelas” da cidade, com fama nacional. É uma sobremesa, criada aqui há várias décadas e que ganhou o país. Chama-se “Chajá” (pronuncia-se “tcha-rrá”). É um bolo de merengue, pêssego, doce de leite e muito creme. Não conseguimos encontrá-lo de noite e deixamos para a manhã de hoje.
Homenagem a um general vitorioso em batalhas contra tropas invasoras brasileiras, na praça central de Paysandú, no Uruguai
Arte nas ruas de Paysandú, no Uruguai
Pois é... acordamos no novo e último país, agora já nos sentindo em casa depois do pôr-do-sol e do passeio da noite. Fomos caminhar pela cidade, dessa vez com a luz do dia, e terminamos na bela e arborizada praça central, onde estão a igreja e o museu. No centro da praça, uma estátua em homenagem a um herói local e nacional. Ele liderou as forças uruguaias em Paysandú contra um feroz cerco militar liderado por forças brasileiras em 1862. Depois de valente resistência, acabou sucumbindo. Por aqui, temos de nos acostumar a ver os brasileiros como forças imperialistas e os bandidos da história.
Chajá, a sobremesa típica de Paysandú, muito famosa em todo o Uruguai
Chajá, quase um patrimônio uruguaio, sobremesa inventada na cidade de Paysandú
Depois, antes de pegarmos estrada novamente e seguirmos para o sul do país, passamos na confeitaria onde foi inventado o Chajá e nos abastecemos. Vamos encontrar a guloseima em outras cidades do Uruguai, mas só aqui ela é a “original” e não podíamos perder a oportunidade. Assim, depois de adoçarmos a boca e a alma, estávamos mais do que prontos para iniciar a exploração de mais um país, o último dos 1000dias.
O nosso primeiro chajá, sobremesa típica de Paysandú e de todo o Uruguai
O nosso primeiro chajá, sobremesa típica de Paysandú e de todo o Uruguai
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