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Tínhamos um longo dia pela frente hoje. Não que a distância fosse gran...
Castro é a terceira mais antiga cidade do Chile. Fundada em 1576 no cont...
Bem ao lado de Trujillo (provavelmente embaixo também!) há tesouros arq...
Pedro (07/04)
Lodi, aguardo contato. Espero que vc esteja chegando em Vegas. Um abraço...
Lina (05/04)
IVAN CARLOS (05/04)
Olá, amei observar e analisar casa imagem, texto ou comentário, amo faz...
Lurdes (04/04)
Oi Ana e Rodrigo,vejo que está tudo bem,lindas fotos,a àrvore é magn...
Fabio Testte (02/04)
Parabéns por esse marco ! Estou acompanhando vcs desde muitos meses atr...
Experimentando o mar da Baie Rouge, região de Marigot - St Martin, no Caribe
A primeira metade do dia de hoje foi dedicada a tentar decidir nosso roteiro pelas tantas ilhas-países que aqui existem e, mais do que isso, tentar implementar nossas decisões. Ou seja, comprar passagens. O que dificulta nossa vida por aqui é que não temos internet na guest house. Mas descobrimos uma padoca que tem, para seus clientes. "Padoca" é modo de falar porque, nos países franceses, é uma coisa muito mais chique: Boulangerie! Pois bem, a gente vai nessa Boulangerie, compra um delicioso sanduíche de pão francês com queijos variados e fica na internet. Mas também não dá para abusar muito e, colocar todos os posts no ar, enviar todas as fotos e ficar procurando passagens em várias companhias é uma coisa que toma tempo...
Mapa mostrando as Leeward Islands
Enfim, decidimos o seguinte: em primeiro, desistimos de ir para Anguilla hoje, pois o tempo estava meio esquisito e aproveitamos para trabalhar e ir atrás das passagens. Anguilla ficou para amanhã, day trip. No dia seguinte, vamos para St Barth, para dormir lá e voltamos no dia seguinte. Isso tudo de barco. No dia 03, vamos para St. Kitts, de avião, retornando no dia 07. No mesmo dia. de avião para Saba. Voltamos no dia 11 e, ato contínuo, voamos para Sint Eustatius. Voamos de volta no dia 15 para dormir no lado holandês da ilha. No dia 16, voltamos para Paramaribo. Ufa! Deu para perceber que temos sempre de voltar para St. Martin, né? Infelizmente, não dá para viajar entre as outras ilhas diretamente...
A bela praia de Baie Rouge, região de Marigot - St Martin, no Caribe
Bem, planos feitos, faltou comprar as passagens. Não deu para fazer na internet, mas deixamos toda a parte aérea reservada, numa agência de viagens. Amanhã cedinho, antes de embarcar para Anguilla, precisamos fechar. AInda temos esperanças de, hoje de noite, na internet novamente, arrumar algo mais barato. Tomara! Quanto aos barcos, para Anguilla a passagem é comprada em alto mar mesmo. A de St. Barth, vamos comprar amanhã cedo. Ou seja, pelo menos as viages estarão decididas até amanhã cedo. Aí, vão faltar as acomodações. Por enquanto, só estamos garantidos aqui em St. Martin mesmo. Nas outras ilhas, vai ser na raça...
Mar típico do Caribe na Baie Rouge, região de Marigot - St Martin
Feito isso, o tempo mudou e o sol brilhava, nos chamando para a praia. Tentamos alugar bicicletas, mas a única locadora aparentemente fechou, infelizmente. Então, de busão mesmo, seguimos para a linda Baie Rouge, bem próxima de Marigot. Espetáculo de mar! Aquela água com cor de Caribe que os olhos custam a acreditar. Areias brancas, pouco movimento, belas formações rochosas. Ao fundo, veleiros. E mais ao fundo, Anguilla.
Encontrando uma estrela-do-mar na Baie Rouge, região de Marigot - St Martin, no Caribe
Passamos umas duas horas por lá, nadando, mergulhando, atazanado as pobres estrelas-do-mar e admirando mais um magnífico pôr-do-sol. Depois, na hora de voltar, nada de vans. Aqui é uma região de classe média, todo mundo com carro, e os ônibus não vem muito para cá. Assim, que remédio, viemos caminhando mesmo. Mas, pouco mais de um quilômetro de pé no chão mais tarde, uma boa alma parou e nos ofereceu carona. Boa alma americana, de Virginia. Que Deus o abençôe!
Marina Royale, em Marigot - St Martin, no Caribe
E nós, daqui a pouco, para o jantar com internet, num restaurante na marina. Esperamos baixar um pouco o preço da parte aérea dos próximos dias. Depois, para cama cedo porque amanhã iniciamos nossa peregrinação pelas Leeward Islands...
Pôr-do-sol na Baie Rouge, região de Marigot - St Martin, no Caribe
Fronteira da Guatemala com o México, chegando à América do Norte! (em La Mesilla)
Hoje era o grande dia de chegarmos à América do Norte. De carro, vindo lá do Brasil, não é todo dia que acontece! Saímos animados de Xela, ainda mais sabendo que essa seria a nossa última fronteira terrestre durante um bom tempo, até o início de Março, provavelmente. Eu com o meu visto e a Ana com seu passaporte italiano, tudo indicava que seria uma passagem tranquila, a Guatemala ficando para trás e o México inteiro a nos esperar...
Escolhemos passar pela fronteira de La Mesilla, mais longe de Xela, mas já no rumo de San Cristobal de Las Casas, cidade histórica e principal centro turístico do estado mexicano de Chiapas. Esse era o nosso objetivo de hoje. Além disso, essa estrada seria a mais bonita das que cruzam a fronteira, afora de ser a mais tranquila também.
Tudo começou muito bem e nem os infindáveis túmulos nas estradas nos tiraram o bom humor. A passagem pelo lado guatemalteco da fronteira também foi tranquilo e seguimos confiantes para o lado mexicano. A Ana, europeia, passou como um foguete. Eu, brasileiro, o atendente já foi logo perguntando pelo visto. “Aqui está!”, passei-lhe sorridente o passaporte antigo, onde estão os vistos mexicano e americano. Ele passou o passaporte novo (com chip!) na leitora, passou o visto mexicano e aí começou o problema.
Fronteira da Guatemala com o México, chegando à América do Norte! (em La Mesilla)
Meu nome é Rodrigo Afonso Briza Junqueira. Sempre me soou muito bem! Mas hoje... Os sobrenomes são o “Briza” e o “Junqueira”, mas no bendito visto mexicano, o “Afonso” também consta como sobrenome (“apellido”, por aqui). O computador apontou a inconsistência. O atendente foi falar com a sua chefe que, depois de meia hora de chá de cadeira, veio falar conosco. Explicou o problema e disse que, juridicamente, eu seria duas pessoas diferentes. “Hmmm... “ – respondi – “... mas e aí?” Aí que, por causa disso, eu corria o risco de rechaço. Teria de corrigir algum dos dois documentos. Em São Paulo. Numa mistura de indignação e incredulidade, mostrei à ela a Fiona e perguntei se ela queria que eu voltasse para o Brasil de carro para fazer isso. Ela voltou ao seu escritório e quinze minutos depois apareceu a sua chefe.
Após conversarmos sobre nomes e sobrenomes, ela concluiu que o “Afonso” era mesmo um nome e que o meu passaporte novo estava correto e o visto mexicano estava incorreto. Falou que por essa inconsistência, teria de fazer uma checagem mais aprofundada sobre mim. E lá se foi ela, imagino que para checar os arquivos do FBI e da Intepol. Finalmente, quase uma hora depois, voltou com o meu visto, um sorriso no rosto e um “Bien venido a Mexico!”. Só me aconselhou de que, antes de entrar no México novamente, corrigisse o meu visto mexicano. O problema é que vou entrar no país outras duas vezes antes de voltar ao Brasil, uma delas já no final de Fevereiro, voltando de Cuba. Tudo indica que um novo perrengue me espera no aeroporto...
Fronteira da Guatemala com o México, chegando à América do Norte! (em La Mesilla)
Para aumentar um pouco minhas preocupações, verificamos que no visto americano, apenas o “Junqueira” aparece como sobrenome. Será que os computadores deles também vão reclamar? E se reclamarem, será que o “famoso” jogo de cintura americano vai prevalecer? Tudo para deixar a viagem mais emocionante...
Bom, com esse atraso todo, desistimos de chegar à San Cristobal de Las Casas. Resolvemos parar em Comitan. O que não foi ruim, já que descobrimos várias atrações por lá. Amanhã vamos visitar as Lagunas de Montebello, ou Lagunas de Colores, aqui pertinho, uma das grandes atrações de Chiapas. Aliás, a paisagem montanhosa daqui é linda, densas matas sempre envoltas em neblina. Em Comitan, saímos de noite para conhecer o centro e a praça. O México começa a nos conquistar, apesar de eu estar meio macambúzio com a história dos vistos. Amanhã estarei melhor...
Saindo da Guatemala e entrando no México
Pôr-do-sol em Caravelas - BA
Tudo o que é bom termina e estava na hora de deixarmos Abrolhos. No último dia, um pouco de tudo: mergulho, banho de mar, passeio numa ilha e caça às baleias, no bom sentido, claro. Não encontramos tantas como na viagem de ida, mas a cor do mar estava muito mais linda, azul e tornava as visões ainda mais belas, quase mágicas.
Baleias desfrutam do lindo e calmo mar em Abrolhos - BA
Chegando em Caravelas, a hora da despedida. Com o sol se pondo, ali no porto fluvial de Caravelas, tivemos ótimas oportunidades de fotos. A grande maioria dos novos amigos iria tomar um taxi para Porto Seguro e de lá voar para o Rio ou para Curitiba. Antes do taxi chegar ainda ouve tempo para uma cervejada. O pessoal partiu e a cervejada continuou com os remanescentes.
Fotos de despedida do grupo que esteve em Abrolhos, em Caravelas - BA
Hoje, dia 18, o tempo de chuva foi uma inspiração para botarmos várias coisas em ordem. A começar pelo site, com diversos posts e fotos. Aliás, tem um vídeo novo no ar, bem caprichado, feito pela Ana. Confiram na seção de vídeos do site, o vídeo da Serra do Cipó.
O Renato, um de nossos dive-masters com o João, em Caravelas - BA
Falando na Ana, ela está com algum problema no ouvido. Hoje, ela fez um tour pelo hospital e postos de saúde de Caravelas em busca de um médico. Na ausência de um otorrino, foi atendida por um médico geral, que tentou ajudar da melhor forma possível. Vamos ver se os remédios receitados vão ajudar...
Com a Laila, que organizou a viagem à Abrolhos, em Caravelas - BA
Eu fui atrás de dinheiro, cash, efectivo, já que o único banco da cidade é o BB onde nossos cartões teimam em não funcionar. O problema é que as próximas cidades no nosso roteiro são menores ainda, sem muita chance de encontrar caixas eletrônicos. Quem resolveu meu problema foi a Laila, uma das proprietárias da Apecatu, a companhia que nos levou à Abrolhos. Com sua ajuda, passei o cartão num posto de gasolina e consegui o precisado dinheiro.
Maurício, um dos dive-masters do nosso barco, em Caravelas - BA
A Apecatu também solucionou outro problema. A minha lanterna de canister, para mergulhar, estava com uma das presilhas soltas. Precisava ser rebitada. O Thomas, marido da Laila, pediu para o Maurício, um dos dive masters do nosso barco e da companhia fazer isso para mim. Tiro e queda! Nada como ter as ferramentas certas e uma "certa" habilidade manual. Quisera eu...
Por fim, fora esses passeios pela cidade, restou ficar na pousada do simpático peruano de Trujillo, o Fran, trabalhando no computador. Exceto, claro, na hora da novela. Depois de tantos dias, ninguém segurava a curiosidade da Ana, hehehe.
Momento de descanso no deck do barco, em Abrolhos - BA
A chuva lá fora, e eu lembrando do sol e do mar de Abrolhos...
Um mar quase caribenho em Abrolhos - BA
Saindo do famoso Andrés Carne de Res, em Chia, próximo de Bogotá, na Colômbia
O programa de hoje era ir, no início da tarde, para um famoso (talvez, o MAIS famoso) restaurante da Colômbia, o "Andrés Carne de Res". Combinamos com o Angelo dele passar em casa lá pelas três da tarde. Segundo ele disse ontem, para conseguir entrar no restaurante, só chegando bem cedo.
Com a Clara e a Amelie em Bogotá, na Colômbia, antes de ir no Andrés Carne de Res
O Andrés Carne de Res original fica em Chia, uma pequena cidade a uns 30 min de Bogotá. Nasceu para atender os camioneiros que ali passavam, rumo ou vindos do norte da Colômbia. A sua carne e a sua comida foram ficando cada vez mais famosos, atraindo cada vez mais gente. Ao dono, Andrés, foi aproveitando a fama para investir no restaurante, atraindo cada vez mais gente das classes média e alta e, em seguida, turistas também. O restaurante acabou se tornando um verdadeiro complexo, com lojas, estacionamentos, pistas de dança e um ambiente e arquitetura que já fazem valer a viagem.
Com o Douglas e a Clara no Andrés Carne de Res, em Chia, próximo de Bogotá, na Colômbia
Além disso, claro, a comida continuou excelente. O resultado é casa cheia todos os 4 dias que abre na semana. Mas na quinta, hoje, é seu dia mais tranquilo. Chegar no meio da tarde é meio "exagerado". Só que o Angelo teve uns problemas na empresa e não pode vir assim tão cedo. O resultado foi que eu pude trabalhar bastante até o meio da tarde, enquanto a Ana se divertia com a Amelie. E aí, já de noite, convidamos o casal que nos trata como se fôssemos irmãos, o Douglas e a Clara, para irem conosco ao Andrés. Eles aceitaram, deixamos a Amelie na casa da mãe da Clara e fomos para Chia, onde chegamos no famoso restaurante perto da 10 da noite.
Até bruxa tinha no Andrés Carne de Res, em Chia, próximo de Bogotá, na Colômbia
Foi um programa muito gostoso, literalmente. Comida maravilhosa e muita dança, de salsa à rumba, passando por rock, lambada e samba na pista de dança. A decoração extremamente minuciosa e vintage do restaurante é realmente, como nos haviam dito, umas das grandes atrações. Só faltou ver aquele lugar bombando, como costuma ser nos finais de semana. Aí, seriam umas 500 pessoas, e não as 100 que lá haviam hoje. Em compensação, seria mais difícil ir embora num horário civilizado, como nós fomos. Afinal, amanhã temos vôo para Aruba. O táxi vai passar em casa às 11 da manhã e ainda temos de arrumar tudo para a viagem. Assim, chegar em casa por volta da três foi uma boa pedida. Mas, fica o conselho: quem passar por Bogotá num final de semana, quiser comer bem, ver gente bonita e alegre e tiver um pouco de dinheiro para gastar, vá ao Andrés Carne de Res!
Decoração vintage do Andrés Carne de Res, em Chia, próximo de Bogotá, na Colômbia
Cruzando a Jamaica de carro
Deixamos Treasure Beach logo cedo, dispostos a atravessar a ilha da Jamaica, saindo da sua costa sudoeste para chegar ao seu litoral nordeste, passando pela capital Kingston no caminho. A primeira parte do trajeto seria por um emaranhado de estradas secundárias, passando por pequenas vilas, trechos montanhosos e asfalto de qualidade duvidosa. Depois de alguns dias, já estou “quase” craque de dirigir na mão inglesa. O “quase” é porque ainda tenho uma certa dificuldade de desviar dos buracos no caminho, acertando “quase” todos, hehehe.
Antes de partir, olhamdo no mapa o longo caminho entre Treasure Beach e Port Antonio, na Jamaica
E assim, mapa na mão e algumas paradas para pedir informações e conseguimos chegar na estrada principal, aquela que dá a volta em toda a ilha. Aqui passamos numa Jamaica menos turística, mais autêntica, todos vivendo suas vidas independente de visitantes estrangeiros. Enfim, começávamos a ver uma Jamaica mais “jamaicana”...
Estrada secundária na região de Treasure Beach, no sul da Jamaica
A tal estrada principal também tem seus buracos e a situação só melhorou mesmo quando chegamos à autopista, uns 40 km antes da capital. Pois é, autopista mesmo, muitos carros, pista dupla, pedágio, mais uma peça para nos ajudar a montar esse quebra-cabeça chamado Jamaica.
Escolares caminham em rua de pequena cidade na Jamaica
Passagem tranquila pela capital Kingston e logo estávamos cruzando as Blue Mountains, rumo ao norte da ilha. Estrada bem estreita, cheia de curvas, daquela que temos de buzinar antes de cada virada. Com paciência (e fome!), chegamos ao litoral onde encontramos novamente uma estrada mais larga. Aí, tapetão até a pacata Port Antonio, local onde nasceu o turismo no país, já há muitas décadas.
Prédio da prefeitura de Port Antonio, no nordeste da Jamaica
Felizmente, o tal turismo logo migrou para Montego Bay, Ocho Rios e Negril, deixando Port Antonio relativamente à salvo dos grandes resorts e da descaracterização que eles trazem. Estamos agora na Portland Parish, considerada a mais bonita do país e, mesmo assim, uma das mais bem preservadas!
A movimentada praça central de Port Antonio, no nordeste da Jamaica
Aqui chegando, fomos direto nos alimentar, de frente a uma das muitas belas baías da região. Aí sim, de estômagos forrados, fomos procurar algum lugar para ficar. Finalmente, pudemos nos livrar dos hotéis mais caros e achamos uma Guest House super simpática, na península de Titchfield, a mais agradável vizinhança de Port Antonio. Ainda tivemos tempo de, caminhando, conhecer o centro da cidade, sua bela igreja anglicana, a movimentada praça e a marina que recebe veleiros do mundo inteiro. Depois de tantas praias e hotéis, foi uma delícia estarmos novamente em uma cidade normal, com gente normal.
A bela igreja anglicana Port Antonio, no nordeste da Jamaica
A ideia, amanhã, é ir logo conhecer a famosa Blue Lagoon e depois, dar uma passada rápida em alguma praia. Afinal, ainda queremos pegar estrada para ir dormir no alto das Blue Mountains, com vista para Kingston!
Céu de fim de tarde sobre o Mercado de Port Antonio, no nordeste da Jamaica
Observando a represa na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
Realmente, foi um enorme prazer hoje acordar e olhar a paisagem que nos cercava. Apesar de já sabermos que seria bonita, uma coisa é ouvir e outra é ver com os próprios olhos! O pequeno distrito está bem no pé de uma imponente serra,boa parte de pedra. Até serviu para afastar o sono de mais uma noite curta demais. Ai, ai, precisamos de dias mais longos... umas quarenta horas talvez.
Início da caminhada para a Cachoeira Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
A Lapinha era praticamente desconhecida até uns dez anos. De lá para cá, vem ganhando fama e atraindo turistas e gente que vem morar aqui ou simplesmente comparar um terreno para fazer uma casinha. Assim, percebe-se que o distrito está em pleno crescimento. as pessoas vem atrás da calma, ar puro e belezas naturais da região. Principalmente mineiros de BH que é tão pertinho daqui.
Área de convívio da Pousada Travessia, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
Nossa pousada éuma delícia e o café da manhã tinha leite da vaca, pães e bolos caseiros, iogurte recém feito, frutas recém colhidas, granola recém torrada e por aí vai. Mais saudável, impossível. Principalmente coma vista para a montanha aqui em frente. A minha definição de paraíso, pelo menos de café da manhã no paraíso, é bem próximo disso.
Cachoeira do Bicame vista por baixo, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
O programa de hoje foi conhecer a mais bonita cachoeira da região, a Cachoeira do Bicame. Dez quilômetros de Fiona mais sete caminhando pelo alto da montanha, paisagens deslumbrantes para todos os lados. Ainda na parte da Fiona,onde só carros 4x4 podem passar, demos carona para um simpaticíssimo casal de mineiros, o Flávio e a Gislei, que nos acompanharam então no resto do passeio.
Nosso guia Walter procurando uma sombrinha ao pé da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
A cachoeira realmente é linda, um poço bem grande de águas avermelhadas, parecido com Coca-cola. É possível caminhar atrás das duas quedas d'água e com tanta beleza junta, quem vai pensar em frio?
Tomando banho na Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
Depois do lanche de pão e nosso inseparável queijo mineiro voltamos para a Lapinha para o nosso passaeio da tarde, marcado para as 15:30. Mas levamos o cano do Ivan, que nos levaria de barco através represa pare ver as pinturas rupestres do outro lado e com isso o nosso quarto dia de maratona do Cipó ficou incompleto. Nadamos, nadamos para morrer na praia... Bem, fazer o quê? O passeio ficoupara amanhã cedo e nós fomos para o boteco tomar uma mais que merecida gelada. Há males que vem para bem e lá conhecemos mais dois casais muito simpáticos, o Dedé e a Flor e a Carina e seu namorado. Foi uma tarde agradabilíssima conversando e nos divertindo com eles, contando e ouvindo causos numa típica conversa mineira. Êta trem bom, sô!
Área da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
Final de tarde trabalhando um pouco no computador (não há internet nem celular na Lapinha!) e de noite fomos encontrar os novos amigos no boteco novamente. Mais conversa, mais cerveja, mais petiscos mineiros, vidinha bem mais ou menos mesmo.
Novos amigos em boteco na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
Amanhã, a idéia é fazer logo cedo o passeio das pinturas rupestres e seguir para BH. A nossa tão esperada manhã em que não precisaríamos acordar cedo foi mais uma vez adiada. Com exceção da falta de tempo para dormir, esses dias aqui na região do Cipó foram muito, mas muito mesmo, legais. Não sei quantos dias aguentaríamos neste ritmo. Conhecer tantas pessoas interessantes, tantos visuais aluciantes, tantas comidas saborosas, tantas camas confortáveis, tudo isso em 4 dias, parece que vivemos mum mês nesses 4 dias. Espero não ter envelhecido tanto... hehehe
Primeira visão da Cachoeira do Bicame, na Lapinha, região da Serra do Cipó - MG
A bela paisagem da Sierra Nevada, a caminho do Yosemite, na Califórnia, nos Estados Unidos
Dia de despedidas da região do Lake Tahoe. Dia de viajar para um dos mais famosos parques nacionais do mundo, o Yosemite. Dia para cruzar novamente a bela e selvagem Sierra Nevada.
Essa era a rota que queríamos fazer, passando pelo Mono Lake e cruzando a parte alta do Yosemite. Mas o Tioga Pass estava fechado e tivemos de desistir
Como diria o filósofo, comecemos pelo começo! Logo pela manhã, demos uma caminhada para tirar fotos pela vila de Squaw Valley, onde ficamos hospedados. Essa vila teve um início glorioso, como Vila Olímpica dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1960. A primeira vez em que os melhores esquiadores do mundo ficaram sob um mesmo teto!
A Vila Olímpica no Squaw Valley, no Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Logo depois dessas Olimpídas, a Vila Olímpica foi transformada em um resort de inverno. Abertura oficial da estação: próximo final de semana. Assim, estava quase tudo fechado, mas decoração e testes a pleno vapor, para receber os turistas. Com muito sossego, pudemos tirar nossas fotos, observar a movimentação, imaginar o burburinho, tanto da época da inauguração como o da próxima semana.
A Vila Olímpica no Squaw Valley, no Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Depois, pé na estrada. Pela última vez, percorremos a costa oeste do lago, rumando para o sul. Fizemos a parada obrigatória no mirante da Emerald Bay, tiramos mais fotos aproveitando o dia esplendoroso que fazia e seguimos viagem. Era a hora de cruzar a Sierra Nevada e são muita as estradas que fazem isso.
As cadeirinhas esperam os esquiadores no Squaw Valley, no Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Despedida do belo Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Nosso caminho preferido seria seguir até o Mono Lake, região de rara beleza e destino bem alternativo aqui da Califórnia e, de lá, pegar a estrada que cruza toda a parte alta de Yosemite. Essa estrada tem duas famas: a de ser maravilhosa e a de estar sempre fechada. O problema é que ela cruza o Tioga Pass, a mais de 3 mil metros de altitude. A neve costuma chegar cedo aí, algumas vezes no início de Outubro e o degelo pode esperar até Julho do ano seguinte para acontecer. O pessoal do parque não vê muito sentido em gastar suas energias para limpar a estrada se, no dia seguinte, a neve pode vir novamente. Assim, abençoados aqueles que tiveram a oportunidade de fazer essa estrada...
Sierra Nevada, região de Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Este ano, por exemplo, ela foi fechada a uma semana, sem previsão para abertura. Os dois últimos dias de sol nos deram uma pequena e vã esperança. Nada feito! Com isso, acabamos desistindo também da visita ao Mono Lake, pois a volta seria muito grande. Principalmente quando descobrimos que a próxima alternativa, que cruza a Stanislau National Forest também estava fechada. O negócio era pegar logo a estrada para Jackson, ainda mais ao norte, antes que ela também fechasse. Assim, por causa da neve, acabamos ficando sem o Mono Lake e sem a parte alta de Yosemite (cujo único acesso, além de por caminhadas quilométricas, é pelo Tioga Pass). Razão mais do que suficiente, na verdade obrigatória para, um dia, voltarmos à Califórnia. Quem viver, verá!
Nosso caminho hoje, atravessando a Sierra Nevada mais ao norte, passando por Jackson e por onde ocorreu a Corrida do Ouro de 1849
Enquanto esse dia não chega, o negócio é aproveitar o que está aberto mesmo! A nossa estrada cruzando a Sierra Nevada nos levou através de paisagens grandiosas também. Lagos, montanhas, florestas e campos nevados, tudo aquilo que faz dessa região um dos lugares mais belos do país.
Sierra Nevada, região de Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Muitas fotos e quilômetros depois, chegamos ao outro lado da Sierra, à cidade de Jackson. Daí fomos para o sul, para a entrada do Yosemite National Park conhecida como “Big Oak Flat”. Esse caminho cruza a região onde ocorreu a grande corrida do ouro de 1849, que precedeu em duas gerações aquela de que já tanto falamos, a Klondike Gold Rush, rumo ao Alaska e Canadá. Talvez por isso e também pela falta de fotografias, essa corrida do ouro californiana tenha menos marcas no nosso inconsciente coletivo, mas na verdade ela até movimentou mais gente que a gold rush de final do século.
Uma das estradas que cortam a Sierra Nevada, na Califórnia, nos Estados Unidos
San Francisco, por exemplo, era uma cidade com menos de 1000 habitantes antes da descoberta de ouro. Rapidamente, se transformou no porto mais movimentado desse lado do Pacífico, chegando aos 30 mil habitantes em 1850 e aos 100 mil dez anos depois. Dezenas de vilas foram criadas e prosperaram aos pés da Sierra Nevada e, assim que o ouro acabou, passaram a ser verdadeiras cidades-fantasma. Índios, sempre eles, foram impiedosamente escravizados e mortos. Ao contrário do que ocorreu no Yukon 50 anos depois, onde a polícia canadense manteve o controle da ordem, aqui virou uma verdadeira terra sem lei. Além dos índios, as maiores vítimas foram os milhares de imigrantes que também correram para a mineração, principalmente chineses e latino-americanos. Entre esses, destacavam-se os mexicanos, que até poucos anos antes eram os senhores da terra, mas que entregaram a California e os estados em volta como butim da guerra que perderam para os americanos, justamente nessa época.
A bela paisagem da Sierra Nevada, a caminho do Yosemite, na Califórnia, nos Estados Unidos
Os milhares de imigrantes vinham pela longa trilha por terra ou então, pelo mar, dando a volta na América do Sul. Outra rota que foi estabelecida foi de navio até o Panamá, onde o istmo era cruzado por uma ferrovia que foi rapidamente construída e, uma vez no Pacífico, de barco novamente para San Francisco. Rapidamente, a Califórnia foi reconhecida como o 31º da União. Já os imigrantes, eram conhecidos como “fortyniners”, pelo ano da corrida, 1849. Até hoje, o número dá nome à equipes esportivas e escolas. Assim como o estado ficou para sempre conhecido como “Golden State”, a terra dos sonhos, do recomeço e da fortuna rápida.
Bastante neve nas estradas que cortam a Sierra Nevada, na Califórnia, nos Estados Unidos
Toda essa história só “cruzou o nosso caminho” porque a neve nos impediu de passar pelo Tioga Pass. Assim, viajamos pela terra das cidades-fantasma, hoje grande atrativo turístico, assim como os vinhedos que começam a se desenvolver na região. Mas as nossas mentes já estavam completamente focadas no Yosemite, e para lá seguimos sem demora. Já estava escuro quando nos instalamos em um lodge bem próximo dessa entrada secundária do parque, conhecida como Hetch Hetchy. Por aqui começaremos nossas explorações do segundo mais antigo parque nacional dos Estados Unidos.
Cruzando a Sierra nevada, de Lake Tahoe para Yosemite, na Califórnia, nos Estados Unidos
A neve impede a Fiona de prosseguir em direção ao Paso San Francisco, na Argentina
O dia não poderia ter começado melhor! Com aquele monte de piscinas quentinhas bem ao lado do nosso chalé foi bem fácil acordar e ir direto para o banho, para dormir mais um pouco! Naquela hora, mais uma vez, éramos apenas os dois nas piscinas, das de trinta e muitos graus até as de quarenta e poucos graus. Uma delícia! E hoje cedo ainda tínhamos o visual ao nosso redor, as paredes do antigo vulcão onde estão localizadas as termas. Era até difícil acreditar que ainda não estávamos sonhando...
Piscinas com várias temperaturas nas Termas de Fiambalá - Argentina
Banho matinal nas Termas de Fiambalá - Argentina. Vidinha difícil!
Um pouco mais tarde começou a chegar mais gente. E nós demos nosso banho por terminado (infelizmente!) e fomos nos aprontar para a viagem até a fronteira. Mas antes disso ainda fomos explorar um pouco esse antigo vulcão e o riacho de águas quentes que abastece as termas. Passeio curto e incrível. A nascente fica a menos de 10 min de caminhada pelas pedras e encostas do vulcão. O riacho chega até a formar uma cachoeira! Uma cachoeira de água quente e limpa! Uma coisa maravilhosa e completamente inusitada para nós. A água nasce a uns 70 graus centígrados mas vai perdendo temperatura conforme segue seu fluxo até as termas, onde chega com 45 graus. Na cahoeira, deve estar com uns 55, mais ou menos.
O riacho de água quente que alimenta as termas de Fiambalá, na Argentina
Uma cachoeira natural de água quente um pouco acima das termas de Fiambalá, na Argentina
Deixamos esse lugar incrível rumo à pequena Fiambalá, onde conversamos mais uma vez na Oficina de Turismo. Com esperanças de que o Paso San Francisco abrisse hoje ou amanhã, compramos comida para um dia. Se necessário fosse, poderíamos dormir lá encima, em algum dos refúgios. Enquanto a Ana foi atrás de informações, eu fui abordado por repórteres da TV de Fiambalá, atraídos pela Fiona. Quando a Ana chegou, para seu espanto, lá estava eu dando entrevista! Em espanhol, hehehe!
Entrevista para a TV de Fiambalá - Argentina
Distâncias para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile. Tem até Porto Alegre, no Brasil! Nem é tão longe...
Depois disso e das compras de víveres, estávamos prontos para partir. Saímos dos 1.500 metros de altitude rumo aos 4.700 do Paso San Francisco. Mais uma vez, a paisagem é absolutamente maravilhosa. A estrada estava completamente vazia, já que todos sabiam que o Paso estava fechado. Assim, nesses quase 200 km, éramos apenas nós e as vicunhas naquele mundão maravilhoso. Cores, formas, contornos, tudo era incrível. O céu azul, a vegetação amarela, as montanhas em vários tons de cinza e vermelho, a neve aparecendo no horizonte, tudo de uma beleza indescritível.
Chegando aos Andes, na estrada para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile
Paisagem na estrada para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile
Melhor do que palavras, as fotos do post tentarão mostrar um pouco do que víamos. Mas mesmo elas ficam muito aquém daquele cenário alucinante, podem ter certeza!
Observando Vicunhas, animal comum na paisagem da estrada para o Paso de San Francisco, entre Argentina e Chile
Apontando para o Cerro San Francisco, na fronteira entre Argentina e Chile
Enfim, chegamos na aduana argentina, localizada num local chamado Las Grutas, à quatro mil metros de altitude e à 20 km da fronteira. Ali, o oficial foi logo avisando: "Tudo fechado sem nenhuma chance de abrir nos próximos dias!" Ducha de água fria. Disse que o problema era o lado chileno, com muita neve. Aos poucos, ele foi ficando mais amigável e, com jeito, convencemos ele a nos deixar seguir pelo menos até a fronteira. Mas ele foi melhor do que isso! Disse que poderíamos entrar alguns quilômetros Chile adentro até chegar na famosa Laguna Verde, um dos cenários mais lindos dessa rota.
A neve impede a Fiona de prosseguir em direção ao Paso San Francisco, na Argentina
E assim seguimos. Triste da fronteira estar fechada mas totalmente felizes com o cenário que presenciamos naqueles 200 km e ainda mais felizes por podermos seguir até a Laguna Verde. Mas aí, nova surpresa... Dez quilômetros adiante e uns 400 metros mais alto, a neve foi se aproximando, se aproximando até fechar a estrada.
Não vai dar para passar! (Paso San Francisco - Argentina)
E aí, o que fazer? Somos os três completamente inexperientes na arte de dirigir na neve! Nem correntes temos ainda, e olha que temos procurado para comprar. Mas acho que elas não adiantariam. A neve era fresca e estava, em alguns pontos, bem profunda. Ainda brincamos um pouco com a Fiona, indo um pouco para frente, amassando a neve, fazendo trilhos sobre ela. Mas não conseguimos avançar mais de vinte metros. Até tínhamos uma pá mas, será que valeria o esforço? Dificilmente...
Brincando com a neve perto do Paso San Francisco - Argentina
Nossa geladeira natural, perto do Paso San Francisco - Argentina
Assim, o Chile que estava tão perto de nós, de repente se distanciou novamente. Bom, já que estávamos lá, aproveitamos para nos divertir. Neve fresca é sempre uma delícia. Ainda mais para brasileiros! Além disso, a paisagem era maravilhosa. Fizemos um lanche, gelamos nossa cerveja na neve e celebramos estarmos ali, naquele lugar inesquecível.
Magnífica paisagem no Paso San Francisco, do lado argentino
Feliz ao brincar pela primeira vez na vida com neve fresquinha, no Paso San Francisco - Argentina
Depois, foi dar um suspiro e iniciar o longo caminho até o Paso de Jama, muito mais ao norte e nosso próximo caminho para o Chile. O Paso de San Francisco ficou para trás. Mas com a promessa de volta, quando estivermos descendo em direção ao Cone Sul, no final do ano que vem. Será verão e a neve não estará mais por aqui. Aí, poderemos ver na sua plenitude o mais belo Paso entre Argentina e Chile. Deixamos um adesivo nosso junto com tantos outros de expedições brasileiras, ali na alfândega, e voltamos para Fiambalá. De lá para Tinogasta e depois para Belén. Quanto mais andássemos hoje, menos teríamos de andar amanhã. O Paso de Jama, do qual tínhamos passado tão perto há uma semana, nos esperava, nosso portão para o Chile e para o Pacífico. Tão conhecido de brasileiros, será agora a nossa vez de passar por lá!
Muita neve no Paso San Francisco - Argentina
Visita ao Museu de Direitos Humanos em Santiago, no Chile
Ontem nosso avião partiu no começo da tarde de Hanga Roa, na Ilha de Páscoa, mas só chegamos a Santiago de noite. Além das mais de quatro horas de voo, ainda tinha o fuso horário para descontar. Mas fomos muito bem recebidos pela Maria Ester em sua casa, onde também nos esperava a Fiona, já de vidro novo, surpresa preparada pelo Pablo (ver post aqui).
Com a Maria Esther, a mãe do Pablo, que nos recebeu em casa e guardou a Fiona por lá enquanto viajávamos para a Ilha de Pascoa
Durante o voo, não perdi minha segunda chance de ver o filme “No!”, que trata do plebiscito acontecido no Chile no ano de 1988 e que decidiu sobre a continuidade ou não no poder, para mais um longo termo presidencial, do general Augusto Pinochet. Este senhor havia chegado ao poder 15 anos antes, mais precisamente no dia 11 de Setembro de 1973, em um dos mais sangrentos golpes militares já ocorridos no nosso continente.
Visita ao Museu de Direitos Humanos em Santiago, no Chile
Uma das primeiras vítimas do golpe militar foi o próprio presidente na época, Salvador Allende, morto no própria sede de governo do país, o Palacio de La Moneda. Mas ele não foi o único. Ao longo dos quinze anos seguintes, mas principalmente no início, foram assassinadas mais de 3 mil pessoas, entre quase 40 mil vítimas de torturas e prisões arbitrárias. Para termos uma noção da escala da violência, o número de mortes foi mais de seis vezes superior ao ocorrido no Brasil durante nossos governos militares. Considerando que a população do Brasil é aproximadamente doze vezes maior que a do Chile, uma simples conta de padeiro nos diz que a ditadura chilena foi 72 vezes mais violenta do que a nossa.
Andando de metrô em Santiago, no Chile
Pudemos sentir isso um pouco mais de perto hoje, quando fomos visitar um museu em Santiago dedicado à Memória e aos Direitos Humanos. É simplesmente chocante acompanhar o que acontecia naqueles anos de chumbo. A primeira vez que visitei o país foi apenas dois anos após o general deixar o poder político (ainda controlava o exército) e lembro-me muito bem da tensão no ar. Enfim, ainda é um episódio muito recente.
Andando de metrô em Santiago, no Chile
De qualquer maneira, também é preciso reconhecer que o governo militar teve alguns logros, principalmente econômicos. A economia chilena dos anos 80 era infinitamente superior ao caos que vivia o país nos anos que precederam o golpe, quando o governo estatizou diversos setores da economia. A reação de setores mais conservadores à época praticamente pararam o país, com greves por todo o lado, inflação e quase um caos social. Nos anos seguintes ao golpe, sem permitir a ação da oposição ou de greves, Pinochet implementou reformas liberais sobre a batuta de economistas da escola de Chicago e o resultado foi transformar o Chile num modelo de economia na América Latina. Críticos dizem que o país enriqueceu, mas a riqueza não estava distribuída, aumentando muito a distância entre as classes sociais.
Enfim, não vou entrar nessa discussão, mas o fato é que o tal plebiscito retratado no filme foi bem acirrado, a opção pelo “não” vencendo com quase 55% dos votos. Foi uma disputa entre aqueles que defendiam as conquistas econômicas e a ordem social contra os que pediam um futuro de liberdades e pluralidade. Felizmente, a campanha pelo “Sim”, que tentou difundir o medo de uma “volta dos terroristas” foi derrotada. Para surpresa de muitos, a ditadura reconheceu sua derrota e tirou seu time de campo. Por muito tempo, a justiça chilena não ousou chegar perto de Pinochet, que acabou preso e humilhado na Inglaterra, a pedido de um juiz espanhol. De nada adiantou a ajuda de sua amiga e aliada Margaret Thatcher. Muita confusão jurídica depois, o velhinho foi definhando até morrer.
Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile
Mas nossa volta a Santiago não tratou apenas desse período conturbado da história chilena. Não. Também fomos passear numa parte mais chique da cidade, no bairro de Povidencia. A Fiona continuou guardada e segura no quintal da Maria Ester enquanto a gente se locomoveu de metrô mesmo. O último havia sido nos Estados Unidos!
Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile
Fomos a um centro comercial e fizemos compras para repor o que nos foi roubado na praia de Totoralillo. Basicamente, equipamento de camping e uma máquina fotográfica mais compacta. Lá se foram 1.200 dólares enquanto que os desgraçados que nos roubaram, duvido que tenha vendido tudo por mais de 120 dólares. Enfim, estamos loucos para começar a acampar novamente para testar o novo equipamento. A câmera nova, uma Canon, essa já está em uso nesse post mesmo!
Almoço em delicioso restaurante do bairro Providencia, em Santiago, capital do Chile
Depois das compras, um delicioso almoço tardio num restaurante do bairro. Comemos na calçada mesmo, acompanhando o movimento da burguesia ao nosso redor. Um bom vinho chileno para comemorar nossa volta ao continente e a inesquecível temporada na Ilha de Páscoa. E um brinde especial ao publicitário retratado no filme que ajudou a vitória do No!
Festa de aniversário na casa da Marias Ester, em Santiago, no Chile
Essa não foi a única celebração do dia. Quando chegamos de volta à casa da Maria Ester, havia uma festa de aniversário de um neto seu. Como o meu próprio aniversário havia sido pouco dias atrás, também disseram que a festa era minha, com direito a bolo e tudo! Para me sentir mais em casa ainda! Foi joia! Nossa última noite chilena nessa etapa, já que amanhã voltamos à Argentina, rumo a Buenos Aires e aos mares gelados do sul. Para o Chile regressaremos, mas vai ser lá no extremo sul do país. Nossas aventuras por aqui não terminaram!
Com a Maria Ester em sua casa em Santiago, no Chile
A bela Catedral Luterana de Nuuk, capital da Groelândia
O dia começou bem cedo hoje e, claro, já estava claro fazia tempo! Nosso voo para Nuuk saía às 7 da manhã, mas pudemos fazer o check-in e despachar as bagagens no próprio hotel! Êta, mordomia boa! Além disso, providenciaram um café da manhã antes do horário para nós. Pão integral da melhor qualidade, queijo camembert e geleia de framboesa. Suco, iogurte e frutas. Viva a influência dinamarquesa, hehehe! Todos os dias, pela manhã, sentia-me um príncipe, ainda mais com a vista do mar gelado à nossa frente. Mal acostumados assim, vamos ficar com saudades!
Suco e pão integral com geleia e queijo camembert, o nosso delicioso café da manhã no hotel de Ilulissat
No aeroporto, ainda tivemos tempo de ler e ver quadros informativos e fotos de satélite sobre a maior geleira do hemisfério norte, justo aqui do lado de ilulissat. As mudanças climáticas das últimas décadas vêm afetando visivelmente a geleira de Jakobshavn (também conhecida como “Geleira de Ilulissat”), que está recuando dezenas de metros anualmente. Mesmo assim, a foto do satélite ainda impressiona, o enorme “Fiorde de Gelo”, com cerca de 80 km de extensão, local onde deságua a Jakobshavn, completamente tomado pelos icebergs da geleira.
Painel com informações sobre o que vem acontecendo com a geleira de Ilulissat, na Groelândia
Logo no início do nosso voo, tivemos a chance de ver com os próprios olhos o tal fiorde. A escala da paisagem é impressionante. É muito gelo! Alguns icebergs tem vários quilômetros de extensão e centenas de metros de altura. A impressão que dá é que o mar vai “encher” rapidinho! Felizmente, nos últimos anos a tendência tem desacelerado bastante. Aguardemos todos, ansiosos, os próximos anos...
Foto a[erea da gigantesca geleira de Ilulissat e do Fiorde de Gelo, na Groelândia
Logo estávamos em Nuuk novamente. Dessa vez, com um clima muito melhor do que quando passamos aqui na vinda. Ótimo, pois tínhamos o dia inteiro para explorações. Passamos logo por uma agência, onde vimos que não havia chance de fazer um passeio de barco para avistamento de baleias. O mesmo problema de sempre: falta de turistas nesse mês entre temporadas. Teríamos de ficar em terra mesmo.
Sobrevoando o Fiorde de Gelo, onde deságua a geleira de Ilulissat, na Groelândia
Fomos logo para um café quentinho, tomar um chá e acessar a internet. O acesso estava meio prejudicado, então eu aproveitei para ler mais um pouco sobre a história do país. Uma geração após chegarem aqui na Groelândia, os vikings já estavam inquietos novamente. Necessitavam novas explorações! E foi justamente o filho de Erik, o Vermelho (o primeiro a se estabelecer por aqui), que partiu rumo ao oeste. Uma queda de cavalo nas vésperas da viagem impediram que seu famoso pai o acompanhasse. Leif Erikson, seu nome, chegou até o Canadá e daí seguiu a costa para o sul, chegando ao atual Labrador e New Foundland, que chamou de Vinland. No caminho, foi criando entrepostos e pontos de abastecimento. Por três vezes esteve nas novas terras mas, por algum estranho motivo, não seguiu mais ao sul. Imagino que se tivesse ido até a Flórida, teria gostado bastante do clima...
Obra de arte na orla de Nuuk, capital da Groelândia
Sabe-se muito poucos detalhes dessa aventura, infelizmente. Mas durante as poucas décadas em que estiveram na América continental (aparentemente, eram apenas visitas e não estabelecimentos duradouros), os vikings se relacionaram com os nativos. Alguns foram até parar nas cortes dos países nórdicos. Mas uma perda no afã de explorar, ou uma mudança climática que tornou os mares mais perigosos impediram que essa exploração persistisse. Fica apenas para o campo das hipóteses e das imaginações mais férteis tentar supor como teria sido a história da humanidade se os vikings tivessem se estabelecido na América. Será que falaríamos todos norueguês?
Nuuk, capital da Groelândia, em um dia frio e ensolarado de primavera
Bom, o fato é que eles não se estabeleceram na América continental. É a mesma mudança climática que pode explicar isso também começou a dificultar avida deles na própria Groelândia. A comunidade que se expandia, agora lutava por sua própria sobrevivência. O clima já não mais permitia colheitas e nem a criação de animais que eram a base da sua alimentação. O número de habitantes foi minguando. O contato com a terra natal se perdeu. O final da história está contado nos registros da igreja local. Os “norsemans” (vikings convertidos ao cristianismo) fizeram seu último registro na primeira década de 1400. Foi um casamento. Depois disso, nada mais, nem um batismo, nem um óbito. Sumiram do mapa.
Aproveitando a bela tarde de Nuuk, capital da Groelândia, para caminhar pela cidade
Alguns séculos mais tarde, chegaram os dinamarqueses novamente. Vinham em busca de seus antigos parentes. Mas ao chegarem nas comunidades, as encontraram ocupadas pelos Inuits. Daí pensarem que esse povo teria conquistado e eliminado os antigos norsemans. Mas não é isso que contam os registros arqueológicos. Pesquisas nos cemitérios locais indicam que a comunidade aqui simplesmente morreu de fomes e doenças. Os Inuits teriam chegado logo em seguida, migrando do norte da Groelândia, provavelmente fugindo dos rigores do clima mais frio eles também. Mas, melhores adaptados ao frio, dieta baseada em peixes, focas e baleias, conseguiram sobreviver.
Com muito vento, junto à estátua de Hans Egede, fundador de Nuuk, capital da Groelândia, em 1728
Enquanto passeávamos na cidade de Nuuk durante a tarde, não conseguia parar de pensar em como devem ter sido esses últimos anos dos norseman por aqui. Um a um morrendo, e ninguém conseguindo reagir. Deve ter sido dramático. Mas as antigas ruínas dessa última comunidade não estão aqui em Nuuk, mas mais ao sul.
Arte e arquiteura modernas no centro de Nuuk, capital da Groelândia
Aqui em Nuuk, andamos pelo centro antigo e até a catedral luterana, a construção mais famosa da cidade. Ao lado, no alto de uma colina, a estátua do fundador da cidade, um religioso dinamarquês que veio para cá já nos anos 1700, mais de 300 anos após os norsemans terem desaparecido. O dia estava lindo, mas com muito vento, especialmente no alto da tal colina.
Bonequinhos brancos, conhecido artesanato groelandes em loja de Nuuk, capital da Groelândia
Resolvemos então mudar para um turismo “indoor”. Ficamos impressionados com uma padaria e um supermercado, pela quantidade e variedade de queijos e pães vendidos. É de dar água na boca! Certamente, é uma das vantagens de ser colonizado pela Dinamarca, hehehe!
Balcão bem sortido em padaria de Nuuk, capital da Groelândia
Outra coisa que nos chama a atenção é ver todas essas pessoas com cara de esquimó levar uma vida “normal”. Vão a cafés, fazem compras, dirigem carros, levam os filhos nas escolas, caminham nas ruas asfaltadas da cidade, etc... Normalmente, quando pensamos em esquimós, a gente logo imagina um cara com roupa de foca, dentro de um iglu e com um arpão para pescar baleias. É a imagem clichê, que deve até existir (se não, não seria clichê!). Mas aqui em Nuuk, onde mora quase um terço da população do país, as pessoas vivem como nós. Mais agasalhadas, claro! Parece uma coisa óbvia, mas que é engraçado aos olhos ver essas pessoas todas com cara de esquimó andando num shopping, isso é!
Cartaz de filme dinamarquês nas ruas de Nuuk, capital da Groelândia
E uma das coisas “normais” que eles adoram fazer (como em qualquer cidade do mundo) é ir ao cinema. E nós também! Fomos assistir à estreia dos Vingadores por aqui. Falado em inglês com legendas em dinamarquês. Mas, para quem já viu o filme, sabe que há partes dele que se passam na Rússia e na Índia. Eu e a Ana só olhávamos um para o outro e ríamos quando o filme era falado em russo ou em hindi com legendas em dinamarquês, enquanto nossos cérebros entravam em parafuso. Uma experiência para não mais esquecer...
Tomando um chá quente e se esquentando em um café de Nuuk, capital da Groelândia
Fomos para o aeroporto para deixar o país, rumo à ilha “tropical” da Islândia (depois da Groelândia, até Islândia parece o Caribe!). O avião levantou voo e eu olhava para baixo já com saudades, mesmo da época que eu não conheci, como quando os vikings aqui chegaram, antes do ano 1000. Influenciado pelo filme, só consigo imaginar um barco cheio de gente parecida com o Thor. Difícil acreditar que um monte de “Thors” morreria de fome e frio, quatro séculos depois...
No aeroporto de Ilulissat, na Groelândia
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