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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Observando do alto do forte a cidade de St. George's, capital de Granada
Depois de muito confabularmos, decidimos alugar um carro somente amanhã, para dar uma volta nas redondezas e termos condução própria para irmos ao aeroporto na madrugada seguinte (nosso voo sai às 06:50!). Para hoje, a ideia era dar uma boa volta à pé pela capital St. George’s e, de tarde, irmos à mais movimentada praia do país, Grande Anse, de ônibus mesmo. Barato e prático!
A marina de St. George's, capital de Granada, vista do nosso hotel
Como todas as ilhas dessa parte do mundo, a história de Granada começou há uns 5 mil anos com índios coletores chamados de “siboney”. Já na era cristã chegaram os pacíficos Arawaks, vindos da Venezuela, seguidos pelos Caribs, muito mais guerreiros. Os Caribs conseguiram resistir ao pouco ímpeto espanhol, mas foram derrotados um século e meio mais tarde pelos franceses. O último e valente grupo que resistia preferiu o suicídio coletivo, atirando-se de um penhasco no mar a se entregar aos europeus.
Fort George, no alto de uma colina em St. George's, capital de Granada
Vencidos os índios, a briga ficou entre franceses e ingleses. Esses últimos venceram, embora a maioria dos colonizadores em Granada fossem franceses. Até hoje, boa parte dos nomes de praias e montanhas mostram bem essa origem francófila. Os franceses não se entregaram facilmente, como mostra a luta de um proprietário de terras chamado Fedon. Influenciado pelas ideias revolucionárias da pátria-mãe, esse descendente de africanos declarou a liberdade dos escravos e fez guerra de guerrilhas contra os ingleses, então no controle da ilha. Conseguiu capturar o Governador Geral e, junto com vários outros reféns, mandou todos para a guilhotina (olha aí mais influência da Revolução Francesa!). Com a ajuda de franceses da Martinica, conseguiu resistir por mais de um ano, mas acabou vencido. Vencido, mas não capturado! O destino desse herói nacional ainda é considerado um mistério, embora alguns acreditem que tenha fugido para a Martinica.
Estátua saúda os barcos aportados na Carenage, a baía onde está St. George's, capital de Granada
Quase duzentos anos mais tarde, já um país independente dentro da comunidade do Commonwealth, Granada passou por outro drama. Depois de ter chegado ao poder por um golpe de estado, Maurice Bishop, líder de um movimento marxista, tentava manobrar o país entre seus colegas mais radicais e a constante ameaça de intervenção americana, do hardcore Ronald Reagan. O centro da discórdia estava na construção de um novo aeroporto que os americanos diziam ser grande demais, com capacidade para pouso e decolagem dos grandes aviões militares soviéticos.
Observando a Carenage, a baía em St. George's, capital de Granada
Apesar do enorme apoio popular, Bishop foi afastado e preso pela ala mais radical de seu partido, que estava cansada de suas políticas “apaziguantes”. Um período de inquietação popular se seguiu e, durante uma manifestação, uma multidão o “soltou” de sua prisão domiciliar. Empolgado, junto com vários ex-ministros, ele liderou a manifestação até Fort George, o antigo forte francês no alto da cidade que ainda era o quartel-general da polícia do país. Os militares, nada comovidos com aquela manifestação de apoio popular, o prenderam novamente e, poucas horas depois, Bishop foi sumariamente fuzilado, junto com vários auxiliares, incluindo sua ministra da educação, amante e grávida de um filho seu.
Entrando em Fort George, em St. George's, capital de Granada
Poucos dias mais tarde chegavam os marines para botar “ordem na casa”. Apesar da surpreendente resistência, não demorou para que os líderes do golpe contra Bishop fossem presos. Entre eles, o amigo de infância e companheiro de lutas que, supostamente, foi quem deu a ordem do fuzilamento. Julgados, foram condenados à morte, mas tiveram as penas comutadas para prisão perpétua. Vinte e cinco anos depois, em 2008, foram colocados em liberdade. Desde a invasão, condenada pela esmagadora maioria dos países, incluído aí até a Inglaterra de Margaret Tatcher, o país se manteve como uma democracia estável desde então.
Observando o local onde foi fusilado Maurice Bishop, primeiro-ministro de Granada, no forte da capital St. George's
A maior ameaça veio com o furacão Ivan, em 2004, que mudou seu curso na última hora atingindo em cheio a ilha. A devastação foi enorme, assim como o período de desordens e saques que se seguiu. Desde então, lentamente, a economia vem se recuperando, baseada principalmente no turismo e na produção de temperos como a nóz-moscada. Granada é o principal produtor mundial desse saboroso condimento e vem dai o apelido de “Spice Isle”, ou Ilha dos Temperos”.
St. George's, capital de Granada e, ao fundo, a praia de Grande Anse
Nós caminhamos de volta para St. George hoje pela manhã, desde a área da marina até a Carenage, o nome da bela baía em forma de ferradura em volta da qual a cidade se desenvolveu. Muitas fotos depois, seguimos para o Fort George, no alto de uma colina bem ao lado da entrada da baía. Sob o sol ardido do meio-dia, não foi fácil a caminhada, mas a vista que se tem lá de cima faz valer com folgas o esforço. Mais do que a vista, eu estava mesmo interessado era em ver o local dos últimos momentos do popular ex-primeiro-ministro. Fiquei ali, olhando aquele pátio interno, pegado ao paredão onde houve o fuzilamento, tentado imaginar e reviver aqueles últimos e tensos momentos da vida de Bishop. Ainda me lembro como se fosse hoje, o Cid Moreira anunciar, no Jornal Nacional, a notícia da invasão americana. Agora estava ali, e a história me parecia mais real do que nunca...
Noz-moscada e outros temperos no mercado de St. George's, capital de Granada
Descemos para o outro lado da cidade, onde aportam os navios-cruzeiro durante a temporada. Chegam a ser mais de 20 em um mês, movimentando a economia da cidade e do país. Mas nessa época, nadica de nada! O único movimento está no popular mercado, o melhor local para se ver, pegar e cheirar todos os temperos produzidos na Spice Isle. Já fazia um bom tempo que não visitávamos mercados e foi muito legal ter estado nesse, assim como ter caminhado nas ruas movimentadas do centro, sem turistas, mas cheia de granadinos.
Muitos temperos da "Spice Isle" no mercado de St. George's, capital de Granada
Aproveitamos essa nossa maior “intimidade popular” e já entramos no terminal de ônibus central. Aí mesmo, achamos um que nos levasse até Grande Anse, a magnífica e popular praia cinco quilômetros ao sul da cidade. Tão gostoso como chegar lá foi o modo em que fomos, numa dessas vans com música Soca de ótima qualidade e em grande altura, a melhor trilha sonora possível para cruzar aquelas ruas apertadas, movimentadas e de paralelepípedo dessa pequena e pulsante capital caribenha. Sem meias palavras, foi um espetáculo ter estado ali. Observar a vida da cidade através das janelas daquela discoteca ambulante nos fez sentir dentro de um filme. Só que era real! Muito joia!
A bela praia de Grande Anse, em Granada
Grande Anse, sempre ocupada por milhares de turistas na alta estação (o pessoal baixa dos cruzeiros e vai direto para lá) estava praticamente deserta. Sol, céu azul, areias claras, água caribenha, cartão-postal caribenho. Não poderia haver melhor lugar para passarmos nosso fim de tarde, o penúltimo no Caribe. Difícil (e muito triste!) acreditar que em dois dias não estaremos mais pulando de ilha em ilha, conhecendo paisagens e pessoas incríveis. Felizmente, ainda temos um dia inteiro pela frente e ele promete! Mergulho no chamado “Titanic do Caribe”, seguido de cachoeiras e montanhas do interior. Só depois disso vamos pensar no mundo fora do Caribe...
Fim de tarde na praia de Grande Anse, a mais famosa de Granada
Sou do RJ Brasil, gostei muito da historia de Granada , lugar bonito e com suas belezas naturais, Parabéns!!!
Nunca tinha ouvido falar dessa ilha. Gostei muito, da história também.
Resposta:
Oi Mabel
Cada ilha no Caribe tem sua história e identidade. Além de muita beleza natural! Viajar entre uma e outra sempre traz muita histórias e surpresas
Abs
Sou estudante de uma faculdade do interior do Estado de Rondônia estou escrevendo um artigo sobre os descendentes de caribenhos que vivem em Porto Velho, capital não está sendo muito fácil encontrar obras literárias sobre meu assunto, achei interessante a maneira que o sr escreve sobre a política e a própria História da ilha. Granada e Barbados, bem são sobre estas duas ilhas que parte a minha pesquisa, gostaria de parabeniza-lo pois não são muitos os brasileiros que se interessam por este tipo de pesquisa normalmente as pessoas só vão a lugares assim para turismo e não tem interesse na História do lugar ou nem se quer sabem sobre sua importância, gostaria de ver mais sobre estes seus estudos parabéns.
Resposta:
Olá Diego
Além de gostar muito de viajar, eu também adoro história! sempre procuro saber mais do país ou lugar que vou visitar, hustória, geografia, costumes, etc. Desse modo, posso aproveitar mais a viagem. Aproveiro então para dividir isso com as pessoas que seguem a viagem, quem sabe inspirá-los a viajar por lá;
Que bom que vc chegou até esse post e que gostou
Um abs
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