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Admirado com o lincrível pôr-do-sol em Kralendijk, em Bonaire
A ilha de Bonaire, ao contrário de Aruba e Curaçao que já são semi-independentes, ainda está completamente ligada à Holanda. É como uma província. Mas a moeda oficial e corrente é o dólar. A língua formal é o holandes, mas as pessoas falam mais o papiamento, um pouco mais "cantado" que em Aruba. Inglês também é entendido em todos os lugares, assim como o espanhol, em boa parte deles.
Mapa de Bonaire, mostrando todos os pontos de mergulho ao longo da costa
A ilha é considerada um paraíso para os mergulhadores. Não tanto pela beleza subaquática, que é bonita mas não espetacular, mas pela facilidade de se praticar essa atividade. São dezenas de pontos de mergulho ao redor da ilha, quase todos eles com acesso diretamente da praia. Basta nadar um pouco para atravessar a parte rasa e chegar aos recifes, onde a profundidade abaixa para trinta metros em média, numa descida suave. O forte da vida subaquática são os corais e bichos pequenos, incluindo aí muitos peixes coloridos. Arraias, tartarugas e tubarões são vistos de vez em quando, mas não são assíduos frequentadores. A temperatura da água é muito agradável, por volta dos 30 graus, e nem é preciso roupa para mergulhar (também não há águas-viva!). Luvas são proibidas!
Sala-cozinha do nosso studio em Kralendijk, em Bonaire
Como os pontos são todos próximos da praia, aqui não precisamos de barco e sim de carro para se chegar até as praias. A exceção é a ilhota de Klein Bonaire, para onde só se vai de barco. Mas, com tantos outros pontos na ilha principal, nem é preciso ir até lá, para quem fica poucos dias. E assim, como não precisamos de barco, também não precisamos de guia! Isso faz de Bonaire o lugar de mergulhos mais baratos que já conheci. Por 130 dólares, eu e a Ana vamos mergulhar 6 vezes! Muito barato! Não estou somando aí o preço do aluguel do carro, que sai por uns 40 dólares diários, mais combustível.
Preparado para nosso primeiro mergulho em Kralendijk, em Bonaire. É só atravessar a rua...
Todos os pontos de mergulho ao redor da ilha estão devidamente sinalizados por pedras amarelas ao longo da estrada que margeia toda a costa de Bonaire. Sempre tem algum lugar para estacionar, deixamos o carro destrancado (sem nada de valor dentro!), escondemos a chave no mato e mergulhamos. Simples assim! A carteira e documentos ficam em casa. Aparentemente, a polícia não liga para isso (estarmos sem documentos). Aliás, não vimos polícia em lugar nenhum da ilha.
O primeiro mergulho em Bonaire, quase no centro de Kralendijk
Um enorme pneu em mergulho em Kralendijk, em Bonaire
Muitos hotéis já tem o esquema dos tanques de ar. É só passar no drive-thru e pegar os seus (e deixar os usados). Para os hotéis que não tem essa facilidade, as lojas de mergulho tem. Passamos lá, pegamos tanques cheios e deixamos os vazios. Não tarda 2 minutos. E aí, estamos livres para ir mergulhar em qualquer lugar da ilha, a hora que quisermos. Não é à tôa, então, o apelido de "Divers Paradise"!
àgua bem limpa em mergulho em em Kralendijk, em Bonaire
Uma anêmona, no nosso primeiro mergulho em Bonaire, quase no centro da capital Kralendijk,
No nosso primeiro mergulho, nem de carro precisamos! Simplesmente saímos do hotel, caminhamos 30 metros e já estávamos dentro d'água. Ontem eu tinha feito snorkel no mesmo lugar, com meu computador para medir as profundidades. Incrível como água limpa nos engana! Sem perceber, já estava indo a 20 metros de profundidade! Pena que a nossa professora de apnéia e recordista sulamericana de mergulho profundo não estava aqui para me acompanhar e ajudar a bater meu recorde. Muito mais fácil aqui do que na pedreira escura lá de Sorocaba...
Banho de mar no pôr-do-sol em Kralendijk, em Bonaire
Agora devidamente equipados, ficamos uma hora lá embaixo, visibilidade de mais de 20 metros, observando peixes e corais coloridos. Sentimento de completa tranquilidade, completamente zens. Diferente de Galápagos, quando estávamos sempre prontos a perseguir como loucos algum tubarão-baleia. Aqui, de certa forma, estamos mais próximos da essência do mergulho.
Maravilhoso pôr-do-sol em Kralendijk, em Bonaire
Depois do mergulho, já meio da tarde, fomos pegar nossa S-10. Com ela vamos a todos os cantos dessa ilha, às praias e também ao interior, onde há um belo parque para ser explorado (nem só de mergulhos vive a ilha!). E, finalmente, no final do dia,uma surpresa: um dos mais bonitos pores-do-sol (é assim?) de toda a viagem. Céu completamente dourado sobre o mar azul. Inesquecível! Quem vê as fotos, até parece montagem, que estamos em frente a algum outdoor ou quadro. Não! É verdade mesmo! Assim foi nosso entardecer!. Um ótimo agouro do que nos espera nos próximos dias, aqui no paraíso dos mergulhadores!
Parece um quadro, mas é o maravilhoso pôr-do-sol em Kralendijk, em Bonaire
Fim de tarde em mirante para ver baleias cinzentas no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
O dia de hoje foi devotado à exploração do Redwood National Park. Na verdade, há mais de um parque por ali, um nacional e diversos estaduais. Áreas protegidas por distintas esferas de governo com o intuito de salvaguardar a rica e emblemática natureza da costa norte da Califórnia. Como o próprio nome sugere, o foco principal do parque são as redwoods, as mais altas árvores do planeta, ultrapassando com folga a marca dos 100 metros de altura. Elas são parentes da sequoias, que crescem em altitudes mais elevadas, são mais “volumosas”, mas não tão altas. Mas nem só de redwoods vive o parque e a região. Assim, vou deixar as árvores e as belíssimas fotos que tiramos para o próximo post e falar aqui das outras atrações.
Chegando novamente ao Oceano Pacífico, em Crescent City, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
A sede administrativa do parque fica na cidade de Crescent City, onde dormimos ontem de noite. Além das árvores, há outra coisa “bem grande” que traz fama à cidade: tsunamis! Aparentemente, o perfil do solo marinho da região é perfeito para essa grandes ondas, quase que como um funil por onde elas ficam ainda maiores e mais destrutivas. Prova disso está no fato que, somente entre 1933 e 2011, doze tsunamis atingiram Crescent City, alguns menores, com ondas de pouco mais de um metro de altura, mas quatro deles com grande poder destrutivo.
Litoral em Crescent City, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
O maior deles, sem dúvida, foi aquele de 27 de Março de 1964, alguma horas depois que o segundo maior terremoto medido da história abalou o Alaska, com uma inacreditável magnitude de 9,2. Como não poderia deixar de ser, o terremoto iniciou o maior tsunami em tempos históricos da costa oeste americana. Pouco mais de quatro horas depois, quatro gigantescas ondas espaçadas por poucos minutos varreram a cidade, causando grande destruição e matando cerca de 15 pessoas. Desde então a cidade se preparou para “conviver” com eles, declarando-se “tsunami-ready”. O grande teste veio em 2011, após o terremoto que abalou o Japão, do outro lado do Pacífico. A cidade foi rapidamente evacuada, mas 35 barcos ancorados no porto não puderam ser salvos. Apenas uma pessoa morreu.
Feliz com o sol e o mar em Crescent City, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
Bom, hoje pela manhã, o mar parecia mais calmo do que nunca! Com o sol brilhando, eu e a Ana estávamos felicíssimos de encontrar o mar novamente. Ainda mais estando na Califórnia, até parecia que a água estava mais quente, hehehe. Efeito psicológico, claro! Nós tiramos nossas fotos e iniciamos o longo dia de explorações.
Fim de tarde numa linda praia no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
Os parques nacional e estaduais se estendem ao longo da costa e para o sul nós seguimos, passando por diversos deles, dirigindo por pequenas estradas de terra e parando, aqui e ali, para fazer umas trilhas. Além das matas, ficamos também impressionados com a beleza do litoral. Estivemos em uma praia para assistir ao pôr-do-sol e em um mirante onde, a partir desse mês de novembro, pode-se observar as baleias cinzentas na sua rota do Alaska para a Baja California. Acho que elas estão atrasadas este ano, pois a gente não viu nenhuma. Mas o visual lá de cima estava maravilhoso!
Encontro do rio com o mar no litoral do Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
Seguimos nossa caminho para o sul, encontrando e reencontrando outras pessoas que faziam o mesmo roteiro. Depois de duas ou três paradas, já estávamos todos amigos, hehehe! A Fiona, como sempre, sendo o maior chamariz, todos interessados naquele carro inexistente nos EUA, com motor a diesel. A Toyota não sabe o que está perdendo por aqui... Ou sabe?
Encontro do rio com o mar no litoral do Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
Por falar em amigos, depois de umas tuitadas da Ana ao longo do dia, recebemos uma mensagem de um casal americano que também viaja as américas, o pessoal do http://lostworldexpedition.com/. Tínhamos trocado algumas mensagens há duas semanas e eu jurava que eles estavam no Chile. Pois é, não estavam! O carro deles, sim, mas eles estão aqui na Califórnia, na cidade de Arkata, bem pertinho de onde estávamos. Coincidência tão grande merecia até uma mudança de programação! Assim, resolvemos dormir nessa cidade, que já estava no nosso roteiro, mas que nem pararíamos. Acabamos nos desencontrando de noite, mas de amanhã cedo esse encontro não passa!
Elks machos no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
Elks machos treinam suas habilidades de luta no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
Antes de chegarmos lá, ainda tivemos a chance de ver uma manada de elks, aqueles animais que parecem as renas do Papai Noel. Ao lado da estrada, dois deles brincavam de brigar, seus longos chifres enganchados uns nos outros. Parecia até cena de documentário do Discovery Channel. Paramos e fomos fotografar de perto. Muito legal! Foi só depois disso que vimos a placa dizendo para não nos aproximarmos a pé dos animais, pois eles podem ser perigosos. Acho que estavam tão entretidos entre eles mesmos que não ligaram para aquela loira bonita tirando fotos da brincadeira, hehehe!
Apenas depois de tirar as fotos dos elks, a Ana viu essa placa no Redwood National Park, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos
Passeando na Praça dos Girassóis, em Palmas - TO
Depois da noitada de ontem, o dia começou devagar. Levantamos em tempo de nos esbaldar no café da manhã do hotel, mas voltamos para a cama depois. Quando levantamos em definitivo, já era mais de uma da tarde! Acho que batemos o recorde da viagem até agora, hehehe!
Palácio Araguaia, sede do governo de Tocantins, em Palmas - TO
Aí, combinamos com o Marco de fazer uma rodada pelas praias de Palmas, ainda nesta tarde. Mas, antes disso, formos passear na Praça dos Girassóis, quase do lado do nosso hotel. É nela que estão as sedes dos poderes estaduais e muitas secretarias e autarquias. Mas, o que mais chama a atenção na praça é, sem dúvida, seu tamanho! Também, ela simplesmente é a maior praça das américas! Quiçá do mundo, embora as Praças Vermelha (em Moscou) e da Paz Celestial (em Pequim) também sejam sérios concorrentes à este posto.
Maquete da maior praça das américas, a Praça dos Girassóis, em Palmas - TO
Palmas é uma cidade que cresce rapidamente. Está fazendo 22 anos, praticamente a mesma idade do estado de que é capital, que foi criado pela constituinte de 88. Em 90, tinha uma população de 25 mil habitantes; quando estive aqui, em 2000, já tinha 130 mil; e hoje, é algo como 250 mil habitantes. Para quem chega na cidade, impossível não lembrar de Brasília: as mesmas super avenidas, a mesma divisão em setores e quadras, os mesmos espaços vazios. Não é à tôa, as duas cidades foram planejadas e construídas praticamente do zero. Deste modo, assim como sua "irmã mais velha", não é uma cidade para se andar à pé, já que tudo é longe e o calor impera o ano inteiro. Mas, tendo carro, o trânsito ainda é tranquilo e o deslocamento fica fácil. Construída ao lado do rio Tocantins, que neste ponto está represado formando um grande lago, é no rio que estão as mais próximas opções de lazer, com suas praias fluviais. E assim, planejamos nosso dia na cidade: praça e praias, sempre de carro. Com ar condicionado, claro!
Admirando mural dentro do Palácio Araguaia, em Palmas - TO
Quer dizer, na praça, nossa vizinha, fomos à pé mesmo (embora tenha dado uma dúvida, hehehe). Realmente, é gigantesca, cheia de grandes espaços vazios. Na sua única elevação fica o Palácio Araguaia, sede do governo. De lá se pode ver as montanhas, de um lado, e o Tocantins, do outro. Tiramos fotos, admiramos os belos murais dentro do palácio, estudamos a maquete da praça gigante. Depois, era hora das praias!
Praia do Caju, em Palmas - TO
Já junto com o Marco, Carol e filhos, fomos à mais distante Praia do Caju, que é também a mais popular. Barracas apinhadas, campeonato de forró (os ganhadores seriam premiados com uma caixa de Nova Skin) e o rio ali do lado, cheio de gente também, mesmo sem a proteção das redes. Pois é, redes são colocadas nas outras praias para proteger os banhistas de ataques de piranhas, que segundo nos contaram, são bem comuns por aqui. Pelo menos hoje, não houve ataques. Nós, ainda com a memória da paradisíaca e deserta Prainha do Rio Novo fresca na cabeça, prefirimos ficar só observando. Mas o Marco e seu filhinho Arthur passaram um bom tempo dentro d'água.
O Marco e o Arthur se refrescando no rio Tocantins, na Praia do Caju, em Palmas - TO
Ana e Carol de bate-papo em barraca da Praia do Caju, em Palmas - TO
Um pouco antes do pôr-do-sol corremos (de carro!) para a praia do Prata, já um pouco mais chique e organizada que a Caju, e com rede de proteção. Chegamos bem em tempo para a Ana tirar belas fotos do céu avermelhado, tão característico do cerrado.
Campeonato de forró na Praia do Caju, em Palmas - TO
Já no início da noite, fomos à mais central Praia da Graciosa, com uma orla charmosa com vários restaurantes. Bem ao lado da Ponte Fernando henrique, de 8 quilômetros, que cruza toda a represa em direção à cidade de Paraíso.
Pôr-do-sol na Praia do Prata, em Palmas - TO
Foi um dia bem tranquilo, de explorações da mais nova capital brasileira e de suas diversas classes sociais. A grande maioria dos moradores, à exemplo do Marco, são forasteiros que vieram tentar a sorte nesta cidade cheia de novas oportunidades. É um lugar em que quase se pode sentir o cheiro de dinheiro no ar mas que, ao mesmo tempo, preserva um ar de simplicidade e segurança de cidade do interior. Até quando essa combinação interessante vai se manter, essa é a questão. Não só a questão, é o verdadeiro charme de Palmas!
Praia da Graciosa, em Palmas - TO
Passeando em South Beach
Vencido o curto e desconfortável vôo, vencida a ciosa alfândega, fomos de taxi para Key Biscayne, para a casa do amigo de faculdade Marcelo, sua esposa Su e dos filhinhos André e Luisa. Cruzando as civilizadas e organizadas highways e avenidas de Miami, não pude deixar de notar o contraste com os lugares onde estivemos nessa última semana. Barra do Ararapira e Miami, mesmo continente, mesmo oceano mas tão diferentes e distintas. Cada uma feliz a sua maneira, cada uma com suas pessoas vivendo suas vidas, seu dia a dia, suas preocupações mundanas ("será que o mar vai acabar com minha praia e minha casa?", "será que o próximo furacão vai acabar com minha casa e minha praia?"). Tão diferentes, mas com suas semelhanças...
Aqui no apartamento pudemos dormir um pouco, recuperar parte do sono não dormido nos últimos meses. Depois, de tarde, encontramos a Ju (irmã da Ana, que mora em NY e veio encontrar a gente) e seu bem humorado namorado (futuro cunhado?) inglês, o David, professor de tenis nos ricos suburbios novaiorquinos. Passamos uma preguiçosa e deliciosa tarde na piscina e na praia em frente ao condomínio onde mora o Marcelo. Depois de tanto tempo, par a alegria da Ana, pudemos usar uma praia apenas para ficar deitados, nos bronzeando, ao invés de pedalar 30 km, ou andar 20 km ou nadar 2 km. Estávamos precisando!
A noite, depois de um jantar num restaurante próximo, a idéia de uma balada foi abortada, em benefício de uma noite completa bem dormida. Sábia decisão. Acordamos inteiros. Prontos para nos aventurar em downtown hoje. E vamos que vamos!
Garotos se divertem pulando da ponte em em Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
Nosso objetivo final do dia de hoje era chegar na capital de Tocantins, a cidade de Palmas, onde um amigo nosso de Curitiba, recém mudado para lá, comemorava aniversário. Foi no antigo restauranre do Marco Aurélio, lá em Curitiba, que fizemos nossa festa de despedida de amigos e família, dois dias antes do início da nossa viagem. Que bela coincidência, reencontrá-lo aqui em Palmas, justo no seu aniversário!
Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
Mas, antes de Palmas, passamos na cidade de Ponte Alta de Tocantins, cidade que se intitula o "Portal do Jalapão". É até lá que o asfalto chega, vindo de Palmas. De Ponte Alta até Mateiros, são longos 170 km de estrada encascalhada, cortando todo o cerrado da região em longuíssimas retas de se perder de vista. No caminho, através de estradas secundárias, pode se visitar algumas cachoeiras menos famosas, além de atrações bem conhecidas, como a Cachoeira da Velha e as dunas, que foi de onde viemos hoje, em sentido contrário.
Garotos se divertem pulando da ponte (um deles está dando um mortal!) em em Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
A principal atração turística da cidade é exatamente o que lhe deu o nome, a ponte alta sobre o rio, de onde garotos locais se divertem pulando e fazendo acrobacias. Pode-se pular da própria ponte, de uma altura próxima de 10 metros, ou de uma plataforma que fica no alto de uma pequena torre sobre a ponte, com altura aproximada de 15 metros. Eu e a Ana paramos para almoçar num restaurante ao lado do rio e assistimos de camarote o show dos garotos, que pulavam de ponta e davam até saltos mortais lá de cima, em incrível demonstração de habilidade.
Pulando da ponte em Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
Vendo todos aqueles saltos, a minha coceira foi aumentando, aumentando. Além disso, o calorzão típico de Tocantins era um estímulo. Não me aguentei e decidi saltar também, de bermudas e chinelos, para proteger meus pés. Primeiro, um salto do alto da própria ponte, para ir esquentando... Uma delícia!
Pulando do corrimão da ponte em Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
Em seguida, um salto um pouco mais alto, de cima do corrimão da ponte. Foi aí que resolvi colocar os chinelos, para evitar o tapa na água. Estimulado pelos meninos locais, nem tive muito tempo para pensar. Foi subir e pular.
Escalando a torre da ponte em Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
Agora, do mais alto de todos! O problema é chegar lá encima. Temos quase que escalar uma estreita prancha de madeira apodrecida pelo tempo. O maior problema é quando os carros atravessam a ponte e toda a estrutura treme. Agarrado à prancha com firmeza, só ficava ouvindo as provocações dos moleques de 8 anos de idade, dizendo que subiam aquilo correndo, com o pé nas costas, hehehe.
Tentando chegar à plataforma da torre da ponte em Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
Lá no alto, não tem volta! Descer pela prancha podre é ainda mais ariscado. E aguentar a gozação da platéia, então, nem pensar! Fazia muito tempo que eu não saltava desta altura, mas o rio lá embaixo era muito convidativo. Com a Ana à postos para fotografar, joguei-me no vazio. O legal de se pular dessa altura é que, durante a queda, dá tempo de pensar! A gente vê o rio se aproximando velozmente e se prepara para o choque, racionalmente. Muito legal!
Saltando do alto da torre da ponte em Ponte Alta do Tocantins, entrada do Jalapão - TO
Bom, depois dessa aventura que me fez voltar a ser adolescente, rumamos para Palmas. Ficamos num hotel no centro, o Eduardo's Palace, ao lado da Praça dos Girassóis, a maior das Américas! Do alto do hotel, uma bela vista da cidade, das montanhas de um lado e do rio do outro. Depois do hotel, fomos diretamente para a casa do Marco. Na verdade, ele veio nos buscar de moto, para nos guiar até sua casa. Lá, ele e a esposa, Carol, além dos filhos Leo e Arthur nos receberam muitíssimo bem, com direiro à banquete (o Marco é cozinheiro de mão cheia!), whisky e vinho de primeira qualidade. A comemoração seguiu até quase às três da manhã, muita conversa para ser colocada em dia. Amanhã, nosso dia vai começar tarde...
Comemoração do aniversário do Marco Aurélio em sua casa, em Palmas - TO
A fantástica Ruby Falls, na Georgia - EUA
Depois de deixar Atlanta para trás, nosso objetivo de hoje era chegar em Nashville. Mesmo sendo uma segunda-feira, nossa ideia era pegar uma noitada na cidade, a capital mundial da música country. Nashville fica no Tennessee, estado vizinho da Georgia.
Mas, um pouco antes de cruzar a fronteira dos dois estados, outdoors na estrada começaram a chamar nossa atenção. Mostravam uma bela cachoeira na região, chamada Ruby Falls. Por coincidência, era bem a hora de parar para abastecer e eu verifiquei pelo GPS que estávamos a poucos quilômetros dali. É, não custava nada dar uma olhada...
Lago reflete formações de caverna em Ruby Falls, na Georgia - EUA
Fomos seguindo o GPS, que nos levava montanha acima. Aí, para a nossa surpresa, ao invés de chegar a uma cachoeira, chegamos a uma caverna! Maior estrutura do lado de fora, loja, restaurante e, claro, bilheteria. Entradas caras, by the way! Dezoito dólares! Já estava começando a desistir quando fui verificar a história da tal cachoeira do anúncio e foi só aí que entendi! Tinha uma enorme cachoeira sim, só que era dentro da caverna. Bom, tudo explicado, começamos a achar que valeria a pena, sim! Pagamos e entramos...
Belas formações na caverna de Ruby Falls, na Georgia - EUA
Aí, junto com um grupo e um guia, aprendemos a história toda. E que história! Há cerca de cem anos, existia uma caverna nesse morro que já era bem popular entre turistas. Na verdade, já era desde a Guerra da Secessão. Só que, nas primeiras décadas do século XX, fizeram uma ferrovia por aqui. A linha passava perto da caverna e uma das consequências do empreendimento foi o fechamento da boca natural da tal caverna.
Algumas formações tem até nome em Ruby Falls, na Georgia - EUA
Um arrojado empresário teve uma ideia. Fazer um outro acesso à antiga caverna, para poder explorá-la comercialmente. Então, já numa parte alta da montanha, começou a cavar um longo poço através do solo de calcário até atingir o teto da caverna. Iria fazer um elevador, para que todas as pessoas pudessem acessar a antiga atração turística. Operários trabalhavam noite e dia no poço, vencendo aos poucos, com muita dinamite, o solo de pedra. Mas, aí, antes de chegar ao teto da caverna, eles acabaram descobrindo outra caverna, bem apertada.
Visitando Ruby Falls, na Georgia - EUA
O empresário, que também era explorador, não pensou duas vezes. Se meteu, arrastando-se, caverna adentro. Foram seis longas horas se arrastando, até que ele chegou num local onde podia se levantar. Outras seis horas explorando a o túnel à frente e ele descobriu esse verdadeiro milagre da natureza, hoje chamado de Ruby Falls.
Observando formações na caverna de Ruby Falls, na Georgia - EUA
O nome é homenagem a sua esposa, que tinha esse nome. A natureza conseguiu criar esse enorme vão dentro da montanha, um enorme garrafão com 60 metros de altura, dez de largura e vinte de comprimento. Uma catedral subterrânea! Lá de cima, cai uma cachoeira, a maior do mundo subterrânea explorada comercialmente. É de uma beleza inacreditável!
A caverna de Ruby Falls, na Georgia - EUA
Pois bem, o empresário tratou de comprar mais dinamite e abrir caminho até a Ruby Falls. Hoje, depois do elevador, é uma caminhada de pouco mais de 500 metros, onde vamos passando por diversas formações e uma linda paisagem subterrânea. O ápice, é claro, é a cachoeira. Tudo devidamente iluminado, a gente nem leva lanternas. Só se entra com guia em, quando chegamos à Ruby Falls, temos um tempo máximo para ficar lá, admirando e tirando fotos, pois a luz logo vai se apagar.
Visitando Ruby Falls, na Georgia - EUA. Uma cachoeira dentro de uma caverna!
Com certeza, seria ainda mais incrível se fosse uma caverna não turística, sem luzes e sem um caminho tão artificial. Mas, mesmo assim, é uma das coisas mais incríveis que vimos nesses últimos tempos. Valeu muito mesmo ter parado lá.
Só completando a história, os trabalhadores continuaram a cavar o poço até a caverna antiga. Mas, diante da beleza da caverna nova, a outra ficou relegada às traças, e o elevador nem chega mais lá embaixo. Quanto ao empresário, que descobriu uma verdadeira mina de ouro, teve o azar de estar em plena época de depressão econômica nos EUA. Não conseguiu pagar os empréstimos para comprar tanta dinamite e acabou quebrando. Mas deixou para a humanidade esse lugar mágico: Ruby Falls.
Visitando Ruby Falls, na Georgia - EUA. Uma cachoeira dentro de uma caverna!
E nós, depois de mais essa aventura e com tanat estrada, acabamos chegando em Nashville cansados e não animamos a sair do hotel Amanhã cedo já partimos para o Parque da Mammouth cave, o maior sistema de cavernas do mundo. Nossa experiência com a música country vai ter de esperar...
Foto de 1898 mostra crianças Selknam em missão salesiana. Elas não viveriam muito...(foto da Internet)
O primeiro lugar que fomos passear aqui em Ushuaia foi no Parque Nacional Tierra del Fuego. E dentro do parque, logo estivemos em um pequeno museu com fotos, utensílios e relatos sobre as antigas culturas que viveram nesta ilha. Mais uma vez, é chocante acompanhar a trágica história do encontro de civilizações, algo que vimos tantas vezes de perto nessa nossa viagem pela América. Vou falar do nosso dia intenso de explorações aqui em Ushuaia no próximo post, pois agora quero contar um pouco dessa triste história que aprendemos aqui no museu e em livros ou artigos que temos lido na internet.
Era uma vez uma terra muito distante que, lá no sul do sul do continente, voltava a ser uma ilha com o fim de mais uma era glacial. Ela já estava acostumada com esse ciclo, pois eras glaciais e suas geleiras vinham e voltavam a cada 20 mil anos. Mas uma coisa estava diferente dessa vez. E não eram os guanacos que se locupletavam em suas vastas planícies com relva fresquinha com força renovada com o gelo que retrocedia. Eles também vinham e voltavam, sempre atrás do que o gelo deixava para trás. Não, o estranho era o que vinha atrás dos guanacos dessa vez. Um ser bípede que andava em grupos e caçava os guanacos. Era o homem que pisava pela primeira vez na Terra do Fogo.
Índios Selknam, antigos habitantes da Terra do Fogo, massacrados no final do séc. XIX (fotografia em museu no P.N da Tierra del Fuego, perto de Ushuaia, sul da Argentina)
Quase dez mil anos se passaram e esse já não tão novo ocupante das ilhas do arquipélago havia se separado em alguns grupos, algumas etnias distintas, cada um com uma especialidade diferente, um modo distinto de viver e sobreviver. Entre eles, se destacavam dois grupos: os Selknam, também conhecidos como “Onas”, viviam no centro e no norte da maior ilha do arquipélago. Nômades, viviam da caça do guanaco e completavam sua alimentação com animais menores, frutos do mar que encontrassem na praia e mesmo com baleias encalhadas. Já no sul e espalhados pelas pequenas ilhas, os Yaghan, ou “Yamanas”, um povo que havia se especializado em viver do mar. Passavam boa parte de suas vidas em canoas, transitando de uma ilha à outra, os homens pescando e as mulheres mergulhando e recolhendo conchas no leito do mar. Dois povos que viviam geralmente em paz, eventualmente comerciavam entre si e que estavam muito felizes em permanecer na chamada “era paleolítica”.
Painel informativo sobre os antigos habitantes de Terra do Fogo, em museu no P.N da Tierra del Fuego, em Ushuaia, no sul da Argentina
No norte, os Selknam eram uma sociedade patriarcal, homens controlando as mulheres. Mas não deve ter sido assim, como o seu principal rito nos parece indicar. Durante o “Hain”, quando garotos e adolescentes simbolicamente transformavam-se em homens, um festival que poderia durar semanas, técnicas de caça lhes eram ensinadas. Mas não só isso. No auge do festival, espíritos apareciam em carne e osso. Eram homens adultos disfarçados com máscaras e pinturas. Assustavam os jovens, mas também lhes contavam um segredo: no início dos tempos, a sociedade era matriarcal e as mulheres mandavam. Enganavam os homens vestindo-se de espíritos, metendo-lhes medo e os fazendo prometer obediência às mulheres. Mas um dia, um guerreiro descobriu a trapaça. Ele contou aos outros homens e, furiosos com o engodo, mataram todas as mulheres adultas e adolescentes da tribo, aquelas que já conheciam a trama. E passaram a encenar o ritual na forma inversa, as meninas desde cedo aprendendo que os espíritos (homens disfarçados) ordenavam sua obediência aos homens. E desde então, durante o Hain, os espíritos visitavam as mulheres de quem os maridos reclamavam falta de obediência e as puniam e amedrontavam. Talvez por isso, quando os nômades Selknam se movimentavam pela ilha, eram as mulheres que carregavam o peso maior, roupas, utensílios e os pequenos filhos nas costas. Os homens seguiam à frente, leves, carregando apenas suas armas (arco e flechas), sempre prontos e ágeis para caçar guanacos. Além da carne, eram esses animais que lhe forneciam roupas e o couro para suas tendas rudimentares.
Mulheres Yaghan fotografadas no início do séc. XX, na Terra do Fogo (foto da Internet)
No sul, onde o clima ainda era mais rigoroso que no norte, o Canal de Beagle apertado entre ilhas e altas montanhas, os Yaghan se desenvolveram de maneira ainda mais peculiar. A sociedade era mais igualitária, as mulheres também responsáveis pela obtenção de alimentos. Eram elas que enfrentavam uma água a menos de 10 graus de temperatura em seus mergulhos para chegar ao leito do mar e recolher conchas. Sem a pele dos guanacos, acostumaram a enfrentar o frio desnudos, homens e mulheres. De alguma maneira, o corpo se adaptou. O metabolismo ficou mais ativo, gerando mais calor, mas necessitando de mais alimentos. Braços e pernas ficaram menores e o tronco maior, diminuindo a superfície do corpo para diminuir a perda de calor. Caminhavam pouco, mas remavam muito, as canoas eram quase suas casas. E faziam sempre fogueiras, onde quer que estivessem. Mesmo em suas canoas, sempre havia fogo a esquentar quem estivesse no barco. Foram exatamente essas fogueiras, centenas delas, que chamaram a atenção do navegador português Fernão de Magalhães quando descobriu a passagem de mar que leva o seu nome em 1520. O arquipélago em que viviam os Yaghan e os Selknam ganhava um nome: Terra do Fogo. Aquilo também era o prenúncio de que algo mudaria depois de 300 gerações de vida relativamente tranquila para essas duas culturas.
Desenhos feitos de Jemmy Button pelo capitão do Beagle, FitzRoy. Ele levou Button e outros 3 Yaghan para Londres ao final de sua primeira viagem e os trouxe de volta, um ano mais tarde, na mesma viagem em que veio o jovem Darwin
Para sorte dos nativos da Terra do Fogo, os europeus não se interessaram de imediato por aquele arquipélago perdido. Enquanto incas e astecas, tupis e guaranis, apaches e comanches passavam pela tragédia do choque de civilizações, Yaghans e Selknams seguiram com seus costumes e modo de vida por mais 3 séculos. Eventualmente, tiveram algum rápido contato com alguns dos maiores exploradores e navegadores de todos os tempos. Além do próprio Magalhães, passou por ali gente do calibre de Drake, Cook e Wendell. Mas eram encontros tão rápidos que nada mudaria na vida dos nativos. Até que, em 1830, apareceu por ali outra personagem famosa: o inglês FitzRoy e seu barco de pesquisas Beagle.
Representação de indígenas Yaghan, que habitavam as ilhas do sul do continente e eram conhecidos por suas canoas (museu no P. N. Tierra del Fuego, região de Ushuaia, no sul da Argentina)
Sua expedição era científica e cobria desde geografia e geologia até antropologia. Talvez por isso o famoso capitão tenha tido a “brilhante” ideia de capturar quatros Yaghans, aqueles estranhos seres desnudos e que não sentiam frio, e levá-los para a Inglaterra. Um deles morreu de varíola assim que chegou a Londres, mas os outros três sobreviveram e tiveram seus dias de glória na capital inglesa. Foram até recebidos pelo rei e estavam sempre na primeira página dos jornais. Durante esse ano, foram cristianizados, “civilizados”, vestidos e aprenderam a falar inglês. O mais famoso deles ganhou o nome de Jemmy Button. Fitz Roy se sentia responsável por eles e os tratou da melhor maneira possível. Um ano mais tarde, em uma segunda expedição do Beagle liderada por ele, pagou do seu próprio bolso o retorno dos nativos à sua terra natal. Junto com os três, um missionário. A ideia era estabelecer contato e, eventualmente, cristianizar e civilizar todos aqueles “pobres selvagens”.
Fotografia do final do séc. XIX mostra um bando de índios Selknam, os antigos habitantes da Terra do Fogo (em museu no P.N. Tierra del Fuego, região de Ushuaia, sul da Argentina)
O bem intencionado plano não deu certo. Poucos meses depois do seu retorno, os três nativos já haviam jogado fora suas roupas e voltado a viver como vivia seu povo. Jemmy Button foi o único a ser contatado novamente em algumas oportunidades. Até sua morte, trinta anos mais tarde, nunca esqueceu o inglês. Chegou até a viajar às Ilhas Falkland, para onde ingleses haviam “exportado” Yaghans para criar uma comunidade por lá, mas preferiu mesmo viver na sua Terra do Fogo, da mesma maneira incivilizada de seus pais e avós. Aliás, a mesma maneira que tanto surpreendeu o jovem cientista Charles Darwin, que acompanhou Fitz Roy na sua segunda viagem no Beagle. O promissor cientista que mudaria a história da ciência com sua Teoria da Evolução ficou muito mal impressionado com os Yaghans, dedicando a eles diversos comentários que hoje seriam certamente classificados de racistas. É claro que não podemos julgá-lo com nossos valores atuais e sim compreendê-lo no contexto do mundo em que vivia. Em suas anotações, Darwin descreveu os Yaghans como "criaturas pequenas, rudes, figuras de pernas torcidas, com tronco quase reto e sem cintura". Constatando as diferenças físicas entre índios e europeus, mais tarde o naturalista concluiria que ambos pertencem à mesma espécie, mas que evoluíram de formas distintas. Também disse o cientista: “Os Yaghans se encontram em um estado miserável de barbárie, maior do que eu havia esperado ver em um ser humano”, e complementou: “É impossível imaginar a diferença que há entre o homem selvagem e o homem civilizado; é muito maior do que a que há entre um animal silvestre e outro domesticado porque o homem é suscetível a um aperfeiçoamento muito maior”.
Foto de 1969 mostra a antropóloga francesa Anne Chapman e a última Selknam pura, Angela Loij, que já cresceu em uma missão salesiana. Ela faleceu em 1974 e, com ela, morreu uma raça (foto da Internet)
A visão de Darwin refletia a visão do mundo europeu com relação àquelas tribos paleolíticas e isso demoraria mais de um século para mudar. Em 1881, uma expedição antropológica francesa levou 11 membros da etnia Kawéskar, um outro povo da região, para serem expostos no Bois de Boulogne, em Paris, e no Jardim Zoológico de Berlin. Apenas quatro deles sobreviveram e retornaram ao sul do Chile. Na Europa, teriam sido bem tratados, mas bem tratados como animais ou, na melhor das hipóteses, como uma curiosa mistura de homens e animais. Infelizmente, essa viagem e exposição eram apenas o prenúncio de uma tragédia muito maior...
Na mesma época em que os Kawéskar eram levados à Europa, a civilização ocidental finalmente se deu conta da Terra do Fogo. Milhares de imigrantes foram atraídos para lá, seja pela descoberta de ouro, seja pela nascente e promissora indústria da produção de lã. Ali se depararam com a etnia Selknam, que até então havia sido poupada dos encontros com europeus. Esses nativos devem ter estranhado o aparecimento daqueles pequenos animais peludos nas suas terras, mas logo aprenderam que sua carne era apetitosa. Além disso, eram muito mais fáceis se serem caçadas do que os velozes e ariscos guanacos. Com quase dez mil anos de história de caça em uma terra sem fronteiras ou cercas, era difícil entender para eles o conceito de propriedade ou que as ovelhas não pudessem ser caçadas. Isso, obviamente, muito irritou os novos capitalistas que se apoderavam daquelas vastas planícies e sonhavam com seus lucros de exportação.
O romeno-argentino Popper lidera uma expedição de caça aos índios Selkham, na Terra do Fogo, no final do séc. XIX. Na parte de baixo, na foto, um índio já morto a tiros (foto da Internet)
O conflito desigual não demorou a ocorrer. De caçadores, os índios passaram a caças. Literalmente! Armados com carabinas e numa terra plana e com vegetação baixa, os capatazes de estâncias e matadores de aluguel não tinham dificuldade em localizá-los e matá-los. A morte de um índio homem valia uma libra esterlina. A morte de uma mulher valia mais, 1,50 libras. Pelo simples fato de que, ao matá-la, evitava-se também o nascimento de novos índios. Nem crianças eram poupadas, muito pelo contrário. Muito mais fácil matá-las enquanto jovens do que quando virassem adultas. Vários matadores se destacaram, mas nenhum como Julius Popper, um argentino de origem romena. Talvez pelo fato de que ele documentava com fotografias vários de suas “caçadas”. E os assassinos não usavam apenas balas para eliminar os Selknam. Chegaram a envenenar uma baleia encalhada para, com isso e de uma só vez, matar todo um bando, mais de três dezenas de índios de uma só vez.
O romeno-argentino Popper lidera uma expedição de caça aos índios Selkham, na Terra do Fogo, no final do séc. XIX Ao seu lado, uma índia já morta (foto da Internet)
O resultado previsível desse embate foi um massacre. Em quinze anos, a população de Selknams caiu por 10, de 5 mil índios em 1885 para 500 deles no final do século. Foi quando o restante foi capturado e internado em missões salesianas que, ao menos, tentavam salvá-los. Não apena suas almas, mas também a própria etnia. Mas a mudança tão drástica no estilo de vida, de nômades livres para um terreno fechado, da vida quase desnuda para as roupas apertadas, da comida de caça para uma alimentação estranha, de um mundo sem doenças para micróbios importados, tudo isso se mostrou fatal. As missões simplesmente fecharam suas portas três décadas mais tarde pela absoluta falta de índios. Haviam todos morrido.
Lola Kiepja, a última Selknam que viveu como seus antepassados. Ela faleceu em 1966 (foto da Internet)
Na metade do século XX a população Selknam havia se reduzido a 50 pessoas. Os últimos, quatro deles mestiços e uma última representante pura, Angela Loij, morreram na década de 70. Angela já havia crescido em uma das missões e, apesar de falar também a língua original, pouco sabia da cultura de seu povo. Ela conviveu seus últimos anos com a antropóloga francesa Anne Chapman, talvez a maior estudiosa dessa cultura agora desaparecida. Chapman havia aprendido muito com uma outra Selknam, Lola Kiepja, falecida na década anterior. Lola tinha mais de 90 anos de idade e, ela sim, cresceu livre e junto com a família nos primeiros anos da batalha entre brancos e indígenas. Ainda tinha a cultura, os costumes e a língua fortes na memória, correndo em seu sangue. É emocionante ouvi-la (Anne Chapman grava suas conversas) recitar versos que foram cantados por 300 gerações de indígenas e que se destruiu em meros 15 anos de barbárie. Enfim, a não ser por fotos, relatos e gravações, os Selkmans se foram.
Quanto aos valentes e “primitivos” Yaghans, seu destino também foi parecido. Relativamente poupados da sanha assassina do final do séc. XIX, eles também foram reunidos em missões salesianas. Quando as missões acabaram, o governo chileno os levou para a Ilha Navarino, ao sul do canal de Beagle, onde está o povoado mais austral do mundo, Puerto Williams. Aí, hoje, há cerca de 1.400 eles, praticamente todos mestiços. Seu antigo modo de vida, aquele das canoas, foi há muito abandonado. Vivem de fazer artesanato para turistas e da ajuda governamental. Apenas duas índias Yaghans puras sobreviviam na virada do milênio, mas uma delas morreu. Resta, então, a solitária Cristina Calderón, uma espécie de curiosidade histórica, testemunha única do encontro trágico de uma civilização infinitamente mais bárbara e selvagem do que aquela outra que tentava “civilizar”. Difícil imaginar uma situação ou história mais triste do que essa...
Cristina Calderón, a última Yaghan capaz de falar a língua Yamana. Com quase 90 anos, ela vive em Puerto Williams, no Chile (foto da Internet)
O gigantesco monumento em construção de Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
A história é escrita pelos vencedores. Mas, os tempos mudam, as mentalidades mudam, novos pontos de vista aparecem e, às vezes, nosso entendimento de um processo ou fato também muda. A conquista do oeste americano é um bom exemplo disso. Aliás, o termo “conquista” não poderia ser melhor colocado. Afinal, o oeste já era ocupado, há milhares de anos, pelos índios norte-americanos. Quando o país avançou para o oeste, após se tornar independente da Inglaterra, o fez em detrimento dessa antiga população. Aos poucos, foram sendo expulsos de suas terras, forçados a migrar e a abandonar seu antigo estilo de vida.
Índios fazem perfomance de dança típica Sioux, em frente ao monumento em construção de Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Ao mesmo tempo, foi se criando a ideia de que os índios eram selvagens, que precisavam ser civilizados, educados e cristianizados. Por falta de entendimento mútuo entre duas culturas distintas que se antagonizavam, criaram-se desconfianças e mitos. Um índio não era confiável, não gostava de trabalhar, era um empecilho na marcha do progresso, era mal. Índio bom era o índio morto.
Índios fazem perfomance de dança típica Sioux, em frente ao monumento em construção de Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Duas gerações após a tal “conquista do oeste”, esse arquétipo do índio ainda prevalecia. Os filmes da Hollywood das décadas de 20 a 50 sempre trataram os índios como os vilões. Na minha infância, eram esses os filmes em preto e branco que passavam na Sessão da Tarde. No famoso seriado Rin-Tin-Tin, era sempre um alívio ouvir a música da corneta da 7ª cavalaria que chegava, para salvar os pobres colonizadores e perseguir os índios malvados, que sempre batiam em retirada com a chegada dos soldados mocinhos. Era uma delícia ver os tiros serem disparados, derrubando os selvagens de seus cavalos.
Índios fazem perfomance de dança típica Sioux, em frente ao monumento em construção de Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Essa visão histórica mudou bastante nas últimas décadas. Infelizmente, não há como mudar o passado, mas ao menos é possível colocar os pingos nos is. O massacre da população indígena já começou na época do primeiro presidente, Washington, quando se deu a conquista da região ao sul dos Grandes Lagos. Daí para frente, só foi parar com a conquista total do que é hoje os Estados Unidos, aniquilando quase completamente a cultura e os povos que aí existiam.
Vestimenta típica da nação Sioux, durante apresentação de música e dança em frente ao monumento Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Tratados eram feitos apenas para serem quebrados alguns anos depois, para empurrar os índios um pouco mais para o oeste. Foram confinados em pequenas reservas onde não era possível manter seu estilo nômade e caçador. Aliás, a principal caça, o bisão, foi praticamente extinta pelos caçadores brancos, que o faziam por esporte, e não para alimentação. Os filhos eram tomados dos pais e enviados para escolas distantes, onde aprenderiam a viver de modo “civilizado”.
Vestimenta típica da nação Sioux, durante apresentação de música e dança em frente ao monumento Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Qualquer sinal de revolta era tratado a ferro e fogo, quase sempre com vitória branca. Houve exceções, como a famosa derrota do general Custer e sua 7ª cavalaria. Mas, de modo geral, foi um massacre após o outro, o pior deles em Wounded Knee, relatado já em outro post. Nada como conhecer a história para saber que aquele ditado “Aqui se faz, aqui se paga” é conversa mole. A história é uma sucessão de injustiças cometidas pelos mais fortes contra os mais fracos. Assim é, assim será. A conquista do oeste é só mais um exemplo disso.
Vestimenta típica da nação Sioux, durante apresentação de música e dança em frente ao monumento Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
No final do dia de hoje, estivemos no monumento que se constrói em homenagem à Crazy Horse. Mais um valente guerreiro e líder indígena que, à traição, foi esfaqueado por trás por um soldado branco, enquanto negociava uma trégua. O monumento, que no ritmo que anda, vai ficar pronto daqui a uns 300 anos, retrata o guerreiro sobre seu cavalo. Quando (se) ficar pronto, será o maior monumento do mundo, maior que a pirâmide de Queóps. Ele está localizado nas Black Hills, bem próximo ao Mount Rushmore, que homenageia os grandes líderes cara-pálidas que conquistaram o oeste.
Índios fazem perfomance de dança típica Sioux, em frente ao monumento em construção de Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos
Depois de 50 anos de trabalho e muita dinamite, apenas o rosto está pronto, Afinal, é uma montanha inteira a ser moldada. Ali, assistimos curiosos a apresentação de uma dança ritual Lakota, a etnia Sioux que aqui vivia. Tendo como pano de fundo o grande monumento e um espetacular céu de fim de tarde, foi bem emocionante. Ao final, junto com outros visitantes, a Ana até arriscou uns passinhos, enquanto eu filmava tudo. E eu saí de lá com um livro sobre a história da conquista do oeste. Só preciso arrumar tempo para ler, pois curiosidade não falta. De qualquer maneira, os dólares que lá deixamos servirão para comprar um pouco mais de dinamite e tirar (explodir) mais um pedacinho da montanha. Nossos tataranetos poderão observar o resultado final da lua, com um bom par de binóculos...
Modelo de como deverá ficar o monumento Crazy Horse, na região das Black Hills, em South Dakota, nos Estados Unidos, quando estiver pronto
Até s pelicano admira o fantástico pôr-do-sol na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
Depois de dois dias intensos cruzando a paisagem maravilhosa do Paso San Francisco, nada como a serenidade de um lugar chamado “La Serena”! Um pouco menos de 500 km ao norte da capital Santiago, essa é a segunda cidade mais antiga do Chile, com mais de 460 anos de idade, embora tenha sido destruída duas vezes em sua história, a última delas por um sanguinário pirata inglês, em 1680. Desde então, ela fez jus ao nome, atraindo santiaguinos e os hermanos do outro lado da fronteira para relaxarem em suas belas e tranquilas praias. Como nós, hoje.
Reencontro com o Oceano Pacífico na cidade de La Serena, no Chile
Reencontro com o Oceano Pacífico na cidade de La Serena, no Chile
Nos meses de verão, a cidade é provavelmente o principal destino turístico no litoral ao norte de Viña del Mar, mas fora de temporada é mesmo bem serena. O frio da água do mar ajuda a explicar isso, mas não a torna menos atrativa aos visitantes. Além das praias, a cidade tem uma bela arquitetura, fruto do investimento de um antigo presidente que muito protegeu a sua cidade natal. Além disso, um pouco mais ao sul está a vizinha Coquimbo, um pitoresco porto cheio de bares, restaurantes e ruas charmosas ao redor de um morro que dá vista para toda a região.
Caminhando na praia de La Serena, no Chile
La Serena, no Chile
Com uma agenda apertada para chegarmos até Santiago e voarmos para a Ilha de Páscoa (nossas passagens são para o dia 10 pela manhã, em menos de uma semana!), começamos o dia bem cedo. Nossa ideia era conhecer La Serena e Coquimbo hoje e seguir para o sul amanhã cedo, rumo a Valparaiso. Assim, logo depois do café da manhã, já estávamos caminhando na praia. Não poderia ser diferente, tínhamos de começar pela atração mais conhecida da cidade e, além do mais, morríamos de saudades do Oceano Pacífico.
O mar de La Serena, no Chile. Ao fundo, a Cruz do Milênio
O ímpeto de um mergulho terminou assim que pusemos os pés na água gelada e o remédio foi só mesmo caminhar pela areia, não molhando mais do que as canelas. Os raios de sol compensavam o frio da brisa e nossos únicos companheiros de praia eram gaivotas que não pareciam se importar com a temperatura. Lá no fundo, sobre o morro de Coquimbo, uma enorme torre de concreto marcava o horizonte. Para lá seguiríamos de tarde, mas agora caminhamos no sentido oposto, para um farol que já não mais funciona, mas que continua sendo o principal marco arquitetônico da orla da cidade.
Caminhando na praia de La Serena, no Chile
Observando o farol de La Serena, no Chile
O farol rendeu boas fotos, mas a fome apertou e voltamos para o hotel onde nos esperava a Fiona. Agora motorizados, seguimos para o sul, ainda na orla de La Serena, para encontrar um bom restaurante para almoçar. Protegidos do vento pelo vidro do restaurante, mas ao mesmo tempo admirando a bela vista oceânica, almoçamos como reis. A fome é sempre o melhor tempero. O vinho e um bom azeite disputam a segunda colocação!
Restaurante do nosso delicioso almoço em frente à praia de La Serena, no Chile
Nosso suculento almoço, acompanhado de legítimo vinho nacional, em frente à praia de La Serena, no norte do Chile
Depois do almoço, devidamente saciados, seguimos para Coquimbo. As luzes e o clima do meio da tarde tornaram ainda mais pitoresco esse movimentado porto de pescadores que mais se parece um bairro de La Serena do que uma cidade. Para quem procura charme ou vida noturna, as ruas de Coquimbo me pareceram bem mais interessantes que as de La Serena para algumas horas exploratórias ou de diversão.
Vista de Coquimbo e de La Serena, do alto da cruz do Milênio, no Chile
A gigantesca Cruz do Milênio, em La Serena, no Chile
Nós caminhamos um pouco por essas ruas mais movimentadas e seguimos para o alto do morro, em busca de vistas mais amplas e também da tal cruz de concreto. Esse enorme monumento que abriga um museu e uma torre de observação é chamada de “Cruz do Terceiro Milênio” e, desde a sua inauguração, há pouco mais de uma década, se converteu em uma das principais atrações turísticas da região. O museu é quase todo sobre o Papa (e agora santo!) João Paulo II e a vista que se tem do alto de seus braços, a mais de 200 metros de altura sobre o mar, é espetacular.
Admirando a vista do alto da Cruz do Milênio, em Coquimbo, região de La Serena, no Chile
Admirando a vista do alto da Cruz do Milênio, em Coquimbo, região de La Serena, no Chile
Aí ficamos por um bom tempo, admirando a paisagem de 360 graus ao nosso redor. Acabamos por ficar amigos de um dos guardas do local que, muito simpático, nos sugeriu ir a uma praia um pouco mais ao sul, bem pequena e charmosa, chamada Totoralillo. Quando descemos da cruz, o sol se aproximava da linha do horizonte e achamos a ideia de assistir ao belo pôr-do-sol em uma praia pequena e pitoresca irresistível. Tratamos de acelerar para lá!
A pequen a pacata praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
Admirando a praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
Não demorou muito e, quinze minutos mais tarde chegamos a essa praia quase deserta, apenas uns poucos carros estacionados no final da estrada, uma centena de metros antes da areia e do mar. Estacionamos, pegamos a máquina fotográfica e, já quando iniciávamos nossa caminhada, resolvemos voltar para pegar nossos passaportes. Pouco depois já estávamos na areia, admirando o sempre belo entardecer sobre o Oceano Pacífico, o sol mergulhando calmamente nas águas do mar (quase dá para ouvir aquele “ssshhhhhh”...) e o céu se pintando de vermelho. Foi magnífico! Valeu o esforço e a pressa para chegarmos até lá. Mas, enquanto saboreávamos cada segundo desse final de tarde fantástico, ali perto, a apenas uma centena de metros, um triste acontecimento quebraria um encanto da nossa viagem de mais de três anos: nossa aura de proteção, de intocabilidade, estava sendo estilhaçada. Assunto para o próximo post...
Admirando o pôr-do-sol na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
O pelicano, agora com uma namorada, admira o sol se pôr "quadrado" na praia de Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
O tradicional futebol de fim de tarde em Zipolite, no litoral Pacífico do México
No dia 18 de noite, vindos de Monte Albán e Oaxaca, chegamos na pequena Zipolite e nos instalamos na Pousada México, bem em frente à praia. Uma verdadeira pérola, quartos em forma de bangalô, tudo em madeira, camas com mosquiteiro e rede na varanda, brisa do mar constante. Restaurante com o pé na areia, café da manhã em frente ao mar, vontade nenhuma de sair daqui...
Pura saúde no café da manhã na praia em Zipolite, no litoral Pacífico do México
Aproveitando a sombra em dia ensolarado em Zipolite, no litoral Pacífico do México
Zipolite é uma típica surf town, duas ruas principais e mais algumas travessas, um monte de restaurantes gostosos e pousadinhas charmosas. Gente andando de bermuda, chinelos e sem camisa, mercadinho saudável na esquina, sol e céu azul o dia inteiro. Praia de areias amareladas, pouco mais de um quilômetro de comprimento e uns 50 metros de largura, vários barzinhos com cadeiras na areia. Mar meio nervoso, alguns dias mais do que outros, ondas boas para o surf e também para quem sabe nadar. Ou então, tem sempre a opção de ficar no rasinho...
Mar meio perigoso em Zipolite, no México
Enfrentando as ondas de Zipolite, no México
Enfim, o paraíso que estávamos procurando. Passamos dois dias inteiros por aqui, nossa rotina dividida entre o sol da praia e a sombra da pousada. Caminhamos na areia, brincamos de tomar cachote nas ondas, comemos muito bem a começar pelo café da manhã com frutas, iogurte e granola e assistimos a dois espetaculares entardeceres na praia.
Nossa deliciosa pousada em Zipolite, no litoral Pacífico do México
Fim de tarde na praia de Zipolite, no litoral Pacífico do México
O sol se põe no mar, justamente entre duas montanhas. É quase possível ouvi-lo tocar na água, céu bem avermelhado, todo mundo parado, admirando aquele espetáculo diário. Até o pessoal do tradicional futebol de fim de tarde para, nesses últimos momentos de luz. Muito joia mesmo!
Curtindo o pôr-do-sol em Zipolite, no litoral Pacífico do México
De noite, buscávamos algum restaurante italiano (são donos de muita coisa em Zipolite) e depois, algum barzinho na praia com fogueira armada na areia. Após contar muitas estrelas, voltávamos para nosso quarto aconchegante, chuveiro com água quase morna e com paredes vazadas para o jardim, Sensação de natureza total.
Platéia para o espetáculo do pôr-do-sol em Zipolite, no litoral Pacífico do México
Falando nisso, Zipolite é uma praia onde muita gente pratica o nudismo. Não são a maioria, mas são bem comuns. Rapidamente nos acostumamos com gente pelada passando a nossa frente na praia, geralmente gente mais idosa, de outra geração. Parece que é a única praia do México onde a prática ocorre.
Nosso bungalô em Zipolite, no México
Por aqui, além dos gringos, encontramos conhecemos vários mexicanos, alguns de muito longe. Todos unânimes em dizer que escolhemos a melhor praia do México. Bom, aos poucos vamos poder confirmar isso, mas que ela é mesmo espetacular, isso é!
Nosso delicioso quarto na posada em Zipolite, no México
Amanhã, a dura partida. Vamos passar o dia e dormir em outra praia famosa aqui da região, Puerto Escondido, já bem maior que a pequena Zipolite. No dia seguinte, longa viagem para Acapulco, por muito tempo o balneário mais famoso do continente. E da lá para a Cidade do México, que disputa com a nossa São Paulo o título de maior megalópole das Américas. Finalmente, no dia 26, voamos para o Caribe, mais um mês explorando suas ilhas paradisíacas. Dessa vez, passamos por Jamaica, ilhas Cayman e Cuba. Enfim, muita coisa nos espera...
A charmosa iluminação de praia da nossa pousada em Zipolite, no litoral Pacífico do México
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