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Fernanda (24/12)
Ola, existe uma grande possibilidade de eu ir morar em TO.. sou de sp e n...
Ricardo (21/12)
Oi Rodrigo, tudo bem? acabei de olhar seu post, muito sensacional!! certa...
Clenir (19/12)
Adorei a aventura de vcs...meu sonho e voltar a viver p essas bandas de m...
Mariela B. Lutz (11/12)
Boa tarde! Estou indo entre 2 pessoas, com carro normal locado em Calama....
GISELE GONÇALVES DE OLIVEIRA ANTUNES (24/11)
Bom dia,tenho planos para fazer esta trilha, quanto tempo para subir e de...
Um maravilhoso pôr-do-sol na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
A beleza de Cozumel e a tranquilidade que ela inspira tem atraído pessoas por milênios. Na época dos mayas, a ilha era um importante centro de peregrinação, principalmente de mulheres adultas. Ali estava localizado o templo da deusa da fertilidade e as mulheres mayas vinham de longe prestar suas homenagens e fazer seus pedidos. Gerar filhos no mundo maya era de suma importância, principalmente para garantir seu lugar em um dos nove céus que imaginavam existir. Uma mulher que morresse no parto dando a luz a uma criança sadia era considerada uma grande guerreira e enterrada com honras e glórias.
Caminhando pela praia até o porto de Playa del Carmen, para pegar o ferry para Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Fila do ferry de Playa del Carmen à Cozumel, no sul do México
Eles viviam ali em paz, cerca de 20 mil pessoas, cultuando seus deuses e pescando o peixe de cada dia, recebendo de braços abertos os visitantes que vinham do continente. Até que, um dia, num enorme barco como nunca haviam visto, vindos da direção oposta, apareceram os espanhóis comandados por Cortes. Apesar das roupas estranhas, da fala incompreensível e da atitude arrogante, os habitantes de Cozumel, seguindo a tradição, os receberam muito bem. Estranharam um pouco quando o líder daquela gente mandou destruir vários de seus ídolos e colocar no lugar a estátua de uma mulher vestida de azul com uma cara de piedade. Mesmo assim, não reclamaram. Deixaram que ele partisse e refizeram as estátuas destruídas. Mal sabiam que aquilo era o começo do rápido fim de sua civilização.
Caminhando pelo centrinho de Cozumel, no sul do México
Preparando-se para fazer snorkel na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
A próxima expedição espanhola trouxe na bagagem a varíola. Os efeitos na população local foram devastadores. Duas gerações mais tarde, ao final do século XVI, quando os poucos sobreviventes foram realocados à força para o continente, não passavam de duzentos. A ilha só ganhou uma população relevante novamente em meados do séc XIX, quando, fugidos da confusão da Guerra das Castas que assolava o Yucatán, chegaram várias famílias de indígenas. Apenas 15 anos mais tarde, o presidente Lincoln fez uma oferta de compra da ilha, solenemente ignorada pelo governo nacionalista de Benito Juarez. Lincoln queria mandar para lá os negros americanos, que ele não queria como escravos, mas também fora do seu país.
Começando bem o dia na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Para dar água na boca! (em Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México)
A ilha continuou em relativa paz até o final da década de 50 do séc XX. Foi quando um filme de cinema mostrou ao mundo, pela primeira vez, as belezas subaquáticas que cercavam Cozumel. Desde então, o turismo só vem crescendo, mergulhadores, praticantes de snorkel ou simplesmente que busca uma praia de águas-esmeralda e areias brancas. O turismo em Cozumel cresceu junto com Cancun, muito antes de Playa del Carmen existir de verdade.
Aproveitando a vida em praia da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Hoje foi a nossa vez de ir conhecer essa ilha tão importante para o turismo do México. Em Playa, caminhamos tranquilamente pelas areia da praia até o porto e pegamos o movimentado e moderno ferry que liga as duas localidades. Quarenta e cinco minutos mais tarde e aportávamos em San Miguel, a maior cidade da ilha, sempre movimentada pelos navios-cruzeiro que não param de chegar. A cidade foi construída justamente onde estavam as principais ruínas mayas, que foram todas usadas para as novas construções. Daí, alugamos um carro (e que carro! Veja no próximo post) e partimos para o tradicional circuito de volta à ilha.
Mapa da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México, mostrando o circuito que fizemos
O movimento fica para trás assim que deixamos San Miguel, indo para o sul. Começam a aparecer os resorts, as boas áreas para snorkel e os restaurantes. Na primeira chance, paramos em um deles e a Ana e a Val foram conhecer um pouco das belezas que tornaram a ilha tão famosa. Muitos peixes e uma arraia mais tarde, voltaram para seguirmos nosso caminho.
Dando a volta na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
A parada seguinte foi em um restaurante com sua própria praia, convite para um rum punch e deliciosos camarões. Para quem gosta de caranguejo ou lagosta, também seria o lugar certo. Estranho era estar naquele lugar delicioso, numa das mais famosas ilhas do mundo e estarmos praticamente a sós. Pelo visto, não são muitos que se aventuram fora dos resorts e barcos de mergulho por aqui. Bom, melhor para quem se “arrisca”...
Um brinde à ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Estrada novamente e nova parada em um restaurante famoso, o Bar do Rasta, no extremo sul da ilha. Agora, já tínhamos um mar com ondas e as mesas com o pé na areia foram um novo convite irrecusável para nos “reabastecermos” novamente. Com uma paisagem assim, dá para entender porque os mayas daqui eram tão pacíficos.
Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Nossa volta no sentido anti-horário, agora na costa leste da ilha, continuou. Aí estão as praias mais lindas de Cozumel e, outra vez mais, absolutamente desertas. Começo a pensar que 99% das pessoas que dizem conhecer Cozumel nunca saíram de seus cruzeiros ou das lojas nos arredores do porto de atracamento.
Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
A gente não ficou muito nessas lindas praias, pois estávamos com pressa para chegar à San Gervasio, as ruínas mais bem preservadas da ilha, justamente o centro de peregrinação das mulheres mayas em busca de fertilidade. Para nossa decepção, quando lá chegamos já estava fechado. Tivemos de prestar nossas homenagens e fazer nossos pedidos de longe mesmo. Se há mesmo uma deusa por ali, ela há de ter ouvido, hehehe.
Um maravilhoso pôr-do-sol na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Restou-nos então terminar nosso circuito, devolver o carro e assistir, de camarote, um pôr-do-sol verdadeiramente espetacular. Desses de tirar o fôlego, quando a cada segundo fica tudo ainda mais bonito, apesar de parecer impossível que possa melhorar. Ao longe, zarpava um navio-cruzeiro, com todas as suas luzes já acesas. Até ele combinava com o cenário. Só espero que as pessoas que estavam lá dentro, as mesmas que não encontramos nas praias e restaurantes deliciosos da ilha, tenham acompanhado de suas janelas esse show de degardes avermelhados no céu ocidental.
Fim de tarde, hora da partida do navio-cruzeiro da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Bom, a gente aproveitou. Foi o último dia da nossa querida Val conosco. Voltamos para Playa e ela e a Ana ainda experimentaram um pouco da noite da cidade, a sua despedida do país. Amanhã cedinho, vamos direto para o aeroporto em Cancun. Ela voa para o Brasil e nós vamos dar uma olhada na mais famosa cidade dessa parte do mundo, antes de seguirmos para a paradisíaca Isla Mujeres. O Yucatán ainda tem muito a nos mostrar...
Deliciosa praia na costa leste da ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México
Monumento Nacional, no final do Paseo Montejo, em Mérida, no sul do México
Há muito tempo o nome “Yucatán” frequenta minha imaginação. Primeiro, foi quando comecei a me interessar pela história dos povos pré-colombianos. Incas e astecas, com seus exércitos poderosos, atraíram logo minha atenção, mas depois, foi o misterioso povo maia que mais me cativou. Viviam eles nas impenetráveis selvas da América Central, principalmente nesse lugar chamado “Yucatán”. Fixei o nome, mas não o lugar. Sabia que era ali na América Central, mas aonde?
Nosso caminho de Puebla à Mérida, dormindo em Acayucan
Bom, tão rápido como mudava meu corpo e mente no início da minha adolescência, mudavam também meus interesses. Da exploração espacial para o destino dos neandertais para a extinção dos dinossauros para a Biblioteca de Alexandria, tudo estava a um passo um do outro. Era a série Cosmos, de Carl Sagan, que fustigava e alimentava minha imaginação. Foi aí que tomei conhecimento, pela primeira vez, da teoria de que o choque um enorme meteoro com a Terra seria dado cabo dos tiranossauros e companhia. E que esse choque teria ocorrido na Península do Yucatán, há cerca de 65 milhões de anos. Resquícios do impacto e da cratera haviam sido encontrados por lá recentemente. Agora, com um mapa em mãos, nunca mais esqueceria a localização daquela península que unia maias e dinossauros.
Os grandes lagos de Atasta e Términos são a porta de entrada para a península do Yucatán, no México
Passam-se muitos anos e eis que, acompanhado da amada esposa, cruzamos a América Central de carro e adentramos o México pelo estado de Chiapas. A mística Yucatán estava ali, do ladinho, mais perto do que nunca. Mas teria de esperar mais um pouco. Nosso destino era o norte, a América do Norte nos chamando. Foi em Janeiro do ano passado. Um pouquinho mais de paciência. Pois bem, 12 meses se passaram, o mundo não acabou (nem a nossa viagem!) e nós estamos aqui de volta. Dessa vez, muito bem acompanhados da nossa madrinha e amiga Valéria, temos todo o tempo do mundo para o Yucatán.
Fachada de igreja em Mérida, no sul do México
Ontem tínhamos dormido em Acayucan, vindos de Puebla. Na nossa pressa para aqui chegar, deixamos para trás e para uma outra vez a cidade portuária de Vera Cruz, sede do mais animado carnaval do país. Justo em época de carnaval! Bom, não se pode ver tudo. Queríamos mesmo era chegar à Mérida, a cidade de maior importância histórica da região, sede do poder colonial espanhol. É o ponto inicial de nossas explorações nessa semana antes do retorno da Val para o Brasil. Depois, teremos mais tempo para, com calma, curtimos as praias, cenotes e ruínas dessa região fascinante.
Interior da catedral em Mérida, no sul do México
Nós chegamos à Mérida de noite, mas ainda em tempo de apreciar suas ruas coloniais cheias de restaurantes, hotéis e turistas de todas as partes. A cidade está cheia e não foi fácil achar um lugar para ficarmos. Mas achamos, precisando de um descanso depois de tantas horas e quilômetros de estradas e ansiosos por uma noite de sono.
Altar decorado na catedral de Mérida, no sul do México
Hoje, então, foi a largada oficial de explorações. E começamos logo com chuva. Tempo ideal para uma boa sessão de museus, entre uma corrida e outra entre ruas e praças. Foi ótimo para começarmos a ter uma ideia da rica história da península, que começou com um impacto colossal, passou pela mais interessante das civilizações pré-colombianas e se transformou numa verdadeira febre do turismo mundial.
Visita ao belo Palácio Municipal, em Mérida, no sul do México
Visita ao belo Palácio Municipal, em Mérida, no sul do México
Depois de passar por igrejas e pela catedral, pelo pomposo teatro e pela movimentada universidade e por ruas e praças coloniais esvaziadas pela chuva fina, chegamos ao Palácio Municipal, todo decorado com enormes murais que retratam aspectos da história e do cotidiano da península, da época maia aos séculos de opressões e lutas sociais que se seguiram à conquista espanhola. Em um bem decorado salão, uma pincelada sobre os principais momentos históricos dos últimos 500 anos, o que me fez ver o quão pouco eu sabia além de generalidades muito vezes equivocadas. Para alguém que se julga “sabedor da história”, foi um delicado tapa na cara...
Pintura moderna mostrando a importância do milho para os povos do Yucatán (em Mérida, no sul do México)
Sempre aprendi que, ao chegarem ao Novo Mundo, espanhóis encontraram apenas dois grandes povos e impérios: incas e astecas, conquistados por Pizarro e Cortes, respectivamente. Já os maias, não seriam nem sombra do passado, apenas bandos de selvagens vivendo em meio às ruínas de sua decadente civilização. Nada mais falso.
Quem se habilita a ler um texto no idioma maia? (em Mérida, no sul do México)
É certo que os grandes centros mais na Guatemala haviam sido abandonados muito antes, mas ao norte do Yucatán ainda fervilhava uma civilização, com suas cidades e palácios. Dividiam-se em cidades-estado o que, com suas rivalidades, facilitou a conquista espanhola. Mas, ao mesmo tempo, prolongou ao máximo a guerra de conquista, pois não bastava aos colonizadores conquistar uma “capital” ou um país. Tiveram que fazer guerra com cada uma delas, mesmo as mais isoladas e diminutas. Enquanto astecas e incas caíram em menos de uma geração, os mais resistiram por séculos.
Sala de exposições de história em prédio público em Mérida, no sul do México
O grande conquistador da península foi, na verdade, uma família, os Montejo. Pai, depois filho, depois sobrinho. Explorando ao máximo as divisões internas, aliando-se a povos antes oprimidos, derrubaram e conquistaram as antigas cidades dominantes, para depois traírem e escravizarem também seus aliados, Depois, pouco a pouco, foram estendendo seu domínio por toda a península, tribo após tribo. Mas o espírito indígena nunca foi batido, apesar dos séculos de repressão.
Passeando em dia de chuva pelo centro histórico de Mérida, no sul do México
Tanto que, com a independência do México, o Yucatán declarou-se logo independente do poder central, um país governado pela elite local, descendentes mestiços dos antigos colonizadores. Sua capital era Mérida, a cidade fundada pela família Montejo. Mas em seguida, dentro desse novo país, foram os índios a reclamar sua independência. O Yucatán foi dividido em dois, uma república branca e outra índia. Incapaz de controlar a sublevação maia, a “parte branca” preferiu voltar ao controle mexicano para, juntos, controlarem toda a península. Essa guerra que durou um século, conhecida como Guerra de Castas, manteve a península dividida, os maias com seu país independente na parte sudeste da península, uma terra proibida para brancos e mestiços.
Em escultura nada sutil, um conquistador aparece pisando sobre os indígenas conquistados (em Mérida, no sul do México)
Foi só no início do século XX, depois de um acordo entre México e Inglaterra que impediu que os maias continuassem a comercializar armas e mantimentos com Belize que as forças de Porfírio Diaz retomaram o controle da região. Mesmo assim, ainda na década de 30, rebeldes lutavam no interior da península.
Interior da Casa de Montejo, a família que conquistou o Yucatán (em Mérida, no sul do do México)
Depois dessa verdadeira aula de história, atravessamos a praça para visitar a casa dos conquistadores, a família Montejo. Do lado de fora, um alto relevo nada sutil mostra os antigos conquistadores pisando sobre a cabeça dos indígenas conquistados. Pois a cultura deles sobreviveu aos séculos, língua, vestimentas, culinária e o povo. É essa península que começamos a explorar hoje, cada vez mais curiosos em nos aprofundar em sua cultura, história e belezas naturais. Yucatán, chegamos!
Banco especial para namorados, no Paseo Montejo, em Mérida, no sul do México
Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Nessas nossas andanças pelas Américas, uma das coisas que sempre procuramos é o contato com a natureza. Por isso, fazemos longas caminhadas em parques nacionais, subimos montanhas, mergulhamos em mares e rios, exploramos cavernas, cruzamos matas e desertos. As paisagens são sempre magníficas, em suas formas mais distintas, mas é o encontro com a vida selvagem, os verdadeiros habitantes dessas regiões lindas que visitamos, que nos dá a sensação verdadeira de estar ainda mais perto da natureza. Afinal, são eles que vivem ali há milhares de anos e encontrá-los nos deixa ainda mais perto do que era o mundo antes de chegarmos por aqui. São sempre encontros marcantes e inesquecíveis.
Pegada de onça em praia do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Emoção ao avistar nossa primeira onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Normalmente, são os encontros com os bichos “grandes”, sempre em seu habitat natural, os mais emocionantes. Assim foi com as diversas espécies de tubarões no mar do Caribe e, mais ainda, com os gigantescos tubarões-baleia em Galápagos. Assim foi com golfinhos em Noronha e com baleias no México e no Alaska. Assim foi com tartarugas gigantes em Galápagos e Nicarágua ou com uma enorme sucuri na Venezuela. Assim foi com ursos e alces no Canadá e no Alaska. Esses e muitos outros encontros fizeram a nossa viagem pelo continente muito mais emocionante, interessante e verdadeira.
Onça descansa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Mas há um tipo de animal que vinha nos despistando desde o início da viagem, por mais que o procurássemos: os grandes felinos. Basicamente, aqui na América temos duas espécies desses maravilhosos animais, que recebem os mais diferentes nomes conforme a região. O maior deles é a onça pintada, também conhecida por jaguar em todos os países de língua espanhola. O outro é o puma, cougar ou onça parda, nome dado aqui no Brasil. As duas espécies habitavam originalmente da Argentina aos Estados Unidos, embora já tenham sido extintos em muitas regiões, desde a chegada do homem branco.
Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Embora no Brasil as duas espécies sejam chamadas de “onças”, elas são apenas parentes distantes, pertencendo inclusive a gêneros distintos. A onça parda é do gênero “puma” e não sabe rugir. Já a onça pintada é do gênero “panthera”, o mesmo de tigres, leões e leopardos, os maiores gatos do mundo. Assim, é correto dizer que nossa onça pintada está muito mais próxima de um tigre asiático ou leão africano do que da sua vizinha onça parda. Esses dois animais convivem em muitas partes, mas a onça pintada é mais forte, alimenta-se de animais maiores e tende a afastar a onça parda de seu território. Já a onça preta, ou pantera, é apenas uma onça pintada de pele escura, uma variação genética que pode ocorrer até mesmo entre irmãos, assim como na espécie humana irmãos nascem com olhos claros ou escuros, filhos dos mesmos pais.
Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Em vários pontos da nossa viagem, estivemos em territórios desses dois animais. Chegamos a ver muitas pegadas de onças pardas, seja no Vale do Ribeira, seja num parque americano, mas isso foi o mais perto que chegamos deles. No Yucatán e na Guatemala, os jaguares estavam ali, pertinho, mas não os vimos. Na Península de Osa, na Costa Rica, por questão de meia hora perdemos a chance de ver um puma, que muitos outros turistas no mesmo parque puderam ver e fotografar. Ele ficou ali, parado, posando para fotos, mas nós íamos por outra trilha. Mais recentemente, na Amazônia, na reserva do Mamirauá, encontramos um especialista em onças pintadas, que nos ensinou muito sobre o animal, mas não tivemos a chance de sair com ele e seu radio transmissor para encontrar um desses vistosos animais dependurado em um galho da floresta alagada.
A incrível beleza da pele de onça, em barranco do rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Uma magnífica onça nos observa enquanto navegamos no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Enfim, apostávamos todas as nossas fichas em ter esse “encontro” aqui no Pantanal Norte que, nessa época do ano, é o melhor lugar do mundo para se avistar uma onça pintada. Esse fato se tornou ainda mais real para nós quando, alguns dias atrás, cruzamos e conversamos com outros turistas na trilha das cachoeiras, na Chapada dos Guimarães. Eles estavam vindo daqui e tinham presenciado uma cena incrível: uma onça caçando um jacaré! Se tivessem apenas nos contado, ficaria meio desconfiado, mas o felizardo conseguiu fotografar toda a cena, a onça se aproximando sorrateiramente pelas costas, em uma praia do rio, e avançando sobre o jacaré. A luta não demorou muito, o jacaré de porte médio, quase cem quilos, sem nenhuma chance. A onça vitoriosa ainda carregou sua presa para o outro lado do rio. Tudo isso numa incrível sequência de fotos que nos deixou com a mais pura e positiva inveja.
Uma onça ruge para nós no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Pois bem, essa era a nossa chance! Por isso, não titubeamos em pagar o passeio de barco pelo rio Cuiabá. Com as águas mais baixas, aparecem praias e barrancos nas margens e é aí que se veem os animais, inclusive as onças. Nós ficamos no conforto e segurança do barco e podemos nos aproximar até poucos metros desses enormes felinos, se eles assim o permitirem. Os barqueiros já sabem onde esses encontros tem mais chance de ocorrer, pelo histórico dos últimos dias. Além disso, falam-se constantemente, ao longo do dia, para trocar informações, formando uma verdadeira rede.
Um enorme bocejo de onça em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Mesmo sabendo de tudo isso e também de todo o histórico de onças dos dias anteriores, a gente fica sempre com medo que hoje não seja o dia. Há casos de pessoas que tem a sorte de ver até 10 onças na mesma jornada, mas há o caso daqueles que não veem nenhuma! É sempre aquela questão de estar no lugar certo na hora certa. O que diferencia o Pantanal nessa época do ano, principalmente aqui no norte, é que há mais “lugares certos e horas certas”. Nossa chances são maiores.
A inconfundível silhueta de uma onça entre as folhagens de um barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Onça nos observa em praia no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Então, todos disfarçávamos a tensão até que, enfim, depois de mais de uma hora no rio, veio a notícia dada por um outro barqueiro: há uma onça na margem esquerda algumas curvas a frente. O Tatu, nosso barqueiro, acelera para lá enquanto a gente parece não acreditar que seja mesmo verdade. Até que os olhos treinados do Tatu a localizam, ele nos indica onde ela está e nós vemos, com os próprios olhos, o elusivo animal. É mesmo uma onça, enorme, linda, imponente, senhora de si, sagrada. Como diz o anúncio, a primeira onça, a gente nunca esquece!
Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Depois da primeira, ficamos mais relaxados. O que vier agora, é lucro. Bom, se pensarmos dessa maneira, posso dizer que ficamos milionários hoje! A segunda onça estava muito mais próxima, e essa pudemos nos aproximar e fotografar à vontade. Ela ficou ali, posando para fotos, bocejando, abrindo sua enorme boca, nos mostrando a língua e até rugindo um pouco, coisa que só as espécies do gênero panthera sabem fazer. É um animal enorme, que pode chegar aos 150 quilos! É menor que leões e tigres, mas é maior que o leopardo. Em compensação, tem a mordida mais forte na sua família, deixando tigres e leões para trás. Por isso, é o único felino que também costuma matar suas presas mordendo diretamente o crâneo, transformando-o em pedacinhos. Leões, tigres e leopardos preferem morder o pescoço, sufocando a vítima. A onça também sabe fazer isso, dependendo do tipo de presa. Para outras menores, como cães, basta um tapa para matar, nem precisando usar a potente mandíbula.
Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Aliás, vendo de perto esse animal, deu para ver que a chance que uma pessoa teria contra ela é absolutamente zero. Ela corre mais, nada mais, sobe melhor em árvores e é muito mais forte. Nós estaríamos na classe dos cães, um simples tapinha para nos mandar dessa para melhor. Felizmente para nós, elas parecem gostar de cachorros, mas não de seres humanos. Os casos de ataque a pessoas geralmente estão relacionados a defesa de filhotes ou a indivíduos velhos e desdentados, já sem forças para caçar presas normais. É o desespero da fome que os levar a baixar seu nível de paladar.
Onça macho descança ao lado de onça fêmea em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Ao longo do dia, tivemos vários outros encontros. Foram seis encontros no total, em praias ou barrancos. Num deles, vimos apenas a silhueta entre as folhagens, graças aos olhos treinados do Tatu. Mas quando ele nos aponta, fica inconfundível! Espero nunca ter esse encontro em terra firme, hehehe. Numa hora dessas, não podemos correr. A tática é levantar os braços, para parecer maiores, falar com firmeza, não tirar os olhos do animal e andar vagarosamente de costas, afastando-se aos poucos. Mas, mais do que tudo, reze! Pois se ela quiser te pegar, vai ficar difícil. Por sorte, na grande maioria das vezes, a onça se desinteressa e segue em caminho contrário.
Casal de onças "namora" em barranco do Rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Dois dos encontros foram os mais especiais. Num deles, não havia uma, mas duas onças! Era um macho e uma fêmea e nós pudemos observar o namoro entre eles, a famosa “corte”. A fêmea fazia-se de desinteressada, mas não ia embora. O macho a rodeava, brincava um pouco com ela e se afastava. Alguns minutos de descanso e voltava à carga. Nós estivemos nesse lugar por três vezes, num período de quase duas horas. Pelo visto, o pobre macho tem de ser bem paciente enquanto a fêmea faz doce, hehehe.
Ainda despercebida, onça avança sobre grupo de capivaras em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
O outro encontro foi ainda mais especial, o ponto alto do dia, da semana e do mês. Tivemos a chance de ver uma caçada! Do outro lado do rio, observamos com perfeição toda a ação, que durou uns poucos minutos. Uma família de capivaras estava no alto do barranco, descansando na sombra. A poucos metros dali, uma enorme onça espreitava, se aproximando silenciosamente. Nós víamos tudo, coração na mão e tentando abafar o barulho até da respiração. Uma parte da mente torcia para ver o ataque e sucesso da onça enquanto o outro queria, desesperadamente, avisar as pobres capivaras do perigo iminente. Nossa, o que fazer? Na dúvida, câmera e filmadora nas mãos, prontos para registrar tudo.
Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
De repente, uma capivara se levantou, preocupada. Ela não sabia de onde vinha o perigo, mas sabia que estava por lá. Começou a emitir sons altos, quase um latido. Algo que nunca tinha visto, mesmo depois de já ter visto milhares de capivaras por toda a América. As outras capivaras se levantaram também enquanto a onça continuava a se aproximar, sem ruídos, escondida pelas folhagens.
Ao perceberem a chegada da onça, capivaras se atiram no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Onça observa capivaras se jogarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Foi a hora do bote. A onça avançou em disparada os poucos metros que restavam, mas as capivaras tiveram tempo de se atirar ao rio, um salto de cinco metros de altura, toda a família em uníssono. Muita poeira se levantou, filtrando os raios de sol que já eram filtrados pela folhagem acima. A onça ficou um pouco confusa enquanto as capivaras se estatelavam nas águas do rio. Elas trataram de afundar e só reaparecer muitos metros adiante, enquanto a onça perdeu segundos preciosos pensando se pulava atrás delas ou não. No fim, desistiu, reconheceu a derrota e voltou para a mata. O Tatu nos disse que já viu onças pularem no rio e alcançarem as capivaras, mas essa avaliou que tinha perdido muito tempo. Não valia o esforço.
Onça observa capivaras escaparem de seu ataque em barranco no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Fugindo de onça, capivaras nadam no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Para nós, foram vários segundos sem respirar, segundos que pareceram uma eternidade, o drama da vida passando em frente aos nossos olhos. Momentos que fizeram anos de procura valerem a pena. Tivemos a chance de ver um ataque e, ao final, entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Na hora de ir embora, ainda passamos ao lado do grupo de capivaras, já no lado de cá do rio. Se nós estávamos excitados, imagina elas! Podia-se ver nos olhos. Tinham nascido novamente! Prontas para mais um dia de vida dura. Não deve ser fácil viver sabendo que, a qualquer momento, você pode virar comida de onça. De alguma maneira, esse medo ainda está escrito nos nossos códigos genéticos, afinal, foram duzentos mil anos fugindo dos grandes gatos nas planícies africanas. Hoje, deu para sentir de perto esses genes perdidos que todos carregamos desde então.
Do outro lado do rio Cuiabá, capivaras respiram aliviadas depois de escaparem de ataque de onça, na região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Enfim, voltamos para o hotel no fim do passeio plenamente satisfeitos. Tínhamos conseguido muito mais do que imaginávamos. O dia perfeito no Pantanal. Uma experiência que nunca mais esqueceremos, um momento que se destaca mesmo entre os tantos que vivemos todos os dias nessa jornada maravilhosa pelas Américas.
Onça observa capivaras se afastarem no rio Cuiabá, região de Porto Jofre, no final da rodovia Transpantaneira, no Pantanal Norte, no Mato Grosso
Caminhando pela High Line em Nova Iorque - Estados Unidos
Depois de atravessar novamente o Central Park, continuamos seguindo para o sul, agora pela majestosa 5ª Avenida, com suas lojas de marca. Logo ali na esquina com o parque já está a loja da Apple, sonho de consumo de milhões de pessoas ao redor do mundo. Segundo minha esposa publicitária, mesmo que eu não ligue muito para os produtos da marca, conhecer a loja seria uma obrigação, pelos conceitos que apresenta. E assim, achando caminho em meio à multidão, entramos na famosa loja, centenas de clientes e dezenas de amáveis atendentes. A Apple sempre me lembra o filme do Forrest Gump, quando ele conta que resolveu investir numa empresa de “frutas”, no final da década de 70 e que, aparentemente, eles estavam vendendo bem, pela quantidade de dividendos que recebia...
roteiro resumido da da nossa caminhada de hoje em Manhattan. Ainda está faltando uns 3 kms…
Seguindo pela avenida e passando por todas as grandes grifes da moda, chegamos a bela catedral de St. Patrick, em reforma e espremida no meio de todos aqueles arranha-céus. Nada que diminua a beleza e suntuosidade de seu interior, frequentado por um público meio diferente daquela da loja da maçã. Pausa para fotos, reflexão e para respirar um pouco do ar sempre fresco dentro da igreja, antes de voltar para o calor do lado de fora.
A famosa loja da Apple na 5a Avenida, esquina do Central Park, em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Próxima parada: a praça cheia de bandeiras do Rockfeller Center, toda cercada de prédios altíssimos, um dos pontos mais conhecidos de Manhattan. Daí voltamos tranquilamente para o nosso delicioso hotel na Times Square, nosso quarto um verdadeiro oásis no meio daquela movimentação constante da região.
Interior da Catedral de St. Patrick, em Nova Iorque - Estados Unidos
Catedral de St. Patrick, em Nova Iorque - Estados Unidos
Só tivemos uma pausa para um banho e já estávamos na rua novamente, dessa vez em direção á downtown. Nosso destino agora era a 30th st. com 10ª Av, onde começa uma das novas atrações da Big Apple, um parque conhecido como High Line.
Rockefeller Center, em Nova Iorque - Estados Unidos
As bandeiras do Rockefeller Center, em Nova Iorque - Estados Unidos
Eficientes que são, os americanos tiveram a bela ideia de aproveitar uma antiga linha de trem suspensa, que segue por cerca de 20 quarteirões para o sul da ilha, abandonada e caindo aos pedaços, pronta para ser demolida, para repaginá-la e transformá-la em um parque suspenso. A ideia veio de moradores locais que, do alto de seus apartamentos, verificaram que o mato crescia naqueles trilhos suspensos. Ora, se o mato podia crescer, por que não um jardim?
O pedaço do Brasil em Nova Iorque - Estados Unidos
A vista do quarto do nosso hotel em Nova Iorque - Estados Unidos
E assim fizeram, com doações e apoio da cidade e de gente importante. Hoje, nova-iorquinos e turistas tem a possibilidade de caminhar por lá, em meio aos prédios, sempre com boa vista para o Hudson River e várias das landmarks da cidade, como o Empire States ou a Estátua da Liberdade. Uma caminhada imperdível para quem gosta de visitar essa cidade.
Caminhando pela High Line em Nova Iorque - Estados Unidos
A calma lá do alto contrasta com o aperto da parte de baixo. Passamos até por cima de um daqueles estacionamentos de Manhattan, onde carros são empilhados uns sobre os outros, ao preço de 10 dólares a primeira meia hora! Já lá no alto, espaços foram criados para que as pessoas tomem sol tranquilamente em suas cadeiras de praia, em frente a um trecho da High Line onde constantemente é mantido uma água correndo, molhando a calçada e convidando as pessoas a molharem os pés, caminhando descalças.
Não é fácil (nem barato!) estacionar em Nova Iorque - Estados Unidos
Estacionamento em Nova Iorque - Estados Unidos
Já perto da 10th st, terminada a caminhada na High Line, seguimos novamente para a 5ª Av, cruzamento com a 23th, onde mais uma atração nos esperava, Dessa vez, bem suculenta, um prêmio depois de tantos quilômetros de caminhadas.
Pessoas relaxam e tomam sol na High Line em Nova Iorque - Estados Unidos
Caminhando pela High Line em Nova Iorque - Estados Unidos
Estou falando da “Eat-aly”, um local com restaurantes e supermercados da melhor comida italiana, produtos frescos que chegam diária e diretamente da Itália. Já há várias dessas na Itália, uma em Tóquio e outra em Nova York, onde faz o maior sucesso e a alegria dos amantes da boa comida.
Venda de queijos no "Eat-aly", em Nova Iorque - Estados Unidos
Queijos, salames e vinhos no "Eat-aly", em Nova Iorque - Estados Unidos
Aí nos refestelamos numa grande tábua de queijos e salames, claro que acompanhado de ótimo vinho italiano. Foi a nossa celebração do belo dia de caminhadas na pulsante capital do mundo. E foi só o começo. Logo depois do banquete, voltamos caminhando para o hotel, para fechar o circuito, fazer a digestão e passar mais uma vez pela impressionante Times Square. Voltamos para o nosso oásis e estamos prontos para nova caminhada amanhã, dessa vez com uma ajudazinha do metrô também, hehehe.
A bela visão noturna de Nova Iorque - Estados Unidos, do quarto do nosso hotel
Aproveitando a vista no alto da Serra das Broas em Carrancas - MG
Numa vida normal, quando fazemos uma bela viagem de final de semana ou aquela tão esperada viagem de 15-20 dias depois de um ano ralando, as memórias deste programa ficam vivas em nossas mentes por muito tempo, para não dizer para sempre. O que foge da nossa rotina nos marca, de alguma maneira, de forma mais intensa. Principalmente quando são boas memórias, de lugares lindos, pessoas interessantes, comidas exóticas.
Voltamos para nossa vidinha besta do dia à dia, mas aquelas memórias estão lá, fortes, presentes. É possível revivê-las e buscar de novo pelo menos parte do jubilo daqueles momentos ainda tão reais. Nem é preciso muito esforço, só um pouco de concentração.
Dia maravilhoso, céu azul em Carrancas - MG
Pois bem, isso ocorre em uma "vida normal". A nossa vida não tem sido muito "normal" ultimamente. Viajar sem parar, sempre para lugares interessantes e com tempo para curtir esses lugares é muito legal. Inegável! Vivemos intensamente praticamente todos os dias, o dia todo. Como já disse, uma maravilha. Mas, essa "rotina" (ou a falta de uma) tem seus side effects.
Cachoeira em rio do Complexo da Zilda em Carrancas - MG
Tantas memórias intensas acabam se sobrepondo. O que parece algo inesquecível um dia, que vai marcar por toda a vida, no dia seguinte se torna uma vaga lembrança, algo muito bom mas que já aconteceu há muito tempo, em algum lugar onde já não lembramos o nome. Talvez seja a idade, mas venho experimentando essa sensação por toda a viagem. Não é algo que goste. Afinal, cada boa experiência que passo, gostaria de guardar com riqueza de detalhes para sempre.
Pôr-do-sol no Mirante da Serra em Carrancas - MG
Não tem sido o caso. Triste. Tenho de fazer força para lembrar como foi o dia maravilhoso de 10 dias atrás.
O paliativo para isso são os blogs, com seus textos e fotos. É muito legal para mim ter tudo isso arquivado, de tão fácil acesso. Viva a internet. E, mais legal para mim do que ler o meu blog para reviver minha viagem é ler o blog da Ana. Aí, passo a ser espectador da viagem que participo e compreendê-la com outros olhos, ver coisas que não vi, ler coisas que não escrevi.
Sinceramente? Cada vez mais gosto dessa nossa idéia de ter dois blogs. Dá trabalho mas vale a pena.
Se equilibrando no alto da rocha em Carrancas - MG
O esperado banho para tirar o sal e a lama da travessia do salar de Uyuni (em Iquique, no norte do Chile)
Dia nublado, mais do que previsível nessa época do ano, totalmente favorável ao cobertor, à preguiça e à leitura. Nossa única obrigação foi arrumar um lugar para dar um banho na Fiona. Afinal, depois de cruzar os maiores salares do mundo, ela estava cheia de sal, em cada buraco ou reentrância. E, como todos sabem, sal é o maior inimigo de qualquer lataria de carro, como bem sabem aqueles que moram em qualquer cidade litorânea. Atrai e captura qualquer umidade do ar e logo aparecem os pontos de ferrugem.
Como ela estava hiper super mega blaster tomada pelo sal, poeira e lama, resolvemos dar dois banhos. Primeiro, num lava rápido de um posto, muita água e pressão para tirar o sal grosso. Depois, num shopping, banho na carroceria e parte interna. Ao final, um novo carro pronto para os novos desafios à frente. Menos salares, hehehe!
O esperado banho para tirar o sal e a lama da travessia do salar de Uyuni (em Iquique, no norte do Chile)
Enquanto isso, dedicamo-nos aos posts, atualização do site e leituras, além do passeio no shopping, o que é igual em qualquer lugar do mundo. A Ana até descolou um corte de cabelo. Cinema é que não deu, só opções bem fraquinhas...
Quanto às leituras, me concentrei na Guerra do Pacífico. Em resumo, foi mais ou menos assim: com a independência das ex-colônias espanholas na América, as fronteiras entre elas ficaram bem indefinidas, um diz-que-me-disse que não chegava à lugar nenhum. Afinal, na época da Espanha, tudo era dela e não era preciso definir limites.
O esperado banho para tirar o sal e a lama da travessia do salar de Uyuni (em Iquique, no norte do Chile)
Uma dessas áreas "confusas" era a fronteira de Chile e Bolívia. A cidade de Antofagasta era claramente boliviana, mas não havia nada, nenhum documento ou tratado que dissesse e a área à sua volta era boliviana. Pois bem, enquanto aqui era somente um deserto, nenhum problema. Mas quando as riquezas começaram a aparecer, vieram também as disputas. O Chile acabou aceitando que aquele pedaço de terra era mais boliviano que chileno, mas eram os chilenos, com capital britânico, que exploravam as minas de salitre do local. Os bolivianos só ficavam com as taxas e impostos.
O dinheiro começou a aumentar, assim como a ganância dos governos. Os bolivianos quiseram aumentar sua fatia de impostos e, quando as empresas se recusaram a pagar, ameaçaram com expropriação. No dia marcado para isso, quem apareceu foi o exército chileno, em defesa de suas empresas. Começava a guerra. A Bolívia, chamando uma cláusula de um tratado secreto de ajuda recíproca com o vizinho Peru, chamou-o para a guerra. Meio a contragosto, mas fiel ao tratado, o Peru veio em seu auxílio. O problema é que Peru e Bolívia tinham exércitos desmobilizados e despreparados, ao contrário do Chile, com exército profissionalizado e dinheiro inglês para se financiar.
O resultado foi uma lavada do Chile nos aliados, Bolívia e Peru. A primeira perdeu Antofagasta (que fica mais de 100 km ao sul de Iquique) e seu acesso ao mar. Até hoje não aceita essa condição e tem na sua Constituição uma cláusula que obriga todos os seus líderes a lutar para retomar seu acesso marítimo. O segundo perdeu não só uma parte de seu território, como as cidades de Iquique e Arica, como teve até suas maioeres cidades ocupadas militarmente pelo Chile, inclusive Arequipa e a capital, Lima. O Chile retrocedeu, depois de algum tempo de ocupação, mas manteve algumas cidades. Algumas se "tornaram" chilenas, como Iquique e Arica, mas outras sempre continuaram peruanas no espírito. Tanto que, em plesbiscito na década de 1920, a cidade de Tacna votou para voltar a ser peruana, algo que ocorreu em seguida...
Os territórrios dos países antes (em cores) e depois (linhas pretas) da Guerra do Pacífco
A consequência da guerra, vista aqui do futuro, não foi boa para ninguém. O Peru saiu humilhado e perdeu várias cidades, aparentemente para sempre. A Bolívia ficou enclausurada dentro do continente, condição de que não se conforma até hoje, mais de um século mais tarde. E o Chile, que durante pouco mais de meio século gozou das riquezas das terras conquistadas, vindas da exploração do salitre, hoje já não conta com essa receita, já que há muito não há mais sentido econômico nessa exploração. Ao mesmo tempo, endividou-se de tal maneira com a Inglaterra que passou por um longo período de dependência econômica da terra da rainha, condição que todos nós sabemos não é das melhores. Além disso, para evitar que a Argentina aderisse aos aliados na guerra, acabou desistindo de suas pretensões territóriais sobre boa parte da Patagônia, algo de que muito se arrepende hoje.
Enfim, entre mortos e feridos, salvaram-se todos, mas com cicatrizes que perduram até hoje. Cicatrizes que nós, brasileiros, podemos estudar, tentar entender, mas realmente sentir, jamais. Pensamentos que passam pela cabeça enquanto um forte jato de água tira o sal da Fiona.
Pôr-do-sol em Delfinópolis - MG
Nossa intenção ao dormir em Ribeirão ontem era sair cedo hoje, rumo à Delfinópolis. Adivinha se deu certo? Tomamos aquele café da manhã gostoso junto com meus pais, mexemos um pouco na internet, arrumamos a Fiona, cortamos a lona que compramos em Perdões para ajustá-la melhor ao tamanho da caçamba, desenrolamos e enrolamos o guincho pela primeira vez desde o treinamento 4x4 há mais de quatro meses e finalmente, pouco antes do almoço, estávamos prontos para partir. Não sem antes, com a ajuda do Joca e da Ixa (apelidos carinhosos dos pais), atualizarmos os mapas nas portas da Fiona, colocando a bolinha correspondente à Ribeirão Preto.
Atualizando o mapa da Fiona em Ribeirão Preto - SP
Com os pais em Ribeirão Preto - SP
Depois, pé na estrada! Após quase duas semanas de muito convívio familiar, tanto em Curitiba como em Ribeirão, estamos prontos e ansiosos para retomar nosso ritmo mais intenso de viagens. Nada melhor do que retomá-lo em Delfinópolis, uma das portas de entrada da Serra da Canastra e das dezenas de cachoeiras da região. Eu já estive aqui algumas vezes mas o especialista na região é o meu irmão Guto. É quase o quintal dele. Para a Ana, será tudo novidade!
E ela começou bem! Para chegar à cidade é preciso atravessar uma represa de balsa. Nós chegamos na hora certa pois a balsa estava para partir. Era só o tempo da Ana comprar uma cerveja para nós. Embarquei com a Fiona enquanto ela foi cumprir essa nobre tarefa. Eis que... a balsa partiu sem a Ana. Foi engraçado observar ela sair toda pirilampa do bar, com duas latinhas de cerveja e descobrir que a balsa tinha acabado de zarpar. He he he.
Travessia de balsa em Delfinópolis - MG
Fiquei esperando ela do outro lado, demos boas risadas e seguimos rumo à cidade em busca da Pousada da Mariângela. Ela não estava, mas o Verri, o vizinho, estava. Experimentado guia da cidade e grande amigo do Guto, colocamos o papo dos últimos oito anos em dia e ele nos deu dicas preciosas sobre a programação dos próximos dias. Inclusive, para a última hora de dia que ainda tínhamos hoje.
Rio Sto Antônio em Delfinópolis - MG
Partimos acelerados para o rio Santo Antônio, logo após cruzar a Mariângela na esquina e confirmar que ficaríamos com ela. Chegamos a tempo de curtir um pouco o visual das corredeiras, mas não animamos muito de nadar não. Afinal, o melhor da festa ainda estava por vir: o pôr-do-sol visto do alto da serra, no caminho de volta. Foi espetacular! A visão das montanhas e da represa do Peixoto logo abaixo estavam lindas. Para completar, a lua cheia nasceu soberana, deixando a noite clara como dia.
Fim de tarde na Serra da Canastra em Delfinópolis - MG
Depois, nos instalamos na Mariângela, descarregamos toda a bagagem para deixá-la longe da poeira infernal e fomos jantar na pizzaria BarCo. Pronto! Estávamos prontos para os longos passeios dos dias seguintes. Muita cachoeira, muita acão e de volta ao ritmo de viagem!
Pôr-do-sol em Delfinópolis - MG
Lua cheia na Serra da Canastra em Delfinópolis - MG
Solo avermelhado na Cachoeira do Roncador, a mais alta de Taquaruçu - TO
Hoje tivemos uma importante conversa na empresa que faz e mantém o nosso site. Mais uma vez estamos otimistas que, agora vai!!! Terminamos também o material que vou enviar ao consulado do Canadá. Resolvi fazer através de um despachante em São Paulo. Um amigo vai levar a papelada na segunda de tarde e, terça-feira, deve dar entrada no consulado. Depois, é só esperar e torcer...
Neste sábado geladíssimo aqui em Curitiba, faço homenagem às quase cem cachoeiras que visitamos durante a viagem até agora. Muitas em Minas e no Brasil Central mas, na verdade, espalhadas por todo o país e nos outros também. Difícil foi escolher as fotos. Só as que já estão classificadas como "top" no nosso arquivo, são mais de cem. Enfim, segue uma pequena amostra desses lugares maravilhosos, onde a gente se diverte, se refresca e temos também nossos minutos de admiração e veneração diante do espetáculo...
A foto engana! Cachoeira na horizontal, vertical ou diagonal?
Se refrescando na cachoeira da Laje na volta do Bonete em Ilha Bela - SP
O Velho Chico, mesmo quando ainda é novinho, já é lindo!
Primeira cachoeira do Rio São Francisco, na Serra da Canastra - MG
Em pleno sertão mineiro, quase fronteira com a Bahia, essa cachoeira tem ainda mais valor!
A deliciosa e "abençoada" cachoeira do Mato Grande, no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, no noroeste de MG (região de Chapada Gaúcha)
Até D. Pedro II, nosso ilustrado imperador, era fã dessa cachoeira!
Parte de baixo da Cascatona, no Caraça - MG
Tem coisa melhor que pular em cachoeira? Ainda mais de "paraquedas"...
Pulando de "paraquedas" na Cachoeira do Sossego, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
A Chapada Diamantina, a terra das cachoeiras, tem também a maior delas (na verdade, a 2a mais alta do Brasil)!
A Cachoeira da Fumaça, próxima à vila do Capão, na Chapada Diamantina - BA
Ver uma cachoeira por trás é sempre mágico! Essa aí fica no Ceará.
Reverenciando a Cachoeira do Frade, em Ubajara - CE
Para quem acha que não há água no sertão, essa foto aí é no meio do Piauí!!!
Aproximando-se cuidadosamente da Cachoeira do Urubu, entre os municípios de Batalha e Esperantina - PI
A mãe de todas elas, a magnífica e esplendorosa Kaiteur Falls, vista do avião!
Sobrevoando a magnífica Kaiteur Falls, na Guiana
Cachoeira e conforto, uma combinação perfeita (na Chapada das Mesas)!
Mesa em laje alagada nas Cachoeiras Gêmeas, região de Carolina, na Chapada das Mesas - MA
Uma pintura surreal, essa cachoeira é liiiiiinda!
Curtindo a Cachoeira do Capelão, na Chapada das Mesas, região de Carolina - MA
O paraíso das cachoeiras de Tocantins (todo estado tem o seu)!
Divertindo-se no Vale do Vai Quem Quer, em Taquaruçu - TO
É difícil acreditar na cor dessa água na foto. Ao vivo, então...
A belíssima Cachoeira do Paraíso, em Natividade - TO
Um maravilhoso fim de tarde no Lake Tahoe, visto do lado de Nevada, nos Estados Unidos
O Lake Tahoe é um dos mais concorridos e conhecidos destinos turísticos no estado da California. Talvez seja pela sua beleza cênica, talvez pelo fato de ali se poder desenvolver atividades nas quatro estações do ano, o fato é que o lago já se tornou um destino preferido há mais de 100 anos.
Um belíssimo fim de tarde na Emerald Bay, baía do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Com uma forma meio ovalada, mas cheio de baías, Lake Tahoe é o maior lago alpino da América do Norte. Por definição (arbitrária!), um lago alpino está localizado acima dos 5 mil pés, ou cerca de 1.525 metros de altitude. Pois o Lake Tahoe está a 1.900 metros de altura, o que o coloca com folga nessa classificação. Os seu cerca de 35 km de comprimento e 20 km de largura já o fazem enorme, mas é a sua profundidade de mais de 500 metros que realmente chama a atenção: o segundo lago mais profundo dos Estados Unidos, bem à frente dos enormes lagos na fronteira com o Canadá e atrás apenas do Crater Lake, que visitamos há poucos dias.
Lindo fim de tarde no Lake Tahoe, cercado de montanhas nevadas, na Califórnia, nos Estados Unidos
Para um lago com essas medidas, não é surpresa que sua formação tenha a ver com os movimentos tectônicos. O choque de enormes placas muitos quilômetros abaixo da superfície da Terra levantaram a Sierra Nevada, ao leste e a cordilheira Carlson, a oeste. No meio, uma enorme planície, uma bacia, boa parte dela preenchida pelas águas do lago. Séculos de chuvas e nevascas acumularam água suficiente para encher o lago. Dezenas de riachos nas numerosas montanhas ao seu redor garantem o suprimento de água, enquanto apenas um rio, o Truckee, serve de escape. Interessante é que esse rio desemboca no Lake Pyramid que, por sua vez, não possui nenhuma saída. Assim, as águas do Lake Tahoe jamais chegam ao oceano! Outra consequência de ter uma fonte tão pura de água (chuva, neve e riachos vindos diretamente das montanhas nevadas) é que as águas do lago tem uma grande visibilidade. Por fim, a grande profundidade impede uma maior variação da temperatura do lago, que não esquenta tanto no verão e, ao contrário de lagos menores, jamais congela no inverno. Portanto, é navegável durante todo o ano!
Emerald Bay, canto mais famoso do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Pois era exatamente através da navegação que os diversos resorts e pequenas vilas que foram se estabelecendo na sua costa se comunicavam até o meio do século passado. Cruzeiros pelo Lake Tahoe já eram famosos na década de 20 e um deles, no horário noturno, garantia música e dança até o sol raiar. Programa de gente bacana!
Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Aos poucos, as estradas foram sendo construídas e o lago passou a ser inteiramente circulável por automóvel. Certamente, não é mais aquela aventura de 100 anos atrás, quando verdadeiros rallies eram organizados entre os carros da época, para ver quem chegava ao lago antes, saindo de San Francisco, mas as belezas de quem faz esse percurso continuam as mesmas. Dar a volta no lago significa transitar entre dois estados, Califórnia e Nevada, pois Lake Tahoe fica bem na divisa entre eles. Para os melhores resorts e durante o dia, melhor o lado californiano. Mas, para quem gosta de cassinos ou quer ver um inesquecível pôr-do-sol, o lado de Nevada é insuperável.
Carro fantasiado de morro de neve ao lado do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Durante o verão, os programas incluem caminhadas pelas montanhas e os esportes náuticos. A água pode ser um pouco fria, mas muita gente aproveita para nadar em suas praias de águas limpas. Durante o inverno, tudo gira em volta da neve. São diversos resorts de esqui que atraem pessoas de todo o mundo em busca da infraestrutura oferecida. Em comum nas duas estações, as muitas possibilidades de hotéis e restaurantes.
A bela vista do nosso quarto de hotel no Squaw Valley, região do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Estalagtites de gelo se formam em casa no Squaw Valley, região do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Para nós, que sempre buscamos um precinho mais camarada, a escolha natural seria a cidade de South Lake Tahoe, na divisa entre os dois estados. É aí que se concentram as redes de motéis mais conhecidas com preços acessíveis. Um pulinho para o lado de lá da fronteira e aí estão os grandes cassinos com seus hotéis conjugados, sempre com uma boa oferta de hospedagem e comida. Afinal, é no jogo que eles gostam de te tirar o dinheiro.
Brunch com vista para o Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Bem, não é exatamente a nossa praia. E nesse caso, a sorte nos ajudou bastante. Nós, que durante as últimas semanas, sempre encontramos tantas portas fechadas por causa da estação, dessa vez acertamos o timing. A temporada de verão já terminou há algum tempo e a de esqui só começa semana que vem. Então, vários dos bons resorts estavam com ótimas promoções. Assim, pudemos ficar, praticamente pela metade do preço, em um dos mais famosos, no Squaw Valley, noroeste do lago. Foi aí que se realizaram as Olimpíadas de Inverno de 1962. Num resort com espaço para centenas de pessoas, éramos praticamente os únicos clientes. Andar pelos longos corredores do hotel, de noite, até me lembrava o clássico filme com Jack Nicholson no papel de louco sanguinário, “O Iluminado”. Quem se lembra?
Muita neve em marina no Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Pois bem, meio esquisito de noite, mas de manhã era um prazer abrir as janelas do quarto e dar de cara com as montanhas nevadas. Elas estão prontinhas para receber os esquiadores a partir da próxima semana! Nosso resort faz parte da antiga vila olímpica e serão dezenas de restaurantes e lojas abertos em poucos dias. Todo mundo na correria para deixar tudo pronto. Para nós, foi um exercício imaginativo tentar ver aquelas ruas e calçadas sem movimento borbulhando de gente. Quem sabe uma outra vez? Mas algo me diz que eu gosto mais assim, do jeito que conhecemos...
Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Ontem, saímos de carro para a clássica volta em torno do lago. Sem paradas, deve durar pouco menos de duas horas. Obviamente, o ponto alto são exatamente as paradas, o que faz da volta um programa para o dia inteiro. E o nosso dia começou com um brunch (sempre saindo tarde...) na beira do lago, na cidade de Lake Tahoe. Marina coberta pela neve, assim como as montanhas que circundam o lago. Paisagem de cartão postal! Foi quando começamos a entender, na prática, porque a região é tão famosa.
Mirante para a Emerald Bay, canto mais famoso do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Depois, começamos nossa volta no sentido anti-horário. Essa é a costa mais pitoresca do lago, várias praias de pedras cobertas pela neve intercaladas por parques estaduais com florestas de pinheiros. Aqui e ali, mirantes para observação da paisagem.
Um belíssimo fim de tarde na Emerald Bay, baía do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Ali na ponta sudoeste do lago, chegamos à mais famosa baía de Lake Tahoe, a Emerald Bay. Do alto de um promontório, pode-se observar toda a baía e boa parte do lago. Painéis informativos contam a história de ocupação do lago, seu processo de formação e como o turismo se desenvolveu por lá. Certamente, é o mirante mais visitado e fotografado da região.
Na orla do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Para aqueles com vontade de se exercitar um pouco, pode-se descer por uma trilha de pouco mais de uma milha até a orla do lago. A distância nem é tão grande, mas a volta é subida! Também é preciso administrar o gelo e a neve no caminho. Em alguns trechos, mais patina-se do que se anda, hehehe. Mas tudo vale a pena quando chegamos lá embaixo, bem ao lado de uma antiga mansão construída na década de 20 no estilo nórdico. É a Viking Holme (Baía Viking), aberta durante o verão para visitas. Nessa época, só podemos andar por seus jardins e pátios internos. Muito interessante, mas nada supera o próprio visual do lago, ali na baía. Naquela hora da tarde, luz, cores, sombras, reflexos, montanhas e árvores se combinavam em um cenário inesquecível. Lindo!
Pátio interno do Vikingsholm Castle, na Emerald Bay, sul do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Um maravilhoso fim de tarde no Lake Tahoe, visto do lado de Nevada, nos Estados Unidos
Seguimos pelo nosso tour ao redor do Lake Tahoe e logo atravessamos a fronteira. A entrada em Nevada é inconfundível, os grandes cassinos construídos exatamente do outro lado da rua onde começa o estado. Passamos rápido por ali para podermos subir um pouco a costa leste do lago, de onde pudemos assistir a um magnífico sol se pondo atrás da Sierra Nevada, lá no lado californiano. O céu foi se pintando de rosa e roxo e todas essas cores e seus tons sendo refletidos nas águas do lago. Realmente, muito especial!
Olha só o tipo de trânsito que a Fiona está cruzando na região do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Socializando com uma esquiadora cross-country, na região do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
A parte final da volta foi dada no crepúsculo e depois, de noite mesmo. Voltamos para o nosso hotel do “Iluminado” e, oito horas mais tarde, acordávamos novamente com aquela paisagem de sonho nas nossas janelas.. A primeira tarefa do dia era arrumar umas coisinhas da Fiona: uma das luzes de freio estava queimada, o que aqui nos EUA é multa certa; e uma das dobradiças da porta da capota tinha arrebentado e tivemos que trocá-la. Depois de 110 mil km, não podemos nem reclamar...
A bela paisagem tomada pela neve na região do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Fiona enfrenta estradas cobertas pela neve na região do Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Depois, a diversão! Seguimos por uma pequena estrada que sobe nas montanhas, recomendação de um amigo curitibano. Paisagem fantástica, cruzando florestas cobertas de neve. Não só as florestas, mas a estrada também! A Fiona, devidamente tracionada, tratou de enfrentar a neve, sem acelerar muito, claro! Seguimos até onde era possível. Até um ponto onde uma porteira fechada impedia continuarmos. Adiante, era neve demais! Proibido para carros, mas uma festa para esquiadores e para aquelas motos de neve, com trenós no lugar das rodas! A gente encontrou e conversou longamente com uma esquiadora, que nos deu várias dicas do esporte (ainda vamos tentar!). Foi engraçado também ver a Fiona cruzando uma das tais motos na neve. Acho que igual aquela, ela jamais imaginou que iria cruzar, hahaha
O magnífico Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Momento de contemplação em frente ao Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Voltamos para o lago, fomos até uma praia tomada pela neve e, por fim, até o alto de outra montanha para assistir o entardecer. De novo, um show. Amanhã cedo, já no nosso caminho para o sul para conseguir cruzar a Sierra Nevada (vamos para Yosemite!), passaremos ao longo do Lake Tahoe mais uma vez. Mais chances de fotografar essa região deliciosa e realmente muito bonita. Esses dias por aqui foram de encher os olhos...
Celebrando a vida no Lake Tahoe, na Califórnia, nos Estados Unidos
Admirado com a beleza de Willemstad, em Curaçao
Ainda estava escuro quando começamos a carregar nosso carro para ir ao aeroporto de Aruba, em Oranjestad. Apesar do destino ser aqui tão perto, pouco mais de 15 minutos de vôo, ainda assim é considerado um vôo internacional e devemos fazer o check-in com duas horas de antecedência. Quem se deu bem foi uma americana que saía do nosso hotel àquela hora, em busca de um ônibus para o mesmo aeroporto. Descolou uma carona esperta.
"One Happy Island", a frase símbolo de Aruba
Feito o check-in, tivemos bastante tempo de enrolação no aeroporto. Pudemos até fotografar uma placa de Aruba com os dizeres "One Happy Island", frase que está em todas as placas de carro do país. E ficamos com vontade também de comprar um livro que ensina papiamento, que a Ana achou na livraria, mas conseguimos nos segurar.
A fantástica arquitetura de Punda, em Willemstad, a capital de Curaçao
Nosso destino final hoje era Bonaire, para uma temporada de mergulhos. Mas o vôo era primeiro para Curaçao, onde tivemos umas cinco horas para ficar, antes de voar no fim de tarde para Bonaire. Tempo mais do que o suficiente para deixarmos o aeroporto e irmos dar uma volta em Willemstad, a capital do país.
Utilizando um canhão de maneira bem mais pacífica, em Willemstad - Curaçao
O centro histórico da cidade é dividido por um canal. De um lado está Punda e do outro, Otrobanda. Sem sombra de dúvida, é a mais bonita cidade do ABC e uma das mais belas do Caribe. Observar as casas coloridas do outro lado do canal é um colírio para os olhos, principalmente com o céu azul e com a limpíssima água do mar. A beira d'água é toda ladeada de restaurantes com mesas na calçada. O ar é europeu, mas a temperatura é caribenha!
Restaurantes na beira do canal em Willemstad - Curaçao. Ao fundo, a famosa ponte Rainha Juliana
Curaçao é a mais urbana das ilhas ABC e onde a tradição cultural é mais rica. É onde percebemos que mais há vida própria e que nem tudo gira ao redor do turismo. Ficamos muito felizes por saber que vamos voltar para lá com mais tempo, para poder explorar com mais tranquilidade. Já descolados com o preço do táxi em Aruba, aqui conseguimos ir e voltar do aeroporto numa das vans de transporte público, pagando mais ou menos um vigésimo do que pagaríamos por um táxi. Nada mal! Facilitou que nossa bagagem tinha seguido diretamente para Bonaire. Quando voltarmos para cá, o negócio é já alugar um carro no aeroporto!
O nome do avião é Aruba. Mas nós estamos em Curaçao, embarcando para Bonaire. Viva o ABC!
Por fim, viajamos para a tranquila Bonaire, o "paraíso dos mergulhadores", como diz as placas de carro na ilha. Aqui, a dona do nosso hotel (studio também!) veio nos pegar no aeroporto. Cinco minutos até o hotel, que é em frente ao mar e de onde se pode mergulhar diretamente. Do hotel ao centro, à pé, menos de 10 minutos. Estamos bem localizados!
Chegando ao aeroporto de Kralendjik, capital de Bonaire
Hoje, só deu tempo de ir jantar num restaurante gostoso e caro do centro. Amanhã, pela manhã, vamos mergulhar em frente ao hotel mesmo. E no final da tarde, vamos alugar um carro para nos levar aos quatro cantos da ilha e às dezenas de pontos de mergulho ao longo da costa. Alguns dias tranquilos embaixo d'água nos esperam enquanto, acima dela, temos uma casinha ainda mais sortida que nossa casa em Aruba. Afinal, aqui temos até sala! E, melhor ainda, nossa geladeira também já está bem carregada para os próximos quatro dias. Essa sensação de casa é maravilhosa!
Chegando em Bonaire!
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