0
arqueologia cachoeira Caribe cidade histórica Estrada mar Mergulho Montanha parque nacional Praia Rio roteiro Trekking trilha
Alaska Anguila Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Galápagos Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Venezuela
Leandro (04/09)
Obrigado, Ana. Seu blog ajudou na criação do meu roteiro para um fina...
Daniela Chindler (01/09)
Ana, sou autora de livros com relatos de viagens apra crianças. Publique...
Marcos (29/08)
adoraria conhecer Jericoacoara, fiz um artigo no meu site e fiquei muito ...
Eudyr (29/08)
Também sou apaixonado por Maiandeua. Fiquei feliz por ver uma foto minha...
samuel baker mororo aragao (26/08)
Família é a base de tudo, é nosso apoio, é nossa esperança, nosso pa...
A mais antiga escola dos Estados Unidos, em St Augustine, na Flórida
Fundada em 1565, St. Augustine é a cidade mais antiga dos Estados Unidos. Imaginem vocês que essa cidadezinha de apenas 13 mil habitantes, possui o registro de nascimento do primeiro europeu e do primeiro negro em solo continental norte-americano!
Lendo placa informativa da mais antiga casa do país, em St Augustine, na Flórida - EUA
Em 1513 a região conhecida hoje como “Flórida” foi declarada pelos exploradores espanhóis território da Coroa Espanhola. Quase 50 anos depois franceses iniciaram a ocupação, construindo na região dois fortes, um deles, o Fort Caroline, se tornou base para ataques piratas aos navios espanhóis que navegavam pelo Caribe. Assim para se proteger de ataques piratas os espanhóis finalmente resolveram fincar os pés na região e fundaram St. Augustine em 1565.
Rua de pedestres em St Augustine, na Flórida - EUA
Em 1763, após quase dois séculos de ocupação espanhola o Tratado de Paris passou a Flórida para o controle britânico em troca de Havana, Cuba. Vinte anos mais tarde um novo Tratado de Paris devolveu a Flórida à Espanha, reconhecendo seus esforços no processo de independência das colônias americanas ao norte da Flórida. Em 1821 este território foi finalmente cedido aos Estados Unidos pela Espanha.
Entrada de galeria e museu em St Augustine, na Flórida - EUA
Cercada de por histórias de grandes piratas, batalhas e acordos entre franceses, espanhóis e ingleses, o pequeno município respira muita história e cultura. Tantas idas e vindas entre os povos colonialistas europeus tiveram um papel importante na sua rara composição arquitetônica. Bem preservada, St. Augustine é uma cidade colonial com características únicas, ruas aprazíveis, restaurantes deliciosos e uma atmosfera festiva.
O Forte de San Marcos, na cidade de St Augustine, na Flórida - EUA
Descoberta para o turismo há tempos pelos norte-americanos, já começou a receber visitantes também de outras partes do globo, fazendo do turismo uma das principais atividades econômicas da cidade. Um passeio pelo Castillo de San Marcos e arredores dá uma bela vista para a baía e uma boa noção da cidade.
O Forte de San Marcos, na cidade de St Augustine, na Flórida - EUA
A parada estratégica em um dos bares das ruas do centro histórico foi na Taberna del Gallo ou Tavern of the Rooster, com cerveja artesanal, guitarra espanhola ao vivo e um com jogo de dados dos tempos em que os marinheiros e piratas frequentavam o lugar.
Show de música em taverna de St Augustine, na Flórida - EUA
Nos fundos um mercado temático reproduz cenas da antiga vila de St. Augustine, com ferreiro, chapeleiro, vendedores e até escribas caracterizados com os costumes da época.
Réplica do interior das antigas casas de St Augustine, na Flórida - EUA
Existem dezenas de Inns e Bed & Breakfasts charmosinhos no centro, os valores variam conforme a temporada e dias da semana. Nós ficamos hospedados no Pirate Haus Inn, um hostal no centro da cidade, mais roots, mas com um ótimo preço e a melhor localização. Seus donos são muito bem humorados e super solícitos para quaisquer dicas e informações sobre a cidade.
Cão espera pacientemente a dona na porta de loja, em St Augustine, na Flórida - EUA
Opções de restaurantes também não faltam! Italiana, grega, americana e até brasileira! O restaurante brasileiro abriu há apenas um mês e já é um sucesso! O cardápio inclui comidinhas de boteco, pastéis, escondidinhos, coxinhas, até pratos como picanha na chapa e feijoada. Nós, há 10 meses fora do Brasil, aproveitamos para matar a saudades de casa!
Comendo uma legítima feijoada brasileira em St Augustine, na Flórida - EUA
Outra boa surpresa foi o encontro com Márcio e a Taciana, um casal de mineiros que se mudou para os EUA há 6 meses. O Márcio é amigo da época de escola do meu cunhado Pedro, irmão do Rodrigo. Eles moram em uma das praias ao norte de St. Augustine e adoram a região que está perto de Jacksonville, onde seus dois filhos estudam, e à beira da praia. Qualidade de vida e uma experiência internacional que deixará a família ainda mais unida.
Encontro com o Márcio e a Taciana em St Augustine, na Flórida - EUA
Totens indígenas expostos no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
O Royal British Columbia Museum é parada obrigatória na cidade de Victoria. Super completo e ao mesmo tempo leve, dinâmico e bem ilustrativo, o museu provincial tem atrações para todos os gostos e idades.
Observando um gigantesco mapa da British Columbia no Royal BC Museum, em Victoria, capital da província, no oeste do Canadá
Além de uma imensa exposição sobre a história da British Columbia, ele possui um Cinema Imax com vários filmes interessantíssimos. Nós começamos a nossa visita pegando um cineminha e assistimos o filme documentário To the Arctic.
Imagens dos antigos habitantes da província, expostas no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
O filme mostra a vida dos ursos polares sob a perspectiva de uma mãe com dois filhotes. A narração é feita por ninguém mais, ninguém menos que a gloriosa Merl Streep e a emocionante trilha sonora foi dirigida por Poul McCartney. O documentário é de uma beleza escandalosa, a mensagem é simples e clara: tudo isso irá acabar.
Um mamute nos recepciona na seção de História Natural do excelente Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
O aquecimento global é sentido dia a dia nas terras geladas do Ártico. Ironicamente até o degelo forma paisagens maravilhosas, formando infinitas cachoeiras ao longo da parede de gelo que retrai aceleradamente a cada ano que passa. Os ursos polares se adaptaram a viver neste ambiente e precisam do gelo para poder se deslocar em busca de alimento. Na luta pela sobrevivência, batalhas dentro da própria espécie são travadas, como um urso polar macho que persegue os filhotes da ursa polar, em busca de alimento.
Saindo do cinema ouvimos um menininho de 6 anos dizendo: “todo mundo deveria assistir a este filme, em sua própria língua!”. Quer dizer, quanto tempo será que demorará para cada um de nós entender que a mudança não irá acontecer de cima para baixo? Não adianta esperarmos que os governos façam alguma coisa, pois é tão complexo que mesmo com toda a boa vontade política (que ainda não existe), eles não teriam este poder. A mudança tem que acontecer nos nossos menores hábitos de consumo energético, quantitativo e qualitativo. O problema somos nós, que continuamos alimentando uma sociedade consumista. Temos que buscar um equilíbrio, a sustentabilidade e perceber que somos também a solução e que sim, fazemos a diferença. O Ártico irá acabar e não serão apenas os ursos polares que irão morrer e extinguir-se, sem ele toda a vida no planeta como nós conhecemos hoje será destruída.
A antiga exploração de baleias, em foto no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Eu nem preciso dizer que chorei no filme desde a primeira cena. Lágrimas emocionadas pela beleza tocante de uma terra distante que pouco conhecemos. Lágrimas de tristeza de saber que tudo isso irá desaparecer.
Gigantescos carangueijos expostos no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Atordoados, continuamos a nossa visita pelo museu, passando pelos cenários hiper-realistas da era colonial, com cinemas, salões, hotéis, garimpos, minas de ouro, moinhos de água, florestas e praias. Aprendemos sobre a geografia, fauna, flora e a história desde os primeiros exploradores da região até a atualidade.
Assistindo a filme em réplica de cinema antigo, no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Antiga propaganda sobre viagens na Inside Passage, no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Tão impressionante e tocante como filme, para mim, é a parte da exposição sobre as nações indígenas, chamadas aqui de First Nations, as primeiras nações que residiam aqui no Canadá, incluindo a Costa do Pacífico. Uma diversidade imensa de culturas das diferentes etnias que compunham a complexa sociedade sobre estas terras há mais de 10 mil anos!
Gravura de antigo líder indígena exposta no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Totens indígenas expostos no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
As hierarquias e políticas tribais, guerras pelos recursos naturais e a arte que se desenvolveu em torno deste povo está toda descrita pelas paredes, murais, fotos, máscaras e totens aqui presentes. E esta é apenas a exposição permanente! As exposições continuam, teríamos que passar, só aqui dentro, pelo menos mais dois dias completos para conseguir ver tudo, quem sabe numa próxima.
Imagens dos antigos habitantes da província, expostas no Royal BC Museum, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Leito seco de antigo lago na parte norte do Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
O local hoje conhecido como Vale da Morte já era habitado a mais tempo do que podemos imaginar. A tribo indígena Timbisha Shoshone há muitos anos chama o imenso vale de lar. Nesta terra de extremos eles se adaptaram e aprenderam a viver com as mais altas e as mais baixas temperaturas, pouca água e fonte de alimento escassa. A sabedoria milenar deste povo os fez viver em comunhão com a natureza do vale que batizaram de Tümpisa, que significa na sua língua o “vale da vida”.
Death Valley visto do mirante Dante´s View, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Mosaico de cores no fundo do Death Valley, visto da Dante´s View, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
O Death Valley foi assim batizado após 1849, quando a Corrida pelo ouro na costa oeste começou. Os homens que se aventuravam tentaram encontrar caminhos alternativos para a atual Califórnia. Um grupo que passou pelo vale perdeu suas mulas e um homem que não aguentaram a árdua tarefa de cruzar o deserto árido e escaldante. Conta a lenda que despedindo-se do vale um deles teria dito “Goodbye Death Valley” ou “adeus vale da morte”, e o nome ficou.
Caminhando no leito seco do lago da Race Track, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Hoje o dia prometia uma longa programação, começando cedo pelo Zabriskie Point, 16km ao sul de Furnace Creek. Um mirante para uma cadeia de montanhas amareladas que mais parecem imensos sulcos na terra.
O incrível Golden Canyon, visto de Zabriskie Point, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
21 km mais ao sul subimos aos 1.669m de altitude em um dos mirantes mais famosos do parque, o Dante´s View. Lá temos uma vista maravilhosa de toda a área que conhecemos ontem, o Salar Badwaterbasin, ponto mais baixo do continente americano e toda a cadeia montanhosa que está em constante movimento. As placas tectônicas que formam o vale continuam em movimento, aqui elas se encontram e enquanto o fundo do vale desce, a Panamint Range continua se elevando.
Turistas no alto de Dante´s View, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
O retorno é por um cenário bem conhecido pelos mineradores, que no início da busca pelo ouro encontraram aqui o bórax. O ouro só foi encontrado depois, ao leste de onde hoje se localiza o parque. Por este cânion passava a Twenty Mule Team, carroagens puxadas por 20 mulas que transportavam todo o minério até a ferrovia. Hoje o parque ainda não está totalmente livre da cobiça dos mineradores, que continuam a exploração nos seus arredores e ainda brigam por ampliar suas áreas dentro das fronteiras da reserva.
As famosas charretes de vinte mulas, da época da mineração no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Fizemos um pit stop em Furnace Creek para um último banho de piscina e uma boa ducha, já que a noite será em um camping mais selvagem, longe de tudo e todos. Nos abastecemos e seguimos mais 88km ao norte, direto para o Scotty´s Castle.
O exótico Scotty´s Castle, no norte do Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
A corrida do ouro sofreu uma brusca decaída em 1912 e as empresas mineradoras começaram a buscar outra forma de ganhar dinheiro com a estrutura que haviam montado, começando a divulgar a região para o turismo. Zabriskie, vice-presidente da companhia mineradora de Borax, foi quem redirecionou o negócio com um incrível empreendedorismo e usou suas linhas férreas para colocar turistas de todos os lados aqui, no Death Valley. Isso sim é ter visão!
Ficamos minúsculos ao lado da enorme cratera do vulcão Ubehebe, no norte do Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Construído em 1920, o castelo foi parte da lenda que atraiu os primeiros turistas ao parque, Scotty e seu amigo viviam ali e recebiam curiosos que vinham de longe para ouvir suas histórias sobre aquela terra distante e sobre os aventureiros que passavam por ali. Hoje o castelo virou um museu que conta parte dessa história.
Pequeno vulcão ao lado da cratera do vulcão Ubehebe, no norte do Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
A próxima parada foi a 13km dali, no Vulcão Ubehebe. Sua primeira erupção foi apenas há 2 mil anos atrás, imagino que os Timbisha Shoshone devem ter ouvido de longe! A explosão criou um cenário de outro planeta, a cratera principal, magnífica, que desvendou as camadas de rocha multicoloridas e outras crateras menores nos seus arredores. A caminhada de uma hora ao redor da cratera vale a pena, ainda mais no final da tarde quando aquela luz mágica deixa as cores ainda mais intensas.
A impressionante cratera do vulcão Ubehebe, no norte do Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Até este ponto rodamos apenas por estradas pavimentadas e perfeitas, porém daqui em diante seguimos por estradas de terra e pedra por mais 43km para chegar ao nosso destino final no roteiro deste parque nacional, o Racetrack.
As incríveis pedras que se movem e seus rastros, na Race Track, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Quem gosta de assistir reportagens sobre natureza e fenômenos inexplicáveis já deve ter ouvido falar das “pedras que andam”. Eu já tinha ouvido falar, mas não sabia que este fenômeno acontecia aqui! Uma vez um imenso lago, hoje uma planície de argila fina e seca que abriga as tais rochas caminhantes. Nenhum cientista conseguiu explicar ainda como o fenômeno acontece, principalmente pelas marcas deixadas pelas pedras acontecerem em uma superfície completamente plana e em diferentes direções!
Leito seco de antigo lago na parte norte do Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
A teoria mais aceita é que em períodos de chuva, raros por aqui, a base do lago recebe uma fina camada de água que se congela com as baixíssimas temperaturas da noite. O movimento da pedra então seria facilitado, deslizando pelo gelo com um empurrãozinho dos fortes ventos que sopram de todas as direções com uma força tremenda! Parece até fazer sentido, mas se você pensar, que vento consegue arrastar uma pedra de 40kg?
As incríveis pedras que se movem e seus rastros, na Race Track, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Fomos montar o nosso acampamento com o resto de luz e com essa incógnita na cabeça. Camping selvagem, vento e muito frio nesta área mais alta do parque, com uns poucos vizinhos nos arredores. Comemos um miojo, que àquela altura parecia delicioso e tomamos uma deliciosa garrafa de vinho, californiano, é claro!
Felizes com o dia magnífico, acampados ao lado do Race Track, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
A lua cheia nasceu mais tarde iluminando toda a paisagem, deixando até a furtiva e curiosa raposa fácil de ser descoberta. Na lua cheia é sempre mais difícil de dormir, em uma barraca gelada então? Quase impossível. É nessa noite que nos despedimos do Tümpisa, o vale da vida que já nos deixa saudosos sem nem termos ido embora.
Noite de lua cheia e maravilhosa no acampamento ao lado do Race Track, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Vale no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Amanhece o dia na nossa próxima cidade base, Serra do Cipó, que fica a apenas 100km de Belo Horizonte no Distrito de Santana do Riacho. Hoje nossa programação era intensa, tivemos que sair logo cedo para não voltarmos no escuro. Segundo o nosso amigo e consultor Gustavo este é o dia mais pesado da nossa Maratona. Um trekking de 20km que desce do Alto Palácio, na parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó, até a portaria do meio, passando por um cânion e diversas cachoeiras.
Com o Pretinho, nosso guia, cruzando a parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
As 8h, Daniel, o nosso guia da região chega à Pousada Vila das Pedras onde estamos hospedados. Como é uma pequena travessia, o Rodrigo sai com a Fiona para deixá-la no nosso ponto de chegada e o Thiago, diretor da Pousada, o seguiu de moto para trazê-lo de volta. Vamos Alto Palácio, região onde antes ficavam as fazendas do Sr. Palácio, daí o nome. Chegamos lá com o ônibus que faz a linha Belo Horizonte – Serro, por apenas R$3,75 por pessoa, ótima saída para não precisar pagar um transfer especial, que custaria pelo menos R$60,00.
Sagui em plena cidade da Serra do Cipó - MG
Daniel, também conhecido como Pretinho, já foi Chefe dos Brigadistas do Parque Nacional, além de brincar desde criança na região onde ficava a casa de seu avô. Ele conhece cada pedacinho do parque e disse que levaríamos o dia todo para conseguirmos chegar à portaria. Eu estava preocupada, pois a caminhada era composta principalmente por decidas em pedras soltas, o que iria exigir muito dos meus joelhos. Já me preparei com um antiinflamatório poderoso receitado pelo ortopedista para casos como este e me sentia nova em folha, faltava apenas colocar em prova.
Caminhando no leito do rio, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Começamos a caminhada, tranquilos, como uma vista maravilhosa de toda a Serra do Cipó. De lá conseguimos avistar parte do caminho da famosa Travessia Lapinha – Tabuleiro, que já ficou no nosso “to do list” pós-1000dias. Quando menos esperamos já chegamos a algumas pinturas rupestres vizinhas da primeira cachoeira, Congonhas de Cima, também conhecida pelos mais antigos como Cachoeira dos Guedes, sobrenome da Família do Pretinho. O Rodrigo não agüentou e se rendeu às suas águas esverdeadas. Eu e o Pretinho dessa vez ficamos só olhando, além de muito gelada ainda teremos outros pontos de banho no caminho.
Cachoeira Congonhas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Andamos mais um pouquinho e logo avistamos a Cachoeira de Congonhas de Baixo, outra maravilha, com seu poço ainda mais bonito! Mas nosso guia ainda continuou afirmando que o melhor está por vir. Lá de longe já conseguimos avistar a cachoeira das Andorinhas e uma linda cena do encontro de dois vales.
Cachoeira Andorinhas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Descemos o cânion e finalmente chega a maldita pirambeira de pedras soltas e roladas, daquelas que qualquer descuido fará chegarmos ao chão e fazer um “skybunda” de pelo menos uns 10 metros. O antiinflamatório funcionou muito bem, me senti muito mais segura para descer sem as dores terríveis que venho sentindo. As botas que me criaram as mega bolhas na Pedra da Mina também, estão cada vez mais macias e eu cada vez mais acostumada com o passo dentro delas.
Orquídeas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Chegamos à Cachoeira do Gavião às 13h, com tempo suficiente para recarregar as energias e dar um belo mergulho. A água está muuuuuito fria, daquelas de doer a nuca! Estamos aqui para que afinal?
Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Um belo mergulho, alongamento e pé na trilha para conhecermos a Cachoeira das Andorinhas, mas como estamos adiantados no nosso cronograma vamos incluir a parte alta das Andorinhas, um dos lugares mais mágicos deste roteiro.
Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Escalando os paredões da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Vista maravilhosa do vale, belo poço para nadar e uma tranqüilidade impagável, com direito até a assistir uma escalada free stile - escalada sem equipamento de segurança - do Pretinho no paredão desta cachoeira. Tem doido pra tudo mesmo!
Escalando os paredões da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
O final do dia se aproximava e tínhamos que caminhar. Foram quase 2 horas de caminhada até a portaria do meio. Caminhada fácil, totalmente plana, mas acelerada. Nos metros finais pegamos um belíssimo pôr do sol dentre as palmeiras de macaúba, comuns na região. Para finalizarmos o nosso terceiro dia da Maratona do Cipó falta ainda chegarmos até a Lapinha, 50km de estrada de terra para o norte de Serra do Cipó, ainda dentro do município de Santana do Riacho. Amanhã será o último dia e já estou sentindo saudades! Este lugar é mesmo especial.
Bosque de Macaúbas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
As montanhas mais altas são iluminadas pelo sol que nasce no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
O Parque Nacional Grand Teton faz parte do corredor natural de preservação do seu irmão mais velho o ilustre Yellowstone. Mesmo muitas vezes ofuscado pela fama do vizinho, o parque não deixa de receber milhares de visitantes que combinam ambos em uma mesma viagem e descobrem universos completamente diferentes de lagos e montanhas há menos de 50km da fronteira sul do parque.
Lago espelhado no início de nossa caminhada no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
A cordilheira que onde se destaca o poderoso pico Grand Teton (4.197m), possui uma das formações rochosas mais antigas do mundo, com mais de 2,7 bilhões de anos de idade. As montanhas, por sua vez, estão dentre as mais jovens do mundo, sendo resultado de terremotos e movimentações das placas tectônicas na falha de Teton. Seguidos terremotos fizeram que um lado da placa se afundasse sob a placa tectônica vizinha, criando uma grande depressão chamada de Jackson Hole, enquanto do outro lado cresceu a grande cadeia do Grand Teton. As montanhas foram esculpidas pela erosão dos ventos, glaciares e água que nivelaram o vale e deixaram no seu caminho lindos rios, moraines e lagos de água cristalina.
Pôr-do-sol no String Lake, lago no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Os terremotos passaram e deixaram para trás um cenário magnífico com diversos picos nevados, um ecossistema riquíssimo em fauna e flora e um verdadeiro playground para os montanhistas, hikers, paddlers e amantes de atividades em meio à natureza. Os mais de 310.000 acres de área preservada podem ser facilmente explorados pela Loop Road, uma estrada que corta o parque com as melhores vistas para as montanhas e o grandioso Grand Teton. Cada mirante nos dá um ângulo diferente, a luz de final de tarde deixou o ar destas montanhas ainda mais mágico. Aos poucos fomos percebendo que a nebulosidade que filtrava a luz, na realidade era fumaça vinda dos grandes incêndios de Idaho, estado vizinho.
As montanhas e lagos do Parque Nacional de Grand Teton, no Wyoming, nos Estados Unidos
Hoje começamos nossa viagem em Riverton e logo cruzamos a Bighorn National Forest, uma imensa área verde, com áreas de camping e alguns trekkings no meio da floresta de pinus. Entramos no Grand Teton pela Moran Junction com uma bela vista do Jackson Lake e seguimos para o sul em direção ao Visitor Center do Jenny Lake. Um detour obrigatório é a Signal Mountain, que tem uma vista belíssima do Snake River, que serpenteia a planície de Jackson Hole, e a oeste para as montanhas.
As planícies do parque Grand Teton vistas do alto de Signal Mountain (Wyoming, nos Estados Unidos)
No centro de visitantes conseguimos um mapa mais detalhado da região que iremos explorar em um trekking no dia seguinte. Novamente, a organização dos parques americanos é absurda. Os caras nos dão um mapa topográfico apuradíssimo da trilha com todas as distâncias e ganhos de altitude, perfeito para trekkers independentes. Este é um detalhe curioso, em quase toda a América Latina como as trilhas nem sempre possuem manutenção e não são bem sinalizadas, somos obrigados a contratar guias.
Após quase duas milhas, chegamos à placa indicativa. Nosso objetivo é o loop, uma das grandes trilhas no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Quando é um trekking de alta montanha ou em lugares mais isolados nós não ligamos, até gostamos, na verdade, por que é um ótimo contato com a cultura local e a troca de experiências pode ser muito rica. Aqui nos Estados Unidos a cultura é do “faça você mesmo” e este profissional praticamente não possui demanda já que é tudo muito organizado e fica quase impossível se perder.
Lendo painel informativo sobre as imponentes montanhas do parque de Grand Teton, no Wyoming, nos Estados Unidos
Enfim, traçada a rota de amanhã, tiradas as dúvidas sobre como lidar e/ou evitar um encontro mais íntimo com ursos, continuamos nosso caminho em direção à cidade de Jackson, no portão sul do parque. Jackson é uma cidade dedicada ao turismo, oferece toda a infraestrutura necessária, hotéis, motéis, restaurantes, lojinhas e algum agito noturno onde os jovens montanhistas se reúnem para dançar música country e tomar uma boa cerveja artesanal. Durante a alta temporada, encontrar um quarto disponível pode ser difícil mesmo com os preços mais altos. O Kildo Motel é uma opção simples, com preços mais acessíveis e ótima localização, a duas quadras da praça principal.
Portal em praça na cidade de Jackson, feito apenas com chifres de renas (ao sul do Grand Teton National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos)
A pequena praia de nossa deliciosa pousada em Little Cayman, nas Ilhas Caiman
O território de Cayman é formado por três ilhas, a Grand Cayman, Little Cayman e Cayman Brac. A primeira é a principal, onde está localizada a capital George Town e 95% da população do país, além dos mais de 700 bancos do paraíso fiscal. A segunda maior comunidade está na ilha de Cayman Brac, onde vivem em torno de 1.800 pessoas; uma ilha com uma geografia totalmente diferente das suas irmãs, já que abriga o ponto mais alto do país, no topo de uma montanha com 60m de altitude. Little Cayman por sua vez é basicamente um monte de corais e areia, plana e toda ao nível do mar, com apenas 150 moradores.
A pequena praia de nossa deliciosa pousada em Little Cayman, nas Ilhas Caiman
A menos populosa das ilhas é o principal destino dos mergulhadores que realmente levam a sério esse negócio. Um parque nacional protege a área marinha ao redor da ilha, mantendo os corais e a vida marinha muito mais colorida e abundante nessa região. Outro esporte que começa a ter espaço aqui é o Kite Surf, pois as características da ilha proporcionam as condições perfeitas pra kite surfers se esbaldarem nos freqüentes ventos que sopram na sua baía rasa e protegida.
Nosso primeiro entardecer em Little Cayman, no pier da pousada Sunset Cove
A população é formada principalmente por expatriados, pessoas que vieram em busca de um lugar mais tranquilo, contato com a natureza e geralmente ligadas à estrutura turística oferecida aqui. Os poucos caimaneiros que ficaram são os moradores mais antigos e pescadores que tentam manter seu estilo de vida, entre muitos runs e histórias de pescador.
O pier da Sunset Cove, nossa pousada em Little Cayman
Os resorts de mergulho em Little Cayman não são muitos, talvez 6 ou 7, e os que existem têm um preço meio salgado. Pesquisando na internet vi que na alta temporada os preços geralmente começam em cerca de 300 dólares. Um dos poucos lugares que tinha uma tarifa melhor (180 dólares) estava lotado. Pesquisei, pesquisei e consegui encontrar um hotel chamado Sunset Cove.
O pier da Sunset Cove, nossa pousada em Little Cayman
O primeiro e único Kite Resort de Little Cayman, o Sunset Cove está localizado às margens desta baía tranquila e perfeita para a prática desse esporte. Eles possuem um preço especial para kiters (85 dólares) e para não praticantes um precinho ainda bem camarada de 100 dólares. Paul é instrutor de kite e promete te colocar em pé na prancha em 2 aulas, cada aula tem 2h de duração e custa 200 dólares, já incluindo o aluguel do equipamento.
Nosso primeiro entardecer em Little Cayman, no pier da pousada Sunset Cove
A pousada foi um achado maravilhoso! Preço camarada, estrutura bacana, serviço personalizado, com transfer do aeroporto e ao dive resort e um clima super aconchegante, jovem e ao mesmo tempo familiar. Isabelle me ajudou a agendar os mergulhos com o pessoal do Beach Resort Little Cayman antes mesmo de chegarmos à ilha. Paul e Isabelle fazem de tudo para nos sentirmos em casa! O café da manhã está incluído e as comidas podem ser preparadas no quarto mesmo, que já vem todo equipado com uma cozinha completa, internet e é super confortável.
Nosso avião entre Grand Cayman e Little Cayman
Nós pousamos na ilha e Paul estava nos esperando, fizemos uma compra no mercadinho e chegamos ao nosso paraíso, praticamente particular, embasbacados com a sorte que tivemos! Um clima super tranquilo, com uma vista maravilhosa para o mar verde e um lindo pôr-do-sol!
Fantástico pôr-do-sol no nosso primeiro dia na Sunset Cove, em Little Cayman
Na mesma tarde chegaram os nossos vizinhos kite surfers, Gil e Johnny, um casal de britânicos que irá passar os próximos 15 dias aqui nesse lugarzinho chato, praticando seu esporte preferido. Para a nossa sorte o vento não está para kite, o que facilita muito a navegação para os mergulhos! Rsrs! A previsão é que ele entre forte nos próximos dois dias, quando essa lagoa em frente irá ficar mais colorida e radical! Timing perfeito, pois até lá infelizmente nós já teremos que ir embora.
Admirando o belíssimo pôr-do-sol na nossa pousada em Little Cayman, nas Ilhas Caiman
Nesta primeira noite jantamos no Beach Resort Little Cayman com Gil, Johnny e Paul e amanhã conheceremos Isabelle que está em um curso para novos voluntários da Cruz Vermelha. Agora sim sentimos que chegamos a uma praia caribenha. Bem vindos ao paraíso!
Paisagem rural entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
A nossa despedida de Montreal foi um tour de carro pelo Olympic Park, que recebeu as Olimpíadas de verão de 1976. O estádio olímpico tem a maior torre inclinada do mundo e um elevador que te leva ao mirante com vista panorâmica da cidade. Ao lado fica o Biodôme, velódromo das olimpíadas que foi transformado em um jardim botânico com 3 tipos diferentes de habitat.
A maior estrutura inclinada do mundo, no Estádio Olímpico em Montreal, no Canadá
Estádio OlÍmpico, transformado em gigantesca estufa, em Montreal, no Canadá
Não poderíamos sair de Montreal sem ter a bela vista de Vieux Montreal desde a Île Ste Hélène. Nesta ilha do Rio St Lawrence fica o moderno Museu da Biosfera, famoso globo metálico que encontramos em várias imagens da cidade. Em um dos seus parques estava começando um grande festival de música com as principais bandas canadenses. Eu dava meu mindinho para ficar por lá e passar o dia no festival, mas nem que quisesse e o Rodrigo “deixasse” poderíamos ficar, os ingressos de mais de 100 dólares já estavam esgotados.
Skyline de Montreal, no Canadá
A enorme esfera da Exposição de 67, em Montreal, no Canadá
Saímos de Montreal em direção à Quebec City, mas na rota mais bonita, que não necessariamente é a mais curta. Seguindo pela Route 10 fomos em direção às Eastern Townships ou Cantons-des-l´Est, como chamam os francófonos. Próximas à divisa com os Estados Unidos, as pequenas cidades desta região são quase uma extensão da Nova Inglaterra, com seus lagos, mapple trees, pequenas fazendas e paisagens bucólicas.
Paisagem rural entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
Muitos lagos entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
Passamos primeiro pelo Lac Brome, região onde os abonados de Montreal passam os finais de semana ao redor de seus campos de golfe ou em suas lanchas no lago. A nossa parada foi na pequena e simpática cidade de North Hatley, eleita a mais charmosa das vilas do leste. Os cafés e restaurantes às margens do lago Massawippi dão um clima irresistivelmente descompassado e preguiçoso. Quase ficamos por lá, mas o dever nos chamou e voltamos à estrada para mais duas horas de viagem, rumo à Ville de Quebéc.
A bela e tranquila North Hatley, na orla de um dos lagos ao sul do São Lourenço, entre Montreal e Quebeq, no Canadá
Plantações floridas entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
Sexta-feira e, como de praxe, estamos chegando a um dos principais destinos turísticos do Canadá sem pousada reservada. Selecionei algumas no nosso querido Lonely Planet, no centro antigo, para podermos fazer tudo a pé. Não havia vaga nem na primeira, nem na segunda e nem nas outras três seguintes, estavam todas lotadas. Mas a comunidade chinesa é muito unida e eis que em uma das nossas novas amigas chinas nos indicou à sua outra amiga (china, é claro!), ligou e já deixou reservada. Manoir du Rempart Inn, próxima ao Quartier Latin, ali mesmo no centro antigo. Simples mas honesta, bem localizada e até com um esquema de estacionamento para a Fionitcha.
Entrando na cidade murada de Quebeq, no Canadá
Instalados, aproveitamos a noite para conhecer um pouco da cidade alta. Caminhando pela Rua St. Louis um dos únicos bares abertos tocava um som familiar... era bossa nova ao vivo, de brazucas para brazucas! Segui cantarolando as notas de Vinícius de Morais, caminhando para o lado de fora dos muros da cidade antiga, até chegarmos ao agito dos bares e nightclubs da Grande Allée Est. A la Avenida Batel ou um Itaim, este é o point aonde os jovens quebecoises vão para verem e serem vistos.
Agitação noturna na cidade de Quebeq, no Canadá
Àquela hora todas as cozinhas já estavam fechadas, só encontramos um fast food árabe 24h/7dias por semana. Os bares não faziam muito nosso estilo, mas encontramos um boteco underground (literalmente), com música quebecoise ao vivo da melhor qualidade! Galera animada cantando os clássicos do rock nacional canadense, perfeito! Jovens felizes, gente como a gente, só que com biquinho francês. As boas vindas à cidade de Quebéc não poderiam ter sido melhores.
Balada em Quebec, no Canadá
Praça central de Port-au-Prince, capital do Haiti
Port-au-Prince, a capital haitiana, é um dos últimos lugares que qualquer pessoa pensaria em fazer turismo nos tempos atuais. Primeiro por que praticamente tudo (do pouco) que tinha para ser conhecido no centro da cidade foi destruído no terremoto de 12 de Janeiro de 2010. Segundo por que após o terremoto, o país que já era assolado pela pobreza, passou por ondas de violência e doenças resultantes da catástrofe. Assaltos e sequestros, inclusive de membros das organizações religiosas e ONGs que estavam aqui para ajudar o país, se espalharam pela capital, afinal as prisões foram destruídas e todos os presos voltaram à ativa. Soldados de todos os cantos do mundo vieram para o Haiti e ao que tudo indica foram os nepaleses que trouxeram para a ilha um tipo de cólera que resultou em surto, variedade anteriormente inexistente no país. Terceiro por que Port-au-Prince é uma cidade grande de um país subdesenvolvido e, mesmo se não tivesse passado pelo terremoto, já não teria tantas atrações a oferecer, ela seria o ponto de chegada e partida de uma viagem pelo Haiti, mas não o destino por si só.
Comida preparada e vendida nas ruas centrais de Port-au-Prince, capital do Haiti
É, não somos turistas muito tradicionais mesmo. A curiosidade de ver como o epicentro de uma tragédia está se levantando, foi um dos motivos que nos fez decidir passar ao menos um dia explorando o centro de Port-au-Prince. Subimos em uma moto-táxi em Pétion-Ville rumo à parte baixa da cidade. Jackson não hesitou em colocar nós dois na garupa e, com um ótimo equilíbrio nos guiar pelas ladeiras que nos levariam até o centro. No caminho o pneu furou, paramos para consertar e aproveitamos para conhecer as vizinhanças intermediárias. Não importa por onde andamos sempre vemos muitos escolares, bom sinal para o país.
Nossa moto-taxi furou o pneu no caminho para o centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
A região central foi a mais destruída pelo terremoto e não tínhamos ideia do que iríamos encontrar por lá. Sabíamos que havia a praça principal, Champs de Mars, o antigo palácio da presidência, a igreja onde faleceu a Irmã Zilda Arns e um hotel bem tradicional, o Hotel Oloffson. Nós esperávamos ver escombros, ruas e prédios destruídos, talvez meio abandonados, e ao invés disso encontramos uma cidade movimentada, ruas e praças lotadas com centenas de estudantes andando de lá para cá.
O tradicional hotel Oloffson, no centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
Os escombros já foram retirados, o terreno onde estava o palácio da presidência está fechado por telas. Espiamos pelos buraquinhos e vimos que o prédio já foi todo retirado, os gramados estão verdinhos e uma casa e contêineres estão substituindo os escritórios. Se não soubesse do terremoto e ninguém me contasse, eu não poderia dizer que algo desta magnitude aconteceu. Talvez aos que já conhecessem a cidade e soubessem dos grandes edifícios, mas não para nós, que o máximo que conseguimos achar foram alguns prédios rachados, como os edifícios mais antigos condenados em São Paulo ou no Rio.
Monumento no centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
Trabalhadores e pessoas curiosas olhavam esses dois branquelos “gringos” andando pela praça, realmente devemos ser uma cena rara por essas bandas. Quase não encontramos brancos na cidade, muito menos turistas. A maioria dos brancos que estão aqui trabalham para alguma organização social ou religiosa, ou são militares trabalhando na Força de Paz da ONU. Qualquer um que viesse falar conosco nos perguntaria primeiro “com que organização vocês estão aqui no Haiti?”, e quando respondíamos que éramos meros turistas, a cara de espanto vinha misturada com um sorriso e acompanhada de um Bienvenue au Haiti!
Praça central de Port-au-Prince, capital do Haiti
Desde o início da viagem eu tinha em mente que quando chegasse aqui gostaria de ter ao menos uma semana para trabalhar como voluntária em alguma organização, escola, orfanato, hospital, o que fosse. Pesquisei e conversei com muitas pessoas que já haviam tido algum contato com o Haiti, mas nunca tinha conseguido algo que parecesse acessível, certamente eu não estava sabendo aonde procurar. Foi quando conheci um brasileiro, hospedado na mesma pousada que nós na cidade de Boston, que havia sido voluntário no Haiti logo após o terremoto. Ele foi o primeiro a me dar uma opinião bem realista de onde eu poderia estar me metendo. Após os seus dias no Haiti ele passou 6 meses sem dormir direito, deprimido e com pesadelos sobre tudo o que presenciou no pós-terremoto. “Se você nunca trabalhou com situações extremas e não está psicologicamente preparada para isso, pense bem se pode encarar um trabalho como este”. Eu levei em consideração o que ele falou, mas a princípio eu continuava com a ideia do voluntariado. Aos poucos eu fui absorvendo o que ele disse e pesando também com as questões práticas da viagem: tínhamos pouco tempo, o Rodrigo não estava com a mesma vontade, ou seja, teríamos que nos separar e ficaríamos com tempos diferentes de viagem, além de, de fato, eu não estar preparada para me voluntariar em uma crise humanitária. Assim decidi que viria conhecer o país primeiro, fazer contatos, analisar a situação e ver como eu me sentiria, para então voltar (ou não) para fazer um trabalho mais efetivo, tanto para a comunidade, quanto para mim.
Estudantes caminham no centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
Viemos ao Haiti preparados para ver o pior, afinal tudo o que escutamos e vemos na mídia são histórias arrasadoras e uma miséria incurável. Quando chegamos vimos que a miséria está lá, sem dúvida, com cicatrizes ainda maiores deixadas pelo terremoto de 2010, como milhares de desabrigados, centenas de crianças órfãs e desempregados perambulando pelas ruas. As partes mais pobres da cidade são Citté Soleil e Belair, as duas grandes favelas onde se concentram as desgraças do país e os esforços do exército brasileiro, que tem bases fixas dentro das duas áreas. Nós cruzamos Belair rapidinho em cima da nossa moto-táxi. Mesmo Jackson não gosta de passar por lá, chegando perto só nos avisou, “Guardem tudo, se segurem que vou acelerar, essa área é muito perigosa!”. Ali vimos uma certa confusão de um povo subindo um alambrado e tentando invadir um terreno cheio de carros sucateados. Parece que naquele dia iam distribuir peças ou carros e aparentemente o pessoal estava bem impaciente. Lá sim vemos o favelão que imaginamos que dominava toda Port-au-Prince. Casas provisórias de campanha que se tornaram permanentes. Estes acampamentos que ainda abrigam mais de 200 mil pessoas, não estariam tão lotados não fosse a migração de haitianos de outras áreas do país que vieram para a capital tentar pegar uma carona nas doações e assentamentos que o governo e a comunidade internacional está fazendo. Ou seja... nada está tão ruim que não possa piorar.
Monumento ao heroi da independência na praça central de Port-au-Prince, capital do Haiti
Ao mesmo tempo essa miséria não é muito diferente da que conhecemos nos tempos paupérrimos do Brasil. Falo da miséria verdadeira, não das nossas favelas atuais que tem luz, gatonet e 2 televisores em cada casa. Se você já entrou em uma favela sabe do que estou falando, falta de saneamento básico e energia elétrica, lixões entre as casas, crianças brincando no lixo sem roupa, sem ter água para beber e qualquer comida para comer. Não andei pelas favelas daqui, mas passeio no meio dela em cima de uma moto e posso dizer que reconheci...
Comida preparada e vendida nas ruas centrais de Port-au-Prince, capital do Haiti
Seguimos cruzando caminhões da ONU, comendo poeira e costurando entre outras motos, carros e tap-taps. Nosso motorista era bom! Mais meia hora na garupa e chegamos ao Campo Charlie, principal base das tropas brasileiras aqui no Haiti. Quer melhor atividade turística em Port-au-Prince que conhecer o trabalho que o Brasil está desenvolvendo aqui? Agenda feita! Logo teremos uma visita à base do BRAENGCOY, espero vocês.
Gostaria apenas de fazer um registro e um agradecimento especial à Lia e ao Zé Carlos, proprietários da Pousada Casa da Geléia onde ficamos hospedados em Lençóis. Acordar todos os dias, espreguiçar na varanda com a vista linda da serra de Lençóis e curiosos para descobrir qual seria o nosso café da manhã, preparado com todo o carinho por Lia. Enquanto o Rodrigo se lambuzava com as milhares geléias “home made”, eu ficava ouvindo as histórias do Zé Carlos, paulista radicado na Bahia e que chegou em Lençóis há 35 anos!
Visão de Lençóis - BA
1975, como era Lençóis, como ele foi parar ali? O Zé Carlos deveria escrever um livro com a sua trajetória. Formado em direito na cidade de São Paulo ele não quis esperar para ver o que a ditadura faria com o Brasil, colocou o pé no mundo e morou em Paris, Canadá, Estados Unidos, terminando sua jornada com uma longa viagem por terra dos EUA até o Brasil, passando pelo Chile, Argentina e Uruguai. Partiu do Chile antevendo o período negro que se aproximava, 2 semanas antes do golpe militar que colocaria Pinochet no poder. De volta ao Brasil passou por São Paulo e foi-se embora para a Bahia, onde começou a trabalhar com turismo até que ouviu falar desta pacata cidade incrustada em meio à Chapada Diamantina, lugar belíssimo. Apaixonou-se pelo lugar e por uma donzela, Lia, com quem está casado até hoje e tem um filho chamado Lúcio.
Com o Zé Carlos e a Lia na Pousada Casa da Geléia, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
A convivência com esta família foi muito especial, histórias, receitas e muitas risadas. Nós costumamos dizer que nada acontece por acaso, sempre temos boas surpresas no nosso caminho e hospedar-se na Casa da Geléia sem dúvida alguma foi uma delas.
Encostas da praia da Ferradurinha, em Búzios - RJ
Noite de muito trabalho, manhã de muito sono, até por que com previsão de chuva nós nos damos este direito. Quase 10h da manhã levantamos atrasados para o café e o que encontramos olhando pela janela do quarto??? SOL! Céu azul e muito sol! Inacreditável. “Vamos nos agilizar para aproveitarmos o pouco de sol que teremos hoje na praia”, logo pensamos. O nosso roteiro de hoje incluía várias outras praias mais distantes da península, por isso resolvemos levar a Fiona passear. Praia da Ferradura, Ferradurinha, Geribá e Praia da Tartaruga.
Praias do Forno e da Foca, em Búzios - RJ
Iniciamos o nosso roteiro pelos mirantes de Búzios, onde pudemos enxergar melhor a nossa façanha de ontem. Foi realmente uma boa caminhada que demos, sem nem notar. No caminho para a Praia da Ferradura fomos explorando novas vizinhanças com casas magníficas e chegamos à Lagoinha, uma área de pedras onde a maré cheia forma uma bela piscina natural. A placa no local nos esclarece que a lagoa é ponto de interesse geológico, pois ali foi possível medir a idade das pedras que a formam, que remontam à época em que Búzios era colada à África, no antigo continente chamado Godwana.
Dia de sol em em Búzios - RJ. Praia Brava ao fundo
Ponta da Lagoinha, em Búzios - RJ
Vista linda, céu claro, vamos em frente, pois a praia nos espera! Chegamos à Praia da Ferradura, uma baía tão fechada que parece até uma lagoa de água salgada. Dali, seguimos para Ferradurinha, praia que já foi eleita pelo Guia 4 Rodas a segunda mais bonita do Brasil. Não duvido, é belíssima, mas uma pena que pequenas enseadas acabam sendo alvo fácil do lixo despejado no mar. Caminhamos pelas pedras e decidi pular ali mesmo e ir nadando até a praia.
Voltando a nado para a praia da Ferradurinha, em Búzios - RJ
Durante a natação, quase me engalfinhei num plástico, se engolisse água engoliria partículas plásticas... as mesmas, Pedro, que comentamos outro dia durante o jantar. O plástico que está nos mares vai se decompondo, porém como não é biodegradável, ele se decompõe sendo reduzido a partículas, micro-partículas, que são engolidas pelos peixes e consequentemente por nós, que comemos os peixes. Quando será que o povo vai entender a necessidade da mudança dos hábitos? A necessidade da reciclagem do lixo? Teremos peixes e seres mutantes antes mesmo desta mudança ocorrer.
Praia da Ferradurinha, em Búzios - RJ, depois de um banho de mar
Depois de curtir algumas horinhas ali na Ferradurinha fomos conhecer a praia de Geribá, praiona com ondas, linda!
Caminhando na praia de Geribá, em Búzios - RJ
Só fiquei meio triste, pois vimos ali 2 pinguins nas últimas e um já morto. Infelizmente estes pingüins se perderam da corrente fria que estava levando o bando todo para o sul. Quando ele se perde, acaba se aproximando do continente em busca de alimento e as águas quentes começam a enfraquecê-lo. Foi o que explicou para nós um pescador. Quando o pingüim ainda está forte, os pescadores resgatam, avisam o Ibama que os leva até o alto mar. Quando já o encontram fraco nem adianta resgatá-lo, pois ele não vai agüentar, o coitado vai ficar ali até a morte.
Pinguim perdido, na praia de Geribá, em Búzios - RJ
Bem, voltando para o que é bom. Saímos de Geribá e fomos conhecer a nossa última praia aqui em Búzios, a Praia da Tartaruga. Uma enseada cheia de pescadores, principalmente os mergulhões que deram um show de pesca no cardume que estava sendo cercado pelos pescadores.
Barcos de pesca no fim de tarde na praia da Tartaruga, em Búzios - RJ
Um pôr-do-sol maravilhoso, aquela brisa gostosa de fim de tarde, rendeu até uma soneca no colo do Rodrigo. Para fechar o dia nesta terra tomada por argentinos, uma legítima pizza italiana. Espero que o sol continue nos acompanhando nestas praias da vida.
Mar e céu azuis, na Ponta da Lagoinha, em Búzios - RJ
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet