arqueologia cachoeira Caribe cidade histórica Estrada mar Mergulho Montanha parque nacional Praia Rio roteiro Trekking trilha
Alaska Anguila Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Galápagos Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Venezuela
RosaMolina (27/10)
Boa noite, Eu gostaria de saber contatos para fazer os passeios em Terra...
Luís (30/09)
BOAAA! FINALMENTE UM RELATO DE ALGUÉM QUE ENCAROU A DONA ZILDA SEM GUIA!...
Ricardo (26/09)
Parabéns pela interessante viagem e por compartihar a experiência. Est...
César (19/08)
Olá. Muito bom! sabe me dizer se dá pra fazer este trekking auto-guiado...
adalberto campos (07/08)
estive nesse trecho agora em julho de 2017 mas vou de 2 em 2 anos ao oiap...
Desenho de baleia no deserto de Nazca - Peru
Sobrevoar as linhas de Nazca é uma experiência única. Não apenas pela montanha-russa mais emocionante do mundo, mas pela descoberta inacreditável que fazemos quando olhamos para o imenso deserto marrom-acinzentado lá do alto.
Sobrevoando o deserto de Nazca - Peru
As linhas de Nazca são geoglifos localizados no deserto de Nazca, 400km ao sul de Lima no Perú. Embora lembrem os geoglifos de Paracas, como o Gigante do Atacama, os cientistas acreditam que estes foram feitos pela civilização dos Nazca entre os anos de 400 e 650 d.C. Existem milhares de teorias e conspirações matemáticas, ufológicas e religiosas. Estes desenhos inspiraram aquele livro “Eram os Deuses Astronautas”, do escritor Eric Von Daniken.
Deserto cortado por linhas e desenhos em Nazca - Peru
Este foi o meu segundo sobrevôo, a primeira vez que vim ao Perú, Nazca não estava no meu roteiro, eu tinha apenas 15 dias. Eu e Luiz, meu companheiro de viagem, conhecemos uns mineiros e foi um deles que ficou colocando pilha para acelerarmos o passo e trocarmos as ilhas flutuantes de Puno por um bate e volta em Nazca. Nesta ocasião conhecemos um limeño que trocou sua prancha de surf por um sandboard e se mudou para esta região. Historiador e dono de um pequeno restaurante e bar no centro de Nazca, ele nos contou uma das teorias mais aceitas, que explicaria como estes desenhos foram parar ali.
Uma gigantesca aranha desenhada no deserto de Nazca - Peru
Segundo ele, o povo Nazca seria um povo nômade e caçador que vivia na selva e que foi sendo atingido por diversas secas terríveis, falta de caça e comida. Eles acreditavam que estariam sendo castigados por seus Deuses, por não terem reciprocidade com a natureza e apenas retirar dela o que precisavam para viver. No processo de busca por uma solução e uma resposta para os seus problemas, os pagés ou xamãs destas tribos utilizavam o São Pedro, um cactos alucinógeno, nas suas cerimônias religiosas. Eles ficavam “viajando” durante dias, tendo visões que eram repassadas para o povo em grandes discursos públicos, até que foi decidido que iriam homenagear a seus Deuses, desenhando no deserto estas visões que eles tinham durante os rituais de São Pedro. Eles teriam utilizado o método de remoção da camada mais superficial de pedras e terra avermelhadas pelo óxido de ferro. Estacas de madeira eram fixadas pelos engenheiros e o povo faria imensas peregrinações arrastando seus pés e “limpando” o caminho formando as imagens.
O "Colibri", desenhado no deserto de Nazca - Peru
São mais de 100 formas geométricas como linhas retas perfeitas, trapézios e retângulos e animais como o beija-flor, o condor, aranha, um macaco, o cachorro, papagaio e até uma baleia! Muitas destas imagens são inexplicáveis, será que eles já haviam visto uma baleia? Ou o que estariam querendo representar ao fazer a imagem conhecida como “o astronauta”? Seriam mesmo motivos religiosos ou uma forma de tentar se comunicar com extra-terrestres, como dizem os ufólogos mais entusiastas? Como construíram linhas retas tão perfeitas?
O "astronauta", um dos mais incríveis desenhos no deserto de Nazca - Peru
São perguntas que talvez nunca tenham respostas. O fato de estarmos ali, cara a cara com um feito tão impressionante, nos faz perceber a pequeneza que temos dentro da história da humanidade. É uma sensação estranha de impotência e de integração ao mesmo tempo... Pois através de um desenho, por um segundo estamos recebendo a mensagem de um povo enviada há quase 1500 anos. Agora cabe a nós entendê-la.
O deserto de Nazca - Peru. Os desenhos são feitos retirando-se as pedras da areia, por centenas e centenas de metros
Informações úteis
Prontos para o sobrevôo das famosas Linhas de Nazca, no Peru
A maioria dos vôos é feito com aviões Cessna C207, para 5 passageiros e duram em torno de 40 minutos. As linhas estão em uma altitude de 1860 pés e o sobrevôo é feito entre 2200 a 3200 pés. O custo é basicamente o mesmo em todas as agências, variando entre 145 e 160 dólares por pessoa e a maioria dos vôos parte pela manhã quando tem garantia de céu aberto e sem nuvens. Entretanto nós conseguimos agendá-lo para as 15h, horário ideal no nosso cronograma. Muitas pessoas já nos perguntaram sobre segurança, houveram alguns acidentes, o último há menos de um ano morreram 4 franceses. Foi quando o governo peruano resolveu assumir a operação dos vôos e manutenção das aeronaves, garantindo mais segurança aos turistas e passageiros. Mesmo tendo uma experiência emocionante, com direito à turbulência e sobes e desces, o vôo nos pareceu muito seguro.
Observando as linhas de Nazca - Peru
Obs.: Aos que enjoam, como eu, é recomendado tomar um remédio para enjôo, tipo meclin ou dramin. Eu não tomei e passei mal quase o vôo todo.
Visita ao casal do Brasil Cristalino na Cidade do Panamá
Final de tarde e chegamos à Marina La Playita, no bairro de Amador. Esta região foi aterrada no período em que os norte-americanos administravam o Canal do Panamá, para fazer a ligação do continente com as três ilhas mais próximas. Hoje é uma área de grandes hotéis e marinas, com um lindo passeio para caminhadas, corridas e pescarias.
A Ana ajuda a preparar sushis à bordo do Brasil Cristalino, da Lilian e do Eduardo, na Cidade do Panamá
Buscávamos o Barco Brasil Cristalino e os nossos amigos Lilian e Eduardo. Fomos apresentados pela internet através de um primo do Rodrigo e a paixão por viajar logo nos uniu. Depois de uma longa espera, finalmente chegamos ao Panamá e pudemos conhecer-los!
Com a Lilian e o Eduardo no barco e "casa" deles na Cidade do Panamá
Lilian e Eduardo começaram o projeto Brasil Cristalino há um ano, bem pelo menos esta etapa da viagem. A primeira etapa foi pelo Brasil, mas esta foi apenas o aperitivo. Gostaram tanto que quando retornaram já faziam os planos de um roteiro mais ambicioso: viajar toda a América Latina de carro. Entretanto o projeto deles tem um toque especial, como praticantes da pesca-submarina esportiva, estão sempre em busca do melhores lugares para praticar este esporte. Por isso o Panamá sempre teve um lugar especial no seu planejamento. Chegando aqui, depois de passarem por alguns perrengues nas mãos de outros barqueiros, capitães e guias de pesca, decidiram que tomariam as rédeas da situação e mudariam o seu estilo de viagem: compraram um barco e agora estão aproveitando o melhor dos dois maiores oceanos do mundo! Já cruzaram o Canal do Panamá duas vezes, exploraram toda a região, passando pelo Arquipélago de San Blás, no lado do Atlântico, Las Perlas e Coiba no lado do Pacífico. Você também curte pesca-sub!?! Não deixe de visitar o site e o facebook do Brasil Cristalino e conferir os vídeos emocionantes que eles postal lá! A paixão é tanta que agora eles passaram a organizar charters de pesca-submarina na costa do Panamá!
Com o Eduardo durante delicioso jantar à bordo do barco Brasil Cristalino, na Cidade do Panamá
Nós amamos o mar, mas não entendemos nada de pesca e muito menos de barco. Eduardo e Lilian nos deram uma aula sobre o tema, trocamos experiências e histórias incríveis de um universo novo para o casal aqui. Meu pai já praticou pesca-sub, mas eu nunca tive coragem de atirar nos bichinhos. Acho que se dependesse de mim, ou era na vara, ou acabava virando vegana!
">Ritual de preparação de sushi. Passo 1: Esticar as folhas de alga (Cidade do Panamá)
Ritual de preparação de sushi. Passo 2: Cobrir a alga com arroz e deixar ele bem amassado (Cidade do Panamá)
Dentre os aprendizados da noite, destacou-se o curso rápido de culinária japonesa com a Lilian. De uma forma super natural, ela fez esta arte culinária parecer fácil! O fruto da última pescaria foi a corvina, cortada em pedacinhos e salteada rapidamente na chapa para os sushis. Arroz com vinagre especial, espalhado sobre a alga de sushi e em dois minutos o nosso primeiro rolo estava pronto! Fomos preparando enquanto conversávamos, aprendendo enquanto nos divertíamos e quando vi eu já estava fazendo os meus primeiros sushis sozinha! Valeu professora Lilian!
">Ritual de preparação de sushi. Passo 3: Colocar o recheio de peixe, shitake e cream cheese bem no meio da alga com arroz (Cidade do Panamá)
Ritual de preparação de sushi. Passo 4: Depois de enrolar a folha de alga com arroz amassado ao redor do recheio, cortar tudo bem fininho. Pronto! Já temos suhis deliciosos! (Cidade do Panamá)
Aqui eu me deparei com outra realidade. Nós nessa pressa desgraçada para viajar todos os países da América em 1000dias. Lilian e Eduardo, sem pressa alguma, curtindo a sua paixão pela pesca em um dos melhores lugares que poderiam estar e sem obrigatoriedade de chegar a lugar algum! Eles têm um período previsto para a viagem, mas até lá eles estão vivendo. Objetivos diferentes, uma forma de conhecer e curtir também diferente. Impossível não parar para pensar... Mas no final a minha sede por conhecer cada canto desse mundo fala mais alto e nos mostra que estamos no caminho certo. Pelo menos para nós.
Junto com o simpaticíssimo casal do Brasil Cristalino, a Lilian e o Eduardo, comendo sushis pescados e preparados por eles, à bordo da "casa" deles na Cidade do Panamá
A nossa deliciosa janela mourisca, portal para o mar no hotel em Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
A costa sul jamaicana está entre os paraísos menos turísticos da ilha, pelo menos é assim que o nosso guia turístico (o livro) nos diz. A costa é diferente, quase não tem praias, são formações rochosas e coralíneas que compõem uma paisagem linda que são um convite perfeito à arte del dolce far niente!
Belo entardecer visto do Jake, nosso hotel em Treasure Beach, na Jamaica
Chegamos a este paraíso “intocado” no final da tarde, após uma longa viagem passando pela YS Falls e nos hospedamos no hotel recomendado por todos que conhecemos no caminho e inclusive pelo Lonely Planet. Um hotel-resort “pequeno” para os padrões de Montego Bay e Negril, porém com toda a infra-estrutura possível para seus hóspedes relaxarem e aproveitarem sua estadia.
Fim de tarde cheio de preocupações em Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
Na área do hotel um bar e um restaurante com vista para o mar, piscina de água salgada para os mais acalorados, já que mergulhar ali não é aconselhável e deve ser meio trabalhoso. Nos fundos um spa oferece diferentes massagens e cada uma das cabanas está pensada para que o casal tenha total privacidade. Vista para o mar, cadeiras de sol e mesa de frente para o mar ou para o jardim, variando de preços e disponibilidades.
A linda e respeitosa árvore nas pedras de praia em Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
O restaurante apresenta opções deliciosas de peixes, carnes e pratos vegetarianos em uma cozinha que eu classificaria como jamaicana-fusion. Como alguns já devem saber, minha classificação não é nada profissional, é apenas embasada na minha experiência de viajante (metida) e apaixonada por novos temperos. O tempero jamaicano é picante, pode ser com o tradicional molho jerk, curry ou diferentes ervas encontradas no país. Porém sempre contrabalançadas por acompanhamentos que quebram o ardido, como uma tapioca pura, onde adicionam coco na massa, por exemplo. Uma delícia!
Litoral de Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
Cansou desse ambiente? Quer trocar? Ok, caminhe 3 minutos dentro da mesma propriedade e você chega à praia. Uma estreita e curta faixa de areia, com muitas pedras e um pouco difícil para banho. Os mais animados podem encarar um snorkel talvez, os mais preguiçosos apenas estendem uma canga e compartilham a areia para tomar um solzinho.
Praia em Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
Logo ali está o Jack Sprat, restaurante e bar do mesmo proprietário, mas com um toque mais descolado. Eles servem pizzas deliciosas, “fully load” é a melhor pedida (queijo, peperoni, jerk pork e pimentão). Foi aqui que eu provei o peixe ao curry com tapioca, delícia.
Bob Marley no Jack Sprat, famoso bar em Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
Um dos programas mais famosos da região é o Pelican Bar. Um bar no meio do mar em uma baía tranquila, relativamente rasa, com ótima visibilidade. Em um dia tranquilo comumente são avistado golfinhos no caminho, num tour de barco de 25 minutos, saindo do Jake´s Place. Se ignorarmos o preço (US$ 80,00, um absurdo!), deve ser um passeio delicioso! Vimos fotos e tudo, mas confesso a vocês que o ócio tomou conta do casal aqui.
Caminhada em praia de Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
Ócio criativo, façamos justiça! Aproveitamos muito bem estes dois dias para escrever, colocar os nossos blogs em dia e usar uma das melhores conexões de internet que encontramos na ilha. Sabem como é, fazer turismo aventura sempre é uma delícia, mas as vezes precisamos descansar.
Depois do café, hora do trabalho no Jake, nosso hotel em Treasure Beach, no litoral sul da Jamaica
Fiquei meio culpada de estar aqui, não é muito o nosso tipo de programa. Mas, pensando bem, temos que estar abertos a novas experiências, como a de chegar num lugar como este, onde o melhor que se tem a fazer é nada, apenas pedir um rum punch, relaxar e aproveitar a vida! Será que é assim que os turistas de grandes resorts se sentem? Bem, cada um na sua viagem... e todo mundo feliz!
Brinde para a Jamaica, em Treasure Beach, no litoral sul da país
Final de trilha: Cachoeira do Alcantilado em Mauá - RJ
Visconde de Mauá, Maromba e Maringá, cidades conhecidas por seus vales e suas cachoeiras. Acordamos super dispostos para uma bela caminhada e o local escolhido foi o Vale do Alcantilado. São 12km de Maringá até o vale e uma caminhada de uma hora subindo o rio e passando pelas 9 cachoeiras. O mais difícil foi convencer a Bebel a subir todas, mas aos poucos ela foi curtindo e valeu à pena, né, Bebel?
Bebel e Ana em cachoeira no Vale do Alcantilado em Mauá - RJ
Lá você paga apenas cinco reais e tem uma infra-estrutura bacana de bar, banheiros e as trilhas com segurança e uma manutenção muito bem feita. Uma cachoeira mais linda que a outra! Escolhemos nadar na quarta cachoeira, que tinha o poço mais fundo e mega gelado!
Ana na água gelada de cachoeira no Vale do Alcantilado em Mauá - RJ
Final de semana familiar e super relax. É muito bom encontrar amigos e familiares no caminho, afinal aventureiros também tem coração! Sentimos falta de conversar com pessoas que gostamos e confiamos que não sejam nós mesmos, opiniões, companhias e universos diferentes.
Final de trilha: Cachoeira do Alcantilado em Mauá - RJ
Mais tarde vimos o jogo do Brasil na pousada. Eu e a Íris fomos até uma lojinha de queijos na vila e armamos todo o esquema: queijos, patês e torradas para acompanhar a cervejinha na hora do jogo. Brasil 3 x 1 Costa do Marfim!
Assistindo ao jogo Brasil x Costa do Marfim em Mauá - RJ
Espero que o que tenha dado sorte tenha sido o nosso encontro lá e não o lugar, por que amanhã pegamos a estrada para Itatiaia!
Vale no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Amanhece o dia na nossa próxima cidade base, Serra do Cipó, que fica a apenas 100km de Belo Horizonte no Distrito de Santana do Riacho. Hoje nossa programação era intensa, tivemos que sair logo cedo para não voltarmos no escuro. Segundo o nosso amigo e consultor Gustavo este é o dia mais pesado da nossa Maratona. Um trekking de 20km que desce do Alto Palácio, na parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó, até a portaria do meio, passando por um cânion e diversas cachoeiras.
Com o Pretinho, nosso guia, cruzando a parte alta do Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
As 8h, Daniel, o nosso guia da região chega à Pousada Vila das Pedras onde estamos hospedados. Como é uma pequena travessia, o Rodrigo sai com a Fiona para deixá-la no nosso ponto de chegada e o Thiago, diretor da Pousada, o seguiu de moto para trazê-lo de volta. Vamos Alto Palácio, região onde antes ficavam as fazendas do Sr. Palácio, daí o nome. Chegamos lá com o ônibus que faz a linha Belo Horizonte – Serro, por apenas R$3,75 por pessoa, ótima saída para não precisar pagar um transfer especial, que custaria pelo menos R$60,00.
Sagui em plena cidade da Serra do Cipó - MG
Daniel, também conhecido como Pretinho, já foi Chefe dos Brigadistas do Parque Nacional, além de brincar desde criança na região onde ficava a casa de seu avô. Ele conhece cada pedacinho do parque e disse que levaríamos o dia todo para conseguirmos chegar à portaria. Eu estava preocupada, pois a caminhada era composta principalmente por decidas em pedras soltas, o que iria exigir muito dos meus joelhos. Já me preparei com um antiinflamatório poderoso receitado pelo ortopedista para casos como este e me sentia nova em folha, faltava apenas colocar em prova.
Caminhando no leito do rio, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Começamos a caminhada, tranquilos, como uma vista maravilhosa de toda a Serra do Cipó. De lá conseguimos avistar parte do caminho da famosa Travessia Lapinha – Tabuleiro, que já ficou no nosso “to do list” pós-1000dias. Quando menos esperamos já chegamos a algumas pinturas rupestres vizinhas da primeira cachoeira, Congonhas de Cima, também conhecida pelos mais antigos como Cachoeira dos Guedes, sobrenome da Família do Pretinho. O Rodrigo não agüentou e se rendeu às suas águas esverdeadas. Eu e o Pretinho dessa vez ficamos só olhando, além de muito gelada ainda teremos outros pontos de banho no caminho.
Cachoeira Congonhas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Andamos mais um pouquinho e logo avistamos a Cachoeira de Congonhas de Baixo, outra maravilha, com seu poço ainda mais bonito! Mas nosso guia ainda continuou afirmando que o melhor está por vir. Lá de longe já conseguimos avistar a cachoeira das Andorinhas e uma linda cena do encontro de dois vales.
Cachoeira Andorinhas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Descemos o cânion e finalmente chega a maldita pirambeira de pedras soltas e roladas, daquelas que qualquer descuido fará chegarmos ao chão e fazer um “skybunda” de pelo menos uns 10 metros. O antiinflamatório funcionou muito bem, me senti muito mais segura para descer sem as dores terríveis que venho sentindo. As botas que me criaram as mega bolhas na Pedra da Mina também, estão cada vez mais macias e eu cada vez mais acostumada com o passo dentro delas.
Orquídeas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Chegamos à Cachoeira do Gavião às 13h, com tempo suficiente para recarregar as energias e dar um belo mergulho. A água está muuuuuito fria, daquelas de doer a nuca! Estamos aqui para que afinal?
Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Um belo mergulho, alongamento e pé na trilha para conhecermos a Cachoeira das Andorinhas, mas como estamos adiantados no nosso cronograma vamos incluir a parte alta das Andorinhas, um dos lugares mais mágicos deste roteiro.
Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Escalando os paredões da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
Vista maravilhosa do vale, belo poço para nadar e uma tranqüilidade impagável, com direito até a assistir uma escalada free stile - escalada sem equipamento de segurança - do Pretinho no paredão desta cachoeira. Tem doido pra tudo mesmo!
Escalando os paredões da Cachoeira da Andorinha, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
O final do dia se aproximava e tínhamos que caminhar. Foram quase 2 horas de caminhada até a portaria do meio. Caminhada fácil, totalmente plana, mas acelerada. Nos metros finais pegamos um belíssimo pôr do sol dentre as palmeiras de macaúba, comuns na região. Para finalizarmos o nosso terceiro dia da Maratona do Cipó falta ainda chegarmos até a Lapinha, 50km de estrada de terra para o norte de Serra do Cipó, ainda dentro do município de Santana do Riacho. Amanhã será o último dia e já estou sentindo saudades! Este lugar é mesmo especial.
Bosque de Macaúbas, no Parque Nacional da Serra do Cipó - MG
A mágica visão do mirante de Semuc Champey, na Guatemala
Semuc Champey, “onde o rio some, desaparece” em K´éqchi Maya. Realmente os indígenas sabem ser literais em poucas e bonitas palavras. Esse monumento natural da humanidade, guarda um tesouro mágico nas terras distantes, além das montanhas, no interior da Guatemala.
As famosas piscinas em forma de terraços de Semuc Champey, na Guatemala
Um imenso rio caudaloso de águas rápidas e barrentas de repente se transformam em piscinas naturais de águas verde-esmeralda, tranqüilas e límpidas. Como é possível?
Observando o caudaloso rio que passa abaixo dos terraços de Semuc Champey, na Guatemala
Milhares de anos atrás uma rocha caliza, formada principalmente por carbonato de cálcio despencou do alto de uma montanha, formando uma ponte natural entre o os leitos do Rio Cahabón. Este tipo de pedra sedimentar derivada de conchas marinhas e ossos de animais, possui uma alta porosidade e se desgasta facilmente com a ação do tempo e da água.
Pequenas cascatas no rio que passa acima de Semuc Champey, na Guatemala
Os milhares de anos de altas do Rio Cahabón, chuvas e das águas minerais vindas das montanhas ao redor de Semuc Champey esculpiram pouco a pouco, as diversas piscinas naturais. É um lugar mágico!
A incrível paisagem do mirante de Semuc Champey, na Guatemala
Confesso que depois de tanta estrada estava em dúvida se valeria a pena, afinal já vimos tantos rios... Mas este lugar foi realmente surpreendente! O parque possui uma trilha bem cuidada com milhares de degraus em um bosque verde para o acesso ao mirante. A caminhada dura em torno de uma hora, mas a vista vale o esforço!
Subindo as escadas pela floresta para chegar ao mirante de Semuc Champey, na Guatemala
Lá e cima ainda é difícil entender como aquilo acontece, descendo depois tudo começa a fazer sentido, ainda que pareça quase impossível. Vemos o sumidouro do rio, as águas de montanha descendo e o quebra-cabeça começa a ficar mais claro.
Observando o caudaloso rio que passa abaixo dos terraços de Semuc Champey, na Guatemala
A pedra é muito frágil, por isso o parque recomenda aos turistas que caminhem descalços sobre a ponte de pedra, onde todos se esbaldam nas piscinas naturais. Ao final a trilha segue até o “surgidouro” do Rio Cahabón, onde podemos ver novamente o grande rio aparecer sob a terra.
Mirante para se observar a força do rio que atravessa a caverna de Semuc Champey, na Guatemala
A Vila de Semuc fica próxima ao rio, uma vila bem rural com algumas pousadas rústicas bem bacanas, cheias de gringos vindos de Antigua em grandes grupos e excursões. Nós voltamos e no caminho para Lanquín, fizemos um pit stop em uma dessas pousadas, a El Zapote, para um almoço rápido antes de seguirmos para a próxima atração, a Gruta de Lanquín.
Pequenas cascatas no rio que passa acima de Semuc Champey, na Guatemala
Pico do Cristal ao fundo, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Pico da Bandeira, com 2895m é o terceiro maior do Brasil e já foi considerado o ponto mais alto do país no período do Império. Seu nome surgiu quando D. Pedro II ordenou a colocação de uma bandeira no seu cume. No começo da década de 70 o Pico da Bandeira perdeu o seu posto de maior montanha brasileira para o Pico da Neblina e o 31 de Março, primeiro e segundo lugares consecutivos. Ele estava na minha lista há muito tempo e hoje finalmente consegui realizar mais este sonho.
Cartaz na portaria Capixaba do Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Seis e meia da manhã e já estávamos em pé nos preparando para a subida ao Pico da Bandeira. Como o Rodrigo já havia subido mais duas vezes, eu estava tranqüila, mas ele também não conhecia a trilha pela portaria capixaba. O Parque Nacional Serra do Caparaó fica exatamente na divisa entre o estado de Minas Gerais e o Espírito Santo. A portaria da cidade mineira é a mais antiga e por isso também a mais utilizada. A caminhada por começa na Tronqueira, de onde se segue em torno de 4,5km até o Terreirão, ponto de acampamento com uma bela infra-estrutura. Nosso plano inicial era fazer esta caminhada, dormindo no primeiro dia no Terreirão e no segundo dia de madrugada caminharíamos os outros 4,5km até o pico para ver o sol nascer e retornaríamos para a Tronqueira. Eu já estava preparada para isso, inclusive imaginando uma subida pesada, afinal estamos falando da terceira maior montanha do Brasil.
Placa indicativa na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Ontem, a caminho da cidade de Alto Caparaó para realizar este plano passamos pela cidade de Pedra Menina, onde vimos a placa de portaria do parque. Eu estava curiosa, pois havia visto no mapa que havia esta portaria por ali, resolvemos verificar e descobrimos que ali era a portaria onde começava a tão conhecida subida ao Pico da Bandeira pelo lado capixaba. Assuntamos com Wellington e Ricardo e acabamos definindo por encarar a subida mais íngreme, mas com promessa de uma vista mais bonita. Subindo por este lado economizaríamos muito tempo e vimos que conseguiríamos fazer a travessia da Serra do Caparaó através do Pico da Bandeira! Querem algo melhor? Assim conseguimos conhecer os dois lados em apenas um dia, perfeito. Acertamos com o Ricardo para ele ir até Alto Caparaó nos buscar com a Fiona enquanto fazíamos a travessia a pé.
Com o Wellington e o Ricardo na portaria Capixaba do Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Chegamos na portaria as 8h e subimos de carro até a Macieira, onde encontramos duas cachoeiras, a Sete Pilões que fica há apenas 150m por uma trilha. Enquanto eu resolvia os últimos detalhes o Rodrigo foi praticar seu hobbie predileto, correr na trilha da Cachoeira do Aurélio e retornar. Eu não fui, pois não queríamos demorar para iniciar a subida.
Cachoeira dos Sete Pilões, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Subimos mais um pouco de carro e chegamos à Cachoeira da Farofa, onde o Rodrigo já aquecido pela corrida tomou um banho gelado para “relaxar”.
Cachoeira da Farofa, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Dali seguimos pela estrada e ainda paramos no mirante, onde conseguimos pela primeira vez avistar a trilha por onde subimos, o Pico do Cristal, o Pico do Calçado e as Duas irmãs, pedras idênticas que referenciam a trilha. Perdemos um pouco de altitude seguindo a estrada em direção à Casa Queimada, onde começamos a caminhada. Eram 11h quando começamos a subir, eu estava um pouco preocupada, pois muito falaram da inclinação da trilha. A Casa Queimada fica a 2180m, eu confesso que a temporada de praia no nível do mar deixou meu organismo menos acostumado com a altitude, mas devagarinho fomos subindo e vencendo cada trecho da trilha.
Fiona na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Sempre achei que o Pico da Bandeira seria mais exigente, que seria uma trilha difícil, longa e cansativa. Mas mesmo com uma subida mais íngreme fiquei surpresa positivamente, que trilha gostosa! Depois das Duas Irmãs, subimos o Pico do Calçado e seguimos pela crista até o Pico da Bandeira.
Enfrentando o forte vento na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
No cume do Pico do Calçado, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Vistas lindas o tempo todo, tanto do lado mineiro, quanto do lado capixaba. O tempo amanheceu chuvoso, mas quando começamos a andar ele começou a abrir e tivemos céu azul, nuvens passageiras e muito vento praticamente o tempo todo. Foi um belo presente de São Pedro para esta conquista. Fomos tranquilos, no meu ritmo, chegamos ao cume em apenas 2h de caminhada, enquanto a portaria informa que normalmente levaria de 3 a 4h para o mesmo trecho.
Trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Já do Pico do Calçado, também entre as 10 maiores do Brasil, conseguimos avistar completamente o paredão imenso de rocha do Pico da Bandeira, lindo e imponente, uma das montanhas mais bonitas que já vi, ainda mais com o tempo nos ajudando. Ventava absurdamente lá em cima, quase virei um balão quando vesti a minha jaqueta. Lá encontramos um cruzeiro, uma torre e um mini-Cristo Redentor, mas confesso que eu preferia encontrar apenas o velho e bom livro de pico em uma caixinha parafusada à pedra.
Avistando o Pico da Bandeira, na trilha capixaba de acesso ao pico, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
Depois de um lanche e muitas fotos, iniciamos a descida pela trilha mineira, seguindo em direção ao Terreirão. Até a Tronqueira são pouco mais de 9km em uma trilha menos íngreme (meus joelhos agradecem), com muitas pedras soltas e com uma vista também muito bacana do outro lado da serra. Chegando ao Terreirão, lugar onde o Rodrigo tem boas lembranças de seus acampamentos passados, quem encontramos? O Ricardo! Já estava lá! Além de dirigir a Fiona nos 44km de terra entre Pedra Menina e Alto Caparaó ele já havia andado 4,5km acima par anos encontrar, foi uma ótima surpresa primo! Continuamos a caminhada com sua ótima companhia, histórias e contos sobre a região, o parque e a vida. Saímos do pico em torno das 13h40 e chegamos à Tronqueira as 16h30, mesmo sendo descida estes 9km são custosos, parece que não vão chegar nunca!
A famosa Casa de Pedra, no Terreirão, na trilha mineira de acesso ao Pico da Bandeira, no PN do Caparaó - MG/ES
Uma pausa para água, entramos na Fiona e quando estamos começando a descer vimos um senhor bem velhinho explorando a área e em seguida dois homens curiosos que nos pararam para perguntar sobre a viagem. Começamos a contar nossa história para Cícero e Ademar, que também eram bons de papo, assim não paramos mais de falar! Logo o Cícero chamou o seu pai, o senhor que tínhamos visto subindo.
Pico do Cristal e Pico do Calçado vistos do cume do Pico da Bandeira, PN do Caparaó - MG/ES
O Prof. Jaber Werner veio lá de cima, venceu obstáculos e desceu as escadas em trote até nos alcançar. 94 anos! O Prof. Já subiu a trilha do Pico da Bandeira 41 vezes, sendo que 39 chegou ao pico e duas foi ao Pico Cristal, montanha vizinha mais distante desta entrada e um pouco mais baixa. A primeira vez que o Prof. Jaber subiu o pico ele tinha 14 anos, estava com seu pai, mais 3 homens e uma mula que ajudou a carregar lá da cidade até o Terreirão toda a comida, roupa, água, barraca, cobertor, etc. Lembrando que da cidade até a Tronqueira devem ser mais uns 9km, haja perna! O Professor contou que quando subiu a primeira vez ainda não havia nada no cume e que em 1930 foi que um padre da cidade mandou colocar uma bandeira e um livro protegido em uma caixa de pedra, para que assinassem todos que lá chegassem.
No cume do Pico da Bandeira, PN do Caparaó - MG/ES
Mais tarde foi colocado o Cruzeiro, quando rezaram uma missa no alto da montanha em homenagem a um fazendeiro conhecido da região. A última vez que o Prof. Jaber chegou ao cume foi em 1994, quando tinha 77 anos. A julgar pela sua disposição, saúde física e mental ele poderia subir o pico ainda hoje, mas resolveu ser mais cuidadoso desde que foi operado de um aneurisma na aorta no mesmo ano. Que exemplo! Sem dúvida depois de conhecermos um homem como este nosso grau de exigência em relação à nossa saúde e expectativa de vida aumentam!
Com os novos amigos, Cícero, Ademar e o nonagenário Jaber Werner (esbanjando saúde), na Tronqueira, na trilha mineira de acesso ao Pico da Bandeira, no PN do Caparaó - MG/ES
Nos despedimos desta turma especial e ainda decidimos correr para conhecer a Cachoeira Bonita e o Vale Verde, estrada abaixo. Ambas tinham pouca água, mas na segunda pudemos nos refrescar e garantir um bom banho, já que pegamos estrada até Ipanema, MG. Foram 40 km de Caparaó até o Paraíso, distrito de Pedra Menina onde nos despedimos do Ricardo, nosso primo, guia e novo amigo.
Chegando à Tronqueira, na trilha mineira de acesso ao Pico da Bandeira, no PN do Caparaó - MG/ES
De lá retornamos pelo mesmo caminho e seguimos mais 150km até Ipanema, onde vamos conhecer a RPPN Feliciano Abdala. A chegada aqui em Ipanema também não foi nada fácil, além de longos 200km a noite, super cansados, ainda chegamos e não encontramos um hotel com vaga na cidade! Quem diria que aqui longe de tudo teríamos este problema? Pois bem, cidade em pleno desenvolvimento e expansão, não havia quarto. Quando eu estava quase me acostumando com a idéia de dormir na Fiona, achamos o Hotel do Teixeira, que é quase como uma pensão dentro da casa do próprio Célio Teixeira. Pelo menos tivemos um chuveiro quente e uma cama para esticar o corpo depois de um dia como este.
1000dias no cume do Pico da Bandeira, PN do Caparaó - MG/ES
Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
O Badlands National Park é uma das áreas de pradarias mais preservadas dos Estados Unidos. São 244 mil acres de parque nacional, sendo 64 mil destes considerados “National Wilderness Area”, totalmente intocadas. A história geológica destas terras data de mais de 65 milhões de anos, vendo passar por suas pradarias e montanhas animais da megafauna como entelodontes e oreodontes. Caçadores nômades pré-históricos caçavam bisões e mamutes e deixaram para trás pegadas que nos contam sua história e modo de vida.
Voltando ao Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
As maravilhosas paisagens do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Badlands, ou “terras ruins” na tradução livre, vem da expressão Oglala “Mako Sica”. Os colonizadores concordaram com eles e mantiveram o nome das terras ruins, já que buscavam áreas propícias para plantio e criação de gado. Um terreno assim, tão acidentado só poderia ser terrível, não é mesmo? Para sorte de todos nós eles não insistiram e deixaram essa terra de lado, mantendo uma área de extrema beleza natural totalmente preservada, um dos últimos refúgios para vida selvagem neste canto das Great Plains.
Coelho nos observa no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
No parque conseguimos encontrar Mountain Goats, Big Horn Sheeps, Veados, Coyotes e até animais maiores como o American Buffalo, também conhecido como Bison. Estas terras continuam sendo a casa de nações indígenas das tribos da Grande Nação Sioux e a porção sul do parque é administrada pela tribo Oglala-Lakota.
Espécie de cabra montanhesa comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Vindos do leste pela estrada Interestadual 90 (I-90), pegamos a Badlands Loop Road (Highway 240) pela entrada nordeste e a primeira parada é no Big Badlands Overlook. Um cenário seco formado por pelo menos 6 camadas diferentes de rochas em diferentes tonalidades de amarelo, terracota, cinza e quase branco.
Solo colorido no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Paisagem do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Cada uma dessas camadas foi depositada em intervalos de milhões de anos que também ajudam os geólogos e palenteólogos a remontar a história desta região. A água, os movimentos das camadas tectônicas e o vento ajudaram a dar forma e a esculpir cânions, montanhas, vales e chapadas que juntos formam uma paisagem incrível! Já vimos formações parecidas no Vale da Morte, do Atacama (Chile) e no Death Valley, Califórnia (EUA), mas cada uma possui características que as tornam únicas e obrigatórias para os amantes da natureza.
Cabra montanhesa descansa em platô no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Pequeno veado no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Adiante vale uma parada rápida para caminhar entre as montanhas e formações nas trilhas Door e Window e se estiver com pique vale também cruzar a Notch Trail (2,4km), caminhando por um cânion até o mirante para uma vista sensacional do White River Valley.
Terreno desértico do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Seguindo a estrada encontramos o Visitor Center, que reúne muitas informações interessantes sobre o parque no pequeno museu. A cada mirante, placa informativa e paisagem grandiosa vamos entrando na história do parque e captando a energia do Badlands.
As pradarias do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
O final de tarde é especial, não apenas para boas fotos, como também para ver os animais selvagens. A cada 10 minutos encontrávamos ou um Big Horn Sheep, ou veadinhos, coelhos e mountain goats. O coiote é mais difícil de ver, ele se mescla bem nas pradarias e é muito rápido, mas até ele tivemos a sorte de encontrar!
Coiote circula no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Magnífico fim de tarde no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Estávamos ansiosos pelo encontro com um bisão. Conversamos com o cara do motel na cidadezinha de Wall e ele nos disse que era difícil ver algum, ele mesmo só havia visto de longe. Sem perder as esperanças voltamos ao parque no dia seguinte, antes do sol quente do meio-dia e pegamos a Sage Creek Road.
Bisão solitário no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Esta continuação da Badlands Loop Road é área onde geralmente os bisões são vistos. No caminho passamos pela Praire Dog Town, uma área plana, quase sem vegetação e totalmente esburacada por esse roedor chamado de “dog praire”. O “tic, tic” vira a trilha sonora da pradaria, enquanto nos divertimos vendo os bichinhos comendo e correndo assustados para suas casinhas.
Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Eis que de longe vimos alguns carros parados e uma manada de bisões perto da estrada. Detalhe: eles estavam cercados! Pois é, ainda existem alguns proprietários de terras que chegaram à região antes da área se tornar parque e adivinhem? Eles criam búfalos! Animais imensos, com comportamento tão pacato quanto o de um boi ou uma vaca, mas tão selvagens que chegam a ser imprevisíveis. Se encanam com você, sai da frente!
Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Eles parecem usar um casaco de pele sobre os ombros, tamanho o frio que enfrentam nos meses mais gelados. Bem, vimos, mas não estávamos muito contentes de tê-los visto assim, atrás das grades. Seguimos viagem e 10 km à frente cruzamos dois bisões selvagens, soltos próximos da estrada! Lindo, forte e imponente o maior deles posou para nossa foto por um bom tempo, parecendo pouco se importar com a nossa presença. Quando o Rodrigo tentou se aproximar, ele se afastou como quem diz, “fica na sua, que eu fico na minha!”
Tentando socializar com um bisão no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Missão cumprida aqui no Badlands, mais um parque nacional obrigatório para os viajantes intrépidos e amantes da natureza. Agora seguimos para as Black Hills para conhecer um dos principais cartões postais dos Estados Unidos!
Um enorme bisão no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Mirante no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
A bela igreja metodista de Asheville, na Carolina do Norte, Estados Unidos
Apelidada “Land of the sky” ou “Terra do céu”, Asheville é uma cidade de pouco mais de 80 mil habitantes no estado americano de North Carolina. Situada estrategicamente entre o famoso Great Smoky Mountains National Park e o Shennandoah National Park, seus arredores já foram cenário para filmes como “O Último dos Moicanos” e até hoje atrai artistas, músicos e pessoas apaixonadas pela natureza, o que a torna um lugar alternativo e bem cosmopolita.
A pomposa arquitetura do centro histórico de Asheville, na Carolina do Norte, Estados Unidos
Asheville figura em uma ampla lista de rankings, citando apenas alguns deles como uma das "25 Melhores Destinos de Artes da América" (Revista AmericanStyle), "A nova “freak capital”dos EUA" pela revista Rolling Stone, "Nova Meca New Age" (CBS News) e em 2007, Asheville foi nomeada uma das sete principais lugares para se viver nos EUA pelo Ranking de cidades da Frommer.
Caminhando pelo centro histórico de Asheville, na Carolina do Norte, Estados Unidos
Nós chegamos em um dia de chuva e cinzento, mas as suas ruas, bares e restaurantes estão sempre cheios e divertidos com pessoas de todas as tribos e idades. Paramos no delicioso Salsa´s Mexican Caribbean Restaurant, restaurante que mistura o melhor das duas cozinhas, mexicana e caribenha, sempre com uma exposição interessante de artistas contemporâneos da região e um público bem antenado.
Restaurante em Asheville, na Carolina do Norte, Estados Unidos
A comida é divina e muito criativa, além de ter uma boa relação custo x benefício. Nada melhor que uma boa cerveja artesanal para acompanhar uma delícia apimentada dessas. Eu provei a Pale Ale da High Lander Brewing Company, saborosa e no ponto certo para não brigar com o sabor da comida. Ótima sugestão do nosso simpático garçom.
Deliciosa e apimentada comida mexicana requintada, em Asheville, na Carolina do Norte, Estados Unidos
Uma das milhares de cervejas artesanais americanas, em Asheville, na Carolina do Norte, Estados Unidos
A arquitetura da cidade vai do art decó ao neogótico em seus edifícios históricos, igrejas e monumentos. A chuva deu um intervalo e conseguimos andar nas ruas arborizadas, sempre cruzando um músico mambembe tocando sob uma marquise na sua viagem particular.
A pomposa arquitetura do centro histórico de Asheville, na Carolina do Norte, Estados Unidos
À noite, não poderíamos perder a chance de ouvir uma legítima Jam Section de cordas, em uma das principais representantes da Folk Music Americana. Fomos ao mais indicado bar em Downtonw Asheville, o Jacskon Pub. Cada músico traz o seu instrumento de corda como o violino, violão, contrabaixo e o indispensável banjo! Os músicos estavam se divertindo aos montes, solos alucinados cada vez mais acelerados faziam o público ir ao delírio! Mais tarde uma banda de jovens tomou o palco e fez uma apresentação maravilhosa, essa sim era profissional! É sempre bacana ver jovens se interessando, revivendo e aprimorando tradições.
Balada com jam session com muita música Folk, em Asheville, na Carolina do Norte - EUA
Asheville é o nosso ponto de partida para conhecermos a região dos Apalaches e da Blue Ridge Parkway, a road trip mais famosa no leste dos Estados Unidos.
Pedra da Galinha Choca e Açude do Cedro, em Quixadá, no sertão do Ceará
Chegamos à Quixadá ontem no final do dia, direto para o único hotel que tínhamos indicado no nosso guia: Pedra dos Ventos Pousada, que virou hotel e agora se apresenta como um resort! Tempo chuvoso com o friozinho da montanha, nem parece que estamos no sertão do Ceará. Toda a região possui afloramentos rochosos magníficos, um cenário espetacular em meio a uma caatinga já verde, das primeiras chuvas do inverno nordestino.
Chuva no sertão de Quixadá, Ceará
O plano inicial para a noite era um repeteco básico do show do Nando Reis, já que ele nos seguiu até aqui. Um pé d´água danado caindo na cidade, acabamos (o Rodrigo) ficando com preguiça e não fomos para a cidade, ficamos aproveitando o coaxar dos sapos cantores vizinhos de quarto.
A "cabeça" da Galinha Choca, observando Quixadá, no sertão do Ceará
No dia seguinte cedo acordamos torcendo para que tivesse parado de chover, pois com um tempo destes não poderíamos escalar. Colocamos a Fiona para trabalhar subindo uma estrada íngreme e escorregadia, treinando a sua 4x4 reduzida, para vermos a neblina se dissipar no alto da Pedra dos Ventos. Assim que a neblina abriu pudemos ver toda a região do alto, pedras e mais pedras imensas, majestosas entre açudes e muito verde.
Vista do alto da Pedra dos Ventos, em Quixadá, no sertão do Ceará
Voltamos à cidade e seguimos em direção ao Açude do Cedro, açude mais antigo do Brasil, projeto de D. Pedro II, sempre ele! Este homem esteve em todos os lugares, sempre com uma visão à frente do seu tempo, planejando, construindo, estudando e desenvolvendo!
A barragem iniciada por D. Pedro para formar o Açude do Cedro, em Quixadá, no sertão do Ceará
Ao fundo do lago está o nosso objetivo, a Pedra da Galinha Choca. A chuva ainda não estava totalmente descartada, mas tínhamos esperanças de conseguir escalar. Encontramos Ciro, gaúcho radicado em Quixadá, guia e escalador que vai nos levar lá para cima. Ele está com um outro grupo e por um desencontro de informações não trouxe o equipamento de escalada... Então se tínhamos ainda dúvidas se iríamos escalar, elas acabaram de se resolver. Frustração total, começamos a caminhada de bode, mas o que nos resta agora é andar.
A famosa pedra da Galinha Choca, em Quixadá, no sertão do Ceará
A caminhada vai curando as nossas bodices e nós vamos entrando no clima. Na verdade nos agregamos à um grupo de Fortaleza que o Ciro já ia guiar e fomos andando tranquilos até o corpo da galinha. Um pouco antes demos aquela olhada melancólica para a via que não nos pertencia mais e seguimos nosso rumo. A cabeça e o rabo da Galinha Choca tem as melhores vias, até a Daniela Monteiro esteve aqui com sua equipe escalando e disseram que mesmo ela (poderosa), sentiu medo em uma das vias lá. AAAAAIIII, que réiva! Bem, mas logo veio a chuva e novamente confirmou que hoje não era o dia para escaladas...
No alto da Galinha, observando o Açude do Cedro, em Quixadá, no sertão do Ceará
Do alto vemos todo o Açude do Cedro, a barragem construída para a formação do lago, a região da Pedra dos Ventos, a cidade de Quixadá e até a Pedra da Baleia, onde está a maior via de escalada do Ceará, com 500m de extensão. É o paraíso de escalada! Quando não está chovendo, que deve ser uns 90% do ano. Fomos bem sortudos nessa...
No alto da Galinha Choca, próxima ao seu "rabo", em Quixadá, no sertão do Ceará
Querendo aproveitar ainda mais a região, fomos conhecer a rampa de vôo livre e o Santuário da Nossa Senhora do Sertão. Eu não estava esperando muito do Santuário, mas é muito bacana, principalmente por que eles reuniram ali todas as Virgens Marias da América Latina, com a explicação da origem de cada uma delas, suas histórias e milagres em cada um dos países.
Santuário de Nossa Senhora, a Rainha do Sertão, em Quixadá, no sertão do Ceará
Assim nos despedimos de Quixadá, terra gente hospitaleira, escalada e vôo livre, de açudes, caatingas, monólitos e Galinhas Chocas. Mas tenho certeza que não é adeus, e sim um até logo!
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet