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Valeu Ana. Obrigada. Estou ansiosa por essa viagem. É semana que vem. O ...
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Angela (29/03)
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Milton Angelim (29/03)
Estou planejando uma viagem de moto ate os EUA, tenho milhões de pergunt...
Jaqueline (25/03)
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Rua de St. Pierre, antiga capital de Martinica, com o Mount Pelée ao fundo
Cruzamos Martinica do em direção ao grandioso Mount Peleé. Construída por padres jesuítas no início do século XVII, a Route de la Trace liga Fort de France à cidade de Morne Rouge, passando por diversos vilarejos e em meio à uma floresta tropical, bambuzais e lindas vistas das montanhas vulcânicas Pitons du Carbet. No caminho podem ser encontradas algumas trilhas, mas o pouco tempo e o clima chuvoso de hoje não nos encorajou a encarar o Trace des Jésuites, o trekking mais popular na ilha com 5km, 3 horas só de ida.
Viajando pela bela Route de La Trace, no norte d Martinica
Uma parada rápida na Sacré-Couer de Balata, uma réplica miniatura da homônima parisiense e seguimos em direção à Mourne Rouge, uma das vilas parcialmente destruídas em agosto de 1902 pela erupção do gigante Mount Pelée.
A igreja Sacre Coeur de Balate, muito parecida com a original parisiense, na periferia de Fort-de-France, capital da Martinica
Chegando à Morne Rouge, aos pés do vulcão Soufrière, na Martinica
Protagonista de um dos maiores desastres da história caribenha e mundial, Mount Pelée hoje é uma montanha verde, pacífica e imponente no norte da ilha de Martinica. Essa sensação de paz poderia ser real se não soubéssemos de sua história recente. Sua erupção em maio de 1902 destruiu a cidade de St. Pierre, então capital da Martinica, matando mais de 30 mil pessoas.
Mosaico bem representativo das erupções do vulcão Soufrière, no interior da igreja de Morne Rouge, ao norte de Martinica, cidade que já foi parcialmente destruída numa erupção
St. Pierre, a Paris das West Indies, era uma cidade culturalmente ativa, seu teatro recebia companhias de ópera francesas e italianas e possuía uma rica aristocracia que dominava a política na região. A história da erupção é impressionante, a vida de homens, mulheres e crianças foram levada em menos de 3 minutos, sem tempo para que pensassem em correr e se salvar.
Estado em que ficou o sino da antiga igreja de St. Pierre, na Martinica, após a trágica erupção de 1902
Caminhando em rua de St. Pierre, antiga capital de Martinica
Poucos sortudos sobreviveram para contar o caso, dentre eles um preso que estava em uma solitária subterrânea e uma menina de 11 anos que conseguiu entrar em um barco e se abrigar em uma pequena caverna na costa. O Rodrigo escreveu um ótimo post com detalhes sobre o momento da erupção, recomendo a leitura!
St. Pierre, na Martinica, antes de ser destruída pela erupção de 1902 do vulcão Soufrière
St. Pierre, na Martinica, logo depois de ser destruída pela erupção de 1902 do vulcão Soufrière, quando morreram 30 mil pessoas
Cyparis, protegido pela cela solitária onde estava preso, foi um dos únicos sobreviventes da trágica erupção vulcânica de 1902, que destruiu St. Pierre, na Martinica
Hoje a tranquila cidade, reconstruída sobre as ruínas da antiga St. Pierre, é uma base interessante para os apaixonados por história e pela pacata vida caribenha. Dentre as atrações estão o Museu de St. Pierre, que abriga fotos e objetos encontrados após a erupção, além de boas histórias que te ajudam a remontar aqueles minutos de fúria de Mount Peleé. Ali ao lado, vale uma visita rápida às ruínas do Teatro Municipal, à antiga prisão e Catedral da Pompéia caribenha.
Escultura do antigo teatro de St. Pierre, na Martinica. Parecia antever a destruição trágica da cidade...
Ruínas do antigo teatro de St. Pierre, na Martinica, destruído na erupção de 1902
Para os mais aventureiros, uma das grandes atrações da região são os mergulhos nos naufrágios do início do século. Nós fomos aos 30m de profundidade para ver o Dalhia, barco que fazia o transporte dos passageiros entre as cidades de Fort de France e St. Pierre, antes da erupção.
Explorando naufrágio da época da erupção de 1902, em St. Pierre, no norte de Martinica
Explorando naufrágio da época da erupção de 1902, em St. Pierre, no norte de Martinica
Ele já está bem desmantelado, mas entre seus restos encontramos muitas lagostas, spotted drum fishes e outros peixinhos caribenhos. No mesmo mergulho seguimos para um segundo naufrágio, o Diamant era um navio americano vendido à França após a Segunda Guerra Mundial especializado na instalação de minas submarinas.
Explorando naufrágio da época da erupção de 1902, em St. Pierre, no norte de Martinica
Boia sinalizadora de local de naufrágio, perdida no azul infinito do mar, em St. Pierre, no norte de Martinica
Ao sul de St. Pierre é onde estão localizados os melhores hotéis e a maioria das operadoras de mergulho. Nós ficamos hospedados no hotel do Le Jardin des Papillons, bom preço e bem localizado.
Nosso hotel em St. Pierre, no norte de Martinica
O restaurante junto ao hotel é delicioso e funciona para o almoço 7 dias por semana. A praia de areias negras é um recanto especial, com águas cristalinas, ótima para um mergulho entre os passeios pelas feiras e os mergulhos na história de St. Pierre.
Mercado de St. Pierre, antiga capital de Martinica
No barco de mergulho em St. Pierre, no norte de Martinica, com o Mount Pelée ao fundo
Tranquila praia de areias escuras ao sul de St. Pierre, no norte de Martinica
Sobrevoando a belíssima Na'Pali Coast e a trilha para a Kalalao Beach, em Kauai, no Havaí
Kauai é a mais antiga das grandes ilhas do Hawaii. Formada há aproximadamente 6 milhões de anos a Garden Island abriga um dos lugares mais chuvosos dos Estados Unidos, próximo ao Monte Wai´Ale´Ale, com mais de 12.000mm de precipitação anual! Esta quantidade de chuva, além de torná-la a ilha mais verde do arquipélago, esculpiu cânions e formou uma mescla de ecossistemas única.
Chegando de avião à ilha de Kauai, no Havaí
É neste cenário que encontramos uma das paisagens naturais mais cruas e intocadas do Hawaii, suas catedrais esculpidas pela água, pelo tempo e pelo vento surgem do fundo do Oceano Pacífico para formar a Na Pali Coast.
Sobrevoando uma das regiões mais chuvosas do mundo, na ilha de Kauai, no Havaí
Toda a costa noroeste da ilha é protegida pelo Na Pali Coast State Park que compreende praias desertas, cânions ainda inexplorados, dezenas de cachoeiras que até pouco tempo só os pássaros podiam apreciar.
Sobrevoando a belíssima Na'Pali Coast, em Kauai, no Havaí
Sobrevoar as ilhas havaianas é um programa mais simples do que parece. As companhias de helicóptero operam em todas as ilhas, mas são Big Island e Kauai onde este sobrevoo toma outras proporções. Na Big Island a grande atração é o sobrevoo dos campos de lava e principalmente da caldeira do vulcão ativo Kilauea, que está em constante erupção há mais de 30 anos. O sobrevoo é uma das únicas formas de realmente ver o magma fervilhante que corre pelas entranhas da ilha.
Só falta a Ana no helicóptero para nosso sobrevoo de Kauai, no Havaí
Helicóptero chega para nosso sobrevoo de Kauai, no Havaí
Aqui no Kauai a emoção é outra, sobrevoar a Na Pali Coast é como estar em um filme hollywoodiano, descobrindo um novo mundo, explorando uma ilha selvagem, chegando ao parque dos dinossauros do Jurassic Park ou entrando em um dos filmes do King Kong. Sobrevoar esta paisagem é uma das únicas formas de compreender a magnitude da expressiva natureza do Hawaii.
Sobrevoando a belíssima Na'Pali Coast e a trilha para a Kalalao Beach, em Kauai, no Havaí
Esta é a imagem que eu sempre fiz dos jardins suspensos da Babilônia, milhares de cachoeiras despencando em cânions nunca antes explorados, praias desertas e uma diversidade de cores, florestas, plantas e tonalidades de verdes jamais imaginados.
São dezenas de cachoeiras que avistamos durante o sobrevoo de Kauai, no Havaí
O primeiro voo de helicóptero da minha vida realizou um sonho antigo e ainda conhecendo nada mais nada menos do que a Na Pali Coast! O sobrevoo começa no heliporto próximo da capital Kihei, com a trilha sonora de filmes como Indiana Jones e ET, ficamos envolvidos na aventura e logo alcançamos as montanhas, que surgem do zero direto para os 1.500 metros sobre o nível do mar. As cachoeiras são as primeiras a dar o ar da graça, uma, duas, três em cada esquina desta imensa cordilheira, correm incansáveis pelos cânions coloridos e dentre a maior diversidade de palmeiras e xaxins do mundo, alguns só encontrados aqui nas florestas do Kauai.
São dezenas de cachoeiras que avistamos durante o sobrevoo de Kauai, no Havaí
Cruzamos um primeiro cânion e logo nosso piloto avisa: “estamos chegando em um dos cânions mais bonitos do mundo, conhecido como o Grand Canyon do Pacífico, na minha opinião ele é mais bonito!”. O Waimea Canyon impressiona com suas cores terracota, amarelos, alaranjados e vermelhos vistos do helicóptero, que logo mergulha nas profundezas do cânion, que chega a 914m de profundidade.
O impressionante canyon de Waimea, em Kauai, no Havaí
Ganhamos altura novamente e finalmente cruzamos para o litoral. Piscamos os olhos e não conseguimos acreditar no que vemos: o Kalalau Cânion, a Kalalau Beach e o impressionante encontro destas estúpidas montanhas com o Oceano Pacífico. As cenas da chegada à ilha dos dinossauros, do filme Jurassic Park foram filmadas aqui!
O encontro das montanhas e o mar azul de Kauai, no Havaí
Este é o maior espetáculo desta hora de vôo sobre o Kauai, a Na Pali Coast, uma costa toda recortada, inexplorada, intocada, jovem e pulsante.
Voando sobre a magnífica Lalalao Beach, em Kauai, no Havaí
Quase sem respirar, com o tilintar das cortinas fotográficas quase incessantes e os sorrisos estirados de orelha a orelha, eu, Rodrigo, Laura e Rafael tínhamos certeza que este tinha sido o melhor investimento que fizemos nesta viagem.
A bordo do helicóptero, durante sobrevoo da ilha de Kauai, no Havaí
A ilha da fantasia ainda havia nos reservado outra surpresa, o encontro com amigos queridos vindos do Brasil e dos Estados Unidos: Sidney, Ane, Rafael e o Marcos, que também fez o sobrevoo em outro helicóptero. Nos encontramos de volta à terra firme, ele também com o sorriso estampado no rosto, pois acabávamos de sobrevoar uma das paisagens mais lindas do nosso planeta.
O grupo do nosso helicóptero, já na segurança da terra firme, em Lihue, em Kauai, no Havaí
Durante a tarde fomos conferir parte desta paisagem lá de baixo, onde nós humanos temos que nos contentar com mirantes e os lentos passos de quem ainda não está pronto para ter as próprias asas. Percorremos o Waimea Canyon até o mirante da Kalalau Beach, batemos papo com artistas e artesãos que escolheram este lugar como lar, assim como os nenes, gansos nativos, ave símbolo aqui do Hawaii.
Mirante do magnífico canyon de Waimea, em Kauai, no Havaí
Dirigindo na costa sul de Kauai, no Havaí
O pôr-do-sol foi no blow-hole no caminho para Poipu. Americanos são doidos por estes “chafarizes naturais” de água, em toda costa americana eles os sinalizam, mas eu nunca tinha visto um tão perfeito! Os corais formam cavidades e conforme as ondas do mar se encontram com esse espaço, colunas de águas altíssimas são esguichadas pelo blow-hole.
Um enorme blow hole na costa sul de Kauai, no Havaí
Um dia intenso, repleto de fortes emoções e paisagens maravilhosas marcou a nossa chegada ao Kauai. A nossa programação seguirá intensa para os próximos dias, liquidando com mais um dos sonhos de muito tempo, caminhar os 18km da Kalalau Trail, uma das trilhas costeiras mais lindas do mundo, segundo a National Geographic. Kalalau, here we go!
O sol de põe por detrás de um blow hole na costa sul de Kauai, no Havaí
Um verdadeiro rio de gelo na costa de Ilulissat, na Groelândia
Ilulissat, em kalaallisut (groelandês) significa “Icebergs”, isso por que está localizada na boca de um fiorde de gelo com mais de 60 km de extensão! Este Icefjörd dá vazão a mais de 35 bilhões de toneladas de icebergs por ano, produzidas pelo Sermeq Kujalleq, o maior glaciar do mundo fora do continente Antártico.
O que é um glaciar?
Uma imensa massa de gelo formada ao longo de anos por camadas de neve compactada e recristalizada. Os glaciares são o maior reservatório de água doce da Terra, só perdendo em volume para os oceanos! Os gigantes blocos de gelo estão sempre em movimento, se deslocam lentamente montanha abaixo e são os responsáveis pela produção dos famosos Icebergs!
Icebergs passeiam ao largo de Ilulissat, na Groelândia
Alguns desses icebergs são tão enormes que podem chegar a mais de 1.000m de altura e tão pesados que não conseguem navegar, ficando presos no fundo do fiorde por anos. A força do glaciar, porém, é muito maior e aos poucos vence o obstáculo e os empurra para o mar. O Sermeq Kujalleq Glacier possui mais de 110.000 km2 e produz 10% de todos os icebergs da Groelândia!
Zion Church, verdadeiro cartão postal de Ilulissat, na Groelândia. Ao fundo, icebergs passam pela costa.
Pesquisado há mais de 250 anos, o glaciar de Ilulissat é um dos principais responsáveis pelo conhecimento que temos hoje sobre glaciologia, as capotas polares e as alterações de clima. Ele é um dos glaciares mais rápidos do mundo, se movendo em média 20 metros por dia. A posição do glaciar não mudou muito de 1950 até 1990, quando ele começou a acelerar, ficar menos espesso e iniciando o processo de retração, perdendo a sua língua flutuante.
Foto a[erea da gigantesca geleira de Ilulissat e do Fiorde de Gelo, na Groelândia
Os dados de 2007 são ainda mais preocupantes: a frente do glaciar retraiu 10km, a sua velocidade dobrou, passando de 20metros/dia para 40metro/dia e está 100m mais baixo (ou fino). A retração dos glaciares é uma das maiores preocupações com o aquecimento global, pois eles podem ser os responsáveis pela elevação do nível dos oceanos.
Barco abre seu caminho pelo gelo na costa de Ilulissat, na Groelândia
Sobrevoando o Glaciar
Vista de longe, Ilulissat, na Groelândia
A melhor forma de chegar perto do glaciar é sobrevoando de helicóptero. O passeio custa em torno de 500 dólares por pessoa e só sai com o mínimo de 9 pessoas. Outro fator crítico é a condição climática, se houver previsão de vento, neve ou tempestade o passeio pode ser cancelado. Foi o que aconteceu conosco, tínhamos agendado o tour com uma super antecedência, mas o tempo fechou e o número de pessoas não, cancelando o nosso passeio. Depois, conversando com um amigo que esteve aqui e fez o sobrevoo, ele me tranquilizou dizendo que está mais para uma “turistada” que para uma aventura do Ártico: “muito dinheiro para pouca coisa”.
Um cemitério perdido no silêncio do gelo na periferia de Ilulissat, na Groelândia
Detalhe: agendamos tudo com a agência World of Greenland, que é super organizada, porém sem muito tino para os negócios. Assim que cancelaram não se preocuparam em tentar vender nenhum outro tour para substituir o valor que seria devolvido. As opções seriam um passeio de barco ou substituir o dog sledge programado por outro mais longo. Era domingo e a pessoa que estava trabalhando lá devia estar mais preocupada com o seu dia de folga. A dica é ficar atento e não desistir, porque se depender deles você não sairá do hotel!
Huskies, totalmente adaptados ao frio de Ilulissat, na Groelândia
Eu não descansei enquanto não encontramos uma opção de passeio. Enfim, agendamos o passeio de barco entre os icebergs para amanhã cedo e o dog sledging para a tarde. Ainda assim não desistiríamos tão fácil de dar pelo menos uma espiadela no maior glaciar do mundo, ou pelo menos uma parte dele.
Trekking Gelado!
Placas informativas sobre trilhas ao redor de Ilulissat, na Groelândia
O início da trilha para o mirante do Icejörd de Ilulissat está a menos de 30 minutos do centro da cidade. São 3 diferentes trilhas que podem ser acessadas no verão ou quando a neve permite. Nós chegamos ao começo da primavera, quando os dias estão começando a se alongar e a neve ainda não deixou de cair, cobrindo praticamente todo o caminho.
Caminhando nos arredores gelados de Ilulissat, na Groelândia
Chegamos ao início das trilhas, estudamos os mapas e mesmo com vento e neve decidimos seguir. A caminhada pode se alongar dependendo da sua disposição e preparação para o frio. Caminhamos entre vales de gelo e picos rochosos encontrando traços de trilha e áreas de piquenique soterradas pela neve.
Maravilhada com a vastidão branca ao redor de Ilulissat, na Groelândia
Chegando ao ponto mais alto a vista foi se abrindo e a paisagem é sensacional! Observamos congelados por alguns minutos aquele mundo branco apenas imaginando, que vida será que há ali? Quantas baleias, focas, leões marinhos, cardumes de peixe ou bois almiscarados estariam passando por aquelas bandas? Tudo isso ficará na nossa imaginação, uma terra totalmente selvagem para a qual nós não fomos criados, um mundo congelado.
Icebergs passeiam ao largo de Ilulissat, na Groelândia
Alguns quilômetros à frente a vista fica ainda mais ampla, porém sem conhecer a trilha original e com a neve que estava caindo, o loop de 8 km não era indicado. Retornamos um pouco contrariados, queríamos continuar, mas os dedos e os pés já estavam sem sensibilidade. Um passeio rápido pela praia congelada e a igreja e logo entramos no Icy Café. Ao lado do aquecedor, tomamos uma Tuborg com vista para as montanhas.
Bar movimentado em Ilulissat, na Groelândia
Mais tarde saímos para conferir os embalos de sábado a noite em Nuuk. O bar fecha as cortinas perto das 23h para dar o clima de noite, já que o sol já nem pensa em se pôr. Os jovens passeiam pela rua principal entre os dois bares mais movimentados da cidade. Meu vizinho de mesa gritava para mim animado “Yeah! Greenlandic Blues!”, enquanto a banda arrasava nas notas de clássicos como Susie Kill, Mustang Sally e suas letras próprias, incompreensíveis para reles mortais, mas com ótima sonoridade! Retornamos caminhando do centro para o hotel com o dia amanhecendo, era apenas uma da manhã.
Caminhando de volta para o hotel, na madrugada de Ilulissat, na Groelândia
Detalhe do belo portal chines no coração da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
A despeito do que muitos podem imaginar, aqui na costa oeste do Canadá a neve é um evento raro, uma semana ao ano e olhe lá. Porém é a chuva da costa do Pacífico Norte que pode te desanimar a viajar, sair, conhecer, fazer trilhas e explorar melhor a região. Assim duas coisas você pode ter em mente: se você é do tipo aventureiro e gosta de parques nacionais, a chuva tem que fazer parte da sua vida. Já se você é mais urbano, a chuva pode ser desanimadora, mas não pode e nem irá te impedir de conhecer uma das principais cidades da costa oeste canadense.
Um dos muitos simpáticos restaurantes na Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
A capital da Columbia Britânica, Victoria, possui apenas 70 mil habitantes dentro de suas fronteiras, mas mais de 340 mil se adicionamos a região metropolitana. Essa demografia e o fato de ser a capital da província a faz uma cidade especial, pois além do acesso a todos os serviços de uma grande cidade, grandes universidades e museus, você ainda tem aquela sensação de estar andando nas ruas de uma pequena cidade inglesa.
Uma das pequenas travessas no centro de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Nomeada em homenagem à Rainha Victoria, teve sua colonização iniciada em 1841, sendo uma das mais antigas cidades da costa oeste do Pacífico Norte. Sua fixação pelo Reino da Inglaterra a fez um lugar ainda mais idealizado e icônico do que a própria realeza poderia imaginar. Ruas, lamparinas, postes, jardins e edifícios vitorianos imprimiram na capital do oeste canadense, ideais que nem imigrantes ingleses mais tradicionais reconheceriam.
Palácio do Governo Provincial, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
The Empress, o hotel mais famoso de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
As marcas na arquitetura são facilmente encontradas, o British Columbia Parliament Building, construído em 1897 e o Empress Hotel, finalizado em 1908 pela Canadian Pacific Railway, são os principais exemplos. Mas o instinto britânico não estava apenas na estética, ele também apareceu na disputa e corporativismo da maioria caucasiana que lutou pelo banimento da imigração asiática à província. O assunto transcendeu a razão, grandes mobilizações e ataques organizados aos trabalhadores chineses aconteceram, até que a imigração chinesa foi proibida em 1923, voltando a ser permitida apenas após a segunda guerra mundial.
Foto de antiga família da Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Em uma das mais britânicas das cidades canadenses encontramos então a segunda mais antiga Chinatown na América do Norte, só atrás da de San Francisco. A colônia chinesa começou em 1858, quando chineses fizeram seu caminho para o norte da Califórnia em busca do ouro recém-encontrado no Fraser Canyon, na British Columbia.
A quarta maior pepita de ouro achada na British Columbia, exposta no Royal BC Museum, em Victoria, capital da província, no oeste do Canadá
Caminhada pela mais antiga Chinatown do país, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Hoje a Chinatown é uma das atrações turísticas da capital, com sua arquitetura, escolas tradicionais chinesas e murais, além de incontáveis restaurantes, lojas, bares e farmácias especializadas na medicina oriental.
escola pública chinesa na Chinatown de Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Numa longa caminhada pela cidade conhecemos a vizinhança chinesa, visitamos a Market Square e a Bastion Square, onde estão a maioria dos bares e restaurantes bacanas da cidade. Logo chegamos ao Beacon Hill Park, uma área verde de 75 hectares com cenas bucólicas ente lagos e patos, um pequeno zoológico, pavões que caminhavam livremente sobre as folhas de outono e até alguns exemplares de sequoias gigantes.
Descanso sobre um tapete de folhas vermelhas no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Pavão posa para fotos sobre um galho de sequoia no Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Do alto do parque as vistas do Estreito de San Juan de Fuca, que faz a fronteira com os Estados Unidos. Em um raro dia claro pode-se avistar o Monte Olympus no Olympic National Park, que também está no nosso roteiro. Retornamos pela trilha a beira mar, um dos locais preferidos dos locais para suas corridas de final de tarde e um passeio com seus pets. Voltando ao centro pela Government Street passamos em frente a casa onde viveu a pintora Emily Carr, a mais famosa artista plástica canadense. Seus quadros podem ser vistos por galerias e museus por todo o país e a casa guarda mais as memórias da artista, porém infelizmente estava fechada para visitação.
O belo Beacon Hill Park, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Casa onde viveu a famosa pintora Emily Carr, em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
Victoria é cidade encantadora principalmente por seus contrastes, grande e pequena, de raízes britânicas e chinesas, tradicional e ao mesmo tempo jovem e dinâmica, obrigatória em qualquer roteiro pela costa oeste canadense.
Em dia de chuva, turista se contorce para tirar sua fotografia em Victoria, capital da British Columbia, no oeste do Canadá
A 5.830 metros de altitude, no topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Acordamos a 1h da manhã, a noite estava fria, a temperatura deve ter chego aos -5°C, com sensação térmica de -6 ou 7°C. Na verdade acordou quem conseguiu dormir, pois eu se dormi uma hora completa nessas 7 horas dentro da barraca, foi muito! Descansar em lugares altos já não é fácil, mas o meu caso sem dúvida foi o horário em que deitamos... sou mais ativa durante a noite, meu sono começa a aparecer perto da hora que hoje precisávamos estar em pé. Durante a noite ouvi todos os barulhos, ventos e inclusive um vizinho de barraca que não estava passando muito bem, provavelmente dos males da altitude. As meninas peruanas decidiram nem sair da barraca. Café da manhã e começamos a caminhar. Segui o conselho do José, coloquei todas as camadas que eu havia trazido, 5 ou 6, até perdi as contas. Calças foram 3, não é a toa que estou mais gordinha nas fotos! Rsrsrs!
No topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
O início do ataque ao cume foi pouco antes das 2am. Subimos em um interminável zigzag, passo a passo em fila indiana, com nossas lanternas de cabeça iluminando o pé do próximo e os olhos mirando a pegada mais batida para cansarmos menos. Antes mesmo de chegar à segunda parada, os 2 canadenses companheiros das peruanas, desistiram. Estavam ficando para trás e já não conseguiam mais. Mat e Max, os dois canadenses mais jovens, estavam impacientes, queriam subir mais rápido. Desta vez, porém, o José quis manter o grupo unido, pelo menos enquanto estava escuro. Logo passou por nós um segundo grupo com 2 alemães e os canadenses se uniram à eles com a permissão do guia, acelerando mais o passo.
Dia raiando, enfrentando o frio rumo ao topo do El Mistí, em Arequipa - Peru
As paradas foram de hora em hora, partimos dos 4.600m e seguimos aos 5.300, quando o sol começou a iluminar a paisagem. Essa é a melhor e a pior hora da caminhada. Melhor pois começamos a ter luz, enxergar a paisagem e o caminho. Pior, pois inexplicavelmente, a hora que o sol nasce é justamente a hora mais fria do dia! Nessa altitude o vento começou a aumentar e a sensação térmica deveria estar próxima dos -10°C. Respirar com esse frio já é chato, caminhando é pior, com o nariz escorrendo a cada segundo então, é um suplício.
Próximo do cume do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Foi nessa hora também que os meus dedos da mão começaram a congelar, eu nunca havia sentido algo parecido... ou melhor, eu nunca tinha “não sentido” os meus dedos da mão. Eles primeiro ficaram duros e de repente não respondiam mais direito... Sabe Deus, vai que me dá um frostbite ou coisa parecida!? Falava com o Rodrigo e o José e me diziam para movimentá-los o tempo todo, mas parecia não adiantar. Eu só não queria sair dali sem a ponta de um dedo! Respirei, me acalmei, pensei racionalmente... “Deve ser normal, deve estar tudo bem, eu logo vou acostumar.” E enquanto lidava com esses medos, com o nariz, o vento e o frio, eu ia caminhando e chegando cada vez mais perto. A esta altura Etiene, o terceiro jovem canadense, também já não estava mais conseguindo acompanhar. Júlio já havia voltado para cuidar da turma que havia ficado para trás. José o chamava “Let´s go, let´s go!!!” e Etiene só nos olhava lá de baixo, aparentemente sem forças até para responder.
Início da descida do El Mistí, em Arequipa - Peru
Estávamos cada vez mais próximos, eu já conseguia ver melhor o cume e o caminho de gelo por onde íamos passar. Sobramos eu, Rodrigo e José. O Ro disparou, com muito frio e energia de sobra, tinha mais é que se mandar para cima e se aquecer mesmo. Sabíamos que eu estava em boas mãos. José foi o meu companheiro inseparável daqui em diante.
Atravessando trecho de gelo na subida do El Mistí, em Arequipa - Peru
Subimos pacientemente, agora próximos de um novo grupo de um casal de franceses. Parávamos apenas nas paradas programadas por José e seguíamos quando ele dizia. Quando chegamos aos 5.500m finalmente consegui avistar os outros, cruzando uma língua de gelo, Rodrigo tinha conseguido alcançá-los! Vê-los lá me deu um novo ânimo, não estávamos longe. O trecho dos 5.500m aos 5.600m foi para mim o mais difícil, finalmente o ar mais rarefeito estava mostrando seus efeitos e a cada dois passos eu precisava respirar. Quase fiquei sem fôlego para assoar o nariz! Hahaha! Este trecho tinha muita cinza e não estava tão compactada, cada passo acima eram 2 para baixo. Aqui novamente tiro meu chapéu para o nosso guia, José não me pressionou, caminhou à frente me esperando pacientemente. Ele sabia que ali não havia maneira alguma de eu desistir.
Cruzamos o gelo, sem grampões, 3 trechos íngremes e em um deles a neve estava meio fofa. Enfiei o bastão e ele afundou uns 40cm no vazio, não queria imaginar onde ia chegar se tivesse sido o meu pé. Durante um minuto meu olhar acompanhou a inclinação da neve para baixo e vi Arequipa, percebi que se parasse para pensar o medo ia bater, mas o objetivo estava claro, não havia o que pensar, muito menos o que temer.
Atravessando trecho de gelo na descida do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Finalmente chego aos 5.700m, onde o Rodrigo me esperava por quase uma hora! Eu achei que ele já tinha ido ao cume e retornado para me encontrar, mas o meu marido querido preferiu me esperar para subirmos os 130m finais juntos. Essa é sem dúvida a parte mais bonita da caminhada, terminamos a subida por uma crista de onde já podemos enxergar a cruz à frente no ponto mais alto, a cratera de um lado e a vista infinita do horizonte do outro. Foi nessa hora que comecei a me sentir mais “montanhista”, já sentindo o gostinho especial de chegar ao cume de uma montanha acima de 5.000m de altura, com direito à gelo e tudo.
A 5.830 metros de altitude, no topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Cheguei ao topo com um nó na garganta, “será que choro ou vou engolir o choro?”. Pensei... “Por que me privar disso? Se é o que estou sentindo, deixa vir! Antes só quero agradecer ao José e depois posso chorar.” Rsrsrs! E assim foi, agradeci, falei para a câmera, pois o Ro estava filmando e aí sim, abracei o meu lindo e deixei a emoção transbordar.
Comemorando a chegada ao topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Aí sim, eu estava pronta para olhar em volta e finalmente ver a vista mais esperada do cume do El Místi, a 5.830m de altura! Visão 360° no sentido anti-horário: ao sul estava Arequipa, sudeste Pichu Pichu e à leste víamos a linda e imensa cratera do El Místi. Ao norte as lagunas de Aguada Blanca e mais à oeste estava o imponente vulcão nevado Chachani, com seus 6.075m.
O vulcão Chachani, com mais de 6 mil metros, visto do topo do El Mistí, em Arequipa - Peru
José logo nos colocou pilha, vamos à cratera?!? Claro!!! Descemos uma canaleta de cinzas, já aprendendo um pouco a técnica de “esqui nas cinzas vulcânicas”, que seria muito necessária para o restante da descida. A cratera linda estava fumegando, sinal de que El Místi ainda vive, só está em um profundo sono. Ali, às margens da cratera foram encontradas seis múmias, uma senhora com dois meninos e um senhor com duas meninas. Eles foram sacrificados pelos Incas, ofertados ao El Místi para que acalmasse sua fúria. O pior é que parece que funcionou! Rsrsrs!
Grupo se aproxima da gigantesca boca do El Mistí, em Arequipa - Peru
Na boca do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Começamos o nosso caminho de volta. Desceremos agora em 3 horas tudo o que subimos em 2 dias ou 13/14h de caminhada. Afinal, para baixo todo santo ajuda! Pegamos uma canaleta de cinzas e aos poucos fomos aprimorando a técnica de esqui, acelerando o passo e ignorando os quilos de areia (ou cinza) que entravam nas nossas botas. No retorno eu tinha duas preocupações: uma era não sobrecarregar o meu joelho defeituoso de fábrica, para que agüentasse chegar em Arequipa sã e salva. A segunda, ainda mais importante, e compartilhada com o José, era se o Etiene tinha conseguido encontrar o caminho de volta. Meio-dia em ponto estávamos de volta ao acampamento base para organizar as coisas e partir. E sim! Etiene estava no acampamento, triste por não ter subido, mas bem, que é o que importa.
Quase esquiando pelas rampas de descida do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Retornamos em mais 1h30 de esqui e caminhada. Estava feliz e faceira, com a sensação de dever cumprido. No hotel um banho demorado e um sono merecido para recuperar a noite não dormida. Ainda encontramos forças para sair comemorar! Fomos ao El Paladar, nosso restaurante preferido em Arequipa, tomar um belo vinho e comer tudo o que não comemos o dia inteiro! Tudo isso e mais um pouco você também pode conferir no vídeo editado para contar essa história.
foto do grupo na base do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
O famoso Teatro Amazonas, em Manaus - AM
A chegada à Manaus sempre foi um marco para nós, pois sabíamos que quando chegássemos aqui já teríamos passado por tantas coisas novas e diferentes, que seria um símbolo de etapa vencida. Então, aqui estamos!
Catedral de Manaus - AM
Saímos hoje cedo de Presidente Figueiredo, viemos tranquilos e avistando o mal tempo que ronda a capital amazonense nas últimas semanas. Nuvens pretas e chuva forte assim que adentramos o município. Fomos direto para o centro histórico nos instalar em um hotel, mas nos batemos um pouco até escolher, indo de lá para cá entre a R. Dez de Julho e a Av. Getúlio Vargas. Os hotéis do centro são mais baratos, mas não são aquelas maravilhas, acabamos preferindo o único que tinha estacionamento.
Despedida do Pimenta e da Pousada das Pedras, em Presidente Figueiredo - AM
Manaus está em um movimento de modernização, em todos os lugares vemos esforços da prefeitura para melhorar e mudar a cara da cidade. Já são os efeitos da escolha da cidade como uma das sedes da Copa do Mundo. Aliás, alguém ainda acha que a copa será no Brasil? Sem querer gorar, mas nessa velocidade das obras está difícil...
Casario antigo na praça do Teatro Amazonas, em Manaus - AM
Estive aqui 10 anos atrás, em uma surpresa no estilo “uma linda mulher” feita por um ex-namorado, viemos assistir a ópera La Boéhme, no Festival de Ópera. Manaus teve seus tempos áureos na alta do ciclo da borracha, no final do século XIX. No ano de 1896 foi construído o imponente Teatro Amazonas, que sedia hoje o Festival de Ópera de Manaus, já em sua XV edição. Eu sabia que o festival seria em maio, mas não imaginava que já iria começar esta semana! A ópera que inaugurou o festival foi “Irmã Angélica” de Giácomo Puccini, que seguirá sendo apresentada esta semana intercalada com a ópera Diálogo das Carmelitas, de Francis Poulenc, que iremos assistir no domingo.
O famoso Teatro Amazonas e sua cúpola colorida , em Manaus - AM
Toda a área do Teatro Amazonas foi restaurada, há 10 anos as ruas eram de paralelepípedos, as casas tinham um ar mais decadente. Hoje a praça está viva, super agradável e todas as ruas ao redor asfaltadas. Lembro que me senti transportada no tempo quando pisei nesta praça pela primeira vez. Hoje já notamos que estamos em 2011, com mais agito, cores e símbolos da vida moderna, a viagem no tempo só acontece mesmo dentro do teatro.
Fim de tarde no porto flutuante de Manaus - AM
Terminamos nosso tour em uma caminhada pelo centro, até o terminal hidroviário de Manaus. O rio chega a variar mais de 14m, dependendo da sazonalidade das chuvas, e o famoso porto de tecnologia inglesa acompanha cada movimento com sua estrutura flutuante. Muito organizado, o terminal conta com praça de alimentação, caixas automáticos e bons “bares de espera”, à moda manauara: às margens do Rio Negro, com balde de cerveja em promoção e ao som de um tecno-brega da melhor qualidade.
Bar ao lado do porto de Manaus - AM, no fim de tarde
Bicicleya estacionada em praia de Livingston, no litoral caribenho da Guatemala
Nós chegamos a Livingston de Rio Dulce e logo fomos cercados por garotos querendo vender Deus e o mundo, pousadas, passeios, restaurantes, artesanato, qualquer ajudinha terá um bom preço, situação bem comum nos lugares turísticos aqui na América Central. Às vezes passamos batido e escapamos deles, mas desta vez dois, bem insistentes e simpáticos nos acompanharam e garantiram que não teríamos que pagar nada pela simpatia. Um era maya e o outro garifuna, além do espanhol se viravam no inglês e foram muito prestativos.
O rio Dulce é a principal "estrada" na região de Livingston, no litoral da Guatemala
Eles nos levaram até o Nostra Casa Hostal, a casa de um nova iorquino casado com uma guatemalteca que fica na beira do rio. A pousada é simples, mas bem simpática. A casa possui 2 quartos extras que são alugados a turistas, compartilhando o mesmo banheiro da família. A cozinha e a palapa em frente ao rio a noite viram uma pizzaria, a melhor da cidade. O café da manhã não está incluído, mas os sucos, vitaminas e os sonhos recheados de frutas que eles fazem são deliciosos!
TRabalhando no quintal da nossa pousada em Livingston, no litoral da Guatemala
Todo o lugar está sob os auspícios do casal e nas nossas conversas ficamos curiosos em saber como ele havia vindo parar aqui. Perguntamos e sem titubear, com seu jeito acertivo e acelerado (bem diferente do ritmo livingstoniano), ele nos respondeu:
"Eu trabalhava em um grande banco em Manhattan, na Wall Street. Andava em porches e ferraris, ternos Armanis e Guccis. Vi toda a crise se formar, acompanhei de dentro o que aconteceu e eu não conseguia concordar com o que os mercado financeiro, os bancos, os Estados Unidos estavam fazendo com o mundo. Foi horrível! Resolvi sair deste mundo, vendi meu apartamento, doei quase tudo o que tinha e saí viajar. Em 15 dias de viagem pela Guatemala cheguei aqui e decidi que era onde eu ia morar. Passei a vida procurando o mundo perfeito, a mulher perfeita e, quase aos 50 anos, eu ainda era solteiro, estava estressado e não era feliz, pois é claro, isso tudo não existe!
Hoje estou vivendo com a minha mulher guatemalteca, que não é perfeita mas temos um relacionamento divertido. A pousada e a pizzaria não me deixarão rico, mas com o pouco dinheiro que faço eu pago as minhas contas e vivo tranquilo, sem pressão. Não sei quanto tempo ficarei aqui, cheguei há três anos e até agora não pensei em voltar. Minha família toda pensa que eu sou louco por ter trocado que eu tinha lá em Nova Iorque pela vida que tenho hoje, mas o que interessa é que eu estou feliz. A vida pode ser simples."
Eu fiquei ali, parada e estupefata perante tal depoimento. Era claro que ele não pertencia aquele lugar, mas eu não imaginava a rica história e experiência de vida que estava por escutar. Nunca é tarde para alguém decidir mudar, ver o mundo, ter uma nova vida, valorizar as coisas simples e cultivar o que realmente lhe faz feliz.
Em dia de muito sol, delicioso mergulho em praia de Livingston, no litoral da Guatemala
El Tunco, litoral de El Salvador
O melhor brownie do mundo! Um presente de natal um tanto quanto estranho, mas foi assim que resolvi chamá-lo, afinal não é sempre que me permito um bolo de chocolate no meu café da manhã. A propósito, eu AMO bolo de chocolate e brownies são os mais fáceis de encontrarmos por aí, mas nenhum durante estes quase 600 dias foi tão maravilhoso quanto este!
Praia de El Tunco, litoral de El Salvador
Acordamos com o calor, havia acabado a luz do povoado. Sem ar e sem ventilador, nos restou levantar todos suados e dar um tchibum na piscina. O Rodrigo voltou direto para a cama, meio ressacado da noite de ontem. Eu tomei um solzinho na piscina, fui até a praia, tirei umas fotos e voltei ao quarto, junto com a luz e o ar condicionado. Aproveitei o tempo para colocar as coisas em dia e fazer companhia ao maridão capotado.
Nosso hotel La Guitarra, em El Tunco, litoral de El Salvador
A praia aqui não é muito user friendly, o mar é muito forte e as milhares de pedras roladas na beira vão e voltam com a maré, dificultando caminhadas pela praia e até mesmo um mergulho no mar. A areia negra é uma beleza diferente, mas fica muito quente com o sol e além das pedras, muitos galhos e troncos deixam a estreita faixa de areia menos convidativa para deitar e curtir a praia. Assim, a maioria das pessoas se instala em um dos bares de frente para o mar, arriscando algumas entradas bem no rasinho, de preferência pela manhã, quando a maré está baixa.
Domingão, praia cheia em El Tunco, litoral de El Salvador
As rochas imensas formam uma paisagem lindíssima, o rio ao lado tem um cheiro de mangue não muito agradável e a piscina da pousada acaba mais uma vez parecendo a opção mais aconchegante para nos refrescarmos nesse dia de natal. Fizemos um brunch super saudável de no café ao lado, granola, iogurte, pão integral e frutas. Hummm!
Almoço saldável de Natal, em El Tunco, litoral de El Salvador
Eu estava sempre imaginando que naquele mesmo momento todos os meus tios e primos estavam reunidos na casa da Tia Made. Todos os natais, no dia 25, reunimos as três gerações da família que não pára de crescer. São 11 primos na família Costa, 9 na Sech, 3 na Petchel, mais nós 3 da B. Silveira, quase todos casados e com pelo menos 2 filhos, façam as contas! É uma delícia, aquela primaiada toda reunida, em uma das únicas datas que quase todos comparecem. Aí vai uma foto da reunião deste ano, e olhe que estava faltando bastante gente!
Reunião natalina da pequena família da Ana, em Curitiba, no Paraná
Enquanto meu pai, minha irmã mais nova Dani, marido e filha nos representavam lá, minha irmã do meio, Juliane e minha mãe estavam em St. Albans, perto de Londres, comemorando com a família do seu namorado. Infelizmente não conseguimos falar com ninguém pelo skype, cada um seguia nas suas festas, funções e fusos-horários, mas sem dúvida estavam todos conectados em espírito.
À noite jantamos uma pizza gostosa, batemos um papo com o Stephen, sueco divertidíssimo que conhecemos ontem na ceia de natal e fomos para o show de Latin Jazz maravilhoso no bar do La Guitarra. Jazz de altíssima qualidade, de frente para a praia, à luz das estrelas e com uma bela taça de vinho na mão. Hohoho, Feliz Natal!
Ovelhas aproveitam o dia de sol em São José dos Ausentes - RS
Chega finalmente a massa de ar polar tão esperada! O dia amanheceu tão frio, tão frio, que eu não conseguia sair da cama! Tomei o café da manhã e voltei para debaixo das cobertas, aproveitando para trabalhar bastante até a hora do almoço. Aí, sol a pino, céu azul, tive que tomar coragem. O nosso almoço de despedida foi mais um maravilhoso churrasco à moda gaúcha e comida tropeira da melhor qualidade.
Pinhão, nosso aperitivo todos os dias no hotel em São José dos Ausentes - RS
O Seu Domingos e seus filhos Anápio, Francisco e Henrique cuidaram de nós muito bem, estamos saindo daqui bem rechonchudinhos, sinal de saúde nos tempos antigos. A intensa convivência com as tradições desta terra fria, pinhão, chimarrão, boa comida e música gaúcha foi deliciosa, só faltou um passeio a cavalo.
Com o Seu Domingos, gaúcho da gema, em São José dos Ausentes - RS
Hoje pegamos estrada em direção a Cambará do Sul. Fomos pelo caminho mais curto, estrada de terra que cruza as serras, quase sem placa alguma, tivemos que confiar no GPS. Paisagens de campos, fazendas e araucárias com aquele céu de brigadeiro! Mas amigos no norte e nordeste, não se enganem, esse céu azul é sinônimo de frio e geada! A frente fria que entrou promete temperaturas abaixo de zero para esta noite.
Dia de sol e muito frio na região de São José dos Ausentes - RS
A água do mar é um convite, em Middle Caicos
Middle Caicos é hoje o que Providenciales foi há 20 anos atrás. Uma ilha tranqüila, dividida em pequenos vilarejos com apenas 300 habitantes que vivem da pesca, agricultura de subsistência e artesanato. Chegamos à Middle Caicos e fomos direto ao Mudjin Harbour, sem saber muito o que esperar. Sabíamos que havia ali um resort (pra variar) e uma trilha que passava por algumas praias. Bem, só posso dizer que este resort soube escolher muito bem o local para se fixar. Dragon Cay, em Mudjin Harbour é sem dúvida a praia mais bonita que já estivemos em Turks and Caicos. A formação calcária da ilha construiu aqui vários penhascos, cavernas e reentrâncias esculpidas pelas ondas, o nosso bairrismo nos faz pensar que é uma paisagem que caberia perfeitamente em Fernando de Noronha. A paisagem é de tirar o fôlego, o mar tem o degrade de todos os tons, do mais azul mais profundo ao verde mais transparente.
Vista de Dragon Cay, em Middle Caicos
Já havíamos nos programado para fazer a Crossing Place Trail, uma trilha que costeia estes rochedos, passando por sete praias, uma mais linda que a outra. Iniciamos a trilha já com o sol forte e com muito vento, mas mesmo assim os pernilongos não perdoaram, eram centenas nos perseguindo, ainda bem que eu não ouvi o Rodrigo e comprei o OFF, foi a nossa salvação. A trilha não era fácil, andamos boa parte dela em uma barreira de corais seca e quebradiça só imaginando que este lugar deve ficar sem receber uma alma sequer durante meses!
Lixo na praia, durante caminhada em Middle Caicos
É, mesmo assim os navios de cruzeiro ou mesmo os de carga se fazem presentes aqui tão longe, com os quilos e mais quilos de lixo que encontramos pelo caminho. Não é possível, deve haver alguma solução para isso! Eles simplesmente fecham galões plásticos com todo o seu lixo dentro e atiram ao mar. Revoltante! O mínimo que poderiam fazer seria trazê-lo de volta ao continente para providenciar a reciclagem. Se eles podem carregar contêineres de produtos ou sete mil pessoas, por que não poderiam ter um compartimento para destinar o lixo reciclável?
Andamos mais um pouco e logo depois da quinta praia encontramos mais um lago repleto de flamingos, logo ali, tranquilos, tomando o seu café da manhã. Voltamos por outra trilha um pouco mais fácil, mas ainda mais lotada de mosquitos! Dá-lhe off e pernas pra que ti quero!
Flamingos, em Middle Caicos
Logo em seguida, passamos pela Indian Cave, uma caverna que teria resquícios dos primeiros habitantes da ilha. O meu bravo e amado marido foi lá ver a caverna, eu não tive coragem de sair do carro. Foi a cena mais hilária! Ele saiu do carro e foi imediatamente devorado por dezenas de mosquitos! Em um tapa matou cinco! Correu até a janela do carro, pegou o Off comigo e foi todo xexão1 correndo para a caverna, tentando se esquivar dos pernilongos.
A próxima parada, Bambarra Beach, uma praia tranqüila onde acontece o anualmente o Valentines Day Cup Model Sailboat Race, fiquei intrigada com este campeonato aqui, tão longe, mas logo depois obtive a explicação. Fizemos uma parada estratégica na Bambarra Village antes de retornarmos à Provo. Mal sabíamos o que nos esperava, sem dúvida um capitulo a parte.
1 – Xexão - um grande xexas.
2 – Xexas - palavra nascida na família Briza Junqueira que significa fofinho, cheio de graça. Não é fácil explicar, eu levei quase 4 anos para aprender o seu real significado, mas é por aí.
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