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Bete (21/10)
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Dorival da Silva Vieira (21/10)
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Maria de Lourdes lopes morais (20/10)
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Leidiane (19/10)
Meus lamentos pelo episodio desagradavel!! Ja fui furtada e sei como é r...
mabel (17/10)
Torre de igreja em Monterrey, no norte do México
Capital do estado mexicano de Nuevo León, Monterrey é a terceira maior cidade mexicana, segunda mais industrializada, gerando 7,4% do PIB nacional, e possui a maior renda per capta do país. Monterrey produz 25% do aço bruto, 75% das embalagens de vidro, 60% do cimento e 50% da cerveja de todo o país. Uma cidade grande nem sempre é muito atrativa no nosso esquema de viagem, estávamos na dúvida se deveríamos incluí-la no nosso roteiro ou não, tanto pelo cronograma que estava justo, quanto por toda a má fama em relação à violência que esta cidade carrega. Mas Monterrey estava no nosso caminho e teríamos que passar por ela de qualquer maneira.
Revoada de pássaros sobre rua histórica de Monterrey, no norte do México
“Você vai a Monterrey? Cuidado! A violência lá está terrível, os cartéis de drogas dominam a cidade.”, era o que escutávamos de todos os lados. Em paralelo, líamos em nosso guia de viagens (o bom e velho Lonely Planet) sobre a cidade e região, afinal algo de interessante deve haver na terceira maior cidade do país.
o velho e o novo, em Monterrey, no norte do México
Monterrey é uma cidade grande e moderna, uma das mais americanizadas do México. A nós, turistas, acaba sendo mais interessante visitar o Barrio Antiguo e o centro, concentrado principalmente nos arredores da Gran Plaza ou Macroplaza. Uma série de praças interligadas que vão deste o Palácio Municipal, passando pela Plaza Zaragoza, o Museu de Arte Contemporânea e a Catedral que foi construída entre 1725 e 1890.
A Catedral de Monterrey, no norte do México
A Macroplaza foi arquitetada nos anos 80 e continua passando ainda pela Fuente de la Vida, o Museu Metropolitano de Monterrey, o Teatro da Cidade e vários prédios públicos pomposos, como o Congresso e o Palácio da Justiça. A Zona Rosa está a apenas 2 quadras dali e é a área central onde o comércio, lojinhas e uma rua peatonal fazem o burburinho nos dias de semana.
Estátuas parecem saudar a água de fonte, em passeio de Monterrey, no norte do México
A culinária nortenha é conhecida por seus sabores “raros”, principalmente o famoso cabrito al pastor (cabrito assado), que é o prato mais tradicional. É claro que nós fomos provar e em um dos restaurantes mais kitschs e tradicionais da cidade, El Rey del Cabrito!
O Rei do Cabrito, local do nosso primeiro jantar mexicano desde março do ano passado!(em Monterrey, no norte do México)
Delicioso jantar de carne de cabrito, em Monterrey, no norte do México
A originalidade e autenticidade da decoração do lugar são um ponto a ser destacado: uma floresta entre pedras e animais empalhados, bodes, onças e leões, nas paredes fotos e mais fotos do dono do restaurante ao lado de todas as celebridades que passaram por ali, de Thalía ao Seu Madruga, sensacional! O cabrito é uma delícia, ficamos com as partes mais “caretas”, perna e costela (deliciosas!), mas provar o cérebro já era demais.
Muito bem recebidos na cozinha do "Rei do Cabrito", em Monterrey, no norte do México
Pesquisando descobrimos que não apenas a cidade tem seus atrativos, como ainda mais interessantes são os arredores de Monterrey, que está situada aos pés da Sierra Madre Oriental. Esta é uma das maiores cadeias montanhosas do México, que se conecta à Sierra Madre Ocidental no centro do país e à Sierra Madre del Sur, no Pacífico, ao sul da Cidade do México. Do centro da cidade podemos ver algumas das montanhas, o Cerro de la Silla, ao leste, Cerro de la Loma Larga, ao sul e o Cerro del Obispado ao norte, alguns deles localizados no Parque Nacional Cumbres de Monterrey.
Monterrey, no norte do México, é famosa pelas montanhas que a circundam
Monterrey também é famosa por seus magníficos cânions, que entre os meses de abril a setembro estão com os rios cheios de água e perfeitos para canyonings. O mais famoso deles é o canyoning no Matacanes que inclui hiking, rapel, duas cavernas e mais de 27 saltos de até 12m de altura. Pena que viemos fora da temporada, além de pouca água, frio. Fica anotada a dica para a volta. Além do parque nacional, ainda há o Cañon de la Huasteca, um lugar sagrado da cultura Huitchol, com rio e vias de escalada em rocha, a Cascada Cola de Caballo, a Gruta de García, com lindos espeleotemas e o paraíso dos escaladores e Potrero Chico.
Chegando à Potrero Chico, no nordeste do México
São centenas de rotas de escalada nas paredes e encostas de Potrero Chico, no nordeste do México
Há tempos estávamos com vontade de escalar e recentemente passamos por Boulder, outra meca dos apaixonados por rochas. Foi lá que ficamos sabendo da existência de Potrero Chico, com suas imensas paredes de granito e mais de 600 vias de escalada. Uma estrada que corta o cânion seco dá acesso ao início de cada via. São rotas de vários níveis, inclusive para os iniciantes como nós, que há quase 2 anos não subíamos uma parede.
Escalador enfrenta os paredões de Potrero Chico, no nordeste do México
Dirigindo pelas trilhas de pedra de Potrero Chico, no nordeste do México
A apenas 45 minutos da capital está a pequena cidade de Hidalgo, a principal base para os montanhistas. Pertinho do cânion de Potrero Chico estão algumas pousadas e campings para alojar os escaladores, que vêm de todos os cantos do mundo e principalmente dos Estados Unidos e Canadá. Alguns ficam aqui por 2, 3 meses, sem precisar repetir uma via. Um programa barato e sem grandes luxos, afinal interessa mesmo apenas um e o maior deles, um cânion de granito com mais de 600m de altura.
Caminhando pelo parque de Potrero Chico, no nordeste do México
Para quem quer se aventurar por um dos paraísos de escalada em rocha do mundo, a dica é voar para Monterrey e reservar um lugar na Posada El Potrero Chico (eles oferecem camping, dormitório e quartos privados). O pessoal lá irá te passar o contato de um motorista que além do transporte de Monterrey a Hidalgo, já inclui no preço as dicas e um livro com centenas de rotas locais. Ele próprio abriu várias delas e escreveu o livro, uma mão na roda!
Chegando ao alto da segunda escalada do dia em Potrero Chico, no nordeste do México
Para os iniciantes e desavisados (como nós!) a dica é procurar o Edgar, jovem que vive na região, tem uma pequena tienda, pode alugar equipamentos e guiar nas vias mais fáceis. Foi o que nós fizemos, marcamos com ele no dia seguinte e fomos a algumas vias tranquilas para matarmos as saudades das rochas.
O Edgard instrui a Mili sobre como chegar ao alto da nossa segunda escalada em Potrero Chico, no nordeste do México
A Ana chega ao topo da primeira escalada em Potrero Chico, no nordeste do México
Subindo nossa primeira parede em Potrero Chico, no nordeste do México
Fiquei feliz com o meu desempenho, subi tranquilamente as rotas que ele sugeriu. A tristeza é mesmo ter que ir embora... se pudesse ficaria uns 15 dias aqui treinando todos os dias! Foi mais ou menos o que aconteceu com Mili, alemã filha de escaladores que veio para cá há 2 meses e não conseguiu mais ir embora. Afinal, pressa para que?
A Mili abre a segunda via do dia em Potrero Chico, no nordeste do México
Com nosso guia Edgard e sua namorada alemã, a Mili, em Potrero Chico, no nordeste do México
No dia seguinte todos os músculos das costas, braços e dedos lembraram como estamos fora de forma para este esporte, saudades das paredes da Via Aventura! Rsrs! Bueno, seguimos viagem e ainda encontraremos escaladas pelo nosso caminho, lá na Sierra Madre Sur, em busca das montanhas nevadas mexicanas e ainda mais aventura!
Nosso cão mascote descansa sobre a corda de segurança em Potrero Chico, no nordeste do México
Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Trinidad é uma grande ilha banhada pelo oceano Atlântico de um lado e pelo Mar do Caribe do outro. Depois de conhecermos a sua capital, cidade grande em pleno desenvolvimento, seus pássaros e lago de piche, chegou a hora de explorarmos suas praias. Fomos direto para uma das praias mais procuradas pelos trinidadians, Maracas Bay.
Coqueiros em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Maracas Bay fica há apenas 45 minutos de Maraval, dependendo do trânsito que enfrentar e o tipo de condução que usar. Nós estávamos decididos a pegar um Maxi Táxi, pois queríamos mesmo ver se esse negócio funcionava, além de ser mais barato. Pegamos um route táxi até o centro de Maraval e de lá tivemos sorte de logo aparecer um Maxi que nos levou até Maraval. Digo sorte pois em um domingo nunca se sabe ao certo quanto tempo eles podem demorar, ou quantos carros estão mesmo trabalhando. A estrada de Maraval para Maracas Bay é tortuosa, vai circundando, subindo e descendo montanhas, nas encostas da ilha com paisagens magníficas. Pena que não podíamos pedir para ele parar para tirarmos fotos. A van parece mesmo as lotações brasileiras ou aqueles minibuses da Bolívia (para quem já foi lá), mas com uma música bem mais interessante.
Litoral recortado na região de Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Uma hora depois chegamos à Maracas. Água verde transparente, praia lotada para padrões tribagonians, mas nada comparável às praias cariocas em um domingo normal. As famílias se espalham pela praia, trazem seus piqueniques, alguns poucos europeus se esticam em cadeiras e toalhas enquanto os homens e crianças jogam uma versão de críquete simplificada parecida com o bets.
Mistura de cricket e bets, na praia em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Tyricos Bay é a praia vizinha, menor e tranquila, é a preferida das famílias indianas. Eles colocam seus carros na areia da praia, montam seus piqueniques e fazem aquela disputa básica de som. Foi até uma boa forma de tentar comparar o calypso e a soca, rsrsrs!
Quase um ano depois, de volta ao mar do Caribe, em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Mar verdinho, transparente e convidativo. Depois de um banho e alguns jacarés, voltamos para Maracas Bay e provamos algumas iguarias da culinária local, o famoso bake and shark. É um sandubão de filé de tubarão empanado com saladas e molhos a sua escolha, sendo que o pão é uma massa frita meio diferente, mas tudo muito gostoso! O Ro comeu um sanduíche recheado de saladas, em um pão frito feito de massa de batata, muito gostoso também.
Atacando um "Bake and Shark", em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Final da tarde rolou um happy hour no boteco mais agitado da praia, melhor lugar para observar pessoas, jovens e costumes locais. Um grupo mais animado estava dançando sem pudor algum, se mudasse a música de fundo para funk, pensaríamos que estávamos em um baile no Rio de Janeiro. Logo dois caras vieram dividir a mesa conosco, enquanto lanchavam seu bake and shark, um deles sírio que mora aqui em Trinidad e o outro nascido em Trinidad e Tobago, mas crescido e criado nos EUA. Era a segunda vez que Paul vinha para sua terra natal para visitar sua irmã e cunhado. No final eles acabaram nos oferecendo uma carona, pois iam para Maraval também, paramos no mirante e trocamos contatos, quem sabe nos veremos quando passarem pelo Brasil.
Fazendo amizades em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Um domingo relax e bem à moda da casa, aproveitando para entrar um pouco mais no dia-a-dia do povo de Trinidad, conhecer sua cultura, seu lazer e estilo de vida. Baterias recarregadas para o dia de amanhã, que vamos conhecer as montanhas de Trinidad, o dia promete!
Litoral recortado na região de Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO
Adoooro acampar, mas eita coisa difícil de convencer o Rodrigo a fazer. Para a minha surpresa, desta vez quem surgiu com a proposta foi ele! Uma praia deserta às margens do Rio Novo no Jalapão, cenário perfeito para um acampamento. Lá fomos nós, já no final da tarde de ontem, torcendo para conseguir chegar ainda com um pouco de luz.
Noite de acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Além de ser um lugar mágico a Prainha do Rio Novo também está em uma localização estratégica, ao lado da Cachoeira da Velha. Este trecho entre Mateiros e Ponte Alta que começamos ontem tem muitas atrações e tínhamos duas opções, ou rodamos 40 km até as Dunas e voltamos dormir em Mateiros, ou seguimos mais 65 km adiante e dormimos na Prainha, já curtimos os arredores, conhecemos a Cachoeira da Velha cedo e continuamos viagem para Palmas. Esta foi mais uma das super dicas do Luis, leitor e aventureiro que esteve no Jalapão alguns meses antes de nós.
Flores no cerrado, no Jalapão - TO
Estava anoitecendo quando montamos o acampamento e não tivemos um segundo para explorar o rio e ver qual era a sua natureza: pedras, pura areia, galhos? Teremos que descobrir. O Luis comentou que ficou tomando banho até tarde da noite por lá, quer dizer, perigoso não devia ser. Nós estávamos completamente sozinhos e numa escuridão total. Acampamento montado, inclusive com uma varandinha gostosa, fui logo preparar o nosso jantar.
Cozinhando na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Não tínhamos muita opção nos mercados de Mateiros, nos restou um macarrão ao molho tomate, sem queijo ralado. Sobremesa, uvas e chocolate, mas estava tão gostoso! Só o fato de estarmos ali, longe de tudo e todos, com uma comida quentinha, às margens do rio, céu estrelado, esperando a lua nascer, já deixava tudo muito mágico.
Acampamento em noite de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
A lua cheia só nasceu as perto das onze horas. Depois de um breve cochilo, o casal teve que se encorajar para sair da barraca e tomar banho de rio. Como eu já disse aqui no blog, to ficando velha e medrosa. Sei que na região tem alguns macacos, mas os barulhos que eu ouvia eram de bichos pisando nas folhagens. Sei também que um cerradão desses tem muita onça, vai que ela resolve ir ali para beber água? E as cobras com seus hábitos noturnos? Teria alguma sucuri à espreita no rio? Sabe lá, como dizem, é aí que a onça bebe água! É claro que nada aconteceu, tomamos um delicioso banho de rio à luz da lua! Será que alguém pode apagar a luz?
Noite clara de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Vocês sabem aquele momento mais frio da noite? Minutos antes do sol nascer, aquele frio gelado inexplicável nos fez entrar dentro dos sacos de dormir. Este é um dos momentos do dia e do mundo que só sabemos que existe se viramos uma noite a céu aberto ou se acampamos, pois nota-se a diferença claramente! Minutos antes do sol nascer, o ar gela. Quando você acorda cedo em casa, mesmo madrugando, não sabe exatamente qual era a temperatura antes. Enfim, amanhecemos e começamos o dia com aquele solzinho gostoso entrando na barraca.
De manhã bem cedo, em acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Fomos acordar e tirar a preguiça no rio, sem nem pestanejar! Rio Novo maravilhoso, que ainda guardava duas outras praias lindas rio abaixo. Após nadarmos e explorarmos bem cada praia, levantamos acampamento e seguimos viagem para a nossa vizinha, a Cachoeira da Velha.
Nadando na prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Saímos na hora certa, quando vinha chegando um pessoal de excursão para lotar a nossa prainha particular. Menos de um quilômetro depois está a entrada para a Cachoeira da Velha.
No mirante da Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO
Uma grande queda d´água, belíssima, com o Espírito Santo ao fundo. Foi construída uma passarela suspensa sobre o capim dourado e as sempre vivas, estrutura que certamente facilitou o acesso. O mirante para a ainda tem uma escada que nos leva a outros pontos de vista, mais próximos ao rio. A cachoeira é tão forte que não se pode banhar, para quem quer caminhar, dali mesmo parte uma trilha para a Prainha, beirando o leito do rio.
Árvore cresce no meio da Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO
E essa foi a nossa despedida do Jalapão, com direito a camping selvagem às margens do rio, praias e até uma cachoeira velha no Rio Novo. Momentos especiais para a coleção do nossos 1000dias.
Rio Novo, um pouco acima da Cachoeira da Velha, no Jalapão - TO
Luiza, vestida de holandesinha, em Curitiba - PR
Quem acompanha o site há mais tempo, deve lembrar da agonia que tive quando Luiza nasceu. Primeira neta da Família Biselli Silveira, minha primeira sobrinha direta e ainda por cima da irmã mais nova! Logo que ela nasceu corremos à Curitiba, reunimos a família para ver a mais nova integrante. Nós viemos da Ilha Bela, a Juliane, irmã do meio, veio de Londres (ou NY?) e todas nos reunimos no Clube da Luluzinha para vivenciar este momento único e tão especial para a nossa família.
Paparicando a Luiza em Curitiba - PR
Hoje, quase um ano depois, estamos de volta à Curitiba. Além de todos os desembaraços burocráticos (passaportes, vistos, etc), é claro que o principal motivo é matar as saudades da família, amigos e ver esta pequena pessoa. Nada como unir o útil ao agradável!
Cada vez mais linda, a sobrinha Luiza está quase com 1 ano (em Curitiba - PR)
Nestes últimos 10 meses acompanhamos de longe o desenvolvimento da Luiza. Notívaga no começo da sua vida (puxou a tia), deu um belo trabalho aos pais que tiveram que trocar noite pelo dia. O tempo em Curitiba não é dos mais fáceis, quem dirá para bebês. Ela pegou alguns resfriados, gripes, princípio de pneumonia e está desenvolvendo uma alergiazinha, bronco-rinite. Cercada de carinhos e cuidados médicos estamos torcendo para que não vire uma alergia crônica.
Luiza, vestida de holandesinha, em Curitiba - PR
Alguns meses depois Luiza se adaptou ao horário normal, facilitando a vida dos pais. A Dani logo voltou a trabalhar e a Luiza já teve o seu primeiro dia na escolinha! Em uma das melhores escolinhas para bebês da cidade, ela tem aula de música, coordenação-motora e já fez vários amiguinhos. Não vê a hora de começar as aulinhas de horticultura e culinária, que começam no ano que vem! Espertíssima, interage o tempo todo, já está quase andando, adooora cachorros e até já dança a coreografia do Pintinho Amarelinho! É demais!
Cada vez mais linda, a sobrinha Luiza está quase com 1 ano (em Curitiba - PR)
Quando Luiza nos viu ficou um tempão nos olhando, curiosa, devia estar pensando: “Ué, mas esta tia não mora no computador?” Mais uma oportunidade para ensinarmos a este pedacinho de gente a conexão entre o mundo real e o mundo virtual. Só falta daqui a pouco ela achar que o “Pintinho Amarelinho” e a “Galinha Pintadinha” vão sair do i phone para brincar com ela!
Luiza, com a mamãe e a tia coruja, em Curitiba - PR
Enfim, a tia coruja aqui só quer compartilhar com vocês as fotos da sobrinha mais linda do mundo.
A fantástica arquitetura de Punda, em Willemstad, a capital de Curaçao
Três países em um só dia! Um dia saímos do paraíso dos cassinos e resorts, passando pela ilha mais histórica e com bela arquitetura colonial, chegando a Bonaire, a mais tranquila e natural do ABC.
O primeiro pôr-do-sol na volta ao Caribe (em Palm Beach - Aruba)
Começamos o nosso dia cedo, saindo do nosso apartamento em Aruba em direção ao aeroporto nacional em Oranjestad. O sol nem tinha nascido e já começamos a socialização. Conhecemos uma americana que veio para o casamento de um amigo em Aruba. Ela ia para o aeroporto de ônibus e nos pediu uma carona. Nosso carro é minúsculo, mas é como coração de mãe, sempre cabe mais um! Colocamos no imenso Picanto as duas malas, duas caixas de equipamento de mergulho, sua bagagem e fomos nós 3 nos dois bancos da frente, trocando as experiências e histórias de viagem. Ela mora em Novo México e já conhece bem a América do Sul. Morou durante um tempo no Perú, namorando um artesão local e viajou com ele por vários países, fazendo tererê no cabelo de turistas gringos. Também já esteve praticamente todas as ilhas do Caribe, que conheceu trabalhando em barcos de cruzeiro. Como sempre dizemos, há várias formas de viajar e conhecer o mundo, basta ter paixão e vontade que o resto se arranja.
Restaurantes na beira do canal em Willemstad - Curaçao. Ao fundo, a famosa ponte Rainha Juliana
Depois de 2 dias e meio em Aruba, seguimos nossa viagem pelo ABC. Próximo destino: Bonaire, com uma escala de algumas horas em Curaçao. É claro que, em vez de ficarmos 4 horas mofando no aeroporto, aproveitamos para explorar um pouco da ilha. O táxi do Hatto Airport para Otrabanda custa 25 dólares, um assalto! Nos recusamos a pagar, deveria haver uma forma mais barata... Depois de alguns minutos assuntando e perguntando, descobrimos o transporte público da ilha. Vans com quase nenhuma sinalização que fazem lotações por 2 dólares por pessoa e passam em frente ao terminal de embarque. O táxi leva 30 minutos até o centro e a van deve ter demorado uns 40 minutos mais o tempo de espera.
Observando Otrabanda desde Punda, em Willemstad - Curaçao
Ainda assim vale à pena, pois na lotação temos experiência local diferente, vemos a vida como ela é, longe dos resorts e do circuito turístico. Chegamos direto no terminal de ônibus em Otrabanda e em apenas dois minutos caminhando, estávamos na Ponte Rainha Emma. Ponte flutuante e móvel para pedestres, a famosa ponte conecta a Otrabanda com a Punda, bairro histórico e mais turístico de Curaçao. A arquitetura colonial holandesa de casinhas coloridas à beira do canal nos lembra as maquetes de cidade em miniatura na Disney. Piscamos e são reais. Assim como os restaurantes e bares à beira do canal, com um delicioso croassaint e suco de laranja como café da manhã.
Cerveja holandesa, muito comum em todo o ABC (em Willemstad - Curaçao)
Tínhamos apenas 4 horas, então logo já estávamos no nosso caminho de volta ao aeroporto, rumo ao terceiro país em um mesmo dia. O vôo demora apenas 10 minutos e do alto avistamos Bonaire e Klein Bonaire. Bonaire é tão grande e verde, que Rodrigo chegou a pensar que poderia ser a costa da Venezuela! Um exagero obviamente, pois da altitude que estávamos seria impossível avistá-la.
O nome do avião é Aruba. Mas nós estamos em Curaçao, embarcando para Bonaire. Viva o ABC!
Chegamos à nossa terceira e mais esperada ilha, o paraíso dos mergulhadores! Aqui também alugamos um apartamento. A Blachi Coco possui uma ótima infra-estrutura, varanda, área para lavar e secar os equipamentos de mergulho, sala, cozinha e quarto com ar condicionado, item importante aqui por estas bandas. Chegamos já no final da tarde e já saímos ali perto para pesquisar preços de aluguel de carro e de tanques de ar para os mergulhos. Mais tarde jantar no Seasons, um dos mais próximos da pousada, com cardápio francês delicioso. Amanhã começam os nossos dias mais esperados, descanso e muuuuitos mergulhos!
Nadando em piscina natural feita pelo mar, no sul de Aruba
Pegada de onça na trilha da Teminina, no PETAR
Começamos a trilha para a Temimina e já descobrimos que éramos os primeiros a passar ali nos últimos 5 dias. A trilha estava super fechada e totalmente enlameada, um sabão só. Ontem o Edson já tinha nos mostrado boa parte do seu conhecimento sobre a flora e fauna locais, e hoje não seria diferente. Logo no começo da trilha ele já encontrou algumas pegadas de onça e disse: “Essa aqui é fresca”. Eu já fiquei pensando... fresca 10 minutos, 1 hora ou 12 horas? Nesse momento é que vamos ajustando os nossos pré-conceitos. Bem, havia chovido a noite toda, então se estávamos encontrando pegadas é por que era recentes mesmo! Perguntei se havia problema cruzarmos com uma onça, qual seria a reação dela, etc, e ele falou: “Ela só pode atacar se estiver com filhote”. Ufa, eu pensei... seria muuuuito azar essa onça estar com filhote, não vai acontecer. Mais 50m eu vejo uma pegadona e ao lado uma pegadinha, também frescas... “Edson!?!?!”, “Sim, ela está com filhote”... ai meu Deus...
Adoro aguçar os meus sentidos e percepção nas trilhas, então a cada passo eu procurava pelas patas e confirmava com o Edson! Estávamos na trilha da onça, pegadas nos dois sentidos, ela foi e voltou por ali algumas vezes e há poucas horas! De tempos em tempos o Edson também chamava atenção para o cheiro, primeiro para um grupo de catetos, um tipo de porco do mato, que devia ter passado por ali, pegadas e cheiros cruzando a trilha, prato predileto da onça. Logo depois o cheiro era de xixi de onça, marcando o território. Mais uns 300m xixi de onça de novo! É claro que seria bacana ver uma onça, mas a esta altura eu já estava preocupada, tinha certeza de que a onça estava ali, com seu filhote, marcando território e com fome, pois provavelmente estava seguindo aqueles catetos. Nós tínhamos apenas uma certeza, nós não vimos a onça, mas ela nos viu! Seguimos adiante, cuidando para não pisar em cobras e rezando para esta onça ser igual à todas as outras estudadas, com hábito noturno de caça. Chegamos a uma parte super íngreme da trilha, descemos com a ajuda de uma corda e aí pude relaxar. Finalmente saímos da trilha da onça, as pegadas sumiram, afinal onça não gosta de ficar escorregando e escalando ribanceiras.
Obs.: Aguardem, logo teremos fotos desta trilha!
Jim, o inglês que cresceu no Quenia, trabalhou na Antátrtida e vive em BVI
Ontem subindo a Sage Moutain, maior pico aqui das BVIs com aproximadamente 543m, passamos pelo Sage Mountain Restaurant. A guarda do parque nos avisou que a portaria e o restaurante fechariam às 15h, mas retornando da caminhada encontramos Jim, o dono, na porta. O Rodrigo logo o abordou perguntando se poderia nos vender uma cerveja, super solícito Jim abriu as portas, para o que só depois saberíamos, seria a nossa experiência mais mágica aqui nas Virgin Islands.
Começamos a conversar com ele sobre a ilha e como havia vindo parar aqui. Jim é britânico, criado no Quênia e aprendeu a falar swahili antes do inglês. Serviu a marinha inglesa durante 9 anos, passando pela Georgia do Sul, Falklands e até o Rio de Janeiro. Em reserva, escapou por pouco da Guerra das Malvinas! Em 1975 foi morar na estação de pesquisa britânica na Antártida, trabalhando como cozinheiro por 2 anos e meio! Surreal! Jim tem uma visão do mundo muito interessante, do alto dos seus 61 anos conhece como o mundo funciona e é um critico acirrado da postura adotada pelos norte-americanos, desde os turistas até os seus governantes. É, sem dúvida, um personagem interessantíssimo!
Saímos do seu restaurante com um jantar marcado para a noite seguinte, o menu? Carne com molho de pêssego ao vinho do porto, batatas e legumes, prato que ele desenvolveu e aprimorou na sua estadia no continente gelado. No dia seguinte lá estávamos nós, prontos para conhecer mais um pouco desta figura, afinal o jantar era apenas a desculpa da noite. Huuummm e que desculpa! Jim nos serviu um merlot chileno, salada e o prato principal, sua especialidade, estava delicioso! Um jantar super VIP, pois o restaurante abriu apenas para nós e mais uma surpresa: empolgado com a nossa história e projeto, Jim decidiu fazer um slide show com as suas fotos da Antártida! Foram quase 2 horas de fotos e histórias contando cada detalhe sobre a rotina dos cientistas e do staff na base inglesa. A sessão de slides mostrou a rotina durante um ano inteiro. As atividades no verão e as aventuras de cruzar um mar todo congelado no inverno para subir um dos picos mais altos a 5km da base.
Jim, o inglês que cresceu no Quenia, trabalhou na Antátrtida e vive em BVI
Antes essa apresentação era feita no restaurante semanalmente, mas Jim não mostrava esses slides para ninguém há mais de 4 anos! Não é maluco como encontramos as pessoas? É a segunda vez que chegando a um estabelecimento “fechado” as portas se abrem e encontramos ali alguém especial. Sara e Daniel em Middle Caicos e agora o Jim. Dizem que os opostos de atraem, já eu sempre achei o contrário e cada vez mais tenho certeza. Se você olhar de perto, o que nos atraiu não é o mais óbvio, mas sim a paixão pela liberdade. O mesmo espírito aventureiro ainda louco para encontrar alguém com quem eles possam compartilhar as suas aventuras e a mesma liberdade de outrora.
Apresentação de slides da Antátida, pelo Jim
Curtindo o céu do Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Sol, céu azul, montanhas no horizonte e um belo café da manhã no Eco Hostel, assim começou o segundo dia da nossa Maratona Serra do Cipó. Difícil levantar nessa cama tão gostosa, mas as atrações do dia nos aguardam! São as cachoeiras de Congonhas e do Tabuleiro, a maior de Minas Gerais e 3ª maior do Brasil!
Cachoeira do Tabuleiro vista por baixo, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Apenas 20 minutos de carro e mais uma hora de caminhada e chegamos à Cachoeira de Congonhas. São 107m de queda e uma água com tonalidade amarelada, pois possui muito ferro na sua composição. Ferro, o mesmo minério que está tão cobiçado pelas mineradoras que estão começando a explorar a região.
Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Será que estas cachoeiras amareladas estão fadadas ao desaparecimento? Até acho que existe uma lógica, estas águas correm por vias subterrâneas que contém ferro, mas infelizmente é uma incógnita. Não existe no mundo ainda tecnologia e estudos capazes de responder a esta pergunta.
No caminho para a Cachoeira Congonhas, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Terminamos a caminhada ao meio-dia e seguimos para o tão esperado Parque Estadual do Tabuleiro. Caminhada de reconhecimento até o mirante, onde vemos por que o Tabuleiro é conhecido como o Coração da Serra do Espinhaço. Os imensos paredões rochosos formam um coração perfeito vistos de longe.
Cachoeira do Tabuleiro, em forma de coração, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
A cachoeira de 273m está esplendorosa, dominando a altura e muitas vezes sendo dominada pelo vento, que a transforma em uma dançante cortina d´água. Nosso objetivo é percorrer a trilha, uma pirambeira desgraçada, nadar no poço e retornar subindo esta pirambeira o mais rápido possível, pois hoje temos que seguir viagem até a cidade de Serra do Cipó.
Cachoeira do Tabuleiro vista por baixo, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Começamos a descer a piramba perto das 13h, meu joelho pra variar parece pior que o da minha avozinha, sofrendo, dolorido, a cada degrau de pedra. Desço com calma, um pouco atrás do Fabrício e do Rodrigo, mas a trilha é recompensadora! A cachoeira vista do mirante é esplendorosa, mas embaixo é onde conseguimos sentir o seu poder, além de admirar a paisagem e dançar com o vento junto da sua cortina d´água. A queda que se forma sobre as pedras nos últimos 30 metros repentinamente desaparece, quando um tufão resolve levar a água para passear. Aos poucos o Tabuleiro rega as bromélias que vivem no seu paredão, dá água às plantas à sua margem e lava a alma dos transeuntes desavisados.
Bromélias crescem nos paredões da Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
A água estava gelada, segundo um turista mineiro que encontramos, devia estar uns 2 graus, imaginem! 14 graus está de bom tamanho, muito fria, mas o nosso corpo, como sempre, se adapta. Objetivo cumprido, terminamos a trilha antes das 16h, aproveitando a cachoeira por mais de uma hora.
Ana do lado de lá do poço da Cachoeira do Tabuleiro, no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Tabuleiro - MG
Retornamos à pousada, almoçamos aquela comidinha caseira da Lelé e logo nos aprontamos para sair. Todos os acertos e ainda aproveitando a internet para resolver pendências do site, ainda saímos no escuro rumo à cidade de Serra do Cipó. Segundo dia da maratona concluído com êxito! Amanhã, 20km de descidas, será que meu joelho vai aguentar?
Com a Lelé, que tomou conta da gente no Eco Hostel de Tabuleiro - MG
Mandacaru no Parque Nacional da Serra do Catimbau, em Buique - PE
A visão que a maioria de nós “sulistas” temos do sertão nordestino é no mínimo ignorante. Uma cultura riquíssima até então conhecida por mim apenas através das músicas de Luiz Gonzaga e dos filmes brasileiros. A maioria destes filmes é muito caricato, como quase todos os seus semelhantes brasileiros ou “roliudianos”. Eles até mostram parte da cultura e história da região, mas contextualizadas em diferentes épocas e histórias. Por isso mesmo, antes de formarmos uma opinião normalmente vamos nos informar. Recorremos aos jornais impressos ou televisivos e é aí que caímos na grande furada de acreditar que o sertão é um lugar seco, sem vida e miserável, de uma população sem estudo e que vive apenas da bolsa família.
A chuva faz a alegria das crianças na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
As reportagens geralmente abordam as questões mais críticas do sertão e que não são a maioria, pelo menos não agora. “Tiram uma foto do pedacinho mais seco da caatinga, arrumam um gado morto e pronto, parece que é tudo uma desgraça”, comentou o nosso guia, nascido e criado no Cariri Paraibano.
Lagarto no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Quanto mais eu ando pelo sertão, mais me apaixono e ao mesmo tempo mais me envergonho de não saber disso tudo antes. Homens e mulheres fortes, guerreiros e orgulhosos de sua terra e sua cultura. Uma terra seca, sim, mas que se adaptou a isso e possui uma riqueza imensa tanto na sua fauna, quanto na flora. Criação de bode e boi, palma para alimentar o gado, e várias outras culturas, como o milho, feijão, etc. Água em abundância no subsolo, para o inverno, açudes cheios no período de trovoadas, como chamam o período chuvoso entre dezembro e fevereiro. Se a chuva cai antes é a chuva “desgraçada”, pois veio na época errada e pode atrapalhar o ciclo já formado pela natureza. As plantas e sementes secas que alimentam o gado na época de seca irão apodrecer e adoecer os animais. Nós, com a nossa visão míope de que bom é como nós vivemos no sul, não entendemos que no fim, tudo está encaixadinho, como deve ser!
Papagaio no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
A fauna do sertão abriga espécies como o Tatuí, pequeno tatu, Teiú ou Tejú, grande lagarto (também conhecido como um pequeno jacaré), Lacraias, Camaleão, Lagartixas e cobras diversas, assim como várias espécies de pássaros, dentre elas os jacús, siriemas e emas.
Siriema na caatinga, região de Cabaceiras - PB
A caatinga é uma vegetação extremamente adaptada à falta de água, por isso a maioria de suas plantas possui folhas modificadas, os espinhos, que ajudam a reter o máximo de água no caule. Algumas árvores parecem murchas, secas, mas a folha encolhida é uma defesa natural da planta para diminuir a perda de umidade. A barriguda também guarda no seu tronco e raízes toda a água de que irá precisar. Tudo isso nós aprendemos na escola, o que me impressionou mesmo foi a imensa quantidade de plantas medicinais encontradas nesta mata “tão seca e sem vida.”
Caatinga seca na região de Cabaceiras - PB
Na Serra do Catimbau tivemos a sorte de encontrar o Márcio, nosso guia para as trilhas e profundo conhecedor das plantas da caatinga. Cada pedaço de pau, cactos ou flor tem uma serventia e Márcio sabia nos explicar qual é. Primeiro, qualquer cacto que víamos, achávamos que era o famoso “mandacaru”, mas aqui no Catimbau encontramos pelo menos 6 tipos diferentes de cactos: o próprio mandacaru, o faxeiro, quipá, palmatória, coroa de frade e caixacubri.
Pequeno cactus na área de exploração de bentonita na região de Cabaceiras - PB
Mandacaru – cacto com caules mais verdes, em gomos, se cortado tem formato de estrela e espinhos mais separados. Rico em água é uma opção para alimentar os animais.
Facheiro no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Faxeiro – quem não conhece achará parecido com o mandacaru, mas seu caule não tem os gomos, é arredondado, tom marrom-esverdeado e com maior quantidade de espinhos. O líquido do caule do faxeiro é ótimo cicatrizante e desinfecção de cortes e feridas.
Seiva de Facheiro (cicatrizante) no Raso da Catarina, região de Paulo Afonso - BA
Palma ou Palmatória – cactos mais baixo, arbustivo, possui seu caule mais arredondado e chato. Preferido para a alimentação do gado e de fácil adaptação para o plantio.
Flor da Palmatoria no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Palmatória no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Coroa de Frade – nosso conhecido da Serra da Capivara e outros sertões, o coroa de frade possui um fruto pequenininho apreciado pelos passarinhos, é rosado e seu gosto é parecido com kiwi. O miolo do coroa de frade era utilizado pelos antigos para fazer um doce para as crianças que funciona como vermífugo.
Coroa de Frade, na Serra da Capivara, próximo à São Raimundo Nonato - PI
Xique-Xique – Cacto mediano, mais alto que a palmatória, menor que um faxeiro ou mandacaru, possui espinhos grandes e bem pontiagudos. É apreciado como alimento pelos bodes e utilizado pelos beija-flores como base para seu ninho.
Pé de Caixacobri, espécie endêmica da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Caixacubri – Cacto endêmico da Serra do Catimbau, é parecido com o xique-xique, se diferenciando pelo miolo preto de onde nascem os espinhos. Bodes e beija-flores também o freqüentam para habitá-lo ou devorá-lo.
Malva no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Além dos cactos, encontramos outras plantas como a Baraúna, utilizada como anti-febril, a quixabeira, para dissolver sangue pisado e a Malva, flor utilizada para os males de garganta e mucosa bucal (já devem ter ouvido falar no malvatricin, anti-séptico bucal preferido os dentistas).
Pinhão-Brabo, na Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Fiquei impressionada com o Pinhão Brabo, arbusto parecido com um pé de café e florzinhas vermelhas, seu caule é poderoso no combate a picadas de cobra. Os antigos aprenderam isso observando o teiú, lagarto que chega a 1,5m de comprimento e voraz caçador de cobras. Nos embates com jararacas e cascavéis se ele toma uma picada, vai até o pé do pinhão-brabo, abocanha seu caule e volta para a briga.
Seiva cicatrizante do Pinhão Bravo, em passeio na caatinga na região de Cabaceiras - PB
Foi aí que perceberam que a planta o salvava do veneno da cobra. Certa vez um homem da região foi picado por uma cascavel, sabendo que não chegaria a tempo ao hospital ou unidade de saúde, desandou a comer pinhão-brabo, desesperadamente. Conseguiu ainda caminhar até o asfalto onde foi encontrado desmaiado. O levaram para o hospital e aplicaram o soro anti-ofídico. O médico explicou que a planta não serve como soro, mas retarda o efeito do veneno e se ingerida em grande quantidade também é tóxica.
Seiva cicatrizante do Pinhão Bravo, em passeio na caatinga na região de Cabaceiras - PB
Entre as plantas utilizada na culinária estão a Baunilha, planta de onde é retirado o extrato de baunilha, ela parece uma trepadeira. Incó, fruto comestível, o Uricuri, palmeira de onde se aproveitam o palmito e o coquinho para cocada e óleo.
Fruto no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Até o Amargoso, frutinha parecida com a lixia, só que alaranjada por dentro e meio amarga, porém deve ser ingerida com parcimônia, pois suas folhas e, dependendo da quantidade, até as frutas são abortivas. No desespero, sem comida no meio do sertão, pode-se recorrer à macambira, bromélia bem espinhenta que possui um miolo altamente protéico e comestível.
Macambira no P.N da Serra do Catimbau, próximo à Buique - PE
Fechamos com o caruá, como exemplo de planta fibrosa utilizada para a confecção de cestos e até roupas pelos índios da região.
Caule e folhas espinhosas de Urtiga no Lajedo Manoel de Souza, na região de Cabaceiras - PB
Depois dessa aula que o Márcio nos deu, citando apenas algumas das centenas de espécies da caatinga, impossível não olhar para este bioma com outros olhos. Olhos curiosos e apaixonados pela adaptabilidade e perfeição da natureza.
Pôr-do-sol na caatinga, região de Cabaceiras - PB
Estrutura de fiscalização no Parque Nacional Viruá, em Roraima
Hoje cruzamos pela segunda vez a famosa e controversa BR-174. Vindos de Guarulhos em um vôo madrugueiro, chegamos à Boa Vista as 4 horas da manhã, nos enrolamos no aeroporto e ainda assim tiramos o Ricardo da cama para abrir sua Garagem Roraima para nós. Lá estava a Fiona, ansiosa para ver-nos, bem estacionada no lugar de honra da oficina. Muito obrigada pela acolhida Ricardo, e desculpe derrubá-lo da cama a esta hora!
Reencontro com o Ricardo e com a Fiona, em Boa Vista, em Roraima
Queríamos pegar a estrada cedo, eram longas 7 horas para chegarmos à Presidente Figueiredo. Na estrada fizemos um desvio para o Parque Nacional do Viruá, que havíamos nos prometido explorar nessa nossa passagem por aqui. Mal sabíamos que o parque estaria tão abandonado e o tempo tão corrido para nós. Entramos, passamos por um “posto de fiscalização” e o portão do parque e fomos adiante até onde a estrada permitiu, na esperança de ver mais da sua fauna e flora.
Dirigindo no Parque Nacional Viruá, em Roraima
Visita ao Parque Nacional Viruá, em Roraima
Estrada interrompida no Parque Nacional Viruá, em Roraima
De volta à BR não demora muito e encontramos o monumento que marca a Linha do Equador, o ponto central que divide o hemisfério norte do hemisfério sul. Momento marcante para a Fiona, que não caminhava ao sul do equador há quase 2 anos.
Literalmente, equilibrando-se sobre a linha do Equador, no sul de Roraima
Mais alguns quilômetros e chegamos finalmente à Terra Indígena Waimiri-Atroari, local de um grande conflito de terras na década de 70 que estourou justamente na construção desta estrada. Quando passamos por aqui contei mais desta história neste post e neste vídeo.
Atravessando os rios amazônicos no sul de Roraima
Logo no início da Reserva, o pedido para que não se filme ou fotografe (fronteira entre Roraima e Amazonas)
Decidimos quebrar a nossa viagem à Manaus na cidade das cachoeiras amazônicas, Presidente Figueiredo e rever Fernando, nosso amigo entusiasta do turismo na região, dono da Pousada das Pedras.
Nossa pousada preferida em Presidente Fiqgueiredo, no Amazonas, onde já havíamos ficado da outra vez
Depois de uma noite sem dormir, tiramos este fim de tarde para descansar, trabalhar e assistir ao Brasil vencer a Copa das Confederações! É o trabalho do Felipão dando resultado, gosto desse gaúcho porreta! Passei boa parte da noite vendo fotos de onças, pacas, cotias, tatus e outros animais amazônicos, tiradas por um inglês que está fazendo uma pesquisa sobre o impacto da caça nas áreas próximas à comunidades na floresta amazônica. Bem interessante! Assim já vou entrando no clima para os nossos próximos dias que serão enfurnados em um hotel flutuante no meio da Amazônia! Mais detalhes dessa aventura nos próximos posts.
Alagamento da floresta causado pela represa de Balbina, no Amazonas
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