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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A caminho de Porto Velho, no início da BR-319, ainda bem perto de Manaus, mas já do outro lado do rio Amazonas
Chegou o dia de iniciarmos a grande aventura de cruzar a Floresta Amazônica de Manaus à Porto Velho, pouco mais de 800 km de estrada, a maior parte deles em más condições. A BR-319 já foi uma boa estrada, parte do ambicioso plano do governo militar de ocupar a região amazônica, lá na distante década de 70. Mas a segunda crise do petróleo deixou o país sem dinheiro, não só para novos investimentos, mas também para manter aquilo que já tinha. A estrada, que durante mais de dez anos tinha até linha de ônibus ligando as duas capitais, foi se deteriorando cada vez mais, pontes e asfalto sendo levados pelas águas e pela erosão. A última e épica viagem da viação Andorinha demorou nada menos de 13 dias! A empresa de ônibus desistiu desse caminho, assim como boa parte dos motoristas. A floresta foi retomando o que havia sido seu. Chácaras e propriedades ao longo da rodovia foram sendo abandonadas também, pois era impossível chegar até elas.
A BR-319, pouco mais de 800 km ligando Manaus (A) à Porto Velho (C), cruzando a floresta amazônica e centenas de seus rios. Hoje, conseguimos andar cerca de 250 km, até o Igapó-Açu (B)
Então, no início da década de 90, a necessidade de levar um cabo de fibra ótica até a capital amazonense ressuscitou o velho percurso. A Embratel construiu torres a cada trinta e poucos quilômetros ao longo da BR-319 e passou a fazer uma manutenção mínima, reconstruindo pontes que são levadas sazonalmente pela cheia dos rios. A rodovia tornou-se um paraíso de jipeiros, pelo menos os mais valentes, os que não tem medo de atoleiros com quilômetros de extensão. Quando chove, alguns trechos ficam intrafegáveis, mas logo depois, lá vem os aventureiros e também o jipe da Embratel, à procura de pontes caídas (são mais de cem delas!).
Chegando ao terminal da balsa para atravessar o rio Amazonas, em Manaus
Embarcando a Fiona para cruzar o rio Amazonas, em Manaus. Do outro lado está a estrada para Porto Velho
Essa estrada já faz parte dos nossos sonhos e pesadelos há algum tempo. Precisamos chegar à Porto Velho e esse é o melhor caminho. As alternativas (subir o Rio Madeira de balsa ou dar a enorme volta por Santarém-Cuiabá) tomam muito tempo, um luxo que não podemos nos dar nesse momento. Assim, recolhemos o máximo possível de informações na internet, tivemos uma longa conversa com jipeiros de Manaus e resolvemos enfrentar o desafio.
Barcos trazem turistas para observar o mais famoso "encontro das águas", na confluência dos rios Negro e Solimões, bem próximo à Manaus, no Amazonas
O gigantismo do rio Amazonas, enquanto o cruzávamos de balsa, perto de Manaus, capital do estado
Pois bem, hoje foi o grande dia. Nossa ideia é dormir dois dias durante o caminho e chegar à Porto Velho no final do terceiro dia. Levamos comida de sobra e poderemos sobreviver por mais tempo, caso seja necessário. Mas, aparentemente, a estrada está em um bom momento, nada que a Fiona não possa enfrentar! O objetivo do primeiro dia era chegar ao Igapó-Açu, cerca de 250 km à frente, onde existe uma pequena e rústica pousada.
Chegando em Careiro, do outro lado do rio Amazonas, quase em frente à Manaus, a capital do estado
Obras no início da BR-319, que liga Manaus, no Amazonas, à Porto Velho, em Rondônia
Então, acordamos cedo e fomos fazer as compras de comida. Depois, enchemos o tanque da Fiona e mais um galão de 30 litros, para garantir nossa autonomia. Finalmente, rumo ao mercado do Seasa, a vinte quilômetros do centro de Manaus, onde pegamos a balsa para atravessar o Rio Amazonas. Pois é, essa ponte nova que construíram em Manaus atravessa “apenas” o Rio Negro. Ainda tem o Solimões pela frente (e um plano de fazer outra ponte por lá!)!. Assim, para seguir da capital amazonense ao sul do país, ainda precisamos da velha balsa, sim! O ponto onde a balsa funciona fica um pouco adiante de Manaus, onde os dois rios já se fundiram no gigantesco Rio Amazonas.
BR-319, que liga Manaus à Porto Velho, nos seus trechos iniciais
São milhões de borboletas amarelas ao longo da BR-319, que liga Manaus à Porto Velho
Quer dizer, não se fundiram ainda não, pois as águas de diferentes cores ainda não se misturaram. Pois é, a balsa cruza exatamente o famoso “encontro das águas”, um espetáculo visual que pudemos aproveitar, a nossa despedida de Manaus antes de entrarmos definitivamente na selva. Mais de uma hora de travessia até chegarmos ao Careiro da Várzea, que é o nome da pequena vila do outro lado do rio. Ali, voltamos à terra firme e, alguns quilômetros mais adiante, a placa anunciava: “BR-319 – Porto Velho”. Para algum desavisado, até poderia parecer uma estrada normal. Mas nós sabíamos que não era o caso...
Um bicho-preguiça tentando cruzar a estrada no trecho inicial da BR-319, rodovia que liga Manaus à Porto Velho
Desajeitadamente, um bicho-preguiça tenta cruzar a estrada no trecho inicial da BR-319, rodovia que liga Manaus à Porto Velho
A estrada começa bem, cerca de 70 quilômetros de asfalto. E o Exército está construindo mais. A intenção é asfaltar os primeiros 150 quilômetros , pelo menos. Perto do fim do asfalto, uma última chance de reabastecer a Fiona. Agora, só daqui a uns 500 quilômetros...
O bicho-preguiça parece nos pedir ajuda para cruzar a estrada, no trecho inicial da BR-319, rodovia que liga Manaus à Porto Velho
O bicho-preguiça parece nos pedir ajuda para cruzar a estrada, no trecho inicial da BR-319, rodovia que liga Manaus à Porto Velho
O asfalto termina, mas a terra está em boas condições. O que termina também é o tráfego. Agora, andamos, andamos e nada de cruzar com alguém. Mas os rastros na estrada não deixam dúvidas: ainda passam carros por aqui. Bom, a gente não via mais automóveis, mas os olhos aguçados da Ana viram algo se movendo na pista. Devagar. Bem devagar. Eu já tinha passado reto, mas ela me fez voltar. E tinha mesmo razão! Algo se movimentava na estrada!
Ajudando o bicho-preguiça a cruzar a estrada, no trecho inicial da BR-319, rodovia que liga Manaus à Porto Velho
Ajudando o bicho-preguiça a cruzar a estrada, no trecho inicial da BR-319, rodovia que liga Manaus à Porto Velho
Ajudando o bicho-preguiça a cruzar a estrada, no trecho inicial da BR-319, rodovia que liga Manaus à Porto Velho
Era um bicho-preguiça! Um bicho-preguiça atravessando a estrada! Coitado! Naquele ritmo, demoraria horas para cruzar os quinze metros da rodovia. Esse animal não foi feito para andar (se arrastar!) na horizontal. Precisa agarrar em alguma coisa para se puxar. Na estrada, naquela lama escorregadia, suas garras procuravam desesperadamente algum ponto de apoio. Em vão! Olha para nós e seus olhos diziam: “O que estão olhando? Ajudem-me!!!”. A Ana captou logo a mensagem e buscou um pau que levamos na Fiona. Fez a preguiça se pendurar nele e levou-a ao outro lado da rodovia. A nossa boa ação do dia, devidamente filmada e fotografada. Aliás, que belas fotos!
Reencontrando o Luis e a Lancy, do Lost World Expedition, e o casal costarriqueno do Vuelta al Mundo en N Dias na BR-319, que liga Manaus à Porto Velho, nos seus trechos iniciais
Encontro de viajantes em plena BR-319, que liga Manaus à Porto Velho, nos seus trechos iniciais
Felizes com a oportunidade e sorte, seguimos viagem empolgados. Ainda falando sobre isso, eis que aparece, lá no horizonte, os faróis de dois carros vindos em sentido contrário. Será que eram eles? Um minuto depois e já dá para ver que são land cruisers. Sim, só podiam ser eles! Há algumas semanas, descobrimos que nossos amigos do Lost World Expedition estavam no Perú e querendo vir para Manaus. Nossa mesma rota, mas no sentido oposto. Nós os encontramos na California (eles são americanos), numa de suas temporadas de volta ao lar, onde trabalham e ganham fôlego. Estão viajando há quase quatro anos e deixam o carro em algum país para voltar aos EUA por alguns meses. Pois bem, eles estão de volta à estrada e nossos caminhos prometiam se encontrar novamente (mundinho pequeno!). A última notícia que tínhamos era que tinham chegado ao Brasil, agora acompanhados de outro casal aventureiro em seu próprio carro, o Vuelta al Mundo en N Dias, da Costa Rica. Planejaram fazer essa difícil estrada juntos, por segurança.
De balsa, cruzando o Igapó-Açu, na BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho
E agora, eis que eles aparecem no nosso horizonte! Muito jóia! Paramos, fizemos a maior festa, tiramos muitas fotos. Depois, claro, trocamos muitas informações sobre a estrada. Eles, que já estavam terminando, depois de quase 3 dias, nos deram todas as dicas. Foi muito legal mesmo!
Encontro com os motociclistas Everardo, Manga, Augusto e Saré, no Igapó-Açu, na BR-319, rodovia que liga Manaus, no Amazonas, à Porto Velho, em Rondônia
Finalmente, despedimo-nos, cada um para o seu lado e já imaginando quando será o próximo encontro. Nós, depois da preguiça e desse encontro com eles, já estávamos bem atrasados. O dia terminava e ainda tínhamos muitos quilômetros de terra pela frente. Tratamos de acelerar, desviando dos buracos e pedras, torcendo para o tal Igapó aparecer.
Os motociclistas que, de uma só vez, fizeram a transamazônica e a BR-319, em Igapó-Açu, já a poucas horas de Manaus, no Amazonas
E apareceu! A pequena balsa nos esperava por lá, a única entre o Rio Amazonas, em Manaus, e o Rio Madeira, em Porto Velho. São pouco mais de cem metros de rio e chegamos ao lado de lá, onde está a pousada da Dona Mocinha, já tão famosa entre os que se aventuram por aqui, o principal ponto de referência nesse lugar esquecido do mundo!
Encontro com os motociclistas Everardo, Manga, Augusto e Saré, no Igapó-Açu, na BR-319, rodovia que liga Manaus, no Amazonas, à Porto Velho, em Rondônia
Ali, para a nossa surpresa, pegamos o último quarto disponível. Isso porque, poucas horas antes, lá tinha chegado um grupo de quatro motociclistas, os simpaticíssimos Manga, Everardo, Augusto e Saré. A aventura deles também era enorme, percorrendo a Transamazônica e a BR-319 de uma só vez!. Cansados e felizes por estarem chegando perto do fim. Outra vez, trocamos dicas e informações sobre o que esperava cada um de nós, pois vínhamos em sentidos opostos. Para aumentar ainda mais a coincidência, o Everardo é lá de Oeiras, no Piauí e, claro, amigo do nosso querido Joca Oeiras. Êta, mundo pequeno!
Nossos amigos motociclistas pegam a balsa sobre o Igapó-Açu, na BR-319, rodovia que liga Manaus, no Amazonas, à Porto Velho, em Rondônia
Despedida dos motociclistas aventureiros no Igapó-Açu, na BR-319, rodovia que liga Manaus, no Amazonas, à Porto Velho, em Rondônia
O jantar na Dona Mocinha foi simples e delicioso, comida caseira e saborosa. Depois, dormimos todos a noite dos justos, ouvindo o barulho dos sapos lá fora. De manhã bem cedo, cada grupo para o seu lado, não sem antes novas e calorosas despedidas. Os motociclistas, a poucas horas de seu objetivo. Nós, um pouco mais do que isso, menos de dois dias, se tudo corresse bem.
Nossa pousada no Igapó-Açu, na BR-319, rodovia que liga Manaus, no Amazonas, à Porto Velho, em Rondônia
Mas ainda tivemos tempo de uma boa prosa com Seu Raimundo, marido da Dona Mocinha. Eles se mudaram para lá em uma época em que o asfalto ainda passava por ali e que a balsa funcionava dia e noite. Acompanharam a glória e a derrocada da estrada. Mas, teimosos que são, permaneceram por ali, principal suporte aos poucos corajosos que ali passam. Viraram referência. Mas os olhos não mostram a glória, mas sim uma vida de trabalho duro, desesperançados num estado que os abandonou. Enfim, seguem firmes e ali, no meio da floresta amazônica, acolhem os viajantes intrépidos e lhes emprestam um pouco de lar. Não tem preço! Com a ajuda deles, estávamos mais prontos do que nunca para nosso segundo dia numa estrada que, conforme nos disseram, só iria piorar...
O Seu Raimundo, dono da pousada no Igapó-Açu, na BR-319, rodovia que liga Manaus, no Amazonas, à Porto Velho, em Rondônia
Impressionante essas viagens...Quanta aventura!!!
Resposta:
Oi Julia
São aventuras que valem muito a pena!
Abs
Aqui também temos que ajudar preguiças a atravessar a estrada da Folha Seca, paramos o trânsito tentamos "acelerar" a travessia.
Abraços
Resposta:
Oi Mabel
É isso aí! Vamos ajudar sempre esses simpáticos animais!!! O olhar de agradecimento compensa qualquer esforço!
Abs
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