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Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Para Quem Gostas de Fuscas

México, Cozumel

A bordo da nossa 'ferrari conversível', na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

A bordo da nossa "ferrari conversível", na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Durante a minha infância, na década de 70, simplesmente metade dos carros nas ruas brasileiras eram Fuscas. O sucesso desse simpático carro criado ainda na década de 30 por Ferdinand Porshe, com patrocínio de Adolf Hitler, foi mundial e o transformou no automóvel mais vendido da história. Ele ultrapassou o recorde do lendário Ford T em 1973 e, quando finalmente saiu de linha, trinta anos mais tarde, haviam sido vendidos mais de 21,5 milhões de exemplares.

O nosso super fusca converível, na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

O nosso super fusca converível, na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Os países onde o saudoso carro mais perdurou foram no Brasil e no México. No Brasil, a produção foi até o ano de 86, mas em 1993 ele foi ressuscitado a pedido do presidente Itamar Franco, um dos grandes fãs do automóvel. Foram mais 45 mil Fuscas produzidos nessa nova fase, até o ano de 96, quando o carro foi aposentado de vez. No México, no entanto, o Fusca sobreviveu até 2003! É por isso que esse país atrai tanto os amantes do Fusca. Nas cidades menores, ainda é muito comum ver o simpático carro rodando pelas ruas.

Eu nunca fui especialmente fã do Fusca, preferindo carros um pouco mais modernos. Mas sou obrigado a admitir que, diversas vezes, fiquei admirado com a força desse veículo em enfrentar as estradas precárias do interior do Brasil. Quantas vezes já não passei por estradas apropriadas apenas para carros 4x4 que um fusquinha tirava de letra! Com seu motor traseiro, não havia ladeira de terra ou cheia de pedras que ele, valentemente, não enfrentasse!

O nosso super fusca converível, na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

O nosso super fusca converível, na ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Além disso, nostálgico que sou, nunca vou esquecer que esse foi o primeiro carro que meu pai teve, ainda na década de 50, na Alemanha. Desde então, é seu carro predileto! Quando voltou ao Brasil, em 1960, trouxe o Fusca com ele. Teve um certo trabalho de vencer as burocracias portuárias mas, ao final, pode continuar rodando com seu carro “alemão” por muitos anos nas ruas de Belo Horizonte e pelas estradas do interior de Minas. O mesmo carro que, ainda na Europa, emprestou ao seu pai, meu avô, para que, junto com a minha avó e outro casal, viajassem por dois meses pelos países da Europa. Imagina só, que delícia: dois meses de Fusca na Europa do final dos anos 50! Eu daria tudo para voltar no tempo e acompanhar essa viagem épica! É... e as pessoas ainda perguntam de quem eu puxei por ter tido essa ideia maluca de viajar pelas Américas de carro...

De fusca, rodando pela ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

De fusca, rodando pela ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México


Pois é... em honra ao meu avô, ao meu pai, ao meu padrinho de batismo (também um fã incondicional do Fusca!) e ao meu irmão (cujo primeiro carro, lá em 86, também foi um poderoso 1.600!), hoje, aqui em Cozumel, alugamos um Fusca. Um Fusca conversível! Muito chique! Foi a nossa Ferrari por um dia. A gente se divertiu com ele pelas ruas e estradas da ilha, eu na frente, de motorista, e as amigas inseparáveis atrás, cabelos ao vento. Um capítulo inesquecível desses 1000dias pela América. O venerável Fusca também fez parte dessa aventura!

De fusca conversível, rodando por toda a ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

De fusca conversível, rodando por toda a ilha de Cozumel, no litotal de Yucatán, no sul do México

México, Cozumel, Fusca, história

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Dia de Ópera

Brasil, Amazonas, Manaus

A ópera Diálogo das Carmelitas, em Manaus - AM

A ópera Diálogo das Carmelitas, em Manaus - AM


O horário da nossa ópera, hoje, era no final da tarde. O sol brilhava forte sobre uma cidade preguiçosa, num domingão 1o de Maio. Muitos dos museus e comércio fechados pelo feriado.

Menino nada solitário no Rio Negro, na Ponta Negra, em Manaus - AM

Menino nada solitário no Rio Negro, na Ponta Negra, em Manaus - AM


A gente, no mesmo ritmo da preguiça, resolveu ir na Ponta Negra, região de Manaus que vive um boom imbiliário, com a construção de vários condomínios e prédios. É lá que fica a "praia" da cidade, distante pouco mais de dez quilômetros do centro. É lá também que fica o hotel mais conhecido de Manaus, o Tropical.

Pequena praia na Ponta Negra, em Manaus - AM

Pequena praia na Ponta Negra, em Manaus - AM


A praia, nesta época do ano, está quase completamente escondida sob as águas negras do rio. Isso não impede a tradicional farofa de domingão, todo mundo espremido na orla concretada do rio, numa série de pequenos quiosques com música alta de gosto duvidoso. O forte calor é um estímulo para que as pessoas entrem no rio, que perto da orla é mais marrom do que negro.

Orla sem praia no período de chuvas, na Ponta Negra, em Manaus - AM

Orla sem praia no período de chuvas, na Ponta Negra, em Manaus - AM


Fomos lá, vimos, conhecemos e seguimos em frente. Próxima parada, a deliciosa churrascaria Picanha Mania. Hmmmm... fazia muito tempo que não comíamos picanha com gosto de picanha! No restaurante, grande TV de plasma e todo mundo assistindo, assim como o resto da cidade, a final do campeonato carioca. Acho que Flamengo e Vasco tem mais torcedores aqui, na região norte, do que no Rio de Janeiro...

Entrada da ópera, no Teatro Amazonas, em Manaus - AM

Entrada da ópera, no Teatro Amazonas, em Manaus - AM


Depoia, voltamos para o Hotel Brasil e nos preparamos para o ponto alto do dia, a ópera Conversa das Carmelitas. A história se baseia em fatos reais, ocorridos durante a Revolução Francesa. Uma moça de família rica decide entrar para a Ordem das Carmelitas bem no início da revolução, em 1789. Cinco anos mais tarde, no auge do Grande Terror, ela e suas 16 companheiras são perseguidas e, por fim, condenadas à guilhotina. A sentença é executada poucos dias antes do fim da época das matanças. Os números históricos são incríveis: em cerca de 400 dias (maio de 93 à julho de 94), quase 40 mil pessoas condenadas à morte. mais de 100 por dia! As guilhotinas simplesmente não paravam de decepar cabeças, 24 horas por dia!

Parte interna do Teatro Amazonas, antes do início da ópera, em Manaus - AM

Parte interna do Teatro Amazonas, antes do início da ópera, em Manaus - AM


Entre os maiores perseguidos, os nobres, os monarquistas e os religiosos. O culto à deus foi proibido, trocado pelo culto à razão. Nossa... e que razão. Normalmente, quando falamos em Revolução Francesa, o que nos vem à cabeça é o famoso e belo lema "Liberdade, Fraternidade e Igualdade". Mas, na prática, além dos belos ideais, o que houve foi um banho de sangue completamente irracional levado à cabo por um radicalismo exacerbado que via perigo até em freiras carmelitas. O pior é que, quando observamos o que aconteceu com outras revoluções, como a russa, a chinesa, a cubana, entre outras, percebemos que isso é muito mais a regra do que a exceção. Belos ideais se transformam em sangrenta realidade.

A ópera Diálogo das Carmelitas, em Manaus - AM

A ópera Diálogo das Carmelitas, em Manaus - AM


Bom, a ópera foi muito legal. Tanto o espetáculo como o próprio Teatro Amazonas, em noite de gala. Foram mais de três horas de ópera, dividida em três atos. O público, incluindo vários estrangeiros, adorou. Esse é o décimo-quinto ano do festival, o que já indica uma história de sucesso. Esperamos que assim continue, fazendo honra a uma casa de espetáculos centenária encravada bem no meio da Amazônia, um verdadeiro patrimônio brasileiro e mundial. Simplesmenta adoramos a sorte de ter estado aqui bem nesta época. Para quem mais tiver esta oportunidade, não deixe de aproveitar!

Final da ópera Diálogo das Carmelitas, em Manaus - AM

Final da ópera Diálogo das Carmelitas, em Manaus - AM

Brasil, Amazonas, Manaus, ópera, Ponta Negra, Teatro Amazonas

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Pisac e o Valle Sagrado

Peru, Pisac

Chegando à Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Chegando à Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Talvez, o mais tradicional passeio para quem vem à Cusco, além da imperdível visita à Muchu Picchu, seja o tour pelo chamado Valle Sagrado de los Incas. Era justamente essa região a principal produtora de grãos e principalmente milho do império, aproveitando as excelentes condições de clima e relevo desse vale cujo principal rio é o Urubamba. Já naquela época o rio era considerado sagrado (Willkamayu, ou “rio sagrado” em Quechua, a língua dos incas). Já para nós, brasileiros, visitar o vale do Urubamba é sentir-se um pouco em casa, já que o rio é um dos maiores afluentes formadores do rio Amazonas.


Nosso caminho pelo Valle Sagrado dos Incas: De Cusco (A) para Pisac (B). De lá para as Salinas de Maras (C) e as ruínas de Moray (D). Finalmente, já de noite, rumo à Ollantaytambo (F), via Urubamba (E)

Ao longo do vale, a cerca de meia hora de Cusco, estão numerosas atrações e ruínas incas. Entre elas, destacam-se o povoado de Pisac, com seu tradicional mercado de artesanato e produtos agrícolas, e Ollantaytambo, com as ruínas de uma antiga fortaleza inca, ponto da mais importante vitória militar contra os invasores espanhóis e local onde hoje a maioria dos turistas pega o trem em direção à Machu Picchu. Mas há muito mais do que isso no vale e, para quem tiver tempo, poderão ser vários dias de explorações num ambiente bucólico e de incrível beleza.

A famosa e bela paisagem do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

A famosa e bela paisagem do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Garoto e lhamas posam para fotos em mirante do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Garoto e lhamas posam para fotos em mirante do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Todas as agências em Cusco oferecem tours ao Valle Sagrado e já era assim há 23 anos, quando estive na cidade pela primeira (e última!) vez. Quase todos são tours de apenas um dia, o que é muito pouco para ver tanta coisa. Mas, na pressa de se chegar à Machu Picchu, é o que fazem quase todos os turistas, infelizmente. Eu não fui exceção, principalmente pelos dias contados que tínhamos para ver Bolívia, Peru e voltar ao Brasil pelo Amazonas, tudo isso nas férias universitárias de Julho. Dentro daquela corrida, fazia sentido. Mas, hoje sei que pouco vi dessa região tão bela.

O Gustavo segura um fillhote de lhama no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

O Gustavo segura um fillhote de lhama no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


O garoto e as lhamas: foto típica no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

O garoto e as lhamas: foto típica no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


A vantagem do tour é a facilidade de transporte. Com as vans de turistas, fica muito mais fácil fazer esse looping de estradas e voltar á Cusco. Mas, insisto, para quem tem um pouco de tempo e vontade de explorar, é muito mais interessante pegar um ônibus para Pisac e dormir por lá mesmo. Ou então, investir num aluguel de carro por uns 2-3 dias. Para nós, que temos a benção de estar com a Fiona, fica tudo ainda mais fácil!

Pisac e as ruínas incas que sobem toda a montanha, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Pisac e as ruínas incas que sobem toda a montanha, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Dia de festa na Plaza de Armas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Dia de festa na Plaza de Armas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Saímos de Cusco mais tarde que o planejado (claro!) e o primeiro destino era Pisac. O caminho para lá já é uma pintura, primeiro na saída de Cusco, tendo várias chances de ver e fotografar a cidade de cima, e depois chegando ao Valle Sagrado. Na estrada há vários mirantes, cada um deles o preferido de alguma das inúmeras agências de turismo para pararem suas van. Na verdade, todas tem razão, pois a vista é igualmente (e diferentemente!) maravilhosa, o vale todo cultivado, cercado de montanhas e com o rio azul correndo em seu interior. Parece um quadro!

Garoto se diverte durante festa na cidade de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Garoto se diverte durante festa na cidade de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Visita ao famoso Mercado de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Visita ao famoso Mercado de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Em cada um dos mirantes, cholas (as moradoras indígenas do altiplano com sua vestimenta característica) se posicionam estrategicamente, sempre com suas lhamas e alguma criança, um convite às fotos “típicas”, com a companhia mais peruana possível e a paisagem de cinema ao fundo. Lá estavam há 23 anos, quando saquei ótimas fotos (pergunto-me por onde andará aquele bebê que apareceu naquelas fotos...) e lá estavam hoje. É claro que não resistimos as tais fotos típicas, sempre deixando alguns soles por cada foto. Mas, sinceramente, valem a pena!

As incríveis ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

As incríveis ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Subindo a íngrime montanha onde estão as ruínas incas de Pisac, Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Subindo a íngrime montanha onde estão as ruínas incas de Pisac, Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Depois dos mirantes, lá está a pequena Pisac. A cidade é conhecida por seu mercado de artesanato e produtos agrícolas. Em Cusco, é vendido como o mais tradicional do país, mas já acabou virando algo bem turístico. Normalmente, por aqui param as vans de turismo, para uma ou duas horas de explorações e seguem em frente, rumo à próxima atração do vale. Mas nós tínhamos algo mais em mente, além do mercado.

Subindo a íngrime montanha onde estão as ruínas incas de Pisac, Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Subindo a íngrime montanha onde estão as ruínas incas de Pisac, Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Explorando as ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Explorando as ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


De qualquer maneira, começamos por ali mesmo. Hoje, excepcionalmente, ele não ocupava a Plaza de Armas, onde havia uma grande festa cívica. Estava nas ruas ao redor, movimentado como sempre. Na própria praça, vários restaurantes e hotéis simpáticos. Seria uma delícia dormir por ali mesmo, ver a cidade no fim de tarde, já sem turistas e muito mais tranquila. Mas já estamos com hotel marcado para Ollantaytambo, de onde seguiremos para Machu Picchu. Sem espaço para mudança de planos.

Quase no alto das ruínas incas de Pisac, observando a cidade e o Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Quase no alto das ruínas incas de Pisac, observando a cidade e o Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Vista do alto das ruínas, a lotada Plaza de Armas de Pisac, em dia de festa, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Vista do alto das ruínas, a lotada Plaza de Armas de Pisac, em dia de festa, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Bem, não poderíamos dormir por ali, mas tínhamos tempo suficiente para nossas explorações além-mercado. A outra grande atração da cidade, frequentemente deixada de lado, são as ruínas incas espalhadas por uma montanha ao lado de Pisac. Ali já houve uma movimentada vila inca, fortaleza, templos e caminhos com mais de 500 anos de idade.

Ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


A valente menina que subiu até o alto das ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

A valente menina que subiu até o alto das ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Para os que se aventuram por ali, o caminho “normal” é seguir de carro até a parte alta do parque arqueológico e voltar caminhando pela montanha, descendo até a cidade. Mas nós, cheios de energia e meio sem saber direito o quanto teríamos de subir, resolvemos caminhar em sentido contrário mesmo, subindo a montanha. Uns poucos bravos iam no mesmo sentido, incluindo aí uma jovem peruana de uns 8 anos, acompanhada de seu avô. Já a grande maioria das pessoas, cruzamos descendo mesmo, acompanhados de seus guias e em grandes grupos turísticos.

Ruínas da antiga cidade inca de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Ruínas da antiga cidade inca de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


A Porta do Sol, nas ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

A Porta do Sol, nas ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


O caminho não é tão duro quanto parece, principalmente que vamos nos distraindo com a vista que fica cada vez mais bonita. Pisac vai ficando para baixo e nós vamos atingindo templo e antigos monumentos, cruzando terraços agrícolas e nos maravilhando com uma civilização que soube tão bem conviver com as montanhas.

Do alto das ruínas, o Gustavo admira a grandiosidade do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Do alto das ruínas, o Gustavo admira a grandiosidade do Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Ruínas da antiga cidade inca de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Ruínas da antiga cidade inca de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Por fim, chegamos à parte mais alta, onde estão as ruínas mais interessantes, como os templos, a Porta do Sol e a antiga vila. A recompensa de nosso esforço para se chegar até lá. Absolutamente fantástico! E olha que só estamos esquentando os motores para o tanto de ruínas incas que nos esperam nos próximos dias. Ao final, estaremos especialistas nessa civilização, hehehe.

Com o Gustavo, nas ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Com o Gustavo, nas ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Ruínas da antiga cidade inca de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Ruínas da antiga cidade inca de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Por falar em “esquentar os motores”, a caminhada também foi um ótimo teste para a Ana, recém saída de uma doença, e para o Gustavo, ainda se acostumando com a altitude dos Andes. Os dois passaram no teste com louvor e agora, acho que nada mais pode nos impedir de fazer nossa caminhada para Choquequirao. A ansiedade é cada vez maior!

Visitando as ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Visitando as ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Explorando as ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Explorando as ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru



Bem, nós chegamos lá encima e ficamos imaginando a possibilidade de voltar pela estrada mesmo, talvez de carona, talvez alugando bicicletas. Mas bastaram algumas perguntas à guias locais para descobrir que seria muito difícil conseguir a tal carona e que as bicicletas, sem termos combinado nada com alguma agência, seria impossível. Como é que algum empresário local ainda não pensou nisso? Enfim, o caminho foi voltar pela trilha mesmo. Mas agora, para baixo, e com aquela vista maravilhosa à nossa frente, foi um verdadeiro passeio.

Vendedora descansa um pouco durante festa em Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Vendedora descansa um pouco durante festa em Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Vendedora descansa um pouco durante festa em Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Vendedora descansa um pouco durante festa em Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


De volta á cidade, almoçamos em um dos muitos restaurantes e fotografamos um pouco da cidade e da festa que lá ocorria, celebração de algum dia da pátria. Estava muito animado, um prato cheio para fotografias. Mas ainda tínhamos muito para ver hoje, então teve de ser rapidinho.

Popular meio de transporte nas cidades peruanas, em Pisac, Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Popular meio de transporte nas cidades peruanas, em Pisac, Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru


Deixamos Pisac para trás, uma cidade que me encantou muito mais dessa vez, agora que tive muito mais tempo e liberdade para ir aonde queria. Da próxima vez, vou gostar ainda mais, pois vou me programar para dormir por ali. A cidade merece. Enfim, pé na estrada, agora rumo às salinas de Maras, outro destino que costuma escapar dos tours de um dia pelo vale. Dica valiosa da nossa amiga, madrinha e companheira de viagens Laura, que esteve no Peru há poucos meses.

1000dias em visita às incríveis ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

1000dias em visita às incríveis ruínas incas de Pisac, no Valle Sagrado, nas proximidades de Cusco, no Peru

Peru, Pisac, Inca, Valle Sagrado

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O Alaska do Alaska

Alaska, Coldfoot

A magnífica paisagem polar da tundra, na Dalton Highway, no norte do Alaska

A magnífica paisagem polar da tundra, na Dalton Highway, no norte do Alaska


Nosso plano original era simplesmente chegar até o “Alaska” e daqui começar a nossa volta. Tratávamos essa gigantesca região como se fosse um ponto, o que está bem longe da realidade. Como já disse, o Alaska é o maior estado dos Estados Unidos, com atrações suficientes para podermos viajar por meses por aqui. Então, quando fomos chegando mais perto daqui, precisamos ser mais específicos e acabamos decidindo que chegaríamos em Anchorage, a maior cidade do estado.

Antigo posto de correios da simpática Wiseman, cidade 100 milhas ao norte do Círculo Polar Ártico, no Alaska

Antigo posto de correios da simpática Wiseman, cidade 100 milhas ao norte do Círculo Polar Ártico, no Alaska


Mas logo a coceira de seguir mais para o norte começou a bater. Depois da história da Aurora Boreal e das “reclamações” da Fiona, decidimos que tínhamos de chegar, pelo menos, até o Círculo Polar Ártico. Será que faríamos um bate-volta até lá, saindo de Fairbanks? Hmmm... se queríamos ver a Aurora, tínhamos de dormir por lá e o hotel mais próximo estava em Coldfoot, 90 milhas adiante. Ok, Coldfoot passou a ser nosso destino final.

A árvore mais ao norte na Dalton Highway, a caminho do Oceano Ártco, no Alaska

A árvore mais ao norte na Dalton Highway, a caminho do Oceano Ártco, no Alaska


Mas, ao chegarmos em Coldfoot, uma rápida visita ao Centro Turístico nos fez mudar de ideia rapidamente. Dez milhas mais ao norte estava a cidade de Wiseman, um interessante e centenário assentamento mineiro. Outras dez milhas, e lá estava uma bela montanha com um lago espelhado logo abaixo. E mais um pouquinho, a última árvore, aquela que nasceu mais ao norte no continente. Tínhamos de ver essa heroína!

Chegando na Brooks range, no norte do Alaska

Chegando na Brooks range, no norte do Alaska


Na noite de ontem, ao comentar nossos plano com um camioneiro que conhece toda a estrada, ele exclamou, incrédulo: “mas vocês não vão conhecer o Atigun Pass??? É o lugar mais bonito da estrada!!!”. Bom, diante disso, tínhamos de ir lá. O tal “pass” é o trecho em que a rodovia ultrapassa a Brooks Range, a cadeia de montanhas que funciona como uma “Continental Divide”. Do lado de cá, a água corre para o Pacífico, do lado de lá, corre para o Ártico. Então, se fôssemos até lá, estaríamos definitivamente no Ártico!!! Não dava para resistir a tentação, né?

Depois de tanto tempo, de volta às montanhas nevadas, dessa vez na Brooks Range, no norte do Alaska

Depois de tanto tempo, de volta às montanhas nevadas, dessa vez na Brooks Range, no norte do Alaska


Depois de tanto tempo, de volta às montanhas nevadas, dessa vez na Brooks Range, no norte do Alaska

Depois de tanto tempo, de volta às montanhas nevadas, dessa vez na Brooks Range, no norte do Alaska


O que começa do lado de lá também é a tundra, essa vegetação que tanto estudei nas minhas aulas de geografia, lá na 7ª série. Típica da Sibéria e do norte do norte do Canadá. Tínhamos de ver isso também! Então, ficou assim: vamos até o Atigun Pass, descemos do lado de lá e damos uma olhada na tundra.

Aproximando-se do Atigun Pass, na Dalton Highway, Brooks Range, no norte do Alaska

Aproximando-se do Atigun Pass, na Dalton Highway, Brooks Range, no norte do Alaska


Muita neve no Atigun Pass, ponto mais alto da Dalton Highway, com 1450 metros, na Brooks range, no norte do Alaska

Muita neve no Atigun Pass, ponto mais alto da Dalton Highway, com 1450 metros, na Brooks range, no norte do Alaska


Só faltou o esforço de seguir até o final da estrada, em Prudhoe Bay. O grande atrativo de chegar até lá seria ver o Oceano Ártico (quem sabe, dar um tchibum, hehehe). Mas, infelizmente, não se chega até lá. A estrada é fechada à particulares 15 milhas antes do Oceano. Toda a área pertence a uma grande empresa petrolífera. Temos de deixar o carro num estacionamento e pagar 50 dólares por cabeça para fazer um passeio de ônibus pelas instalações e até o mar. E o passeio tem de ser reservado com antecedência. Chateação! Além disso, segundo disseram, os últimos 200 km de estrada atravessando a tundra são, basicamente, iguais. Então, o Oceano Ártico ficou para uma outra vez e nós economizamos 400 km de estradas encascalhadas, além dos 100 dólares.

Brincando com a neve no Atigun Pass, 1.450 metros de altitude, 8 graus negativos de temperatura e 68 graus de latitude norte, na Dalton Highway, no norte do Alaska

Brincando com a neve no Atigun Pass, 1.450 metros de altitude, 8 graus negativos de temperatura e 68 graus de latitude norte, na Dalton Highway, no norte do Alaska


Brincando com a neve no Atigun Pass, 1.450 metros de altitude, 8 graus negativos de temperatura e 68 graus de latitude norte, na Dalton Highway, no norte do Alaska

Brincando com a neve no Atigun Pass, 1.450 metros de altitude, 8 graus negativos de temperatura e 68 graus de latitude norte, na Dalton Highway, no norte do Alaska


Partimos pela manhã e logo estávamos na charmosa Wiseman. Casinhas de madeira, muita vegetação, visual bucólico, tudo atraente. Tem até uma pousadinha. Nessa época do ano, parece ser uma delícia. O duro deve ser os três meses no escuro, a menos 30 graus. Que dureza! Bem que a maioria das suas poucas dezenas de habitantes só fique por lá três ou quatro meses por ano.

Muita neve no Atigun Pass, ponto mais alto da Dalton Highway, com 1450 metros, na Brooks range, no norte do Alaska

Muita neve no Atigun Pass, ponto mais alto da Dalton Highway, com 1450 metros, na Brooks range, no norte do Alaska


Área segura contra as constantes avalanches no Atigun Pass, 1.450 metros de altitude, 8 graus negativos de temperatura e 68 graus de latitude norte, na Dalton Highway, no norte do Alaska

Área segura contra as constantes avalanches no Atigun Pass, 1.450 metros de altitude, 8 graus negativos de temperatura e 68 graus de latitude norte, na Dalton Highway, no norte do Alaska


Pouco depois, já passávamos pela montanha com o lago e, mais um pouco, pela última árvore. Daqui para frente, são tão poucas horas de luz por ano que nem uma árvore consegue crescer. Frio, pouca água, vento, com isso elas conseguem lidar. Mas ausência de luz, aí já é demais... Apenas gramíneas e arbustos conseguem sobreviver a estas condições extremas.

dirigindo em plena tundra, na Dalton Highway, no norte do Alaska

dirigindo em plena tundra, na Dalton Highway, no norte do Alaska


Chegamos então à cadeia de montanhas conhecida como Brooks range, já coberta de neve. A estrada sobre a quase 1.450 metros para atravessá-la, na tal Atigun Pass. Como disse o camioneiro, com certeza esse foi o ponto alto da rodovia, nos dois sentidos!. Uma beleza e grandiosidade de perder o fôlego.

A Ana preparando o nosso almoço na Dalton Highway, no norte do Alaska

A Ana preparando o nosso almoço na Dalton Highway, no norte do Alaska


Nós enfrentamos o frio de 8 graus negativos e saímos para brincar com a neve. Apesar de já estramos viajando a mais de 800 dias, não é muito comum para nós cruzarmos montanhas nevadas. Então, quando nos deparamos com uma, é sempre a maior alegria e farra. Acho que visual parecido com esse, com a Fiona, a última vez foi lá nos Andes, fronteira de Argentina e Chile, há mais de um ano.

Latitude 68,5 graus, o ponto mais ao norte atingido pela Fiona nos 1000dias (na Dalton Highway, no norte do Alaska)

Latitude 68,5 graus, o ponto mais ao norte atingido pela Fiona nos 1000dias (na Dalton Highway, no norte do Alaska)


Chegamos pertinho da Ásia e da Rússia na Dalton Highway, no norte do Alaska. Que vontade de continuar...

Chegamos pertinho da Ásia e da Rússia na Dalton Highway, no norte do Alaska. Que vontade de continuar...


Descemos então na famosa tundra. Finalmente, a imagem que eu sempre tive do Alaska, dos documentários que via na TV. Um enorme espaço vazio, cercado por montanhas ao longe. Visual magnífico! Vegetação meio avermelhada, em forte e belo contraste com o branco das montanhas nevadas. Aqui e ali, um lago para adicionar ainda mais beleza naquela paisagem inóspita e selvagem. Aqui é o Alaska do Alaska!

Deixando a nossa marca na latitude 68,5, na Dalton Highway, no norte do Alaska

Deixando a nossa marca na latitude 68,5, na Dalton Highway, no norte do Alaska


A magnífica paisagem polar da tundra, na Dalton Highway, no norte do Alaska

A magnífica paisagem polar da tundra, na Dalton Highway, no norte do Alaska


Não sabíamos até onde ir e de onde voltar. Qual seria o “turning ponit” da viagem? Foi dando um nó na garganta, vontade de seguir, seguir, seguir. Por fim, decidimos que o limite seria a marca dos 68,5 graus de latitude norte, quase a mesma em que estivemos na Groelândia. A Fiona queria, a todo custo, seguir adiante, quem sabe até os 70 graus (a Ana diz que a Fiona é meu alter ego, hehehe). Mas, não, estava na hora de voltar. Chega de norte, daqui para frente, nosso rumo é o sul e o objetivo é a Terra do Fogo. Brincando com as palavras, o sul passa a ser o nosso norte.

Muito feliz dentro do ar quente da Fiona, depois de atingirmos o ponto mais ao norte da expedição 1000dias no Alaska

Muito feliz dentro do ar quente da Fiona, depois de atingirmos o ponto mais ao norte da expedição 1000dias no Alaska


Muito feliz dentro do ar quente da Fiona, depois de atingirmos o ponto mais ao norte da expedição 1000dias no Alaska

Muito feliz dentro do ar quente da Fiona, depois de atingirmos o ponto mais ao norte da expedição 1000dias no Alaska


Bem na hora da virada, um pequeno zoom out no nosso GPS e a gente tem a clara visão de até onde chegamos. A Rússia está logo ali, muito perto de nós! Se houvesse uma ponte, um jeito de passar, acho que naquele momento, nós teríamos continuado. O nome do projeto teria de mudar, pois voltaríamos para casa pela Ásia, Europa e África. Putz... Confesso a vocês, foi triste fazer a volta e voltar...

O Polo Norte fica para trás. Agora, rumo ao Polo Sul! (na dalton Highway, no norte do Alaska)

O Polo Norte fica para trás. Agora, rumo ao Polo Sul! (na dalton Highway, no norte do Alaska)


Enfim, a vida e a viagem continuam! O caminho de volta até Coldfoot foi tão belo como o de ida. Na restaurante onde nos esbaldamos no jantar de ontem, hoje foi a vez do almoço. Pratos de camioneiro novamente. Uma delícia! Um banquete!

A deliciosa e revigorante 'comida de camioneiro', em Coldfoot, na Dalton Highway, no norte do Alaska

A deliciosa e revigorante "comida de camioneiro", em Coldfoot, na Dalton Highway, no norte do Alaska


Depois, seguimos até Yukon Crossing, passando pela “pedra do mamute” que tinha me emocionado ontem. Estava linda como nunca, soberana como sempre, senhora absoluta daquela vastidão desde a época em que os gigantescos primos peludos dos elefantes ainda frequentavam a área. Hoje de noite, no nosso alojamento aqui do lado do maior rio do Alaska, não vai faltar assunto para meus sonhos. Aurora, mamute, Rússia, tundra, Polo Norte, neve, vai ser uma confusão...

De volta à 'pedra dos mamutes', na dalton Highway, norte do Alaska

De volta à "pedra dos mamutes", na dalton Highway, norte do Alaska

Alaska, Coldfoot, Ártico, Atigun Pass, Brooks Range, Círculo Polar, Dalton Highway, Yukon Crossing

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Espinhos ou Precipício?

Argentina, Tilcara, Salta

Explorando a Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina

Explorando a Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina


Nosso segundo dia em Tilcara começou com a díficil saída do delicioso hotel. O "Con Los Angeles" é desses que dá vontade de ficar uma semana, lendo um bom livro de tarde no banco do jardim interno, com vista para as montanhas, e tomando um delicioso vinho ao lado da lareira, para enfrentar as noites frias.

Vista do quintal do nosso hotel, em Tilcara - Argentina

Vista do quintal do nosso hotel, em Tilcara - Argentina


Mas nosso destino é seguir em frente! Empacotamos tudo na nossa fiel Fiona e seguimos para as ruínas de Pucara, ao lado de Tilcara. São ruínas de uma antiga cidade indígena pré-incaica que chegou a ter 1.500 habitantes. Ela foi construída em cima de um morro estratégico, de onde se podia controlar todo o fluxo de pessoas que passavam pela Quebrada de Humahuaca. A cidade continuou a florescer mesmo depois da conquista pelos Incas, no século XIV. Mas não resistiu à bárbara ocupação espanhola dois séculos mais tarde. Mortos, escravizados ou "realocados", os habitantes da cidade se perderam no tempo e para trás só ficaram as ruínas de uma cidade que, durante quinhentos anos, havia brilhado em Huamhuaca.

Vista da Quebrada Humahuaca, do alto do El Pucará, em Tilcara - Argentina

Vista da Quebrada Humahuaca, do alto do El Pucará, em Tilcara - Argentina


Caminhando pelo El Pucará, em Tilcara, na Quebrada Humahuaca - Argentina

Caminhando pelo El Pucará, em Tilcara, na Quebrada Humahuaca - Argentina


Caminhar por entre antigas ruas estreitas é uma viagem no tempo e na imaginação. O local vem sendo escavado por arqueólogos há um século e algumas casas e armazéns foram reconstruídos para que tenhamos uma idéia de como era a cidade. Mas a grande maioria do terreno está como o tempo o deixou, apenas a base das paredes em pé. A visão do vale abaixo é absolutamente magnífica, a mesma visão que tinham seus antigos moradores. No ponto mais alto foi construída uma pequena pirâmide que nada tem a ver com a antiga cidade, uma homenagem aos primeiros arqueólogos que exploraram o local. De lá temos a noção exata de Pucara, sua arquitetura, suas antigas ruas, os currais onde guardavam suas lhamas, as montanhas que os cercavam, a natureza de que viviam. Um passeio que vale muito à pena!

Explorando El Pucará, em Tilcara, na Quebrada Humahuaca - Argentina

Explorando El Pucará, em Tilcara, na Quebrada Humahuaca - Argentina


Visitando El Pucará, em Tilcara, na Quebrada Humahuaca - Argentina

Visitando El Pucará, em Tilcara, na Quebrada Humahuaca - Argentina


De Pucara seguimos para outra atração, oito quilômetros montanha acima por uma apertada estrada de terra, a Garganta del Diablo. É um estreito cayon, uma verdadeira garganta, como bem diz o nome, profunda e sombria, por onde corre um riacho que abastece a cidade abaixo. Uma trilha foi criada para se visitar esse canyon e é, ela mesmo, uma atração. Não só pelas vistas que proporciona mas também pela aventura de se percorrê-la. Afinal, quase todo o tempo estamos beirando precipícios de um lado e uma íngreme encosta do outro. Essa encosta é recoberta por um terreno sem nenhuma firmeza e também por uma vegetação totalmente espinhenta. Até a grama é cheia de espinhos! Como diria um querido irmão, território completamente hostil à presença humana.

No alto do canyon Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina

No alto do canyon Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina


Bom... hostil mas muito belo! Eu e a Ana seguimos por ele, fotografando e admirando a incrível paisagem. Buscando os melhores pontos para fotos eu seguia aqui e ali algumas trilhas "alternativas", sempre com o devido cuidado. Pois não é que, numa delas, ao resvalar meu pé na grama que normalmente é mole, levei um belo de um tropeção. Se fosse em outro lugar qualquer, simplesmente daria outro passo para frente, em tempo para não cair. Mas, nesse caso, uma passo para frente significaria 30 metros para baixo. Nesse meio segundo que durou algumas horas na minha mente, as opções eram bem claras: um salto no vazio ou me estatelar nos espinhos logo abaixo, os mesmos que me derrubaram. Não foi uma escolha difícil, né? E assim, enchi minhas mãos de espinhos...

Um minuto depois dessa foto na Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina, quase rolei desfiladeiro abaixo

Um minuto depois dessa foto na Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina, quase rolei desfiladeiro abaixo


Alguns, consegui tirar ali mesmo. Outros, uma esbaforida, assustada e irritada Ana, que assistiu o tombo de camarote, me ajudou a tirar. Mas a maioria ficou ali mesmo, bem alojados na minha pele, meus novos companheiros de viagem, lembranças de uma inesquecível trilha na Garganta del Diablo. O tempo e minha pele se encarregarão de expulsá-los, com ou sem a ajuda de uma boa pinça e agulha...

Voltando da Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina

Voltando da Garganta del Diablo, em Tilcara - Argentina


De volta ao carro, viagem para Salta. Primeiro, o belo trecho até Jujuy, que na vinda tínhamos feito de noite e com neve. Depois, caminho alternativo para Salta, por uma curvilínea estrada que mais parecia um caminho de bicicletas. Mas a paisagem era linda, cortando parques, matas e uma região totalmente bucólica e campestre. Um bom trecho nos lembrou bastante a Estrada das Paineiras, no Rio. Sem o mar ao longe, claro!

Chegando pela Corniza em Salta - Argentina

Chegando pela Corniza em Salta - Argentina


Já era de noite quando chegamos à Salta, nossa primeira metrópole no país dos hermanos. Com a ajuda do nosso GPS e de um trânsito bem organizado, chegamos logo à Plaza 9 de Julio, no centro. Ali nos instalamos no Victoria Plaza, nossa casa nos próximos dias. Programas não faltam por aqui e nas redondezas. Programas e obrigações! A Fiona está fazendo 50 mil km e vai fazer aqui sua primeira revisão no estrangeiro!

Chegando em Salta - Argentina

Chegando em Salta - Argentina

Argentina, Tilcara, Salta,

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Mais Mendoza. História, Câmbio, Vinhos...

Argentina, Mendoza

Caminhando no Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina

Caminhando no Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina


Mendoza está situada em um deserto. Os Andes barram toda a umidade que vem do Pacífico e quase não chega chuva por aqui. Ao mesmo tempo, é a cidade mais arborizada da Argentina, com mais de 100 mil árvores delineando suas amplas alamedas e praças. Como é que pode?

Muitas alamedas arborizadas em Mendoza, na Argentina

Muitas alamedas arborizadas em Mendoza, na Argentina


A solução para lidar com o clima seco foi dada pelos índios que habitavam a região, muito antes da chegada dos colonizadores espanhóis. Os Huarpes imaginaram e implantaram um sistema de irrigação de toda a área, utilizando-se da água dos rios formados pelo degelo nos Andes, através de canais e trincheiras abertas que continuam funcionando ainda hoje. São as chamadas “acequias” e ao seu lado, paralelas, estão as ruas e avenidas da cidade. O que aos olhos destreinados dos turistas pode parecer apenas valas que dividem as calçadas das ruas, são na verdade as veias e artérias da cidade, de onde bebem água as árvores que fornecem sombra e frescor para os mais de um milhão de habitantes da Grande Mendoza.

Canaletas de irrigação em Mendoza, na Argentina

Canaletas de irrigação em Mendoza, na Argentina


Horário oficial da irrigação nesta área da cidade, em Mendoza, na Argentina

Horário oficial da irrigação nesta área da cidade, em Mendoza, na Argentina


Em um inteligente e planejado sistema de rotatividade, a água é desviada para cada uma dessas acequias conforme um calendário pré-estabelecido. Assim, é muito mais comum vê-las secas do que cheias de água, mas as árvores verdes não deixam dúvidas que água corre sim por ali. Quem se aproveita também desse sistema são as dezenas de vinícolas, usando a mesma água para irrigar suas plantações. Como já bem sabemos, um fator fundamental para se obter parreiras e uvas de boa qualidade é a água, na quantidade e tempo exatos durante o crescimento da planta. Nada de chuvas imprevistas! Uma irrigação planejada é o ideal. Por isso o clima seco de uma irrigada Mendoza é o paraíso para esse tipo de cultura!

Uma das muitas praças de Mendoza, na Argentina

Uma das muitas praças de Mendoza, na Argentina


A cidade foi fundada em 1561 e sempre foi uma das principais do país na era colonial e no primeiro século de independência, quando disputava influência e riquezas mesmo com a capital Buenos Aires. Aqui foi organizado e daqui partiu o exército que San Martín liderou através dos Andes para liberar o Chile e o Peru do domínio espanhol. Enfim, eram tempos gloriosos para Mendoza.

Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina

Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina


Mas uma grande tragédia se abateu sobre a cidade bem no ano em que completava 300 anos de idade. Um terremoto avassalador botou todas as construções abaixo e matou milhares de pessoas. Com tempo e paciência, a cidade soube se erguer novamente, mas aprendeu a lição. Toda a sua arquitetura foi repensada para poder resistir a um novo terremoto. Nada mais de construções altas. Ruas e avenidas, agora, seriam mais largas. Uma rede de praças e espaços foi criada. Hoje, Mendoza é a cidade argentina com as calçadas mais amplas do país. Por isso, é tão agradável caminhar em suas ruas: muito verde, sombra e espaço para os pedestres.

Muitas flores no Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina

Muitas flores no Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina


Foi nessa deliciosa cidade que caminhamos na manhã de hoje. Primeiro, em busca de câmbio, uma atividade rotineira para turistas na Argentina de hoje. O câmbio oficial, aquele que conseguimos nos bancos, lojas e restaurantes, quando usamos nossos cartões, está muito mais baixo que o câmbio negro, ou “blue”, como eles chamam por aqui. Resultado de uma política econômica desastrosa do governo, mas que para nós, turistas, tornam o país muito mais barato. Desde que troquemos nossos dólares na taxa blue, claro! E não devemos trocar muito de cada vez. Primeiro, pela segurança! Mas principalmente porque, amanhã ou depois, é bem capaz de conseguirmos uma taxa melhor, já que o dólar continua subindo. Na prática, esses dois câmbios podem significar que um mesmo hotel nos custe 100 ou 60 reais, um mesmo vinho nos custe 50 ou 30 reais e por aí vai. Enfim, nas grandes cidades, nunca é difícil encontrar um “arbolito”, como se chamam os cambistas que atuam nas ruas mais movimentadas. Um pouco de cuidado para não pegar notas falsas e pronto: o país ficou, de repente, 40% mais barato!

Sorvete para aguentar o calor em Mendoza, na Argentina

Sorvete para aguentar o calor em Mendoza, na Argentina


Salada de frutas refrescante no Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina

Salada de frutas refrescante no Parque General San Martín, em Mendoza, na Argentina


Com dinheiro no bolso, fomos caminhar nas ruas sombreadas, praças e no principal parque de Mendoza, o General San Martín. Para combater o calor, além da sombra das árvores, um sorvete das inúmeras sorveterias ajuda bastante. E também uma refrescante salada de frutas nos jardins do parque.

Visita à vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina

Visita à vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina


Depois, hora de seguirmos viagem. Não sem antes mais uma parada em uma das vinícolas ao redor de Mendoza. Já que estamos aqui, temos de aproveitar! Dessa vez, foi em uma das mais famosas, a La Rural. Como eu estava dirigindo, tive de me conter e dar só uns golinhos. Quem curtiu foi a Ana, sempre aproveitando para aprender mais sobre essa bebida que tanto admiramos. Até compramos uma garrafa para levar aos nossos amigos que visitaríamos na nossa próxima cidade: San Juan.

Wine tasting na vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina

Wine tasting na vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina


Wine tasting na vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina

Wine tasting na vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina


Pois é, hoje começamos nossa longa jornada para cruzar o país de oeste a leste, rumo a Buenos Aires. Queremos chegar lá com tempo para aproveitar a cidade e pegar nosso barco rumo à Antártida, no dia 3 de Novembro, daqui a duas semanas. Contagem regressiva para um dos nossos maiores sonhos desde que saímos de Curitiba, há mais de três anos. As passagens estão compradas, ainda vou falar muito disso daqui para frente, e perder essa viagem não é uma opção!

O charmoso museu da vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina

O charmoso museu da vinícola La Rural, em Mendoza, na Argentina


Ou seja, tudo planejado para os próximos dias. Temos muitos amigos para visitar nesse caminho, como em San Juan, Córdoba e Villa Nova. Amigos que conhecemos na estrada e que agora, nos aguardam ansiosamente em suas casas. Além disso, queremos passar por parques e montanhas, cidades históricas e metrópoles. Uma programação apertada e intensa que começa com San Juan, onde dormimos hoje. Assunto para o próximo capítulo!

Argentina, Mendoza, Arquitetura, história, Vinho

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Crianças

Brasil, Paraná, Curitiba

A linda Sara, em Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES

A linda Sara, em Riacho Doce, fronteira da Bahia com Itaúnas - ES


O frio diminuiu um pouco aqui em Curitiba, sol brilhando num céu limpo o dia inteiro. O grande acontecimento do dia, na verdade, foi de noite. Um queijos e vinhos no apartamento do Gusta e da Paula (aqueles que assistimos o casamento, quando voltamos à Curitiba em Setembro do ano passado), oportunidade para rever vários amigos. A noite e o vinho renderam tanto que o bom senso nos fez dormir por lá mesmo. Lá estavam também a Dani e Dudu, com a linda filha que também é nossa sobrinha, a Luiza. O novo encontro com ela, e também com a Pietra me inspiraram no tema de hoje da retrospectiva em fotos da viagem até agora: as crianças que temos visto na nossa jornada:

Calma inspiradora: crianças conduzem canoa em rio da Praia do Bonete, em Ilha Bela

Canoas no rio ao lado da praia no Bonete em Ilha Bela - SP

Canoas no rio ao lado da praia no Bonete em Ilha Bela - SP


Hora do recreio em escola rural no Vale do Peruaçu, em Minas Gerais

Escola no Vale do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Escola no Vale do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Concentrada em seu próprio mundo, em Mariana - MG

Menina entretida, em Mariana - MG

Menina entretida, em Mariana - MG


Felicidade em seu estado mais puro

Crianças brincam na duna no fim de tarde, em Galinhos - RN

Crianças brincam na duna no fim de tarde, em Galinhos - RN


Vendo a vida passar preguiçosamente pelo rio em frente de casa. O Rio Preguiças...

Cais de Mandacaru, na viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)

Cais de Mandacaru, na viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)


Vendo a vida passar preguiçosamente pela estrada em frente de casa. A Transamazônica...

Grupo de meninos nos saudam, na Transamazônica - PA

Grupo de meninos nos saudam, na Transamazônica - PA


Nossos pequenos e fiéis companheiros de fim de tarde, na Ilha de Lençóis

Festa com as crianças no Bar do Martins, na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Festa com as crianças no Bar do Martins, na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA

Brasil, Paraná, Curitiba,

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Pedalando

Brasil, Paraná, Superagui, Barra do Ararapira

Barra da Lagoa, na Praia Deserta - Superagui

Barra da Lagoa, na Praia Deserta - Superagui



Com muita disposição, partimos meio atrasados na manhã de segunda, dia 2 da nossa viagem (ou 29 de Março,no calendário gregoriano), de bicicleta, rumo a Barra do Ararapira. Atrasados porque as bicicletas, carcomidas pela maresia inclemente, precisaram passar por um trato. Aproveitamos o tempo do atraso para brigar um pouco com a internet do lugar, que ainda vive na época do telefone. Via celular, nem pensar, é muito instável. Via telefone, só arquivos pequenos. Estamos é mal acostumados porque, na verdade, é incrível poder se conectar com o mundo de um lugar como o Superagui.

Bom, voltando a pedalada, seguimos para a Praia Deserta para vencer seus quase 30 km para chegar ao nosso objetivo nesse dia. Há quase quatro anos trás, eu e a Ana fizemos esse percurso a pé. Ela gosta de dizer que fiz isso como um teste (tínhamos iniciado nosso namoro apenas 2 meses antes). Bem, se foi um teste, foi bem duro! E ela passou com louvor! Foi uma caminhada árdua, psicologicamente falando. A praia não tem fim. Ela é bem larga, não tem curvas, poucos pontos de referência. Seis horas de monótona caminhada. Lá pela quinta hora, uma turma de ciclistas passou por nós. "É assim que deve ser feito!" pensei...

Atravessando a Barra da Lagoa, na Praia Deserta - Superagui

Atravessando a Barra da Lagoa, na Praia Deserta - Superagui



Dito e feito. Agora estávamos em nossas próprias bicicletas (alugadas na Pousada do Carioca). Foi muito mais agradável e rápido. A areia é ótima para pedalar e em duas horas de tranquila pedalada estávamos bem próximos do nosso destino. Bem próximos mas não lá. O trecho final não pode ser mais feito de bicicleta. O mar vem comendo a praia nessa pequena enseada que separa a Praia Deserta da Barra do Ararapira e quase não há mais faixa de areia.Dependendo da maré,não há mesmo. Mas isso não foi problema. Tínhamos passado um rádio antes de sairmos, dizendo que estávamos indo para lá. O pessoal da Pousada do Seu Rubens ficou de olho e, quando perceberam dois incautos ciclistas se aproximando do fim da praia, foram de voadeira nos buscar.

Na voadeira para a Barra do Ararapira

Na voadeira para a Barra do Ararapira



E assim, chegamos bem mais descansados do que da outra vez na Barra do Ararapira. O bumbum meio doído dos 30 km pedalando, mas cheios de energia para aproveitar esse lugar maravilhoso.

Brasil, Paraná, Superagui, Barra do Ararapira, Praia

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Passado e Futuro

Guiana Francesa, Cayenne, Kourou

Réplica do foguete Ariane V, no Centro Espacial em Kourou - Guiana  Francesa

Réplica do foguete Ariane V, no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa


A Guiana Francesa é uma terra de contrastes. Provavelmente, entre todas as terras da América do Sul, é a que menos mudou nos últimos séculos. A maioria da mata continua por aqui, alguns garimpeiros ilegais escondidos lá e cá, mas a mata ainda está lá. Mata, rios, animais, a natureza. A civilização chegou por aqui há mais de 300 anos, mas o clima úmido e quente, a mata quase impenetrável e principalmente as doenças mantiveram o homem branco e o progresso próximos ao litoral. Certamente, os rios serviram de "estradas" para o interior, mas foram muito poucos os lugares onde a civilização conseguiu se fixar. Um ano mais quente trazia mais doenças e a civilização era novamente expulsa. Hoje, em todo o país, são pouco mais de 200 mil pessoas. Menos que qualquer cidade média do Brasil. Em Cayenne, a capital, são pouco mais de 50 mil pessoas.

A Fiona encontra outro foguete, no Centro Espacial em Kourou - Guiana  Francesa

A Fiona encontra outro foguete, no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa


Pois bem, nesta mesma terra que parece parada no tempo, foi instalada a mais moderna e eficiente base de lançamento de foguetes do mundo. Mais da metade dos satélites lançados nos últimos 15 anos saíram daqui, da base espacial de Kourou, a segunda cidade mais importante do país.

Bandeiras dos países que participam da ESA, agência espacial européia (no Centro Espacial em Kourou - Guiana  Francesa)

Bandeiras dos países que participam da ESA, agência espacial européia (no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa)


Por estar localizada quase sobre a linha do Equador, a região favorece o lançamento de satélites, tornando essa "atividade" muito mais barata e eficiente energeticamente falando do que em lugares como a Flórida ou o Casaquistão, onde estão as principais bases americana e russa de lançamentos. Resumindo, no Equador a Terra gira mais rapidamente, o que dá um maior impulso aos foguetes. Sendo um território francês, foi aí que a Europa, unida, resolveu investir para não ficar para trás na corrida espacial.. O vazio populacional e a proximidade do mar também foram fatores relevantes.

Lançamento do Ariane V, no Centro Espacial em Kourou - Guiana  Francesa

Lançamento do Ariane V, no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa


Hoje, são lançados daqui os foguetes Ariane V, o mais potente da Europa. Ainda este ano, em convênio com a Rússia, serão lançados também os foguetes Soyuz, os mais tradicionais na história da exploração espacial. Há três semanas atrás, a bordo de um Ariane V, foi lançado um módulo-cargueiro para a estacão espacial. Enfim, não é pouca coisa não!

Visitando o museu do Centro Espacial em Kourou - Guiana  Francesa

Visitando o museu do Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa


Para lá fomos hoje. Kourou fica a 60 km de Cayenne, estrada simples e de pouco movimento. Infelizmente, todos os hotéis da cidade já estavam lotados, então tivemos de ir e voltar. Amanhã seguimos novamente para lá. Desta vez sem volta. Fomos diretamente para a base, onde participamos de um tour pela sala de comando de lançamentos, a Júpiter. Ali, assistimos filmes e uma palestra. Tudo em francês! A Ana ainda conseguiu um fone para tradução para o inglês de um dos filmes, enquanto eu desenferrujava meus parcos conhecimentos de 15 anos atrás. Como gosto do assunto, não foi difícil entender não.

A sala de comando do Centro Espacial em Kourou - Guiana  Francesa

A sala de comando do Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa


Voltamos para Cayenne com foguetes na cabeça para nos despedir da cidade. Amanhã, antes das sete da manhã, voltamos à Kourou. Desta vez, não para visitar o espaço, mas o mar, logo ali na frente. Ao invés de foguetes, um catamarã. No lugar de outros planetas, ilhas. Ilhas por onde passaram pessoas como Papillon e Alfred Dreyfuss, parte da minoria que sobreviveu aos rigores da mais infame prisão dos tempos modernos: a Ilha do Diabo.

Guiana Francesa, Cayenne, Kourou,

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A Geórgia do Sul

Geórgia Do Sul, Salisbury Plain

Pinguins rei e lobos-marinhos dividem a praia em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

Pinguins rei e lobos-marinhos dividem a praia em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


Chegamos hoje à Geórgia do Sul, um dos pontos altos dessa nossa viagem até a Antártida. Apelidada de “a Galápagos do Atlântico Sul” pela quantidade impressionante de vida selvagem que vive na ilha, a Geórgia do Sul também é conhecida pela sua paisagem montanhosa e repleta de geleiras e pela sua participação na história da exploração polar, além de ter sido o principal ponto de apoio para a indústria baleeira na região ao longo de quase um século.

Nosso roteiro pelos mares do sul entre Falkland, Geórgia do Sul, Península Antártica e Ushuaia

Nosso roteiro pelos mares do sul entre Falkland, Geórgia do Sul, Península Antártica e Ushuaia


Ainda entre nuvens, nossa primeira visão da  Geórgia do Sul, em Salisbury Plain

Ainda entre nuvens, nossa primeira visão da Geórgia do Sul, em Salisbury Plain


Localizada a cerca de 1.300 quilômetros a leste do arquipélago de Falkland, quase na fronteira do Atlântico Sul com as águas polares que envolvem a Antártida, a ilha tem uma extensão de 170 quilômetros com largura variando entre 15 e 30 quilômetros. Ao contrário de Falkland, a ilha é bem montanhosa, com muitos picos superando os 2 mil metros de altitude. O ponto máximo é o Mount Paget, com 2.934 metros. A existência dessas montanhas e das inúmeras geleiras que descem por suas encostas acaba isolando diversas partes da ilha entre si, pelo menos por via terrestre.

Mapa da Geórgia do Sul, com suas montanhas mais altas, principais bases, animais mais conhecidos e até a rota de Shackleton

Mapa da Geórgia do Sul, com suas montanhas mais altas, principais bases, animais mais conhecidos e até a rota de Shackleton


A paisagem montanhosa de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

A paisagem montanhosa de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


A formação das ilhas tem a ver com o encontro das placas tectônicas da América do Sul, ao norte, e de Scotia, ao sul. Essa última é uma pequena placa espremida entre as placas gigantes da América do Sul e da Antártida. Aliás, o seu processo de nascimento e formação está ligado a uma mudança geológica que afetou profundamente o clima do mundo e da própria Antártida, transformando-a no continente gelado que conhecemos hoje.

A paisagem montanhosa de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

A paisagem montanhosa de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


Placas tectônicas do continente americano. No sul está a pequena placa de Scotia, que separa a placa antártica da placa sul-americana

Placas tectônicas do continente americano. No sul está a pequena placa de Scotia, que separa a placa antártica da placa sul-americana


Quando o supercontinente de Gondwana começou a se esfacelar 100 milhões de anos atrás, a América do Sul e a Antártida ainda eram unidas pela Península Antártida. Conforme o tempo passava e África e América iam se separando para criar o Oceano Atlântico, também a Antártida começou a se separar do sul do Chile. Inicialmente era uma passagem estreita, a primeira ligação entre o Atlântico ao Pacífico. Mas as placas tectônicas da América e da Antártida forçavam ainda mais essa separação, criando um espaço entre elas que foi preenchido pela Placa de Scotia. Pois é, placas tectônicas também nascem e morrem, sendo engolidas ou se fundindo com outras. Enfim, esse espaço alargado entre os dois continentes que se separavam ficou cada vez mais profundo e hoje é conhecido como “Drake Passage”, ou “Passagem de Drake”. Por aí circulam milhões de toneladas de água ligando os maiores oceanos da Terra e moldando fortes correntes marinhas que encapsularam o frio polar sobre a Antártida, criando a maior massa de gelo do planeta. Enquanto isso, na porção norte da placa de Scotia, a sua fricção com a placa americana é fonte criadora de terremotos, vulcões e da própria ilha da Geórgia do Sul, com suas altíssimas e escarpadas montanhas.

Muito gelo e neve em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

Muito gelo e neve em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


A paisagem grandiosa de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

A paisagem grandiosa de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


A ausência de fósseis antigos na Geórgia do Sul é forte indicativo que a ilha é razoavelmente recente e que nunca esteve ligada às grandes massas de terra onde viveram os dinossauros. Também os humanos nunca haviam chegado aí até que a ilha começasse a ser visitada pelos europeus já no séc. XVIII. Aí eles encontraram centenas de milhares de pássaros, como pinguins e albatrozes, e mamíferos marinhos, como elefantes e leões-marinhos. AO redor da ilha, dezenas de milhares de cetáceos, como baleias e golfinhos. Animais que nunca haviam visto os seres humanos e não aprenderam a ter medo dele.

Salisbury Plain, na Geórgia do Sul, a 2a maior colônia de pinguins rei do mundo!

Salisbury Plain, na Geórgia do Sul, a 2a maior colônia de pinguins rei do mundo!


As montanhs nevadas de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

As montanhs nevadas de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


Foi justamente essa abundância de animais a responsável pelo primeiro ímpeto de ocupação da Geórgia do Sul, mesmo com seu clima e condições inóspitas. Baleeiros noruegueses acharam aqui sua mina de ouro e, desde o início do séc. XX e por muitas décadas que se seguiram, fizeram da ilha o seu lar e base para a caça e exploração das baleias. Somente na estação de Grytviken chegaram a viver mais de 500 pessoas durante o verão e estação de caça, enquanto bem menos do que isso ficava lá durante o inverno. Era quase uma pequena cidade, com direito a igreja e escola. Muitas outras estações de baleeiros se espalharam pelas diversas baías da costa norte da ilha e o resultado trágico dessa caça indiscriminada foi a quase extinção de muitas das espécies desse magnífico animal. Falarei mais disso quando chegarmos nessas antigas estações.

Salisbury Plain, na Geórgia do Sul, a 2a mais populosa colônia de pinguins rei do mundo

Salisbury Plain, na Geórgia do Sul, a 2a mais populosa colônia de pinguins rei do mundo


A temível skua, uma ave de rapina, em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

A temível skua, uma ave de rapina, em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


Além dos baleeiros, eram os pesquisadores e exploradores polares os outros a frequentar essa ilha naqueles tempos. Entre eles, o famoso Ernest Shackleton, autor de uma das maiores proezas da história das explorações quando, junto com uns poucos companheiros, conseguiu voltar a remo da Antártida até a Geórgia do Sul. Como chegou a costa sul da ilha, ainda teve de cruzar a pé suas montanhas para, finalmente, encontrar ajuda em Grytviken e organizar outra expedição para salvar sua tripulação deixada na Antártida. Era o ano de 1915 e essa é outra história que vou ter de contar direito mais tarde, quando também nós formos fazer parte do trekking que Shackleton fez pra cruzar as montanhas geladas da Geórgia.

Um grupo colorido de piinguins Rei, em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

Um grupo colorido de piinguins Rei, em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


Carinho de filho para mãe, elefantes-marinhos em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

Carinho de filho para mãe, elefantes-marinhos em praia de Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


Felizmente, a caça a baleia acabou por aqui. Primeiro, porque já quase não haviam baleias. Segundo, porque a prática acabou proibida. Então, os baleeiros se foram. Assim como os exploradores antárticos, já que o continente já havia sido explorado. O próximo interesse foi estratégico-militar. A posse das ilhas sempre foi britânica, mas a soberania era reclamada pelos argentinos. Em 1982, no contexto da Guerra das Malvinas, eles chegaram a ocupar brevemente partes da ilha. Chegaram em 3 de Abril daquele ano e, numa breve batalha em que perderam um helicóptero e 3 homens, acabaram por conquistar Grytviken, que contava com uma guarnição de 22 marines britânicos. Entre os ingleses que não se entregaram e ficaram em outras partes da ilha, o nosso guia de história da expedição, Damien Sanders. Imagina quanta história não tem para nos contar! Três semanas mais tarde os britânicos reconquistaram o lugar, após danificar e capturar o submarino argentino Santa Fé. As tropas de terra argentinas, lideradas pelo Capitão Alfredo Astiz, se entregaram sem luta. Astiz, um cruel torturador das equipes de repressão do governo militar, aparentemente só era “corajoso” quando tinha o controle da situação. Na Argentina, enquanto a Guerra das Malvinas continuava (só terminou no início de Junho), a imprensa ufanista dizia que os soldados continuavam a lutar na Geórgia utilizando-se de táticas de guerrilha.

Guindaste ergue um dos zodiacs no convés do Sea Spirit, em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul

Guindaste ergue um dos zodiacs no convés do Sea Spirit, em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul


Bem vindos a Salisbury Plain, na Geórgia do Sul!

Bem vindos a Salisbury Plain, na Geórgia do Sul!


Bom, felizmente, nada mais de baleeiros e de soldados nesse paraíso da vida selvagem. Apenas pesquisadores e turistas, todos em busca das fantásticas paisagens, dos magníficos pinguins rei, a segunda maior espécie desse pássaro, do albatroz real, a ave com a maior envergadura de asas dentre todas as espécies que voam e dos gigantescos elefantes-marinhos, que chegam a ter 8 metros de comprimento. Nós já vamos ver um pouquinho de tudo isso logo no nosso primeiro dia em Geórgia, quando vamos desembarcar em Salisbury Plain, frequentada por leões0marinhos e elefantes-marinhos e local da 2ª maior colônia do mundo de pinguins rei e Prion Island, quando vamos estrear nossos caiaques (finalmente!) e acompanhar os primeiros voos dos filhotes de albatrozes. Dá para imaginar a ansiedade?

Todos ao conés para fotos! (em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul -foto de Peter)

Todos ao conés para fotos! (em Salisbury Plain, na Geórgia do Sul -foto de Peter)

Geórgia Do Sul, Salisbury Plain, Bichos, geografia, história

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