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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A longa estrada em direção à Fiambalá e ao Paso san Francisco, na Argentina
Bem em frente a Corrientes, do outro lado do rio Paraná, está a cidade de Resistência, já na província do Chaco. Enquanto a primeira é conhecida nacionalmente como a “Cidade dos Murais”, Resistencia é conhecida como a “Cidade das Esculturas”. São mais de 300 delas, espalhadas pelas ruas e praças da cidade. Desde as clássicas de heróis nacionais sobre seus cavalos, até as mais modernas e abstratas. Tem para todo gosto. A mais simpática delas, talvez, seja a que homenageia uma das personagens mais queridas da cidade, o cão Fernando. Esse simpático vira-lata viveu no centro da cidade na década de 60 e, com sua alegria contagiante e irremediável boemia, conquistou a simpatia de todos. Quando morreu, lojas e restaurantes fecharam suas portas em sinal de respeito e foi até mesmo organizado um cortejo fúnebre. Fernando foi imortalizado com uma estátua e tem sempre gente por lá tirando fotos!
Estátua do cão Fernando, uma lenda na cidade de Resistencia, na Argentina (foto da internet)
Bom, deixamos Resistencia para trás e seguimos em frente, na direção oeste, rumo ao poente, atravessando as intermináveis retas do Chaco. Nós já conhecíamos o Chaco do outro lado da fronteira, no Paraguai, região de clima e vegetação hostil à ocupação humana. Foi uma área de colonização tardia na Argentina, pois os nativos também eram bem aguerridos. Aliás, daí vem o nome “Resistencia”: a cidade teve de resistir a diversos ataques indígenas durante as primeiras décadas de sua fundação. Enfim, foram horas e horas de estrada até chegar a Santiago del Estero, a mais antiga e considerada a “mãe das cidades argentinas”.
Cruzando o centro-norte da Argentina, do Chaco aos Andes, de Resistência a Fiambalá, passando por Santiago del Estero, a primeira cidade do país
Na verdade, outros povoados foram fundados antes de Santiago, nas primeiras décadas do séc. XVI, mas nenhum deles resistiu muito tempo. A própria Buenos Aires, fundada na década de 30, não resistiu aos ataques indígenas. Seus primeiros habitantes acharam por bem empacotar tudo, subir o rio Paraná, enveredar pelas águas do rio Paraguai e, finalmente, se estabelecer onde é hoje a cidade de Assunción. Pelos próximos 2 séculos, a atual capital paraguaia seria o maior e mais importante centro urbano espanhol desse lado da América. Já a cidade de Santiago del Estero, fundada em 1553, resistiu bem às dificuldades iniciais, prosperou e é mesmo o mais antigo povoamento em solo argentino. Além disso, foi daí que saíram expedições que fundaram algumas das mais tradicionais cidades hermanas de hoje, como Córdoba, Salta e Tucumán. Por isso o apelido de “mãe de todas as cidades”.
Visão aérea da praça da Catedral de Santiago del Estero, a mais antiga cidade da Argentina (foto da internet)
Tantas horas de enfadonhas estradas serviram para refletir um pouco sobre os primeiros séculos de história desse país pelo qual estamos viajando, nosso eterno e simpático rival nos campos de futebol. Algumas décadas depois do descobrimento do Novo Continente por Colombo, os espanhóis já exploravam as suas duas costas, ávidos em busca de metais preciosos. Do lado do Pacífico, deram de cara com o Império Inca e trataram logo de se apoderar de suas grandes riquezas. Do lado de cá, encontraram uma enorme boca de rio, o caminho mais fácil de entrar continente adentro em busca dos almejados tesouros. Tão confidentes estavam no que iriam encontrar, e também num golpe de marketing para atrair mais europeus para cá, que não pensaram duas vezes em batizar o grande rio de “Rio de La Plata” e as novas terras de “Argentina”, que vem da palavra latina “argentum”, que quer dizer “prata”.
Região desértica no caminho para Fiambalá, na Argentina
Pois é, não importa a propaganda, não acharam nada por aqui. Aqui não, mas lá na Bolívia, em Potosi, acharam uma montanha inteira de prata (veja aqui o nosso post de quando passamos por lá!). Rapidamente, a sua exploração passou a ser a maior atividade econômica do planeta! Por quase dois séculos, foi a prata extraída a mais de 5 mil metros de altitude, nessa remota montanha perdida no meio dos altiplanos bolivianos que sustentou a economia de todo o império colonial espanhol e, em certa medida, também dos outros países europeus. Dezenas de milhares de pessoas eram necessárias para trabalhar toda essa riqueza e, para sustentar essas pessoas, era preciso comida, roupas, meios de transporte (mulas) e muito mais. E nada disso podia ser produzido nas alturas de Potosi. Por isso, cidades foram criadas e rotas se estabeleceram no noroeste da Argentina, com clima e condições muito mais amenas do que no altiplano. Cidades como Córdoba e Tucumán prosperaram, seus produtos seguindo diretamente para a Bolívia e também para Lima, de onde eram exportados para a Europa.
Apenas ao final da época colonial foi criado o Vice-reinado do Rio da Prata. Antes disso, todo o comércio exterior era direcionado a Lima, no Peru
Pois é, a rica economia agrícola que se desenvolveu, inicialmente para sustentar Potosi, ganhou força para exportar para a Europa também. Uma nova e importante fonte de renda para a metrópole, que ganhava com a taxação desse comércio. Para facilitar o controle, a Espanha determinou que todos os produtos deveriam ser exportados a partir de Lima, sede do vice-reinado que administrava quase toda a América do Sul. Com isso, algo produzido aqui em Córdoba tinha de ser levado através de milhares de quilômetros através de Potosi e da Cordilheira dos Andes, ao invés de seguir para a vizinha Buenos Aires e ser embarcada de lá. Por isso, cidades na rota, como Córdoba e Tucumán foram, por 200 anos, maiores e mais influentes que Buenos Aires, um excelente porto, mas que era proibido de exportar. Claro que muita gente percebeu isso e Buenos Aires virou o paraíso dos contrabandistas. Percebendo o grande filão, os portugueses do Brasil até fundaram a cidade de Colonia do Sacramento, na margem norte do Rio da Prata, apenas para abastecer e comercializar com os contrabandistas portenhos. Mas a Espanha insistiu com sua política centralizadora e foi apenas em meados do séc XVIII, quando Potosi finalmente perdeu sua força, que a metrópole resolveu criar o Vice-reinado do Rio da Prata, com sede em Buenos Aires. Estava preocupada com a evasão de divisas e a força que Portugal vinha adquirindo na região do Prata. Finalmente, nossos hermanos puderam entrar na economia formal, regularizar seus negócios e deixar de ser um rincão perdido e abandonado da América Espanhola.
A longa estrada em direção à Fiambalá e ao Paso san Francisco, na Argentina
Chega de história, de volta à estrada. Chegamos na mãe de todas as cidades já de noite, enfrentamos o trânsito caótico do centro, achamos um hotel e fomos comer no delicioso Mia Mama, restaurante na praça central. Apesar de tão antiga, a cidade foi destruída por um violento terremoto em 1817. Portanto, os prédios mais antigos, como a catedral, são posteriores a essa data. Pela manhã, caminhamos em uma praça, fizemos compras de víveres e seguimos viagem, agora para a nossa conhecida Fiambalá. Pouco mais de dois anos atrás, já tínhamos passado por lá, no nosso caminho para o Paso San Francisco, sobre os Andes. Naquela época, ele estava fechado pela neve e tivemos de voltar. Como somos teimosos, vamos tentar de novo!
Nossa pousada perto das deliciosas termas de Fiambalá, na Argentina
O caminho até Fiambalá é lindo, assim como são deliciosas as termas da cidade. Já conhecedores do terreno, seguimos diretamente para lá, mas dessa vez não demos a sorte de encontrar um quarto livre dentro das próprias termas, como da outra vez. Mas não faz mal, ficamos ali do lado, compramos uma garrafa de vinho e fomos matar saudades das piscinas no meio de montanhas de pedra com temperaturas perto de 40 graus. Uma delícia! Ficamos pulando de piscina em piscina, algumas mais quentes e outras nem tanto, por horas a fio, embalados pelo vinho argentino. Tudo pronto para, finalmente, com dois anos de atraso, cruzarmos o famoso San Francisco. Quanto às fotos aqui das termas de Fiambalá, também se perderam no roubo que sofreríamos alguns dias depois, em La Serena, no Chile. Mas não tem importância, temos as belas fotos da vez passada, e o lugar continua o mesmo. Para quem quiser conferir, essas fotos estão aqui. Melhor ainda: as fotos do dia seguinte, da nossa passagem pelo Paso San Francisco, uma das mais fantásticas paisagens que conhecemos nesses 1000dias, estas sobreviveram. Assunto para o próximo post!
A incrível cor da Laguna Verde, no lado chileno do Paso San Francisco, passagem andina entre Argentina e Chile
aí sim. retorno em alto estilo !
Resposta:
Grande Rubens!
Antes tarde do que nunca, né?
Agora vai! Pode cobrar!
Um grande abraço
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