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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A charmosa arquitetura da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Até hoje não se sabe ao certo à qual terra se referiam quando foi ouvido o grito de “Terra à vista!!!” na nau de Colombo, no ano de 1492. Uma das pequenas ilhas do leste do Caribe. Dias mais tarde, os espanhóis chegaram a uma ilha maior, a atual Hispaniola, no que é hoje a costa norte do Haiti. Aí fundaram o povoado de La Navidad, que não vingou. No ano seguinte Colombo estava de volta e tentou novamente, agora um pouco mais à leste, já no território atual da República Dominicana. La Isabela também não vingou. Em 1496 os espanhóis tentaram uma terceira vez, dessa vez na costa sul da ilha, ao lado do rio Ozama. Era a cidade de Nueva Isabela, destruída pouco tempo depois por um furacão. Os espanhóis simplesmente mudaram a cidade para o outro lado do rio e chamaram-na Santo Domingo. Agora sim, a mais antiga cidade europeia nas Américas, futura capital da República Dominicana e onde chegamos ontem, vindos do Panamá, 517 anos após sua fundação.
Fortaleza Ozama, responsável pela defesa de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Santo Domingo foi a primeira capital da américa espanhola. Daqui partiram as expedições para conquista e colonização de Cuba, Porto Rico, México e até para se descobrir o Oceano Pacífico, do outro lado do istmo do Panamá. Também na cidade se encontram o primeiro hospital, a primeira igreja, a primeira fortaleza e a primeira rua pavimentada do Novo Mundo. Basicamente, a América na forma que conhecemos hoje começou aqui!
Fortaleza Ozama, responsável pela defesa de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Quem chegou a morar na cidade por algum tempo, enquanto ainda era vivo e também depois de morto há quase 500 anos, foi Cristóvão Colombo. Aliás, o primeiro “nepotismo” das américas também se deu por aqui, pois o papai Cristóvão tratou de empregar seu filho e família. A casa dos Colombos é um dos prédios mais belos para ser visitado na cidade, hoje transformado em museu.
Grupo de estudantes prepara-se para visitar a mais antiga catedral das Américas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Outra visita importante são as diversas igrejas da cidade, principalmente a Catedral Primada da América, a primeira desse lado do mundo. Construída ao longo de gerações por diversos arquitetos, ela é como um quebra-cabeça arquitetônico, cada parte representando uma época. Assim como a casa dos Colombos e a primeira fortaleza do continente, estão todas na área conhecida como Zona Colonial. Como o próprio nome nos faz intuir, é a parte mais antiga da cidade e aí estão localizados numerosos hotéis. Foi onde escolhemos ficar e toda a área pode ser conhecida a pé mesmo. Cheio de ruas charmosas, outras já bem acabadinhas, numa espécie de “décadence avec élégance”. Muito me lembrou do centro de Havana. Qualquer semelhança não é pura coincidência, já que ambas tem idades parecidas e construtores que vieram da mesma escola...
Catedral Primada de America, a primeira do novo continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Aliás, após o inicio glorioso, o centro do poder colonial espanhol foi se deslocando para o oeste, primeiro para Havana e depois para o México. A ilha onde chegou Colombo virou uma colônia de 2ª linha e os colonizadores que insistiram em ficar por aqui lutavam para sobreviver, não estando muito melhores do que os próprios negros trazidos como escravos. Essa menor diferença social facilitou a miscigenação das raças, mais do que em qualquer outro lugar da América espanhola.
Interior da Catedral Primada de America, a mais antiga do continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Interior da Catedral Primada de America, a mais antiga do continente, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
A independência foi um processo complicado. Assim que se livraram dos espanhóis, em 1821, foram ocupados pelos vizinhos haitianos, de quem só se livraram 23 anos mais tarde. A chamada “Primeira República” durou apenas 17 anos, entre 1844 e 1861 e teve um número semelhante de golpes ou tentativas de golpes de estado. Sina latino-americana. A república terminou com uma inédita volta aos tempos coloniais, a Espanha reassumindo o controle de sua antiga possessão. Isso só foi possível porque a nossa potência continental, os Estados Unidos, já se encontravam em Guerra Civil, a famosa doutrina Monroe (“América para americanos!”) esquecida temporariamente. Aliás, foi nessa mesma época que a França interviu no México, todos se aproveitando da fraqueza “estadounidense”.
Iglesia de las Mercedes, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Isso não durou para sempre. O norte venceu o sul, os escravos ganharam sua liberdade, espanhóis deixaram a República Dominicana e franceses deixaram o México. Os americanos passaram a procurar um lugar para onde enviar seus antigos escravos. Entre as opções, o nosso Brasil, a Libéria, na África, e a República Dominicana. Por um bom tempo discutiu-se seriamente a anexação do jovem e conturbado país pelos Estados Unidos, mas o senado americano acabou rejeitando a ideia.
Rua da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Nova sequência interminável de golpes de estado e governos corruptos e ineficientes levaram o país à bancarrota, os maiores credores países europeus furiosos com o calote. Eles estavam a ponto de invadir o país para forçar o pagamento das dívidas, no início do século XX quando os Estados Unidos (agora sim, exercendo a doutrina Monroe), assumiram esses débitos e transformaram o país em um protetorado, tratando de recuperar seu “investimento”. Quando as coisas se complicaram novamente, os marines ocuparam a República Dominicana, já em plena 1ª Guerra Mundial. Nos oito anos que lá estiveram, os americanos tentaram mudar o país, desmantelando as diversas milícias que existiam e criando uma polícia nacional. Também construíram estradas e expandiram o sistema de educação, mas foi mesmo a criação da polícia nacional a mudança que traria as consequências mais profundas.
Uma convidativa mesa em jardim de Santo Domingo, capital da República Dominicana
Isso porque, pouco depois de se retirarem do país, foi exatamente das forças polícias que apareceu Rafael Trujillo, o ditador que comandaria a ilha com mãos de ferro por quase 40 anos. Se, por um lado, a estabilidade política trouxe certo desenvolvimento à Rep. Dominicana, por outro, foram dezenas de milhares de pessoas que morreram nas mãos de soldados comandados por um homem que , entre outras coisas, mudou o nome de avenidas, escolas, montanhas e até da capital para o seu próprio nome, numa escancarada forma de auto-promoção. Pois é, Santo Domingo passou a chamar-se Ciudad Trujillo, assim como o Pico Duarte (herói da independência contra os haitianos), o mais alto do Caribe, tornou-se o Pico Trujillo.
A charmosa arquitetura da Zona Colonial, centro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana
O ditador foi finalmente assassinado em uma ação cinematográfica, em 1961. A instabilidade que se seguiu resultou em nova ocupação americana, em 1965. Um ano mais tarde, os marines foram substituídos por tropas da OEA (a Organização dos Estados Americanos) e o maior contingente era brasileiro, com mais de 1000 soldados! Desde então, aos poucos, o país foi se estabilizando e democratizando-se. Na verdade, até a década de 90, as eleições eram sempre manchadas por fraudes ou violência mas, ao menos nominalmente, o país vivia numa democracia. Nos últimos 20 anos, aparentemente, a constituição e as leis têm sido respeitadas. Na economia, com um massivo investimento em turismo, o país passou a ser a maior potência caribenha, atraindo dezenas de milhares de pessoas do mundo inteiro todos os anos, muitos brasileiros entre eles.
Carruagem nas ruas da Zona Colonial, em Santo Domingo, capital da República Dominicana
Esses dois dias na capital Santo Domingo começaram a nos dar uma ideia desse país. Mas antes de continuarmos nossas explorações por aqui, vamos para o vizinho com uma história ainda mais turbulenta e penosa, o Haiti. Compramos nossas passagens de ônibus e seguimos para lá amanhã cedo, numa viagem que promete demorar perto de 8 horas, algumas delas passadas na fronteira. Os dominicanos com quem conversamos não entendem o que vamos fazer por lá. Recomendam muito cuidado. Bom, nossa curiosidade e vontade de conhecer o Haiti é muito maior do que qualquer temor. A experiência, vocês acompanham depois do próximo post, pois ainda tenho de falar de um mergulho muito especial que fizemos aqui mesmo, na periferia de Santo Domingo.
Marcação de rua na Zona Colonial, bairro histórico de Santo Domingo, capital da República Dominicana
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