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Depois de um café da manhã sortido e profissional como há muito não v...
Hoje deixamos Olinda e fomos conhecer alguns dos pontos mais badalados do...
RENATO (01/02)
Estamos começando nossos planos para cruzar do Ushuaia ao Alasca de moto...
Sabrina (29/01)
É preciso ter curso avançado para realizar esses mergulho do live abord...
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Visitando o mais tradicional fervedouro do Jalapão, próximo à Mateiros - TO
Hoje o dia amanheceu chuvoso e, meio desejosos de um pouco de sossego depois de tanta correria, aproveitamos para decidir passar mais um dia no Jalapão, bem tranquilos. Ficamos na pousada pela manhã, trabalhando na internet e, quando a chuva finalmente parou, fomos almoçar na Dona Rosa, comida caseira famosa em Mateiros. Ali o Wesley foi nos encontrar, para juntos seguirmos para os feverdouros para uma tarde relaxante. O Wesley é um goiano que mora em Palmas e que conhecemos na pousada em São Félix. Aqui em Mateiros, também ficamos na mesma pousada.
Fervedouro e as tradicionais bananeiras, próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO
Deve haver mais de uma dezena de fervedouros conhecidos na região do Jalapão, a maioria deles em terrenos particulares não abertos à visitação. É água nascendo prá todo lado! Soma-se a isso os rios caudalosos e as veredas e vem a curiosidade: mas porque então a região é conhecida como "Deserto do Jalapão"? A Ana, por exemplo, quando eu falava da minha viagem de 2000 por aqui, dezenas de quilômetros sem cruzar com ninguém, ficava me imaginando cruzando dunas e dunas de areia, quase como o Saara. Tenho certeza que outras pessoas tem a mesma ideia, do tanto que se fala do tal "deserto"...
As chapadas próximas à Mateiros, região do Jalapão - TO
Pois é, o tal "deserto" não tem nada a ver com ausência de vegetação, como são os desertos mais conhecidos, mas com ausência de pessoas! O Jalapão tem a menor densidade populacional do país, se equivalendo com a Amazônia! É só isso, falta de gente! Porque, além de água, vegetação tem muita também! Principalmente agora, no fim do período de chuvas, o cerrado está viçoso, florescendo. Uma beleza! Nada a ver com um deserto, hehehe.
Estradas encascalhadas do Jalapão, próximo à Mateiros - TO
Então, voltando aos fervedouros, para lá seguimos, diretamente ao mais tradicional deles, o único que eu tinha visitado onze anos atrás. Esse, não tem nem nome oficial, é simplesmente "o" fervedouro. Fica à pouco menos de 30m km de Mateiros, na mesma entrada para o Povoado de Mumbuca. Certamente não é tão belo como o Fervedouro do Alecrim, em São Félix, mas também tem seus encantos. As mesmas bananeiras de sempre ao seu redor e uma pressão de água subindo ainda mais forte.
Pressão da água faz a areia "rebolar" no fervedouro próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO
Lá ficamos os três, por um bom tempo, encantados com o fenômeno de não conseguir afundar naquele solo nebuloso de areia. Como disse no outro post, não adianta explicar, não adianta mostrar fotografia, tem de experimentar!
Relaxando no fervedouro próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO
De lá seguimos para outro, ali perto, do Soninho. É um dos maiores. Mas o dono está "regulando" a visitação apenas para seus clientes. Num mesmo lago, tem três ou quatro "bocas" de água nascendo. Depois desse, voltamos para Mateiros. De noite, rolou mais uma pizza na Pizzaria do Carioca, cujo dono, o Dázio, virou amigo nosso, amante de viagens que ele é.
Fim de tarde no cerrado próximo à Mateiros, região do Jalapão - TO
Amanhã, deixamos Mateiros para seguir no rumo de Ponte Alta, a porta de entrada do Jalapão (no nosso caso, será a porta de saída...). No caminho, duas das mais famosas atrações "terrestres" da região: a Serra do Espírito Santo e as dunas avermelhadas. Depois, vamos seguir até o Rio Novo para acampar em uma de suas praias, bem próximo à Cachoeira da Velha. Que beleza de dia!
Curtindo o incrível entardecer do alto do santuário Pachatata, na ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Como disse no post anterior, ao final da tarde todos os turista que haviam chegado no barco da manhã e se dividido entre as diversas casas da comunidade se reuniram novamente. Juntos com o capitão do nosso barco, a ideia era caminhar até o santuário de Pachamama, o segundo ponto mais alto da ilha de Amantani, para conhecer as ruínas arqueológicas e, acima de tudo, admirar o fim de tarde lá de cima, o sol e o céu colorido sobre as águas do lago Titicaca.
Placa informativa no caminho para as montanhas e santuários da ilha de Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Esse é o programa predileto de todos os turistas que dormem na ilha, espalhados pelas 10 comunidades de Amantani. De todas essas comunidades partem trilhas morro acima, cruzando terraços agrícolas, antigos arcos de pedras e rebanhos de ovelhas. Uma linda caminhada por caminhos de pedra respirando o ar puro da altitude superior aos 4 mil metros.
Fim de tarde no lago Titicaca, observados do Santuário Pachamama, no alto da ilha de Amantani, no Peru
Arco de pedra no caminho para o Santuário Pachamama, no alto da ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Conforme vamos chegando, mais turistas vemos, vindos de todos os lados. Todos para o alto da Pachamama, passando por alguns vendedores rumo ao templo lá encima. A visão é absolutamente sublime, o Titicaca nos cercando por todos os lados, montanhas nevadas no lado longe do lago e o lago prateado e outras pequenas ilhas e baías na orla próxima do Titicaca. O templo mesmo fica fechado quase todo o ano, aberto apenas para cerimônias especiais.
O magnífico entardecer visto do santuário Pachamama, no alto da ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
O magnífico entardecer visto do santuário Pachamama, no alto da ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Conforme o sol vai descendo, mais gente está chegando para o espetáculo diário. Nós e nossos amigos espanhóis resolvemos descer um pouco e subir a outra montanha, um pouco mais alta que a Pachamama, chamada de Pachatata. Quase nenhum turista segue para lá, o que é um sinal para seguirmos naquela direção.
Fim de tarde no lago Titicaca, observados do Santuário Pachamama, no alto da ilha de Amantani, no Peru
Vamos a passo acelerado, para ainda ter tempo de ver o pôr-do-sol lá do alto. No caminho, mais arcos de pedra, algo que empresta um ar meio místico ao local. Por fim chegamos, bem na hora mais bonita da tarde.
Caminhando no santuário Pachamama, no ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
O céu vai ficando vermelho e nós encontramos vários pontos espetaculares para tirar fotos ou simplesmente curtir aquele cenário maravilhoso à nossa frente. Difícil não se emocionar, difícil não deixar o queixo cair, difícil não reconhecer o quão belo pode ser a natureza.
Arco de pedra no caminho para o Santuário Pachatata, pponto mais alto da ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Arco de pedra no caminho para o Santuário Pachatata, pponto mais alto da ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Do outro lado do vale, lá está a Pachamama e muitos flashes de máquinas fotográficas, todos querendo capturar parte da magia do momento. Já na Pachatata, uma dúzia de afortunados admira aquela tarde imperdível e inesquecível. Para sempre, Amantani ficará marcada na nossa lembrança. Amantani, o Titicaca, o sol, as ruínas de pedra e tudo aquilo que nos cerca.
Fim de tarde no lago Titicaca, no Peru (Ilha Amantani_
Já escuro, com ajuda de lanternas, voltamos à nossa hospedagem na ilha. Agora, longe de todas as luzes (não há luz elétrica por aqui), o céu é só estrelas. Estar ali, sem dúvidas, faz bem para a alma. Para completar o dia maravilhoso, somos todos convidados para jantar na cozinha, ao lado do fogão. Muito mais quentinho e aconchegante. De sobremesa, uma deliciosa e rica conversa com a família que nos acolhe, eles tão curiosos sobre nós e nosso estilo de vida como nós sobre eles. Troca de informações e curiosidades. Falamos do Peru, da Espanha e do Brasil. Falamos de pessoas e de vidas.
Fim de tarde na ilha Amantani, no lago Titicaca, no Peru
Céu avermelhado sobre o lago Titicaca, no Peru, visto do santuário Pachatata, no alto da ilha Amantani
E é assim, com o espírito e o estômago devidamente alimentados, que vamos dormir, embalados com o som da natureza e com as lembranças mágicas desse fim de tarde e da conversa ao pé do fogão. A vida sabe ser simples. É aí que ela fica mais leve e bela.
Admirando o céu avermelhado sobre o lago Titicaca, no Peru, visto do santuário Pachatata, no alto da ilha Amantani
Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Ontem de noite chegamos à maior cidade do sul do planeta, Punta Arenas. Com 130 mil habitantes e localizada aos 53 graus de latitude sul, não há nada similar nessa altura meridional do planeta. Nem África nem Austrália (com exceção da Tasmânia) sequer alcançam os 40 graus de latitude sul e o extremo meridional da Nova Zelândia está bem longe da marca dos 50 graus. Curiosamente, no lado norte do planeta, a situação é bem diferente e grandes metrópoles como Londres, Berlin e Moscou estão localizadas em latitudes semelhantes e mesmo superiores.
Dirigindo no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Mas aqui no sul, Punta Arenas reina absoluta. A cidade foi fundada em 1848 como uma colônia penal chilena. Após o insucesso na tentativa de desenvolver Fuerte Bulnes, 60 kms ao sul de Punta Arenas, os chilenos tentaram novamente em uma área que era então conhecida como Sandy Point, nome dado pelo explorador inglês John Byron no século anterior. De “Sandy Point” para “Punta Arenas”, foi um pulo. A fundação da cidade mais austral do mundo naquela época era um esforço chileno de garantir sua soberania sobre o estratégico Estreito de Magalhães, então cobiçado por Argentina e também pelas potências europeias.
Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile
O primeiro impulso para o desenvolvimento da nova cidade veio de longe. Eram os anos da corrida do ouro na Califórnia e dezenas de milhares de americanos da costa leste queriam chegar ao novo eldorado. O problema é que, naquela época, o oeste americano ainda era ocupado por indígenas hostis e muitos preferiam chegar à Califórnia pelo caminho mais longo (e seguro!), de barco. Ainda não havia o canal do Panamá e muitos barcos vinham dar a volta aqui, no extremos sul do continente. Punta Arenas, estrategicamente colocada bem na viradinha da América, logo se tornou um importante porto de parada e reabastecimento.
A bela arquitetura ao redor da Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Plaza Muñoz Gamero, no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
O segundo e mais importante impulso veio da criação de ovelhas. Em 1876 alguém teve a brilhante ideia de importar 300 ovelhas das Ilhas Malvinas para a Terra do Fogo. A região se mostrou um verdadeiro paraíso para esses simpáticos animais e a produção de lã no sul da patagônia conquistou os mercados mundiais. Enormes fortunas foram feitas e estâncias gigantescas com dezenas de milhares de animais se espalharam pelo sul do continente. Essas enormes propriedades estavam dos dois lados da fronteira (Chile e Argentina), mas os barões que as controlavam moravam em Punta Arenas. Cheia de dinheiro, a cidade foi tomada de enormes prédios públicos, palacetes e suntuosas mansões. São essas construções em estilo clássico que caracterizam o charmoso centro da Punta Arenas atual, mesmo um século após o início do declínio desse ciclo econômico.
Fernão de Magalhães, na Plaza Muñoz Gamero, centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Por fim, também foi importante, econômica e socialmente, a corrida do ouro do final do século XIX, dessa vez não tão longe como na Califórnia, mas aqui ao lado, na Terra do Fogo. Não havia tanto ouro assim, mas a região se encheu de imigrantes e muitos deles acabaram ficando, mesmo com o fim do metal precioso. Uma boa parte desses novos moradores eram croatas da Dalmácia. Ainda hoje, formam uma importante comunidade étnica na cidade, com muita influência nos costumes, como comida e cultura geral.
Arquitetura clássica em Punta Arenas, no sul do Chile
Placas espalhadas pelo centro contam eventos históricos ocorridos em Punta Arenas, no sul do Chile
Assim, eis que o pequeno povoamento que havia nascido como colônia penal havia se transformado em uma promissora e rica metrópole 50 anos mais tarde, na virada do séc. XIX para o XX. Bem na época em que se dava a última grande era exploratória da humanidade, a conquista da Antártida. Todos os grandes exploradores daquela época, gente como Amundsen e Shackleton, eram frequentadores assíduos dessa cidade, pois ela funcionava como importante base de lançamento de expedições para o continente gelado. Caminhando hoje pelas ruas centrais da cidade, é muito comum encontrar placas azuis informativas contando sobre eventos que se passaram em determinado prédio. Hotéis, bancos, restaurantes e bares frequentados por esses gigantes naquela ocasião ainda estão de pé e nos fazem viajar no tempo até uma época gloriosa e romântica de aventuras e descobrimentos, uma Punta Arenas que ainda parece viva, mesmo um século mais tarde.
Adesivo de movimento separatista em Punta Arenas, no sul do Chile
A Ana fica amiga de outros hóspedes do nosso hotel em Punta Arenas, no sul do Chile
Para nossa surpresa, não foi fácil encontrar vaga nos hostels da cidade, ontem de noite. Aparentemente, há movimento todo o ano, mas agora no verão é ainda mais complicado. Por fim, encontramos um lugar joia, um pouco mais afastado do centro. Hoje cedo, exploramos a rota para o extremo sul do continente (post anterior) e foi só de tarde que passamos a explorar a própria cidade. Como a luz do sol vai até tarde por aqui nessa época do ano, ainda tivemos bastante tempo para nossas caminhadas, com direito a café e restaurante.
Balcão de um café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
A maioria dos prédios mais vistosos se localiza ao redor e nas proximidades da praça Muñoz Gamero. A estátua no meio dela é de Fernão de Magalhães, mas o nome homenageia um dos primeiros comandantes da colônia penal, trucidado em um motim em 1851. O tamanho e opulência das mansões ao redor da praça dão uma boa ideia da força da exportação de lã no final do séc. XIX.
Detalhes da decoração de charmoso café no centro de Punta Arenas, no sul do Chile
Degustando uma boa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Nós encontramos um charmosíssimo café nas ruas centrais e aí ficamos, experimentando cervejas e quitutes. Estávamos com saudades de um pouco de urbanidade depois de tantos dias no mato ou em cidades pequenas. Passamos por Bariloche ou El Calafate no último mês, mas nem de longe elas possuem esse ar cosmopolita que sentimos aqui em Punta Arenas. Nossa última cidade grande de verdade havia sido Buenos Aires, dois meses atrás, antes de embarcarmos para a Antártida. Agora, queríamos sentir o prazer de andar em uma calçada ao lado de uma avenida larga e movimentada ladeada por prédios clássicos e entremeada de cafés, restaurantes e boulangeries.
Suco natural e cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Deliciosa cerveja em café de Punta Arenas, no sul do Chile
Depois do café e de mais uma caminhada a esmo por toda essa história que nos cercava, voltamos ao nosso hotel. Mas foi só para tomar banho e sairmos novamente, agora em busca de um bom restaurante. Sinceramente, olhando para frente em nosso roteiro, não sei quando encontraremos novamente uma cidade em que vamos precisar de carro para sair de noite (Montevidéu, talvez...), então, tínhamos mesmo de aproveitar. E o restaurante que encontramos, o La Marmita, fez jus a todas nossas expectativas. O engraçado foi chegar lá as 10 da noite com o dia ainda claro...
Chegando a restaurante em Punta Arenas, no sul do Chile
O delicioso restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile
Além do excelente vinho chileno (claro!), a entrada foi de dar água na boca: lasanha de berinjela e abobrinha com camarão! Para não deixar cair o nível, pedimos um prato principal cada um, devidamente trocados e compartidos: Salmão com camarão e cordeiro com luche (um tipo de alga). Um verdadeiro banquete para comemorar nosso último jantar no continente. Amanhã, partimos para a Terra do Fogo, a maior ilha da América do Sul e uma das três únicas da América a serem compartidas entre duas nações: Chile e Argentina.
Isso é só a entrada do nosso "banquete" no restaurante La Marmita, em Punta Arenas, no sul do Chile
Chegando à Alto Parnaíba, região da Chapada das Mangabeiras, extremos sul do Maranhão
Noite deliciosa no nosso chalé quase ao lado do Poço Azul e Cachoeira Santa Bárbara. Estávamos com saudade do cerrado! E, sendo os únicos hóspedes, a tranquilidade era absoluta. Noite de lua quase cheia, pouca umidade. Nossa, também estávamos com saudades de tempo seco, depois de tantos meses de água vinda do céu.
Poço Azul (não hoje!), próximo à Riachão, região da Chapada das Mesas - MA
Acordamos cedo, tomamos café da manhã assistindo Pequenas Empresas Grandes Negócios e fomos para as cachoeiras, antes que chegassem os domingueiros. Uma longa escada na encosta nos leva até o Poço Azul. Nesta época do ano, após as chuvas, de azul ele não tem nada. É verde turvo, mesmo. Um poção, bem convidativo quando sai o sol. Àquela hora da manhã, ainda estávamos na sombra, lá no fundo do vale. Assim, seguimos adiante na trilha para chegar à monumental Cachoeira Santa Bárbara.
A cachoeira Santa Bárbara cai sobre um enorme pináculo de rocha, próximo à Riachão, região da Chapada das Mesas - MA
Ali, chegamos junto com o sol. O poço é maior ainda, com águas bem turbulentas pela força da cachoeira que cai. Para mim, um convite irrecusável a um banho. A Ana só observou, guardando suas energias para o banho no Poço Azul, no nosso caminho de volta.
Nadando no turbulento lago da cachoeira Santa Bárbara, próximo à Riachão, região da Chapada das Mesas - MA
E assim foi. No Poço Azul, agora já com um pouco de sol, enquanto ela se refrescava, era eu que aguardava na pedra. Foi quando começaram a chegar as pessoas que vinham de Riachão. Foi a deixa para voltarmos ao nosso chalé, empacotarmos e partirmos. Mais uma vez: que excelente dica do Zezinho ficarmos aqui. Foi muito bom!
Aproveitando o sol após o banho na Cachoeira Santa Bárbara, próximo à Riachão, região da Chapada das Mesas - MA
Na estrada, nosso último trecho de Transamazônica, até a cidade de Balsas. Aí, pegamos a Transmaranhão em direção à ponta sul do estado, até onde chega o asfalto. É na cidade de Alto Parnaíba, fronteira com o Piauí, logo ali do lado.
Chegando à Alto Parnaíba, região da Chapada das Mangabeiras, extremos sul do Maranhão
Quem também não está muito longe daqui é o P.N. das Confusões, onde estivemos há cinco meses. E foi muito fácil perceber isso, pois as mesmas formações de serras e chapadas apareceram ao longo da Transmaranhão, quando nos aproximávamos de Tasso Fragoso, a meio caminho de Alto Parnaíba.
Noite movimentada na praça central de Alto Parnaíba - MA
Por aqui, a gente se instalou, foi atrás de um internet café, de jantar e de informações sobre a estrada adiante. Por enquanto, informações conflituosas. O mais importante é que ela realmente existe! Muita areia e parece fazer parte do Rally dos Sertões. Amanhã, de tanque cheio e com comida no carro, vamos que vamos! Nosso objetivo é chegar ao Jalapão, à cidade de São Felix do Tocantins. Uns duzentos quilômetros de terra e areia. A Fiona nos levará!
Uma linda e minúscula borboleta azul, perto do Poço Azul, em Riachão, região da Chapada das Mesas - MA
Arquitetura típica de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Talvez a grande sacada do Márcio Ayres no valoroso processo de criação da Reserva do Mamirauá tenha sido a decisão de não transformá-la em um Parque Nacional, mas sim em algo que não existia até então, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável. Pode parecer uma simples uma questão de semântica, mas não é. As duas entidades guardam uma diferença fundamental entre si: a presença humana na área em questão.
Completamente alagado na época das cheias, o campo de futebol de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Visita à comunidade ribeirinha na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Parques Nacionais preconizam a desapropriação e expulsão de antigos moradores da área a ser preservada enquanto Reservas de Desenvolvimento Sustentável até estimulam a sua presença, desde que em convívio harmônico e saudável com a natureza da região. A ideia é muito simples: quando se quer criar uma área de preservação como um parque em uma área que já é ocupada, o processo de desocupação é custoso e desgastante. Não sem razão, moradores se unem contra o projeto, tentando sabotá-lo de todas as maneiras. Perde o estado, perdem os moradores e, principalmente, perde a natureza que não tem nada a ver com a briga. Na formação de uma Reserva, a ideia é trazer os moradores para o lado da preservação, mostrando as vantagens que poderão ter em manter seu estilo de vida e, ao mesmo tempo, aumentar seus ganhos com atividades relacionadas, por exemplo, ao turismo.
Escola de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Um dos habitantes locais nos recebe na escola de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Isso foi feito em Mamirauá pela primeira vez no país, deu certo, tornou-se um novo paradigma e continua a servir de exemplo para a criação de reservas espalhadas por todo o Brasil. Os agradecimentos devem ir não somente ao criador da ideia, mas também aos moradores locais, que a encamparam e fizeram de Mamirauá um exemplo nacional e internacional.
Nosso guia nos mostra crânios de jacaré durante visita à comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Caminhando sobre palafitas em uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Para quem visita a Reserva de Mamirauá, essa é sempre uma das possibilidades de passeio: ir até uma das muitas comunidades dentro da reserva para aprender como vivem seus moradores. Empresta um lado humano no meio daquela natureza toda e, na nossa opinião, é um dos pontos altos da temporada na reserva.
Prédio histórico em Tefé, no Amazonas
Igreja matriz de Tefé, no Amazonas
Na verdade, nosso contato com a civilização na região começa muito antes, quando chegamos à Tefé, a principal cidade do Médio Solimões. Construída na beira de um “lago” do rio Solimões, é um importante e centenário porto na rota entre Manaus e o Perú. Na nossa passagem na ida, seguimos diretamente do aeroporto para o cais, mas na volta, ao fim da temporada, passamos boas horas explorando a cidade.
Visita ao movimentado mercado de Tefé, no Amazonas
Ao lado do rio, o mercado de Tefé, no Amazonas
Além de uns poucos prédios históricos e da praça da igreja, a grande atração é visitar o mercado, sempre movimentado e muito sortido de peixes e frutas amazônicas. Para nós já foi bem interessante, mas foi ainda mais para nossos novos amigos gringos conhecidos durante a temporada em Mamirauá. Se já é exótico para nós, imagina para eles...
Frutas a venda no mercado de Tefé, no Amazonas
Frutas a venda no mercado de Tefé, no Amazonas
Ficamos sabendo também da história do lixão perto do aeroporto, o que não foi mesmo uma boa ideia. Lixão atrai urubus e urubus não se dão bem com aviões. Resultado: o aeroporto ficou fechado por quase um ano, trazendo evidentes prejuízos à cidade e também à Mamirauá, já que é por via aérea que chegavam (e chegam) a maioria dos turistas. A Pousada Uacari ficou quase deserta durante esse período e só agora começa a se recuperar. Pior para as comunidades locais que é para quem é revertido os ganhos conseguidos na Pousada, além dos empregos que ali são criados quando há mais demanda. Enfim, vivendo e aprendendo e a cidade e a pousada recuperam agora os seus turistas, com o aeroporto livre da ameaça dos urubus.
Em Tefé, no Amazonas, com o grupo que passou conosco os cinco dias na Reserva Mamirauá
Mas, de volta à nossa estadia na reserva, fomos todo o grupo em visita a uma das comunidades que, em revezamento, recebem os turistas que vão passar temporadas por lá. As casas, claros, são todas construídas sobre palafitas, para lidar com os seis meses de cheia. Durante a seca, a comunidade pode ficar a quilômetros da fonte de água mais próxima, mas agora, durante a cheia, a água cobre quase tudo, como o campo de futebol, o bar e as roças. Foi mesmo de canoa que passeamos entre as casas, fomos até a escola e observamos uma espécie de curral flutuante, onde ficam as vacas nesse período do ano.
Um pequeno curral flutuante, que funciona durante a cheia do rio, em comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Um pequeno curral flutuante, que funciona durante a cheia do rio, em comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Chegando à comunidade, fomos recebidos por um de seus moradores, que passou a ser o nosso guia. Ele nos levou até a escola onde pudemos “desembarcar” e caminhar sobre as palafitas que unem as construções. Dentro das salas de aula, a sensação é de estramos em tantas outras das milhares de salas de aula espalhadas pelo interior do Brasil, desenhos de crianças colados pelas paredes, anotações no quadro negro, cartolinas para se ensinar a ler e escrever. Enfim, vida normal aqui também, mesmo que a água suba 13 metros durante o ano!
Visitando a escola de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Visitando a escola de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Durante a nossa visita, a agradável companhia de crianças que, entre uma brincadeira e outra, ao longe, nos olhavam com curiosidade. Nessa época do ano, não se brinca de futebol, mas de canoa e de natação. A maior piscina do mundo está ali, em frente de casa, e com esse calor, é bem tentadora. Por aqui, aprende-se a nadar tão cedo como se aprende a andar. Uma exigência da natureza.
Menina se diverte em canoa durante nossa visita à comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Garoto nos observa durante visita a uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Por fim, depois de muita conversa para se aprender como se vive em um ambiente como esse, a passagem pela loja da comunidade, mais uma oportunidade de renda para quem aqui vive. E nós vamos embora com a certeza de que são infinitas as maneiras de se viver nesse mundão que todos compartilhamos. Tolos aqueles que acham que o seu modo de vida é o “normal”. As lindas meninas aqui do Mamirauá acham muito mais “normal” compartir sem medo um rio com piranhas e jacarés do que ir passear num shopping. Quem vai dizer que não é?
De barco, chegando de volta à Tefé, no Amazonas
Porto de Tefé, no Amazonas
E assim se encerra essa série de posts sobre a Reserva do Mamirauá, nossa casa durante essa semana, onde tanto vimos e aprendemos. Partimos com saudades e com a certeza de um dia voltar. Aliás, falando em partir, ainda bem que urubus e barcos também convivem muito bem. Assim, não tivemos problemas em pegar um deles rumo à Manaus, lá no porto de Tefé, onde não faltam desses simpáticos pássaros negros. Com a ajuda das nossas redes compradas em Tefé mesmo, serão quase 40 horas de viagem. Novas e autênticas experiências amazônicas nos aguardam...
Fim de tarde na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Pausa para admirar a bela paisagem, na descida do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
No mundo dos alpinistas existe um número mágico: 8 mil. A partir dessa altura, as montanhas entram numa classe especial. São 14 montanhas nessa classe, todas elas no Himalaia e suas "ramificações", na Ásia. É o sonho de todo alpinista escalar algumas das "oito mil", o que dirá todas elas.
A bela região do Parque do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
No Brasil, uma terra antiga e desgastada, somos mais modestos. Nossa mais alta montanha recentemente foi rebaixada para baixo dos meros 3 mil metros. É o Pico da Neblina, na fronteira com a Guiana. Nossas montanhas mais altas estão na faixa dos 2 mil metros. E mesmo isso é coisa rara. Com exceção dessas lá no extremo norte do Brasil, há apenas um punhado delas no sudeste e nada mais. A grande maioria está na Serra da Mantiqueira, perto da fronteira tríplice de Minas, Rio e São Paulo e na Serra do Caparaó, região do Pico da Bandeira, entre Minas e Espírito Santo.
Caminhando para o Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Uma honrosa exceção, aprendi ontem, é o Pico do Itambé, quase no meio de Minas Gerais. É o ponto mais alto da Serra do Espinhaço, que se extende de Minas até a Bahia, e tem 2.055 metros de altura. Para mim, ao descobrir essa altura, o número mágico à brasileira, não tive dúvidas: "Quero subir lá!". Ainda mais que fiquei fã da Serra do Espinhaço. Por algum motivo, achei ela mais "exótica" que suas conterrâneas Mantiqueira e Canastra, sua vegetação mais florida e sua paisagem mais extraterreste, pela quantidade de pedras.
Admirando a bela paisagem no Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Para completar, o tempo hoje não favorecia muito as cachoeiras e eu e a Ana já estávamos um tanto quanto de saco cheio delas. Uma pena porque a região oferece dezenas delas, cada uma com sua beleza particular. Mas, como daqui a gente vai para a Serra do Cipó, região pródiga em... cachoeiras!, resolvemos que era mesmo hora de partir para vôos mais altos.
A bela vegetação do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
E assim partimos logo cedo, de Fiona, para a pequena Capivari, um minúsculo arraial próximo a Milho Verde e ponto de partida para o Pico do Itambé. A viagem de 16 km já é uma viagem. O tempo nublado tornou a paisagem de campos e pedras ainda mais incrível. A sensação era de estar navegando em um outro planeta, só nós, indo aonde nenhum homem jamais esteve, deitando os olhos em paisagens virgens, secretas. Depois, fiquei sabendo que existe uma trilha lindíssima para se fazer à pé entre os dois povoados.
Início da caminhada ao Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Bom, chegamos em Capivari e conversamos com o Genésio, que trabalha no Parque Estadual do Pico do Itambé e se dispôs a nos guiar lá para o alto. Foi ótimo. Além de guarda-parque e guia, ele é vereador em Serro (cidade da qual Capivari é um distrito). Amante de uma boa prosa, ele e a Ana falaram praticamente o tempo todo, tornando a caminhada de 3 horas pico acima e 2 horas pico abaixo bem mais curta.
A bela vegetação do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Antes de chegar ao início da trilha, a Fiona enfrentou bravamente os piores 6 km de "estradas" que ela já passou. Uma verdadeira trilha no meio de pedras, mato, areia, riachos e brejos. A nossa querida companheira de viagens e aventuras é cada vez mais nossa companheira e menos nosso carro. Parece sempre querer confirmar aquele comentário que vivemos ouvindo por aí: "Nossa, essa aí não para em nenhum lugar, né?". pois é, viva a nossa querida Fiona!
Equipe do Luz Para Todos em ação, na região de Capivari, próximo a Milho Verde - MG
Quem também não para em nehum lugar são as equipes do "Luz Para Todos". No meio daquela trilha infernal, lá estava o caminhão de luz levando postes e fiação para pessoas que moram no fim do mundo à esquerda. Ponto positivo para o sapo barbudo que, desse modo, vai conseguir eleger até a Dilma. E quem vai culpar esse povo, tão feliz com a luz em casa, de votar na indicação do sapo? Aliás, o mesmo vale para o Aécio aqui em Minas, levando o asfalto a tudo quanto é lugar...
Quase no alto do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Voltando à trilha, é uma subida agradável, apenas com uma pirambeira mais forte. O cenário é de encher os olhos o tempo todo. Aquela vastidão, mundão grande sem porteiras, ar puríssimo, campos floridos, rios correndo lá embaixo, uns para o Jequitinhonha, outros para o Doce. As nuvens passeando sobre nossas cabeças e também sob os nossos pés. O céu azul aparecendo aqui e ali. Lá do alto, vê-se dezenas de cidades e lugarejos. O mundo é sempre mais bonito quando se ultrapassa os dois mil metros de altura!
O cruzeiro no alto do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Voltamos já escurecendo e nem tivemos tempo para visitar aquela que seria a mais bonita cachoeira da região, com o maravilhoso nome de "Cachoeira do Tempo Perdido". Na pressa de continuar nossa jornada, essa vai ficar para depois. Mas recomendo a todos que visitem Milho Verde, Capivari, suas montanhas e suas cachoeiras. Com tempo! Cada minuto por aqui, do alto do Itambé ao fundo das cachoeiras, não será perdido não. será ganho, muito bem ganho!
Aquecendo-se ao sol, na descida do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Admirando o oceano na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Acordamos hoje com aquela vontade de passar mais um dia por ali, apenas curtindo as belezas e o clima do Kalalau. Mas nossa comida já estava no fim, assim como uma intensa programação nos chamava adiante. Para uma próxima vez, certamente planejaremos mais dias por aqui.
Corridinha básica na praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Hoje, o mar estava mais tranquilo em Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Barracas desmontadas, tudo nas mochilas, fomos aproveitar uma última vez aquela praia maravilhosa. Corridinha na areia e até um mergulho. O mar já estava bem mais tranquilo hoje. Ainda eram poucos os que entravam, mas eu estava entre os felizardos. Uma delícia!
Início do caminho de volta de Kalalau Beach, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Em seguida, pé na trilha! O dia estava ensolarado hoje. Mais uma boa lembrança para levar daqui. Depois de cruzarmos o primeiro rio, subimos uma enorme ladeira. É onde o suor e o cansaço aparecem pela primeira vez, apenas a primeira das onze milhas a caminhar. Mas a recompensa é, lá do alto, poder admirar a praia pela vez derradeira.
A enorme ladeira no início da trilha de volta do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí
Despedida da maravilhosa praia de Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Depois, foi seguir pela trilha estreita, serpenteando entre os penhascos nossos velhos conhecidos. Quando já se conhece o caminho, tudo muda de figura. Agora, já sabemos o que esperar depois da próxima curva, depois do próximo morro. Mentalmente, para vencer o calor e o cansaço, imaginamos o próximo ponto conhecido, um mirante ou um riacho, e para lá seguimos, ao mesmo tempo concentrados e curtindo a beleza a nossa volta.
Percorrendo a trilha entre os penhascos da Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
A maravilhosa Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Outra vez, segui na frente. Meu objetivo maior era a metade do caminho. O rio que ali existe prometia alguma surpresa. Na vinda, já do alto, por entre as folhagens, avistei algo que se parecia com uma grande piscina natural. Na pressa que estávamos, não tive tempo de investigar. Tinha deixado para a volta. A volta chegou.
Em meio às encostas da na Na'Pali Coast, onde está Wally? (costa norte do Kauai, no Havaí)
A Ana quase desaparece na grandiosa paisagem ao longo da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí
Assim, lá cheguei, deixei a mochila no ponto onde a trilha cruza o rio sobre pedras e segui o curso dele para baixo, cheio de esperanças. Dito e feito! Bastaram dois minutos numa trilha mais rústica e cheguei à tal piscina. De bônus, uma pequena cachoeira e até uma corda pendurada, em formato de cipó. Pronto, tinha achado meu lugar! Segundos depois já estava dentro d’água, o suor da pele sendo substituído pelo frescor da água.
Diversão com um cipó em piscina natural na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Pausa para um mergulho na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Não demorou muito e chegavam a Ana, o Rafa e a Laura. Minha mochila atravessada na trilha tinha sido a dica para o desvio. Agora, éramos os quatro na água, aproveitando mais esse segredo do Kalalau. Brincadeiras com o cipó e massagem gratuita na cachoeira foram a melhor quebra possível na trilha de 11 milhas.
Um banho merecido e revitalizante na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Mergulho com direito à massagem, na metade do caminho da trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Muitas subidas e descidas mais tarde, chegávamos à praia das duas milhas, até onde vão as pessoas que só vem passar o dia. Apesar do mar mais calmo, ninguém no mar. Também, com a placa deixada lá “aconselhando” que ninguém se atreva, fica todo mundo na areia mesmo.
Placa alerta e exagera no intuito de evitar que turistas incautos entrem no mar da Na'Pali Coast, na costa norte de Kauai, no Havaí
Por fim, esses últimos três quilômetros. Na vinda, pareceram mais fáceis. Agora, com outras nove milhas nas costas, a mochila parecia muito mais pesada e as subidas muito mais íngremes. Ilusão ótica? Vai saber... Só sei que foi dureza!
Chegando à praia das duas milhas, na trilha do Kalalau, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Cheguei, encontrei amigos feitos no dia anterior, pedi que olhassem minha mochila e dei aquela corrida gostosa para soltar os músculos. Um quilômetro até o carro e depois, ar condicionado à toda força, de volta para a cabeceira da trilha, onde os companheiros estavam por chegar.
Fim (ou início) da trilha do Kalalau, de volta à civilização, na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
Ainda tivemos tempo para um delicioso banho de chuveiro, ali mesmo. Como todo parque americano, um show de infraestrutura e essa inclui até chuveiros. Estão ali para atender o pessoal que pega praia ali mesmo. A Ana ainda foi até lá, para tomar um banho de água salgada antes da água doce. Começava a escurecer, os músculos doíam e o Kalalau tinha mesmo ficado para trás. Não no espírito! Mas nossos corpos, esses precisavam e queriam voltar para casa, para uma cama, para um lençol limpo e cheiroso.
Fim de tarde glorioso na Na'Pali Coast, costa norte do Kauai, no Havaí
A Ana fica cada vez mais craque no standup paddle, na Praia da Guarda, litoral sul de Santa Catarina
De tempos em tempos surge um novo esporte ou prática esportiva que toma de assalto as fotos de revistas, imagens de TV, praias e ares do Brasil e do mundo. De repente, está todo mundo fazendo, tentando fazer ou falando disso. São esportes que nos deixam mais próximos da natureza, refletem saúde e felicidade.
A Ana pratica standup paddle no belíssimo visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Não sou desse tempo, mas acho que o primeiro grande exemplo disso foi o surf. Totalmente inexistente por aqui até o final da década de 60, ele já reinava absoluto em nossas praias a partir das minhas mais antigas lembranças, em meados da década seguinte.
Praia da Guarda, litoral sul de Santa Catarina
Não demorou muito e veio a asa delta, acho que no início da década de 80. Depois, mas não necessariamente nessa ordem, veio o wind surf e as pranchas de bodyboard. As bicicletas de bicicross, o paragliding e o jet ski. O ultraleve, o bungee jump e o base jump.
A Ana pratica standup paddle na lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
A Ana pratica standup paddle na lagoa da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Mais recentemente, foi a vez do kite surf. Em várias praias espalhadas pelas Américas que visitamos, era comum ver dezenas de pessoas deslizando rapidamente sobre a água, amarrados em suas asas e dando saltos acrobáticos, demonstrando perícia e coragem.
O Rodrigo se exercita no standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
O Rodrigo se exercita no standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Quando vemos (ou víamos) esses novos esportes sendo praticados, a vontade era de fazer igual. Mas a maioria deles não é fácil e está muito além das habilidades e do bolso dos simples mortais. Ou requerem muito equilíbrio, ou muita coragem, ou bastante dinheiro. Ou uma combinação disso tudo. Seriam meses ou anos de treinamento para conseguirmos fazer igual ao que víamos na TV ou na foto da revista. Em resumo, na grande maioria dos casos, ficávamos só na vontade ou nas promessas...
A Ana recebe as últimas instruções para fazer standup paddle na na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
A Ana pratica standup paddle no belíssimo visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Mas, eis que apareceu mais um esporte da moda. Quando iniciamos os nossos 1000dias, ele ainda era bem restrito, conhecido apenas pelos mais antenados. Mas o esporte foi crescendo, ficando mais e mais conhecido, virando moda. Estou falando do standup paddle, aquela pranchona de surf em que ficamos em pé sobre ela remando em algum lugar de águas um pouco mais tranquilas. Foi nítido para nós como esse esporte, em questão de poucos anos, se espalhou e se popularizou por todo o continente.
Standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Além de nos levar para mais perto da natureza, como os outros esportes da longa lista acima também faziam, o standup paddle tem uma grande vantagem sobre todos eles: a acessibilidade. Acho que o único pré-requisito é não ter medo de água. Nem saber nadar é preciso, pois pode-se praticá-lo com um colete salva-vidas. Comprar uma prancha pode ser caro, carregá-la, muito complicado, mas a solução para essas duas questões é simplesmente alugá-la já no lugar onde se vai praticar o esporte. Um mínimo de equilíbrio, um pouco de força nos braços e pronto: todos podem fazer sem medo de ser feliz!
A Ana pratica standup paddle no belíssimo visual da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
É claro que, por estar na moda, quem aluga as pranchas aproveita para enfiar a faca. O preço é por hora e, se fizermos as contas, em muitos casos sai bem mais caro alugar uma pranchona dessa do que alugar um carro. Mas, se tem quem paga, nem dá para botar a culpa em quem aluga. Só está aproveitando para fazer o seu pé de meia. Eu e a Ana, já fazia tempo que queríamos praticar. Só estávamos esperando a hora certa no lugar certo. Tudo parecia indicar que seria na lagoa do Meio, lá na Praia do Rosa. Mas ali, o preço era tão aviltante que nós resistimos. Agora, aqui na Guarda do Embaú, tínhamos uma nova chance.
O fantástico cenário da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Pois é, difícil imaginar um lugar mais perfeito para a prática desse esporte. Para iniciantes como nós, o melhor é fazer em águas mais calmas, sem ondas. Pois bem, é exatamente como é o rio da Madre, que separa a cidade da praia. Para aqueles que não sabem nadar, o rio dá pé na maioria dos lugares. E para quando nos sentirmos mais confiantes e querermos “mais emoção”, basta remar até a boca do rio, onde ele se encontra com o mar. Para quem é bom mesmo, não vai ser qualquer onde que vai te derrubar. Eu já vi muita gente remando de uma praia à outra, como se estivessem andando calmamente de bicicleta. A praia da Guarda tem espaço para todo mundo: dos iniciantes até aqueles que querem surfar com a pranchona.
O Rodrigo se exercita no standup paddle na Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Depois da queda, subindo novamente na prancha de standup paddle da Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Aqui, depois de uma boa conversa e muita simpatia, a Ana conseguiu negociar um preço muito mais em conta. Tão bom que nós voltamos dois dias mais tarde para fazer de novo, agora com céu azul e muito sol. Um de cada vez, para podermos tirar fotos. Aos poucos, fomos acertando o equilíbrio e até nos arriscamos um pouco no mar também. Um tombo aqui, outro ali, mas não tem problema: da água não passamos!
A Ana fica cada vez mais craque no standup paddle, na Praia da Guarda, litoral sul de Santa Catarina
Enfim, foi uma delícia, vontade de fazer mais e mais. Um pouco de prática evita tombos e dor nas costas. A remada passa a render muito mais e a sensação de integração com a natureza compensa o suor na testa. A pele fica queimada e os músculos, tonificados. Tudo de bom, mesmo. E que bom que fizemos aqui, na Praia da Guarda. Até adiamos nossa viagem para Florianópolis para o final do dia. A Ilha da Magia poderia esperar mais um pouco...
Standup paddle no paraíso chamado Guarda do Embaú, litoral sul de Santa Catarina
Para finalizar, só uma curiosidade. Muitos daqueles esportes que citei no início, e outros também, chegaram até nós pela primeira vez de uma forma meio inusitada para os dias de hoje. Para quem viveu e se lembra dos anos 80, como esquecer os antológicos comerciais do cigarro Hollywood? Eles misturavam, na mesma peça publicitária, gente bonita, mulheres gostosas, as melhores músicas da década e muita ação em esportes novos no meio da natureza. Tudo isso para vender aquele veneno. Associavam o cigarro à saúde e ao sucesso. Felizmente, isso não é mais permitido, mas o lado ruim da lei é que ficamos sem propagandas que marcavam época. Então, só para relembrar e sem fazer apologia ao cigarro (que eu detesto!), segue um vídeo com várias dessas propagandas e vários dos esportes da moda naqueles anos. Se essa publicidade ainda fossem permitida, certamente teria havido uma propaganda da Hollywood com o standup paddle há uns 4-5 anos atrás. Qual teria sido a música?
Belíssimo entardecer na praia de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe
Meia noite. Este foi o horário que minha prima Anita nos deixou na estação de trem de Princeton Junction, pequena cidade no estado de New Jersey. Passamos aqui as últimas 40 horas, desfrutando da agradável companhia da prima, seu marido Larry e dos filhos pequenos. As fotos e relatos da nossa estadia em Princeton Junction, além da nossa viagem pela Blue Ridge Parkway, através da Carolina do Norte e da Virginia, nossos dias na capital Washington e nossa deliciosa passagem pelo Delaware, sem esquecer do encontro e convivência com os famosos blogueiros de viagem Cláudia (Aprendiz de Viajante), Tetê (Escapismo Genuíno) e Oscar (MauOscar) serão postados em paralelo aos relatos da nossa volta ao Caribe, série que inicio agora. E a Islândia? Não, não esqueci dela! Assim que terminar os relatos desses dias finais nos Estados Unidos, vou colocar os posts da nossa inesquecível passagem por lá. Fotos maravilhosas! Vou fazer isso tudo enquanto ainda estiver no Caribe. Vai ser engraçado postar, ao mesmo tempo, relatos do Caribe e da Islândia!
Madrugada na estação de trem de Princeton Junction, em New Jersey, nos Estados Unidos
Mas, voltando à estação de trem, era apenas o início de uma longa jornada que atravessaria a madrugada e a manhã seguinte até chegarmos à Barbados, a primeira ilha do nosso 4º tour pelo Caribe. Aliás, no próximo post vou relatar nosso roteiro pretendido por essa região tão cheia de ilhas e nações. Para se ter uma ideia, Barbados já é nosso vigésimo destino por lá! E ainda faltarão outros dez, boa parte dos quais conheceremos nessa viagem!
Esperando o trem para Nova iorque na estação de trem de Princeton Junction, em New Jersey, nos Estados Unidos
Outra vez na estação de trem! Resolvemos economizar uns trocados e não pagar um hotel por uma noite demasiado curta, ou um táxi de 200 dólares de Princeton Junction até o JFK, do outro lado de Nova Iorque. Assim, mochila nas costas, lá estávamos nós esperando o trem “madrugatino” que nos levaria à capital do mundo. Horário britânico, suas luzes e seus apitos apareceram no horizonte escuro e, alguns minutos mais tarde, já estávamos embarcados. Por menos de 30 dólares e uma hora e vinte minutos de viagem, estávamos os dois chegando na Penn Station, sudoeste da ilha de Manhattan.
Lado de fora da Penn Station, em frente ao Madison Square Garden em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Caminhando de madrugada, mochila nas costas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Uma hora de sono mal dormido nos deram forças para enfrentar o resto da noite. Parte do tempo, preferimos gastar ali mesmo, nas cercanias da estação nova-iorquina e não no aeroporto. Compramos a passagem para a Jamaica Station e saímos mochilando pela madrugada de Nova Iorque, a cidade que nunca dorme, especialmente na frente da Penn Station. Foi botar o pé na rua, rever aqueles táxis amarelos e os arranha-céus cortando o céu da cidade que o amor e admiração por essa megalópole mundial reapareceu nos nossos espíritos e feições.
Trem de Nova Iorque para o JFK, nos Estados Unidos
Demos de cara com o Madison Square Garden, com as doces memórias de um show do Police que assistimos ali em 2007. Caminhamos um pouco pela 7ª Avenida e depois pela 33rd Street, onde entramos num dos pubs abertos. Ali, com as mochilas embaixo da mesa, dividindo espaço com bêbados e outros frequentadores, tomamos uma Guiness para comemorar nossa primeira passagem pela cidade nesses 1000dias. Uma passagem relâmpago e emocionante. Ansiamos pelas próximas, quando teremos tempo, aí sim, de rever a cidade e explorar seus bairros e atrações. Aqui, realmente, estamos em outro país, em outro mundo. Na volta do Caribe, vamos poder aproveitar o que essa incrível cidade pode oferecer. Pelo menos, um pedacinho!
Sol nascendo no JFK, em Nova Iorque, nos Estados Unidos
Voltamos para a Penn Station e, um pouco depois das quatro da madrugada, pegamos o trem para a Jamaica Station. De lá, o aerotrem para nosso terminal no JFK. Fizemos o check-in e, enquanto esperávamos nosso voo das oito da manhã, tivemos a chance de assistir a um maravilhoso nascer-do-sol sobre o aeroporto.
Chegando à Barbados, no Caribe
Embarcados, a Ana ainda teve forças de fotografar nossa passagem sobre a cidade, enquanto eu já estava no sétimo sonho. Só acordei quando já sobrevoamos o Caribe e a sequência de ilhas e países que pretendemos visitar nos próximos 35 dias.
Dia de sol na praia tipicamente caribenha de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe
Já saímos do aeroporto internacional de Barbados, o mais movimentado da região, devidamente motorizados. Seguimos diretamente para o litoral sul da ilha, face voltada para o tranquilo Mar do Caribe e onde se concentram os hotéis com preços civilizados. Os “não-civilizados” estão na bela costa oeste da ilha, que pretendemos visitar nos próximos dias. Ficamos em um pertinho da praia de Dover, uma das mais belas da ilha. Aliás, antes mesmo de encontrarmos o hotel, já estávamos nessa praia, almoçando e matando a saudade desse visual maravilhoso de águas verde-esmeralda e areias brancas, quase rosadas. O Caribe é mesmo uma pintura!
Rum Punch para celebrar o retorno ao Caribe, na praia de Dover, na costa sul de Barbados
Testando a temperatura da água na praia de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe
Bem, achamos nosso hotel, nos instalamos e voltamos para a praia, dessa vez com mais calma. Depois de tanto tempo, nada como um mar com águas quentes em que se pode nadar. Nosso último banho de mar havia sido na Baja California, no México. E mesmo lá, com frio! Bom, nesse próximo mês, vamos poder matar toda a saudade, não só de água quente e de sol, mas também da música, dos rum punches e do clima baiano desse incrível pedaço do nosso continente. Viva o Caribe!
Enfim, de volta ao mundo tropical! (praia de Dover, na costa sul de Barbados, no Caribe)
Visto de permanência do Rodrigo nos EUA (6 meses de permanência)
Para voltar aos Estados Unidos, faltava passar na fronteira. Apesar das dezenas e dezenas de fronteiras que cruzamos nesses 1000dias, várias delas entrando nos EUA, sempre me dá um frio na barriga ao me aproximar de uma delas. Nunca acho uma situação agradável. Os oficiais que ali trabalham tem todo o poder em suas mãos e, se acordam com dor de barriga ou resolvem te escolher para Cristo, haja paciência. Verdade seja dita foram raríssimas as dificuldades que tivemos até hoje nessas travessias. Sorte ou não, passamos rapidamente em todas as “temidas” fronteiras rodoviárias da América Central, nos aeroportos americanos e , lá em Tijuana, num dia épico, passamos cinco vezes a fronteira onde a única chateação foram as filas.
Passaporte italiano da Ana
Boa parte desse sucesso se explica pelo fato de sempre estarmos com os devidos vistos. Assim como estávamos hoje, mas com um pequeno “detalhe” a resolver. A Ana viaja com o passaporte italiano dela, enquanto eu vou com o único que tenho, o brasileiro mesmo. Na América do Sul e Central, nosso passaporte azul é pau para toda obra, não necessitando de nenhum visto (exceto para a Guiana Francesa, juridicamente parte da Europa). Mas na América do Norte, precisamos de visto para os três países. Com o italiano é mais fácil. Só precisa de visto para os EUA e se pode consegui-lo num ágil processo pela internet mesmo. Não demora 10 minutos. Pois é, mas apesar dessa desvantagem de precisarmos de visto (os brasileiros), temos uma grande vantagem: quando entramos no país, ganhamos seis meses de permanência, enquanto os europeus (inclusive minha esposa “italiana”) só ganham três meses, NÃO renováveis. Para viagens curtas, não é problema. Mas a nossa viagem não é curta...
Passaporte brasileiro do Rodrigo
Uma solução para este problema é sair e entrar novamente do país. Só que, infelizmente, dependemos também do bom humor do oficial. Ele pode alegar que o visto de permanência anterior ainda está válido (nem que seja por poucos dias) e não renová-lo. Vai depender dele ter acordado bem ou não, ou se ele vai com a sua cara ou não. Felizmente, é bem difícil encontrar alguém que não vá com a cara da Ana. Enfim, nossos dois vistos de permanência haviam sido dados no final de Julho, quando voltamos das Bermudas. O meu válido até Janeiro de 2013 e o da Ana até o final de Outubro, agora. Quando voltamos aos EUA, lá perto de Chicago, o oficial até se ofereceu para extender o visto da Ana, mas achamos melhor deixar para mais tarde. E o “mais tarde” chegou hoje. Era agora ou nunca. E se fosse “nunca”, teríamos de atravessar o país até o México em uma semana. Adeus Califórnia, Hawaii, Seattle, Yosemite e muitas coisas mais...
Visto de permanência da Ana nos EUA (3 meses de validade)
Então, chegamos na fronteira e, apesar da surpresa do oficial em ver um carro brasileiro por ali, acho que teríamos passado rapidamente. Não fosse o pedido de extensão para a Ana. Aí, complicou! Fomos enviados para a “inspeção secundária”. Apareceram outros oficiais, determinados em seguir o procedimento padrão tipo: “Mãos ao volante aonde eu possa vê-las!” Nossa... precisa isso? Depois de perguntar umas duzentas vezes de quem era o carro, fomos instados a deixar a Fiona levando apenas o dinheiro. Lá dentro, nos deram formulários para preencher, depois de sermos revistados. Engraçado foi quando perguntaram quanto dinheiro eu tinha para viajar pelos Estados Unidos e eu mostrei todos os meus 10 dólares, hehehe. Enfim, apareceu um oficial mais simpático e o sorriso da Ana começou a fazer efeito. Ele passou uns 15 minutos examinando o nosso site, outros quinze na Fiona, onde confiscou duas laranjas e depois, venho conversar conosco. Desculpou-se pela demora, explicou que não é todo dia que passam por ali dois brasileiros desempregados, com seu próprio carro, querendo ficar três meses no país e que, por isso, tiveram que fazer uma averiguação mais detalhada. Mas estava tudo em ordem e podíamos seguir viagem.
Nosso roteiro pelos parques nacionais de North Cascades e Olympics, antes de seguir para Seattle
Viva! Uma fronteira a menos na minha frente! E um país enorme e lindo para ser explorado! Agora, pelos próximos 80 dias, nada mais desse frio na barriga. Quiçá, um dia, teremos um continente sem fronteiras, muros e arames ou, como diz a música, “um mundão grande sem porteiras”. Enquanto esse tempo não chega, agora é pensar no nosso roteiro nos EUA. O roteiro até Seattle já está definido. No caminho, muita natureza e dois parques nacionais. Vamos que vamos!
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