0 Blog do Rodrigo - 1000 dias

Blog do Rodrigo - 1000 dias

A viagem
  • Traduzir em português
  • Translate into English (automatic)
  • Traducir al español (automático)
  • Tradurre in italiano (automatico)
  • Traduire en français (automatique)
  • Ubersetzen ins Deutsche (automatisch)
  • Hon'yaku ni nihongo (jido)

lugares

tags

Arquitetura Bichos cachoeira Caverna cidade Estrada história Lago Mergulho Montanha Parque Patagônia Praia trilha vulcão

paises

Alaska Anguila Antártida Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Falkland Galápagos Geórgia Do Sul Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Islândia Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Uruguai Venezuela

arquivo

SHUFFLE Há 1 ano: Rio Grande Do Sul Há 2 anos: Rio Grande Do Sul

Puerto Pirâmides

Argentina, Península Valdés, Puerto Piramides

A pequena e simpática Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina

A pequena e simpática Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina


A principal cidade na região da Península Valdés é Puerto Madryn, algumas poucas dezenas de quilômetros ao sul. É aí que param os ônibus que seguem para o sul do continente, é aí que está o aeroporto. Aí também se encontra a maior infraestrutura, como agências de viagem, bancos, hotéis, restaurantes, agências de mergulho e até uma noite agitada. Para quem quer conhecer a Península Valdés, certamente é uma boa opção. A outra se chama Puerto Pirâmides.

A praia de Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina. As montanhas ao fundo é que deram o nome à pequena cidade

A praia de Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina. As montanhas ao fundo é que deram o nome à pequena cidade


A praia de Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina. As montanhas ao fundo é que deram o nome à pequena cidade

A praia de Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina. As montanhas ao fundo é que deram o nome à pequena cidade


E foi justamente essa que escolhemos. Primeiro, porque já está praticamente dentro da península. Segundo porque não viemos até aqui para ver pessoas, mas para ver bichos e paisagens grandiosas. Enfim, tendo a Fiona conosco, não dependemos de agências de turismo e podemos nos dar ao luxo de ficar em uma vilazinha bem pequena (500 habitantes) e tranquila, de frente ao mar.

A pequena e simpática Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina

A pequena e simpática Puerto Piramides, na Península Valdés, na Argentina


Atravessando as estradas de terra da Península Valdés, na Argentina, rumo às águas azuis do Golfo Nuevo

Atravessando as estradas de terra da Península Valdés, na Argentina, rumo às águas azuis do Golfo Nuevo


Mesmo a pequena Puerto Pirâmides, no auge da estação ou durante grandes feriados, se enche de gente. Mas ontem e hoje não era nem um caso nem outro. Assim, quando chegamos aqui já no escuro, não foi difícil encontrar uma boa pousada onde tivemos um excelente jantar e um quarto ouvindo o sempre delicioso barulho das ondas. Sonhamos com o passeio para ver as baleias hoje de manhã. Na véspera vários barcos haviam levado turistas até as poucas baleias francas que restam aqui nas águas tranquilas do Golfo Nuevo. Esses barcos saem tanto de Puerto Madryn como de Puerto Pirâmides e a região é considerada uma das melhores do mundo para se ver esses gigantescos e dóceis cetáceos.

O belo litoral sul da Península Valdés, na Argentina, banhado pelsa águas do Golfo Nuevo

O belo litoral sul da Península Valdés, na Argentina, banhado pelsa águas do Golfo Nuevo


Com todo o cuidado, no alto de uma das falésias sobre o Golfo Nuevo, na Península Valdés, na Argentina

Com todo o cuidado, no alto de uma das falésias sobre o Golfo Nuevo, na Península Valdés, na Argentina


Mas o dia amanheceu com muito vento, como já anteviam as previsões de ontem de noite. Com o mar todo encrespado, nada de barcos, nada de baleias. Tínhamos de achar um programa “alternativo”, o que não foi difícil em uma região tão bonita. Sem barcos, apelamos para nossa sempre fiel Fiona e fomos passear de carro pelo litoral sul da península onde estão algumas das mais pelas paisagens de Valdés.

Percorrendo o litoral sul da Península Valdés, na Argentina

Percorrendo o litoral sul da Península Valdés, na Argentina


O belo litoral sul da Península Valdés, na Argentina, banhado pelsa águas do Golfo Nuevo

O belo litoral sul da Península Valdés, na Argentina, banhado pelsa águas do Golfo Nuevo


Na verdade, ainda antes de entrar na Fiona fomos passear na própria praia de Puerto Pirâmides. Não demora muito para entendermos o nome dado a este lugar que nasceu como porto para dar vazão a toda a produção de sal da Península Valdés. As montanhas ao lado da cidade parecem gigantescas pirâmides, no formato e na cor. Prova que os egípcios estiveram por aqui? Não, prova que a natureza, através do vento e da água, é uma escultora de mão cheia!

Com a ajuda da Fiona, explorando o litoral sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides

Com a ajuda da Fiona, explorando o litoral sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides


Com a ajuda da Fiona, explorando o litoral sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides

Com a ajuda da Fiona, explorando o litoral sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides


O mar estava realmente encrespado. Então, todos a bordo da Fiona! A primeira rápida parada foi em um mirante para se admirar a cidade, as montanhas ao seu redor e o mar azul a sua frente. As baleias escolheram bem a sua casa de inverno! Em seguida, rumo às encostas que marcam o litoral sul da península, sempre com suas cores vibrantes, o amarelo creme das pedras e falésias e o azul profundo do mar.

A carcaça de um filhote de baleia franca em praia do litoral sul da Península Valdés, na Argentina, próximo a Puerto Piramides

A carcaça de um filhote de baleia franca em praia do litoral sul da Península Valdés, na Argentina, próximo a Puerto Piramides


A estrada termina, mas é possível seguir em frente com a Fiona, seguindo alguns rastros, sobre os rochedos da costa. Chegamos a uma pequena praia de areia cheia de gaivotas. Mas nem elas estão interessadas numa gigantesca carcaça no meio da praia. É um filhote de baleia franca já em avançado estado de decomposição. O número de baleias mortas nessa área, principalmente mais jovens, tem aumentado muito na última década. Depois de muitos estudos e observações, a razão para isso foi aparentemente descoberta. E surpreendeu a todos. Gaivotas! Isso mesmo, as pequenas gaivotas estão matando esses gigantes. Uma super população dessas aves, sedenta de alimentos, aparentemente encontrou uma outra e rica fonte de proteínas. Elas atacam as baleias com suas fortes bicadas quando essas vêm a tona respirar arrancando pequenos pedaços de pele e gordura. Isso é obviamente dolorido para as baleias e o simples ato de respirar tornou-se um tormento. As baleias passam muito mais tempo tentando se livrar dos pássaros, o que deixa as mães acompanhadas de filhotes com bem menos tempo para alimentar suas crias. O resultado, além de profundas feridas nas baleias, são filhotes mais magros, muitos dos quais acabam morrendo. Não duvido que tenha sido o caso do filhote que vimos hoje. O governo daqui, ajudado por organizações ambientais, estão tentando encontrar uma solução para isso. Perseguir as gaivotas? Matá-las? Ninguém sabe ao certo ainda como lidar com isso. Enquanto homens conversam, as baleias daqui já até desenvolveram uma nova técnica de respiração, chamada de oblíqua, que dificulta a ação dos pássaros. As únicas do mundo a fazerem isso, mas uma prova da adaptabilidade desse inteligente animal. Enquanto isso, para a preocupação dos amantes e estudiosos das baleias, gaivotas do sul do Brasil começam a ter o mesmo comportamento. Tudo isso causado pela superpopulação dessas aves que por sua vez foi causado pela quantidade de lixo orgânico (restos de peixes) jogado no mar pelos barcos de pesca. É claro que tinha de ter um dedinho nosso nesse desiquilíbrio...

O rochoso litoral sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides

O rochoso litoral sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides


As cores vibrantes do litoral sul da Península Valdés, na Argentina

As cores vibrantes do litoral sul da Península Valdés, na Argentina


Bom, esse foi o momento triste do dia. O resto, foi só alegria. A erosão marinha fez um verdadeiro tabuleiro de pedras e rochas na orla e nós ficamos ali, explorando cada pedacinho, às vezes com a Fiona, outras caminhando. Oportunidade para muitas fotos, pulos, selfies ou pura contemplação. O mar daqui é simplesmente lindo, um azul que hipnotiza nossos olhos.

Área desértica com direito a grandes dunas de areia no sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides

Área desértica com direito a grandes dunas de areia no sul da Península Valdés, na Argentina, região de Puerto Piramides


Caminhando e admirando deserto no sul da Península Valdés, na Argentina

Caminhando e admirando deserto no sul da Península Valdés, na Argentina


Por fim, já no caminho de volta, fomos explorar um pequeno deserto de areia, com direito a cactos e muitas dunas. Fazia tempo que não caminhávamos nessas montanhas de areia (desde a Venezuela?) e fomos matar a saudade. Mas não por muito tempo, pois ainda tínhamos um longo dia de estrada pela frente. Na pressa que estamos para chegar à Bariloche, desistimos de esperar mais um dia por aqui (vai que venta de novo e os barcos não saem? Era o que dizia a previsão...) e resolvemos iniciar nossa travessia de leste a oeste da Argentina ainda hoje. Mas antes de entrar no interiorzão da Patagônia, uma parada para chá numa pequena cidade de colonização galesa. Galesa? É... assunto para o próximo post!

Felizes da vida no belíssimo e selvagem litoral sul da Península Valdés, na Argentina

Felizes da vida no belíssimo e selvagem litoral sul da Península Valdés, na Argentina


Felizes da vida no belíssimo e selvagem litoral sul da Península Valdés, na Argentina

Felizes da vida no belíssimo e selvagem litoral sul da Península Valdés, na Argentina

Argentina, Península Valdés, Puerto Piramides, Baleia, Bichos, deserto, Dunas, Patagônia, Praia

Veja todas as fotos do dia!

Faz um bem danado receber seus comentários!

Zero Grau

Brasil, Rio Grande Do Sul, São José dos Ausentes

Vestida com seu casaco de pele para enfrentar o frio em São José dos Ausentes - RS

Vestida com seu casaco de pele para enfrentar o frio em São José dos Ausentes - RS


A massa de ar polar chegou ao mesmo tempo em que a umidade se mandou. Com isso, a temperatura despencou, as nuvens sumiram, o céu ficou azul, a paisagem apareceu, mas a neve, ficou só na saudade. E assim promete ser o resto da semana: muito frio e muito sol. O negócio agora é aproveitar a belíssimo visual da região, se divertir com as geadas durante a manhã e esperar mais um pouco para pegar muita neve na Bolívia, Argentina e Chile.

Dia de sol e muito frio na região de São José dos Ausentes - RS

Dia de sol e muito frio na região de São José dos Ausentes - RS


Acordamos já sentindo o ar gelado ao lado do rosto, enquanto o resto do corpo se dobrava sobre os cobertores. A temperatura fora do quarto era de dois graus. Café da manhã ao lado da lareira, caminhada nos gramados ao redor do hotel e trabalho sob os cobertores completaram a nossa manhã e nos deixaram prontos para o almoço no nosso spa de engorda.

Floresta de araucárias em São José dos Ausentes - RS

Floresta de araucárias em São José dos Ausentes - RS


Depois, as despedidas dos nossos amigos gaúchos, em especial o Seu Domingos, proprietário do hotel que nos acolheu tão bem nesses quase três dias. Resolvemos viajar para Cambará do Sul, cidade base para se visitar os canyons mais famosos do Brasil, na fronteira de rio Grande do Sul e Santa Catarina, no Parque Nacional da Serra Geral. Cambará do Sul também é conhecida pelas baixas temperaturas no inverno e como é atrás de frio que estamos indo, pareceu uma ótima idéia.

Dia de sol e muito frio na região de São José dos Ausentes - RS

Dia de sol e muito frio na região de São José dos Ausentes - RS


A viagem é toda em estrada de terra, cruzando a área campestre do estado, paisagem bucólica e lindíssima. Com o sol baixando no horizonte e a tarde terminando, a temperatura caía na frente dos nossos olhos. De sete graus, já estava em dois quando chegamos em Cambará do Sul. Aqui, a gente se instalou na Pousada Refúgio das Gralhas, da queridíssima Cerli. Ela nos explicou que já era tarde demais para seguir para qualquer um dos canyons da região e que teríamos de esperar pela manhã seguinte.

Seu Domingos, proprietário do hotel Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS

Seu Domingos, proprietário do hotel Monte Negro, em São José dos Ausentes - RS


Assim, só nos restou acompanhar o frio aumentar e trabalhar um pouco no nosso quarto com aquecedor. Só nos aventuramos para fora para ir atrás de um lanche. Jantar, nem pensar, pois os restaurantes estavam todos fechados, pelo frio e pela falta de clientes potenciais.

Trabalho no quarto quentinho em Cambará do Sul - RS enquanto lá fora faz zero grau!

Trabalho no quarto quentinho em Cambará do Sul - RS enquanto lá fora faz zero grau!


E assim a noite chegou. E, junto com ela, nossas primeiras temperaturas negativas da viagem dos 1000 dias. Mas, antes de chegar ao negativo, ela passou pelo número mágico do zero grau. E bem nessa hora, lá na praça onde está o termômetro, lá estávamos para registrar a temperatura...

Otermômetro da praça confirma a temperatura marcada pela Fiona em Cambará do Sul - RS

Otermômetro da praça confirma a temperatura marcada pela Fiona em Cambará do Sul - RS

Brasil, Rio Grande Do Sul, São José dos Ausentes,

Veja todas as fotos do dia!

Gostou? Comente! Não gostou? Critique!

Separados

Brasil, Pernambuco, Fernando de Noronha

Praia e Piscina do Atalaia, em Fernando de Noronha - PE

Praia e Piscina do Atalaia, em Fernando de Noronha - PE


Hoje foi um daqueles poucos dias da nossa viagem em que eu e a Ana nos separamos. Ela foi fazer a bonita caminhada do Atalaia enquanto eu fiquei na pousada trabalhando e brigando com a internet gratuita da ilha.

Eu já tinha feito essa caminhada do Atalaia outras duas vezes. Eram outros tempos, o controle bem menor e nossa liberdade bem maior. Com o aumento do turismo, foi preciso a imposição de regras mais rígidas para se visitar a enorme piscina natural que se forma na maré baixa na praia do Atalaia. Após a visita à piscina, sob os olhos atentos de fiscais, pode-se fazer uma longa e belíssima caminhada pela costa leste da ilha, uma área de costão e praias de pedra, até o porto de Santo Antônio.

Pontinha, durante a Caminhada do Atalaia, em Fernando de Noronha - PE

Pontinha, durante a Caminhada do Atalaia, em Fernando de Noronha - PE


Como eu já conhecia a piscina e a caminhada e não queria substituir minhas lembranças de uma época muito mais romântica e sem ninguém para ficar me impondo limitações, preferi tirar parte do atraso do nosso site. A descrição do passeio será feita pela Ana em seu blog, que foi junto com o Haroldo e o guia (obrigatório) Tiago.

Eu consegui fazer alguns posts e "empacotar" algumas fotos. Aí, fui lá na loja do Açaí, que fica do lado da escola onde o sinal da internet é mais forte, tentar despachar o material para o mundo. Há uma internet gratuita na ilha, mas o sinal não é dos mais fortes. E quando é, não é dos mais rápidos. Enfim, com muita paciência mandei o que tinha preparado.

Cervejinha comemorativa no Museu do Tubarão ao final da Caminhada do Atalaia, em Fernando de Noronha - PE

Cervejinha comemorativa no Museu do Tubarão ao final da Caminhada do Atalaia, em Fernando de Noronha - PE


Depois, peguei o busão até o porto para encontrar com a Ana e o Haroldo, no final da tarde. Eles estavam no bar do museu do Tubarão tomando cerveja e comendo porções de bolinhos de tubalhau. Esta é uma região linda da ilha, ao lado do Buraco da Raquel, uma grande pedra furada pela ação milenar das marés. Logo no alto de uma colina ali do lado está uma pequena capelinha com linda vista para o mar onde vários turistas apaixonados pela ilha e entre si escolhem se casar.

A caminho do porto em Fernando de Noronha - PE

A caminho do porto em Fernando de Noronha - PE


De noite, voltamos ao Bistrô da Cacimba para jantar. Comida absolutamente divina. Compensa os preços salgados. O Haroldo nos ofereceu esse jantar de presente e nos refestelamos todos. Com direito à garrafas de vinho. Primeiro uma, depois outra e no final, uma terceira! Para alegria da Ana e também da Cecília, a simpática, inteligente e bela "garçon" que nos atendeu no restaurante. Depois de tanto vinho, estávamos todos inspirados para os mergulhos do dia seguinte, os últimos em Noronha.

Brasil, Pernambuco, Fernando de Noronha, Atalaia

Veja mais posts sobre Atalaia

Veja todas as fotos do dia!

Faz um bem danado receber seus comentários!

Nous Sommes à Cayenne

Guiana Francesa, Saint Georges, Cacao, Cayenne

O antigo Palácio dos Jesuítas, em Cayenne, na Guiana Francesa

O antigo Palácio dos Jesuítas, em Cayenne, na Guiana Francesa


Hoje foi o dia de entrarmos de vez na Guiana Francesa. Por enquanto, só estávamos do outro lado do rio, o Brasil logo ali, à nossa vista. Um passeio na pequena e tranquila vila é o bastante para ver que saímos do Brasil, pois está tudo escrito em francês, as ruas e calçadas são bem arrumadinhas, a arquitetura é distinta, com um certo ar europeu. Mas a gente ouve muito português pelas ruas, principalmente do lado do porto.

Placa de rua já nos mostra que estamos fora do Brasil (em Saint Georges, na Guiana Francesa)

Placa de rua já nos mostra que estamos fora do Brasil (em Saint Georges, na Guiana Francesa)


Na verdade, a Guiana Francesa não é um país, mas um departamento (estado) francês. Tecnicamente, estamos na França! Aliás, pouca gente sabe, mas o país com a fronteira terrestre mais extensa com a França não é a Alemanha, a itália ou a Suiça. Não! Na verdade, é o Brasil, exatamente pela longa fronteira do Amapá e do Pará com a Guiana Francesa. Inclusive, na época de Dom joão, depois dos franceses botarem ele para correr de Portugal, numa espécie de retaliação, o Brasil, com a devida ajuda da Inglaterra, "conquistou a Guiana. Mas quando a monarquia retornou à França, o país foi devolvido também. As fronteiras só foram definitivamente demarcadas no início do século XX, oficializando o rio Oiapoque como fronteira. Entre Brasil e França!

Nosso hotel em Saint Georges de L'Oyapoque, na Guiana Francesa

Nosso hotel em Saint Georges de L'Oyapoque, na Guiana Francesa


Enfim, tomamos a direção rumo ao norte, deixando o Oiapoque para trás e atravessando a floresta guianesa numa estrada asfaltada e cheia de curvas. Muito pouca coisa no caminho, exceto árvores. A floresta ainda ocupa a vasta maioria do território da Guiana Francesa, onde muito pouco é produzido e quase tudo vem da França, o que torna os produtos bem caros. Aliás, com a construção da ponte, muita coisa passará a vir do Brasil, o que vai baratear a vida no país. Em contrapartida, produtos franceses atravessarão a ponte em direção à Macapá. A economia fluirá e trará progresso para os dois lados. O difícil será separar a parte boa e a parte ruim do progresso...

Igreja em Cacao, na Guiana Francesa

Igreja em Cacao, na Guiana Francesa


Um pouco depois da metade do caminho, entramos na pequena vila de Cacao. O que a torna especial é que foi fundada por imigrantes do Laos, fugidos da guerra nos anos 70. Trouxeram consigo seus costumes, comida e arquitetura. Isso fez da pequena vila um dos destinos preferidos dos habitantes de Cayenne, principalmente aos domingos, quando é realizado uma feira. Hoje era sábado, e com muita chuva. Então, a cidade estava bem tranquila. Tiramos algumas fotos, andamos um pouco, admiramos a densa mata da região, os telhados característicos do sudeste asiático e seguimos para Cayenne, 70 km ao norte.

Vista de Cacao, na Guiana Francesa

Vista de Cacao, na Guiana Francesa


Mas, foi voltarmos à estrada principal que logo paramos novamente. Um carro, uma antiga Toyota toda adesivada nos chamou a atenção. Logo a reconhecemos como aquela que tinha passado pela concessionária da Toyota em Macapá, uma semana antes de nós, que os vendedores tinham feito propaganda. Holandeses viajando pelo mundo. Pois é, eles mesmos! Fizeram sinal para que parássemos, e nós, os dois carros, encostamos ao lado da estrada e nos apresentamos.

Encontro com os viajantes holandeses Karin e Coen, na estrada há oito anos! (região de Cacao, na Guiana Francesa)

Encontro com os viajantes holandeses Karin e Coen, na estrada há oito anos! (região de Cacao, na Guiana Francesa)


Eles também nos conheciam! Tinham estado na Laje do Pai Mateus, na Paraíba, e viram nosso adesivo. O pessoal do hotel fez propaganda nossa. Agora, aqui, no meio da Guiana Francesa, nos encontramos! Mundo pequeno! Bom, o fato é que a conversa serviu para nos mostrar que eles são muito mais "profissionais" do que nós. Estão na estrada há 8 anos, cinco deles na Ásia e três na América do Sul. Escrevem para várias revistas e conseguem viver disso. O site deles é www.landcruising.nl No site, há links para vários outros sites. Inclusive para um casal de suiços detentores do recorde mundial de viagens. Estes estão na estrada desde 84, com o mesmo carro! Já passaram por mais de 160 países!!! Impressionante! O site deles é o http://www.weltrekordreise.ch/a_starte.html

A densa e úmida mata amazônica na região de Cacao, na Guiana Francesa

A densa e úmida mata amazônica na região de Cacao, na Guiana Francesa


Pela primeira vez conversamos com alguém que, quando dissemos do plano de viagem e do tempo, 1000 dias, respondeu "Mas só 1000 dias? É muito pouco! Melhor ficar só na América do Sul!" Heheheh, cada um com sua referência, né? E assim nos separamos, cada Toyota no seu ritmo, cada toyota para seu lado.

Praça em Cayenne, capital da Guiana Francesa

Praça em Cayenne, capital da Guiana Francesa


E o nosso lado era Cayenne. Cidade pequena, para uma capital, umas 70-80 mil pessoas. A gente se instalou no Hotel Best Western Amazonia, bem central, com internet e garagem para a Fiona. Não poderíamos pedir mais...

Cayenne decorada para o carnaval, na Guiana Francesa

Cayenne decorada para o carnaval, na Guiana Francesa


Aproveitamos o finalzinho de tarde para passear pela cidade quase deserta, num sábado de tarde chuvoso. Algumas fotos para marcar o dia e a gente se acostumando com um novo país e uma nova língua. Afinal, estamos em Cayenne, ou, nous sommes à Cayenne!

Guiana Francesa, Saint Georges, Cacao, Cayenne, Capital, Estrada, Landcruising, Overlanders

Veja mais posts sobre Capital

Veja todas as fotos do dia!

Comentar não custa nada, clica aí vai!

A Volta ao Brasil Pelo Rio Amazonas (1990)

Peru, Iquitos

O movimentado porto de Iquitos, na beira do rio Amazonas, no Peru (foto de Julho de 1990)

O movimentado porto de Iquitos, na beira do rio Amazonas, no Peru (foto de Julho de 1990)


Várias vezes durante os 1000dias passamos pela região amazônica. Com a Fiona ou de barco, quase sempre no Brasil, mas também em outros países, já que esse incrível ecossistema se estende por uma vasta região da América do Sul, incluindo países como as Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia e Peru. Neste último, passamos pela cidade de Puerto Maldonado quando percorríamos a rodovia interoceânica, a estrada que liga o Acre com Cusco, no Peru. Mas a nossa experiência amazônica peruana foi meio conturbada, já que a Ana adoeceu na cidade e ficamos mais entre hospitais e farmácias do que entre árvores e macacos (veja o post aqui). De qualquer maneira, a cidade-símbolo da Amazônia peruana não é Puerto Maldonado, mas Iquitos, mais ao norte, muito maior e mais isolada. Iquitos é a maior cidade do mundo onde não se pode chegar por estradas. Incrustrada no meio da selva e na orla do maior rio do planeta, com mais de 300 mil habitantes, ali só se chega de avião ou de barco.


O nosso roteiro pela América do Sul em 1990. O trechos entre Bauru e Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e entre Puno, Cusco e Arequipa, no Peru, foram de trem. Os outros trechos, de ônibus. Para retornar de Lima, avião para Iquitos e barco até Tabatinga, no Amazonas

Talvez por isso, ela nunca esteve no roteiro da Fiona ou dos 1000dias. Mas eu já estive lá uma outra vez, durante meu primeiro mochilão pelo continente, em Julho de 1990. Eu viajava com meu primo Haroldo e o amigo Marcelo e já relatei outras partes dessa mesma viagem aqui no site dos 1000dias, especialmente aqueles trechos interessantes do continente em que eu e a Ana não passamos dessa vez. Foi assim com a nossa passagem pelo Trem da Morte, quando subimos a montanha Chacaltaya, ao lado de La Paz, e quando percorremos a Trilha Inca, a caminho de Machu Picchu. Depois de conhecer as ruínas arqueológicas mais famosas do continente, nós fomos para Arequipa, no sul do Peru e, de lá, para a capital, Lima. Daí seguimos para Huaraz, na belíssima Cordillera Blanca, e Trujillo, no norte. Durante os 1000dias nós estivemos em todos esses lugares e por isso não relato aqui como foi a nossa experiência por eles naquele tempo. Faltava, então, retornar ao Brasil e foi então que passamos por Iquitos, numa travessia que incluiu aviões e barcos, não só para conhecer Iquitos, mas também as maiores cidades da região norte do nosso país.

Em 1990, nós voltamos do Peru para o Brasil de barco pelo rio Amazonas, saindo de Iquitos (onde só se chega voando ou navegando!) para Tabatinga, no Amazonas, fronteira com Leticia, na Colômbia

Em 1990, nós voltamos do Peru para o Brasil de barco pelo rio Amazonas, saindo de Iquitos (onde só se chega voando ou navegando!) para Tabatinga, no Amazonas, fronteira com Leticia, na Colômbia


Já naquele tempo, a viagem a Machu Picchu era uma espécie de batismo de fogo para jovens estudantes brasileiros que pretendiam conhecer o mundo. O roteiro era quase sempre o mesmo, seguindo por terra (trem e ônibus) do Brasil ao Peru, através da Bolívia, e retornando pelo mesmo caminho. Alguns viajantes preferiam (se pudessem!) voar na volta, tanto de La Paz como de Lima, para aqueles poucos que esticavam a viagem até lá. Na época, nós quisemos fugir um pouco desse lugar-comum e inovar. Numa época sem internet, debruçados sobre mapas e guias, idealizamos uma volta alternativa, de barco, pela região amazônica. Bastaria chegar até Iquitos e, de lá, navegando pelo rio Amazonas, chegar até Manaus e Belém. Planos feitos, mãos a obra. Quando passamos por Lima, ainda antes de seguirmos para o norte do país, conseguimos comprar passagens aéreas para Iquitos. Nosso problema, além do dinheiro, era o tempo, pois tínhamos de retornar às aulas universitárias do início do 2º semestre. Uma corrida só! O bom de passagens aéreas, de trem ou de ônibus, é que podemos marcar datas e, quase sempre, confiar nelas. Estávamos para aprender que o mesmo não se pode dizer das viagens de barco, especialmente na região amazônica.

Chegando no aeroporto de Iquitos, no meio da amazônia peruana (foto de Julho de 1990)

Chegando no aeroporto de Iquitos, no meio da amazônia peruana (foto de Julho de 1990)


Uma deliciosa casa de sucos e saladas de frutas em Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)

Uma deliciosa casa de sucos e saladas de frutas em Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)


Na data marcada, voamos para Iquitos. Aí conhecemos um outro Peru, completamente diferente daquele pelo qual vínhamos viajando nas últimas semanas. Somem os Andes, entra a floresta amazônica. Desaparece o frio, um calo úmido ocupa seu lugar. A típica fisionomia andina dos indígenas também é substituída pelos traços conhecidos dos índios amazônicos. O único elo é a língua espanhola. Aliás, que estranho que foi para nós, já no aeroporto, nos sentir na Amazônia, mas escutar todo mundo falar espanhol. O cérebro quase entra em parafuso. Iquitos, como eu já disse, é uma grande metrópole, cerca de 300 mil habitantes, e está completamente isolada das outras cidades do país e do planeta, pelo menos por vias terrestres.

O Haroldo observa o movimentado porto de Iquitos, na beira do rio Amazonas, no Peru (foto de Julho de 1990)

O Haroldo observa o movimentado porto de Iquitos, na beira do rio Amazonas, no Peru (foto de Julho de 1990)


Barco lotado chega a Iquitos, na beira do rio Amazonas, no Peru (foto de Julho de 1990)

Barco lotado chega a Iquitos, na beira do rio Amazonas, no Peru (foto de Julho de 1990)


Naquela época, o turismo do ayahuasca (o famoso chá psicodélico amazônico), que atrai tanta gente a Iquitos nos dias de hoje, ainda não havia se desenvolvido e nosso principal objetivo na cidade era tomar o barco em direção ao Brasil. Mal encontramos uma pousada e corremos ao porto para tentar descobrir horários e comprar passagens. Foi quando descobrimos que, teoricamente, há barcos todo o tempo, mas que na prática, só saem quando estiverem cheios, de carga e de pessoas. Há vários barcos descendo o rio, mas o problema é acertar qual vai sair primeiro. Ficamos sempre com medo de nos comprometer com algum (pagar!) para depois descobrir que outros vão sair antes. Viagens marcadas para hoje podem muito bem esperar uma semana para zarpar. É o ritmo amazônico, mas nós não tínhamos tempo para nos adaptar a ele. O resultado é que íamos constantemente ao porto em busca de informações mais precisas e na torcida (e desespero!) para que zarpássemos o quanto antes. E entre uma visita e outra, fomos relaxando e curtindo o tempo naquela cidade tropical.

Embarcando no barco Iris, em Iquitos, no Peru, rumo a Tabatinga, no Brasil (foto de Julho de 1990)

Embarcando no barco Iris, em Iquitos, no Peru, rumo a Tabatinga, no Brasil (foto de Julho de 1990)


Foram quase três dias de espera até que nosso barco, o Íris, zarpasse. Nesse tempo, nunca tomei tantos suco e comi salada de frutas na minha vida. Uma delícia! Saúde pura! A cidade e sua praça central, a sempre presente “Plaza de Armas”, parecem bastante o Brasil. Além da língua, claro, a diferença está na quantidade impressionante de moto-táxis nas ruas da cidade. Centenas, milhares! Na verdade, são triciclos, e acho que todo mundo se locomove dessa maneira por ali, inclusive nós. Deve ser mais barato levar esses veículos para lá, todos de barco, já que não há estradas. Sem contar o próprio combustível, já que são muito mais econômicos que carros. Por fim, o próprio calor amazônico, uma constante por ali. No triciclo, estamos sempre com um ar condicionado natural, o vento! Não só os veículos são abertos, mas os restaurantes, sempre com grandes terraços e sob a sombra de árvores. Até as igrejas, onde assistimos a um coral amazônico, são mais amplas, abertas e tropicais.

Navegando na parte peruana do rio Amazonas, de Iquitos, no Peru, a Tabatinga, no Brasil  (foto de Julho de 1990)

Navegando na parte peruana do rio Amazonas, de Iquitos, no Peru, a Tabatinga, no Brasil (foto de Julho de 1990)


Mas, por fim, partimos, com dois dias de atraso desde a primeira promessa do capitão. Para nós, acabou saindo mais barato investirmos em uma cabine do que comprar três redes para dormir em um dos dois decks do barco. Para os três, foi a primeira experiência no rio Amazonas, que tanto havia frequentado nossas aulas de geografia durante a adolescência. A emoção de estar lá, vendo-o com os próprios olhos, é até difícil de descrever. O rio é absolutamente enorme, mesmo estando a mais de 1.000 quilômetros da foz. Uma massa de água, imparável, rasgando a floresta ao meio. Uma hora depois de partirmos, a calma de navegar quase sozinhos no meio do rio e da floresta contrastava com o caos reinante no porto de Iquitos. Ali, um movimentado porto amazônico, barcos chegam e saem todo o tempo em docas improvisadas nas encostas do rio. Todo o tempo, centenas de pessoas entram e saem dos barcos, chegam e partem da cidade, rio acima ou rio abaixo. Um verdadeiro formigueiro humano que, depois de algumas visitas ao porto, passamos a compreender. Dentro do caos, uma certa ordem. Mas apenas aos olhos mais treinados.

Navegando por pequenos braços do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)

Navegando por pequenos braços do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)


Vitórias-régia em pequenos braços do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)

Vitórias-régia em pequenos braços do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)


Agora ali, no meio do rio, a calma é verdadeira. Sempre há botos cinza a nos guiar. O local mais gostoso do barco é o telhado, longe da confusão dos decks e da música alta. Por falar nisso, a cabine é terrivelmente barulhenta, quase em cima do motor. Abafada também, só ficamos ali de noite. A comida servida no barco não é das melhores, mas trouxemos bastante frutas da cidade. O banheiro é quase inusável e o melhor a fazer, se conseguirmos, é segurar. Os passageiros são quase todos peruanos e muitos deles nem sabem o que é ou onde é o Brasil, mesmo estando em um barco que vai descer o rio até a fronteira. “Brasil? Es uma ciudad?”.

Navegando por pequenos braços do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)

Navegando por pequenos braços do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)


Passageiros fazem força para tentar desatolar nosso barco do leito do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)

Passageiros fazem força para tentar desatolar nosso barco do leito do rio Amazonas, na região de Iquitos, no Peru (foto de Julho de 1990)


Muitas vezes, o barco sai do curso principal do rio para entrar em algum afluente. Aí, em algum pequeno povoado ou fazenda, entram e saem pessoas, é descarregado ou carregado algo. É quando nos sentimos mais pertos da infinita floresta que nos rodeia. Pequenas canoas transitam para lá e para cá. Casas são flutuantes ou se sustentam sobre palafitas. São verdadeiramente os trechos mais interessantes da viagem, mas foi aí também que tudo mudou. O barco fez uma aproximação errada da orla do rio e simplesmente atolou. Pois é, atolados no rio mais caudaloso do mundo, parecia até piada. Piada também foi quando quase todos os passageiros desceram e tentaram empurrar o barco. Ele, obviamente, nem se mexeu. Para nós, ao menos, foi divertido, nadar no rio Amazonas que ali não tinha nem um metro de profundidade. A diversão acabou e o barco, muito carregado de combustível, continuava atolado. Chegou um rebocador para ajudar e nada. Chegou outro e nada. Estávamos completamente presos no meio do nada, centenas e centenas de quilômetros de florestas para todos os lados.

O sol nasce no rio Amazonas, durante nossa navegação entre Iquitos, no Peru, e Tabatinga, no Brasil (foto de Julho de 1990)

O sol nasce no rio Amazonas, durante nossa navegação entre Iquitos, no Peru, e Tabatinga, no Brasil (foto de Julho de 1990)


Foi quando um outro barco que seguia para a fronteira passou por ali. Com ajuda de barquinhos, todos os passageiros e suas bagagens foram transferidos. Só que agora, não tínhamos nem cabines e nem redes. A solução foi dormir no piso mesmo, embaixo das dezenas de redes penduradas no convés. Foram “apenas” mais 18 horas de viagem e não tinha outra solução. Melhor do que ficar ali, parados na floresta. Agora, mais do que nunca, com exceção de umas poucas horas de sono durante a noite, ficávamos no telhado do barco admirando a beleza grandiosa ao nosso redor. O nascer-do-sol sobre o rio Amazonas foi absolutamente espetacular e inesquecível, as água do rio pintadas de fogo pela luz da aurora. Que incrível!

O sol nasce no rio Amazonas, durante nossa navegação entre Iquitos, no Peru, e Tabatinga, no Brasil (foto de Julho de 1990)

O sol nasce no rio Amazonas, durante nossa navegação entre Iquitos, no Peru, e Tabatinga, no Brasil (foto de Julho de 1990)


Por fim, chegamos à Santa Rosa, uma pequena vila peruana construída sobre uma ilha do rio na chamada “fronteira tríplice”. Dou outro lado do rio, Colômbia e Brasil, Leticia e Tabatinga. Na pequena Santa Rosa, fizemos nossos papéis de saída e brincamos bastante com duas simpáticas e espertas meninas que haviam viajado conosco. Ficamos também impressionados com as cores de uma espécie de papagaio que vivia na casa do policial da fronteira. Verde, vermelho e amarelo! Uma ave tricolor ali na tríplice fronteira. Papéis prontos, atravessamos o rio de voadeira e voltamos, enfim, ao Brasil. Tabatinga não é a mais bela das cidades, muito pelo contrário. Mas era o primeiro pedacinho do Brasil em que pisávamos depois de 30 dias de andanças por Bolívia e Peru. Típica cidade de fronteira, uma tensão quase constante no ar. Tráfico de drogas e mercadorias são comuns por ali, mas para quem não está metido nisso, a preocupação maior é o forte calor. Estamos sempre procurando algum ventilador para nos aliviar um pouco.

Um papagaio todo colorido em Santa Rosa,  fronteira entre Peru e Brasil, no rio Amazonas (foto de Julho de 1990)

Um papagaio todo colorido em Santa Rosa, fronteira entre Peru e Brasil, no rio Amazonas (foto de Julho de 1990)


Fazendo amizade com simpáticas crianças peruanas na fronteira entre Peru e Brasil, no rio Amazonas (foto de Julho de 1990)

Fazendo amizade com simpáticas crianças peruanas na fronteira entre Peru e Brasil, no rio Amazonas (foto de Julho de 1990)


Tabatinga está grudada em Leticia. Juntas, são quase 100 mil habitantes. Mas Leticia é infinitamente mais turísticas, uma das cidades mais procuradas na Colômbia por visitantes estrangeiros. Todos em busca de uma experiência na exótica Amazônia. Nós, depois de mais de dois dias navegando nas águas do maior rio do mundo e dos três dias esperando em Iquitos, já estávamos satisfeitos com a experiência. O que precisávamos mesmo era sair dali, pois o semestre letivo já começava a 4 mil quilômetros de distância, lá na UNICAMP, interior de São Paulo. Checando preços e alternativas, descobrimos que o barco e o avião custariam mais ou menos a mesma coisa até Manaus. Com a diferença de que uma viagem demoraria três dias e a outra, três horas. Com a pressa que estávamos, não foi difícil escolher. Voamos no dia seguinte, na extinta Varig. O mesmo raciocínio valeu para o trecho entre Manaus e Belém, alguns dias mais tarde. Só que dessa vez, voamos na extinta Vasp. As passagens podiam ser pagas em três vezes sem juros! Nos últimos 20 anos, nós nos esquecemos disso, mas a inflação daquela época era de 10% ao mês! Pagar em três vezes era um senhor desconto! Foi assim que voltamos à nossa Campinas, depois de um belo giro por Bolívia, Peru e Amazônia, um super primeiro mochilão que me fez pegar gosto pela coisa e que, para sempre, me serviria de referência nas muitas viagens que se seguiram nos anos e décadas seguintes. Como se diz por aí: “a primeira vez, a gente nunca esquece!”.

A fronteira tríplice entre Brasil (Tabatinga), Peru (Santa Rosa) e a famosa Leticia (Colômbia), na amazônia. Foi por aí que voltamos ao Brasil na viagem de 1990, vindos de barco de Iquitos, na amazônia peruana

A fronteira tríplice entre Brasil (Tabatinga), Peru (Santa Rosa) e a famosa Leticia (Colômbia), na amazônia. Foi por aí que voltamos ao Brasil na viagem de 1990, vindos de barco de Iquitos, na amazônia peruana



P.S Para quem se interessar, os relatos dessa viagem de 1990 que estão no site dos 1000dias são:

1 - A viagem no Trem da Morte
2 - A subida do Chacaltaya, em La Paz
3 - A Trilha Inca até Machu Picchu
4 - Viajando pelo rio Amazonas do Peru ao Brasil (este post!)

Peru, Iquitos, Colômbia, Leticia, Rio, Rio Amazonas, Tabatinga, viagem, ViagemAntiga

Veja todas as fotos do dia!

Comentar não custa nada, clica aí vai!

Música Eletrônica

Estados Unidos, Washington State, Seattle

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Estou ficando velho. Música eletrônica não é da minha época. Acho que começou a aparecer nos últimos anos de faculdade, quando já não tinha muito tempo para baladas. Depois, o tempo foi passando, a moda veio chegando, nomes se consagrando, grandes festivais, as famosas raves, mas nunca participei do movimento.

Chegando à Foundation para assistir o show do  DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Chegando à Foundation para assistir o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Mas, quis o destino, casei-me com alguém que sempre gostou da bendita música eletrônica. A convivência com a Ana começou a me fazer aturar esse novo tipo de “arte”. Depois, com o tempo, até comecei a gostar um pouco também, mas sem entender patavínia. Os grandes nomes desse tipo de música, para mim, são como os nomes da nova geração de atores da Globo ou essas modelos que aparecem todos os dias na capa do UOL ou do Terra: nunca vi mais gordos. Talvez por isso, nem me importei quando a Ana, há poucos dias, exclamou entusiasmada: “O Paul van Dyke vai tocar aqui em Seattle!!!”

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Diante da minha reação pouco entusiasmada, ela pacientemente explicou. É um dos maiores DJs da história. Nascido e crescido na antiga Alemanha Oriental, só conseguia ouvir música pirateada por baixo do Muro de Berlin. O muro caiu e van Dike foi um dos precursores dessa nova arte, ganhador de inúmeros prêmios e cultuado mundo afora!

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Fantasias de Halloween na noite do show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Bom, diante disso, tratamos de refazer nossa agenda. Saímos de Seattle para uma volta pelos parques nacionais próximos e voltamos a tempo de assistir o show na noite de hoje, 31, em pleno Halloween. Com direito a voltar ao “nosso” Hyatt pelo mesmo ótimo preço conseguido pelo PriceLine, menos da metade do preço de balcão. E ainda tivemos a sorte de, ao retornar à cidade, reencontrar nossos amigos colombianos, que rodam a América na Lunita, a simpática Kombi verde.

Reencontro com nossos amigos Kombianos em jantar no restaurante giratório da Space Needle, em Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos

Reencontro com nossos amigos Kombianos em jantar no restaurante giratório da Space Needle, em Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos


Jantamos todos no restaurante giratório da Space Needle, com direito a vinho e uma vista fantástica das luzes da cidade. Depois, novas despedidas (acho que já é a quarta vez!) e um até breve nesse pequeno continente que ambas as expedições exploram incansavelmente.

Prontos para o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Prontos para o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Dali para o hotel e de lá, após nos “esquentarmos” no delicioso rum de Barbados que tem viajado bastante conosco, de van para a boate onde ocorreria o show. Foi ali que percebemos que estaria todo mundo fantasiado. De bruxas, vampiras, motoqueiros, monstros, jogadores e o que for. Afinal, era noite de Halloween!

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

O movimentado show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Depois de 10 minutos na fila nos divertido com as fantasias, na nossa vez de entrar, fomos barrados. Ali, só com passaporte, nada de carteiras de motorista ou cédulas de identidade. Não tem problema! Ligamos para o hotel, eles vem nos buscar, pegamos nosso passaporte, a Ana improvisa um disfarce também e nós finalizamos o Mount Gay (o já saudoso rum de Barbados). Voltamos para o show mais prontos do que nunca.

DJ Paul van Dyke em ação, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

DJ Paul van Dyke em ação, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Agora, o simpático porteiro nos passa na frente da fila e logo nos divertimos lá dentro. A música não demora a começar e, perto da meia-noite, aparece o alemão em grande estilo. Para minha agradável surpresa, ele parece uma pessoa normal. Nada de estrelismos ou esquisitices. Melhor ainda, faz uma música de excelente qualidade!

Mulheres fantasiadas de 5o Elemento animam o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Mulheres fantasiadas de 5o Elemento animam o show do DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


A Ana me dizia: “Tá vendo? Isso é música eletrônica de verdade! É bom ou não é?”. Não tinha como negar, era muito boa mesmo. E assim continuou pelas próximas duas horas ininterruptas. Muita música, muitas luzes, muita gente feliz. No alto da boate, para animar ainda mais a noite, uma punhado de mulheres cheias de saúde, fantasiadas de 5º elemento, pouca roupa e muita pele, dançavam sem parar. Na pista, vampiras e anjas disputavam um bruxo enquanto um motoqueiro flertava com a diaba.

Show do famoso DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos

Show do famoso DJ Paul van Dyke, em Seattle, estado de Washington, nos Estados Unidos


Pena que, como tudo nesse país, regras são regras. Duas da manhã e fim de show. A galera pediu bis. O simpático alemão voltou e queria tocar. Percebe-se logo que faz aquilo por amor e não só por dinheiro ou profissionalismo. Mas os donos da casa não deixaram. Luzes acesas, hora de voltar, sem choradeiras. Não demorou muito e nossa van já vinha nos buscar. A música eletrônica, pelo menos no padrão Paul van Dike, ganhou mais um fã...

Estados Unidos, Washington State, Seattle, Paul van Dike

Veja todas as fotos do dia!

Participe da nossa viagem, comente!

Em Busca do Rio Celeste

Costa Rica, Santa Teresa, Tenorio

Banho de mar matinal em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica

Banho de mar matinal em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica


Chegou o dia de partir do nosso delicioso refúgio na praia de Santa Tereza, o hotel Ranchos Itauna. Como sempre acontece no dia que deixamos à praia, o dia amanheceu lindo, sol radiante. Assim, apesar da longa viagem pela frente, quando a Ana falou que queria dar um último mergulho, nem deu para argumentar. De manhã cedo a maré está vazia e uma grande piscina se forma bem em frente aonde estamos. Impossível resistir...

Preparando-se para entrar no mar pela manhã, em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica

Preparando-se para entrar no mar pela manhã, em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica


Depois, hora das despedidas. Primeiro da nossa simpática companheira de quarto, a alemã Catherine. Depois, do senhorio, o astríaco Peter a a carioca Fátima. E da filhinha Sofia, claro!

Com a alemã Catherine, nossa companheira de quarto em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica

Com a alemã Catherine, nossa companheira de quarto em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica


O tempo foi passando e já desistimos de chegar na Nicarágua ainda hoje. Sem esse objetivo, achamos que ainda daria tempo para um típico programa de surf town: café da manhã bem sadio na padoca. Muito bom!

Com o Peter e a Fátima, donos do Ranchos Itaúna em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica

Com o Peter e a Fátima, donos do Ranchos Itaúna em Santa Teresa, no litoral do Pacífico na Costa Rica


Bom, finalmente colocamos o pé na estrada. O primeiro trecho até que foi rapidinho, a mesma estrada que nos trouxe até aqui do ferry. Mas depois, para a minha infeliz surpresa, descobrimos que a estrada que segue para o norte da península de Nicoys é quase toda de terra. O ritmo imaginado para a viagem foi impossível de ser seguido e tudo o que podíamos fazer era admirar a bela paisagem do golfo ao nosso lado.

A rua principal de Santa Teresa, surf town da costa pacífica da Costa Rica

A rua principal de Santa Teresa, surf town da costa pacífica da Costa Rica


Enfim chegamos à ponte que atravessa o finalzinho do golfo, presente de Taiwan para a Costa Rica. Na sua inglória luta com a China continental nas relações públicas internacionais, Taiwan adora esses tipos de presentes... Dali seguimos para nossa velha conhecida rodovia Panamericana. Felizmente, segúíamos para o norte, livre, e não para San José, engarrafado!


Exibir mapa ampliado

Na bifurcação quarenta quilômetros ao norte, pegamos a Rodovia 4. Mais ou menos por aí, finalmente, batemos o recorde de latitude norte da Fiona. Foi só agora que deixamos Cartagena (Colômbia!) para trás! Mais meia hora e chegamos ao Parque Nacional Tenorio, bem próximo à cidade de Bijagua. Fomos até a entrada do parque já sem esperanças de entrar, pois já era tarde para um passeio. Mas amanhã, às oito da manhã, faça chuva ou faça sol, voltamos! Finalmente, vamos conhecer o Rio Celeste, a principal atração do lugar, já que o tal vulcão Tenório, faz tempo, está com o acesso fechado. A pouco mais de um quilômetro do parque encontramos uma simpática pousada, com direito até à jacuzzi. Um bom lugar para passar a noite. Nesse lugar, só chegam turistas de carros. E na nossa pousada, lá estavam o alemão Lutz e o casal suiço Marcel e Alice, com seus carros alugados. Depois de um jantar em conjunto, o bom e velho arroz com feijão que também é muito tradicional por aqui, combinamos: amanhã vamos todos juntos ao parque.

Nosso quarto no Parque Nacional Tenorio, na Costa Rica

Nosso quarto no Parque Nacional Tenorio, na Costa Rica

Costa Rica, Santa Teresa, Tenorio, Nicoya, Parque, Praia, Rio Celeste

Veja mais posts sobre Nicoya

Veja todas as fotos do dia!

Diz aí se você gostou, diz!

Rhone

Ilhas Virgens Britânicas, Tortola - Road Town

Barco a caminho do naufrágio do Rhone

Barco a caminho do naufrágio do Rhone


Outubro de 1867. Um dos principais navios da marinha mercante inglesa é o Rhone. Com poucos anos de idade, é um dos mais modernos do mundo. Usando as últimas tecnologias, navio à vapor, caldeira de bronze, velocidade de 14 nós! E ainda dois grandes mastros, para navegação à vela, complementar ao vapor. Os passageiros disputavam suas cabines de primeira classe.

Suas primeiras viagens foram para um exótico país chamado Brasil. Após provar seu valor nas 5 viagens iniciais para este país, passou a servir o Caribe, uma linha considerada mais nobre. Um dos dois navios da época considerados inafundáveis, sua velocidade atraía os donos das plantations caribenhas e suas famílias, em trânsito entre Inglaterra e o Caribe. Era a jóia da corôa.

Pois bem, em Outubro de 1867 o Rhone estava programado para aportar numa estação carvoeira nas antigas Ilhas Virgens Dinamarquesas. Mas, um surto de febre amarela em St. Thomas o impediu de aportar na ilha. Seguiu então para a vizinha Tortola, nas BVI. Uma estranha tempestade no final de Outubo, com ventos vindos do norte atingiram o navio, que procurou refúgio, então, na parte sul da ilha. Um outro navio inglês, menos seguro, também estava ali. Os passageiros desse navio foram transferidos para o Rhone, inafundável. O tempo melhorou mas, cabreiros, os capitães dos navios resolveram seguir para alto mar, já que a tempestade tinha arrebentado suas âncoras. Apesar da desconfiança, nesta época do ano não poderia ser um furacão. Mas era. Após a calmaria (era apenas o olho do furacão), a segunda parte da tempestade chegou, dessa vez com ventos vindos do sul, bem aonde o Rhone tinha ido se proteger. E os ventos chegaram bem no momento em que o navio estava passando ao largo de uma pequena ilha, a Salt Cay. Chegaram com força, rapidamente. A primeira vítima foi o próprio capitão, levado por uma onda do convés, para nunca mais ser visto. Apesar da luta desesperada, as caldeiras funcionando à todo vapor, o Rhone foi lançado contra uma pedra. A água fria invadiu o navio, entrou em contato com as caldeiras ferventes e o resultado foi uma grande expolsão. O navio, inafundável, foi à pique.

Salt Cay, onde afundou o Rhone

Salt Cay, onde afundou o Rhone


Naquela época, durante tempestades, por motivo de segurança, os passageiros de 1a, 2a ou 3a classe, eram todos amarrados às suas camas. Não tiveram muita chance, amarrados. Mais de 150 almas se perderam, a maioria gente da elite colonial caribenha. O único passageiro que conseguiu se desamarrar e sair pela janela foi um italiano. Ele e mais 22 membros da tripulação se salvaram. O acidente foi manchete dos jornais do mundo inteiro. Uma verdadeira tragédia na Inglaterra.

Três anos mais tarde, dois irmãos, especialistas na sua arte, foram contratados para mergulhar no local e recuperar tudo o que fosse possível. O naufrágio foi numa área rasa, variando entre 5 e 25 metros. Imaginem! Mergulhar no séc. XIX. Que equipamento usavam? Algum tipo de escafandro, imagino. O fato é que eles recuperaram muita coisa, inclusive vinho e champagne que serviram para uma festa memorável, em 1870, nas praias de Salt Cay. Queria voltar no tempo e ir nessa festa...

Tripulação do barco de Mergulho no Rhone

Tripulação do barco de Mergulho no Rhone


Bom, não posso. Mas posso mergulhar nesse naufrágio, hoje um parque nacional e um dos mergulhos mais conhecidos do Caribe. E não é por menos: é espetacular mergulhar num naufrágio de quase 150 anos. Um mergulho nas águas claras e na história. E que história. Foi emocionante.

Tripulação do barco de Mergulho no Rhone

Tripulação do barco de Mergulho no Rhone


Eu e a Ana tivemos um mergulho super VIP. Apenas nós e um casal no barco. Guiados por duas belas loiras, uma alemã e outra inglesa. Quando as vi no barco, a Ana entre elas, achei que eram todas dinamarquesas, relembrando o tempo em que reinavam sobre as ilhas do outro lado do canal. Só faltaram alguns escravos para completar a imagem.

Fizemos dois mergulhos no naufrágio, o primeiro na parte mais profunda e o outro na parte mais rasa (o navio se partiu, com a explosão). Até a colher de chá do desaparecido capitão, deu para ver. Os mastros caídos, a caldeira, ferramentas, tudo está muito vivo ali. Água transparente, é impossível para nós imaginar um furacão e um mar bravio. Mas o Rhone está lá para mostrar que isso acontece.

Ana no barco que nos levou ao naufrágio do Rhone

Ana no barco que nos levou ao naufrágio do Rhone


De lambuja, ainda tivemos um terceiro mergulho num local com paredes incrustadas de corais coloridos, "Painted Walls", é nome desse local mágico. Mergulho maravilhoso. Na verdade, mergulhos maravilhosos. Os últimos dessa temporada caribenha. O próximo?Hmmm, acho que na Laje de Santos. Veremos.

Ilhas Virgens Britânicas, Tortola - Road Town, Mergulho

Veja todas as fotos do dia!

Quer saber mais? Clique aqui e pergunte!

Aeroportos

Sint Maarten, Philipsburg, Saint Kitts E Neves, Basseterre, Saba, Windwardside, Juliana

Avião de grande porte passa sobre Maho Bay, praia de Sint Maarten - Caribe, fazendo a alegria da galera!

Avião de grande porte passa sobre Maho Bay, praia de Sint Maarten - Caribe, fazendo a alegria da galera!


Hoje foi dia de aeroportos! Acordamos num, fomos à praia em outro e, por fim, pousamos em um terceiro que tem uma das mais desafiadoras pistas do mundo, na pequena e montanhosa Saba, nosso destino final hoje e lar pelos próximos dias.

Fila de mochilas e malas no balcão da Liat, no aeroporto de St. Kitts - Caribe

Fila de mochilas e malas no balcão da Liat, no aeroporto de St. Kitts - Caribe


AInda em St. Kitts, nossa estratégia de só chegar uma hora e meia antes do vôo internacional funcionou pela metade. Ganhamos meia hora de sono, mas perdemos outra meia hora, já que o balcão de passagens só abriu com uma hora de antecedência. Nossas mochilas eram as primeiras da fila, enquanto a gente aguardava num banco próximo.

Chegando em Sint Maarten - Caribe

Chegando em Sint Maarten - Caribe


Enfim, um pouco antes das 07:30 pousávamos novamente no aeroporto internacional de Juliana, em Sint Maarten. Mas desta vez ficamos no país por mais tempo. Nosso vôo para Saba era só às 14:20, então tínhamos várias horas para passear por essa pequena possessão holandesa. Escolhemos logo ir a uma das principais atrações de Sint Maarten, a praia de Maho Bay. Fica a quinze minutos de caminhada do aeroporto, é pequena, tem areias brancas e aquele azul que só se vê em piscinas muito limpas ou no mar do Caribe. Hipnotizante!

Praia de águas azuis em Maho Bay, Sint Maarten - Caribe

Praia de águas azuis em Maho Bay, Sint Maarten - Caribe


Mas não é a beleza que faz de Maho Bay um lugar tão especial. Não! É o fato dela estar localizada bem no pé da pista do aeroporto de Juliana. Lembro-me quando, há uns 5-6 anos, recebi pela primeira vez um daqueles e-mails que circulam pela internet com fotos daqui. Tive duas reações: 1) Onde fica Sint Maarten? Existe mesmo? (e olha que eu sou bom de geografia!) 2) Essas fotos só podem ser montagem! Afinal, não há mar com essa cor e não é possível aviões tão grandes passarem tão perto da cabeça de banhistas numa praia!!!

Observando pouso de avião de pequeno porte (em Maho Bay, praia de Sint Maarten - Caribe)

Observando pouso de avião de pequeno porte (em Maho Bay, praia de Sint Maarten - Caribe)


Pois é, agora já sei muito bem onde fica essa ilha, sei que o mar tem mesmo essa cor, sem nenhuma ajuda de photoshop e sei também que, por incrível que pareça, os aviões passam sim sobre nossas cabeças, quase nos levando juntos, antes de tocar a cabeceira da pista. É um espetáculo surreal, aqueles monstros alados passando a uns 200 km por hora e uns 10 metros altura sobre nós. Quanto maior o avião, maior o delírio da galera que ali fica, fotografando e filmando.

Aviso em Maho Bay, praia de Sint Maarten - Caribe

Aviso em Maho Bay, praia de Sint Maarten - Caribe


Por falar em galera, hoje tinha vários brasileiros. Gente de Cuiabá, casais em lua de mel, todos passageiros dos diversos cruzeiros que passam por aqui. Eram dos que mais se excitavam com a chegada dos aviões. Estranho ouvir português por aqui, no meio da gritaria geral. Estranho, mas reconfortante! Um certo sentimento de lar.

Sobrevoando Philipsburg, capital de Sint Maarten - Caribe

Sobrevoando Philipsburg, capital de Sint Maarten - Caribe


Ainda tivemos tempo de passar em outra praia bem bonita, mas muito mais tranquila, a Mullet Bay. De lá, de volta ao aeroporto, sempre à pé, para embarcar para Saba. Esse é o menor dos pequenos "países" que estamos visitando. Tem apenas 13 quilômetros quadrados, formação totalmente vulcânica, ilha montanhosa e sem praias. Quer dizer, um furacão criou uma pequena praia há alguns anos, mas ela só aparece de Abril a Outubro.

Chegando na pequena e montanhosa Saba, no Caribe

Chegando na pequena e montanhosa Saba, no Caribe


Mas ninguém viaja para lá atrás de praias. As atrações estão bem acima delas, na fantástica paisagem montanhosa e vulcânica, com várias trilhas demarcadas para trekking, e também abaixo do nível do mar, com pontos de mergulho magníficos. É atrás disso que também estamos indo!

Chegando em Saba, no Caribe

Chegando em Saba, no Caribe


Mas antes, foi preciso pousar em Saba. O aeroporto da ilha é famoso por sua difícil aterrisagem. Pista pequena que termina num precipício sobre o mar. Apenas aviões pequenos podem tentar. Os pilotos são super treinados e tem de passar por testes todos os meses. Dá um friozinho na barriga mas corre tudo bem. Lá do alto a gente já percebe que é uma ilha diferente das que temos visitado. Parece a ilha do King Kong, cheio de montanhas e penhascos. Muito legal!

Homenagem ao primeiro piloto a pousar em Saba, no Caribe

Homenagem ao primeiro piloto a pousar em Saba, no Caribe


Uma das vantagens é que a ausência de praias afasta os navios-cruzeiro. O turismo por aqui realmente é diferente, Pelo pouco que vimos até agora, tudo é bem mais tranquilo e autêntico. Estamos bem no centrinho de Windwardside, a principal vila da ilha. Paisagem maravilhosa, no meio das montanhas, o mar lá embaixo. Para amanhã, já temos mergulhos programados pela manhã e, de tarde, quem sabe alguma caminhada?

Caminhando em Windwardside, principal cidade de Saba, no Caribe

Caminhando em Windwardside, principal cidade de Saba, no Caribe

Sint Maarten, Philipsburg, Saint Kitts E Neves, Basseterre, Saba, Windwardside, Juliana, Saint Kitts, Saint Kitts E Nevis

Veja todas as fotos do dia!

Quer saber mais? Clique aqui e pergunte!

Subindo e Descendo o Villarrica - 2a Parte

Chile, Pucón

No topo do vulcão Villarrica, a 2.850 metros de altitude, na região de Pucón, no sul do Chile

No topo do vulcão Villarrica, a 2.850 metros de altitude, na região de Pucón, no sul do Chile


Então, foi com esse espírito que todo o nosso grupo assistiu atentamente às instruções que o guia nos dá antes de começarmos a caminhada. O mais importante de tudo é saber usar o piolet (a pequena picareta) que todos carregamos. Deve estar sempre no braço voltado para a montanha enquanto ziguezagueamos encosta acima e, se cairmos, deve ser fincado firmemente na neve para evitar que escorreguemos e ganhemos velocidade. No caso de uma queda, o procedimento é ficar de bruços e fincar o piolet na neve. Enquanto estivermos lentos, isso certamente evitará problemas maiores. Quase sempre, cair e escorregar não são uma grande preocupação, pois se a neve estiver mole, vamos simplesmente afundar no chão. Mas se ela tiver se transformado em gelo, é o uso correto do piolet que vai nos salvar. Melhor ainda é não cair! Portanto, atenção! Como diz o ditado, “prevenir é melhor que remediar”!

1000dias no topo do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile

1000dias no topo do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile


A magnífica visão da região de Pucón, no sul do Chile, visto do alto do vulcão Villarrica

A magnífica visão da região de Pucón, no sul do Chile, visto do alto do vulcão Villarrica


Bom, instruções dadas, lá fomos nós. Nós e as outras centenas de pessoas que subiam hoje, divididas em dezenas de grupos. Pucón está a 250 metros de altitude. O van da agência nos leva mil metros acima disso, até uma pequena estação de esqui nas encostas do vulcão e já dentro da área do parque nacional, a menos de 20 km do centro da cidade. Aí há um teleférico daqueles de cadeirinha que pode nos levar por outros 400 metros verticais, já nos 1.600 metros de altitude. A maioria dos turistas opta por isso, mas nem todos...

Turistas caminham pela crista do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Turistas caminham pela crista do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


No topo do vulcão Villarrica, a 2.850 m de altitude, na região de Pucón, no sul do Chile

No topo do vulcão Villarrica, a 2.850 m de altitude, na região de Pucón, no sul do Chile


Quando estivemos aqui em 1992, estudantes com pouco dinheiro no bolso, qualquer economia que fizéssemos já estava valendo. Então, nós optamos por caminhar esse trecho também, todo ele em pedras soltas, nada muito interessante para se ver. Dessa vez, a tradição tinha de ser mantida. Então, lá fomos nós caminhando novamente, eu, o Haroldo e mais um punhado de valentes. A Ana queria vir conosco, mas eu a convenci dizendo que ela levaria a mochila com nosso lanche e máquina fotográfica na cadeirinha. Além disso, teria um ângulo muito melhor para fotografar. Meio a contragosto, ela seguiu no teleférico e, 40 minutos mais tarde, todos nos reunimos lá encima.

Observando a enorme cratera do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile

Observando a enorme cratera do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile


A amedrontadora cratera do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

A amedrontadora cratera do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


Agora sim começava a caminhada de verdade. Bastou uns poucos minutos de caminhada para o nosso guia, o simpático Hector, perceber os diferentes ritmos de caminhada. Aí, procedimento comum de várias agências, ele nos dividiu em dois grupos, o lento e o mais lento, cada um com seu guia, e assim seguimos separados, nos reunindo apenas nos pontos de parada de descanso e de lanche. O Hector é um biólogo especializado em extremófilos (pequenos organismos que vivem em condições extremas de temperatura, pressão ou acidez) e conversar com ele durante a subida foi muito interessante.

O Rodrigo, no canto direito da foto, fica minúsculo perto da enorme cratera do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

O Rodrigo, no canto direito da foto, fica minúsculo perto da enorme cratera do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


Na beira da cratera do vulcão Villarrica, a região de Pucón, no sul do Chile, a 2.850 metros de altitude

Na beira da cratera do vulcão Villarrica, a região de Pucón, no sul do Chile, a 2.850 metros de altitude


Para nossa felicidade, a neve estava bem tranquila e nem precisamos colocar nossos grampões. A bota já nos dava segurança o suficiente. Seguimos em interminável ziguezague, muitos grupos acima de nós e outros tantos abaixo. Tem uma passagem da montanha que se chama “pinguinera”, exatamente porque de lá podemos ver essas dezenas de grupos de pessoas, todos andando em fila indiana. De longe, pequeninos contra a imensidão branca da montanha, parecem mesmo grupos de pinguins. Basta olhar algumas fotos nossas da viagem à Antártida para comparar!

Vinte e dois anos mais velhos, o Rodrigo e o Haroldo retornam ao cume do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Vinte e dois anos mais velhos, o Rodrigo e o Haroldo retornam ao cume do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


Em foto da viagem de 1992, com o Haroldo e o Pfeifer na subida do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Em foto da viagem de 1992, com o Haroldo e o Pfeifer na subida do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


Pouco depois da metade do caminho, paramos em um promontório que forma um verdadeiro mirante natural. Vista magnífica do lago Villarrica, de Pucón e das outras montanhas e vulcões da região. Um dos pontos preferidos no caminho para se tirar fotos. Aí paramos em 92, aí paramos em 2014. Fotos que, quando comparadas, servem para ver os efeitos do tempo. O cabelo está mais branco, mas a saúde continua boa o suficiente para se chegar aqui em cima, hehehe! Vamos ver daqui a 22 anos...

região de Pucón, no sul do Chile

região de Pucón, no sul do Chile


A cratera do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile. Dessa vez, não conseguimos ver, apenas ouvimos o lago de lava escondido nas profundezas do vulcão

A cratera do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile. Dessa vez, não conseguimos ver, apenas ouvimos o lago de lava escondido nas profundezas do vulcão


Mais uma longa sessão de ziguezague e chegamos finalmente ao cume. Ele é grande o suficiente para que os diversos grupos que lá chegaram se dispersem. O cheiro dos gases vulcânicos é forte e assim que chegamos mais perto da cratera, o barulho do lago de lava lá embaixo também. Uma paisagem lunar, solo cheio de cores devido aos diferentes minerais expelidos pelo vulcão: amarelo, vermelho, marrom e todas as tonalidades possíveis entre essas cores. A lava está bem baixa e não conseguimos vê-la dessa vez. O que se vê é apenas a boca no fundo da cratera, como se fosse a boca de um grande gigante. Um gigante adormecido, mas que ronca bem alto. Em 92, a lava estava mais alta e podíamos vê-la com facilidade. O lago borbulhava e, em pequenas explosões, esguichos de lava subiam 10 metros de altura. Hoje, tivemos de nos satisfazer com aquele buraco escuro e amedrontador e o bafo quente que emana de lá.

A cratera esfumaçada do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile (foto de Haroldo Junqueira)

A cratera esfumaçada do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile (foto de Haroldo Junqueira)


O impressionante lago de lava na cratera do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile. Foto de 1992

O impressionante lago de lava na cratera do vulcão Villarrica, região de Pucón, no sul do Chile. Foto de 1992


No nosso grupo, havia um casal de mineiros de Belo Horizonte. Chegando lá encima, ele tirou uma bandeira do Cruzeiro (meu time de coração!) da mochila e, orgulhoso, a estendeu para tirar fotos. Não pude resistir e fui tirar fotos também. Por essa, realmente eu não esperava... uma grande bandeira do Cruzeiro no alto do Villarrica. Espetacular!

Os mineiros e cruzeirenses (viva!!!) André e Fabíola subiram conosco o vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Os mineiros e cruzeirenses (viva!!!) André e Fabíola subiram conosco o vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


O tempo esteve firme e pudemos ficar por ali sem preocupações, tirando nossas fotos, lanchando e admirando a paisagem, para dentro e para fora. Mas chegou a hora de descer. Normalmente, esse é um momento bem chato, quando deixamos para trás o cume de uma montanha. Mas aqui no Villarrica essa história é diferente. Afinal, descer esse vulcão é ainda mais divertido do que subi-lo. Isso porque fazemos skibunda uma boa parte do caminho. Trechos que nos tomaram uma hora para subir, descemos em cinco minutos. É simplesmente sensacional!

Fazendo skibunda, a veloz descida das encostas geladas do vulcçao Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile (foto de Haroldo Junqueira)

Fazendo skibunda, a veloz descida das encostas geladas do vulcçao Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile (foto de Haroldo Junqueira)


Há duas décadas, essa técnica de descida foi uma completa surpresa para mim. Escorregávamos com a calça diretamente na neve. Uma calça que a própria agência fornecia, impermeável. Agora, as coisas evoluíram, a gente leva uma espécie de tapete de borracha para sentar em cima. Como eu já sabia dessa vez a diversão que nos esperava na descida, foi ficando cada vez mais difícil segurar a ansiedade. Mas, a hora chegou e lá estávamos nós, prontos para escorregar trechos de cem ou duzentos metros ladeira abaixo.

Descendo o vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Descendo o vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


A melhor parte do dia, a descida de 'ski-bunda' pelas encostas geladas do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

A melhor parte do dia, a descida de "ski-bunda" pelas encostas geladas do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


Com centenas de pessoas escorregando todos os dias, os trilhos na neve já estão prontos. É só a gente se encaixar neles e deixar a gravidade fazer a sua parte. Com o piolet e os pés, vamos tentando controlar a velocidade de descida. Aos poucos, ganhando mais segurança e aprimorando as técnicas, ficamos mais corajosos e descemos mais e mais velozes. Um show! É como se fosse uma longa, quase interminável sequência de grandes escorregadores. Todo mundo virando criança novamente.

Pura diversão na descida das encostas geladas do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Pura diversão na descida das encostas geladas do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


Pura diversão na descida das encostas geladas do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Pura diversão na descida das encostas geladas do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile


Por fim, chegamos ao final da neve e nas pedras já não é mais possível escorregar. Sem alternativas, temos mesmo é de nos levantar e voltar a caminhar. Para baixo, ninguém mais vai de teleférico e, no meio de tanta conversa, nem notamos que já estamos chegando ao estacionamento. Ali nos espera a van da agência para nos levar de volta à cidade. Olho para trás e fito o Villarrica. Mais uma vez, a montanha foi maravilhosa comigo, mais memórias para o resto da vida. Será que voltarei outra vez? Como será que o mundo vai ser em 2036? Alguém tem alguma ideia? Não sei aonde eu vou estar, mas o Villarrica, certamente estará aqui!

A Ana perto da boca do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

A Ana perto da boca do vulcão Villarrica, na região de Pucón, no sul do Chile

Chile, Pucón, Parque, Trekking, trilha, Villarrica, vulcão

Veja todas as fotos do dia!

Não nos deixe falando sozinhos, comente!

Página 49 de 161
Blog da Ana Blog da Rodrigo Vídeos Esportes Soy Loco A Viagem Parceiros Contato

2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet