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Dani (26/09)
Que delícia esse post, Na! Amei ler essa compilacao, dava pra ouvir sua ...
Dorival Vieira (25/09)
Estou encantado com tudo que eu vi no site a respeito da cidade Cartagena...
Edson Vaughan de Andrade (24/09)
Legal sua descrição do local é uma região belíssima Parabéns. Apro...
Marcos (22/09)
Jericoacoara ao meu ver esta com bons preços, quando viajar é preciso d...
Tatiana Wolff (22/09)
Ah! Mais uma pergunta! Vocês não foram aos Cayos por falta de tempo ou ...
A luz mágica do fim de tarde no alto do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Chegamos ao Hawaii em uma das cidades mais havaianas da Big Island. Hilo é o Hawaii mais autêntico, sem grandes influencias da cultura americana que vemos nas outras partes da ilha. Tranquila e despretenciosa, ela esconde a sua graça justamente nos detalhes.
Depois de tanto tempo, de volta à vegetação tropical, na região de Hilo, na Big Island, no Hawaii
Um dos melhores lugares para começar a explorar a mescla de culturas e sabores que forma o Hawaii é ir logo pela manhã ao Farmers Market em Hilo, tomar um suco de lilikoi (maracujá) e provar os diversos sabores da comunidade japonesa que vive no Hawaii. Flores, frutas tropicais e orientais, rolos e mais rolos de sushis e vegetais orgânicos produzidos nos arredores da cidade. Para nós brasileiros, tirando o tempero nipônico, tudo parece muito comum, mas acreditem é a primeira pista que os americanos têm para lembrar que estão no único estado totalmente tropical dos Estados Unidos.
Venda de longon (a amarelinha) e rambutan (a vermelha) no mercado de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Experimentando frutas no mercado de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Uma cidade tropical como várias outras que conhecemos no Caribe, de frente para o mar, com um pequeno centro comercial e a poucos quilômetros de alguns pedaços do paraíso. Cercada de um lado pelo verde das florestas e do outro pelo Oceano Pacífico, o cenário convida a algumas explorações.
Estrada secundária atravessa túnel de árvores ao sul de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Mesmo sem muito tempo reservamos a nossa manhã para rodar de carro pela estrada cênica que contorna a baía de Hilo até a Akaka Falls. Tanto tempo nos EUA e havíamos até esquecido como era uma estrada rodeada de tanta mata. Corredores verdes nos levaram à cachoeira, onde fizemos uma trilha rápida até o mirante, distante da água, portanto nada de banho.
A bela Akaka Falls, perto de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Muito verde na região de Hilo, na Big Island, no Hawaii
Fizemos uma parada rápida para um suco e petiscos havaianos deliciosos na vila pertinho da cachoeira. Docinhos assados de coco, amanteigados e milhares de tipos de geleia, até de jabuticaba encontramos lá! O dono da loja é apaixonado pelo Brasil e em uma de suas viagens trouxe um pé para plantar em seu quintal.
Caminho no verdejante jardim Botânico de Hilo, em Big Island, no Hawaii
A próxima parada foi no Jardim Botânico de Hilo, que possui uma coleção impressionante de plantas tropicais, orquídeas, bromélias, palmeiras, árvores frutíferas e o que você imaginar! Até um sítio arqueológico à beira-mar foi encontrado durante as limpezas feitas no terreno para a construção do jardim. No meio das trilhas passamos lagos, um aviário de pássaros tropicais, vistas lindas do mar e até pela estátua do Ku, Deus havaiano da guerra. É um lindo passeio, ainda mais para quem gosta de estar na natureza.
Prestando reverência ao deus Ku, no Jardim Botânico de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Flores de todas as cores e formas no magnífico Jardim Botânico de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Uma das muitas bromélias no Jardim Botânico de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Chegando perto do mar pela primeira vez no Hawaii, no Jardim Botânico de Hilo, em Big Island
Seguimos viagem pela costa leste da ilha, explorando os arredores de Pahoa, no litoral entre Kapoho e Kalapana. Próximo a Kapoho estão umas piscinas naturais formadas pela maré alta sobre os campos de lava, paisagem incrível! O pessoal faz snorkel por ali, mas sem muitos corais, sem muita vida.
Piscinas naturais se formaram em antigo lençol de lava que avançou sobre o mar, ao sul de Hilo, em Big Island, no Hawaii
Nós tínhamos que correr, pois a programação incluía ainda um por do sol no alto do Mauna Kea. Fizemos uma parada rápida no Isaac Hale Beach Park, onde dei meu primeiro banho de mar havaiano, águas quentes, delícia! Devidamente batizada, aceleramos nosso jipinho na subida ao ponto mais alto do arquipélago.
O primeiro banho de mar no Hawaii a gente nunca esquece! (no Isaac Hale Beach Park, ao sul de Hilo, na Big Island)
O Mauna Kea é basicamente a maior montanha do mundo. Como assim, não é o Everest? Tecnicamente o Everest é a maior montanha acima do nível do mar, mas muitas montanhas nascem lá, no fundo do oceano. Acima do nível do mar o Mauna Kea possui “apenas” 4.207m, mas abaixo são mais 6.000m, sem contar a base real que já foi afundada pelo peso da própria montanha! São 10.200m de montanha, lá do fundo do Pacífico até o alto dos céus do Hawaii! Aí sim o Mauna Kea ultrapassa, de longe, a altura do queridinho dos montanhistas (meros 8.848m), e o melhor, você pode chegar lá de carro!
Estrada precária para chegar no alto do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Mauna Kea significa em havaiano “a montanha branca”, por seu cume muitas vezes estar nevado. Ele é um dos 5 hotspot volcanoes na Big Island, o quarto mais antigo e o quarto mais ativa. A sua última erupção foi há 4.600 anos e hoje, embora ainda seja esperada uma nova erupção, ele é considerado um vulcão dormente.
Caminhada até o pico verdadeiro do Mauna Kea, longe das multidões, na Big island, no Hawaii
Como todos os vulcões no Hawaii, o Mauna Kea é considerado sagrado. Sendo o ponto mais alto de todo o estado é também a mais importante das montanhas sagradas havaianas. Seu vizinho Mauna Loa é a maior montanha em volume e apenas alguns metros mais baixa, com 4.169m. As duas montanhas são gigantescas e não possuem aquele formato clássico de vulcão que conhecemos.
Vista do Mauna Loa, durante a subida do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Antes mesmo de chegar à estrada principal que vai ao cume já estamos nos flancos da montanha sem nem perceber, afinal saímos do nível do mar e subimos 4.200m, atravessando nuvens, perdendo as esperanças de encontrar um bonito por do sol e reencontrando o céu azul já no Visitor Center, perto dos 2.500m. Uma parada de aclimatação é recomendada, já que subir 4 mil metros em poucas horas pode causar dores de cabeça e reações adversas do conhecido mal de altitude. Uma paradinha de 20 a 30 minutos não faz mal a ninguém. Para subir vale a pena estar com um carro 4x4, a estrada é pavimentada em boa parte da subida, mas têm alguns trechos bem esburacados eu um carro menor pode sofrer.
Nosso jipão nos levou traquilamente até os 4.200 metros de altitude do Mauna Kea, ponto mais alto da Big island e do Hawaii
No alto dele está o maior Observatório Astronomico óptico, infravermelho e submilimeter do mundo! No centro de visitantes eles dão mais informações sobre o observatório e as estrelas, lá no alto o que você vai ver são essas casinhas brancas ou prateadas arredondadas, com portas imensas para as grandes lentes que olham para o nosso espaço.
Observando os telescopios construídos no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Terreno vulcânico em tons avermelhados, negros e terracota com um mar de nuvens aos seus pés e os vários observatórios formam a paisagem mais extraterrestre que eu já presenciei, um cenário de outro planeta!
Assistindo a um inesquecível pôr-do-sol a mais de 4.200 metros de altura, no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Antigas bocas de vulcão na região do cume do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
Chegamos lá um pouco antes das 17h, exatamente na hora em que o sol começava a se por... um espetáculo indescritível. O céu é um dos mais limpos de todo o planeta (não é a toa que o observatório está lá) e as cores sobre o mar de nuvens fizeram um suave degrade das 7 cores do arco-íris inacreditável. Juro, eu chorei.
Pôr-do-sol maravilhoso no alto do Mauna Kea, a 4.200 metros de altitude a temperaturas próximas de zero, na Big island, no Hawaii
Enquanto o sol se punha e as cores pintavam os céus havaianos, nós acompanhávamos a sombra crescente dessa imensa montanha sobre as nuvens! Sombra da montanha, vocês tem ideia?!
A sombra do Mauna Kea se projeta sobre as nuvens até quase o infinito! (Big island, no Hawaii)
Quando eu começava a me recompor e descer a trilha de volta ao estacionamento, outro choque, do lado oposto ao sol poente, nascia a lua cheia, imensa, mais amarela, linda e formosa que eu já vi! Chorei novamente. Existem alguns raros momentos na nossa vida que temos certeza que nunca esqueceremos e este foi um deles.
A lua soberana no topo da maior montanha do mundo, o Mauna kea, na Big island, no Hawaii
Nós ainda ficamos até a noite dominar completamente o dia e as estrelas darem o ar da graça para os telescópios superpotentes que começarem a trabalhar, incessantemente noite adentro. Eles giram o tempo todo, foi impossível tirar uma foto com a pouca luz, sem que ele borrasse na foto.
As portas se abrem para o telescópio iniciar suas observações noturnas, no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
E de repente você se dá conta que está no Hawaii, no meio do Oceano Pacífico (faz um Google Earth da cena!) a 4.207m de altura, em cima da maior montanha do planeta, a -1°C e olhando para um dos céus mais estrelados da sua vida, mesmo com lua cheia! É gente, tem coisas na vida que não tem preço.
Céu incrivelmente estrelado no topo do Mauna Kea, na Big island, no Hawaii
As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina
Fechamos o roteiro pelas quebradas e vales das províncias de Jujuy e Salta em um sítio arqueológico especial: as Ruínas Quilmes. População indígena que mais resistiu à colonização, os Quilmes construíram esta imensa cidade-fortaleza que os ajudou a resistir durante 130 anos aos espanhóis.
No alto de fortaleza nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina
Exploramos cada canto, tentando imaginar como era a vida destes antepassados que fazem parte da cultura deste continente, sendo tão pouco conhecidos ou reconhecidos... a não ser por batizar a famosa cerveja hermana. Andando por trilhas fora do roteiro turístico até tive a impressão de visto um dos antigos moradores destas ruínas me acompanhando, contatos imediatos de terceiro grau.
Admirando as ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina
Infelizmente o final da história nós já sabemos, praticamente todos foram escravizados e exterminados. Soubemos que o governo iniciou uma pesquisa em busca dos descendentes deste povo tão injustiçado, inclusive para devolução de terras. Ali nos arredores das ruínas há um grupo que clama por seus direitos e respeito aos seus ancestrais, mas aparentemente ainda não obtiveram o reconhecimento legal.
As ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina
Saímos da província de Salta e adentramos à Catamarca, em direção à cidade de Fiambalá. Uma cidade conhecida não só por ser a base para o Paso de Jama, à caminho do Chile, mas também por possuir belíssimos banhos de águas termais.
Admirando a região das ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina
Lá pretendemos passar para o Chile por aquele que é considerado o mais belo dos "pasos" andinos, o Paso San Francisco, a mais de 4.700 metros de altitude, por entre lagoas coloridas e montanhas nevadas. Tão logo chegamos à cidade soubemos que o Paso San Francisco está fechado no lado chileno, mas esperança é a última que morre. Amanhã iremos conhecer o paso até a fronteira e ver o que os oficiais da “gendarmeria” tem a nos dizer. Estamos indo preparados para esperar 1 ou 2 dias, e lá teremos apenas um dormitório simples e os nossos apetrechos de acampamento para cozinhar e fazer as nossas refeições.
Venda de artesanato nas ruínas de Quilmes, próximo à Cafayate - Argentina
Caso continue fechado teremos que voltar à Jujuy e cruzar pelo Paso de Jama. Pelo menos refizemos os planos nos divinos banhos termais em uma noite linda de céu estrelado.
Banho noturno nas deliciosas termas de Fiambalá - Argntina
Formações da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE (foto de America Sin Fronteras)
O Parque Nacional de Ubajara foi formado no final da década de 50, no entanto a região já é conhecida e explorada desde o século XVIII em busca de ouro e pedras preciosas. Um teleférico nos leva até a gruta, que possui 1200m já mapeados e ainda não foi completamente explorada. Existe uma lenda que ela possuiria uma ligação com a formação geológica do Parque Nacional das Sete Cidades, no Piauí. É apenas uma lenda, pois são mais de 100km até este parque, ainda assim os últimos dutos mapeados estão na sua direção. O teleférico foi instalado na década de 70 e chegava até a entrada da gruta, 10 anos depois foi desativado e ficou inoperante até 1991, quando ganhou nova base e a gruta voltou a ser aberta à visitação.
O bondinho que leva à caverna no Parque Nacional de Ubajara - CE
Formação calcária em meio a formação arenítica da Serra do Ibiapaba, a Caverna de Ubajara foi freqüentada por moradores da região para culto religioso desde a década de 40, possui um santuário e uma trilha de pedra com 7km de extensão, por onde passavam as romarias. Na gruta eram realizados eventos religiosos como casamentos, missas, etc.
Paredão de pedra no Parque Nacional de Ubajara - CE
Nesta mesma época a tradição pela preservação da natureza não existia ou, se existia, possuía um conceito muito diferente da atual. Assim a gruta possui toda a sua entrada pichada com nomes, datas e mensagens assinadas de 1905 até 1985, aproximadamente. As pichações só foram totalmente controladas quando se iniciou o trabalho conjunto do Ibama com a Associação de Guias da região, que contribuiu fortemente para uma maior fiscalização durante as visitações.
Pichação de 1906 na caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE
Suas formações calcárias são belíssimas, estalactites, estalagmites, cortinas e cogumelos, algumas com a presença de calcita, fizeram com que outra prática se tornasse comum na depredação da caverna: a quebra das formações. Como a calcita brilha, muitos achavam que ali havia algum mineral ou metal precioso, diamante ou ouro, e então as levavam para casa. Foi aí que surgiu a expressão “ouro de tolo”, afinal “nem tudo que reluz é ouro”.
Formações da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE (foto de America Sin Fronteras)
Encerramos o passeio pela gruta em pouco mais de meia hora. Dois salões normalmente abertos à visitação estão interditados. Pudemos ver apenas as centenas de morcegos que se apinham lá dentro, a imensa barulheira e o cheiro nada agradável do guano. Eles estão em período de reprodução, porém não é este o motivo da interdição. Os dois últimos salões possuem água, o que torna o acesso muito escorregadio e iluminação artificial precária ou inexistente, pela estrutura não suportar a umidade. Apesar disso o parque é todo muito bem estruturado para as atrações que oferece. A taxa de entrada é de 4 reais por pessoa, além dos 8 reais no teleférico. A entrada já inclui o serviço dos guias para a gruta e também tours guiados de hora em hora para a trilha do Mirante e da Cachoeira do Cafundó.
Caminhando no Parque Nacional de Ubajara - CE
É claro que aproveitamos para conhecer! Duas horas e meia de caminhada por uma trilha bem marcada, com o acompanhamento do guia, além dos nossos amigos chilenos que estavam conosco desde cedo. Aproveitei para treinar meu espanhol e praticar uma de minhas artes preferidas, a socialização! Andrea, eu e Pablo falamos de tudo! Histórias, dicas e truques de viagem e até descobrimos conhecidos em comum! Vone, a estilista chilena que conheci na Praia da Pipa, é casada com Rodrigo, amigo de Andrea! Este mundo é muito pequeno mesmo!
Com o Pablo e a Andrea no Parque Nacional de Ubajara - CE
A trilha é tranquila, o mirante possui vistas maravilhosas, tanto para a serra e o sertão verde nesta época de chuvas, quanto para a Cachoeira do Gavião, logo abaixo do mirante, e ao fundo para a Cachoeira do Cafundó.
Visão do famoso bondinho que leva à entrada da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE
Caminhamos mais um pouco e chegamos à Cachoeira do Cafundó. Ela é imensa, porém só vamos à pequena cachoeira que está acima da queda principal. A bela vista da serra e do teleférico, água fresca e um pequeno lago fazem o passeio valer à pena.
Encima da Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional de Ubajara - CE
Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Trinidad é uma grande ilha banhada pelo oceano Atlântico de um lado e pelo Mar do Caribe do outro. Depois de conhecermos a sua capital, cidade grande em pleno desenvolvimento, seus pássaros e lago de piche, chegou a hora de explorarmos suas praias. Fomos direto para uma das praias mais procuradas pelos trinidadians, Maracas Bay.
Coqueiros em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Maracas Bay fica há apenas 45 minutos de Maraval, dependendo do trânsito que enfrentar e o tipo de condução que usar. Nós estávamos decididos a pegar um Maxi Táxi, pois queríamos mesmo ver se esse negócio funcionava, além de ser mais barato. Pegamos um route táxi até o centro de Maraval e de lá tivemos sorte de logo aparecer um Maxi que nos levou até Maraval. Digo sorte pois em um domingo nunca se sabe ao certo quanto tempo eles podem demorar, ou quantos carros estão mesmo trabalhando. A estrada de Maraval para Maracas Bay é tortuosa, vai circundando, subindo e descendo montanhas, nas encostas da ilha com paisagens magníficas. Pena que não podíamos pedir para ele parar para tirarmos fotos. A van parece mesmo as lotações brasileiras ou aqueles minibuses da Bolívia (para quem já foi lá), mas com uma música bem mais interessante.
Litoral recortado na região de Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Uma hora depois chegamos à Maracas. Água verde transparente, praia lotada para padrões tribagonians, mas nada comparável às praias cariocas em um domingo normal. As famílias se espalham pela praia, trazem seus piqueniques, alguns poucos europeus se esticam em cadeiras e toalhas enquanto os homens e crianças jogam uma versão de críquete simplificada parecida com o bets.
Mistura de cricket e bets, na praia em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Tyricos Bay é a praia vizinha, menor e tranquila, é a preferida das famílias indianas. Eles colocam seus carros na areia da praia, montam seus piqueniques e fazem aquela disputa básica de som. Foi até uma boa forma de tentar comparar o calypso e a soca, rsrsrs!
Quase um ano depois, de volta ao mar do Caribe, em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Mar verdinho, transparente e convidativo. Depois de um banho e alguns jacarés, voltamos para Maracas Bay e provamos algumas iguarias da culinária local, o famoso bake and shark. É um sandubão de filé de tubarão empanado com saladas e molhos a sua escolha, sendo que o pão é uma massa frita meio diferente, mas tudo muito gostoso! O Ro comeu um sanduíche recheado de saladas, em um pão frito feito de massa de batata, muito gostoso também.
Atacando um "Bake and Shark", em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Final da tarde rolou um happy hour no boteco mais agitado da praia, melhor lugar para observar pessoas, jovens e costumes locais. Um grupo mais animado estava dançando sem pudor algum, se mudasse a música de fundo para funk, pensaríamos que estávamos em um baile no Rio de Janeiro. Logo dois caras vieram dividir a mesa conosco, enquanto lanchavam seu bake and shark, um deles sírio que mora aqui em Trinidad e o outro nascido em Trinidad e Tobago, mas crescido e criado nos EUA. Era a segunda vez que Paul vinha para sua terra natal para visitar sua irmã e cunhado. No final eles acabaram nos oferecendo uma carona, pois iam para Maraval também, paramos no mirante e trocamos contatos, quem sabe nos veremos quando passarem pelo Brasil.
Fazendo amizades em Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Um domingo relax e bem à moda da casa, aproveitando para entrar um pouco mais no dia-a-dia do povo de Trinidad, conhecer sua cultura, seu lazer e estilo de vida. Baterias recarregadas para o dia de amanhã, que vamos conhecer as montanhas de Trinidad, o dia promete!
Litoral recortado na região de Maracas Bay, na ilha de Trinidad
Trem atravessa a ponte sobre o Rio Tocantins, em Marabá - PA
Terceiro dia de viagem, finalmente estamos nos aproximando de um dos marcos do caminho, a cidade de Marabá. Saímos de Novo Repartimento logo cedo, eu a base de resfenol para agüentar a constipação. A noite choveu durante umas duas horas, chuva forte, então logo nos primeiros quilômetros enfrentamos alguns atoleiros mais brabos.
Caminhão em atoleiro da Transamazônica, na região de Novo Repartimento - PA
A Fiona tirou de letra, mas teve que esperar a vez de alguns caminhões. É até bacana ver estas cenas, a máquina vindo e dominando a terra para conseguir salvar o caminhão. Ainda assim vários carros normais, kombis e caminhonetes, conseguiram passar sem problemas. Foram uns 3 atoleiros seguidos, todos já tinham máquinas trabalhando na estrada e como guincho.
Trator tura caminhão de atoleiro da Transamazônica, na região de Novo Repartimento - PA
Tínhamos duas opções de rota de Novo Repartimento até Marabá, ou continuávamos pela Transamazônica que logo vira PA-268, ou subindo e passando respectivamente pela PA-156, PA-263 e PA-150. Decidimos pela segunda opção, 100 km mais longo, mas apenas 80 km de terra, enquanto o segundo andaríamos 180 km por um dos piores trechos de terra.
A enorme barragem de Tucuruí - PA, a segunda maior do Brasil
Não demorou muito chegamos à cidade de Tucuruí, onde fica a segunda maior usina hidrelétrica do país em potência, nos períodos de cheia. Se por um lado rodar a Transamazônica nesta época pode ser complicado, chegar a esta barragem e vê-la vertendo água aos borbotões, não tem preço.
Com o lago cheio, a Usina de Tucuruí - PA está vertendo. Um espetáculo!
Seguimos em direção à Marabá e o que ia ser apenas uma passagem rápida acabou se tornando um capítulo à parte. Marabá está crescendo muito e muito rápido. Vê-se pela divisão da cidade, existe a Marabá Pioneira, a Nova Marabá e a Cidade Nova. Precisávamos passar no banco e tivemos que entrar na cidade. Quando cruzávamos o Rio Tocantins um caminhão quebrou em cima da ponte.
O Rio Tocantins, em Marabá - PA
No meio da confusão, carros reclamando, nós dois fotografando o rio e um trem que apareceu de repente sobre a ponte, fomos abordados por um jovem que ficou curioso com a viagem. Alex perguntou o que eram os 1000dias, como poderia saber mais sobre, o site e etc. Engraçado, várias pessoas que olham o nosso logo acham que somos uma ONG. Quem sabe não criamos uma? Não seria má ideia. O trem passou, conversamos com ele e seu amigo e o trânsito andou. É quando vemos um carro emparelhando, abrindo a janela e nos passando em uma manobra rápida e arriscada um CUPUAÇÚ! “É o Cupuaçu do Pará”, disse Alex e sua mãe.
O cupuaçu que ganhamos de presente na ponte rodoferroviária em Marabá - PA
Que delícia! Que recepção mais calorosa! A-DO-REI! Um presente da terra, para nos lembrarmos sempre de Marabá.
Trem atravessa a ponte sobre o Rio Tocantins, em Marabá - PA
Achou que seria só isso? Ainda não acabou. Entramos, encontramos logo o HSBC, meu banco e saímos à procura de Itaús ou Reais, bancos do Rodrigo. Um parto! Lanchonetes abertas nessa big avenida também parecia relíquia. Deixei o Rodrigo em uma quadra, achei uma lanchonete e resolvi voltar à pé atrás dele. Andava eu, tranquila procurando pelo Rodrigo, quando fui atacada por uma doida de rua. A mulher, daquelas loucas mesmo que ficam perambulando sem dizer nada com nada, estava do outro lado da rua com um pau imenso e pesado na mão. Eu no canteiro central da avenida. Ela não pensou duas vezes, atirou o pau na gata! Hahaha! Na boa, o que eu fiz para ela? Que violência gratuita! O pior é que a maluca tinha boa mira, a sorte foi que eu vi e desviei, mas ainda levei um arranhão. Ninguém em volta entendeu, alguns caras ainda comentaram, “pô, quase que a doida te acerta!” Eu é que fiquei me segurando, pois por uns 3 segundos me veio aquela vontade de correr lá e dar uma lição na véia. Mas... respirei fundo, a chamei de louca e segui procurando o Rodrigo. Mais uma memória de Marabá que será difícil esquecer! Rsrs!
Ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, em Marabá - PA
Passamos por Marabá, abastecemos o carro e encontramos novamente a PA-268, vulga Transamazônica. Não sei se já comentei por aqui, mas o nosso objetivo não era cruzar a Transamazônica, ela é apenas o meio, para um fim muito mais divertido. Mais um dos lugares muito especiais que esse Brasilzão esconde, lá no sul do Maranhão, a Chapada das Mesas.
Represa de Tucuruí - PA
Aqui asfaltada ela nos leva até a BR-153, estrada que une os municípios de São Domingos do Araguaia e São Geraldo do Araguaia. Os nomes dão uma pista do rio que vamos cruzar. A balsa em São Geraldo faz uma divisão muito justa, carros primeiro e caminhões que esperem! A fila devia ter uns 30 caminhões, coitados. Ali eu lembrei de todos os fretes que já mandei fazer na vida! Foram poucos e mais simples, mas as vezes não pensamos que eles tem que passar por este tipo de coisa. A balsa colocou todos os carros e ainda couberam umas 4 carretas monstras! Fizemos amizade com os motoristas dos carros vizinhos perguntando sobre o melhor caminho, etc, e eles ficaram super empolgados com a nossa viagem. Alguns vieram de longe, 1400 km ou mais, mas quando ouviram a nossa história não acreditaram. Também, não é sempre que cruzam dois doidos viajando 1000dias por aí!
Com o lago cheio, a Usina de Tucuruí - PA está vertendo. Um espetáculo!
Já era noite, rodamos mais uns 120 km, cortando por Piraquê, pois o asfalto está mais novo. Que beleza que é voltar para um asfalto descente. Chegamos à nossa cidade dormitório, Araguaína. Já perceberam que quase todas as cidades aqui perto têm nomes parecidos? Araguaína, Araguanã, Araguatins, São Raimundo, São Geraldo, São Domingos, Santa Fé, Santa Isabel, de quem? Do Araguaia! É impressionante, assim fica até difícil decorar.
Chegando ao rio Araguaia e à Marabá - PA
Araguaína é uma cidade grande, em torno de 180 mil habitantes, a segunda maior cidade do Estado do Tocantins. Demos uma volta pela cidade de carro mesmo, procurando por hotel, os dois primeiros lotados, quem diria. Chegamos ao hotel e tudo o que queríamos era comer alguma coisa e dormir, afinal amanhã ainda temos mais estrada pela frente rumo ao Maranhão. Boa noite!
Errata: nas legendas das fotos em que vocês lêem “Rio Araguaia”, favor substituir por “Rio Tocantins.” Estamos providenciando a correção, são tantas emoções.
Concorrida sessão de Ioga, em frente ao prédio do Parlamento, em Ottawa, capital do Canadá
Ottawa foi uma capital planejada, antes habitada pelos índios Algoquins, está localizada em posição estratégica entre as duas principais cidades do país que disputavam a liderança econômica e política, Montreal e Toronto. Se você é como nós, um sem vergonha de ter planejado apenas um dia para a capital do Canadá, aí vai o roteiro que fizemos para aproveitar ao máximo a sua sem-vergonhisse.
Caminhando por Ottawa, capital do Canadá
História e Yoga na Downtown Area
A melhor forma de explorar o centro de Ottawa é a pé e o melhor dia durante o verão, é na quarta-feia. Como assim? Bom, não é todo o dia que você vê mais de 500 pessoas reunidas praticando yoga em frente ao prédio do Parliament Hill. Isso mesmo, você leu direito, um catatau de gente com suas roupas de ginástica e tapetinhos de yoga, seguindo as orientações de professores contratados pela prefeitura da cidade, repetindo os mesmos movimentos, com ritmo e respirações perfeitos, vibrando em uma mesma frequência.
A Ana participa de aula de Ioga em frente ao prédio do Parlamento, em Ottawa, capital do Canadá
Nós estávamos caminhando pela Sparks Street, rua comercial com restaurantes e cafés cheios na hora do intervalo, descemos para a Wellington Avenue na esquina com o Parliament Hill e começamos a ver várias pessoas correndo com suas yoga mats para um mesmo lugar. Algo está acontecendo, pensei. Acelerei o passo junto com eles e no caminho perguntei o que estava acontecendo, e Patrick me respondeu: "is the Parliament Hill Yoga!" Bah, foi inacreditável! É claro que mesmo sem tapete e roupa adequada eu tive que me juntar para pelo menos uns 20 minutos de aula e alongamento naquela energia tão especial. Ottawa nos dava as boas vindas!
A Ana participa de aula de Ioga em frente ao prédio do Parlamento, em Ottawa, capital do Canadá
Caminhamos pelas ruas vibrantes e cheias de vida, atravessando o Rideau Canal, que no inverno é o mais longo ringue de patinação no gelo. 7,8 dos seus 200km são fechados e viram uma avenida de patins com centenas de pessoas indo e vindo. O canal foi projetado pelo visionário engenheiro Colonel John By em 1826, seus 200 km de extensão interligaram através do Ottawa River os dois principais centros militares do país, Ottawa e Kingston, a então capital do Canadá Colonial. Depois de 175 anos de intenso uso comercial, o canal hoje é um patrimônio histórico e turístico da cidade.
Arquitetura grandiosa em Ottawa, capital do Canadá
As delícias gastronômicas do Byward Market
Cruzamos o canal, observando um dos seus mais de 47 diques e chegamos à região do Byward Market. O mercado em si é pequeno e este é o quinto prédio depois de incêndios e reconstruções, que não o fizeram perder em caráter e importância comercial. A área foi tomada por comerciantes e vendedores de todos os tipos desde os tempos áureos que o engenheiro Colonel John By, o mesmo do canal, resolveu construí-lo.
Apetitosas berries no ByWard Market, em Ottawa, capital do Canadá
Muitas cores no ByWard Market, em Ottawa, capital do Canadá
No verão as ruas são tomadas por feirantes vendendo produtos frescos deliciosos, frutas, verduras e legumes, além de uma imensa variedade de queijos! Os prédios antigos foram reformados e se tornaram deliciosas mercearias ou charmosos restaurantes, bares e bistrôs.
Loja de queijos no ByWard Market, em Ottawa, capital do Canadá
Esta é a região ideal para um almoço gostoso no meio das suas, ou nossas, andanças. Dentre tantas opções de cardápios nós escolhemos o Play, restaurante de tapas pra lá de criativas e com uma ótima seleção de queijos canadenses, acompanhada de um bom vinho.
Queijos e vinho no restaurante Play, em Ottawa, capital do Canadá
À noite a região também é uma das mais movimentadas da capital, só não espere muito de uma terça-feira chuvosa... Relaxados e bem alimentados fomos à próxima atividade, uma tarde cultural.
Queijos e vinho no restaurante Play, em Ottawa, capital do Canadá
Desafio: escolha apenas um dos 8 incríveis museus.
São pelo menos 8 museus imperdíveis em Ottawa: (1) Canadian Museum of Civilization, (2) National Galley of Canada, (3) Canadian Museum of Nature, (4) Canada Science & Technology Museum, (5) Canadian War Museum, (6) Canada Aviation and Space Museum, (7) Ottawa Locks & Bytown, (8) Royal Canadian Mint. Eu sei disso por que li no meu guia de viagens, não por que pude conhecer todos eles. A escolha é difícil, eu sei, mas vai da linha que você gosta de fazer.
A National Galery, em Ottawa, capital do Canadá
A nossa eleita foi a National Gallery of Canada. Eu estava saudosa de exposições de arte e louca para ver a galeria de Arte Inuit. Queria entender um pouco mais sobre a psique do povo canadense e a arte é sempre uma boa forma de entrar na cultura e na história de um povo. A Inuit Gallery no subsolo reúne gravuras e esculturas deste povo ártico que conhecemos durante a viagem para Groelândia. Esculturas de animais árticos e lendas Inuits em ossos de baleia ou chifres de renas e gravuras com cenas cotidianas de pesca, caça e imagens do imaginário Inuit. Muito bacana ver a arte desse povo sendo selecionada e reconhecida como arte nacional em um país de culturas tão distintas.
Aranha gigante no pátio da National Galery, em Ottawa, capital do Canadá
Dentre galerias de arte grega, romana, europeia e até arte-sacra, eu optei por uma passagem rápida pelas obras dos meus pintores preferidos como Monet, Manet e Picasso, só para matar as saudades, e entrei de cabeça na galeria de arte nacional. As obras dos pintores modernistas do Group of Seven se destacam, pois pintando paisagens canadenses eles criaram o primeiro grande movimento artístico nacional no Canadá. Porém a minha maior descoberta, foi a pintora e escritora Emily Carr (1871-1945), uma mulher forte, independente e que já naqueles tempos viajava para as distantes Queen Charllote Islands, Alasca e outros lugares insólitos para retratar a cultura e a arte dos povos indígenas. Foi uma grande surpresa quando vi os imensos totens de madeira dos Haidas impressos com os traços intensos desta pintora modernista e pós-impressionista.
Exposição Virtual: Já que não podemos fotografar nenhuma das obras dentro do museu, aqui vai o link com a exposição virtual de Emily Carr na Vancouver Art Gallery.
Reservamos duas horas para o gigantesco museu, que reúne obras dos maiores artistas de todo o mundo e até uma exposição temporária de Van Gogh! Infelizmente tivemos que deixar esta para outra viagem (à Europa, é claro). Bacana que na entrada você pode escolher pagar para ver apenas as exposições permanentes e se tiver tempo, adicionar ao pacote a temporária. Mas vai por mim, em apenas um dia na cidade, não vai dar tempo.
Igreja em Ottawa, capital do Canadá
Quarta praia em Morro de São Paulo - BA
“Vim tanta areia andei, da lua cheia eu sei, uma saudade imensa... onde andei...” Sempre me identifiquei com esta música, andança, ela me resume muito bem, a minha vontade de fazer, sair andando por aí, “Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto...”
Riacho da Quinta Praia, em Morro de São Paulo - BA
Assim foi, chegamos a Morro de São Paulo, lugar já marcado pelo turismo em massa, milhares de pousadas e agências de turismo, mas fomos buscar conhecer um pouco mais. Caminhamos entre a primeira, segunda, terceira e como se não bastasse a quarta praia. Esta possui pouco mais de 5km de comprimento, ao longe acompanhávamos a maré deixando todos os arrecifes aflorados e aos poucos sendo reconquistado pelo mar, o velho mar.
Quinta Praia, em Morro de São Paulo - BA
Água de coco na Quarta Praia em Morro de São Paulo - BA
A quinta praia não é muito explorada por aqui não, mas é uma das mais belas, logo que cruzamos o manguezal temos a vista mais impressionante, areia branca, rio vermelho e mar em vários tons de verde, sensacional.
Riacho da Quinta Praia, em Morro de São Paulo - BA
Retornamos em um pique de caminhada que poucos poderiam acompanhar, ninguém entendia o que estava acontecendo, aqueles dois afoitos passando rapidamente entre a tranqüilidade dos baianos e turistas que tomavam conta destas praias. Nossa pressa era para ver lá do alto do morro do farol, o maravilhoso pôr-do-sol. Para variar o Rodrigo é meio desesperado, esqueceu de calcular a altura do morro, 15h40 ele achou que o sol estaria se pondo... seria o fim do mundo? Quando chegamos ao alto foi que tive certeza, faltava ainda pelo menos 1h20 para o sol se pôr. Enquanto explorávamos o morro encontramos a tiroleza, a maior da América. Com 70m de altura e 340m de comprimento, a tiroleza do Morro do Farol desce até a primeira praia com a vista mais linda de toda a Vila de Morro de São Paulo.
A famosa Tirolesa da Primeira Praia em Morro de São Paulo - BA
É claro que decidi descer, Rodrigo estava fissurado pelo pôr-do-sol, mas eu tive que escolher. Dentre tantos momentos como este, escolhi sair, correr, voar e ver de cima e com muita adrenalina esta ilha maravilhosa. Foi sensacional! Eu já fiz muitas tirolezas, mas esta é realmente doida, tão longa que podemos curtir o visual, girar, olhar, gritar, pensar, até cair no mar, quicando como uma bola de vôlei na imensa quadra morna e verde. Vale à pena, vale demais!
A famosa Tirolesa da Primeira Praia em Morro de São Paulo - BA
À noite, depois de um belo jantar com novos amigos do mundo, uma mineira viajante e o alemão mais brasileiro que já conheci, fomos ao luau na segunda praia. Luau é modo de dizer, já que não tem fogueira, pois a prefeitura proibiu e muito menos som ao vivo. O DJ vai agitando a festa e as caipirinhas das várias barracas de frutas em torno embalam a noite à beira mar. Encontramos os belgas, nossos amigos lá do rafting de Itacaré, que coincidentemente estão em um roteiro parecido com o nosso.
Pôr-do-sol em Morro de São Paulo - BA
Nos divertimos a noite toda, treinando um pouco do inglês e curtindo esses encontros espirituais que acontecem não por acaso, como foi com o meu com Cristina. É ótimo quando encontramos alguém que tem a mesma energia e o mesmo modo de ver as coisas, e isso fica ainda mais especial quando esta pessoa vem de uma cultura tão distante. Foi uma noite animada, que só poderia acontecer aqui mesmo nestas andanças, à moda baiana em Morro de São Paulo!
Mergulhando na piscina natural na Quarta Praia, em Morro de São Paulo - BA
Visitando a cidade fantasma de Humberstone, próximo à Iquique - Chile
Chegamos ao Complexo Fronteiriço de Colchane! Na divisa entre a Bolívia e o Chile este é um complexo integrado, ou seja, eles tentam facilitar a passagem pela imigração e aduana boliviana e chilena em um trâmite mais rápido e tranquilo. Ainda assim demoramos em torno de uma hora ali e quase tivemos que retirar toda a bagagem do carro para passar no raio x, um absurdo. Esta é uma fronteira muito utilizada na rota entre Oruro, na Bolívia e Iquique, no Chile, muitos caminhões e ônibus lotados de passageiros. Enfim, passados os trâmites, aos quais estamos cada vez mais acostumados, seguimos viagem por uma estrada de asfalto! Ai o asfalto... estava com umas saudades deste pretinho básico! Rsrs!
De volta ao Chile e ao asfalto, no caminho para Iquique
Exibir mapa ampliado
O trecho entre Colchane e Iquique vai beirando O Parque Nacional Volcán Isluga, que também tem uma travessia lindíssima por uma região nevada, com lagoas e geisers. Infelizmente nosso tempo está curto e os 2 dias sem banho e água quente já estavam de bom tamanho. Passamos reto com um aperto no coração, deixando mais esta para aquela nossa “wish list” pós 1000dias.
Um pequeno oásis verde no meio do deserto, a caminho de Iquique - Chile
Ainda assim o caminho nos reservava muitas atrações e surpresas. O primeiro lugar é um sítio arqueológico conhecido como “O Gigante de Tarapacá”, localizado há 14km Huara no Cerro Unita. Uma imagem antropomorfa de um xamã tarapacá com 86m de altura, feita com a mesma técnica utilizada nas Linhas de Nazca, onde os antigos retiravam as rochas escuras do centro e as usavam para fazer os contornos da imagem.
O famoso Gigante do Atacama, desenho com mais de 80 metros no deserto do Atacama, região de Iquique - Chile
Estima-se que este e outros desenhos ao redor do mesmo monte sejam datados de 900d.C. A melhor forma de enxergar a imagem é há uns 200m da base da montanha, quando pode-se vê-la completa. Embora as placas peçam para que ninguém escale ou coloque carros sobre o Cerro Unita, podemos enxergar as marcas dos vândalos que passaram por aqui, sem respeito algum com a memória e história de nossos antepassados americanos.
Placa informativa sobre o Gigante do Atacama, região de Iquique
Adiante chegamos em Huara, cidade às margens da nossa tão esperada Carretera Panamericana! À direita Iquique, à esquerda Arica, onde iremos passar em alguns dias. Apenas alguns quilômetros mais e chegamos a outro ponto importante na história desta região. O norte do Deserto do Atacama foi uma região disputada na famigerada Guerra do Pacífico. O motivo? A cobiça pelos recursos naturais abundantes nesta região: o salitre. Muito utilizado para fertilizantes com base em Nitrato de Sódio e Potássio e retirada de outros elementos químicos como o Iodo.
Casa do diretor de Humberstone, próximo à Iquique - Chile
Toda esta região é rica em salitre e no início do século XX, nos idos de 1920 houve um boom na exploração deste mineral, criando-se dezenas de Oficinas Salitreiras de capital britânico. O Rodrigo fez um post bem detalhado sobre a Guerra do Pacífico, vale a pena ler para entender melhor o contexto que fez com que O Perú e a Bolívia perdessem territórios, inclusive tão sonhada saída para o mar boliviana.
Visitando a cidade fantasma de Humberstone, próximo à Iquique - Chile
Humberstone foi uma das maiores oficinas salitreiras da região, com mais de 3.500 habitantes, criou-se uma vila cidade completa, com escola, teatro, hotel, mercados, peixarias, padarias, clube e tudo o que uma cidade tem direito. Após o fechamento de Humberstone em 1960, toda a vila foi abandonada e entrou em estado de deterioração.
Antigas casas de trabalhadores em Humberstone, próximo à Iquique - Chile
Foi no início do século XXI que se iniciou um trabalho para a proteção e preservação deste local, que em 2005 se tornou Patrimônio da Humanidade da Unesco. Grande parte da oficina foi restaurada e podemos viajar na história nos tempos de esplendor e riqueza vividos nesta região. A cidade parece uma cidade fantasma dos filmes de faroeste norte-americanos. Casas abandonadas, ferramentas e maquinários espalhados por tudo e ainda muitos traços da vida cotidiana dos que ali um dia viveram.
Salão do hotel em Humberstone, próximo à Iquique - Chile
Além de pequenos museus que expõem a história e detalham a vida em Huberstone, os pontos altos da visita são os grandes prédios do Hotel e do Teatro, assim como a piscina, feita com o casco de um navio antigo.
A piscina pública de Humberstone, feita com casco de navio naufragado (próximo à Iquique - Chile)
Depois de um mergulho na história recente do norte atacameño, chegamos à moderna cidade de Iquique. O tempo mudou repentinamente, entramos em um túnel de nuvens e neblina e o céu azul deu lugar ao branco e cinza das nuvens trazidas pelo Pacífico.
Primeira visão do Oceano Pacífico, em Iquique, no norte do Chile
Avisamos a Duna Dragón, com mais de 300m de altura e ao longe o Oceano Pacífico, grandioso e cálido nestes tempos de inverno. É, finalmente chegamos à Iquique!
Fim de tarde em Iquique, no norte do Chile
Chegamos a Miami! A entrada nos EUA não foi nada complicada, já que tínhamos toda a documentação em dia, a única coisa que estava meio atrasada era mesmo o nosso sono. Fomos direto do aeroporto para Key Biscayne, na casa do Rita e da Su, amigos dos tempos de Unicamp do Belô. Uma delícia começar a viagem assim, já reencontrando amigos, conhecendo seus filhos lindos, André e Luisa e se atualizando sobre as histórias que aconteceram no último ano. A última vez que nos vimos foi no dia 09/05/09, no nosso casamento! Eles foram de Miami até a Ilha do Mel para nos prestigiar, é mole? Eu ainda não os conhecia na época, mas bastaram duas palavras com a Su para saber como ela é divertida e especial! Fora o Rita, que facilmente teria celebrado o nosso casamento caso o padre faltasse! Eles moram em um Condomínio maravilhoso, Key Colony em Key Biscayne, ilha ao sul de Miami. Estamos literalmente na diretoria!
Para continuar essa recepção super acolhedora, vieram direto de New York, minha irmã Juliane e o David, namorado já aclamado pela família, mas que eu ainda não conhecia pessoalmente. Logo ela nos ligou e conseguimos combinar um dia para descansar juntas. O David não tinha férias há bastante tempo e precisavam deste dia, relaxing in Miami. Sol, praia, piscina, cervejinhas e uma tarde toda para jogar conversa fora... Não precisamos de mais nada!
À noite a Ju e o David já haviam combinado uma balada com o casal de amigos em Down Town Miami, eu e o Rodrigo até nos animamos, mas também já havíamos combinado um jantar com a Su e o Marcelo, que amanhã devem viajar para a Itália, conhecer o novo sobrinho que nasceu em Roma. Sem mais um pingo de energia, depois do restaurante de comida asiática, viemos para casa e finalmente pudemos recuperar todo o sono que nos faltava. Amanhã veremos como será sair da Barra do Ararapira e chegar a Miami Beach!
Estrada vai serpenteando moro acima, em direção à Sucre - Bolívia
A Bolívia é conhecida por seu relevo montanhoso, clima seco e vegetação quase inexistente. Porém o que poucos sabem é que as estradas da Bolívia, além de grandes precipícios e curvas radicais, também devem ser incluídas como rotas de extrema beleza cênica.
"Evo Presidente!" (estrada de Monteagudo à Sucre - Bolívia)
Antes de pegarmos a estrada, demos uma caminhada pelo centro de Monteagudo, atrás de internet para atualizações do site, etc. Novamente vemos uma cidade mais organizada, limpa, mesclada com as cenas tipicamente bolivianas, como de cholas em suas vendas nas esquinas.
Rua em Monteagudo, Bolívia
O caminho de Monteagudo para Sucre tem uns 350 km de estrada de terra e rípio, que levariam pelo menos 7 horas de viagem, segundo os mais informados. O trecho de Sucre a Padilla é o mais lento, porém também o mais bonito! Subindo e descendo serras e encostas estreitas, alcançamos largos rios de leito pedregoso e praticamente secos, de onde faz-se a extração da rocha para construção.
Um dos rios na estrada que liga Monteagudo à Sucre - Bolívia
Aos poucos o verde vai dando espaço à uma vegetação mais seca, cactos e capins de coloração dourada, formando uma paisagem mais exótica e maravilhosa! A cada serra que subimos, uma nova paisagem sensacional das suas terras escarpadas recentemente na história da terra.
Bela paisagem já acima dos 2.200 metros de altitude, no caminho para Sucre - Bolívia
Tudo estava indo muito bem, não fosse a loucura do departamento de estradas boliviano dar liberdade à empreiteira que a está asfaltando, de decidir fechar a estrada das 6 da manhã as 6h30 da tarde! São mais de 12 horas durante o dia! Nós já estávamos sabendo disso e calculamos o nosso horário de saída pensando que chegaríamos nesta barreira perto das 18h, mas fomos mais rápido do que todos imaginavam... chegamos lá as 15h30 e ficamos 3 horas completamente parados no meio do nada.
Esperando algumas horas até que a estrada fosse reaberta, no caminho para Sucre - Bolívia
Fizemos amizade com os caminhoneiros e até com o trabalhador que nos bloqueava. Infelizmente não havia o que fazer. Só eram liberados caminhões da obra ou com permissão prévia, ou casos especiais como ambulâncias e ônibus do exército.
Esperando algumas horas até que a estrada fosse reaberta, no caminho para Sucre - Bolívia
Três horas depois finalmente o trânsito foi liberado e pudemos continuar, parte por terra dos trechos ainda em obras e parte por asfalto. Foram 10 horas de viagem, chegamos à Sucre as oito da noite. Cidade imensa, lotada de carros e pessoas pelas ruas, mas já na entrada vimos que era uma cidade especial. Lindos prédios históricos, igrejas e museus, mas a esta altura só o que queríamos era nos instalarmos para descansar, pois amanhã temos uma Sucre inteira para explorar.
Atravessando pequeno riacho ao lado de vilarejo, na estrada que liga Monteagudo à Sucre - Bolívia
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