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Atravessando o belo Salar de Coipasa, na Bolívia, rumo à fronteira chilena
Uma viagem curta, de apenas 3 horas, porém que se transformou em uma grande aventura. Todos nos diziam que encontraríamos facilmente a estrada, mas nenhum mapa da região era capaz de nos mostrar o caminho. Nos informamos com diferentes pessoas, uma nos sugeriu, inclusive, seguir o ônibus que sairia as 4 ou 5 da manhã de Llica a Pisiga. Impossível, não poderíamos ficar travados atrás de um busão em uma estrada de terra.
Imagem refletida, ou miragem, no Salar de Coipasa, na Bolívia
No caminho teríamos que cruzar o Salar de Coipasa, um irmão menor do Salar de Uyuni, formado no mesmo período, pela mesma lagoa pré-histórica. Começamos a nossa travessia e logo encontramos uma bifurcação. O meu sensor GPS embutido me dizia ser para a esquerda, mas o Rodrigo e algumas placas indicavam maior movimento para o outro lado. O terreno era bem adverso, a “estrada” eram trilhas de areia, terra ou sal.
Enorme vulcão ao lado do Salar de Coipasa, na Bolívia
A partir daí tudo ficou meio esquisito, entramos em uma área de areal parecida com trechos do Grande Sertão Veredas e já enxergávamos ao fundo o Salar de Coipasa, que diferente do Uyuni, tem um longo trecho mesclado com lama lacustre, pedras e em um terreno difícil de cruzar. Não havia nenhuma placa, tínhamos apenas um mapa e sabíamos mais ou menos a direção e os nomes dos povoados por onde iríamos passar... mas se nos perdêssemos não teríamos a quem perguntar. Uma teia de caminhos começou a nos deixar meio aflitos, até que vimos um carro que parecia saber bem por onde andava, os paramos e combinamos que iríamos segui-los.
Nosso providencial guia pelo Salar de Coipasa, na Bolívia, rumo à fronteira com o Chile
Ufa, aí foi só aproveitar a paisagem. A sorte é que ele estava andando bem, não como o busão das 5 da manhã, tivemos muita sorte! Cruzamos o areal, passamos por um povoado e começamos a beirar o salar, até encontramos um post de controle do exército, no meio do nada, surreal. Logo depois começamos a entender, a esta altura já estávamos beirando a fronteira com o Chile, uma longa região de campos minados! Foi uma volta e tanto para contornarmos a estrada principal que estava alagada, até que finalmente começamos a enxergar sinais de civilização. Ruínas de antigos pastos, casas de pastores de llamas, e ao longe, quase como uma miragem, algumas casas que apareciam e desapareciam. Cheguei a titubear se as havia visto mesmo ou não, até que firmaram no horizonte. Chegamos à Pisiga Bolívar, fronteira com o Chile.
Campo minado na Bolívia, perto da fronteira chilena, no Salar de Coipasa
O Salar de Coipasa é imenso e possui inúmeras entradas e baías, inclusive com córregos e riachos, que tivemos que atravessar. Cenários maravilhosos em uma travessia off-road digna de estar nas TOP 10 de qualquer Jeep Club!
olá,
farei, em fevereiro ou março, o salar de coipasa, vindo de iquique, passando por sabaya e depois o salar de uyuni. pretendo tb, passar por chipaya. caminho inverso ao de vcs. e chipaya? estiveram?
a rota de vcs, via pisiga, mais curta, se apresenta como + interessante.
o meu carro, tr4, tem uma autonomia baixa. a capacidade do tanque é de 53 litros e rodando em 4x4, acredito que não faça mais de 6 km/l. isso dá uma autonomia de 320 km. dá, pra rodar em 4x2 em algum trecho?
existem postos de combustível nesse percurso? essa é a melhor rota a ser feita? é possível fazer esse trajeto, atravessando os dois salares + chipaya e terminando na cidade de uyuni sem guia?
soube que o coipasa é contornado por um lago. é verdadeira essa informação? sendo correta, como faço para superar? é o campo minado? em que parte do coipasa se encontra? como supera-lo?
acredito que nessa época do ano, fev/mar, o uyuni não esteja alagado. é isso?
muitas questões e uma enorme vontade de supera-las.
não posso deixar de comenta que o blog de vcs é excelente e tem me ajudado e muito na definição do meu roteiro.
abs,
paulo bueno
Resposta:
Olá Paulo!
Eu não estou com o nosso mapa do Chile aqui agora, mas nessa região os mapas não são nada confiáveis de qualquer maneira. Nos salares nem todos os caminhos são confiáveis, não pelas minas, que aparentemente estão todas isoladas nas montanhas ou por áreas cercadas. O problema é que as rotas mudam muito ficando inundadas e profundas, as vezes intransponíveis, além do próprio sal que pode ser pior do que areia para atolar o carro.
De Iquique você deve cruzar por Colchane - Pisiga mesmo, é a maior e praticamente a única opção de fronteira ali na região. Sugiro que já na fila da fronteira ou em Pisiga (do lado Boliviano) você dê uma assuntada com outros motoristas na cidade se conhecem alguém que esteja fazendo essa rota e vá junto com ele. Nós tivemos sorte na nossa viagem de Llica para Pisiga e encontramos um carro no caminho, quando já estávamos quase perdidos. Sem conhecer, mesmo com uma gps track, pode ser bem complicado, aí se não achar ninguém indo para lá, recomendo muito um guia pelo menos até Llica.
O percurso entre Pisiga e Llica é pelo menos 50% 4x4 e você não vai encontrar nenhum posto, para garantir leve um galão (30L) cheio no seu porta-malas. Nós de tanque cheio não precisamos, mas nunca se sabe, é melhor garantir.
Quanto ao roteiro, confesso a você não lembrar especificamente de Chipaya. No nosso roteiro de Llica para Pisiga passamos por um vilarejo bem pequenininho, mas que não tinha nada, nenhuma infra-estrutura, zero, não sei nem o nome. Essa foi a única rota que descobrimos para atravessar do Uyuni pela borda do Coipasa para a fronteira, a estrada dá a volta no lago. Então, sem querer parecer repetitiva, para você não se perder desde Colchane o seu objetivo é Llica, na borda noroeste do Uyuni. Lá é uma boa base, simples, mas você acha comida e uma cama para dormir. Só no dia seguinte siga pelo Uyuni, aí sim, com seu GPS e bom faro, não que o GPS vá te dar alguma rota, mas o Uyuni é todo plano, com algumas áreas mais ásperas e complicadas. A dica é seguir sempre os rastros de outros carros, buscando a linha mais reta possível pelo contorno norte e depois ao centro do salar, para a cidade de Uyuni. As distancias no Uyuni são imensas e iludem totalmente, não é difícil se perder no meio deste deserto de sal. Ele fica alagado no período de chuvas (dezembro a março), então você deve vê-lo espelhado sim (lindo!), não sei como é atravessá-lo nestas condições, a primeira coisa que me ocorre é que o sal empapa em alguns lugares e fica mais difícil de passar e as marcas dos outros carros devem ficar quase invisíveis (pelo espelho), mas parece que a lâmina de água é bem rasa.
Enfim, será uma grande aventura, mas é disso mesmo que você está em busca, não?
Nos mantenha informados, já fiquei com vontade de passar por lá novamente no nosso retorno! rsrs! Quem sabe!?
Abraços e boa viagem!
Ana
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