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Mantas e Seres Pelágicos - Blog da Ana - 1000 dias

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Mantas e Seres Pelágicos

Hawaii, Big Island-Kona

O maravilhoso mergulho noturno com arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí

O maravilhoso mergulho noturno com arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí


Quem nos acompanha aqui há algum tempo sabe, eu sou fanática pelo mundo sub. Se eu fosse um animal, sem dúvida seria um animal marinho. Peixe, mamífero, crustáceo, não importa, desde que viva em grupo e seja comunicativo, está valendo. A água tem um poder forte sobre mim, no mar eu me sinto em paz, eu me sinto em casa.

Examinando uma toca durante mergulho em Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí

Examinando uma toca durante mergulho em Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí


Desde que comecei as pesquisas para o nosso roteiro no Hawaii estava de olho no que acontecia também embaixo d´água. Novamente o blog da brasileira radicada no Hawaii, Uma Malla pelo Mundo, foi uma ótima base de consultas, pois ela não apenas mora no Hawaii, como é bióloga marinha, especializada em tubarões, mergulhadora e ainda é casada com um baita fotógrafo sub. Enfim, não existe na blogosfera melhor fonte de informação sobre mergulhos no Hawaii do que a Lucia! Pelo twitter ela me passou todas as dicas, nomes de pontos de mergulho e snorkel em cada ilha. Neste dia eu confesso, não sabia se ria ou chorava, pois já sabia que não iria conseguir conhecer todos eles. Dois mergulhos aqui na Big Island, porém, já estavam no meu radar há muito tempo e a Lucia confirmou, são imperdíveis!

Peixes nadam por entre os corais de Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí

Peixes nadam por entre os corais de Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí


O Manta Ray Dive, mergulho com arraias jamantas, o maior tipo de raia que zanza pelos nossos mares, e o Black Water Dive, um mergulho com seres abissais, único e no mínimo super curioso! O que os faz especiais não é apenas o fato de estarem no Hawaii, mas as condições que a ilha reúne para que eles possam acontecer. Curiosamente ambos são noturnos, portanto você tem que ser certificado para tal e deve estar confortável o suficiente para mergulhar durante a noite.

Mergulhando na Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí

Mergulhando na Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí


Estes dois mergulhos são tão procurados que já são vendidos em pacotes combo, já que ambos são mergulhos noturnos rasos e podem ser combinados em uma mesma noite. Várias operadoras de mergulho vendem o snorkel e o mergulho com as arraias mantas, mas apenas duas operadoras trabalham com o Black Water Dive, a Big Island Divers e a Jack´s Diving Locker que o batizou de Pelagic Magic Dive. Elas possuem datas fixas de saída, uma ou duas vezes na semana, dependendo da temporada e a que melhor se encaixou no nosso roteiro foi a data da Big Island Divers, que mandou muito bem na organização, foi muito atenciosa e flexível em agendar e nos ajudar a viabilizar o nosso mergulho na data em que precisávamos. Normalmente eles pedem no mínimo 3 mergulhadores para o Black Water, a terceira pessoa não apareceu e ao invés de cancelarem nos deram um super desconto para pagarmos pela terceira pessoa e fazermos uma saída exclusiva, afinal não é sempre que estamos no Hawaii com uma oportunidade como estas. Vamos ao que interessa, aos mergulhos!

Águas claras e muitos corais em Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí

Águas claras e muitos corais em Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí



Manta Ray Dive
O mergulho com as arraias mantas, ou jamantas, é um dos mais famosos mergulhos de Kona. As suas águas são ricas em plânctons e larvas de peixes, base alimentar de vários cetáceos e inclusive das mantas, a maior espécie de arraias nos oceanos.

O mergulho acontece de noite, quando as mantas estão em busca dos plânctons e se concentram principalmente no ponto conhecido como “campfire”, local onde as várias operadoras de mergulho montaram a base que dá um empurrãozinho na alimentação noturna das mantas. A 10m de profundidade em uma base de areia e pedras roliças lanternas estão colocadas no centro, formando a fogueira do “campfire” marcando a posição onde a festa vai rolar. Aos poucos o local começa a ser invadido por snorkelers e mergulhadores e aquilo que promete ser um pesadelo para qualquer mergulhador, logo se revela uma linda festa de luzes, que não aconteceria se todos não estivessem lá.

Aos poucos as arraias começam a chegar, uma a uma em seu balé gracioso, colando barriga com barriga com os snorkelers que boiam acima de nós e tirando finas dos mergulhadores enquanto buscam o plâncton atraído pela luz das nossas lanternas. Aos poucos nós vamos aprendendo a lidar com o movimento e a proximidade delas, manejando as lanternas para que elas passem cada vez mais perto de nós, com as suas imensas bocas abertas, filtrando todo o alimento que nós mal conseguimos enxergar.



O movimento padrão de alimentação é circular, elas abrem suas bocas enormes, passam sobre a lanterna onde está o plâncton e logo sobem, dando duas piruetas, voltando ao mesmo ponto para buscar o restante. Na noite que estivemos lá conseguimos contar 7 diferentes arraias que pareciam onipresentes, nadando e bailando por tudo, iluminadas no grande palco formado, com a plateia de mergulhadores sentados a sua volta. Uma cena fantástica e inesquecível!

Black Water Dive
O Hawaii é pioneiro neste mergulho conhecido como Black Water Dive, assim chamado, pois ele acontece em mar aberto e durante a noite. Um maluco um dia pensou, o que será que existe no mar aberto durante a noite? Ele se afastou em torno de 5 km da costa, aonde a profundidade chega a 2, 3 mil metros e ligado por uma corda a um barco saltou na água negra para descobrir. O que ele descobriu foi um mundo de criaturas luminescentes que sobem durante a noite a uma profundidade de 10 a 30 m para se alimentar, parear, passear, enfim, dar um rolé.

A caminho do nosso mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí

A caminho do nosso mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí


Essas criaturas vivem na zona pelágica, onde não há luz e por isso não necessitam de cor, são quase todos transparentes e vários deles produzem pulsos elétricos e a sua própria luz. São diversos tipos de águas vivas, pequenos crustáceos, mini-lagostas, filhotes quase invisíveis de cavalos marinhos e seres microscópicos que formam colônias imensas que podem chegar a 4m de comprimento!

Então, lá fomos nós fazer o mesmo que este maluco. Nos plugamos em uma corda que está presa ao barco. O barco está com motor desligado, deslizando com a correnteza no mar aberto a 3 mil metros de profundidade! E pensamos, o que acontece durante a noite no mar aberto? A noite é o horário preferido de vários seres com hábitos noturnos de caça, golfinhos e tubarões, por exemplo. Por isso uma das orientações é que não se pode fazer xixi durante o mergulho, pois ele atrairia peixes menores, caçados por peixes maiores, que por sua vez atraem outros maiores ainda em busca de comida. Nosso dive master nos conta que já encontrou com tubarões durante este mergulho, normalmente eles vêm, curiosos, circundam o barco e vão embora. Quando nós chegamos ao ponto de mergulho havia um grupo de golfinhos, provavelmente caçando um cardume de lulas. Mas não deu tempo de entrarmos na água enquanto eles ainda estavam ali.
Atados à corda nosso limite de profundidade é marcado pela linha, esticada por um peso aos 12m de produndidade. A nossa corda nos dá todo o movimento, vamos para cima e para baixo, rodamos e só precisamos tomar cuidado para não nos enroscarmos. As lanternas super poderosas não valem praticamente de nada enquanto os seres não estão presentes na água. Pintamos a água escura, negra, com a lanterna e não vemos nada. Mas aos poucos as pequenas criaturas começam a aparecer, heteropods, salps, pyrosomos, comb jelly, box jelly, Siphonophores, camarões minúsculos... só Deus sabe o que pode aparecer na sua frente!

Mergulhando com seres luminescentes abissais, em Kona, na Big Island, no Havaí

Mergulhando com seres luminescentes abissais, em Kona, na Big Island, no Havaí


Eles são muitos difícies de fotografar e filmar, ainda mais para principantes como nós. Mas dá uma olhadinha neste link que eu encontrei, o cara tem fotos sensacionais!

Alguém nos descreveu antes de mergulharmos que este seria, provavelmente, um dos mergulhos mais estranhos que iríamos fazer. Foi estranho sim, mas foi muito mais do que isso, foi mágico! Ali temos total noção de que o mar é ainda completamente inexplorado pelo seres humanos, alguns dos seres que vimos hoje podem nem estar catalogados ainda! É uma sensação nova de desbravarmos o desconhecido, como um dia os navegadores e grandes pioneiros fizeram com a terra. Indescritível!



Aos mergulhadores, conversando com o pessoal das operadoras de mergulho lá do Hawaii, que já mergulharam por todas as ilhas, mais de uma pessoa nos afirmou: a Big Island é a melhor ilha para mergulho autônomo (leia-se a costa de Kona), seguido pelo Kauai, pouco popular para mergulho, mas com muita vida. Segundo eles Oahu e Maui possuem toda a infraestrutura, visibilidades ótimas, mas menos vida se comparadas às duas primeiras. Enfim, mesmo depois disso, nós fomos à Maui, mergulhamos e adoramos! Afinal sou da opinião que não existe mergulho ruim.

Corais em forma de prateleiras nas águas mais fundas de Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí

Corais em forma de prateleiras nas águas mais fundas de Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí



Honaunau Bay
No dia seguinte nós ainda conseguimos conferir durante o dia, um dos pontos de mergulho que a Lucia tinha nos indicado, a Honaunau Bay, ao lado do Pu´uhonua o Honaunau National Historical Park. Alugamos os equipamentos que não tínhamos, garrafas de ar e fomos até lá para um shore dive.

Mergulhando na Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí

Mergulhando na Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí


Uma baía tranquila ótima para snorkel, mas ainda melhor se você pode ir mais fundo e ficar mais tempo na água. Os jardins de corais formam imensos cânions e descem, no canto direto da baía, até 30 m de profundidade, terminando em uma rampa de areia onde encontramos um alô bem havaiano lá em baixo: Aloha! Peixes super coloridos, moreias e um cenário submarino dos mares selvagens do Hawaii.

Aos 30 metros de profundidade, uma mensagem para os mergulhadores, em Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí

Aos 30 metros de profundidade, uma mensagem para os mergulhadores, em Honaunau Bay, ao sul de Kona, na Big Island, no Havaí


Todas as ilhas do arquipélago tem muitas coisas bacanas para vermos em cima e embaixo d´água, nós tivemos que priorizar e aqui em Kona conseguimos nos organizar para fazer estes 3 mergulhos, mas ainda existem outras paisagens vulcânicas, arcos e tubos de lava, enfim... este foi apenas o aperitivo.

Lindo entardecer no barco a caminho do mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí

Lindo entardecer no barco a caminho do mergulho com as arraias manta, em Kona, na Big Island, no Havaí

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Veja todas as fotos do dia!

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Aloha Maui!

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Mergulhos Únicos e Inesquecíveis

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