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sonia regina (03/04)
Que bom ver, sentir,e ter a eterna certeza de que Deus existe e esta a to...
Clarice (03/04)
Ana, amei o blog de vcs. cada viagem maravilhosa vcs fizeram. Vcs já ter...
Patricia Matsumoto (02/04)
Nossa, muito legal o blog e a viagem de vocês! Irei para Porto Rico em j...
Bruno (02/04)
Olá! Estou impressionado com as fotos e o texto sobre Yellowstone, agora...
Fábia (02/04)
As fotos das cavernas me deixaram sem fôlego....afff...coragem e tudo de...
Um verdadeiro show de luzes e cores na nossa mais linda Aurora Boreal nessa passagem pelo Alaska, em Tok
Acordamos em Seward ainda com muita chuva. Nosso plano inicial era ir a Valdez, também no litoral chuvoso e os “flood and wind warnings” ainda estavam vermelhos. É, aparentemente esse mau tempo veio para ficar, mas ainda assim decidimos ir e enfrentar a estrada, afinal eu não queria passar o meu aniversário em uma cidade alagada e devastada por tufões!
Uma colossal e fantástica geleira parece invadir o vale, no caminho entre Anchorage e Tok, no Alaska
Pegamos a estrada em direção a Anchorage, sempre em contato com os nossos amigos Kombianos, que acompanhavam na rádio e televisão os avisos e pareciam estar preocupados com os dois doidos aqui enfrentando a ventania. A chuva e o vento continuaram forte, mas foi no Belluga Point, já a poucos quilômetros de Anchorage, que sentimos o vento aumentar. Paramos com a esperança de ainda encontrar alguma belluga, mas aparentemente elas não somos só nós que nos incomodamos com vento e mar agitado.
Enfrentando e se divertindo com ventos de mais de 100 km/h, na estrada para Anchorage, de volta da Península do Kenai, no sul do Alaska
A curiosidade de sentir a força e o poder do vento veio primeiro no louco do Rodrigo. Ele saiu do carro num vento e frio desgraçado, só de camiseta e deixou o vento sustentar todo o seu peso. Corria contra o vento e voltava planando, se divertindo e entretendo os outros motoristas que paravam por ali. Depois das fotos me enchi de coragem e saí, enfrentando a água e o vento, até que um tufão mais forte me pegou forte e levou por uns poucos metros. Foi um bom susto! Eu corri para o carro e fim da brincadeira!
Enfrentando e se divertindo com ventos de mais de 100 km/h, na estrada para Anchorage, de volta da Península do Kenai, no sul do Alaska
Em Anchorage paramos por uma hora para reencontrar Meli e Jorge, tomamos um chá no Starbucks trocando mais experiências sobre as nossas viagens e entendendo melhor os planos para o futuro próximo. Quem sabe conseguimos nos encontrar na estrada! Para nós que estamos na estrada a muito tempo, detalhes como voltar a uma mesma cidade e reencontrar pessoas conhecidas se tornam estranhamente prazerosos. É a sensação de um lugar comum que não temos há muito tempo, a falsa sensação de estar em casa.
A Fiona reencontra a aventureira Lunita, em Anchorage, maior cidade do Alaska
Nos despedimos de Anchorage sem muita esperança do tempo melhorar e acabamos decidindo cancelar a nossa ida a Valdez e seguimos para o norte, direto para a pequena cidade de Tok. Já passamos por aqui quando chegamos ao Alaska, foi a nossa primeira parada no centro de visitantes, mais uma vez já nos sentimos quase locais! Hehehe.
Reencontro com os amigos viajantes colombianos, Jorge e Meli, em Anchorage, maior cidade do Alaska
Dirigimos todo o dia, passando por novas paisagens belíssimas, geleiras, rios e áreas naturais da região de Vasilia que certamente mereceriam mais pelo menos 3 dias ou uma semana para serem exploradas.
Uma colossal e fantástica geleira parece invadir o vale, no caminho entre Anchorage e Tok, no Alaska
Já era noite e o céu estava estrelado! Nos hospedamos no primeiro motel que encontramos na beira da estrada e ficamos de olho no céu, a previsão da aurora era boa, 5/10! Já que não pudemos conhecer vários dos parques nacionais no Kenai, viemos para cá com a esperança de encontrarmos uma boa aurora! As condições estavam aí, só faltava aquela pitada de sorte para termos uma bem sobre as nossas cabeças!
Nossa mais bela Aurora Boreal, nos céus de Tok, no Alaska
Acabava de virar meia-noite e nós já comemorávamos o meu aniversário, 31 anos! De repente olhamos para o alto e vemos as luzes verdes começando a iluminar o céu. Pegamos a Fiona e saímos da cidade, qualquer luz pode diminuir a nossa capacidade de enxergar a aurora. A íris se acostuma ao escuro e a aurora fica ainda mais clara e brilhante. Rodamos uns 20km e as luzes pareciam não querer nos deixar! Finalmente chegamos a um recuo da estrada, entrada de uma terra indígena, logo após a balança de carga de caminhões. Olhamos para o céu e lá estava ela, bela e formosa. Ela não parecia muito diferente do que já havíamos visto em Coldfoot e em Denali, mas estava mais prolongada e formava arcos completos a 90° da linha do horizonte, cruzando o céu de leste a oeste. Era um formato curioso, enfim, “vivendo e aprendendo sobre as auroras”, pensamos.
Um verdadeiro show cósmico, na Aurora Boreal na noite sem lua em Tok, no Alaska
De repente, apontei o canto esquerdo do arco para o Rodrigo, as luzes estavam começando a ficar mais fortes, saímos da Fiona e o espetáculo de luzes começou! Uma explosão de cores, verde, azul, vermelha, branca e roxa, todas as cores formando espirais e cones que caíam dos céus dançando como uma cortina de luzes ao vento.
Um verdadeiro show de luzes e cores na nossa mais linda Aurora Boreal nessa passagem pelo Alaska, em Tok
A imagem era tão inacreditável, que ríamos, gritávamos e chorávamos de emoção, todos os sentimentos ao mesmo tempo! Ali já nos demos conta de quão único era o momento que estávamos vivendo, quão raro e esplêndido era aquele evento celeste, que na mesma intensidade durou não mais do que 5 minutos e aos poucos diminuiu e se esvaneceu, voltando a ser a aurora que nós já conhecíamos. Hoje nos demos conta que a aurora que vimos não era a verdadeira auroral boreal! O céu se iluminou tanto quando em imenso show de fogos de artifícios, mas trilhões de vezes mais bonito! Tanto na dança, quanto na velocidade, quanto nas cores e na intensidade, só imagine que a luz e o clarão da tal aurora, não é como a luz do sol, e sim como a luz dos fogos... A noite fica clara e nós, embaixo, embasbacados.
Um verdadeiro show de luzes e cores na nossa mais linda Aurora Boreal nessa passagem pelo Alaska, em Tok
Fugimos da chuva com um objetivo, a aurora, mas não imaginamos que seríamos recompensados a esta altura! Esse foi sem dúvida o maior presente de aniversário que eu nunca havia pensado que um dia iria receber na minha vida! Uma aurora boreal animal, na beira da estrada na periferia de Tok, a 1 hora da manhã!?! Isso não tem preço!!!
Um verdadeiro show de luzes e cores na nossa mais linda Aurora Boreal nessa passagem pelo Alaska, em Tok
32° ano, seja bem vindo! Prometo que será bem vivido!
Um verdadeiro show cósmico, na Aurora Boreal na noite sem lua em Tok, no Alaska
Chegada a Manaus, no Amazonas. Ao fundo, a enorme ponte que cruza o Rio Negro
A previsão da duração da nossa viagem de barco entre Tefé e Manaus era de 36 horas e acabamos chegando até um pouco mais cedo que o esperado. Às 4 horas da manhã estávamos atracando em Manaus. Até fizemos uma hora no barco, vendo cada uma das redes sendo desatada do seu lugar, toda a mercadoria ser desembarcada e a jornada do A. Nunes II se fechar mais uma vez.
Chegada a Manaus, no Amazonas
Dormindo no barco até que amanhecesse em Manaus, no Amazonas
O sol aos poucos foi dando forma à cidade, o porto marcava mais um período de cheias no Rio Negro. Esperamos o sol nascer para podermos andar pelo centro de dia com mais segurança. E lá estávamos nós, buscando ônibus que entrássemos nós, nossa mala e que nos levasse até o aeroporto, onde havíamos deixado a Fiona.
Quadro com a marca das cheias do rio, no porto de Manaus, no Amazonas. O recorde foi quebrado em 2012!
O aeroporto de Manaus fica há uns 15 km do centro, são aproximadamente 40 minutos de ônibus que pode ser encarado como um passeio roots pelas principais avenidas de Manaus. Vemos pela janela as praças e igrejas, devotos e trabalhadores subindo e descendo do coletivo Descemos no último ponto da Avenida Torquato Tapajós, dali ela vira estrada e segue para a região metropolitana manauara. Caminhamos até o ponto da Avenida Santos Dumont para esperar o ônibus que nos levaria pouco mais de 3km até o aeroporto. Domingão de manhã, adivinhem se o ônibus vinha? Esperamos, esperamos e esperamos... foram quase 20 minutos até que o Rodrigo decidiu que iria correr até o aeroporto, pegar a Fiona e voltar me buscar. Ele foi, decidido e guerreiro, sob o sol e o calor amazonense levaria em torno de 15 minutos para chegar até lá. Quinze para chegar, 15 para pagar o estacionamento e 5 para voltar, 35 minutos de espera, certo? Errado! Ele voltou mais de uma hora depois! Eu já não sabia se pegava o táxi, se subia no ônibus... o que teria acontecido?
O famoso Teatro Amazonas. Estamos mesmo de volta a Manaus, a capital do estado
O que aconteceu foi que o Aeroporto Internacional de Manaus, sede da Copa do Mundo, além de ter uma reforma esdrúxula acontecendo, também não tem um terminal do Itaú, do Santander ou do Banco 24 horas funcionando! Os 100 reais que o Rodrigo tinha não eram suficientes para pagar a conta do estacionamento (em torno de 20 reais por dia). Assim a única forma de resolver o problema era pegar um táxi até o banco mais próximo, ele passou me buscar uma hora depois e lá fomos nós até o banco. Quando retornamos qual é o valor do táxi? 120 REAIS! A bandeirada do táxi só para sair do aeroporto, mesmo que seja para andar 5 quadras não deve sair por menos de 80 pilas! SURREAL!!! Nunca xinguei tanto um homem, um aeroporto, um lugar, fomos roubados na cara dura!
Aprendizado do dia: NUNCA deixe um carro ou pegue um táxi no aeroporto de Manaus.
Tempos movimentados no Brasil! (em Manaus, no Amazonas)
Bem, depois de xingar todas as gerações manauaras relacionadas aos taxistas, bancários e aeroportuários, nós finalmente estávamos seguros dentro do nosso universo particular, a Fionitcha!
Prédio histórico em Manaus, no Amazonas
Hora de achar um hotel, lugar para tomar um banho quente e esticar o corpo em uma cama de verdade. Eu precisava descansar, corpo cansado e uma gripe me atacando, terrível. Hotelaria em Manaus não é coisa fácil... se é bom é muito caro, se o preço é plausível o lugar será horrível, úmido e mofado... foi o que aconteceu conosco da última vez. Tenho certeza que foi no hotel aqui de Manaus que desenvolvi a rinite que hoje faz parte da minha vida. Assim, fomos logo para o Largo São Sebastião para um novo Hostel Boutique que nos foi indicado pelo pessoal do Instituto Mamirauá. O hostel uma gracinha, os quartos de casal estavam lotados, então pegamos um quarto com um beliche, apertadinho mas mega confortável e novinho em folha. Detalhe, a meia quadra do Teatro Amazonas.
O famoso Teatro Amazonas. Estamos mesmo de volta a Manaus, a capital do estado
Hoje é dia de feira no largo. Dia de feira é dia de tapioca de queijo coalho com tucumã e suco de graviola. Dia de feira é dia de descobrir os artesanatos de diferentes regiões e tribos indígenas amazônicas, colares, sementes, cascas, frutas e toda a medicina que a maior floresta do mundo oferece.
Deliciosa tapioca com tacumá e queijo coalho, em Manaus, no Amazonas
Delicioso café da manhã tradicional em feira de Manaus, no Amazonas
Na nossa outra passagem por Manaus já havíamos explorado mais a cidade, então hoje a tarde foi de volta à civilização, mas fazendo um programa de índio: assistir a estréia do mais novo filme de zumbis hollywoodiano: World War Z. O Ro estava acompanhando o lançamento desse filme, a cada trailer que escapava na internet, a cada teaser, cada detalhe. Chegamos ao shopping e a fila estava gigantesca! Mas... com calma e jeitinho deu tudo certo e vimos o Brad Pitt lutando contra os milhares de zumbis.
Café da manhã na feira, em Manaus, no Amazonas
A noite foi bem mais produtiva, na minha humilde opinião. Fomos recebidos pelo pessoal do Amazonas Jeep Club que conhece as estradas da região como a palma da mão! Claudionor foi o nosso contato, indicado pelo Ricardo lá de Boa Vista. Ele agitou um encontro numa pizzaria, veio nos guiar pelas ruas de Manaus até encontrarmos essa galera muito sangue bom que tinha respostas na ponta da língua para todas as nossas perguntas! Juca é catarina, mas vive aqui há uns 20 anos, já fez a BR 319 muitas vezes e nos garantiu que passamos tranquilamente com a Fiona, nossa fiel escudeira! Mais bacana ainda é ver a mulherada guerreira que acompanha os maridos, algumas iniciantes e outras já mais aventureiras que eles! Obrigada galera, foi demais encontra-los aí em Manaus!
Jantas com integrantes do jipe clube de Manus, no Amazonas
Nosso plano é seguir agora pela BR 319, a pior BR do Brasil! Serão 800 km de buracos, lama e mais de 120 pontes que ligam Manaus à Porto Velho. Aventura que não acaba mais!!! Vambooora!
Com o Claudionor, do jipe clube de Manaus, no Amazonas
Uma das pequenas ilhotas que cercam Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Finalmente chegamos a Honduras! O único país, além de Belize, da América Central que não havíamos conhecido no nosso roteiro de subida durante os 1000dias. Era um buraco no nosso roteiro a ser tapado. Cruzamos a fronteira com a Guatemala no leste do país, nas cercanias de San Pedro Sula, segundo as estatísticas, a cidade mais violenta do mundo.
Cruzando pequena cidade no norte de Honduras
É claro que chegamos preparados psicologicamente, esperando o pior, mas logo nos primeiros quilômetros já tivemos uma boa primeira impressão. A costa próxima da segunda maior cidade do país tem uma infraestrutura turística para os locais, restaurantes e pequenos hotéis à beira do mar bem convidativos. Após um almoço vendo um amistoso da seleção brasileira seguimos viagem, noite adentro, até a cidade litorânea de La Ceiba, no litoral norte do país.
varanda do nosso restaurante, com bela vista para praia na região de Puerto Cortés, no norte de Honduras
La Ceiba é o ponto de partida para as ilhas de Roatán, Utila e Guanaja, que formam a região hondurenha conhecida como Islas de la Baía. As ilhas são o principal atrativo turístico de Honduras, com suas praias de areias brancas, águas mornas e claras do mar caribenho.
Observando área boa para snorkel, em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
As Bay Islands, como são conhecidas pelos nativos isleños, foram possessão britânica até 1859, sendo mais comum encontrar nativos falando inglês pelas ruas do que o espanhol. Foi apenas nas últimas décadas que o governo hondurenho decidiu tornar obrigatório o ensino de espanhol nas escolas da região.
Meio de transporte em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Roatán é a maior, mais agitada e movimentada das Bay Islands. Bem urbanizada, possui hotéis e resorts em toda a orla e assim é também a menos natural de todas as ilhas. É procurada por turistas nacionais e estrangeiros por suas belas praias, ótimos mergulhos e intensa vida social. Guanaja é a mais tranquila das ilhas, conhecida por seus caros resorts ficou com a fama de ilha mais exclusiva, um lugar para momentos românticos e para quem quer relaxar e ficar longe de qualquer agito.
Cerveja popular no país, em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
A praia pública de Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Buscando um destino barato, alternativo e mais natural, acabamos optando por Utila, já que não tínhamos tempo para visitar mais de uma ilha. Uma extensão da segunda maior barreira de corais do mundo, as ilhas possuem uma vocação natural para snorkel e mergulho e Utila soube aproveitar ao máximo disso para se consolidar como destino para iniciantes e backpackers que buscam bons preços para se introduzir no esporte.
saindo para mergulhar ao redor de Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Embarcamos logo depois de pegar uma tempestade no estacionamento do porto. Eu me protegi dentro do porta-malas da Fiona, arrumando nossas malas e equipamentos de camping, enquanto o Rodrigo esperava a chuva passar na bilheteria. Chegamos a Utila bem no maior feriado do país, aqui a Semana Santa é maior que o Natal e as Bay Islands são o destino mais procurado não apenas por hondurenhos, como também pelos vizinhos guatemaltecos e salvadorenhos. Existia, portanto, uma grande chance de não encontrarmos lugar para ficar, por isso levamos a barraca, pelo menos para garantir um cantinho protegido para dormirmos.
"Garagem" em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Mergulho em Bando Beach, praia privada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Não demoramos muito a encontrar um lugar para dormir, depois de 3 tentativas encontramos o Jade Seahorse, uma pousada decorada por um artista plástico californiano que reutiliza materiais como garrafas de vidro, azulejos, pratos, porcelanas e cerâmicas para montar um ambiente compulsivamente colorido e criativo. A pousada é uma atração turística da cidade e durante todo o dia recebe pessoas curiosas por seus labirintos e esculturas.
Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Nossa artística pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Detalhe da nossa pousada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
O clima meio desleixado da ilha a princípio não me pareceu muito animador. Muitas motos, carros e moto-táxis correndo de lá para cá deixam as ruas barulhentas e pouco agradáveis nos dias mais agitados de um grande feriado como a Semana Santa. Mas aos poucos nos acostumamos e no final do feriado as ruas já estavam mais tranquilas, de volta ao normal.
Movimento na prindipal rua de Utila, ilha no litoral norte de Honduras
A ilha possui duas praias, a praia pública, cheia de bares e barracas de comida, com todos os tipos de música tocando ao mesmo tempo e onde se reúnem os locais e jovens mais animados. A praia privada está no canto esquerdo da vila e, ainda que a área de banho não seja tão atraente, os 3 dólares de entrada garantem a limpeza e tranquilidade. Pois é, praia não é o forte daqui, se quer praias bonitas Cayo Cochinillas ou Roatán parecem ser melhores opções.
A bela Bando Beach, praia privada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
A bela Bando Beach, praia privada em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Foi nesta praia que tivemos uma das melhores noitadas dos últimos tempos, uma Full Moon Easter Party, com os melhores DJs hondurenhos de música eletrônica, malabares de fogo e gente animada. Durante a tarde eu conheci o Rafael e o Marlon, que trabalharam na organização da festa e a noite fomos conferir. Foi uma festa super alto astral, adorei!
Dia nascendo em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Nosso restaurante favorito para café da manhã e almoços após o mergulho era o Che Pancho, um oásis no meio do deserto, com opções saudáveis e super saborosas de sanduíches, crepes, saladas e batidos. Dois argentinos são donos do lugar e tem um super bom gosto, tanto no cardápio quanto na seleção musical, super indico!
Nosso cafe preferido em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
A noite demoramos para encontrar, mas achamos um restaurantinho alternex com um clima delicioso. Ele se promove com a ótima frase: “O único que não está no Lonely Planet!”. Em um píer caindo aos pedaços e sem serviço de mesa, você pede a comida na janelinha da cozinha e a bebida no balcão do bar, escolhe uma mesa no deck e desfruta um dos ambientes mais descolados da cidade. No meio do píer há uma janela para o mar, que funciona como um aquário natural, enquanto esperávamos a comida vimos um polvo incrível saindo para sua caça noturna de dentro da toca, imenso e lindo! A comida é maravilhosa, a cerveja gelada e a música num misto de jazz, latina e cubana é sensacional!
Nosso cafe preferido em Utila também é um cinema! (no litoral norte de Honduras)
No final, depois de cavarmos dali e de lá tivemos uma experiência bacana em Utila, um lugar mais autêntico, onde o encontro com a cultura local é muito mais intensa e verdadeira do que em Roatán. Agora se o seu clima é ter uma praia bonita e ótimos mergulhos, mesmo gastando um pouco mais acho que Roatán seria mais indicada. Enfim, a escolha vai depender de que tipo de experiência você está buscando.
Casa típica em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Mergulho com um grande grupo, em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Afinal, viemos aqui para pegar praia ou para mergulhar? É claro que escolhemos Utila em busca do famoso mergulho e, confesso, estamos ficando mal acostumados com o que vemos por aí. Infelizmente a visibilidade não era das melhores, vimos pouca vida marinha e os corais pareciam fracos e sem vida. Mergulhamos com o UDC - Utila Dive Center, que já tem um esquemão pronto. Todos os Dive Centers aqui priorizam as certificações de open water ou avançado, que é aonde fazem mais dinheiro.
Início de mais um mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Geralmente “Fun Divers”, como chamam os mergulhadores já certificados, se encaixam nestes barcos e acabam pegando pontos menos interessantes, já que eles precisam de um lugar que se adeque aos exercícios dos alunos. No UDC eles normalmente fecham barcos apenas para fun divers, o que é bom, mas se não fecha o número de mergulhadores misturam todos e dá na mesma, vai da sorte. Nosso primeiro dia de mergulho foi na costa sul, já que os ventos não estavam permitindo sair para a costa norte. Fomos ao Jack Neil Point e ao Little Bight acompanhados do Albert, dive master.
Uma grande moréia verde nos observa durante mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Voltamos a mergulhar na sexta-feira, único dia em que as condições climáticas permitiram que o barco saísse para a costa norte. Havia uma chance de encontrarmos os gigantes do mar, os tubarões-baleia que estão na sua migração anual a caminho das águas de Belize e México onde tem a temporada de procriação, entre Maio e Julho.
Banco de corais durante mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Fomos ao Willy´s Hole, lugar com uma paisagem lindíssima, covas, túneis e grandes colunas de corais com boa visibilidade e de volta ao South Side, fizemos o segundo mergulho na Madeline´s Wall, com mar mexido e pouca visibilidade. No final tivemos a sorte de ver uma xita, que salvou o dia e os mergulhos!
Uma arraia passa apressada por nós durante mergulho em Utila, ilha no litoral norte de Honduras
Paisagem de cartão postal em Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Parque Nacional Morrocoy, este nome não saiu da minha cabeça desde o início de 2007 quando eu e o meu mais novo namorado, Rodrigo, começamos a planejar a nossa primeira viagem internacional juntos. Tínhamos apenas 20 dias na Venezuela e o nosso foco era claro, o trekking no Monte Roraima e o tour para o Salto Angel. Mas queríamos também uns dias de descanso em uma praia paradisíaca, afinal mochileiros, trekkers e aventureiros também são filhos de Deus. Neste roteiro, então, acabamos optando por conhecer as paradisíacas ilhas de Los Roques, mais acessíveis via aérea de Caracas, além de prometerem (e cumprirem!) ser um paraíso perdido no Caribe Venezuelano. Ainda assim Morrocoy não saiu da minha cabeça e finalmente chegava a hora de conferirmos o porquê.
Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Saímos da Serra de San Luís em direção à Coro já no final da tarde. Foram quase 3 horas de estrada até Tucacas, principal cidade de acesso ao Parque Nacional Morrocoy. Chegando lá encontramos pousadas lotadas e um guarda noturno super simpático na entrada do parque, ele sabia muito sobre o Brasil e até português arranhava! Puxando informações sobre as praias e ilhas mais bonitas, forma de acesso, etc, descobrimos que os cayos estavam fechados para camping, que a parte continental do parque estaria fechada na segunda-feira e que portanto o melhor jeito de chegarmos aos famosos cayos de Morrocoy seriam pela cidadezinha vizinha de Chichiriviche.
Chegando em Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Lá fomos nós, 30km a mais e chegamos ao balneário que me lembrou, assim, de revesgueio, a nossa grande Pontal do Paraná! Chichiriviche é a base para exploração das ilhas que fazem o Parque Nacional Morrocoy tão famoso entre os venezuelanos. Nestas ilhas não há hotéis ou infraestrutura turística, portanto a cidade, que tem um “quê” de cidade portuária, é mais agitada mesmo sem nenhum atrativo a não ser o porto de embarque para o paraíso.
Cais de Chichiriviche, a caminho do parque Morrocoy, na Venezuela
Logo conseguimos um hotelzinho simples no centro, um estacionamento seguro para a Fiona, jantamos em um dos vários restaurantes na beira mar tentando entender aquela movimentação toda de final de semana. Foi bacana ver que mesmo na situação atual do país os venezuelanos saem em festa nos finais de semana, lotam suas praias e fazem o turismo girar a economia destes lugares. Quase não encontramos estrangeiros, para não dizer que não vimos nenhum, conhecemos um casal de colombianos e vimos os artesãos argentinos (tchurma riporonga) que sempre marca presença. Os turistas nacionais vinham das cidades próximas e lotavam o calçadão comprando bugigangas, disputando som, fazendo discotecas a céu aberto com direito a arrasta pé e tudo! Enquanto ao lado um tio vendia bolos, do outro um empreendedor local alugava os zil tipos de triciclos motorizados para a criançada brincar, 5 bolívares por 15 minutos. O povo não se aperta!
Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
No dia seguinte, toda a festa é transferida para alguns dos cayos próximos, principalmente Cayo Muerto e Cayo Sal, que estão a apenas 15 minutos de lancha dali. Estes cayos, ilhas de areias brancas rodeadas por águas azuis-esverdeadas, são o lugar ideal para se refrescar e relaxar de quaisquer preocupações que alguém possa ter. Lá não interessa se falta pasta de dente, papel higiênico ou se o novo presidente é um bruto, estamos no paraíso!
A maravilhosa praia de Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Nós quisemos fugir dessa algazarra e decidimos ir um pouco mais longe, no cayo que, junto com o nome do parque, nunca me saiu da cabeça: Cayo Sombrero. A imagem que eu tinha era daquele paraíso tropical de águas azuis transparentes, areias brancas como talco e coqueiros à beira mar. Nós e o casal de colombianos dividimos uma lancha e 40 minutos depois era exatamente neste cenário que chegávamos.
A maravilhosa praia de Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
O cartão postal do Parque Nacional Morrocoy, Cayo Sombrero é conhecido entre os locais como o lugar dos ricos, cheios da grana. Todos os venezuelanos mais abastados que vivem em praias e cidades próximas pegam suas lanchas no final de semana e vem para cá. Os que não tem lancha alugam uma e a gasolina é quase de graça. Existe um restaurante na ilha que, para padrões locais, é superfaturado, nós já trouxemos nossos sanduíches. A venda de bebida alcoólica é proibida, por isso a maioria dos barcos já traz a sua bebida e cada turista também pode trazer sua cervejinha em um isopor sem problemas. Mas é claro que sempre tem os que esquecem ou aqueles que querem mais, e para isso existem os vendedores ambulantes que driblam a fiscalização e vendem sucos naturais nos seus barcos-bar, incluindo a dose de rum que você pedir.
Convite ao ócio em Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Nossa ideia inicial era acampar aqui, mas nosso amigo guarda-parque de Tucacas nos disse que nesta época o camping era vetado, já que não havia pessoal permanente na ilha. Ele poderia até estar falando a verdade, mas fato é que sem a fiscalização fica ainda mais fácil, tanto que nós encontramos alguns russos figuras com o acampamento armado na beira da praia. Por sinal, sabe Deus de onde surgiram estes russos, pois não os vimos em Chichiriviche, deve ser coisa do Chavez! Rsrs!
O paraíso é aqui: Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Andamos pela ilha explorando a praia de dentro, fizemos snorkel no canto esquerdo fugindo da muvuca que aos poucos ia chegando. Cruzamos para o outro lado da ilha e encontramos uma praia ainda mais linda, protegida por uma barreira de corais longínqua onde quebravam as ondas constantes do lado de fora da ilha.
Nadando no incrível mar de Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
A pena é encontrar um monte de lixo no caminho entre as praias, em uma pequena baía escondida atrás das árvores e do manguezal. Enquanto o parque até tenta passar mensagens de educação ambiental, a consciência ecológica por parte dos frequentadores da ilha parece ser zero! E o parque não consegue dar conta do recado varrendo as latas de cerveja e um mundo de sujeira para baixo do tapete.
Mensagem ecológica em Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Ainda assim ficamos impressionados com o paraíso que os venezuelanos tem no seu litoral. Um país com Andes, Desertos, Amazônia, pantanal e onde os balneários de final de semana da galera são um arquipélago com dezenas de praias e ilhas caribenhas acessíveis a todos! Com mais tempo ficaríamos para explorar os cayos mais distantes para oeste, Cayo Borracho e Peraza, mas ficam aí mais alguns motivos para voltarmos.
Paisagem de cartão postal em Cayo Sombrero, no Parque Nacional Morrocoy, na Venezuela
Não interessa a cor, paraísos existem e os desta região podem ser verdes ou azuis, depende do gosto do freguês.
Poço da Cachoeira do Paraíso, em Natividade - TO
Na região de Natividade em torno de 5 km da cidade, fica a Cachoeira do Paraíso. Já estamos acostumados com estes nomes, pequenos truques de marketing ecológico, que superestimam a atração para lotá-la de turistas. Tentamos fugir das atrações mais populares, mas se fazem sucesso é por que alguma coisa tem. Ai é que os 1000dias ficam ainda mais interessantes, pois podemos chegar nesses lugares em dias de semana onde o local está lá, como veio ao mundo, como que reservado apenas para nós.
A belíssima Cachoeira do Paraíso, em Natividade - TO
Um lajeado imenso que guarda cachoeiras, quedas d´água e poços de cor verde esmeralda. Agora com um rio estreito neste início de verão, no período de chuvas chega a dobrar de volume de água e na seca desaparecer por completo. Apenas um dos poços sombreado mantém um pouquinho de água. O poço principal seca a ponto de acenderem fogueiras dentro dele.
Sentada ao sol na Cachoeira do Paraíso, em Natividade - TO
Seu João herdou este terreno, quando pedimos para que cuide bem desse paraíso ele disse: “ah, daqui não mudo não, recebi várias propostas para compra deste terreno, mas não vendo e não saio daqui de jeito nenhum.” Dá para entender.
Mergulhando no poço de águas esverdeadas da Cachoeira do Paraíso, em Natividade - TO
Rumamos ao sul, em busca de outro pedacinho do paraíso, Azuis.
Descendo o Moro da Anrena, em Natividade - TO
Pedacinho mesmo, o menor rio do Brasil nasce e morre em menos de 143m! Suas águas cristalinas formam um lindo poço azul, lotados de lambaris mordisquentos, pés de bananeira e pedras.
A incrível nascente do menor rio do mundo, em Azuis, distrito de Aurora do Tocantins - TO
A nascente brota de baixo de uma super montanha e logo ali, após a curva, o Rio Azuis deságua em um afluente do Tocantins. Algum prefeito maluco colocou asfalto até a margem da nascente e tornou o local o balneário preferido da região de Taguatinga (25km) e do município de Aurora do Tocantins (11km), ao qual pertence.
O menor rio do mundo, em Azuis, região de Aurora do Tocantins - TO
Descendo o rio, mais ou menos na metade dele (rsrs), encontramos um lugar muito especial, o Bar e Restaurante Agenda 21. Logo se vê pelo ambiente, cardápio de músicas deliciosas e menu caseiro com tempero especial. Osmane e Leide nos receberam calorosamente, deram várias dicas da região, prepararam um belo almoço as 17h da tarde, ofereceram seus produtos artesanais: pó de café (super cheiroso), pimenta em pó e pimenta desidratada e os nossos preferidos, doces de banana. Hummm, ali até esquecemos do som jaguara do porta-malas de um carro que estava fazendo um churrasco ali na nascente.
Mergulhando no rio azulado e cristalino em Azuis, distrito de Aurora do Tocantins - TO
Finalmente chegamos à Aurora do Tocantins, cidadezinha de 7 quadras, hotelzinho simples, mas “ficável”. Tudo em prol de umas novidades, lugares que não estavam nos nossos planos e vamos verificar amanhã se valem a pena ou não. Fiquem ligados às cenas dos próximos capítulos!
Mirante do Morro da Antena, em Natividade - TO
As montanhas mais altas são iluminadas pelo sol que nasce no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
O Parque Nacional Grand Teton faz parte do corredor natural de preservação do seu irmão mais velho o ilustre Yellowstone. Mesmo muitas vezes ofuscado pela fama do vizinho, o parque não deixa de receber milhares de visitantes que combinam ambos em uma mesma viagem e descobrem universos completamente diferentes de lagos e montanhas há menos de 50km da fronteira sul do parque.
Lago espelhado no início de nossa caminhada no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
A cordilheira que onde se destaca o poderoso pico Grand Teton (4.197m), possui uma das formações rochosas mais antigas do mundo, com mais de 2,7 bilhões de anos de idade. As montanhas, por sua vez, estão dentre as mais jovens do mundo, sendo resultado de terremotos e movimentações das placas tectônicas na falha de Teton. Seguidos terremotos fizeram que um lado da placa se afundasse sob a placa tectônica vizinha, criando uma grande depressão chamada de Jackson Hole, enquanto do outro lado cresceu a grande cadeia do Grand Teton. As montanhas foram esculpidas pela erosão dos ventos, glaciares e água que nivelaram o vale e deixaram no seu caminho lindos rios, moraines e lagos de água cristalina.
Pôr-do-sol no String Lake, lago no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Os terremotos passaram e deixaram para trás um cenário magnífico com diversos picos nevados, um ecossistema riquíssimo em fauna e flora e um verdadeiro playground para os montanhistas, hikers, paddlers e amantes de atividades em meio à natureza. Os mais de 310.000 acres de área preservada podem ser facilmente explorados pela Loop Road, uma estrada que corta o parque com as melhores vistas para as montanhas e o grandioso Grand Teton. Cada mirante nos dá um ângulo diferente, a luz de final de tarde deixou o ar destas montanhas ainda mais mágico. Aos poucos fomos percebendo que a nebulosidade que filtrava a luz, na realidade era fumaça vinda dos grandes incêndios de Idaho, estado vizinho.
As montanhas e lagos do Parque Nacional de Grand Teton, no Wyoming, nos Estados Unidos
Hoje começamos nossa viagem em Riverton e logo cruzamos a Bighorn National Forest, uma imensa área verde, com áreas de camping e alguns trekkings no meio da floresta de pinus. Entramos no Grand Teton pela Moran Junction com uma bela vista do Jackson Lake e seguimos para o sul em direção ao Visitor Center do Jenny Lake. Um detour obrigatório é a Signal Mountain, que tem uma vista belíssima do Snake River, que serpenteia a planície de Jackson Hole, e a oeste para as montanhas.
As planícies do parque Grand Teton vistas do alto de Signal Mountain (Wyoming, nos Estados Unidos)
No centro de visitantes conseguimos um mapa mais detalhado da região que iremos explorar em um trekking no dia seguinte. Novamente, a organização dos parques americanos é absurda. Os caras nos dão um mapa topográfico apuradíssimo da trilha com todas as distâncias e ganhos de altitude, perfeito para trekkers independentes. Este é um detalhe curioso, em quase toda a América Latina como as trilhas nem sempre possuem manutenção e não são bem sinalizadas, somos obrigados a contratar guias.
Após quase duas milhas, chegamos à placa indicativa. Nosso objetivo é o loop, uma das grandes trilhas no Grand Teton National Park, no Wyoming, nos Estados Unidos
Quando é um trekking de alta montanha ou em lugares mais isolados nós não ligamos, até gostamos, na verdade, por que é um ótimo contato com a cultura local e a troca de experiências pode ser muito rica. Aqui nos Estados Unidos a cultura é do “faça você mesmo” e este profissional praticamente não possui demanda já que é tudo muito organizado e fica quase impossível se perder.
Lendo painel informativo sobre as imponentes montanhas do parque de Grand Teton, no Wyoming, nos Estados Unidos
Enfim, traçada a rota de amanhã, tiradas as dúvidas sobre como lidar e/ou evitar um encontro mais íntimo com ursos, continuamos nosso caminho em direção à cidade de Jackson, no portão sul do parque. Jackson é uma cidade dedicada ao turismo, oferece toda a infraestrutura necessária, hotéis, motéis, restaurantes, lojinhas e algum agito noturno onde os jovens montanhistas se reúnem para dançar música country e tomar uma boa cerveja artesanal. Durante a alta temporada, encontrar um quarto disponível pode ser difícil mesmo com os preços mais altos. O Kildo Motel é uma opção simples, com preços mais acessíveis e ótima localização, a duas quadras da praça principal.
Portal em praça na cidade de Jackson, feito apenas com chifres de renas (ao sul do Grand Teton National Park, em Wyoming, nos Estados Unidos)
Admirando a paisagem montanhosa na subida ao cume do Tajumulco, na Guatemala
A maior montanha da América Central está localizada há 2 horas de carro de Xela, há uns 20km em linha reta da fronteira entre o México e a Guatemala. Uma região montanhosa belíssima, cortada por uma estrada asfaltada, curva e desgraçada, pois é cheia de “túmulos”, aquelas lombadinhas mal feitas e sofridas até para a Fiona.
O vulcão Tajumulco, ponto mais alto da América central, na Guatemala
Saímos dos pouco mais de 2.300m de Xela, subimos e descemos morros até chegar aos 3.000m, já próximos à cidade de San Marcos. Vimos do alto as luzes da cidade, ainda de noite. As nuvens estavam baixas e o clima bem frio, nada animador para a subida de uma montanha. Os vilarejos indígenas aos poucos começavam a acordar, enquanto conversávamos com Carlos sobre temas como o universo, o céu e suas maravilhas. “Já estamos no céu, a terra está no céu!”, disse o Carlos a um padre ou pastor, emendando, “vocês não acham impressionante isso? Olha o tamanho da terra e ela flutua!”. Eu também sempre achei impressionante! Rs! Pensamentos tão simples e tão sábios. Com a mesma sabedoria, ele nos acalmava em relação às nuvens e dizia para não nos preocuparmos, pois logo estaremos acima delas.
O vulcão Tacaná, na fronteira de Guatemala e México, visto do vulcão Tajumulco, ponto mais alto da Guatemala
Baixamos e cruzamos os 3.000m novamente, finalmente acima das nuvens com um belo céu azul e um sol maravilhoso! Chegamos aos pés da montanha, aos 3.300m, tomamos nosso café da manhã gentilmente embalado pela Lucia, na pousada e começamos a caminhar. O dia estava perfeito, céu azul, sol quente, pouco vento. A caminhada foi super agradável e o bom papo de Carlos fizeram o tempo passar tranquilamente. No caminho escutamos um coiote próximo a nós, dando um uivado de bom dia.
Subindo o Tajumulco com o nosso ótimo guia, o Carlos (na Guatemala)
Esta belíssima região montanhosa tem como uma das principais atividades agrícolas e econômicas a plantação de papoula e de maconha. Cada território é bem delimitado, pois por ano um campesino chega a receber em torno de 120 mil quetzales do chefe narcotraficante, o equivalente a uns 2.300 reais por mês. O “Seu Campesino” não está fazendo nada de mal, só o que ele sabe fazer, plantar. Que outra atividade poderia dar-lhe um salário desses? Acaba que para defender o seu ganha-pão os tiozinhos campesinos se armam e defendem os seus chefes da polícia. Gente simples tentando sobreviver, tudo muito compreensível. Afinal, é isso ou plantar para uma subsistência triste nos campos montanhosos distantes e esquecidos no norte do país. Parece que já andaram tentando semear folha de coca por aqui também, sementes importadas da Colômbia, alta qualidade, mas pelo jeito a planta não gostou da terra. Olhávamos do alto a linda paisagem e Carlos apontava, “para lá é tudo plantação”. Até no alto do vulcão eu vi alguns cercados, que segundo ele, delimitam áreas dos campesinos, deixando claro o que é de cada um ali.
O belo visual durante a subida do vulcão Tajumulco, região de Quetzaltenango, na Guatemala
A trilha é lindíssima! Desde o ponto onde iniciamos até o topo temos vistas maravilhosas para todos os lados, bosques naturais de pinos, alternando trechos planos e subidas, enquanto vamos nos aclimatando e acostumando com a altitude. O nosso corpo que já esteve super aclimatado durante a passagem pelo Atacama, Bolívia e Perú, agora já sente a falta de oxigênio.
Cumprimentando o nosso guia Carlos no ponto mais alto da América Central, o cume do vulcão Tajumulco, a mais de 4.200 metros de altitude, na Guatemala
O último trecho é um pouco mais inclinado, subimos alguns degraus de pedra até chegar a um trecho de areias e finalmente no topo da América Central a 4.222m de altitude! Do alto podemos ver o Vulcão Santa Maria, e o Tacaná, já na fronteira com o México.
Com o nosso guia Carlos no ponto mais alto da América Central, o cume do vulcão Tajumulco, a mais de 4.200 metros de altitude, na Guatemala
Lá estavam também uma família maia em um ritual de agradecimentos, soltando rojões, acendendo velas e incensos e fazendo suas preces para o ano que se inicia, além de um grupo de 3 jovens locais que subiam pela primeira vez. Também gravamos uma entrevista do Soy loco por ti América com um depoimento ótimo do Carlos, falando da sua paixão pelas montanhas e pela natureza, lindo!
Entrevistando o nosso guia Carlos no ponto mais alto da América Central, o cume do vulcão Tajumulco, a mais de 4.200 metros de altitude, na Guatemala
Contornamos a cratera do vulcão e descemos até o meio da “caldeira”, onde o povo costuma escrever seus nomes com pedras, registrando sua passagem por ali. Descemos por um caminho diferente, passando ao lado do Monte Esperança e pelo novo local de acampamento, infelizmente emporcalhado pelos locais que vieram passar as festas de natal e ano novo na montanha. O Carlos começou uma limpeza, nós o ajudamos com o que pudemos, mas só um mutirão gigante poderá limpar completamente a trilha.
Caminhando na crista do vulcão Tajumulco, a mais de 4.200 metros de altitude, na Guatemala
O antigo refúgio foi destruído por uma tormenta que passou por aqui em 2005 e destruiu muitas plantações e casas. Em um dia como hoje ficaria difícil imaginar essa montanha em um dia de tormentas, mas o final da caminhada nos premiou com uma mudança radical no clima, as nuvens que estavam abaixo de nós subiram e tomaram conta da montanha. As vistas maravilhosas ficaram na memória e na máquina fotográfica e as 14h da tarde parecia que o sol já estava se pondo.
Neblina na descida do vulcão Tajumulco, na Guatemala. Cadê o caminho?
Dois turistas doidos começavam a subida sem um guia e sem idéia do que encontrariam pela frente. Além de ficar difícil enxergar a trilha quando as nuvens baixam, a montanha tem mais de uma opção de trilha, “e vai chover”, completou Carlos. É, será uma noite de bastante aventura para esses dois.
Descendo do cume do Tajumulco, na Guatemala
Nós retornamos à cidade, entre túmulos e curvas e uma mega dor de cabeça que me fez lembrar do Rafael no episódio do Cotopaxi, dor de cabeça infernal! É um dos efeitos colaterais da falta de oxigênio no mal da altitude, ou sorotchi. Uma neosaldina, um bom banho e um jantar no restaurante francês da cidade e já estávamos prontos para outra!
Início da caminhada ao cume do vulcão Tajumulco, ponto mais alto da Guatemala e de toda a América Central
As ruínas de Tahai, a 15 minutos de caminhada de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), no Oceano Pacífico
A Ilha de Rapa Nui, mais conhecida como Ilha de Páscoa, é uma ilha polinésia isolada no Oceano Pacífico a 3.526 km da costa chilena, 2.075 km das Ilhas Britânicas de Pitcairn e 4.251 km de Papeete, capital da Polinésia Francesa. Sua origem vulcânica está ligada à cadeia submarina de vulcões que se levanta desde os 2 mil metros de profundidade entre a Placa de Nazca e a pequena Placa de Páscoa.
Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Sua história, sua cultura e suas belezas naturais a faz um dos principais atrativos turísticos do Chile, seu isolamento, um lugar de muitos mistérios. Poucos conhecem a sua cultura, mas acredito que muitos já devem ter escutado sobre a ilha no meio do Pacífico que destruiu toda a floresta para a construção de imensas estátuas de pedras. Em tempos de aquecimento global e esgotamento de recursos naturais, a Ilha de Rapa Nui vem emprestar a sua história como exemplo de colapso natural e social em uma escala ainda mensurável.
Surfista aproveita as ondas no mar de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Taratruga descansa em praia de Hanga Roa, a única cidade da Ilha de Páscoa
As florestas se foram, mas a cultura polinésia está mais viva do que nunca e é nela que iremos mergulhar nestes próximos dias de viagem. Ahus, moais, tangata manu e uma infinidade de lugares, paisagens e histórias que fazem desde pequeno pedaço de terra no meio do oceano um dos lugares mais especiais na nossa América do Sul.
Escultura no litoral de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Chegamos ao aeroporto de Hanga Roa depois de um vôo de quase 5 horas vindo de Santiago e fomos recebidos por Joana com colares de flores de boas-vindas, um costume comum às ilhas polinésias. Por um momento me senti chegando novamente ao Hawaii.
Chegando ao aeroporto da Ilha de Páscoa.
Joana é uma rapa nui de origem tahitiana, dona do Residencial Vaianny onde ficamos hospedados na cidade de Hanga Roa. Todos os rapa nuis tem alguma mistura, seja chilena, tahitiana, francesa, sueca, americana ou neo zelandesa.
Recepção calorosa do nosso hotel, ainda no aeroporto da Ilha de Páscoa
As famílias rapa nuis veem com bons olhos a entrada de estrangeiros nas suas famílias. Isso por que a chegada dos europeus, com doenças e a captura de nativos para escravização nas minas de prata e ouro do Peru, quase fez desaparecer a população nativa da ilha. Pouco mais de uma centena restaram e desde então trataram de se multiplicar, mesclando sangues com diferentes marinheiros, viajantes e turistas que passam por aqui. O novo membro da família nunca será considerado um rapa nui e terá que ralar para entender a língua, a cultura e as histórias que passam na forte cultura oral da ilha. Seus filhos, porém, loiros, ruivos, negros ou mestiços serão orgulhoso rapa nuis desde sempre!
Criança se diverte com bola na praia de Anakena, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
A paisagem não deixa dúvida: a Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico, tem origem vulcânica!
A ilha possui quase 6 mil habitantes e 3 mil cavalos selvagens. Os primeiros vivem, na sua maioria, na única cidade da ilha, Hanga Roa. Já os cavalos estão espalhados pela ilha, livres, leves e soltos!
Ao longo de toda a trilha que contorna o Maunga Terevaka, são comuns os encontros com cavalos selvagens (Ilha de Páscoa, no sul do Oceano Pacífico)
Hanga Roa é uma cidadezinha simpática com uma rua principal cheia de restaurantinhos, lojas de artesanatos, mercadinhos e o governo municipal. A economia da ilha gira em torno do turismo e da pesca. A maioria dos insumos vêm do continente, inclusive grande parte dos vegetais, verduras e legumes, que são consumidos por aqui. Pelo clima semiárido da ilha a produção que mais se adapta à este ambiente é o abacaxi, rodando pelo interior vemos muitas plantações. Existe um movimento entre os locais para o plantio de pequenas hortas, a Joana mesmo tem no quintal da pousada pés de alfaces, temperos, mamão, limão, abacaxi e outros. Empanadas fazem parte das especialidades chilenas que foram adotadas e adaptadas ao sabor polinésio, com recheio de atum ou outros pescados. Ceviches e outros pratos de frutos do mar, com toques afrancesados são as especiarias que combinam a influência tahitiana e da polinésia moderna à Ilha de Páscoa.
Nosso apetitoso jantar em Hanga Roa, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Nossa primeira tarde na ilha foi de reconhecimento da área de Hanga Roa. Saímos a pé zanzando pelas ruas da cidade e a caminho dos nossos primeiros moais, as famosas estátuas funerárias esculpidas em homenagem aos ancestrais rapa nuis. Os moais estão espalhados por toda a ilha, geralmente próximos ao mar.
O primeiro Moai, a gente nunca esquece! (em Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico)
Já no porto da cidade de Hanga Roa encontramos as primeiras estátuas, mas é a 10 minutos dali que está o centro político mais importante da tribo Marama e um lugar perfeito para ver o pôr do sol, o Ahu Tahai. Ele se constitui de três altares, o Ahu Vai Uri com cinco Moais, o Ahu Tahai com o Moai mais antigo do grupo e o Ahu com o Moai Ko Te Riku, este com o Pukao, tocado vermelho que é um símbolo de status social e político e 5 metros de altura.
Fim de tarde em Tahai, ao lado de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), no Oceano Pacífico
Como em um ritual, turistas, locais e dezenas de cachorros se reúnem nos gramados ao redor do Ahu Tahai, sob a mirada de seus ancestrais, para despedir-se do dia que passou. Alguns corredores passam no seu exercício diário como se fosse normal ter este lugar como pista de treino.
Um belíssimo pôr-do-sol em Tahai, ruína ao lado de Hanga Roa, a única cidade da Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Olhe ao seu redor, localize-se no mapa mundi, estamos em uma ilha no meio do Pacífico contemplando o pôr-do-sol à sombra de estátuas esculpidas por uma antiga cultura polinésia há mais de 500 anos! É, acredito que começamos bem a nossa temporada rapa nui, que nossos ancestrais nos acompanhem.
Admirando os incríveis Moais de Tahai, ao lado de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Formações da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE (foto de America Sin Fronteras)
O Parque Nacional de Ubajara foi formado no final da década de 50, no entanto a região já é conhecida e explorada desde o século XVIII em busca de ouro e pedras preciosas. Um teleférico nos leva até a gruta, que possui 1200m já mapeados e ainda não foi completamente explorada. Existe uma lenda que ela possuiria uma ligação com a formação geológica do Parque Nacional das Sete Cidades, no Piauí. É apenas uma lenda, pois são mais de 100km até este parque, ainda assim os últimos dutos mapeados estão na sua direção. O teleférico foi instalado na década de 70 e chegava até a entrada da gruta, 10 anos depois foi desativado e ficou inoperante até 1991, quando ganhou nova base e a gruta voltou a ser aberta à visitação.
O bondinho que leva à caverna no Parque Nacional de Ubajara - CE
Formação calcária em meio a formação arenítica da Serra do Ibiapaba, a Caverna de Ubajara foi freqüentada por moradores da região para culto religioso desde a década de 40, possui um santuário e uma trilha de pedra com 7km de extensão, por onde passavam as romarias. Na gruta eram realizados eventos religiosos como casamentos, missas, etc.
Paredão de pedra no Parque Nacional de Ubajara - CE
Nesta mesma época a tradição pela preservação da natureza não existia ou, se existia, possuía um conceito muito diferente da atual. Assim a gruta possui toda a sua entrada pichada com nomes, datas e mensagens assinadas de 1905 até 1985, aproximadamente. As pichações só foram totalmente controladas quando se iniciou o trabalho conjunto do Ibama com a Associação de Guias da região, que contribuiu fortemente para uma maior fiscalização durante as visitações.
Pichação de 1906 na caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE
Suas formações calcárias são belíssimas, estalactites, estalagmites, cortinas e cogumelos, algumas com a presença de calcita, fizeram com que outra prática se tornasse comum na depredação da caverna: a quebra das formações. Como a calcita brilha, muitos achavam que ali havia algum mineral ou metal precioso, diamante ou ouro, e então as levavam para casa. Foi aí que surgiu a expressão “ouro de tolo”, afinal “nem tudo que reluz é ouro”.
Formações da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE (foto de America Sin Fronteras)
Encerramos o passeio pela gruta em pouco mais de meia hora. Dois salões normalmente abertos à visitação estão interditados. Pudemos ver apenas as centenas de morcegos que se apinham lá dentro, a imensa barulheira e o cheiro nada agradável do guano. Eles estão em período de reprodução, porém não é este o motivo da interdição. Os dois últimos salões possuem água, o que torna o acesso muito escorregadio e iluminação artificial precária ou inexistente, pela estrutura não suportar a umidade. Apesar disso o parque é todo muito bem estruturado para as atrações que oferece. A taxa de entrada é de 4 reais por pessoa, além dos 8 reais no teleférico. A entrada já inclui o serviço dos guias para a gruta e também tours guiados de hora em hora para a trilha do Mirante e da Cachoeira do Cafundó.
Caminhando no Parque Nacional de Ubajara - CE
É claro que aproveitamos para conhecer! Duas horas e meia de caminhada por uma trilha bem marcada, com o acompanhamento do guia, além dos nossos amigos chilenos que estavam conosco desde cedo. Aproveitei para treinar meu espanhol e praticar uma de minhas artes preferidas, a socialização! Andrea, eu e Pablo falamos de tudo! Histórias, dicas e truques de viagem e até descobrimos conhecidos em comum! Vone, a estilista chilena que conheci na Praia da Pipa, é casada com Rodrigo, amigo de Andrea! Este mundo é muito pequeno mesmo!
Com o Pablo e a Andrea no Parque Nacional de Ubajara - CE
A trilha é tranquila, o mirante possui vistas maravilhosas, tanto para a serra e o sertão verde nesta época de chuvas, quanto para a Cachoeira do Gavião, logo abaixo do mirante, e ao fundo para a Cachoeira do Cafundó.
Visão do famoso bondinho que leva à entrada da caverna do Parque Nacional de Ubajara - CE
Caminhamos mais um pouco e chegamos à Cachoeira do Cafundó. Ela é imensa, porém só vamos à pequena cachoeira que está acima da queda principal. A bela vista da serra e do teleférico, água fresca e um pequeno lago fazem o passeio valer à pena.
Encima da Cachoeira do Gavião, no Parque Nacional de Ubajara - CE
Praça central de Port-au-Prince, capital do Haiti
Port-au-Prince, a capital haitiana, é um dos últimos lugares que qualquer pessoa pensaria em fazer turismo nos tempos atuais. Primeiro por que praticamente tudo (do pouco) que tinha para ser conhecido no centro da cidade foi destruído no terremoto de 12 de Janeiro de 2010. Segundo por que após o terremoto, o país que já era assolado pela pobreza, passou por ondas de violência e doenças resultantes da catástrofe. Assaltos e sequestros, inclusive de membros das organizações religiosas e ONGs que estavam aqui para ajudar o país, se espalharam pela capital, afinal as prisões foram destruídas e todos os presos voltaram à ativa. Soldados de todos os cantos do mundo vieram para o Haiti e ao que tudo indica foram os nepaleses que trouxeram para a ilha um tipo de cólera que resultou em surto, variedade anteriormente inexistente no país. Terceiro por que Port-au-Prince é uma cidade grande de um país subdesenvolvido e, mesmo se não tivesse passado pelo terremoto, já não teria tantas atrações a oferecer, ela seria o ponto de chegada e partida de uma viagem pelo Haiti, mas não o destino por si só.
Comida preparada e vendida nas ruas centrais de Port-au-Prince, capital do Haiti
É, não somos turistas muito tradicionais mesmo. A curiosidade de ver como o epicentro de uma tragédia está se levantando, foi um dos motivos que nos fez decidir passar ao menos um dia explorando o centro de Port-au-Prince. Subimos em uma moto-táxi em Pétion-Ville rumo à parte baixa da cidade. Jackson não hesitou em colocar nós dois na garupa e, com um ótimo equilíbrio nos guiar pelas ladeiras que nos levariam até o centro. No caminho o pneu furou, paramos para consertar e aproveitamos para conhecer as vizinhanças intermediárias. Não importa por onde andamos sempre vemos muitos escolares, bom sinal para o país.
Nossa moto-taxi furou o pneu no caminho para o centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
A região central foi a mais destruída pelo terremoto e não tínhamos ideia do que iríamos encontrar por lá. Sabíamos que havia a praça principal, Champs de Mars, o antigo palácio da presidência, a igreja onde faleceu a Irmã Zilda Arns e um hotel bem tradicional, o Hotel Oloffson. Nós esperávamos ver escombros, ruas e prédios destruídos, talvez meio abandonados, e ao invés disso encontramos uma cidade movimentada, ruas e praças lotadas com centenas de estudantes andando de lá para cá.
O tradicional hotel Oloffson, no centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
Os escombros já foram retirados, o terreno onde estava o palácio da presidência está fechado por telas. Espiamos pelos buraquinhos e vimos que o prédio já foi todo retirado, os gramados estão verdinhos e uma casa e contêineres estão substituindo os escritórios. Se não soubesse do terremoto e ninguém me contasse, eu não poderia dizer que algo desta magnitude aconteceu. Talvez aos que já conhecessem a cidade e soubessem dos grandes edifícios, mas não para nós, que o máximo que conseguimos achar foram alguns prédios rachados, como os edifícios mais antigos condenados em São Paulo ou no Rio.
Monumento no centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
Trabalhadores e pessoas curiosas olhavam esses dois branquelos “gringos” andando pela praça, realmente devemos ser uma cena rara por essas bandas. Quase não encontramos brancos na cidade, muito menos turistas. A maioria dos brancos que estão aqui trabalham para alguma organização social ou religiosa, ou são militares trabalhando na Força de Paz da ONU. Qualquer um que viesse falar conosco nos perguntaria primeiro “com que organização vocês estão aqui no Haiti?”, e quando respondíamos que éramos meros turistas, a cara de espanto vinha misturada com um sorriso e acompanhada de um Bienvenue au Haiti!
Praça central de Port-au-Prince, capital do Haiti
Desde o início da viagem eu tinha em mente que quando chegasse aqui gostaria de ter ao menos uma semana para trabalhar como voluntária em alguma organização, escola, orfanato, hospital, o que fosse. Pesquisei e conversei com muitas pessoas que já haviam tido algum contato com o Haiti, mas nunca tinha conseguido algo que parecesse acessível, certamente eu não estava sabendo aonde procurar. Foi quando conheci um brasileiro, hospedado na mesma pousada que nós na cidade de Boston, que havia sido voluntário no Haiti logo após o terremoto. Ele foi o primeiro a me dar uma opinião bem realista de onde eu poderia estar me metendo. Após os seus dias no Haiti ele passou 6 meses sem dormir direito, deprimido e com pesadelos sobre tudo o que presenciou no pós-terremoto. “Se você nunca trabalhou com situações extremas e não está psicologicamente preparada para isso, pense bem se pode encarar um trabalho como este”. Eu levei em consideração o que ele falou, mas a princípio eu continuava com a ideia do voluntariado. Aos poucos eu fui absorvendo o que ele disse e pesando também com as questões práticas da viagem: tínhamos pouco tempo, o Rodrigo não estava com a mesma vontade, ou seja, teríamos que nos separar e ficaríamos com tempos diferentes de viagem, além de, de fato, eu não estar preparada para me voluntariar em uma crise humanitária. Assim decidi que viria conhecer o país primeiro, fazer contatos, analisar a situação e ver como eu me sentiria, para então voltar (ou não) para fazer um trabalho mais efetivo, tanto para a comunidade, quanto para mim.
Estudantes caminham no centro de Port-au-Prince, capital do Haiti
Viemos ao Haiti preparados para ver o pior, afinal tudo o que escutamos e vemos na mídia são histórias arrasadoras e uma miséria incurável. Quando chegamos vimos que a miséria está lá, sem dúvida, com cicatrizes ainda maiores deixadas pelo terremoto de 2010, como milhares de desabrigados, centenas de crianças órfãs e desempregados perambulando pelas ruas. As partes mais pobres da cidade são Citté Soleil e Belair, as duas grandes favelas onde se concentram as desgraças do país e os esforços do exército brasileiro, que tem bases fixas dentro das duas áreas. Nós cruzamos Belair rapidinho em cima da nossa moto-táxi. Mesmo Jackson não gosta de passar por lá, chegando perto só nos avisou, “Guardem tudo, se segurem que vou acelerar, essa área é muito perigosa!”. Ali vimos uma certa confusão de um povo subindo um alambrado e tentando invadir um terreno cheio de carros sucateados. Parece que naquele dia iam distribuir peças ou carros e aparentemente o pessoal estava bem impaciente. Lá sim vemos o favelão que imaginamos que dominava toda Port-au-Prince. Casas provisórias de campanha que se tornaram permanentes. Estes acampamentos que ainda abrigam mais de 200 mil pessoas, não estariam tão lotados não fosse a migração de haitianos de outras áreas do país que vieram para a capital tentar pegar uma carona nas doações e assentamentos que o governo e a comunidade internacional está fazendo. Ou seja... nada está tão ruim que não possa piorar.
Monumento ao heroi da independência na praça central de Port-au-Prince, capital do Haiti
Ao mesmo tempo essa miséria não é muito diferente da que conhecemos nos tempos paupérrimos do Brasil. Falo da miséria verdadeira, não das nossas favelas atuais que tem luz, gatonet e 2 televisores em cada casa. Se você já entrou em uma favela sabe do que estou falando, falta de saneamento básico e energia elétrica, lixões entre as casas, crianças brincando no lixo sem roupa, sem ter água para beber e qualquer comida para comer. Não andei pelas favelas daqui, mas passeio no meio dela em cima de uma moto e posso dizer que reconheci...
Comida preparada e vendida nas ruas centrais de Port-au-Prince, capital do Haiti
Seguimos cruzando caminhões da ONU, comendo poeira e costurando entre outras motos, carros e tap-taps. Nosso motorista era bom! Mais meia hora na garupa e chegamos ao Campo Charlie, principal base das tropas brasileiras aqui no Haiti. Quer melhor atividade turística em Port-au-Prince que conhecer o trabalho que o Brasil está desenvolvendo aqui? Agenda feita! Logo teremos uma visita à base do BRAENGCOY, espero vocês.
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