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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
As tradicionais Babuskas russas, em loja de Sitka, no sudeste do Alaska
Os russos começaram a chegar ao Alaska em meados do séc XVIII. Após algumas viagens exploratórias, logo começou a atividade econômica que dominaria a região pelo próximo século: o comércio de peles de lontras marinhas. Esse animal consegue lidar com o frio das águas geladas graças à enorme quantidade de pelos, que prendem o ar entre seus fios e faz uma eficiente camada isolante. Enquanto focas e leões-marinhos têm camadas de gordura sob a pele para se proteger do frio, as lontras se valem apenas dessa camada de ar isolante. Isso fez da sua pele uma mercadoria muito valiosa entre os povos do norte, como russos e noruegueses, que tem de conviver com o frio polar boa parte do ano.
Praça central em Sitka, no sudeste do Alaska
No início, os russos não precisaram ir longe para conseguir as suas peles. Quase ao lado da Sibéria, lá estavam as Ilhas Aleutas, com uma grande população de lontras. Melhor ainda, povoadas pelos índios Aleuts, que logo foram transformados em servos do império russo e da recém-criada Companhia Russo-americana de Comércio. Todo o trabalho duro de captura (e morte!) dos pobres animais eram feito pelos Aleuts, enquanto os russos se ocupavam do comércio e, claro, da mais-valia. Mas os lucros eram tão grandes que os russos foram com muito sede ao pote. Poucas décadas de exploração e tinham matado a galinha dos ovos de ouro. Acabaram-se as lontras.
A famosa Igreja Ortodoxa Russa, em Sitka, no sudeste do Alaska
Foi quando, já quase na virada do século, a exploração chegou ao Alaska continental. Uma população fresquinha de lontras os esperava. Assim como uma população nova de indígenas. Só que, dessa vez, eram os mais aguerridos Tinglits. Sem muito tempo a perder com diplomacia e negociações, os russos foram logo instalando um forte próximo à principal cidade Tinglit, onde hoje é a cidade de Sitka. A pressa em ocupar a região era que outras potências europeias também se interessavam pela região e, principalmente, nesse lucrativo mercado de peles. Espanha, França e Inglaterra enviavam expedições científicas e deixavam claro seus interesses comerciais por ali.
A mais antiga moradia do tempo russo em Sitka, no sudeste do Alaska
Alheios às questões de geopolítica internacional, os Tinglits só queriam saber de controlar as suas terras e o comércio da própria região. Dois anos depois de construído o forte, uma expedição indígena o atacou e destruiu, em 1804. Os russos e a Companhia russo-americana não poderiam deixar barato! Sob a liderança de Baranov, seu presidente, organizaram uma expedição punitiva. Com a ajuda dos aliados Aleuts e de navios de guerra, atacaram a capital Tinglit. Esses opuseram uma inesperada resistência, venceram a primeira batalha, onde quase morreu Baranov e, por seis dias, resistiram ao bombardeio do navio russo. Então, na sétima noite, simplesmente abandonaram a cidade e se retiraram para o interior, em silêncio. Só voltariam vinte anos mais tarde.
A movimentada marina de Sitka, no sudeste do Alaska
Armadilhas para carngueijos, em Sitka, no sudeste do Alaska
Os russos aproveitaram para entrar na cidade, queimar tudo e construir a sua capital no Alaska, Sitka. Foi daí que, pelos próximos 65 anos, comandaram esse vasto território no norte das Américas, sempre atrás das pobres lontras. Por décadas a Companhia Russo-americana foi a mais rica do mundo no setor de peles, ajudando a sustentar o expansionismo russo na Ásia, além da vida suntuosa dos Czares e da aristocracia russa.
Visita ao Centro de Tradição e Cultura Indígena, em Sitka, no sudeste do Alaska
A situação só mudou a partir da segunda metade do século XIX. Em primeiro lugar, também no Alaska continental as lontras se aproximavam da extinção, pela caça excessiva. Sem os lucros de seu comércio, a colônia passou a ser deficitária, transformando-se em um peso para o os cofres russos. Principalmente depois da custosa Guerra da Crimeia, no Mar Negro, quando os exércitos russos foram vencidos pela aliança de ingleses, franceses e turcos. As três nações, tantas vezes inimigas entre si, resolveram se unir para combater o expansionismo russo na região.
Centro de Tradição e Cultura Indígena, em Sitka, no sudeste do Alaska
Centro de Tradição e Cultura Indígena, em Sitka, no sudeste do Alaska
Foi esse derrota que fez o Czar se convencer que o país não teria forças o suficiente para proteger a distante colônia em caso de ataque. Necessitando de dinheiro e disposto a se livrar logo daquela terra que só lhe dava prejuízo ultimamente, tratou-a de vender aos americanos, uma nação que recém saía de uma sangrenta guerra civil. Melhor vender para eles do que para os rivais ingleses ou franceses. Pareceu o melhor negócio na época. Apesar do preço barato (cerca de 120 milhões de dólares atuais), a compra foi ridicularizada pela imprensa americana da época, que não se cansava de criticar o Secretário da Fazenda, responsável pelo negócio. Foram precisos quase trinta anos, quando foi descoberto ouro em abundância no novo território, para que se reconhecesse que aquele negócio com a Rússia tinha sido um verdadeiro “negócio da China”!
Totem em meio a mata de parque de Sitka, no sudeste do Alaska
Totem em meio a mata de parque de Sitka, no sudeste do Alaska
Bem a história do ouro, já contei em outros posts e certamente voltarei ao assunto. Hoje estivemos passeando por Sitka. Foi aqui que se deu a cerimônia de entrega do Alaska, com a presença de soldados russos e americanos. Logo após a assinatura do contrato, a bandeira russa recusou-se teimosamente a ser baixada do mastro. De certo, eram os espectros de Lenin e Stalin tentando reverter o negócio. Não adiantou. Ela foi praticamente arrancada lá de cima e o Alaska passou a ser americano.
Caminhando por parque onde ocorreu a batalha entre russos e Tinglits pelo controle de Sitka, no sudeste do Alaska
Observando de perto um dos muitos totens em parque de Sitka, no sudeste do Alaska
Nós caminhamos bastante pela cidade. Primeiro, ao redor dos prédios que lembram o tempo de domínio russo. A catedral ortodoxa, com sua tradicional cruz de braços duplos é a maior atração. A original foi destruída por um incêndio, mas logo foi reposta por uma réplica. Ainda hoje é possível encontrar pessoas que seguem essa religião, principalmente em Sitka e entre os Aleuts. Há também antigas residências, a mais antiga de 1835. Além da arquitetura, a antiga presença russa ainda é explorada em lojas e restaurantes. Nas vitrines, encontramos várias coleções das simpáticas babuskas.
Totem marca o local onde estava a fortaleza Tinglit em parque de Sitka, no sudeste do Alaska
Também o período Tinglit nos interessou. Um Centro Cultural guarda várias peças, totens e pinturas indígenas. Visita obrigatória para quem visita a cidade. Mas, para nós, a maior atração referente aos Tinglits foi uma caminhada pela área onde se deu a última batalha entre eles e os russos. Hoje, um parque que contém uma floresta repleta de enormes totens em meio às suas árvores, além de diversos painéis explicativos sobre a cultura Tinglit e sobre a batalha final. Muito legal mesmo!
Fiona fica pequena perto de um modelo de baleia, em Sitka, no sudeste do Alaska
Início de trilha pela Rain Forest na região de Sitka, no sudeste do Alaska
Por fim, fizemos um passeio que nada tem a ver com a história, mas com a geografia da região. Fomos fazer uma caminhada em uma “rain forest” ou floresta úmida. Um ambiente verdejante que jamais esperávamos encontrar aqui no Alaska, naquela imagem clichê que se tem daqui, tudo branquinho. Que nada! Essas florestas de árvores viçosas dominam todo o sudeste do Alaska e caminhar por ela nos fez sentir mais perto do Equador. Se bem que, basta colocar a mão nos riachos gelados para perceber que estávamos ainda mais perto dos polos que dos trópicos, hehehe.
Caminhada em floresta de Sitka, no sudeste do Alaska
Riacho de águas geladas em floresta de Sitka, no sudeste do Alaska
Enfim, foram vinte e quatro horas intensas que passamos por aqui, cheias de histórias e estórias. A próxima etapa é justamente o mais longo trecho de ferry dessa etapa da nossa viagem. Serão outras 24 horas cruzando os canais da Inside Passage, entre Sitka e Ketchikan, já bem perto da fronteira canadense. São essas nossas viagens de barco o assunto do próximo post.
A verdejante rain forest de Sitka, no sudeste do Alaska
Muito interessante. Além de "conhecer" lugares diferente estou aprendendo muito, pois quando vocês citam algum acontecimento pesquiso um pouco mais. Obrigada!!!
Resposta:
Oi Mabel
Eu tb sou assim, como vc. Quando leio um texto que gosto, aquilo é só o começo. Fico interessado pelo assunto e passo dias pesquisando sobre aquele tema
Um abraço
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