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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Admirando as pasisagens da Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Nesses últimos dias, assim como nos próximos, estamos viajando de barco por uma das mais belas paisagens do continente: a chamada Inside Passage. É um longo caminho pela costa noroeste do Oceano Pacífico, partindo das cidades de Haines ou Skagway e seguindo rumo ao sul, quase sempre por canais protegidos do mar aberto por ilhas costeiras (daí o nome “Inside Passage”), até a Ilha de Vancouver, quase na fronteira entre Canadá e Estados Unidos. No caminho, várias cidades e algumas paradas, numa região que não tem acesso rodoviário, apenas por ar ou mar, como tem sido o nosso caso.
Os muitos caminhos da Inside Passage, ao longo do sudeste do Alaska. O nosso caminho sai de Haines, passa por Juneau e Sitka e segue para Ketchkan, antes de passar ao Canadá
Essa viagem pode ser feita a bordo de luxuosos cruzeiros, durante a temporada turística, ou nos ferries, que transitam por aí o ano inteiro. Basicamente, percorrem o mesmo caminho, mas com uma grande diferença de preços. Para nós, acostumados aos ferries de outros países do continente, logo imaginamos que a diferença de preços estaria relacionada à diferença de conforto também. Que nada! Os ferries são bem chiques, com vários salões, cabines (por uma preço extra, claro!), restaurantes, bares e cinemas. E ainda levam o seu carro junto! De qualquer maneira, nós não tínhamos escolha: tínhamos de levar a Fiona conosco! Além disso, estamos bem no fim da temporada e já não há mais cruzeiros. Mesmo os ferries, agora são bem menos barcos. Em compensação, o preço caiu também.
Fiona embarcada para a viagem de ferry em Haines, no sudeste do Alaska
A viagem pode ser feita de uma vez só, com cerca de três dias de duração, ou com escalas. Nós tivemos um pouco de sorte e conseguimos montar um caminho e uma agenda com direito a paradas em todas as cidades que desejávamos: na capital Juneau, na cidade “russa” de Sitka e no importante porto de Ketchikan. Além disso, como queríamos parar ao longo do Canadá também, fizemos metade do caminho com a companhia americana e a outra, nos próximos dias, com a companhia canadense. Quem segue pela americana, depois da parada em Prince Rupert, primeira cidade do Canadá para quem vem do norte, deve seguir diretamente à Bellingham, ao lado de Seattle, sem a chance de parar em Vancouver. Por isso, será nessa cidade que trocaremos de companhia.
O deck principal do nosso ferry na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska
O primeiro trecho da nossa viagem foi todo noturno, entre Haines e Juneau. Depois, mais umas seis horas de barco entre a capital do Alaska e Sitka, dessa vez durante o dia. O tempo estava meio nublado, meio chuvoso, com uma ou outra mancha de azul no horizonte, para nos dar um pouco de esperanças. Foi o bastante para admirarmos um pouco dessa paisagem gloriosa. Todos os ferries têm uma área no teto do barco, metade coberta e metade não, chamada de “Solarium”. É de onde temos as melhores vistas e também o lugar onde vários passageiros armam suas barracas durante o verão. Agora, nessa época mais vazia e com frio e vento, além da chuva, todo mundo prefere mesmo é o conforto do aquecimento nos decks fechados. Aliás, o nosso apelido para o solarium era “chuvarium”. Mas sempre que podíamos, corríamos para lá para tirar umas fotos. Depois, de volta ao ar quentinho do interior do barco!
Hora do lanche no ferry na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska
O terceiro trecho, entre Sitka e Ketchkan foi o mais longo. Vinte e quatro horas de viagem. Dessa vez, o tempo estava mais limpo e pudemos ver melhor a paisagem grandiosa dos canais que compões a Inside Passage, sempre com muita mata próxima ao mar e montanhas nevadas ao fundo. Lindo! Só faltou ver as baleias que, na época certa, estão sempre dando seu show ao longo da rota. Mas agora, já estão um pouco mais ao sul (ainda chegaremos lá!). Ainda conseguimos ver duas, mas sem tempo suficiente para fotografá-las. Divinos animais! A melhor maneira de encontrá-las é observar a movimentação dos pássaros. Eles estão sempre atrás delas, buscando os mesmos peixes que os gigantescos cetáceos. Balbúrdia e gritaria de pássaros na água, só pode ter baleia ali embaixo!
Todos os mamíferos que costumam frequentar os mares de Sitka, no sudeste do Alaska
Com tanto tempo no barco, podemos fazer várias outras coisas além de procurar baleias pela janela. Podemos trabalhar no computador, socializar com outros passageiros, ver algum filme, ler, comer e passar algum tempo no bar, refrescando a garganta. Os americanos são muito estritos e o bar fecha pontualmente às 23:30. Além disso, consumo de álcool, só ali naquele espaço. Nada de fazer como fazíamos na inesquecível barca da Ilha do Mel, cervejinha gelada ali no terraço mesmo. As refeições no restaurante também, só nos horários pré-determinados.
Viajando de ferry pela Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska
Outra coisa interessante a se fazer é ler os diversos painéis explicativos distribuídos pelo barco, desde nas mesas do restaurante até em cartazes nos decks e corredores. Falam de história, geografia, da fauna e da flora. Incrível a quantidade de mamíferos aquáticos que frequentam essas águas, desde focas e golfinhos até os vários tipos de baleias. Um verdadeiro zoológico!. Mas as informações que mais me interessaram foram as históricas. Aprendi mais um monte de coisas sobre a Klondike Gold Rush, a incrível corrida do ouro para o Alaska e Yukon no final do século XIX.
Paisagens magníficas, apesar do tempo nublado na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska
Chuva na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska
Depois da descoberta de ouro nos riachos próximos à Dawson, no início do inverno de 1896, as notícias ficaram contidas por ali mesmo, devido ao isolamento da região durante os meses de frio. Mas algum burburinho começou a chegar á costa oeste americana em meados da primavera do ano seguinte. Num mundo sem internet, facebook, twitter ou telefone, fico imaginando (e viajando!) sobre como era a dinâmica desse “burburinho”. O fato é que o burburinho já era grande o suficiente para deixar a cidade de Seattle em estado de tensão, no final de Julho de 1897. Foi quando se aproximava do porto da cidade um navio que vinha do norte, quem sabe com notícias mais concretas. A expectativa era tanta que repórteres dos principais jornais se anteciparam e viajaram até o barco, antes que ele chegasse ao porto. Ali, fizeram suas entrevistas, viram com os próprios olhos a “bagagem dourada” de quem chegava e, no dia seguinte, antes mesmo do barco aportar, seus jornais anunciavam, em letras garrafais: “Ouro descoberto no Canadá!”
Paisagens magníficas, apesar do tempo nublado na Inside Passage, entre Junau e Sitka, no sudeste do Alaska
Foi um “Deus nos acuda”. Em questão de horas, todas as passagens para o norte foram vendidas. As companhias trataram de trazer todos os seus barcos para lá e redirecioná-los aos portos do Alaska. Os preços aumentaram. De nada adiantou. Mesmo os barcos extras lotaram rapidamente. As pessoas simplesmente abandonavam seus empregos, vendiam o que tinham e, de alguma maneira, seguiam para o novo El Dorado. Entre essas pessoas, nada menos que o prefeito de Seattle. Ele renunciou ao cargo e partiu em Agosto para o Alaska. Isso dá uma boa ideia da verdadeira febre que tomou conta da nação.
O solarium do nosso barco, apelidado de "chuvarium", na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Navegando na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Os mais pobres seguiam de barco até Haines ou Skagway. Aí, empacotavam sua tonelada de mantimentos, exigência parra que entrassem no Canadá, e seguiam por terra morro acima, até uma das passagens pelas montanhas. Esse era o trecho mais épico, retratado por fotografias históricas de jornalistas de toda a nação. Para carregar tanto peso, os suprimentos que lhe garantiriam a vida pelo próximo ano, tinham de fazer várias viagens morro acima. Milhares de cavalos foram enviados para lá, num novo tipo de negócio que floresceu. Qualquer cavalo serviria, então todos aqueles que já estavam “aposentados” em Seattle foram recolocados na ativa. O resultado não poderia ser outro: as trilhas foram logo apelidadas de “Dead Horse Trails”, dada a quantidade de animais que morriam por ali, devido ao enorme esforço para fazer de seus donos um pouco mais ricos.
Um avião? Um helicóptero? Não, é a Ana no teto do nosso ferry na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Aproveitando o calor do sol na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Uma vez lá no alto, construíam rudimentares barcos de madeira e desciam o rio Yukon até a área de Dawson, em outro trecho muito perigoso, já que não conheciam as armadilhas do rio e devido à precariedade de suas jangadas. Ao todo, eram jornadas de até seis meses. Dos 100 mil que tentaram, apenas 40 mil chegaram ao destino. Pior, a grande maioria deles, quando chegou, deu de cara com uma terra já toda ocupada por aqueles que chegaram antes. O sucesso foi a exceção. O fracasso e a tristeza foram a regra. Tanto esforço e o sonho de quase todos durou poucos anos. Logo estavam de volta ou seguindo para novos locais de descoberta de ouro, em terrenos ainda mais inacessíveis. A população de Dawson, que em dois anos saiu do zero para 30 mil, poucos anos mais tarde tinha se estabilizado em 5 mil pessoas.
Passando por pequena cidade na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Passando por Petersburg, na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Para quem era mais rico, como o prefeito de Seattle, o caminho era, pelo menos em teoria, mais fácil. Seguiam de barco ao redor da península do Alaska, até a foz do rio Yukon. Aí, trocavam de barco e seguiam rio acima, até Dawson. Mas, como eu disse, isso era apenas a teoria. Na prática, e isso aconteceu com o barco do ex-prefeito, o rio congelava no início do inverno e quem estivesse nos barcos ali deveria permanecer por longos meses, até que o sol voltasse a brilhar forte. O ex-prefeito passou meses de frio e na escuridão a mais de 500 milhas do destino final, esperando que o gelo derretesse.
Aproveitando o calor do sol na Inside Passage, trecho entre Sitka e Ketchikan, no sudeste do Alaska
Na prática, foi essa desenfreada corrida do ouro que abriu os caminhos da Inside Passage, que agora percorremos, no conforto do nosso ferry. As viagens de turismo se iniciaram logo que a corrida amainou, até como uma maneira de manter viva a economia das novas cidades que foram criadas. Melhor para nós, que hoje podemos percorrer essa linda paisagem. Mas devemos agradecer àqueles loucos que passaram por aqui sonhando com a riqueza que jamais chegaria. Seus sonhos ainda pairam pelo ar puro que respiramos por aqui...
Desembarque em Ketchikan, após longa viagem na Inside Passage, no sudeste do Alaska
Rodrigo e Ana obrigado por nos proporcionar momentos agradáveis de leitura e de imagens que nos fazem sentir o vento, frio, calor, imaginarmos até o cheiro e que nos enche de encantamento pelo nosso planeta.
Tenho nos "meus favoritos" alguns sites que religiosamente vejo todos os dias e os 1000dias com certeza é um deles.
Abraços e continuem com Ele de carona.
Resposta:
Olá Silvan
Nós é que agradecemos esse seu comentário! De verdade! Um estímulo para que continuemos a nos esforçar em compartilhar ao máximo essa oportunidade incrível que estamos tendo em nossas vidas!
Um grande abraço
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