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Augusto (25/02)
Muito legal o relato pessoal, temos muita vontade de conhecer as cidades ...
Augusto (24/02)
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Augusto (24/02)
Acabei de conhecer o blog, muito legal a proposta. Também tenho um blog ...
wilza (23/02)
olá, tudo bem ? eu gostaria de saber se vc pode me ajudar, eu estou ten...
gerson rosa (23/02)
Pôr-do-sol na Smuggler's Cove, em Tortola - BVI
Depois do mergulho na história do Rhone, aproveitamos que ainda estávamos com o carro alugado e fomos dar mais uma volta na ilha, conhecer a Smuggler's Cove, uma praia pequena e isolada no extremo oeste de Tortola. Fomos atrás do nosso tradicional pôr-do-sol vespertino. A praia, linda, para variar, estava completamente vazia. De novo, parece que só nós descobrimos o paraíso. Não, para falar a verdade, não foi só nós não. Os mosquitos também. Aparentemente, eles também adoram paraísos, principalmente durante o pôr-do-sol. Acho que o paraíso deles é o nosso suculento sangue tropical.
Pôr-do-sol na Smuggler's Cove, em Tortola - BVI
De lá, já de noite, voltamos ao restaurante do Jim, que preparou o nosso jantar VIP (steak ao molho de pêssego). Depois do jantar e do vinho chileno, ainda nos convidou para uma seção de slides sobre a temporada de 2 anos que passou na Antártida, em plena década de 70. A Ana relatou esse jantar num post bem legal, no seu blog. Por isso, nem preciso escrever extensivamente sobre o assunto. Mas, reforço aqui: temos encontrado muitos aventureiros que sempre adoram o nosso projeto. E isso nos dá mais forças ainda.
Jim, o inglês que cresceu no Quenia, trabalhou na Antátrtida e vive em BVI
Só quero chamar a atenção para dois pontos: primeiro, entre tantas coisas legais que o Jim já fez na vida, uma me chamou bastante a atenção. Ele é conhecido do Buzz Aldrin, segundo homem a pisar na lua. Como eu adoraria conversar com esse cara!!! Esse sim é aventureiro, perto dele somos as moscas do cocô do cavalo do bandido. O Jim também acha isso porque, quando perguntei, jocosamente, se ele mostrou seus slides para o Buzz, ele fez uma cara de espanto e respondeu: "Quem você acha que deveria mostrar slides para quem?"
O segundo ponto é o seguinte: o nosso projeto é passar por todos os países das Américas, incluindo o Caribe. Até nos pontos mais distantes do continente, como o Alaska e a Terra do Fogo. Até na ilhas mais distantes, como Hawaii, Páscoa, Groelândia. São lugares que nem tenho tanta certeza que são, formalmente, América. Pessoas já me argumentaram que a Groelândia é na Europa e que o Hawaii é mais Ásia que América. Para mim, são América, e fazem parte do nosso projeto.
Há apenas uma exceção nessa história. Um único lugar que nem eu digo ser da América. É a Antártida! Sonho de criança, vamos estar tão perto que resolvi abrir esta exceção e planejamos ir para lá.
Apresentação de slides da Antátida, pelo Jim
Agora, depois do encontro com o Jim, que viveu 2 anos lá, ininterruptamente, temos ainda mais vontade de visitar esse continente.
Viajar é isso, gente. São acontecimentos como esse, nossa noite e palestra com o Jim, é que nos enriquecem e fazem valer à pena termos mudado a nossa vida. Bom, as lindas paisagens ajudam "um pouco", he he he. E, de noite, meus sonhos não foram sobre as praias e mares aqui do caribe; foram sobre as vastas extensões brancas e geladas da Antártida. Será que conseguiremos chegar lá?
Piscina movimentada do Hot Park, na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
Faz quase 30 anos que eu já ouço falar deste lugar. Algumas vezes minha família até pensou em vir para cá mas nunca fomos além dos planos. Depois, mais velho, cheguei a passar em Caldas Novas. Mas sempre tendo como objetivos outros lugares menos... hmmmm... turísticos.
Bom, de lá para cá, o turismo por aqui só aumentou. Assim como a invejável estrutura do local. Foi só chegando por aqui que entendi que a "Pousada do Rio Quente" na verdade é um conjunto de grandes hotéis, tipo um mega resort. E que esse mega resort é o mais visitado do Brasil. No mês de Julho, a taxa de ocupação beira os 100%, não só do mega resort como dos outros hoteis que gravitam em torno dele. Haviam me recomendado muito que eu ficasse no resort. A grande vantagem é que, para os que ficam "lá dentro", o parque funciona 24 horas. E a melhor hora para ir nas águas quentes é de madrugada, quando o ar está um pouco mais fresco e as piscinas e fontes bem mais vazias. Como não conseguimos ficar no resort, tivemos mesmo de enfrentar as massas e o calor do dia...
Logo de manhã, ainda no café da manhã, uma grande surpresa: encontramos o Besouro, amigo da Unicamp, também à caminho do casamento em Goiânia. Ele estava com a esposa Sandreli e os filhinhos Caique e Lucca. Foi muito legal encontrá-los e isso tornou nosso dia bem mais interessante.
Encontro com o Márcio Besouro na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
Fomos todos para o hot park, dentro do resort (aberto de 9:30 às 17:00). A maior atração é uma enorme piscina com ondas, conhecida como "Praia do Cerrado". Como era de se esperar, ela e as outras atrações do parque estavam muito cheias. Se bem que me disseram que nos fins de semana ficaria muito mais. Mas, pelo menos para nós, acostumados com as cachoeiras completamente vazias, estava lotado mesmo.
Momento de sossego na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
Assim, para conviver com a lotação, não pensamos duas vezes: entramos na cerveja. Logo, tudo pareceu bem mais simpático! He he he. Deu até para se divertir nas ondas da piscina, tentando se esquivar das dezenas de pessoas. Eu e o Besouro colocamos o papo em dia e foi muito jóia estar com a Sandreli, Caique e Lucca.
Com a Sandreli (esposa do Besouro), o Caique e o Lucca, na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
No fim de tarde, depois que as pessoas foram retiradas da piscina, a Ana usou o seu charme e deixaram ela dar um último mergulho. A piscina ficou com uma cara bem diferente!
Fim de tarde, aproveitando a piscina vazia do Hot Park, na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
De volta para o hotel, fiquei imaginando como seria aquela região há 50-100 anos atrás. Mais "roots" (palavra que a Ana adora usar!), certamente. Mas, para quem não conhecia, como eu, valeu ter vindo sim. É bom conhecer os outros "turismos" também. Nem que, para isso, tenha de ouvir gozações dos amigos dizendo que nosso site deveria mudar de nome de www.1000dias.com para www.1000dias.cvc. Com um bom patrocínio, quem sabe?
Rua em Igatu, na Chapada Diamantina - BA
A pequena e pacata Igatu nem sempre foi tão pequena e pacata. No seu auge, tinha uma população quase vinte vezes maior do que a que tem hoje. Casas, quarteirões e mesmo bairros totalmente abandonados atestam a glória de outrora. E isso não foi há muito tempo não. Ainda na década de 50, a cidade tinha dois blocos de carnaval, o da cidade alta e o dos bairros de baixo. Hoje, pouco mais de 300 pessoas habitam a cidade.
Ruínas de antigas residências de garimpeiros em Igatu, na Chapada Diamantina - BA
É justamente essa "cidade fantasma" o que atrai os turistas hoje. As casas abandonadas são todas de pedra, construídas sem o auxílio de argamassa. Por isso, alguns chamam Igatu de "a Machu Pichu" brasileira. O exagero da comparação é evidente, mas nem por isso deixa de ser emocionante caminhar por entre as casas de pedra abandonadas e ficar imaginando aquelas vizinhanças quando estavam cheias de vida.
"Fantasmas" na cidade de pedra de Igatu, na Chapada Diamantina - BA
Nós chegamos ontem de noite e eu não resisti a um passeio noturno. Até tentei levar a Ana, mas ela não gosta muito de fantasmas, então fui só. Fazendo força e usando a imaginação, ao apagar a lanterna ainda conseguia ouvir as risadas das crianças que corriam por aquelas ruelas.
Pousada Pedras de Igatu, em Igatu, na Chapada Diamantina - BA
Assim que comecei a ouvir, achei por bem voltar à nossa bela pousada, a Pedras de Igatu, a mais próxima das ruínas. Depois da deliciosa noite de sono e café reforçado, a Ana se animou a descer comigo para as ruínas. Com a luz do sol, todo santo ajuda! Além das ruínas, é interessante visitar a "galeria", uma espécie de museu que mistura obras de arte modernas com peças históricas de Igatu.
Caminhando em Igatu, na Chapada Diamantina - BA
Foi uma rápida visita que serviu para abaixar um pouco do nosso ritmo frenético dos últimos dias. Ar puro das montanhas sempre faz bem. Principalmete aliado com conforto e bom gosto. Pena que não durou. Mas também não podemos reclamar do próximo objetivo: o Poço Azul!
Peça exposta em galeria em Igatu, na Chapada Diamantina - BA
Formações rochosas no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
A quase 2.500 metros de altitude, a noite foi gelada. Não no nosso quarto, claro. Esses hotéis americanos são sempre muito eficientes e não se pode reclamar do aquecimento ou da água do chuveiro. Mas lá no estacionamento, onde estava nossa querida Fiona, a temperatura foi de quinze graus negativos. Já no meio da manhã, quando lá chegamos, era de oito graus negativos.
A paisagem gelada do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Início de caminhada nas trilhas cobertas de neve do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Aqui nos estados Unidos, principalmente nas regiões mais frias, todos os carros tem um “Block Heater”, um aquecedor elétrico ligado à uma tomada que esquenta o motor e tubos por onde passam combustível e fluidos. De manhã cedinho, é só ligar a tomada e, alguns minutos mais tarde, dar partida no motor. A Fiona, que vem lá dos trópicos, claro que não tem essa geringonça. Hoje, então, depois de uma noite tão gelada, ela passou pelo seu grande teste.
Início de caminhada nas trilhas cobertas de neve do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Pessoas usam snow shoes para caminhar no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Ela até tentou pegar na primeira tentativa. Deu uma engasgada e desligou. Depois, por vários minutos e diversas tentativas, o motor de partida rodava em falso, nem sinal de combustível dentro dela. Para piorar, céu nublado, nem sinal que apareceria um sol para esquentar um pouco. Os oito graus negativos tinham vindo para ficar. Foi nesse momento que apareceu um mecânico num guincho por ali, chamado por algum outro hóspede com dificuldades. Resolvi não perder a chance e fui falar com ele.
Canaleta que dá acesso à parte baixa do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Obviamente, ele nunca tinha visto um carro como a Fiona. Perguntou do block heater (não temos!), depois da gasolina (é diesel!) e, por fim, da bateria (está ótima!). Disse que a solução seria guinchá-la até sua garagem, onde estava mais quente. Já estava quase me conformando, mas a Ana não. Aí, com seu jeitinho feminino, ela voltou à Fiona e contou a ela que ela seria guinchada. Mulheres se entendem, ela mexeu com os brios da Fiona e, ao rodar a chave uma vez, de primeira, nosso querido carro acordou da hibernação! “Eu... guinchada? Nem a pau, Juvenal!”
Muita neve e o solo avermelhado dp Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Oba! Superado o problema, pudemos voltar para o parque. Fomos direto ao centro de visitantes e, enquanto a Ana ficava no carro ligado, para esquentar ainda mais o motor, eu desci para pegar mapas e indicações. As trilhas para seguir à parte baixa do canyon estavam completamente tomadas pela neve, mas estavam abertas. Sapatos para andar na neve ou mesmo esquis eram recomendados, mas não mandatórios. Enfim, poderíamos nos aventurar!
Caminhando entre as torres de rocha na parte baixa do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Paisagem de inverno no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Como todas as grandes e belas formações geológicas nos estados unidos e em qualquer outro lugar do mundo, o que hoje conhecemos como Bryce canyon levou milhões de anos para ser formado. Processos que escapam completamente à compreensão de um ser humano, que vive apenas algumas dezenas de anos, meros “segundos” geológicos. Por diversas vezes no período cretáceo, essa área que hoje está a mais de 2 mil metros de altitude, foi coberta pelo mar, que avançava e retrocedia conforme o clima e movimento de placas tectônicas. A cada era em que o mar avançava, sedimentos eram trazidos e depositados onde é hoje o estado de Utah, cada um com características distintas. Quando finalmente toda a área foi levantada a sua altitude atual, foi a vez de rios e lagos formarem novas camadas de sedimentos. Junto a isso, a água corrente também erodia o terreno, dissolvendo o solo mais mole, enquanto os de formação mais firme resistiam por mais tempo. Muitas vezes, essa diferente velocidade de erosão de camadas geológicas distintas resulta em formações geológicas interessantes. Entre elas, os Hoodoos.
Formação rochosa no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
O Bryce Canyon é a terra dos Hoodoos. São enormes torres de pedra, muitas vezes com seus topos mais espessos que suas bases, cujo tipo de rocha resistiu menos às forças erosivas da água e do ar. No Brasil, um bom exemplo de formações do tipo Hoodoo pode ser encontrado em Vila Velha, no Paraná. Com suas formas estranhas ou familiares, é impossível não parar à frente delas e perguntar: “Mas como isso se formou? Parece até obra de algum gigante!”. O gigante, no caso, é a natureza e sua paciência milenar. Suas ferramentas: água, vento, gelo e neve. Sua matéria-prima: diferentes tipos de solo depositados ao longo de milhões de ano e que reagem de forma distinta, química e fisicamente, à ação dos elementos.
Admirando a paisagem gelada do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Caminhando no espetacular Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Nós chegamos aqui em pleno inverno, época em que boa parte do vale abaixo e das torres de pedra se cobrem de neve. A neve derrete e a água entra pelas rachaduras da rocha. Ao se congelarem lá dentro, se expandem, quebrando mais ainda a rocha. Ao derreterem, a água reage quimicamente com a rocha, dissolvendo-a. Enfim, na frente dos nossos olhos, mais alguns pedacinhos microscópicos de pedra se foram, dando novas formas à paisagem. A gente não consegue ver essas mudanças microscópicas, mas ao longo de milhares de anos, a soma delas se torna macroscópica e, portanto, bem visível. O resultado parcial está ali na nossa frente, essa maravilha natural conhecida como Bryce Canyon.
Formações rochosas no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
O sol aparece timidamente atrás das nuvens em dia gelado no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Desde que um dos pioneiros se mudou para cá, há cerca de 130 anos, pouca coisa mudou. Ele se chamava Bryce e seus vizinhos passaram a chamar o canyon, que ficava atrás de sua propriedade, de “Canyon do Bryce”. O nome pegou e poucas décadas mais tarde, era assim também que os turistas se referiam àquela paisagem maravilhosa. A região foi transformada em parque e hoje atrai 1,5 milhões de turistas por ano. Mas não são muitos que encaram enfrentar o frio do inverno, justamente uma das épocas mais bonitas do canyon.
Trilha com muita neve no Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Eu e a Ana vestimos todos os nossos casacos, calças e meias e fomos encarar esse frio. Resolvemos fazer um loop de cerca de 3 milhas (5 quilômetros) considerado a mais bela 3-Mile Trekking do mundo. Não sei quem faz esses rankings, mas posso atestar que a trilha é realmente espetacular. A gente desce pelo Sunset Point, dá uma volta lá embaixo e sobe de volta pelo Sunrise Point.
A magnífica paisagem do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
A cada parque americano que visitamos, a gente pensa: “Pronto! Agora já vimos de tudo! Nada mais nos surpreenderá!”. Doce ilusão! Nada tinha nos preparado para o Bryce! Caminhar pelo meio dessas torres de pedra, uma espécie de floresta encantada e pertificada é realmente mágico. Ainda mais agora, com tanta neve, que abafa o barulho e nos envolve em silêncio.
A fantástica paisagem de inverno do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
No início da trilha, num longo ziguezague descendo a encosta coberta de neve, o movimento de turistas ainda era intenso. Vários deles calçados com seus “snow shoes”. Mas a maioria vai só até um ponto, onde começam as torres de pedra e as formações rochosas. Daí, retornam. Para os que se aventuram adiante, o prêmio é a possibilidade de se estar só em meio àquela paisagem de outro mundo. Caminhamos por quase uma hora sem encontrar mais ninguém, seguindo sempre pela trilha batida na neve.
A fantástica paisagem de inverno do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Quer dizer, não encontrávamos ninguém de carne e osso, mas de pedra, encontramos várias figuras. Não é a toa que os indígenas locais consideravam que aquelas pedras eram pessoas petrificadas. São como guardiões do caminho. No nosso passo rápido, a gente não os vê se movendo. Mas se tivéssemos a paciência de alguns milhares de anos, eles vão para lá e para cá. Só se movem numa escala de tempo diferente da nossa.
A magnífica paisagem do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Visita ao Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos
Bom, a nossa expedição é de 1000dias e não de 1000anos, então tivemos de continuar e deixar esses guardiões quase imóveis para trás. Terminamos nosso caminho por essa floresta encantada e subimos de volta à borda do canyon, chance para as últimas fotografias. Depois, atravessamos uma floresta mais convencional, de pinheiros mesmo, e reencontramos a Fiona. Depois do susto da manhã, agora ela já ligou de primeira. Estava pronta para nos levar ao próximo destino, não muito longe, mas em outro estado. Vamos voltar para o Arizona, para outro lugar igualmente especial: o Monument Valley, tornado tão famoso pelo cinema, pelo John Wayne, pelos anúncios de Marlboro e pelo simpático Papaléguas. Quanto à Utah, voltaremos em breve, depois de uma rápida passagem pelo Colorado. Ainda tem muito para ver por aqui.
Luz do sol filtrada pela mata do Bryce Canyon National Park, em Utah, nos Estados Unidos, em meio a muita neve
Elefante-marinho se ergue sobre rival na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Como já falei em alguns posts anteriores dessa nossa viagem pelos mares do sul, nós chegamos a esta região bem no final da temporada de acasalamento dos elefantes-marinhos. A esta altura do ano, o normal seria já vê-los de partida, após todo o processo que se inicia com a chegada dos grandes machos, a briga entre eles por território, a formação dos haréns, as muitas cópulas, nascimento dos novos filhotes e amamentação desses. Mas aparentemente a estação tem atrasado com o passar dos anos e as praias aqui da Geórgia do Sul ainda estão lotadas dessas “focas gigantes”.
Um dos reis da praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Esses enormes animais, junto com os elefantes-marinhos do Pacífico Norte, são as maiores espécies de “pinípedes”, aquela família que popularmente chamamos de “focas”. Na verdade, esses aqui do sul são ainda maiores que seus primos próximos do norte, formando duas espécies distintas que levam o mesmo nome. Aparentemente, em alguma das eras glaciais anteriores, os elefantes-marinhos conseguiram migrar de um extremo ao outro colonizando as duas áreas mais frias da terra, coisa que pinguins ou ursos polares nunca foram capazes de fazer. Depois, com o isolamento geográfico, os dois grupos se diferenciaram, formando espécies diferentes, mas ainda muito semelhantes. Uma dessas diferenças está exatamente no tamanho, a espécie do sul sendo maior e podendo chegar quase aos 7 metros de comprimento e incríveis 5 toneladas de peso. Isso o torna não apenas o maior dos pinípedes, mas o maior carnívoro a se locomover fora d´agua dentre todas as espécies do planeta. Elefantes-marinhos são primordialmente aquáticos, mas chegam a passar meses em terra na época da reprodução.
Elefante-marinho observa possíveis rivais na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Um dos grandes elefantes-marinhos da praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
A diversidade genética dos elefantes-marinhos do sul também é maior que daqueles do norte, mas a razão para isso não é natural e sim culpa nossa, do bicho-homem. Caçados intensamente por sua enorme capa de gordura, os elefantes-marinhos do norte chegaram a ser declarados extintos em 1860. A sorte desses aqui do sul é que estavam mais longe da chamada “civilização”. Também eles sofreram muito com a caça, mas desde que essa prática terminou nas primeiras décadas do século XX, a população conseguiu se recuperar. No norte, no ano de 1864, foi descoberta uma “colônia secreta” na ilha de Guadalupe, na costa da Baja California. Por incrível que pareça, a reação dos cientistas da época foi ir até lá e matar sete dos oito elefantes-marinhos encontrados para poder estudá-los e “guardá-los para a ciência”, em uma expedição do já então renomado Instituto Smithsonian. Por sorte, aparentemente havia mais elefantes vivos, talvez em suas viagens marinhas. Com o início da proteção à espécie patrocinada pelos governos mexicano e americano, eles também conseguiram se recuperar, passando a reocupar as antigas colônias, inclusive no próprio continente. Mas todos os que vemos hoje por lá, na costa do Oceano Pacífico nesses dois países, são descendentes desses pouquíssimos sobreviventes daquela última colônia.
Um elefante-marinho macho nos observa em praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Após afujentar rival, elefante-marinho volta vitorioso ao seu harém em praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Mas voltando aos elefantes aqui do sul, nós já estávamos felizes de ter visto tantos deles aqui nas praias da Geórgia, mas um pouco desapontados de não ter chegado um pouco antes para assistir às batalhas titânicas entre os grandes machos da espécie. No início da temporada, eles medem forças para ver quem vai abocanhar o melhor território das praias e, posteriormente, ter direito aos maiores haréns. Esses grandes grupos chegam a ter 100 fêmeas, todas elas esposas de um único macho. Apenas uma pequena parcela dos machos dessa espécie consegue passar seus genes para frente de forma “oficial” e a luta por esse direito é épica. Eu já tinha visto tais baralhas em documentários, mas o sonho de vê-las ao vivo era aqui, durante esta viagem.
Mais um confronto entre elefantes-marinhos em Gold Harbour, na Geórgia do Sul, com o Sea Spirit como testemunho
Mais um confronto entre elefantes-marinhos em Gold Harbour, na Geórgia do Sul, com o Sea Spirit como testemunho
Pois bem, eis que na nossa última chance de desembarque na Geórgia do Sul, aqui na magnífica Gold Harbour, para surpresa dos nossos guias especializados, essa chance nos foi presenteada. A estação nessa parte da ilha está ainda mais atrasada e os elefantes de Gold Harbour ainda estão se digladiando para a felicidade dos turistas que aqui chegam (nós, do Sea Spirit!). Assim, depois da nossa inesquecível sessão de caiaque aos pés da cascata de gelo que marca a paisagem da baía, tivemos um bom tempo em terra para acompanhar essa luta de vida ou morte entre os maiores mamíferos terrestres (ao menos nessa época do ano!) do planeta.
Um amedrontador elefante-marinho macho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Elefante-marinho derrotado nada perto da praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Aliás, era por isso que havia tantos elefantes-marinhos nadando nas águas da baía. Eram os machos menores que ainda não têm força ou coragem para enfrentar os reis da praia. Ficam ali, de longe, esperando a chance de, quem sabe, tirar uma “casquinha do harém”. Com tantas fêmeas em seu grupo, um grande macho não pode se dar ao luxo de se distrair nem por um momento. Passam meses em terra, sem mesmo se alimentar, apenas para tentar proteger seu “patrimônio” e garantir que os filhotes que nasçam carreguem os seus genes. De tempos em tempos, um outro grande macho aparece na praia para desafiar o “dono” do harém. Enquanto os dois valentes se enfrentam, é a grande chance de machos menores e oportunistas se aproveitarem e, literalmente, comerem pela beirada. Mas têm de ser rápidos, pois o grande macho está de olho e, assim que afastar o rival, voltará furioso contra as outras ameaças.
Um grande elefante-marinho se ergue na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul (foto de France Dionne)
Filhotes de elefantes-marinhos brincam na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul Gold Harbour, na Geórgia do Sul (foto de Mitch Jasechko)
Enfim, para nós foi uma verdadeira diversão acompanhar toda essa confusão. A cena de ver aquelas toneladas de carne se movendo rapidamente para um confronto é absolutamente paralisante, uma exibição de força e poder que nos faz sentir minúsculos e desprezíveis. Algumas vezes, tivemos a sorte de estar entre um macho dominante e outro, que tentava roubar-lhe alguma fêmea. As distâncias ainda eram enormes e seguras, mas vê-lo olhar para a nossa direção e começar sua corrida para nós (na verdade, para o macho que estava ali do lado) é amedrontador. Não só para nós, mas também para o macho espertinho que, ainda mais rápido do que nós, bate em retirada.
Elefante-marinho corre para afujentar um rival na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Elefante-marinho corre para afujentar um rival na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
São poucos os combates que se efetivam de verdade. É preciso que haja dois machos realmente grandes e corajosos. O normal é que um deles corra logo, assim que seja notado. Ou então, após uma exibição de tamanho. Os machos estufam seu peso e se levantam, ficando muito maiores do que nós. Quando a diferença de tamanho e força fica clara entre eles, o menor não se faz de bobo e corre para longe.
Uma batalha feroz de dois grandes machos de elefante-marinho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Uma batalha feroz de dois grandes machos de elefante-marinho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Uma batalha feroz de dois grandes machos de elefante-marinho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Mas algumas vezes, sim, eles se enfrentam. Dão grandes trombadas de peito e mordidas poderosas um no outro. Mesmo com suas peles grossas, os dentes do outro lado também são “grossos” e os ferimentos são visíveis. Todos os grandes machos têm seus pescoços repletos de cicatrizes de antigos confrontos. É o preço a ser pago para poder passar seus genes para frente... Não é fácil ser o maior mamífero da terra!
Elefantes-marinhos se enfrentam na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Cuidadosamente, grupo de pinguins rei atravessa o território dos elefantes-marinhos na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
E as fêmeas, como se comportam? Bom, como em todas as espécies, há de todo tipo. Há aquelas que gostam sim de dar uma saidinha e uma variada. E há muitas que não querem saber de novidade. Muito maiores do que nós, mas muito menores do que seus parceiros, elas nada podem contra um elefante-marinho macho. Pelo menos, não diretamente. Mas podem dar uns gritos e avisar ao macho dominante da tentativa do oportunista. E aí, é “nadadeiras, para quê te quero!”, pois ele virá furioso contra o macho invasor.
Um grande elefante-marinho "avisa" seus concorrentes para não se aproximar de seu harém na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Nessas grandes batalhas, as grandes vítimas são os filhotes. Se tiverem o azar de estar no caminho do grande macho, poderão ser atropelados, morrer sufocados ou ter algum osso quebrado. Os grandes machos apenas os aturam, mas não se preocupam em se desviar deles. Ainda mais na pressa de botar algum engraçadinho para correr. Para as mães, proteger um filhote numa hora dessas é impossível. Tem mais é de se proteger a si próprias. Assim como nós, turistas. Nada de estar no lugar errado na hora errada, a não ser que queiramos virar creme de tomate!
Filhotes de elefante-marinho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Um petrel sobre a carcaça de um pequeno elefante-marinho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Por fim, além das cicatrizes, eventualmente um grande macho mais teimoso pode ser ferido de morte. Uma mordida mais profunda que atinja alguma veia ou artéria importante ou um ferimento que infeccione pode levar o animal à morte. Nesse caso, a carcaça estará lá durante um bom tempo para lembrar aos outros machos o preço de tanta testosterona. Não que se importem muito, parecem não reconhecer os seus mortos. Quem sai lucrando, nesse caso, são as aves de rapina que terão carne por semanas a fio. Enquanto comem daqui, as brigas, o namoro e o grito das crianças continua dali.
Carcassa de elefante-marinho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Um albatroz examina a carcassa de elefante-marinho na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Para nós, foi mesmo um verdadeiro prêmio poder testemunhar tudo isso. De alguma maneira, isso nos trouxe ainda mais para perto da realidade desses animais, suas dificuldades, rotinas e alegrias do dia a dia. Pois é, nem só de stress vivem os elefantes-marinhos e nós pudemos acompanhar também, nessa mesma praia e manhã, o lado mais ameno da vida deles, como filhotes brincando e descobrindo o mundo ou adultos descansando tranquilamente ao sol. Assunto para o próximo post...
Um elefante-marinho em meio a seu harém na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
O palácio do Parlamento, em Quebec, no Canadá
Hoje foi o dia de, pela primeira vez de verdade, colocar o pé na estrada aqui no Canadá. Por enquanto, só tínhamos dirigido da fronteira até Montreal, um percurso de menos de 50 quilômetros. Nossa viagem era até Ville du Quebec, ou simplesmente Quebec, a histórica cidade que emprestou seu nome à toda a província. Em linha reta, pouco mais de 200 km, mas nós viemos pelo caminho mais longo, tentando conhecer um pouco do interior da província, ver um pouco do país.
Skyline de Montreal, no Canadá
O Canadá é, me desculpem o chavão, um país de dimensões continentais. Com quase 10 milhões de quilômetros quadrados, deixa o Brasil, os Estados Unidos e a China no chinelo, só perdendo mesmo para a Rússia. Acontece que quase toda a população do país, assim como sua infraestrutura, fica concentrada numa estreita faixa territorial na parte sul, próxima à fronteira com os EUA. Aí estão todas as grandes cidades e regiões metropolitanas. No resto do país, a densidade populacional é ainda menor que a da Amazônia.
Canadá e suas províncias
Pois é, e para quem acha que é a Amazônia que é inacessível, não conhece o norte do Canadá. Na Amazônia, pela água, se chega a qualquer lugar. Os rios são verdadeiras autoestradas dentro da mata. Aqui, só de avião mesmo. E é caro, quase proibitivo para simples mortais. Nós queríamos muito dar uma olhada neste norte do país. Mas a Fiona não chega lá, infelizmente. Uma oportunidade surgiu quando viajamos para a Groelândia. Existe uma nova rota de avião para lá, saindo do Canadá e com direito a uma escala em Nunavut, uma das províncias isoladas do norte. Mas iria sair tão caro, mas tão caro, que resolvemos ir pela Islândia mesmo.
A maior estrutura inclinada do mundo, no Estádio Olímpico em Montreal, no Canadá
Outra província que pensamos seriamente em visitar foi a Nova Escócia, na costa leste. Dizem ser ainda mais bonita que a Nova Inglaterra. Quando viajamos até o Maine com a Bebel, com mais umas cinco horas de estrada chegaríamos até lá. Mas o bom senso e a falta de tempo falaram mais alto e também esta província ficou para a próxima. Quando? Pois é, para alguma outra viagem, infelizmente…
A enorme esfera da Exposição de 67, em Montreal, no Canadá
Enfim, depois de tanto adiarmos, finalmente chegamos a este belíssimo país. Teremos a chance de conhecer as principais províncias e cidades aqui do lado leste, numa primeira etapa, e depois o lado oeste, quando estivermos subindo (e depois, descendo!) para o Alaska.
Paisagem bucólica entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
Do lado de cá, viajaremos por Quebec e Ontario. Parece pouco, mas não é! Ao contrário de Brasil e Estados Unidos, o Canadá tem poucos estados (apenas dez províncias e três territórios) e cada um deles é maior do que a maioria dos países da Terra. Ontario e Quebeq, por exemplo, têm o tamanho de Pará e Amazonas, respectivamente. Posto de outra maneira, apenas a província de Quebeq tem o dobro do tamanho de todos os países da América Central e Caribe somados!
Muitos lagos entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
No lado oeste, devemos passar por Alberta, Colúmbia Britânica, Yukon e, quem sabe, um pulinho nos Northwest Territories. Se tudo seguir como planejamos, até que vamos ver um pedacinho do país, hehehe! Mas o roteiro do lado oeste ainda não está fechado, não. Quem acabou ficando de fora também do nosso roteiro foram as províncias centrais do país. Por tudo o que pesquisamos, parece ser mais interessante cruzar o continente de leste a oeste pelo lado dos Estados Unidos. Então, depois de Toronto e Niágara, voltamos para o Tio Sam, para só voltar ao Canadá lá em Alberta.
Nosso roteiro planejado no Canadá. Clique aqui para ampliar o mapa e verificar como estamos apenas na ponta sul dos enormes estados de Quebec e Ontario
Aqui no leste do país, já determinamos nosso roteiro. No caminho estão as metrópoles de Montreal, Ottawa e Toronto, a cidade histórica de Quebec, os parques nacionais de Maurice e Mont-Tremblant e a região fronteiriça conhecida como 1000 Islands (com esse nome, tínhamos de ir conferir, né!), além das Cataratas de Niágara, claro!
Paisagem rural entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
Iniciamos hoje, então, essa nossa longa jornada pelo país. Começamos em Montreal mesmo, visitando as áreas do estádio olímpico e da exposição internacional de 67. A primeira possui a maior estrutura inclinada do mundo, bem ao lado do Velódromo que foi transformado em uma gigantesca estufa. A segunda, localizada em uma ilha fluvial em frente à cidade, foi transformada em parque. Fomos lá ver a gigantesca esfera que se vê de quase qualquer parte da cidade e demos de cara com os preparativos de um mega show que ocorreria ainda hoje. Mais uma das infinitas atividades de verão que se espalham por todo o país, atraindo milhares de pessoas.
Plantações floridas entre Montreal e Quebeq, ao sul do Rio São Lourenço, no Canadá
Depois, estrada. Logo saímos da veloz autopista que conecta as duas maiores cidades da província para seguirmos pelo interior. Nosso objetivo era conhecer uma região cheia de lagos, ao sul do rio São Lourenço. São diversas pequenas cidades, sempre na beira de lagos que, nessa época do ano, servem para toda sorte de atividades aquáticas. No inverno, ao contrário, congelam completamente. Mas agora, barcos levando banhistas, pescadores e esquiadores passeiam por todos eles. Ao redor dos lagos, campos de golfe, clubes privados e cidades muito bem arrumadas, com pousadas e restaurantes charmosos. Entre os lagos, uma zona rural tomada por plantações e fazendas com aspecto bucólico. Enfim, uma linda região na qual poderíamos viajar por uma semana inteira, com certeza! Por pouco, não passamos a noite em North Hatley, uma dessas cidades. A tentação foi grande, pelo charme e tranquilidade do lugar. Mas, atrasados que estamos na nossa viagem, resolvemos seguir em frente, depois de um passeio pela orla do lago.
A bela e tranquila North Hatley, na orla de um dos lagos ao sul do São Lourenço, entre Montreal e Quebeq, no Canadá
Daí seguimos para Quebec, onde já chegamos no final do dia. Seguimos diretamente para a cidade murada, (a única ao norte da Cidade do México!), onde queríamos encontrar hotel. Não foi tarefa das mais fáceis, nessa época do ano e em véspera de final de semana. Mas, com a ajuda da dona de um dos hotéis lotados, encontramos um, com uma belíssima vista da cidade baixa.
Entrando na cidade murada de Quebeq, no Canadá
O muro que cerca o centro histórico de Quebec, no Canadá
Foi só o tempo de nos instalarmos e já fomos para a rua, tentar começar a aproveitar essa verdadeira joia que é a cidade. Caminhamos pelo centro histórico da parte alta, tiramos fotos dos prédios iluminados e seguimos para fora dos muros, onde a balada é mais movimentada. Aí encontramos um delicioso e animado bar, com excelente música ao vivo e cerveja bem gelada. Tínhamos de brindar o início de nossa aventura canadense e, mas do que isso, o fato de termos chegado ao coração da América Francesa. Um espetáculo, na beleza, história, cultura e comida! Assunto para o próximo post...
Balada em Quebec, no Canadá
A maravilhosa Cachoeira do Fundão, no Canyon do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Hoje era dia de começarmos nossa fase "trilhas" na Chapada. Pelos nossos planos, serão várias trilhas por várias regiões da Chapada, dormindo em tocas, pontos de apoio e pousadas, ao longo de uma semana. Vamos visitar vales e montanhas, cavernas e cachoeiras, rios e lagos. Enfim, uma bela amostra dessa região tão especial da Bahia e do Brasil.
Com o Zé Carlos, a Lia e o Lúcio na Pousada Casa da Geléia, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Resolvemos começar pelo mais difícil: seguir uma trilha, sem guia, que sai de Lençóis, segue o caminho do Capão, entra no Canyon do 21 e chega no alto da Cachoeira da Fumaça, local para passarmos a noite. Mochilas preparadas, lanternas e sleeping bags conferidos, comida empacotada, só faltava nos despedir da Lia e do Zé Carlos, os donos da pousada Casa da Geléia e que nos trataram tão bem e que nos ensinaram tanto. Dissemos também um "até logo" para o filho deles, o Lúcio, que irá nos encontrar amanhã de manhã no Capão, com a Fiona. Ele vai nos guiar pelo Vale do Pati, nos dias seguintes. Além disso, foi ele que nos disse como fazer a difícil trilha do 21.
Trilha calçada pelos escravos, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Pois bem, partimos. Tristes por deixar Lençóis mas ansiosos pelo que nos esperava pela frente. Chegar até o Vale que leva ao Capão não é difícil. Pacientemente, nos aproximamos por uma trilha em muitas partes calçada (do tempo dos escravos!) da falha na montanha que vemos de longe, lá de Lençóis. Este é o ponto em que passamos para o lado de lá e deixamos a cidade, pequenininha lá embaixo, definitivamente para trás.
Descendo para o Ribeirão, a caminho do Canyon do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Aí, a primeira dificuldade: encontrar a trilha bem menos marcada que sai da trilha principal e nos leva ao Canyon do 21. Hoje não era o meu dia e todas as vezes que erramos alguma trilha, foi minha culpa. Assim foi dessa vez e perdemos quase meia hora para chegar no lugar certo, encontrado pela Ana. O Canyon do 21 tem esse estranho nome porque lá morava um garimpeiro com um dedo a mais. Ver o enorme e tortuoso canyon é fácil. Difícil é chegar lá.
Início do Canyon do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Muito mais difícil ainda é seguir pelo canyon acima. Como é muito fechado, está quase sempre à sombra e há muito musgo nas pedras. Um belo cenário, mas é uma caminhada lenta e de paciência. Muito tempo depois, mais do que gostaríamos, chegamos à maravilhosa Cachoeira do Fundão. Água bem vermelha e fresca. Uma delícia! Foi aí que nossa Sony pifou e passamos a usar apenas o celular para tirar fotos. Salvou a pátria!!!
A maravilhosa Cachoeira do Fundão, no Canyon do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
A partir daí, uma pirambeira só, canyon acima. Mais uma vez, errei a trilha, perdemos uma meia hora e fomos salvos pela Ana, que achou a trilha certa. Algum tempo depois foi a vez de chegarmos à própria Cachoeira do 21. Sua principal característica é estar quase sempre seca, como estava hoje. Mas isso não impede a existência de um lindo lago ali embaixo. A água que o abastece vem por infiltração. Infelizmente, neste ponto já estávamos tão atrasados que nem pudemos nadar. Apenas pausa para fotos.
O poço e a cachoeira seca do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Nova pirambeira e, lá encima, outro erro de trilha meu e mais uma preciosa meia hora perdida. Com o sol se pondo, chegamos ao Vale Verde, um pequeno canyon com mais musgo ainda. Foi ficando escuro e o prospecto de termos de dormir nauqle lugar fechado e úmido não era nada animador. Ao desânimo da Ana eu respondia que não tínhamos nenhuma opção, apenas continuar e continuar. Quando não há opções, fica tudo mais fácil!
Trilha beirando a encosta dos paredões do Canyon do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
O momento em que o breu tomou conta do canyon foi quando atingimos o alto! Lá, ainda ganhamos uns 15 minutos de claridade. Mas ainda tínhamos um longo caminho pela frente... Caminhar sem luz naquela planície lá encima não é fácil. A trilha atravessa vários lageados e temos de seguir no instinto, no cheiro. Adiamos ao máximo o uso das lanternas mas a escuridão chegou e não houve jeito. Lanternas à mão, concentração total para encontrar setas indicativas do caminho, e ainda com a preocupação de não seguir a trilha errada, que nos levaria para o Palmital e não para a Fumaça.
Subindo o Vale Verde, no alto do Canyon do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Por duas vezes, paramos em algum lageado para descansar corpo e mente e cogitar de dormir ali mesmo. Alguns minutos depois, retomávamos nossa árdua tarefa de achar mais setas tênues pintadas nas pedras. Às vezes, seguíamos por 10 minutos o que imaginávamos ser um caminho sem ver qualquer sinal de civilização. Aí, para alegria geral, um de nós achava uma seta e logo vinha o grito mais ouvido nessa noite "Seta!" Isso era música para nossos ouvidos!
Mas, por fim não achamos mais nada. Sentamos ali mesmo, depois de algumas tentativas e ficamos esperando a lua nascer enquanto conversávamos. O consenso era que, depois de ter saído do canyon, tudo era lucro! Respiramos fundo e levantamos mais uma vez, para nova e derradeira tentativa. E na hora que já seguíamos para uma direção, eis que, embaixo da minha mochila, apareceu uma seta! Tênue, pequena, mas verdadeira, sem dúvida! Oba!!!!!!!! Seta!!!!!!!!
Tentando se achar no mapa no Canyon do 21, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Depois dessa, fomos seguindo novamente, olhos vidrados no chão onde a lanterna iluminava, no meio do mato, no meio das pedras. De repente, um barulho de água, de rio. A gente se aproximou e lá estava ele, mais lindo do que nunca, iluminado pela lua. Era o rio da Fumaça, eu tinha certeza. Reconheci o pequeno canyon. Alegria total! Minutos depois, já estava mostrando para a Ana o enorme precipício de 400 metros por onde se joga a cachoeira mais famosa da Chapada Diamantina. Aquele canyon maravilhoso, que eu já não via há dez anos, estava mais lindo do que nunca, iluminado pela lua cheia.
Do outro lado do rio apareceu uma luz! Tinha outro maluco lá encima também! Era o Marcos, de Feira de Santana, amante da Chapada, de trilhas e cachoeiras. Ficou impressionado conosco, de termos chegado àquela hora, de termos conseguido seguir aquela trilha só com lanternas.
A gente foi se "instalar" ao lado da barraca dele, numa toca ao lado do rio, dentro do canyon e a poucos metros da queda da Fumaça. Lugar mais incrível para se dormir não pode haver. Era como dormir com a varanda aberta no alto do Empire State. É, na verdade, muito melhor do que isso, claro! Na nossa frente, logo ali, o vale da Fumaça. Só as fotos para poder se passar uma vaga idéia desse lugar grandioso. Amanhã cedo, depois dessa aventura, será a hora das fotos...
Agora, hora de dormir o sono dos justos. E sonhar com as benditas setas...
Pronto para caminhar até a Fumaça, em Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
No mirante da Praia do Gunga em Barra de São Miguel - AL
Começamos o nosso 24 de Dezembro com o pé direito (longe de ouriços!) na Praia do Frances. De lá, uma passada rápida no centro histórico de Marcechal Deodoro que é a sede do município onde se localiza esta praia. São várias construções históricas centenárias. Boa parte delas em processo de restauração. Bom, já é uma melhora pois há pouco tempo muitas delas estavam caindo aos pedaços. Essa cidade e suas igrejas são um patrimônio cultural e quando estiverem restauradas certamente serão um belo programa de visitação.
Igreja Franciscana em Marechal Deodoro - AL
De lá seguimos para outra praia, um pouco mais ao sul, no município de Barra de São Miguel. É a praia do Gunga, uma das mais bonitas do Brasil, seguramente. Uma visão idílica, uma faixa de areias brancas encravada entre o rio e o mar, cercada por uma mar infinito de coqueiros.
Vista do mirante da Praia do Gunga, em Barra de São Miguel - AL
Do alto de um mirante na estrada especialmente construído para termos essa visão fantástica, podemos observar essa paisagem. É engraçado passar um tempo lá encima e ficar ouvindo os comentários dos turistas que chegam a toda hora para ver aquilo. Todo mundo custa a acreditar no que vê. Depois, dezenas e dezenas de fotografias. Infelizmente, elas não conseguem captar a grandeza do local.
O mirante da Praia do Gunga, em Barra de São Miguel - AL
Eu e a Ana chegamos à praia logo depois da confusão do almoço. Assim, ela já estava vazia. Exceto por umas poucas lanchas, uma delas tocando música eletrônica à toda. Não pode haver cenário mais perfeito para uma rave do que aquela praia. Mesmo eu que não sou muito disso sou forçado a reconhecer...
Praia do Gunga, em Barra de São Miguel - AL
Fim de tarde, aceleramos em direção à Penedo, na beira do São francisco, sul do estado e fronteira com Sergipe. Local da nossa noite de natal longe de casa...
Fim de tarde na Praia do Gunga, em Barra de São Miguel - AL
Chegando ao famoso Aquário de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
O percurso da Route One entre Santa Cruz e Monterey não é grande coisa e, sem paradas para fotografias ou caminhadas, não demorou muito para que chegássemos à antiga capital da Califórnia, desde a época do controle espanhol e mais tarde, mexicano.
Chegando à Montery, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
A cidade se iniciou como uma missão franciscana, mas logo foi fortificada, já nas últimas décadas do séc. XVIII, para se defender de uma possível invasão russa, que nunca aconteceu. Pois é, naqueles tempos, quem disputava a supremacia da costa oeste americana eram os espanhóis e os russos, já instalados no Alaska e com pretensões de se estabelecerem mais ao sul.
Chegando à Montery, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Parque em Monterey, na Califórnia, nos Estados Unidos
Mas, o mundo dá voltas. Os russos ficaram mesmo lá pelo norte enquanto os espanhóis perderam todo o território mexicano na luta daquele país por sua independência. Expulsaram os ibéricos, mas não mantiveram o poder da Califórnia e sua capital, Monterey, por muito tempo. Um dos resultados da guerra entre americanos e mexicanos na metade do séc. XIX foi que o estado passou ao controle dos americanos. Já sob domínio ianque, Monterey continuou com sua longa lista de “primeiros” da costa oeste: primeiro teatro, primeiro prédio público, primeira biblioteca publica, primeira casa de tijolos, primeiro jornal e por aí vai.
Muitos campos de golfe na 17 Mile Drive, em Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Nesta tradicional cidade chegamos perto da hora do almoço de ontem, já impressionados com a beleza de suas praias ao norte. Seguimos diretamente para o centro de visitantes, bem no meio de um lindo parque e lá fomos recebidos por um senhor que nos deu uma verdadeira aula, não só sobre as atrações da cidade, mas também sobre como receber turistas. Respondia todas as perguntas sem titubear, inclusive sobre o que era mais ou menos interessante. Nada de enrolação!
Os elegantes ciprestes ao longo da 17 Mile Drive, em Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Ele também nos falou sobre as partes mais bonitas da rodovia, entre Monterey e Los Angeles. Acabou por nos convencer a ficar mais um dia na cidade (nosso plano inicial era seguir viagem já hoje de manhã!). As principais atrações são a estrada-parque que liga Monterey à vizinha Carmel e o aquário da cidade, um dos melhores do mundo. Por fim, ele também nos deu as dicas de regiões de hotéis para ficar, tanto em Monterey como na estrada pelo Big Sur.
Fim de tarde em praia de Carmel, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Celebrando os últimos momentos do dia em Carmel, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Resolvemos aproveitar o resto da tarde para já percorrer a “17 Mile Road”. Ele vai serpenteando a encosta, espremida entre campos de golfe de um lado e o glorioso Oceano Pacífico do outro. No caminho, muitos mirantes para admirar a paisagem e também a vegetação da região, principalmente os belos ciprestes, típicos dali. A única preocupação era driblar o trânsito concorrente, já que em pleno feriado, tinha muita gente fazendo o mesmo percurso.
No final da tarde, muitas fogueiras na praia em Carmel, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
No final da tarde, muitas fogueiras na praia em Carmel, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Chegamos à charmosa Carmel bem no finzinho da tarde, ainda em tempo de estacionar a Fiona, encontrar um lugar na praia e assistir de camarote ao pôr-do-sol. Clima de total descontração na praia repleta de cães. A cidade é uma das mais “dog-friendly” do país. Vários restaurantes, lojas e hotéis não fazem restrição aos nossos amigos de quatro patas. Andam felizes e soltos pela praia, socializando com seus pares. Quem socializa também são as pessoas, fazendo seus piqueniques e montando suas fogueiras. Depois do espetáculo do sol se pondo atrás do mar, eram dezenas de fogueiras espalhadas pela praia. Sem dúvida, de todas as praias americanas que estivemos nessa viagem, essa de Carmel, principalmente pelo clima descontraído, foi uma das que mais gostamos.
Iluminação natalina nas ruas de Carmel, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Já no escuro e com muita fome, fomos andar um pouco pela cidade para encontrar um bom restaurante. Carmel também nasceu como uma missão franciscana em tempos espanhóis. No início do séc XX, principalmente após o terremoto que abalou San Francisco em 1906, virou reduto de artistas, poetas, pintores e músicos. Já em 1910 os jornais de San Francisco anunciavam que em Carmel se respirava cultura. Esses mesmos artistas foram construindo suas casas e até se metendo na política local. Um bom exemplo é o ator Clint Eastwood, que foi prefeito da pequena cidade na década de 80. Como artistas gostam de boa comida, a cidade também virou um celeiro de bons restaurantes e o único trabalho que tivemos por lá foi escolher algum entre tantos deles. Foi delicioso caminhar pela cidade enfeitada para o natal, entre pequenos e concorridos restaurantes. Ficou aquela vontade de passar uma longa temporada por lá. Já está na nossa lista de “cidades que um dia voltaremos!”...
Litoral de Monterey, na Califórnia, nos Estados Unidos
Correndo pela orla de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Já bem de noite, voltamos para Monterey, agora pela estrada rápida. Tínhamos achado um hotel bem legal, longe do centro, mas bem perto da praia. Pura inspiração para começarmos o dia de hoje de maneira bem saldável! Pois é, logo cedo já estávamos correndo por uma simpática trilha ao longo da orla da cidade, uma região cheia de parques e casas bacanas.
O belo parque na faixa costeira de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Manhã saldável de corrida na costa de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Corremos mais de três quilômetros, admirando o mar forte que batia nas pedras e os corajosos surfistas que enfrentavam não só as ondas, mas o frio da água. Junto com eles, as simpáticas e raras lontras de água salgada, o animal que foi quase extinto pela caça comercial ao longo do séc. XIX, por causa da sua pele. Parada para fotos e admiração da baía de Monterey e, depois, volta correndo para o hotel. Mas antes de chegar lá, um desvio para a praia, para mais uma corridinha. Sem as roupas de borracha dos surfistas, só animamos de molhar os pés e canelas. Doía até os ossos, mas valeu a pena!
Correndo em praia de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Mar gelado em Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
A tarde de hoje foi dedicada à exploração do famoso aquário da cidade. Depois de termos conhecido o fabuloso aquário de Atlanta, achei que nunca mais me impressionaria com outro e, até por isso, estava com uma certa preguiça de entrar em um. Mas o senhor do escritório de turismo me convenceu que deveríamos ir lá. E ele estava certíssimo!
Observando a floresta de Kelps no enorme aquário de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
A sensação de estar abaixo de uma onda, no Aquário de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Certamente, o aquário não é tão impressionante como o de Atlanta, com seus enormes tubarões-baleia. No seu tanque principal, uma pitoresca floresta de Kelps, as gigantescas algas que crescem nessa parte do Pacífico, alimentando um complexo ecossistema que começa com peixes pequenos e chega até os tubarões-martelo. Todos eles representados no aquário, nadando naquela floresta subaquática. Muito legal!
Observando tubarões no Aquário de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Coleção de moréias coloridas no Aquário de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
Mas, para mim, o que mais impressionou foi a exposição das águas-vivas. Dezenas de espécies, de todos os tamanhos e cores, desde as minúsculas e inofensivas até as gigantes e venenosas, passando pelas incríveis luminescentes, habitantes das profundezas. Um verdadeiro show! Foi mesmo emocionante ver de perto esses verdadeiros alienígenas. Como bem disse um cientista, “o mundo extraterrestre mais perto nós está bem aqui, no nosso quintal, embaixo de nossos narizes. O mar!”. Basta ver esses seres sem braços ou pernas, olhos ou ouvidos, mas tão graciosos e cientes do que se passa a sua volta para concordamos com ele.
Isso aí é um cavalo-marinho muito bem fantasiado de planta, no Aquário de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
O Aquário de Monterey tem uma fantástica exposição de águas-vivas (no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos)
Amanhã, pegamos estrada novamente. Será o dia de conhecer a parte mais bonita da One, justamente aquela que atravessa a região conhecida como Big Sur. Nossa ideia é passar o dia explorando esse trecho de cerca de 100 quilômetros e dormir por ali mesmo. No dia seguinte, dia 27, acordamos cedinho e seguimos diretamente para o aeroporto de Los Angeles. Nossas explorações dessa cidade ficam para quando voltarmos do Havaí...
Incríveis águas-vivas luminescentes, no Aquário de Monterey, no litoral da Califórnia, nos Estados Unidos
A charmosa Goiás Velho - GO
Goiás Velho, Cidade de Goiás ou Vila Boa são todos nomes da mesma bela cidade, antiga capital do estado e patrimônio histórico da humanidade. Como não poderia deixar de ser, sua fundação está diretamente ligada à mineração, ocorrida principalmente no séc XVIII, para infortúnio dos índios goiases que ocupavam ateriormente a região e foram rapidamente extintos.
A charmosa Goiás Velho - GO
A cidade logo se desenvolveu, tornando-se capital da recém criada Capitania de Goiás, desmembrada da Capitania de São Paulo. E assim continuou por gerações, até a construção de Goiânia, no segundo quartil do séc XX. Mas, ainda hoje, como forma de homenagem, a velha cidade volta a ser a capital do estado por alguns dias, todos os anos.
Grande praça em Goiás Velho - GO
Nós também quisemos passar por lá, para render nossa homenagem à cidade. Normalmente muito menos badalada do que Pirenópolis, Goiás Velho também tem seus momentos de ferveção. Um deles é durante o FICA, Festival Internacional de Cinema Ambiental. Pousadas lotadas, ruas movimentadas, programação variada, a cidade se enche de vida. O FICA ocorre sempre no início de Junho e, neste ano, será na semana que vem. Deste modo, pegamos a cidade ainda vazia, mas se preparando para a intensa semana que está para começar...
Fiona descansa na sombra na quente Goiás Velho - GO
Estacionamos a Fiona na deliciosa sombra de uma árvore frondosa e fomos caminhar pelas ruas históricas. Como hoje é segunda, dia internacioal de fechamento de museus e outras atrações, estava quase tudo fechado, salvo umas poucas igrejas. Até a casa da poetisa Cora Coralina, que conheci a outra vez que aqui estive, estava fechada. Já início da tarde, fomos logo atrás de comida, antes que os restaurantes fechassem também. Comemos um delicioso empadão, uma das especialidades da culinária goiana e especialmente gostoso em Goiás Velho.
O delicioso empadão, comida típica em Goiás Velho - GO
Bem alimentados, a Ana foi fazer a digestão num salão, que há meses ela ansiava. Enquanto ela ficava ainda mais bonita, eu caminhei pela pacata cidade, procurando sempre as sombras para fugir do intenso calor e fotografando as ruas de pedra e construções históricas.
Igreja em Goiás Velho - GO
Já no fim da tarde estávamos juntos novamente, hora de partir para Rio Verde. Com a luz bem bonita, passamos pelo mirante de onde se pode admirar a famosa Serra Dourada, ao lado da cidade e que dá nome ao estádio em Goiânia. Exatamente na hora em que ela fica mesmo dourada.
A famosa Serra Dourada, região de Goiás Velho - GO
Depois, a paciente viagem até Rio Verde, uma das capitais da rica agricultura do estado, já bem no sul de Goiás. É aqui que vamos, amanhã, fazer a revisão dos 40 mil km da Fiona. Depois de tantas estradas de terra, bem que estava na hora de um bom alinhamento/balanceamento e também de uma limpeza do ar condicionado, que tem castigado bastante a Ana. Na cidade, fomos muito bem recebidos pelo Chico e pelo Nando no bar do Capim, no centro de Rio Verde. A conversa se estendeu bastante, acompanhada de boa comida e bebida. Finalmente, rumamos para a fazenda, céu absolutamente estrelado, maravilhoso, longe das luzes da cidade. Dormir numa fazenda é sempre rejuvenescedor!
O Nando e o Chico nos recepcionaram em Rio Verde - GO
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