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Além da belíssima paisagem em alguns dos trechos da curta viagem entre ...
O sol resolveu mesmo não aparecer e o dia amanheceu cinzento, uma espess...
Gustavo Mayer (28/02)
Lindas fotos Rodrigo! Falaria até que é a mais bonita sequencia de foto...
Aymoré (27/02)
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lalau (25/02)
oi Rô, achei que ia aproveitar o novo sábado para viajar mais um pouco,...
Bruno Antonio (25/02)
LucasCps (24/02)
na boa, o casarão em Santo Antonio da primeira foto não é o mesmo da s...
O famoso "Chuveirão", na Caverna Teminina - PETAR. Foto do Jura, da Parque Aventuras
Para quem gosta de caverna, segue mais uma sequência de fotos de lá. Não são fotos nossas. São do Jura, o simpático sócio da agência Parque Aventuras. É ele que aparece aí em cima, na foto do fantástico "chuveirão".
Salão Taqueupa na Caverna Santana, no PETAR. Foto do Jura, da Parque Aventuras
Entrada da Teminina, no núcleo Caboclos - PETAR. Foto do Jura, da Parque Aventuras
Entrada da Teminina, no núcleo Caboclos - PETAR. Foto do Jura, da Parque Aventuras
Santiago, capital do Chile, em frente ao Museu de Bellas Artes
Santiago foi fundada no início da colonização espanhola no Chile, por volta de 1540, e sempre foi a principal cidade do país, assim como sua capital, logo que o Chile tornou-se independente, no início do séc. XIX. Mesmo assim, permaneceu uma cidade pequena e tranquila até o século passado, quando passou a se desenvolver e crescer rapidamente, principalmente devido a forte imigração de chilenos do interior do país. Hoje, com mais de 5 milhões de pessoas, ele concentra um terço de todos os habitantes do Chile.
Vista de Santiago, capital do Chile, na subida do Cerro San Cristobal
Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia
Localizada no chamado “Vale Central”, espremida entre os Andes e a Cordilheira da Costa, a cidade é praticamente plana. A exceção são alguns pequenos “Morros-Ilha”, cumes de antigas montanhas que sobreviveram ao processo de sedimentação que preencheu o Vale Central com material trazido das cordilheiras ao seu redor, ao longo de milhares de anos. Estes “Cerros” são, em sua maioria, parques da cidade, verdadeiros oásis verdes no meio do gigantesco vale urbanizado. Trazem um pouco de ar puro a uma cidade que tem uma das atmosferas mais poluídas da América Latina, concorrendo com São Paulo e Cidade do México. O problema daqui é que os gases produzidos pelo intenso tráfego ficam presos entre os Andes e a Cordilheira da Costa, não tendo para onde escapar, principalmente no inverno, quando o fenômeno da inversão térmica é mais comum.
Santiago não é apenas a maior cidade, mas também o principal centro administrativo, financeiro, gastronômico e cultural do país, sede de inúmeras universidades, museus, bibliotecas e onde se encontram os melhores restaurantes e os mais imponentes prédios históricos. Enfim, apesar da poluição, é uma cidade que tem muito a oferecer aos visitantes e turistas. Ninguém vai se arrepender de passar alguns dias por aqui!
Despedida da Andrea, em Santiago, capital do Chile
Com o Pablo, subindo de funicular o Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile
Essa era exatamente a nossa ideia original: passar alguns dias por aqui. Mas o episódio do roubo em La Serena, assim como o belo dia que passamos no Valle del Elqui mudaram nossos planos. Só conseguimos chegar por aqui ontem no final da tarde e já voamos para a Ilha de Pascoa amanhã cedo. Restou-nos, então, o dia inteiro de hoje para explorar essa metrópole. Quer dizer, vamos ter uma segunda chance quando voltarmos de Páscoa, mas também não poderemos nos enrolar muito já que temos outro compromisso com data marcada nos esperando em Buenos Aires (o navio para a Antártida!). Enfim, tínhamos de tirar o melhor de hoje!
Subindo de funicular o Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile
Com os amigos chilenos Pablo e Andrea no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile
Para nossa sorte, não estávamos sozinhos nessa empreitada! O Pablo e a Andrea, nossos amigos chilenos, vieram até Santiago para nos guiar por aqui. Ainda vou fazer um post sobre eles, mas a sua companhia foi fundamental para que tivéssemos o dia eficiente que tivemos hoje. É sempre mais fácil conhecer uma grande metrópole como Santiago quando se está acompanhado de gente que nasceu e cresceu no lugar!
A famosa estátua de Nossa senhora no topo do Cerro San Cristobal, em Santiago, capital do Chile
Em dia de muito fog e poluição, quase não se vê as montanhas andinas que circundam Santiago, capital do Chile, do topo do Cerro San Cristobal
Nessa nossa primeira noite na cidade, ficamos hospedados no Hostel Forestal, muito bem localizado, a uma quadra da Alameda, a principal avenida de Santiago. Ontem de tarde ainda deu tempo de ir caminhar um pouco por ela, passar ao lado do Cerro Santa Lucia, onde a cidade foi fundada, percorrer o centro financeiro, passar em frente a um Palácio de La Moneda (sede do governo) em reformas e observar os estudantes saindo da universidade. Mas o grande passeio estava mesmo prometido para hoje e, logo cedo, o Pablo e a Andreia já nos encontraram no nosso hostel.
Caminhando pelo Parque Forestal, em Santiago, capital do Chile
Prédio do Museu de Bellas Artes, em Santiago, capital do Chile
Ainda cheios de energia da noite bem dormida, começamos nossas explorações com o Cerro San Cristóbal, o mais alto daqueles “Morros-Ilha” no coração da cidade. Dez minutos de caminhada através do bairro Bellavista nos levaram até o pé do morro, onde pegamos o funicular, uma espécie de trenzinho, até o alto da montanha. Aí está a estátua de Nossa Senhora que é um dos cartões-postais mais conhecidos da cidade, um dos pontos que eu mais me lembrava da minha visita de 20 anos atrás. O monumento é de 1905 e tem pouco mais de dez metros de altura.
O imponente saguão do Mercado Central, em Santiago, capital do Chile
Restaurantes de mariscos no Mercado Central de Santiago, capital do Chile
Do alto do San Cristóbal, em dias claros, tem-se uma das mais belas vistas de Santiago e das montanhas ao fundo. Mas esse não era o caso de hoje! A inversão térmica estava mais forte do que nunca e mal conseguíamos ver a silhueta das montanhas nevadas ao fundo. O que se podia ver, com toda a clareza, era a nuvem de fumaça que cercava a cidade. O ar que estávamos respirando... Enfim, pela manhã esse fenômeno tende a ser pior, a brisa do final de tarde dando um “respiro” para os santiaguinos.
Venda de patas de caranguejo no Mercado Central de Santiago, capital do Chile
Venda de lagostas no Mercado Central de Santiago, capital do Chile
Bom, se subimos o San Cristóbal de funicular, para descer fomos caminhando mesmo. Muitas trilhas cortam a mata refrescante e propiciam belos mirantes para os diversos lados da cidade, o Pablo e Andreia nos explicando a geografia de Santiago, assim como a divisão econômica entre os diversos bairros da cidade, ricos para lá e pobres para cá. Nada que já não tenhamos visto no Rio, São Paulo, Buenos Aires, ou Lima. Por aqui, o grande divisor de águas, ou de classes, é a Plaza Italia.
Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile
Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile
Meia hora de caminhada e chegamos ao nível da cidade novamente, quase ao lado de uma casa conhecida como La Chascona. Aí viveu Pablo Neruda, e a nossa visita à casa, que hoje é um museu, e ao restaurante onde almoçamos, também muito frequentado pelo escritor, vão merecer um post próprio.
Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile
Passeio no mercado La Vega, em Santiago, capital do Chile
Já alimentados, seguimos nossa caminhada pelo Paseo Forestal, uma deliciosa alameda toda sob a sombra de árvores que mais se parece um parque. Fomos até o Museu de Bellas Artes, um dos mais imponentes de Santiago. Como não tínhamos tempo para explorar o museu, foram só alguns minutos para ver seu salão central e tirar algumas fotos do seu bonito entorno. Foi nesse ponto que nos despedimos da Andrea, que está grávida e tinha consulta marcada com um médico na cidade onde vivem hoje, pouco mais de 100 km ao sul de Santiago. Ainda passaremos por lá antes de deixarmos o Chile definitivamente, então foi só um “Até logo!”. Ela se foi e o Pablo continuou conosco.
Antiga estação de trem de Santiago, capital do Chile
Admirando a estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile
A próxima parada foi no charmoso Mercado Central. Hoje, ele é muito menos um mercado e mais um local cheio de restaurantes para turistas. Por falar neles, aí estavam às centenas, deliciando-se com os frutos do mar que fazem a fama do lugar. Ficamos impressionados com a quantidade de brasileiros no local, algo que não víamos há muito tempo. O prédio é muito bonito, centenário também, e um ponto de visita obrigatório para quem quer conhecer Santiago Melhor vir com fome, mas se já tiver almoçado, só a arquitetura e o clima do lugar já valem a pena!
caminhando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile
Descansando na estação Mapocho, antiga estação de trens de Santiago, hoje transformada em grande espaço de eventos, no Chile
Depois do mercado de mentira, fomos ao mercado de verdade, não muito longe dali, o Vega. Uma das melhores maneiras de se conhecer uma cidade ou país é visitando seus mercados. Aí temos noção do que se come, das frutas que crescem, dos hábitos das pessoas, como se vestem e até das flores que gostam nesse país/cidade que estamos visitando. É muito interessante também ver as pessoas que vivem na cidade fazendo suas compras, parte da rotina do seu dia-a-dia. É uma maneira de fugirmos dos turistas e vermos a cidade real. Enfim, foi meia hora de pura diversão e fotos entre os stands de frutas, verduras, queijos, flores e carnes, nos espremendo entre vendedores e compradores.
Arte nas ruas de Santiago, capital do Chile
O tradicional bar La Piojera, em Santiago, capital do Chile
Depois desse caos inspirador, foi a hora de procuramos um lugar mais tranquilo, Afinal, a paz também inspira! O local escolhido foi a antiga estação de trens Mapocho, hoje transformada num magnífico espaço de eventos. Quase não havia visitantes e tivemos todo aquele imenso prédio para nós. A paz do presente contrastava com a balbúrdia do passado, quando milhares de pessoas passavam por ali diariamente, muitos deles migrantes chegando cheios de esperança a enorme capital que não arava de crescer. As fotos de uma exposição permanente que há ali nos deram uma boa ideia desses antigos e movimentados tempos.
O tradicional bar La Piojera, em Santiago, capital do Chile
E agora, já inspirados pelo caos e pela paz, faltava outro tipo de inspiração. A próxima parada foi em um dos mais tradicionais bares da cidade, o “Piojera”, um galpão no fundo de um beco onde centenas de santiaguinos fazem ponto diariamente, todo final de tarde. O estranho nome veio da fala de um antigo presidente do país, que uma vez foi convidado a vir aqui, para uma reunião política, lá nos distantes anos 20. Enojado com a aparência do local, reclamou: “Quem teve a ideia de vir nesta piojera?”. Sim, “piojera” quer dizer local cheio de piolhos! Enfim, o apelido pegou, a aparência do bar continuou a mesma e, ainda hoje, ele tem a fama e o movimento que tem, local preferido de estudantes, poetas, artistas e outros tipos boêmios.
Produção em série de "Terremotos", no balcão do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile
A famosa bebida "Terremoto", no La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile
A bebida mais vendida é o “terremoto”. É um coquetel leva vinho pipeño (ou vinho branco), sorvete de abacaxi, Fernet, Granadina, Rum e Conhac! Enfim, é uma mistura e tanto, quase explosiva, que faz jus ao nome do coquetel. Quem está na chuva, é para se molhar e nós tomamos o nosso terremoto enquanto nos divertíamos com a fauna local e com a arte nas paredes internas e externas do bar. Sem contar os garçons, que já são uma atração própria!
Servindo o famoso "Terremoto", drinque típico do La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile
Experimentando um "Terremoto", a mais famosa bebida servida no La Piojera, bar tradicional de Santiago, capital do Chile
Mas nosso tour ainda não tinha terminado. Animados depois do terremoto, seguimos caminhando para a Plaza de Armas, onde fomos a catedral e caminhamos calle Ahumada, só para pedestres. Neste horário, estava lotada de santiaguinos voltando para casa e de turistas em busca de uma boa foto. No meio da rua, os artistas populares em busca do seu ganha pão. Assistimos a uma apresentação de danças típicas, a cueca (não confundir com a palavra em português!), que imita a corte que um galo faz a uma galinha.
A Catedral Metropolitana de Santiago, capital do Chile
Interior da Catedral Metropolitana de Santiago, capital do Chile
O que não poderia faltar também, estando no Chile, são os chinchineros, artistas que são praticamente uma orquestra ambulante, não só de música, mas de dança. Pulando para lá e para cá, com seus tambores nas costas, são uma das cenas mais típicas deste país, principalmente nas ruas mais movimentadas de Santiago!
Show de cueca, dança típica, na calle Ahumada, no centro de Santiago, capital do Chile
Os famosos músicos que cantam e dançam ao mesmo tempo, típicos de Santiago, capital do Chile
Acabou? Não! Ainda tínhamos tempo para subir o Cerro Santa Lúcia, ali do lado, para uma última vista da cidade, aproveitando que o ar estava mais limpo e que o sol ainda brilhava. Este Cerro é bem mais baixo que o San Cristóbal e não precisamos de funicular para subi-lo. É só apertar o passo. O esforço recompensou, não só com a vista da capital, mas agora sim, das montanhas nevadas no horizonte. Foi espetacular!
Pórtico de entrada do Cerro santa Lucia, em Santiago, capital do Chile
Vista de Santiago, capital do Chile, do alto do Cerro Santa Lucia
Agora sim, sensação de missão cumprida, caminhamos tranquilamente de volta ao nosso hostel. Recolhemos nossas coisas e pegamos a Fiona para seguir para a casa da mãe do Pablo, a Maria Ester. Ela nos convidou para passar a noite lá antes de viajarmos para a Ilha de Pascoa. A Fiona vai ficar guardada no seu quintal! Tudo parecia estar perfeito nesse nosso dia em Santiago. Infelizmente, ele ainda não havia terminado...
Muito romantismo no alto do Cerro Santa Lucia, em Santiago, capital do Chile
Despedida do maravilhoso Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
A noite no refúgio em frente ao Santo Angel, balançando na rede, foi de muita chuva. Não tanto como em 2007, mas bastante chuva mesmo. Hoje cedo, assim que clareou, fomos ver o resultado de tanta água. O rio tinha transbordado, avançando sobre a mata. O Salto Angel estava mais largo, poderoso e barulhento. Nuvens e névoas subiam pela parede do tepui. Um cenário mágico.
Nosso refúgio na Isla Ratón, em frente ao Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Nossa companheira de refúgio na Isla Ratón, em frente ao Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Não sei como teria sido fazer a trilha de ontem, hoje. Como seria a vista do mirante? Aquela chuva de vapor de 2007, ou apenas igual a ontem, mas mais belo ainda? Nunca poderei saber. Mas sei que valeu muito a pena ter estado lá ontem de tarde. E valeu muito a pena ter acordado hoje e dado de cara com esse cenário dos sonhos.
Depois da noite de chuva, o rio amanhece cheio em frente ao Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Acordando em frente ao Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Ainda tivemos tempo de caminhar até um outro refúgio, na mesma Isla Ratón. De lá, a vista para o Salto Angel é ainda mais incrível. Tiramos nossas fotos, contemplamos a exuberância da natureza, dissemos “até logo” e estávamos prontos para partir.
Depois da chuca, o Salto Angel com muito mais água, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Nuvens cercam o Salto Angel, criando uma paisagem ainda mais mágica no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
O caminho de volta, rio abaixo, é muito mais rápido. E hoje não teve chuva durante a jornada. Até por isso, foram menos cachoeiras escorrendo pelos gigantescos paredões ao nosso redor. Depois, quando chegamos ao trecho das corredeiras, onde temos de caminhar, tivemos tempo de parar na loja de artesanato, onde se vendem arcos, flechas e colares.
Agradacendo aos céus o privilégio de acordar em frente ao Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Com nosso grupo na Isla Ratón, em frente ao Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
A última parada, onde descemos das canoa motorizada e esperamos um caminhão, é acima das grandes cachoeiras que caem no lago ao lado da vila de Canaima. Aí, pudemos ver de perto quanta água tinha caído na chuva da noite, pois o rio estava furioso. Nova oportunidade para fotos.
Voltando do Salto Angel, na parte alta do Caroni, em Canaima, no sul da Venezuela
A fúria do rio após a noite de chuva em Canaima, no sul da Venezuela
De volta à Canaima, a Angela, do Bodeswell, quis presentear a sua mãe com um sobrevoo sobre o Salto Angel. Ontem ela não conseguiu caminhar até o mirante, parando no meio do caminho. Mas agora, presente de aniversário, veria tudo lá de cima. O avião tinha mais lugares e, dividindo os custos, a Ana embarcou também. Era o tempo exato delas irem e voltarem para pegarmos nosso voo para Ciudad Bolívar.
Voando no banco da frente do avião sobre o Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
No avião, a caminho do Salto Angel, em Canaima, no sul da Venezuela
O magnífico Auyán Tepui, onde está o Salto Angel, em Canaima, no sul da Venezuela
Assim, enquanto eu dei um pulinho na praia fluvial para um último mergulho ao lado das palmeiras, a Ana fez esse voo de quarenta minutos sobre o Auyán Tepui e todas as cachoeiras que escorrem lá de cima. Aliás, difícil imaginar como pode nascer tanta água no alto desse tepui.
As muitas cachoeiras do Auyán Tepui, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Sobrevoando o Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Magníficas cachoeiras do Auyán Tepui, o mesmo do Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Minha querida esposa voltou com lindas fotos e histórias do sobrevoo. Ela foi sentada ao lado do piloto, visão de camarote dessa paisagem maravilhosa. O avião leva apenas alguns minutos para percorrer o que nos tomou várias horas, ontem, e logo já está entre as paredes do tepui. A parte alta do Salto Angel estava escondida sob as nuvens, mas o piloto do avião, ao saber que tinha uma aniversariante a bordo, resolveu também dar seu presente. Levou o avião até um lugar que poucos vão, no fundo de um vale cavado no tepui, onde um impressionante conjunto de cachoeiras emociona até os mais frios viajantes. São todas cachoeiras com algumas centenas de metros e, lado a lado, ficam ainda mais impressionantes. Deu para perceber isso pelo sorriso dos passageiros ao descerem do avião.
Mais rápido voar que navegar nesse rio cheio de curvas, a caminho do Salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
Chegando de volta à vila de Canaima, após sobrevoo do Salto Angel, no sul da Venezuela
Após sobrevoar o Salto Angel, de volta ao solo, em Canaima, no sul da Venezuela
Depois disso, era a hora de voltar á Ciudad Bolívar. Ou seja, mais um voo de teco-teco, dessa vez apenas eu, a Ana, o piloto e uma amiga, num avião que tinha o tamanho de um carro. Parecia um voo particular.
Comitê de recepção à Canaima, no sul da Venezuela
Trânsito no aeroporto de Canaima, no sul da Venezuela
Canaima ficou para trás, enquanto rumávamos para o norte. No caminho, várias nuvens de chuva, das quais o piloto foi habilmente desviando. Ele passou pela tangente de três delas e nós, lá de cima, de camarote, pudemos admirar a água caindo, um ângulo bem pouco usual para observar uma chuva. Foi um espetáculo! Depois de tantas cachoeiras, estávamos observando mais algumas. Mas agora, eram cachoeiras celestes, com altura semelhante ao Salto Angel.
Sobrevoando chuvas, verdadeiras cachoeiras celestes, na volta de Canaima para Ciudad Bolívar, na Venezuela
Sobrevoando chuvas, verdadeiras cachoeiras celestes, na volta de Canaima para Ciudad Bolívar, na Venezuela
Quando finalmente as cortinas d’água ficaram para trás, pudemos observar a represa formada por um grande empreendimento hidrelétrico. AO cenário ao mesmo tempo bonito e triste, ver toda aquela terra que deveria ser seca, alagada. Esqueletos de florestas ainda de pé. Tudo para a produção de energia, tão necessária para nós.. Ao mesmo tempo, inegável que a nova paisagem criada também é belíssima, uma espécie de pantanal.
Represa alaga uma vasta planície ao norte do Parque Nacional Canaima, no caminho para Ciudad Bolívar, na Venezuela
Represa alaga uma vasta planície ao norte do Parque Nacional Canaima, no caminho para Ciudad Bolívar, na Venezuela
Enfim, pousamos em Ciudad Bolívar e não demorou muito para já estarmos a bordo de outra “aeronave”, a nossa querida Fiona. Já era o meio da tarde, mas queríamos adiantar o caminho para o nosso próximo destino nesse país de paisagens tão diversas. Vamos para a famosa “Gran Sabana”, última parada antes do nosso retorno ao Brasil.
Chegando de volta à Ciudad Bolívar, depois de visitar o salto Angel, no Parque Nacional Canaima, no sul da Venezuela
O prédio da Ópera em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Quando os Estados Unidos tiveram a sua guerra de independência, ainda no final do século XVIII, o país era formado apenas pelos atuais estados da costa leste, com exceção da Flórida. Eram as famosas “13 colônias”. O primeiro crescimento geográfico veio já ao final da guerra com a Inglaterra, com a incorporação da área imediatamente a oeste desses 13 estados originais, cedidos pela antiga metrópole.
Venda de tapetes típicos em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
O próximo passo foi a compra da Flórida da Espanha e da Louisiana da França, região onde hoje estão todos os estados ao longo do rio Mississipi. Infelizmente, o resto da expansão territorial rumo ao oeste não foi tão pacífico assim.
Rua de Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Os estados do norte, desde os grandes lagos até a costa do Pacífico, foram sendo tomados dos índios, através de tratados fajutos e das chamadas “indian wars”. No primeiro caso, quem “vendia” não sabia o que estava vendendo ou assinando ou nem tinha direito para tanto. De qualquer maneira, seguidamente eram os americanos que rompiam os tratados e expulsavam os índios um pouco mais para oeste, confinando as tribos em áreas de reserva. Esse processo muitas vezes foi violento e é nesse período que viveram personagens famosas dos antigos filmes de faroeste, como o General Custer e Buffalo Bill.
Museu em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Já nos estados do sul, a briga maior não foi com os índios, mas com o país vizinho. O México tinha, até a segunda metade do século XIX, uma área quase duas vezes maior do que a que tem hoje. Os atuais estados da California, Nevada, Arizona, Colorado, Utah, Novo México e Texas faziam parte do território mexicano. Mas a ocupação dessa área era esparsa e os “donos” na prática eram os indígenas.
Dia de casamento na igreja matriz de Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Como forma de ocupar a região, o governo mexicano começou a estimular a imigração de colonos americanos para o Texas. Quando essa ocupação começou a dar frutos (dinheiro!), o governo resolveu acabar com os estímulos e taxar pesadamente esses colonos. Esses, aproveitando uma das inúmeras guerras civis que assolavam continuamente o país, resolveram declarar sua independência, criando a República do Texas. Em seguida, pediram sua anexação aos EUA.
Pimenta usada como decoração em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Não foi um processo rápido, muitos em Washington duvidando que seria uma boa ideia. Mas, resumindo a história, quando o governo mexicano resolveu fazer valer sua autoridade por ali, os Estados Unidos entraram em guerra contra o vizinho, defendendo a independência do Texas. Os americanos rapidamente fizeram valer seu maior poderio e, não só expulsaram os mexicanos do Texas como seguiram território adentro em direção ao sul até conquistar a capital do país, a Cidade do México. Dali, só saíram quando os mexicanos aceitaram assinar um tratado em que não só cediam o Texas, mas todos os outros territórios citados acima, até a Califórnia. Numa só canetada, lá se foi quase a metade do país. Quase desocupada, sempre é bom lembrar...
Venda de artesanato indígena em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Entre os diversos territórios cedidos, a área que forma o Novo México, estado onde está Santa Fé, a deliciosa cidade que conhecemos hoje. Uma das cidades mais antigas dos Estados Unidos, Santa fé foi fundada no período espanhol, antes até da criação das 13 colônias originais. Seu centro histórico em nada lembra as grandes metrópoles do leste, as construções charmosas feitas de adobe. A influência hispano-mexicana vem daquela época, mesclada com uma forte presença indígena. Isso se percebe rapidamente, caminhando pelas ruas, lojas e mercados onde o artesanato ameríndio está sempre exposto, assim como a comida e costumes mexicanos.
Cada um com seus óculos (em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos)
Logo no início da nossa caminhada, depois de passarmos pelos belíssimos prédios do museu e da ópera, um encontro nada usual: um cachorro que usava óculos no seu passeio pela praça! A dona nos explicou que era para proteger dos raios ultravioleta, e que o nome dos óculos eram “doogles” (mistura de “dog” e “googles”). Ficou muito impressionada com a nossa viagem e nos deu várias dicas sobre a cidade. Mas as dicas mais valiosas vieram mesmo do simpático vendedor de uma loja da Nikon, onde fomos buscar capas e tampas perdidas pelo caminho.
A famosa e milagrosa escada da Loreto Church, em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos (antes da construção do corremão)
Além dos pontos turísticos, nos indicou dois excelentes restaurantes, um para o almoço e outro para o jantar. Assim, fomos logo para a Loreto Church, famosa por uma escada em caracol sem nenhum suporte interno, desafiando impunemente a lei da gravidade, e corremos pra comer no famoso Pascual, recomendado até pelo New York Times.
Vinho e reflexões no delicioso restaurante Pascual, em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Uma delícia mesmo! Ambiente, comida e atendimento. Como gosta de definir a Ana, cozinha “fusion”, sem exagerar no preço. Até nos demos o direito de uma taça de vinho. Mais uma vez, a história da nossa viagem fez sucesso entre o staff, dos garçons aos gerentes.
Arquitetura de adobe em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Voltamos caminhando para o hotel e o final de tarde foi de trabalho na internet. Para mim, porque a Ana enfrentou o frio e a neve para levar a Fiona para tomar banho! O primeiro desde o sul do México, mas do que merecido. Ela foi numa dessas casas semi-automáticas, onde operamos nós mesmos as mangueiras de água e sabão. Enquanto a Fiona era ensaboada, a neve começou a cair lá fora, a primeira vez que a Ana viu a neve cair durante o dia (na Argentina, vimos nevar de noite). Enfim, uma momento especial para ela, uma banho na Fiona que não será mais esquecido!
A Ana dá merecido banho na Fiona em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
De noite, enfrentamos os dois a noite gelada para nova caminhada até o centro, onde já tínhamos reservado lugar no restaurante indicado pelo amigo da loja. Depois do sucesso da indicação do almoço, não queríamos perder a do jantar! E valeu a pena novamente, o Casa de Santa Fé é muito charmoso e aí, ao invés de uma taça, foi uma garrafa de vinho mesmo!
As catrinas também são populares em Santa Fé, no Novo México - Estados Unidos
Depois de tanto mimo, estamos prontos para a longa viagem de amanhã. A ideia é seguir até onde der, seguindo sempre pela I-40/Rota 66, passando pelo norte do Texas, cruzando o Oklahoma e chegando, quem sabe, no Arkansas.
Os dias finais de Billy The Kid no Novo México - Estados Unidos
Fim de tarde em Tahai, ao lado de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), no Oceano Pacífico
Hoje de manhã embarcamos para a Ilha de Pascoa, um sonho antigo sendo finalmente realizado. Para trás ficaram o Chile e a América do Sul, as alegrias e as tristezas dos últimos dias. Nosso foco, ao menos nos próximos quatro dias, deve e vai mudar completamente. De um continente para uma ilha, de uma cultura americana para uma polinésia, das rodas da Fiona para o esforço dos nossos pés. Enfim, uma viagem dentro de uma viagem.
Um mundo de oceano separa esses dois mundos, essas duas viagens. São pouco mais de 3.500 km de distância, em mais de quatro horas de voo desde Santiago, a capital do Chile. Para nós, nãos é a primeira vez que nos embrenhamos tanto nesse Oceano Pacífico nesses 1000dias explorando a América. Não é a primeira, mas será a última, o que faz essa viagem ainda mais especial. Já havíamos estado em Galápagos e no Havaí, mas é mesmo a Ilha de Pascoa a mais isolada de todas elas, praticamente um terço do caminho até a Nova Zelândia ou Austrália.
Os três conjuntos de ilhas no Oceano Pacífico que visitamos nos 1000dias: Havaí, Galápagos e Ilha de Páscoa
Pois é, pode parecer longe de avião, imagina de barco. E foi assim mesmo, de barco, que seus habitantes originais chegaram à ilha, há cerca de 1.200 anos, vindos de outras ilhas polinésias. O mesmo povo que também chegou ao Havaí, à Nova Zelândia e àquela infinidade de ilhas que compões arquipélagos como a Micronésia, a Melanésia ou a Polinésia. Mas pelo menos nesses arquipélagos, as distâncias não eram tão grandes. O que impressiona mesmo é a chegada a locais tão isolados e perdidos no oceano, como a Ilha de Pascoa e o Havaí. Mas o fato é que esses valentes guerreiros do mar lá chegaram, como nos testemunham tanto seus descendentes que ainda vivem aí como grandes obras que são a marca registrada da ilha.
As migrações polinésias pelas ilhas do Pacífico. Teriam chegado à América?
Quem olha no mapa a rota desses antigos navegantes se pergunta: se vieram até aqui, porque não chegaram também à América do Sul? Será que não? A existência de batata-doce, uma planta tipicamente americana, no Havaí e de construções com a marca registrada dos Incas na Ilha de Pascoa parecem mostrar que pelo menos algum contato houve. Algo que, até hoje, nossa ciência e historiadores ainda não conseguiram esclarecer.
No aeroporto de Santiago. no Chile, embarcando para a Ilha de Páscoa
O magnífico cenário da cordilheira dos Andes, ao redor de Santiago, no Chile, no nosso voo para a Ilha de Pascoa
Enfim, o que se sabe é que, por quase mil anos, os habitantes de origem polinésia prosperaram na Ilha de Pascoa.. Mas a superpopulação, a destruição das florestas da ilha e alguma mudança climática levaram aquela civilização a implodir. Guerras internas devastaram os diversos clãs e os antigos e míticos Moais, as gigantescas estátuas de pedra retratando rostos humanos, foram todos derrubados ou destruídos. Esse caos na ilha coincidiu com a chegada dos primeiros europeus, em meados do séc. XVIII. O contato com essa nova civilização foi ainda mais destruidora para os povos originários, que chegaram bem perto da extinção.
O continente fica para trás, rumo à Ilha de Páscoa, no meio do Oceano Pacífico!
Chegando à Ilha de Páscoa, em pleno Oceano Pacífico
Felizmente, a partir do início do séc. XX a população começou a se recuperar, mas não mais com o sangue puro de outrora. Houve miscigenação com imigrantes europeus e também com polinésios de outras ilhas, como o Taiti. Parte da cultura se perdeu nesse processo e hoje, lentamente, os descendentes tentam reaprender o que foi esquecido.
Aterrisando na Ilha de Páscoa, no meio do Oceano Pacífico
Ainda no aeroporto, comprando as entradas para o Parque Nacional da Ilha de Páscoa
Desde o final do séc. XIX que a ilha pertence ao Chile. Desde o final da década de 60 que ela passou a receber turistas, depois que Páscoa passou a fazer parte de uma rota aérea que liga o Chile à Oceania. Hoje, são cerca de 65 mil deles anualmente e a ilha luta para manter suas antigas tradições semi-esquecidas em meio a tantos visitantes.
Mapa da Ilha de Páscoa, mostrando a localização de Hanga Roa, do aeroporto, dos vulcões, estradas, trilhas e das ruínas da ilha
Para essa ilha voamos hoje e certamente, durante os próximos dias, vamos aprender muito mais sobre sua história, geografia, cultura e gente do que aprendemos nos guias de turismo. Por enquanto, sabemos que é uma ilha de formato triangular, antigos vulcões extintos em cada uma das pontas, seus cerca de 6.700 habitantes concentrados na única cidade da ilha, Ranga Roa, de leste a oeste, pouco mais de 20 km, de norte a sul, não passa de 12 km, altitude máxima de 500 metros, apenas uma praia de verdade, muitas cavernas e ruínas para serem exploradas.
Recepção calorosa do nosso hotel, ainda no aeroporto da Ilha de Páscoa
Chegando ao aeroporto da Ilha de Páscoa.
Nosso tempo por aqui será de 5 dias. A maioria dos turistas fica um pouco menos do que isso, mas há aqueles que vem para ficar um mês, conhecem toda a ilha a pé ou de bicicleta e até aprendem um pouquinho da língua. Mas as companhias turísticas oferecem day-tours que passam pelos pontos mais importantes da Ilha de Páscoa em cerca de 8 horas, Nós ainda não decidimos nosso roteiro, mas pretendemos mergulhar, caminhar muito, alugar um carro algum dia e até fazer algum tour, para ter uma primeira visão da ilha.
Caminhando pela orla de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
É bom vir para cá já com o hotel reservado, embora não seja impossível encontrar por aqui. Mas vai ser mais trabalhoso e, muito provavelmente, mais caro. Depois de longa pesquisa, nós reservamos no Residencial Vaianny e a Joana, a proprietária, ficou de nos pegar no aeroporto. Então, decolamos já tranquilos, a história do vidro quebrado na noite anterior temporariamente esquecida. Foi lindo ganhar altura sobre Santiago e ver as montanhas nevadas dos Andes ficarem para trás.
A paisagem não deixa dúvida: a Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico, tem origem vulcânica!
Surfista aproveita as ondas no mar de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Alguns minutos depois, cruzávamos a costa chilena e agora, era a América do Sul que ficava para trás. Com tanto tempo de voo, dá até para assistir um filme. A Ana assistiu o filme chileno “No”, sobre o plebiscito que deu fim à ditadura de Pinochet e gostou muito. Vou ter de assistir na volta! Eu li um pouco e dormi, para despertar com o avião já sobrevoando a Ilha de Páscoa. Emocionante, ver aquele pontinho no meio do oceano azul, infinito!
Escultura no litoral de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
O primeiro Moai, a gente nunca esquece! (em Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico)
O nome “ilha de Pascoa” foi dado pelos europeus porque (adivinhem!), ela foi descoberta num domingo de Páscoa. Sempre tiveram muita criatividade! O nome original, cada vez mais usado, é Rapa Nui. Será o nome que vou usar daqui em diante. Pois bem, chegamos ao aeroporto de Rapa Nui, compramos nossas entradas para o parque nacional que ocupa mais de um terço da ilha (a entrada é muito mais barata aqui no aeroporto!) e fomos recebidos no saguão pela Joana, que nos presenteou com um colar de flores, tradição polinésia, para já irmos entrando no clima.
As ruínas de Tahai, a 15 minutos de caminhada de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), no Oceano Pacífico
Depois, ele nos levou, de carro, para um rápido tour em Hanga Roa, a pequena cidade-capital de Rapa Nui, pelo menos para a gente já ter uma certa noção de direções e, por fim, nos levou par a pousada para nos instalarmos. Agora, já sabíamos onde era a igreja, o banco (sim, tem ATM na ilha!), o correio, o mercado, a rua de restaurantes e a praia.
As ruínas de Tahai, a 15 minutos de caminhada de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), no Oceano Pacífico
Pouco tempo depois, já estávamos caminhando por ali, nosso primeiro passeio de verdade em Rapa Nui, para respirar o ar e nos sentirmos na ilha. Fomos para a orla, admiramos a linda paisagem de pedras e areia, alguns surfistas pegando onda e o imponente vulcão ali do lado. Para lá, vamos de carro um outro dia. O caminho era no sentido oposto, rumo aos nossos primeiros Moais e Ahus.
Um dos Moais de Tahai. ao lado de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Ainda vou falar disso depois, mas “Ahus” são altares de pedra e “Moais” são as típicas estátuas de Rapa Nui, homenagens que se faziam aos ancestrais. Foi a construção desses Moais que girava toda a economia da ilha, movimentava quase toda a população e, no final, foi responsável pela destruição das florestas e a decadência da civilização.
Admirando os incríveis Moais de Tahai, ao lado de Hanga Roa, a única cidade de Rapa Nui ou Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Esses Moais já faziam parte do meu imaginário há décadas e quando vemos o primeiro deles, é simplesmente emocionante! É nesse momento que realmente acreditamos: “Sim, estou aqui, no meio do Oceano Pacífico, na famosa Ilha de Pascoa!”.
Um belíssimo pôr-do-sol em Tahai, ruína ao lado de Hanga Roa, a única cidade da Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Pois é, essa vai ser nossa casa pelos próximos 4 dias (um já foi...). Vamos ver e aprender muito. Mas agora, só queríamos relaxar e admirar o fim de tarde com todos aquels Moais a nossa frente. Pode ser normal para quem vive aqui, mas para nós, isso é muito, muito especial!
Junto aos Moais de Tahai, admirando o nosso primeiro pôr-do-sol na Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico
Pôr-do-sol na Washington Luís, chegando em São Carlos - SP
Um longo, interessante e variado dia na estrada. Assim podemos resumir o dia de hoje. Chuva e sol, mar e rio, montanha e praia, Paraná e São Paulo. Mas, no fim, saímos da casa da família para chegar na casa da família também!
A idéia original era só dirigir até Cananéia, mas acabamos "esticando" até Ribeirão Preto. Deixamos Cananéia perto das 11 da manhã, ainda com tempo ruim (ver post abaixo). Resolvemos seguir para Ribeirão por um roteiro alternativo, passando por um parque estadual chamado Carlos Botelho. Existe uma estrada-parque que o atravessa de sul a norte e que estava bem na nossa direção.
Placa informativa no Parque Estadual de Carlos Botelho, núcleo Sete Barras, em São Paulo
O parque tem uma das porções de mata atlântica mais bem conservadas do estado. Basta entrar nela para se observar e sentir a abundância de vida desse ecossistema. Não é muita gente que sabe mas a diversidade de vida da Mata Atlântica supera em muito a da floresta amazônica.
Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo
O único porém do parque é que para se visitar várias de suas atrações é preciso agendar com bastante antecedência. Assim, não pudemos fazer as trilhas que levam à cachoeiras e a uma enorme figueira. Por um lado, estão protegendo o parque, mas por outro, acho um absurdo não podermos seguir uma trilha bem marcada com nossos próprios pés. De novo, fiz aquela promessa de, na próxima encarnação, ser um "pesquisador" com super-poderes e poder visitar todos os parques, reservas e cavernas do Brasil sem ninguém enchendo o saco.
Paisagem do Parque Carlos Botelho no estado de São Paulo
Quando descemos a montanha do outro lado do parque o tempo já tinha melhorado. Sinal que já estávamos chegando em Ribeirão e se afastando de Curitiba! He he he. Mas antes, ainda tínhamos um pit-stop a fazer: São Carlos, uma quase tranquila cidade do interior paulista que ostenta duas das melhores universidades do país, a USP e a UFSCAR. Local perfeito para a vida estudantil, cidade jovem e progressista. Passamos lá para conhecer a casa da Lalau (minha irmã) e do Gêra, muito bem instalados que estão.
Casa da Lalau e do Gêra em São Carlos - SP
Depois de conhecer a gostosa casa e condomínio, demos carona para a Lalau até Ribeirão Preto, onde moram meus pais. Os próximos dias serão de muito sol, saúde e vida na fazenda. Aguardem notícias!
Um dos grandes Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Um dos programas mais espetaculares da região do Atacama é ir conhecer os Geisers El Tatio. Brasileiros, normalmente, só conhecem geisers pelos desenhos animados do Zé Colméia. Então, para nós, é ainda mais especial. Ainda mais que estes são os mais altos do mundo, localizados na puna chilena a mais de 4.300 metros de altitude.
Amanhecer nos fantásticos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
A melhor hora de se observá-los é quando o sol está nascendo, usualmente a hora mais fria do dia. Assim, além da beleza normal das primeiras luzes a manhã pintando o céu, temos uma maior diferença de temperatura entre a água quente que brota da terra e o ar frio da atmosfera. O resultado é uma coluna de vapor mais alta e visível, uma espécie de chaminé de fumaça branca que pode ser vista a quilômetros. Uma não, dezenas de "chaminés" formando um espetáculo incomum aos nossos olhos.
Fiona nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Um dos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
A maior dificuldade está em chegar lá na hora certa. São quase cem quilômetros de distância por estradas precárias e cheias de curva, o que faz a viagem levar umas duas horas. Para quem segue num tour, o problema está em acordar de madrugada e depois ter a paciência de passar por uns dez hotéis, até encher a van ou microônibus. Depois, é tentar relaxar e dormir novamente, ignorando os solavancos, para acordar já diantes dos geisers, com o sol nascendo.
Visitando os incríveis Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Aquecendo as mãos no vapor dos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Para quem vai de Fiona, acordar de madrugada é só o início das dificuldades! Depois, temos de achar a estrada durante a noite fria e escura e conseguir seguir por ela nas próximas duas horas. São duas estradas e eu e a Ana optamos pela mais curta, aquela indicada pelas placas. Só que, em pleno inverno, esta estrada que segue pela parte mais alta do altiplano, acima dos 4 mil metros, está cheia de neve. Não é para menos: o termômetro da Fiona bateu seu recorde mais uma vez, chegando aos 11 graus negativos! Em alguns lugares dá para passar por cima da neve, mas em outros, na grande maioria, existe desvios que seguem paralelos à estrada principal. De dia é fácil localizá-los, mas de noite... Enfim, com todo o cuidado, fomos seguindo em frente até conseguir chegar em El Tatio justo na hora certa. Apenas um pouco antes da maioria dos ônibus, que vieram pela estrada mais longa mas em muito melhor estado.
A água frevente dos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Observando os Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
A primeira visão realmente impressiona. Nossos olhos não querem acreditar no que veem. São dezenas de colunas de fumaça nascendo do chão, um berçário de nuvens para encher o céu de algodão. Pagamos o ingresso e podemos chegar bem mais perto, até começar a passar por entre os geisers. Aí, deixamos o carro e começamos a caminhar ali, entre um geiser e outro, entre uma piscina de água fervente e um rio de água colorida, entre uma miniatura de vulcão de água e um sonoro geiser que lembra uma panela de pressão.
Saltando sobre um dos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
São dezenas e dezenas de turistas fazendo a mesma coisa, mas a área é tão grande e os geisers tão numerosos que não é difícil estar ali sozinho, posando para fotos ou simplesmente admirando aquela aberração da natureza, aquela prova de que há algo muito vivo sob os nossos pés. Aos poucos, vamos nos acostumando com o cenário, tornando-nos íntimos daquela força da natureza. Tanto que já somos capazes de passar por entre as colunas de fumaça e mesmo saltar por cima das chaminés. O calor que sai das fontes serve também para aquecer nossas mãos, congeladas pelo frio da madrugada.
No meio de uma das colunas de vapor dos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Depois de muitas e muitas fotos e explorações, o sol já começa a nos esquentar um pouco. Mas o frio ainda é intenso e é preciso coragem para enfrentar o ar gelado, tirar os casacos e roupas e entrar na piscina de água quente que existe no local. Ainda mais que ela nem é tão quente assim, mas isso descobrimos tarde demais, hehehe. Só então entendemos porque todos os turistas corajosos se aglomeravam em apenas um lado da piscina, cada um buscando a mancha de água mais quente.
Banho aquecido na manhã gelada a mais de 4,3 mil metros de altitude nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Com o sol mais alto, os geisers se "acalmam" e as colunas de fumaça ficam mais baixas e tênues. É o sinal para ir embora. A volta para San Pedro foi bem mais tranquila, ajudado pela luz do dia e pela estrada mais longa, porém muito mais rápida. O resto do dia foi muito bem utilizado para recuperar o sono atrasado, tentar botar o trabalho em dia e comer, beber e socializar na medida certa. Nosso tempo por aqui está acabando e o próximo destino é o Salar de Uyuni, na Bolívia. Uma longa jornada de três dias que, dizem, é uma experiência inesquecível. Estamos loucos para conferir!
Visita aos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Portal para entrar na praça central de Bariloche, na Argentina
São Carlos de Bariloche, ou simplesmente Bariloche, é o sonho de consumo de dezenas de milhares de brasileiros. Aliás, não só o sonho, mas o destino de férias. A cidade com cerca de 125 mil habitantes aos pés da cordilheira dos Andes é a segunda cidade argentina mais visitada por brasileiros, atrás apenas da capital Buenos Aires. Quase todos eles atrás de frio, neve e a chance de esquiar. Nove em cada dez brasileiros visita a cidade durante o inverno e só a conhece branquinha de neve.
Bariloche, na Argentina, espremida entre as montanhass andinas e o lago Nahuel Huapi
Final de tarde, a praça central de Bariloche está vazia (Patagônia Andina, na Argentina)
Por isso é possível dizer que a cidade que visitamos hoje é desconhecida de quase todos os brasileiros: Bariloche na primavera! As estações de esqui já estão fechadas faz tempo e as ruas turísticas do centro da cidade estão vazias, mas nem por isso Bariloche deixa de ser interessante. Muito pelo contrário, a região oferece um sem número de possibilidades para aqueles que gostam de botar o pé na trilha, remar (ou mesmo nadar!) em lagos tranquilos ou rios cheios de corredeiras, cavalgar por bosques e montanhas, dirigir por estradas belíssimas ou comer em bons restaurantes. E para quem gosta mesmo de neve ou gelo, sempre se pode fazer um trekking até o alto do Cerro Tronador, eternamente coberto de branco.
Pinheiro, árvore típica em Bariloche, na patagônia andina na Argentina
O estranho nome “Bariloche” vem do termo “vuriloche”, que na língua mapuche quer dizer “povo de trás da montanha”. Ou seja, só pelo nome já podemos ter uma boa noção da história da região! “Mapuches” eram indígenas que viviam no que hoje é o Chile, do outro lado dos Andes, e migraram para a região de Bariloche já em tempos coloniais. Aqui, desocuparam os antigos habitantes que se referiam a eles como “vuriloche”, pois tinham vindo do outro lado dos Andes. Daí para algum europeu ouvir a palavra vuriloche e entender “bariloche” foi um pulinho!
Dia ensolarado na praça central de Bariloche, na Argentina
Torre do Relógio em Bariloche, na Argentina
Falando em europeus, eles só começaram a se estabelecer na região no início do séc. XX. Algum tempo depois chegava a primeira estrada de terra e logo depois, os primeiros visitantes ilustres, como o ex-presidente americano e grande explorador Theodore Roosevelt. Quem também viveu por aqui durante alguns anos, ainda antes da chegada da estrada, foram os famosos bandidos americanos Butch Cassidy e Sundance Kid (Paul Newman e Robert Redford, respectivamente, no clássico do cinema dos anos 70), mas tiveram de fugir para a Bolívia quando a polícia apertou o cerco. Por fim, com o lugar atraindo tanta gente conhecida assim, o governo argentino resolveu investir no turismo e, na década de 30, cria o Parque Nacional Nahuel Huapi, nos arredores da cidade, e remodela o centro de Bariloche, construindo os prédios históricos que hoje são o cartão postal daqui, como o Centro Cívico, a catedral e o hotel Llao Llao.
Visita ao club Andino para conseguir mapas e informações sobre trilhas na região de Bariloche, na patagônia andina na Argentina
Lago Nahuel Huapi, em frente a Bariloche, na Argentina
Finalmente, foi a vez das atividades de esqui se desenvolverem e logo o turismo passou a ser a principal atividade econômica da região. A pequena e tranquila Bariloche, que em 1970 ainda tinha uma população de apenas 25 mil habitantes, hoje multiplicou isso por cinco, transformando-se na maior cidade argentina no lado andino. Tornou-se referência mundial como centro de esqui, atraindo turistas de todo o mundo, mas principalmente chilenos e brasileiros. Não é a toa que os próprios argentinos chamam a cidade de “Brasiloche”.
Belo prédio no Centro Civico de Bariloche, na Argentina
Bom, esse apelido realmente serve para a temporada de inverno, mas não agora. Quase não vimos brasileiros nas ruas da cidade e os poucos turistas eram, na sua maioria, nacionais. Melhor assim, pois desse modo conhecemos uma Bariloche argentina. Chegamos ontem de tarde e não foi difícil encontrarmos um hotel com bons preços. Com a Fiona devidamente guardada na garagem, fomos conhecer o centro a pé. A cidade pode ter crescido, mas o centro continua do mesmo tamanho e é facilmente conhecido com duas ou três caminhadas. Charmoso e compacto, destoa bem dos bairros da periferia onde vive a maioria da população local em condições muito mais duras. Bariloche é conhecida por viver sob forte tensão social, um grande abismo social entre ricos e pobres. Deu para perceber isso através da janela da Fiona enquanto entrávamos na cidade.
Final de tarde, caminhando na orla de Bariloche, na patagônia andina na Argentina
A bela região de Bariloche, na patagônia andina na Argentina
Enfim, fomos passear pela praça central, pelo Centro Cívico e pela orla. A cidade está na beira de um enorme lago alimentado por águas de degelo, o Nahuel Huapi, águas limpas e frias. Difícil imaginar que uma enorme onda varreu esse lago causando destruição e morte na cidade em 1960. Mas foi o que aconteceu, reflexo de um enorme terremoto no vizinho Chile. Mas ontem, e hoje também, suas águas estavam plácidas, ideais para refletir a luz do entardecer ou para um passeio de catamarã. Outra cena típica que vimos no Centro Cívico foram as fotos de turistas com os cães São Bernardo, algo que já virou tradição para quem visita a cidade. Para quem quiser uma atividade mais “séria”, uma boa pedida é visitar aí mesmo, em um dos prédios históricos, o excelente Museu dos Povos Patagônicos. História, arte, cultura, costumes, está tudo ali, um pouquinho de tudo.
Turistas posam para foto com cachorro São Bernardo na praça central de Bariloche, na Argentina
Levando o São Bernardo para passear em Bariloche, na Argentina
Cervejaria Antares, em Bariloche, na Argentina
Depois da cultura, a alma! Fomos a uma das cervejarias artesanais da cidade que estão se multiplicando por aqui. Uma delícia, como pode-se perceber pelas fotos. E foi lá que, enfim, encontramos nossa amiga Rowan, a escocesa que também viajou para a Antártida no Sea Spirit e que, desde então, veio por terra desde Ushuaia até aqui, com duas ou três paradas. Ela chegou a Bariloche já no escuro, deixou suas coisas na pousada e veio nos encontrar. Vai ser nossa companheira nos próximos dias enquanto exploramos as belezas dessa região magnífica. Companheira de trilhas, aventuras e copo, já deu para perceber lá na cervejaria, hehehe.
Hora de uma cerveja gelada em Bariloche, na Argentina
Deliciosa cerveja artesanal em Bariloche, na Argentina
Um brinde ao reencontro com a Rowan, na Cervejaria Antares, em Bariloche, na Argentina
Depois da cervejaria ainda fomos jantar num delicioso restaurante. Mais tempo para conversar e nos conhecer melhor. No navio, a Rowan estava com seu namorado, um dos guias da expedição, e não tivemos muita chance de socializar. Por isso, foi meio estranho quando combinamos de viajar juntos por alguns dias aqui na Argentina. Mas bastou algumas horas de conversa para perceber que ela é mesmo da nossa turma e acho que vai ser bem legal a convivência.
Encontro com a Rowan, nossa companheira de viagem pelos próximos dias na região de Bariloche, na Argentina
Encontro com a Rowan, nossa companheira de viagem pelos próximos dias na região de Bariloche, na Argentina
Hoje cedo nos reunimos novamente para botar o pé na estrada. Antes, uma parada estratégica no Club Andino, organização que centraliza as informações sobre parques e trilhas na região de Bariloche. Com mapas na mão e muita conversa, montamos nosso roteiro para os próximos dias, uma verdadeira corrida para estarmos de volta à Bariloche no dia 4 de tarde para pegarmos nossos aviões, nós para o Brasil e ela para a Escócia, ambos via Buenos Aires. Planos feitos, não tínhamos mais um minuto a perder, pé na estrada!
Com a Rowan, no início da nossa viagem pela região de Bariloche (ao fundo!), na patagônia andina na Argentina
O Dave traz mais passageiros de volta ao Sea Spirit, depois de visita a Stromness, na Geórgia do Sul
Se alguém me dissesse, um mês atrás, que estava viajando de Stromness para Grytviken, eu iria imaginar que essa pessoa deveria estar em algum recanto da Dinamarca, Suécia ou Noruega, mas jamais na América do Sul! Pois é, vivendo e aprendendo... E olha que eu não estaria tão errado assim. Sim, os dois lugares ficam sim na América do Sul, mais precisamente, na pequena ilha chamada Geórgia do Sul. Uma ilha que pertence aos ingleses, mas que, na prática, foi colonizada por noruegueses! Bingo! Daí esses nomes nórdicos...
A antiga estação baleeira de Stromness, na Geórgia do Sul
O Dave traz mais passageiros de volta ao Sea Spirit, depois de visita a Stromness, na Geórgia do Sul
Nas primeiras décadas do séc. XX, o governo inglês vendeu licenças a várias companhias norueguesas para se instalarem na ilha e praticarem a pesca e processamento de baleias e focas. Essa foi a primeira ocupação efetiva dessa pequena ilha quase perdida no Atlântico Sul e, desde então, nomes noruegueses são comuns por lá, mesmo depois que as estações baleeiras foram fechadas em meados do século. E hoje, após repetir parte do caminho por terra de Shackleton até Stromness, nós embarcamos no Sea Spirit rumo a Grytviken, a “capital” da Geórgia do Sul.
Guindaste do Sea Spirit recolhe um zodiac no deck, em Stromness, na Geórgia do Sul
A água gelada e azul da baía de Stromness, na Geórgia do Sul
O tempo havia estado fechado durante toda a manhã, enquanto fazíamos nossa caminhada. Mas na hora de embarcarmos no Sea Spirit, já em Stromness, o sol apareceu, assim como o céu azul. Quase sem vento, as águas da baía de Stromness estavam paradas, formando um grande espelho natural que só era desmanchado pelo vaivém dos zodiacs que transportavam os passageiros de terra firme para o navio.
O Bart limpa suas botas antes de entrar no Sea Spirit, em Stromness, na Geórgia do Sul
Limpando os pés antes de entrar no Sea Spirit, em Grytviken, na Geórgia do Sul
Ao chegar no Sea Spirit, a rotina de sempre. Enquanto limpávamos e desinfetávamos nossas botas para poder entrar no interior do Sea Spirit, os marinheiros já nossos amigos se ocupavam em “guardar” os zodiacs no deck do navio. Faça frio, faça vento, faça neve, lá estão eles fazendo seu trabalho, sempre com a ajuda do guindaste do barco.
Os marinheiros do Sea Spirit que sempre nos auxiliam a entrar e sair dos zodiacs, em Stromness, na Geórgia do Sul
Navegando por um estreito canal perto de Stromness, na Geórgia do Sul
O Sea Spirit começou sua curta viagem de hoje e o almoço já estava servido para os famintos passageiros. Aproveitando o dia lindo que agora fazia, aproveitamos para comer do lado de fora, lá no deck superior, com direito à linda paisagem da ilha à nossa frente. Com o tempo limpo, quem apareceu o longe foi o Mount Paget, montanha mais alta da Geórgia do Sul. Com 2.935 metros de altura, realmente é uma montanha imponente, considerando que nós estávamos ao nível do mar. É como se fossem quatro Corcovados, um em cima do outro. Foi escalado pela primeira vez em 1964, por uma equipe militar britânica. É uma escalada técnica, com muito gelo e neve no caminho.
As mais altas montanhas da Geórgia do Sul, como o Mount Paget, na região de Stromness
As mais altas montanhas da Geórgia do Sul, como o Mount Paget, na região de Stromness
Depois do almoço e do Mount Paget ficar para trás, chegamos a baía de Grytviken, um punhado de casas espremidas entre o mar e montanhas majestosas. Essa é a tal “capital” da ilha, onde vivem poucas dezenas de pessoas de forma permanente e muitos pesquisadores durante o verão e primavera. Um pouco mais ao fundo, na mesma baía, as ruínas da antiga estação baleeira. Foi para lá que seguimos.
Navegando ao lado das mais altas montanhas da Geórgia do Sul, entre Stromness e Grytviken
Aproveitando o sol para almoçar ao ar livre no deck do Sea Spirit, saindo de Stromness, na Geórgia do Sul
O primeiro programa foi visitarmos o cemitério para prestar nossas homenagens ao mais ilustre “hóspede” do local, Sir Ernest Shackleton. Vou falar disso no próximo post. Depois do cemitério, fomos caminhar pelas ruínas e alguns poucos prédios restaurados ou conservados.
Chegando a Grytviken, na Geórgia do Sul
Tarde de sol em Grytviken, na Geórgia do Sul
Entre eles, destaca-se a bela igreja que já é centenária. Carl Larsen, o fundador do posto baleeiro mandou fazê-la lá na Noruega e trazê-la para cá. Imaginou que um pouco de religiosidade serviria para aplacar os ânimos de tantos homens vivendo juntos por tanto tempo em espaço tão pequeno e longe de suas mulheres e famílias. Eram poucos os que tinham o privilégio de trazer suas esposas e filhos para cá. Então, trouxeram a igreja que é o principal cartão postal da cidade.
A bela igreja construída pelos noruegueses em Grytviken, na Geórgia do Sul (foto de Brian Myers)
Visitando a igreja norueguesa em Grytviken, na Geórgia do Sul
A bela igreja construída por baleeiros noruegueses em Grytviken, na Geórgia do Sul
Além da igreja, um pequeno museu e correio, que só abre quando chegam os navios com turistas. Receber uma correspondência da Geórgia do Sul não é para qualquer um! O museu conta a história e mostra artefatos da exploração baleeira da ilha e da breve ocupação argentina durante a Guerra das Malvinas. Mesmo para quem não admira a caça de baleias, é sempre interessante ver as fotos terríveis e ficar certo que aquilo realmente acontecia.
Interior da igreja norueguesa em Grytviken, na Geórgia do Sul
O museu e o correio de Grytviken, na Geórgia do Sul
Felizmente, não acontece mais e hoje a paz reinava nesse lado esquecido do mundo. Elefantes-marinho dormiam na praia, pinguins passeavam ao lado de um antigo barco baleeiro encalhado, turistas caminhavam entre ruínas de uma antiga fábrica e a tarde se punha sobre um oceano de águas azuis. Era a hora de voltarmos a bordo porque o dia de amanhã também será longo, com direito a mais desembarques, caiaque, pinguins e elefantes. Sem contar o jantar com um prato especial: rena assada. Isso mesmo... renas, daquelas que puxam o carro do Papai Noel. Assunto para os próximos post, depois de falar da epopeia de Shackleton.
O sol de fim de tarde esquenta o Sea Spirit ao lado de Grytviken, na Geórgia do Sul
Vista do alto da serra de Mauá - RJ
Deixamos Mauá hoje cedo rumo ao Parque Nacional de Itatiaia. Nosso objetivo: a mais famosa montanha do Brasil, o Pico das Agulhas Negras.
Ainda em Maringá tentamos encontrar uma Lan House, mas estava fechada. No caminho até a Dutra passamos pela charmosa Visconde de Mauá, a mais tradicional das vilas da região. Apesar do charme, a Lan House também estava fechada. Pelo menos o caixa eletrônico estava aberto e eu pude me "reabastecer".
Igreja em Mauá - RJ
Pouco antes de chegar na Dutra entramos em Penedo para nova tentativa frustrada de internet. Muito cedo ainda. Não podíamos esperar muito porque era nossa intenção chegar até o parque e subir a montanha ainda hoje.
Assim, aceleramos montanha acima, pelo menos na parte que deu. Quando chegamos no trecho de terra, mesmo de Fiona era preciso andar bem devagar. A estrada está em péssimas condições. Com muita paciência, chegamos ao hotel Alsenne, o mais alto do Brasil, a quase 2.400 metros de altitude. Bem... era o mais alto. Está embargado pelos órgãos ambientais.
Mesmo sem lugar para pousar, seguimos até o Parque, 2 km adiante. Só para sermos barrados. Desde 2008 é obrigatório a presença de um guia cadastrado ou então ter equipamento de alpinismo (como corda e cadeirinha). Não adiantou nada eu argumentar que já conhecia a trilha e que nunca tinha usado nenhum equipamento. O simpático guarda lá em cima me disse que, mesmo que eu tivesse o equipamento, para subir as Agulhas Negras era preciso chegar no parque até às 10 da manhã. Me dei por vencido.
Tentando acessar a internet a 2.500 m de altitude em Itatiaia - RJ
O guarda nos arrumou o telefone de um guia e nos disse que a Pousada dos Lobos, a 1.800 metros de altitude estava aberta. Aproveitamos o parco sinal de celular lá de cima e conseguimos falar com o guia e combinar com ele de subirmos o pico amanhã. Por coincidência, ele nos disse que já havia dois casais na mesma pousada com esse programa agendado. Acertado isso e animados com o sinal do celular, até tentamos usar a internet lá de cima. Mal deu para o começo, mas foi uma bela tentativa!
Pousada dos Lobos em Itatiaia - RJ
Seguimos para a Pousada dos Lobos e foi uma grata surpresa ver como ela é jóia. Muito arrumada e charmosa, ela também chegou a ser embargada pelo ICMBio. Basicamente, esses caras são muito chatos e querem expulsar todo mundo da área. gente que já vivia lá muito antes do parque ser criado na década de 50. Vamos proteger o meio ambiente, mas sem exageros ou nazismo!
Pôr-do-sol na Pousada dos Lobos em Itatiaia - RJ
O Marcelo, dono da Pousada dos Lobos, conseguiu uma liminar para reabrir sua bela pousada, mas parece que a luta tem sido desgastante já que a pousada está a venda. É uma pena pois, como disse, ela é muito jóia e nos pareceu completamente ecologicamente correta.
Bom, muito bem instalados na pousada, ficamos amigos da Isabela e do Alex, sulistas que hoje vivem no Guarujá e do Irecê e da Miriam, curitibanos que nos conheciam da Gazeta do Povo. Estamos ficando famosos!!!
Amanhã, junto com o simpático Anderson, nosso guia, vamos todos subir as Agulhas Negras. Mas antes, uma deliciosa noite com lareira no quarto!
Lareira no quarto da Pousada dos Lobos na região de Itatiaia - RJ
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