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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Willemstad, em Curaçao
Depois da festa de ontem, quando voltamos para nosso hotel muito tarde (ou bem cedo...), resolvemos inverter nossa programação na ilha. Ao invés de explorá-la de carro hoje e deixarmos o passeio à pé por Willemstad para amanhã, ficou muito mais razoável fazer o contrário. Afinal, não seria possível começar nosso dia antes das 11 da manhã...
A ponte Rainha Juliana, em Willemstad - Curaçao
Assim, dormimos mais sossegados e saímos à tirar fotos do centro histórico. Willemstad tem um dos melhores portos naturais do Caribe e os holandeses souberam se aproveitar disso. A cidade foi transformada num grande centro comercial, ainda no início do século XVIII. Como a principal mercadoria dessa época eram os escravos, era o seu comércio que movimentava a economia da ilha. Por muito tempo, mais da metade dos escravos destinados à todo o Caribe passavam por aqui.
Caminhando nas ruas de Punda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Talvez por isso que na cidade encontramos um dos melhores e mais completos museus sobre a escravatura, o Kura Hulanda. Além de museu, também é um charmoso hotel e restaurante. Um grande complexo fruto da revitalização de uma área histórica que se encontrava degradada. Para aí fomos caminhando, curiosos com o famoso museu.
Escultura com a forma da África, no museu Kura Hulanda, em Otrabanda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Ele mostra como os escravos eram arrancados da África e trazidos para a América em viagens em que até 30% da "carga" morria antes de chegar ao destino. Como esse comércio milionário movimentou a economia mundial por quase três séculos. Como era a duríssima vida desses homens aqui, principalmente no Caribe e no Suriname, também colônia holandesa. Há também uma grande sessão sobre o Brasil, o último país do hemisfério a abolir a escravidão. Aliás, o Brasil de hoje é definido na exposição como um "país africano". Acho que ele não deve conhecer Blumenau, hehehe
Exposição sobre a escravidão no museu Kura Hulanda, em Otrabanda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Outra sessão que achei interessantíssima foi sobre uma página da história que quase não conhecemos: a escravidão de europeus cristãos por mulçumanos do norte da África. Para minha surpresa, fiquei sabendo que, entre 1500 e 1800, mais de um milhão de europeus foram escravizados, principalmente espanhóis e italianos, mas também franceses, ingleses, portugueses, irlandeses a até islandeses que eram forçados a trabalhar sob chicote em cidades como Tunis, Tripoli e Algiers ou nas temidas galés, como remadores.
Exposição sobre a escravidão no museu Kura Hulanda, em Otrabanda, bairro de Willemstad, em Curaçao
Os escravos vinham não só de batalhas navais no mediterrâneo, mas também de ataques à terra que os corsários mulçumanos faziam na costa desses países europeus. O perigo era tão grande que o litoral desses países ficou despopulado. Os corsários invadiam alguma vila e levavam milhares ao mesmo tempo, acabando com a população local. A mulherada seguia para os haréns e os homens para as galés e construções. Para se ter uma idéia, até meados do século XVII, esse tráfico de escravos europeus para a África do Norte era maior que o tráfico de escravos negros pelo Atlântico para a América. E isso numa época em que eu sempre achei que os europeus já dominavam o mundo. É, vivendo e aprendendo...
A ponte flutuante para pedestres, Rainha Emma, ligando Punda a Otrobanda, em Willemstad - Curaçao
Bom, só para completar a história, a partir de 1650 o tráfico de escravos negros ganhou "força" e, ao final de três séculos de escravidão, já era 10 vezes maior que o tráfico de escravos brancos. Esse continuou até o início do século XIX e só terminou de vez com a conquista francesa dessas "repúblicas piratas". Antes disso, até americanos foram parar nas "senzalas" de lá. Não foi à tôa que a primeira investida internacional do Tio Sam foram expedições punitivas contras esses países, no início do séc XIX.
Visitando o local onde viveu Simon Bolivar, em Willemstad - Curaçao
Bom, depois de tanta história de escravos, mudamos de foco para liberdade. Caminhamos até onde viveu exilado o maior libertador da América do Sul, Simon Bolívar. Depois de fracassar na sua primeira tentativa na Venezuela, ele passou um tempo aqui em Curaçao, com uma bela vista para o porto, tramando seu retorno à antiga pátria. A casa onde viveu não existe mais, mas a vista que lhe inspirava a escrever belos manifestos continua lá, muito parecida com o que era há duzentos anos.
Mapa de Willemstad, em Curaçao
Isso tudo, o museu e a antiga casa de Bolívar ficam em Otrabanda, um bairro histórico localizado do outro lado do canal, em frente a Punda, o "centro" de Willemstad. Esses são os dois bairros mais interessantes da cidade e são facilmente percorridos à pé. Para ir de um lado à outro, há duas pontes: a Rainha Juliana, para carros, bem alta, para que os navios possam passar sob ela, e a Rainha Emma, para pedestres. Essa é flutuante e sempre que um barco quer passar entre o porto e o mar, ela "se abre". As mais belas vistas da cidade, onde os turistas se aglomeram, são exatamente de cima dela, de onde se pode observar e admirar o lindo casario beira-mar de Punda, a Amsterdam do Caribe. Aí passamos nosso fim de tarde, observando o trânsito de barcos e de turistas sobre a ponte e a charmosa cidade por detrás. A prova de que o Caribe é muito mais do que praias bonitas...
Punda, região de Willemstad, em Curaçao
Boa tarde!
Tudo bem?
Lindas são estas viagens que vocês estão fazendo.
Gostaria da dica onde vocês ficaram em Curaçao.
É um lugar muito caro para viajar em relação a comidas, etc???
Existem pousadas econômicas?
Obrigada.
Luciana
Resposta:
Oi Luciana
Ficamos em um hotel no centro. O país não é caro não, comparado com o Brasil. O centro histórico é lindo e as praias são magníficas
Lá não tem pousada, só hotel. Caros e baratos, depende da localização. Comida tb, vai depender do que vc quer comer, em restaurantes ou na rua e em mercados. Sempre é possível achar algo mais barato. Táxis são bem caros, mas os ônibus não.
Enfim, com jeitinho, dá para fazer uma viagem econômica sim!
Abs
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