0
Arquitetura Bichos cachoeira Caverna cidade Estrada história Lago Mergulho Montanha Parque Patagônia Praia trilha vulcão
Alaska Anguila Antártida Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Falkland Galápagos Geórgia Do Sul Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Islândia Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Uruguai Venezuela
Tassiane (06/11)
A Editora Positivo esta em vias de aprovar um livro didático de Física ...
Gutenberg Lira (05/11)
olá, Tenho muita vontade de ir um dia a esse arquipélago. Suas fotos f...
mabel (05/11)
xHide (05/11)
Luana (05/11)
Achei muito legal, vi várias postagens de vocês e achei incrível a av...
Lanche na casa do Maurício e Oscar em Newark - Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Ontem no final do dia, depois de enfrentar a hora do rush na saída de Washington (quase todo mundo que trabalha lá mora nos estados vizinhos!) e cruzarmos o estado de Maryland e sua movimentada cidade portuária, Baltimore, chegamos ao Delaware. “Dela-onde?” – eu perguntaria – “Dela-ware!” – responderia a Ana, na piadinha mais repetida nos próximos dois dias...
O Oscar nos recebe em sua casa em Newark, no Delaware, nos Estados Unidos
Churrasco preparado pelo Maurício e o Oscar para nos receber em sua casa em Newark, no Delaware, nos Estados Unidos
Estava escuro quando a Fiona finalmente nos levou ao nosso endereço-destino, na cidade de Newark, norte do estado, onde fica a casa dos brasileiros Maurício e Oscar. Foram os dois os “responsáveis” para acharmos alguns dias na nossa corrida programação para ficarmos aqui no Delaware, o penúltimo menor estado dos Estados Unidos, logo após Rhode Island. Mas, agora, depois de mais de 24 horas por aqui, posso afirmar que valeu muito a pena ter vindo conhecer um pouco do “Dela-onde”! Principalmente quando se pode contar com a hospitalidade do dois e também ter o Oscar como guia para um passeio pelas redondezas!
Na Fiona com o Oscar, pelas estradas do Delaware - Estados Unidos
Conhecemos os dois há pouco tempo, de novo através dessa maravilhosa ferramenta chamada internet. Eles tem um delicioso blog de viagens, o mauoscar.com, contando suas peripécias pelos Estados Unidos, Brasil, Europa e Sudeste da Ásia, locais em que já moraram. O Maurício trabalha no HSBC e, de tempos em tempos, o banco “muda” o endereço deles. Melhor para nós, que podemos acompanhar tudo pelos relatos nos posts, uma excelente fonte de informações para quem vai viajar por Cingapura, Seattle ou Serra Catarinense, entre outros.
Bela paisagem na região de Newark, em Delaware - Estados Unidos
Pois bem, o Mauricio e o Oscar nos esperavam em sua casa, já meio preocupados com o atrasado da hora. Eles nos receberam com um saboroso churrasco, algo para nos fazer sentir mais perto do Brasil. Jantar acompanhado de vinho e muitas conversas sobre experiências de viagens, claro!
Área rural em Newark, em Delaware - Estados Unidos
Casa enfeitada para o Memorial day, na região de Newark, em Delaware - Estados Unidos
Hoje a programação já foi mais extensa. O Maurício ficou trabalhando em casa (está com uma fratura no pé) enquanto o Oscar, a bordo da Fiona, nos levou para passear pela região. Passamos por um parque, pela bela paisagem rural do norte do Delaware e fomos conhecer as “Pontes de Madison” daqui.
Uma das pontes cobertas históricas na região de Newark, no Delaware - Estados Unidos
Visitando as "Pontes de Madison", na região de Newark, em Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Para quem não conhece o delicioso filme, trata-se de um romance entre Mary Streep e Clinton Eastwood. Ele é fotógrafo da National Geographic e vai para Madison, em Iowa, fazer uma reportagem sobre as famosas pontes rurais da cidade. Pois bem, aqui no Delaware, também há “Pontes de Madison”! São construções de quase dois séculos cuja principal característica é o fato de serem cobertas. Geralmente, estão em locais bem bucólicos, cruzando algum rio o canal no meio do campo ou de uma floresta, cenários perfeitos para fotografias. Pena que não temos a classe do Clinton Eastwood... O Oscar logo nos ensinou porque elas são cobertas: “É para proteger a madeira do piso da chuva. Com isso, a ponte dura mais tempo.” Protegem, mas não fazem milagres por tantos séculos. Assim, hoje elas são restauradas, reformadas ou refeitas, tudo para manter esse belo patrimônio arquitetônico!
Visitando as "Pontes de Madison", na região de Newark, em Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
"Pontes de Madison" na região de Newark, em Delaware - Estados Unidos
Depois das pontes, seguimos para fronteira com a Pennsylvania, para o principal programa do dia: um passeio pelo parque de Longwood Gardens, o mais belo Jardim Botânico do país. E quem se juntou conosco nesse passeio foram as amigas Cláudia e Tete, que vieram de Washington para esse “encontro de blogueiros”. A Cláudia trouxe sua mãe, em visita ao país e, claro, o pequeno Dylan, o famoso Aprendiz de Viajante.
O grupo de blogueiros que visitou o Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Apesar do Oscar, já com um sentimento meio patriótico, dizer que o parque deveria ser considerado do Delaware, ele fica mesmo é na Pennsylvania. A área pertenceu por algumas gerações, a partir do início do séc XIX, à família Peirce. Eles usavam a área como fazenda, mas também destinaram uma boa parte da propriedade para um “arboreum”. Ao longo de duas gerações, constituíram uma das maiores coleções de árvores de todo o país, ganhando fama e visitantes de todos os lados. Mas, infelizmente, a geração seguinte não era assim, tão “talentosa”. Vendeu toda a área a o novo comprador tinha planos “ambiciosos” para o arboreum: transformar tudo em lenha.
Os cuidados jardins de Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Foi quando apareceu uma outra personagem, Pierre du Pont. Ele era um dos muitos netos e descendentes do primeiro du Pont à chegar aos Estados Unidos, fugido da Revolução Francesa. Aqui, criou uma bem sucedida empresa de fabricação de pólvora. Na terceira geração da família, Pierre logo se destacou, chegando ao comando da empresa, diversificando sua atuação e tornando-a uma das maiores corporações mundiais, especialmente na área química. Seu sucesso nos negócio era tão grande que também foi chamado a ser CEO da General Motors. Enfim, Pierre era um dos mais ricos e poderosos homens do seu tempo.
Uma das muitas fontes no Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
caminhando pelo Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Pois bem, além de homem de negócios, também era amante da natureza. Quando soube do triste fim reservado à fazenda Longwood, tratou de comprá-la do novo proprietário, além de pagar-lhe pelo preço da “lenha”. A propriedade passou a ser uma de suas maiores paixões ao longo da vida. Ele criou um Jardim Botânico, usou as maiores tecnologias da época para construir uma enorme estufa e abriu a propriedade para visitações.
Com a Tete e o Oscar no Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
fotografando flores no Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Foi o fruto desse trabalho e dessa paixão que fomos visitar hoje: o mais incrível Jardim Botânico dos Estados Unidos. A propriedade é cheia de campos, bosques, caminhos bucólicos, lagos e fontes. É famosa também pelos seus shows de luzes a águas, atraindo milhares de visitantes em dias de celebrações. Conforme as estações do ano, são feitas exposições de flores, os jardins são renovados e novas atrações são criadas.
Uma das muitas fontes em Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Mas para mim, sem dúvida, no meio de tanta coisa bonita, o que mais chama a atenção é a magnífica estufa, um verdadeiro universo sobre vidros onde se pode ver a apreciar flores dos quatro cantos do mundo. Trato dela no próximo post...
Clima romântico na entrada do Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Muito gostoso também foi a convivência com o Oscar, Cláudia e Tete. Era engraçado ver, todos com suas máquinas fotográficas, tirando fotos dos locais em que passávamos. Fiquei com uma vontade danada de ler os respectivos posts desse dia no blog de cada um desses blogueiros.
todos fotografando ao mesmo tempo, em visita ao Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Hora da despedida na casa do Marício e Oscar, em Newark - Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Mostrando o mapa dos 1000dias ao Aprendiz de Viajante, em Newark, no Delaware - Estados Unidos
No final do dia, ainda deu tempo de irmos todos para a cada do Oscar, de volta à Delaware, reencontrar o Maurício e comer um lanche na casa deles. A Cláudia, sua mãe e Tete voltaram para Washington e nós fomos jantar fora. Um jantar de “até logo”, e não de despedidas, pois pretendemos nos ver em breve, em Philadelphia. Vamos passar um dia por lá, na primeira capital dos Estados Unidos, assim que voltamos do Caribe. E nossa ideia é encontrar nossos amigos de “Dela-onde” por lá!
Jantar de despedidas com o Maurício e Oscar, em Newark, no Delaware - Estados Unidos
Cenário perfeito para pescar! (Praia de Carneiros, em Tamandaré - PE)
Fazia muito tempo que eu ouvia falar bem nesta praia do litoral sul pernambucano, quase fronteira com Alagoas: a Praia dos Carneiros. Finalmente tive a chance de conhecê-la e ela, com certeza, faz jus aos elogios.
Chuva na Praia de Carneiros, em Tamandaré - PE
O tempo esteve meio chuvoso hoje. Na verdade, alternando períodos de chuva com sol. Pois não é que as nuvens carregadas emprestaram um outra beleza à praia? O contraste do cinza das nuvens pesadas com o verde esmeralda do mar ficou lindo!
Praia de Carneiros, em Tamandaré - PE
Já quando o sol saiu, foram as areias brancas que chamaram a atenção. Eu a Ana caminhamos da nossa pousada, a Pousada do Farol, até a boca do rio maravilhados com a beleza do lugar. A praia estava relativamente vazia, com exceção da piscina natural que estava concorridíssima. Catamarans vindos de Porto de Galinhas abarrotaram o local com turistas, todos com suas fitinhas no pulso.
Piscina nos corais bem concorrida, na Praia de Carneiros, em Tamandaré - PE
Assim, a gente só deu uma olhada rápida por ali e fomos para uma pequena ilha formada na maré baixa entre o rio e o mar. Na sua rápida e diária existência, ela foi uma gostosa base para que nos refrescássemos nas águas que subiam rio adentro.
Ilha entre o rio e o mar na Praia de Carneiros, em Tamandaré - PE
Depois, mais uma parada no mar esmeralda e corremos para a pousada para um último banho de piscina. Vidinha bem difícil.
Nossa pousada em Carneiros, a Pousada do Farol, em Tamandaré - PE
Por fim, partimos rumo ao sul e chegamos às Alagoas, nosso décimo quarto estado no Brasil. Viemos para Maragogi e amanhã vamos conhecer as piscinas naturais daqui, chamadas de "Galés", seis quilômetros mar adentro.
Divisa de estado entre Pernambuco e Alagoas, chegando em Maragogi
Aqui na nossa pousada, conhecemos um incrível casal de croatas imigrados, o Alexandre e a Olga. Ele é de 1932 e é um amante das viagens. Já há 40 anos, viajou de Fusca de São Paulo para Fortaleza! Disse-me que nesse tempo, o trecho entre Recife e a capital cearense era de terra! Foi para Bariloche também, com o mesmo carro. Agora, estão indo de carro para Natal para... passar o natal por lá! Inspiradores!!! Amanhã vão com a gente para as Galés e aí terei fotos para mostrar...
Vista de final de tarde da nossa pousada em Maragogi
Depois de alguns poucos minutos na praia, a desagradável surpresa, ao reencontrar a Fiona com os vidros arrombados, em Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
Voltamos para a Fiona ainda saboreando aqueles momentos mágicos do pôr-do-sol na praia de Totoralillo, o céu pintado de tons avermelhados, quase roxos. Mas fomos despertados do nosso torpor de forma abrupta, quase rude. Uma estranha borracha estava do lado do nosso carro, em um lugar onde antes não havia nada. Foram uns poucos segundos de estranhamento, que pareceram durar uma eternidade, como se o tempo tivesse parado. De repente, BUM!, a realidade desabou sobre nossas cabeças: tinham quebrado o vidro da Fiona.
Depois de alguns poucos minutos na praia, a desagradável surpresa, ao reencontrar a Fiona com os vidros arrombados, em Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
Um vidro não, dois deles, abrindo acesso tanto ao bagageiro como à cabine. Por algum tempo, ainda tentamos acreditar que era uma miragem. Não era. Ainda inebriados pela triste descoberta, olhamos para dentro do carro arrombado, tentando lembrar o que estava lá e já não mais estava. Uma mochila com nosso equipamento de camping. Uma pequena mochila com nossa querida Lumix, a máquina fotográfica mais simples e prática. Também na mochila nossa máquina para fotografias subaquáticas. Com elas, algumas belas fotos que havíamos tirado na última semana e que se perderiam para sempre. Lembranças roubadas. Meu óculos de sol, que havia me acompanhado por tantas praias e montanhas. A carteira da Ana, com documentos e dinheiro. A cada nova descoberta, um novo suspiro.
Depois de alguns poucos minutos na praia, a desagradável surpresa, ao reencontrar a Fiona com os vidros arrombados, em Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
Pessoas se aproximam de nós. Se compadecem conosco. Falam mal do próprio país, assim como brasileiros gostam de falar mal do Brasil. Dizem que os vidros já estavam quebrados há meia hora. Aparentemente, o roubo foi logo após deixarmos o carro. Forçamos a memória e já temos nossos suspeitos. Pessoas que ali estavam, caras de poucos amigos, quando descemos do carro. Lançamos nossas maldições, procuramos por algo ali por perto, mas nada desfaz nossa tristeza.
Depois de alguns poucos minutos na praia, a desagradável surpresa, ao reencontrar a Fiona com os vidros arrombados, em Totoralillo, na região de La Serena, no Chile
Logo aparecem os pensamentos reconfortadores: melhor o carro do que nós, que estamos bem; que milagre a Ana ter descarregado o carro na noite anterior, senão o prejuízo teria sido bem maior; ainda bem que tínhamos a Nikon e os passaportes conosco. Os pensamentos ajudam, sim. Mas não são o suficiente. Logo aparecem outros: porque viemos para essa praia? Porque deixamos essas coisas no carro? Porque esses idiotas estavam aqui? Porque isso tinha de acontecer?
A Fiona já está de vidros novos, colocados em vidraçaria em La Serena, no Chile
Dali seguimos para a polícia, guiados por uma gentil família que ali estava. Melhor fazer um BO. No dia seguinte, hoje, um sábado, o trabalho foi achar uma vidraçaria. Até o meio da tarde, a pobre Fiona estava reparada. Mas os vidros novos sem película, destoando dos antigos, mais escuros, seriam sempre um lembrete do que havia acontecido. Nas semanas seguintes, em diversas ocasiões nos lembramos de algo mais que havia sido roubado, perdido para sempre. Objetos sem muito valo financeiro, mas com grande valor sentimental, lembranças de passagens maravilhosas por essa longa América. A cada nova descoberta, uma nova pontada. Mas o tempo há de curar isso. Ele cura tudo. As boas lembranças são infinitamente maiores e intensas que as más. Uma experiência a mais no nosso currículo. Uma que não precisaríamos nem desejávamos ter. Tivemos. Três anos passando incólumes por tantos lugares haviam nos deixado com uma sensação de invencibilidade. Algo se quebrou. E não foram apenas os vidros. Quebrou-se um encanto. Olhos abertos daqui para frente...
No alto do Morro do Pai Inácio, próximo à Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Subir o Pai Inácio é programa obrigatório para quem visita Lençóis. De lá se tem a vista mais famosa da Chapada Diamantina. Pode-se ir de carro até o pé do morro, que fica a uns 30 km da cidade. De lá, são uns 20 min de caminhada. O melhor horário é no fim da tarde quando a luz (e as sombras!) torna a paisagem ainda mais bela. No início da trilha há uma portaria. Um guia sempre nos acompanha, mas o pagamento é feito através de doações voluntárias.
No alto do Morro do Pai Inácio, próximo à Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Lá em cima, ficamos amigos do pessoal da filmagem e também do Samuca, guia da Chapada. Uma figuraça! Até gravamos um depoimento dele que ficou muito bom. Logo estará no ar. Outro depoimento foi do "Negão", um dos guias do Pai Inácio. Ele nos contou e representou a Lenda do Pai Inácio, um escravo alforriado (ou não?) do séc XIX. Foi muito legal! Outro vídeo que logo estará no ar...
Na entrada da Gruta da Pratinha e seu lago de águas cristalinas, próximo à Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
A Pratinha é uma paisagem que nossos olhos custam a acreditar. Depois de tanta água vermelha, encontrar aquele lago azul transparente é surreal. Absolutamente maravilhoso. Tanto por cima como por baixo d'água, com sua vsibilidade de se perder de vista. Deve ser visitada fora de feriados e fins de semana quando fica abarrotada. Nos outros dias, é um colírio para os olhos. A parte da gruta, então, só pode ser definido como "mágico". Como é que a natureza pôde ser tão caprichosa?
Formação dentro da gruta da Lapa Doce, próximo à Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Por fim, a Lapa Doce também é uma visita obrigatória. Uma trilha de fácil acesso leva a sua boca, que é enorme. Assim como todo o túnel que está aberto à visitação. As formações são incríveis e o nosso guia (é obrigatório o acompanhamento!), o Raimundo, nos deu uma verdadeira aula sobre a caverna. Entre as formações mais ncríveis estão os travertinos e suas piscinas em andares, o "Anjo", o "Seio" e o "Dinossauro", em tamanho natural!!! Esse foi a que eu achei mais incrível!
Formação do Dinossauro, dentro da Lapa Doce, próximo à Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Na saída, fomos presenteados com o nascimento da lua cheia, sempre um espetáculo, principalmente quando estamos longe das luzes das cidades grandes. Depois, tivemos uma longa e agradável conversa com a proprietária das terras onde a Lapa Doce está. É a Ana Rita, meio desanimada com as complicações e altos custos do Ibama e saudosa do marido, falecido, que faria aniversário hoje. Este homem sempre esteve à frente do seu tempo e há muito tempo tinha noções de preservação e convívio com a natureza (principalmente as cavernas) que só hoje estão sendo aceitas pela sociedade. Hoje, ele ganhou mais dois fãs!
Dentro da gruta Lapa Doce, próximo à Lençóis, na Chapada Diamantina - BA
Show da orca
Após acordarmos mais tarde que o usual, voltamos à tarefa de colocar todas as coisas em dia. De pouco em pouco, chegamos lá. Depois, fomos relaxar na piscina do condomínio, aproveitando a bela vista da praia e do mar esmeralda. Aproveitamos para lanchar por lá e nos divertir com uma piscina tão gostosa, cheia de regras e informações. Faça isso, não faça aquilo, proibido isso e aquilo, cuidado com aquilo e isso. Rules, rules, rules. Por isso que o país é tão bem organizado. Mas também é por isso que eles não tem o jogo de cintura dos brasileiros, principalmente para situações imprevistas. Rules, rules, rules... tem suas vantagens e suas desvantagens...
De tarde, no carro do Marcelo, fomos ao Seaquarium, aqui pertinho. Assistimos a shows de golfinhos, leões marinhos e de uma Orca. Típíco programa americano, que eu só conhecia por TV. Foi legal rever o Flipper, aquele golfinho da série de TV dos anos 60-70. Será que é ele mesmo? Quantos anos vive um golfinho? Mesmo na dúvida, prestei minhas reverências.
Show de golfinhos
Não sei quanto vive um golfinho, mas um manatee (parente do peixe-boi) vive bastante. Tem um no aquário desde 1959!!! Ô lôco! É bem interessante ver todos esses bichos, mas dá uma pena danada de ver eles presos. principalmente por tanto tempo. Por maiores que sejam as piscinas e os tanques, para eles é muito pequeno, com certeza. Principalmente por tanto tempo.
A última atração foi o show da Orca. Que animal maravilhoso! Depois da tragédia em Orlando, quando uma delas liquidou com sua treinadora, tenho certeza que a popularidade desses shows aumentou bastante. Mas, incrível, pelo menos para mim esses animais continuam sem meter medo. Não pensaria duas vezes em pular no tanque, se deixassem. Parecem tão inteligentes e pacíficos. Bom, nem tanto...
É muito interessante ver as performances dos animais mas, ao mesmo tempo, vê-los sendo alimentados a cada truque me parece bem estranho. Eles estão sendo nitidamente comprados, ou subornados. Ou pior, chantegeados. Algo aí fere a minha dignidade. Mas não a dos animais. Exceto, talvez, daquela Orca de Orlando. Por falar na Orca, haja peixe para recompensá-la. Parece que ela ouvia esses meus pensamentos profundos, durante o seu show. E assim, talvez para me acordar dos meus devaneios, bem no finalzinho, ela deu uma salto estratégico que deixou eu e a Ana encharcados em água gelada e salgada, para alegria do resto da plateia. E da Orca também, que ainda deu um sorriso maroto para nós. Isso, ninguém viu, só eu, ainda num instante final antes de despertar de forma tão abrupta pela água gelada.
Show dos leões marinhos
Faço uma homenagem ainda às treinadoras que tão diligentemente interagem com esses gigantes, ao mesmo tempo aproveitando a sua sorte e arriscando suas vidas. Parece que fazem aquilo que mais gostam: curtir esse animais incríveis e inteligentes.
Mergulhando em meio aos raios de luz que penetram no Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
No aniversário da Ana em setembro de 2009, o último passado em Curitiba antes de sairmos na viagem dos 1000dias, o meu presente para ela foi um curso de mergulho em cavernas. Nós dois já tínhamos cursos de mergulho avançado em águas abertas e também de mergulho técnico, para poder fazer mergulhos profundos e com descompressão, mas faltavam as técnicas e conhecimentos específicos para entrarmos em uma caverna, ambiente completamente diferente do mar ou de um lago, onda não já um teto entre nós e a superfície, uma barreira intransponível entre nossos pulmões e a atmosfera salvadora.
Tanques cheios para os nossos mergulhos no cenote Dos Ojos, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Montando nosso equipamento para mergulhar no cenote Dos Ojos, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Ao averiguar sobre o curso, foi quando descobrimos que ele é dado em três módulos, ou etapas. O primeiro, chamado de “cavern”, nos habilita a mergulhar sob o teto de uma caverna, mas sempre na chamada “área de luz”, onde a luminosidade natural ainda nos alcança. O segundo módulo, chamado de “Intro to Cave”, já nos permite ir muito mais longe, dentro da parte escura da caverna, mas sempre próximos do cabo guia principal. Não podemos fazer os chamados “jumps”, quando saímos do cabo principal e passamos a acompanhar algum cabo secundário, para entrar nos túneis menores das cavernas. Além disso, só podemos seguir caverna adentro até que 1/6 do nosso ar se esgote. A partir daí, temos de iniciar o retorno.
Placa de avisos no Cenote Jardin del Eden, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Placa de advertência no cenote Car Wash, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Foram esses dois módulos que fizemos lá em Curitiba, na excelente Acquanauta. Os mergulhos de batismo foram feitos não numa caverna, mas em uma antiga mina de Ouro, lá em Mariana, nas Minas Gerais. Isso porque, apesar de termos lindas cavernas alagadas no Brasil, como na região de Bonito, no Mato Grosso do Sul, e na Chapada Diamantina, na Bahia, o mergulho em cavernas naturais no Brasil está proibido. Pelo menos até que os donos das áreas onde estão essas cavernas realizem o caro estudo de Impacto Ambiental. Como eles não veem retorno nesse tipo de investimento, com raras exceções de pesquisa, ninguém pode fazer esse tipo de mergulho no Brasil. A mina de Mariana, classificada como uma “caverna artificial”, escapa dessa legislação e serve como laboratório para todos os mergulhadores “caverneiros” do Brasil.
O Luis descarrega os tanques no cenote Car Wash, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Montando tanques para mergulhar no cenote Pet Cementery, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Desde que começamos nossa viagem, duas vezes pudemos praticar nossas habilidades. A primeira foi na própria Mina da Passagem, quando voltamos à Mariana, e a segunda foi nas cavernas da Flórida, guiados pelo nosso amigo Tony Flaris. Foi nessas cavernas que se desenvolveram todos os procedimentos, técnivas e equipamentos desse tipo de mergulho, considerado a “Fórmula 1 do mergulho”, pois é sempre onde se testam novas tecnologias e onde estão os mergulhadores mais habilidosos e destemidos. Apesar da importância histórica, essas cavernas não são as mais belas do mundo, pois não possuem espeleotemas. Essa honra cabe, indiscutivelmente, às cavernas na península do Yucatán, os chamados “cenotes”.
Início de curso de mergulho em cavernas com o Luis, no Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Esforço para sair da água carregando tanques duplos no Cenote Car Wash, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Não foi a toa que esperamos esse tempo todo para fazermos, finalmente, o terceiro e derradeiro módulo do nosso curso de mergulho em cavernas, aquele que nos habilitará a entrar muito mais fundo nesse desconhecido mundo de maravilhas naturais. Aqui, as aulas práticas são feitas no nosso quintal, cada dia em um cenote diferente, centenas de quilômetros de túneis e milhares de passagens subterrâneas e subaquáticas preenchidas por uma água puríssima, uma das mais limpas do mundo.
Final de curso de mergulho em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Aluno e professor de mergulho em cavernas, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Por ser a modalidade mais perigosa de mergulho, o mergulho em cavernas é justamente aquele em que mais nos atemos à segurança. Todos nossos equipamentos são duplicados, para que haja um reserva caso o principal falhe. Por isso, são dois tanques de ar, dois reguladores, duas máscaras e até três lanternas. Ninquem quer ficar lá no escuro! Além disso, como mergulhamos com um parceiro, contamos sempre com os equipamentos reserva dele também. Os tanques duplos, além de aumentarem a segurança, nos fornecem uma quantidade dupla de ar. Agora, depois do terceiro módulo, chamado de “Full Cave”, podemos mergulhar caverna adentro até 1/3 do nosso ar. A conta é simples: 1/3 para ir, 1/3 para voltar e o outro 1/3, com esse, em princípio, não podemos contar, pois ele não é nosso, é do nosso parceiro, caso apareça alguma emergência.
Final de mergulho, saindo do Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Final de mergulho, saindo do Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Fizemos o curso com o agora nosso querido amigo, Luis Leal. Há mais de dez anos por aqui, é profundo conhecedor dos cenotes da região, já tendo ensinado dezenas de felizardos a arte de entrar (e sair!) com segurança de uma caverna alagada. Ele nos ensinou as técnicas e procedimentos, tanto na teoria como na prática. Revisamos o que tínhamos aprendido anteriormente, como entrar numa caverna, amarrar nossos cabos na linha principal e seguir por ela, deixando sempre nossas marcações onde for necessário. Agora, aprendemos a fazer os jumps, ligando mais cabos da linha principal às linhas secundárias, deixando as setas direcionais e os cookies no caminho. A ideia é, numa situação de emergência, sem luz ou sem visibilidade nenhuma (caso a água se suje por algum motivo), conseguir voltar apenas no tato, sentindo os cabos e, no caso de uma bifurcação, saber para onde seguir, graças às indicações deixadas anteriormente. Simulamos várias situações de emergência, sem luz e com pouco ar, sempre nos preparando para algo real que possa, um dia, acontecer.
A colorida vegetação da parte iluminada do Cenote Car Wash, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Vegetação fora e dentro d'água no Cenote Car Wash, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Uma parte importantíssima do curso é estudar em detalhes vários acidentes reais que já ocorreram. Aprender com o erro dos outros. Foram exatamente esses erros, quase sempre fatais, que permitiram a evolução dos procedimentos de segurança, marcação de rotas e ensino, algo que continua a evoluir. O que aprendemos ao ler sobre esses acidentes é que em mais de 95% dos casos, o que houve foi falha humana, seja por falha de comunicação, entendimento ou pessoas que foram muito além de onde estavam habilitadas a ir. Boa parte dos acidentes ocorre com mergulhadores que são até experientes em águas abertas, mas nunca treinaram ou estudaram para entrar em cavernas. É agoniante pensar em mergulhadores perdidos dentro de uma caverna, observando a quantidade de ar diminuir aos poucos e não encontrar a saída. Devem ser quinze minutos terríveis, rumo a uma morte inexorável. Por isso, a extrema importância de só seguir até onde se está habilitado, de seguir os procedimentos, de não infringir os limites. Seguindo as regras e com todos os equipamentos de segurança e redundância, podemos dizer que essa é sim, uma atividade segura.
Entrando no Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Mergulhando pelos túneis e passagens do Cenote Pet Cementery, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Nossa rotina nesses dias era a de nos encontrar com o Luis, dirigir uns poucos minutos até algum cenote diferente e fazer um mergulho num cenário deslumbrante. Trabalhoso mesmo é carregar e descarregar os pesados tanques duplos. Uma vez dentro da água, aí é só alegria.
Final de mergulho, saindo do Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Os primeiros dois dias foram em cenotes preparados para exercícios de “alto impacto”. Ou seja, ficamos longe das formações mais delicadas, pois estamos em treinamento e com a possibilidade de tocar e nos resvalar nas paredes, teto e solo. Mesmo sem essas formações, os lugares são maravilhosos, atraindo sempre centenas de praticantes de snorkel e alguns mergulhadores de águas abertas, que ficam na área de cavern (com luz!). è um programa muito popular para os turista que viajam à Cancún ou chegam aqui de cruzeiro: um mergulho rápido nos cenotes, acompanhados de um guia. Com um tanque simples, pode se admirar as belezas do cenote, sua água incrivelmente azul e as formações na boca da caverna. Já na parte escura, é sempre raro encontrar outras pessoas. Esse ainda é um mundo quase virgem.
O belo cenote Dos Ojos, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
O primeiro dia foi no cenote Dos Ojos, um dos mais famosos da região. A cor da água é absolutamente inacreditável. Serviu para desenferrujarmos um pouco e para o Luis nos conhecer. A primeira vez que mergulhamos entre estalactites e estalagmites é absolutamente inesquecível. Parece que estamos em um mundo diferente, distante do nosso planeta, Mas não estamos! Eles está ali, poucos metros acima de nós, tão perto e tão longe...
Cenote Jardin del Eden, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
O segundo dia, no cenote Jardin del Eden, agora já realizando diversos exercícios, tivemos outra experiência extraordinária: o encontro com a “haloclina”. Os cenotes do Yucatán estão tão próximos do mar que a água salgada se infiltra por seus túneis, mas não se mistura com a água doce. Como a água salgada é mais pesada, fica numa camada mais abaixo, quase que na mesma altura do nível do mar. Então, começamos o mergulho em água doce e, perto dos 12 metros de profundidade, chegamos à água salgada. As diferença de densidade e temperatura são marcantes! Mas, visualmente, pelo menos num primeiro momento, não percebemos essa “fronteira”. Mas quando o primeiro mergulhado passar por ela, “embaralhando” as águas diferentes, quem vem atrás tem um espetáculo à sua frente: a água parece tremer, ou ferver a sua frente. O mergulhador que vai adiante chega a sumir e nossos olhos não entendem bem o que está acontecendo. É simplesmente incrível!
Cenote Car Wash, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Cenote Car Wash, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
No terceiro dia, cada vez mais experientes, o Luis já nos levou a cenotes mais frágeis. No cenote Car Wash, que até há 15 anos era usado para lavar carros, mergulhamos até o magnífico “Salão das Lágrimas”. O nome vem do fato que, quando entramos lá pela pimeira vez, nosso instinto é de chorar, tamanho a beleza daquela sala intensamente decorada. Um verdadeiro espetáculo! Que dádiva chegar até lá e poder admirar tudo aquilo com os próprios olhos. Que dádiva!
A boca do cenote The Pit, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Mergulhando no belíssimo Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
O quarto dia foi de descanso do curso, mas não de mergulhos em cavernas. Agora sem o Luis, mas com um guia, fomos ao famoso Pit. A entrada desse cenote é uma gigantesca câmara com cerca de 40 metros de profundidade e com dimensões laterais um pouco maiores do que isso. A luz do sol chega até o fundo e a beleza dos raios de sol entrando naquela água extremamente azul e transparente é indescritível. É um dos locais prediletos para aqueles que gostam de fotografar.
Entrando em caverna lateral do Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Iluminando ossos de preguiça gigante em caverna lateral do Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Mas isso é apenas o começo! Entrando por um túnel lateral, a pouco mais de 10 metros de profundidade, e penetrando por alguns minutos, já na completa escuridão, chegamos a uma ossada de uma preguiça gigante. Nossa... como descrever a emoção de se encontrar os restos de um animal que lá estão desde a última era glacial? Como ela terá chegado até ali? Os túneis são estreitos, ainda mais para um animal com mais de três metros de altura. Imagino que ela tenha caído no lago quando o nível das águas estava bem na altura daquele túnel lateral. Como ela não podia sair pelo teto, muito acima, teve de se arriscar nesse túnel. Era tudo ou nada! E deu o nada! Morreu ali, no escuro, para a alegria dos mergulhadores modernos. Pelo menos dos poucos que sabem desse segredo e tem o treinamento de se chegar até lá.
Mergulhando em meio aos raios de luz que penetram no Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Bom, nós fomos ver a preguiça e voltamos para a câmara principal, iluminada pelos raios mágicos do sol. Aí, descemos até atravessar a haloclina. Novamente, aquela sensação de espanto do dia anterior, nossos olhos não entendendo o que viam, nossos sentidos explicando que aquilo era a fronteira entre o doce e o salgado, entre o frio e o quente. Mas não paramos aí e continuamos a descer. Por quê?
Mergulhando na nuvem de ácido sulfídrico, no fundo do Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Porque, mais abaixo, está uma terceira camada. Não de água, mas de ácido sulfídrico. É como se fosse uma densa neblina. No meio desse intenso fog, galhos de árvores caídos emprestavam um ar meio tétrico, de filme de terror, ao ambiente. São essas árvores e folhas que, ao se decompor, geram a nuvem de ácido, essa espécie de fog subaquático. É impressionante!
Raios de sol penetram nas águas transparentes do Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
O magnífico cenote Pet Cementery, cheio de formações, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Terminamos esse dia com outro mergulho no cenote Pat Cementery, famoso por suas formações e espelotemas. Aí, ficamos praticamente na área de cavern, fazendo um longo circuito para admirar os estalactites e até uma mandíbula em perfeitas condições de um animal bem mais moderno que aquela preguiça gigante. Era um tapir, que muito provavelmente, não sabia nadar...
Mandíbula de tapir no Cenote Pet Cementery, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Mergulhando pelos túneis e passagens do Cenote Pet Cementery, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Para completar o curso, faltava apenas um dia, um mergulho, a nossa “colação de grau”. Vamos ver o que o Luis reserva para nós, mas uma coisa já sabemos: ele vai descer com sua câmera fotográfica e, fotógrafo profissional que é, certamente teremos bons registros da nossa aventura nas cavernas alagadas mexicanas.
Início de mergulho no Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Início de mergulho no Cenote Pet Cementery, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Saltando no mar azul de Groot Knit, no norte de Curaçao
Já saímos do hotel hoje com mala e cuia para nosso passeio pela ilha. Assim, poderíamos seguir diretamente para o aeroporto, no fim de tarde, ao invés de ter de entrar novamente na capital, Willemstad, para buscar nossa bagagem. O nosso carro na ilha é pequeno mas, com o banco de trás dobrado, conseguimos encaixar tudo lá, as caixas com os equipamentos de mergulho e nossas mochilas.
Mapa de Curaçao
Observando o mar em parque no norte de Curaçao
Seguindo a recomendação do nosso livro-guia, resolvemos nos concentrar na parte norte da ilha, onde estão as praias mais bonitas. Mas, antes das praias, ainda fomos em um parque onde a força do mar vem esculpindo a costa rochosa há milênios, tendo inclusive "construído" uma caverna que é possível visitar.
Caminhando em parque no norte de Curaçao
Caverna feita pelo mar em parque no norte de Curaçao
O nome do parque é "Boca Tabla". Trilhas bem curtas nos levam para um litoral recortado, violento e belo. Mas a Ana estava meio sem paciência para parques hoje. Ela queria era praia mesmo. Assim, vimos só o essencial e já seguimos para o litoral que é virado para a Venezuela, onde o mar é mais tranquilo e onde estão as praias mais bonitas.
O nosso carrinho em Curaçao
Praia de Klein Knit, no norte de Curaçao
E, realmente, há praias maravilhosas por lá. Nossa primeira parada foi na Klein knit, areias brancas e água escandalosamente azul. Aì ficamos por um bom tempo, tomando sol, fazendo snorkel, maravilhados com a beleza local.
Muito sol e mar azul na praia de Klein Knit, em Curaçao
Em seguida, fomos à praia vizinha, a Groot Knit. Ainda mais bonita que a anterior, mas com mais gente também. Nossa idéia era só ver e tirar umas fotos, mas não resistimos a um salto no mar depois de vermos uma turma de rapazes locais pularem de um trampolim natural. Um lugar simplesmente magnífico. Sem dúvida, a mais bonita praia dessa nossa temporada no Caribe.
Praia de Groot Knit, em Curaçao
A incrível cor do mar na praia de Groot Knit, no norte de Curaçao
Infelizmente, a hora do nosso vôo se aproximava e não pudemos ficar mais tempo. Ainda queríamos passar em outra praia, a Cas Abao, com mais estrutura, onde poderíamos comer e tomar banho de água doce. E assim fizemos, já no nosso caminho para o aeroporto. Outra praia muito bonita mas, perto das anteriores, ficou meio sem graça. Pelo menos, tomamos nosso banho de chuveiro!
Saltando no mar azul de Groot Knit, no norte de Curaçao
Refrescando-se nas águas transparentes do mar de Curaçao, em Groot Knit
E aí, corrida para o aeroporto, para devolver o carro e embarcar. Adeus, Caribe! Em breve, esperamos retornar, dessa vez para duas das maiores ilhas da região, Cuba e Jamaica. Esperamos seguir para lá quando chegarmos à Cidade do México. Mas nada de pensar muito nisso agora. Ainda tem muita água para passar embaixo da ponte até lá...
O mundialmente famoso Curaçao Blue (em Willemstad - Curaçao)
Por enquanto, nosso pensamento volta para a Colômbia! O Douglas nos fez uma surpresa e foi nos buscar no aeroporto. Em casa, a recepção foi da Clarita e da Amelie, morrendo de saudades da Ana! Voltamos ao nosso "lar"! Amanhã passaremos por aqui. E no dia seguinte, seguimos para dois dias por cidades ao norte de Bogotá. Não podemos ir longe porque voltaremos para a capital colombiana no dia 3. Temos um encontro marcado com o The Hall Effect e o Aerosmith, com show marcado para esta data.
Algum outro Rodrigo ama alguma outra Ana! (em parque no norte de Curaçao)
Piscina movimentada do Hot Park, na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
Faz quase 30 anos que eu já ouço falar deste lugar. Algumas vezes minha família até pensou em vir para cá mas nunca fomos além dos planos. Depois, mais velho, cheguei a passar em Caldas Novas. Mas sempre tendo como objetivos outros lugares menos... hmmmm... turísticos.
Bom, de lá para cá, o turismo por aqui só aumentou. Assim como a invejável estrutura do local. Foi só chegando por aqui que entendi que a "Pousada do Rio Quente" na verdade é um conjunto de grandes hotéis, tipo um mega resort. E que esse mega resort é o mais visitado do Brasil. No mês de Julho, a taxa de ocupação beira os 100%, não só do mega resort como dos outros hoteis que gravitam em torno dele. Haviam me recomendado muito que eu ficasse no resort. A grande vantagem é que, para os que ficam "lá dentro", o parque funciona 24 horas. E a melhor hora para ir nas águas quentes é de madrugada, quando o ar está um pouco mais fresco e as piscinas e fontes bem mais vazias. Como não conseguimos ficar no resort, tivemos mesmo de enfrentar as massas e o calor do dia...
Logo de manhã, ainda no café da manhã, uma grande surpresa: encontramos o Besouro, amigo da Unicamp, também à caminho do casamento em Goiânia. Ele estava com a esposa Sandreli e os filhinhos Caique e Lucca. Foi muito legal encontrá-los e isso tornou nosso dia bem mais interessante.
Encontro com o Márcio Besouro na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
Fomos todos para o hot park, dentro do resort (aberto de 9:30 às 17:00). A maior atração é uma enorme piscina com ondas, conhecida como "Praia do Cerrado". Como era de se esperar, ela e as outras atrações do parque estavam muito cheias. Se bem que me disseram que nos fins de semana ficaria muito mais. Mas, pelo menos para nós, acostumados com as cachoeiras completamente vazias, estava lotado mesmo.
Momento de sossego na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
Assim, para conviver com a lotação, não pensamos duas vezes: entramos na cerveja. Logo, tudo pareceu bem mais simpático! He he he. Deu até para se divertir nas ondas da piscina, tentando se esquivar das dezenas de pessoas. Eu e o Besouro colocamos o papo em dia e foi muito jóia estar com a Sandreli, Caique e Lucca.
Com a Sandreli (esposa do Besouro), o Caique e o Lucca, na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
No fim de tarde, depois que as pessoas foram retiradas da piscina, a Ana usou o seu charme e deixaram ela dar um último mergulho. A piscina ficou com uma cara bem diferente!
Fim de tarde, aproveitando a piscina vazia do Hot Park, na Pousada do Rio Quente, perto de Caldas Novas em Goiás
De volta para o hotel, fiquei imaginando como seria aquela região há 50-100 anos atrás. Mais "roots" (palavra que a Ana adora usar!), certamente. Mas, para quem não conhecia, como eu, valeu ter vindo sim. É bom conhecer os outros "turismos" também. Nem que, para isso, tenha de ouvir gozações dos amigos dizendo que nosso site deveria mudar de nome de www.1000dias.com para www.1000dias.cvc. Com um bom patrocínio, quem sabe?
Praia central de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
No final da década de 80 e início da década de 90, justamente quando eu vivia a minha fase universitária, Garopaba estava explodindo para o turismo. Para nós, jovens da época, não poderia haver melhor lugar para se passar o carnaval ou o réveillon. Estudantes e mochileiros cariocas, paulistas, paranaenses e principalmente gaúchos tinham um encontro marcado por lá a cada verão. Mas não era exatamente em Garopaba. No município, mas não na cidade. Íamos todos, diretamente, para a Praia da Ferrugem. Como nas praias do litoral norte de São Paulo, cada praia dessa região é semiautônoma, tem vida própria, uma pequena vila, mercado, farmácia, bares, etc... Assim, como muita gente vai para Maresias ou Juqueí e nunca coloca os pés no centro de São Sebastião, nós também íamos para a Ferrugem sem nunca conhecer o centro de Garopaba.
Mapa da Praia do Rosa mostrando a Lagoa do Meio (que divide a praia) e as trilhas para a Praia da Luz, ao sul, e praias Vermelha e do Ouvidor, para o norte (litoral sul de Santa Catarina)
Era o paraíso na Terra, pelo menos para nós. Pousadas e casas não eram muito confortáveis, mas a praia era linda, o mar tinha ondas e, o melhor de tudo, lá estava a maior concentração de mulheres bonitas por metro quadrado que já havíamos visto. Durante o dia, então, quando muitos dos homens passavam o dia surfando, para quem ficava na areia da praia, até parecia um harém de filme de Hollywood. A noite também era fantástica: vários bares na sequência, todos com boa música e nenhum cobrando entrada. Passávamos de um a outro durante toda a madrugada. Doces lembranças!
Dia de muito sol na Praia do Rosa, Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Ponta norte da Praia do Rosa, no litoral sul de Santa Catarina
Pois bem... economista que sou, sabia que algo assim não poderia durar. Tudo tende ao equilíbrio, se não houver imperfeições no mercado. Aos poucos, mais gente veio chegando, os bares começaram a cobrar e as enormes filas de carro para se chegar até o centro da Ferrugem começaram a afastar os antigos frequentadores. Quando voltei para cá já no final da década de 90, o melhor já havia passado, embora ainda continuasse muito bom.
Admirando a famosa Praia do Rosa, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Surf na Praia do Rosa, no litoral sul de Santa Catarina
Pois bem, a estrela da época era mesmo a ferrugem, mas uma outra praia atraia cada vez mais pessoas também. Era a Praia do Rosa, um pouco mais ao sul. Primeiro, foram os hippies, depois os surfistas, depois os antenados, seguidos pelos bacanas. Com uma paisagem ainda mais bela que a Ferrugem, a praia espremida entre o mar e um morro coberto de mata, o desenvolvimento urbano da Praia do rosa foi completamente distinto da Ferrugem. Aí se instalaram belíssimas pousadas, restaurantes de altíssimo nível e o centro da vila ficou longe do mar, separado dela pelo morro. A mata foi mantida no lugar, na medida do possível, e a Praia do rosa tornou-se um dos lugares mais charmosos de todo o litoral brasileiro.
Céu azul na Praia do Rosa, Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Aula de surf na Praia do rosa, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Felizes daqueles que compraram terrenos por lá naquele início de desenvolvimento. Deram-se muito bem! Na minha fase estudantil, sempre preferi ficar na Ferrugem, atrás do agito e das festas. Mas sempre caminhava até aquela praia distante, quase exótica. Pelo menos uma vez por temporada. Depois, quando voltei já na virada da década, o Rosa já era famoso, atraindo a classe média alta paulistana e gaúcha todo final de ano.
Standup paddle na Lagoa do Meio, na Praia do Rosa, Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Surfistas voltam remando para casa na Lagoa do Meio, na Praia do Rosa, Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Pois bem, para mim e para os que frequentavam a Ferrugem no início dos anos 90, o Rosa sempre foi uma praia de Garopaba. Mas não era. Na verdade, ela já está localizada no próximo município, Imbituba. Aqui também funciona aquela regra: quase todo mundo que vai ou já foi para o Rosa nunca colocou os pés na sede do município. O Rosa também é “semiautônomo”. Aliás, antes que eu me esqueça, o nome da praia vem do sobrenome do antigo proprietário da fazenda que ocupava toda a área. Os turistas pioneiros que descobriram esse paraíso, para chegar até a praia, tinha de pedir permissão ao Sr. Rosa para passar por sua fazenda.
Praia do Rosa vista do alto do morro na parte sul, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Trilha entre a Praia do Rosa e a Praia da Luz, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Enfim, chega de passado e vamos ao presente. Em pleno 2014, pelo menos para o meu gosto, já não há dúvidas sobre qual a melhor praia da região para se veranear. Viemos direto para o Rosa que, apesar de ser em Imbituba, virou nossa base para passear na região de Garopaba. Ainda acompanhados do João Pedro e da Bruna, aproveitando a temporada pós-carnaval, encontramos um belo lugar para ficarmos. Bom preço, estrategicamente colocado entre a vila e o mar. Podemos caminhar para os dois, uma para cada lado. E, quase no alto do morro, com uma belíssima vista do mar.
Quase no final da trilha, chegando à Praia da Luz e Ibiraquera, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
O joão Pedro quase no final da trilha, chegando à Praia da Luz e Ibiraquera, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Chegamos no dia 6, de tarde, vindos lá de Laguna, e ainda tivemos tempo de um bom mergulho no mar e na lagoa. Para quem ainda não conhece o Rosa, quase no meio da faixa de areia (que deve ter algo próximo aos 3 km de extensão) tem uma lagoa de água salobra que divide o Rosa em Rosa Sul e Rosa Norte. A lagoa é ótima para nos limparmos da água salgada ou para praticarmos stand-up paddle, o esporte da moda. A água do mar chega até aí apenas nas marés mais cheias e a lagoa é quase sempre mais quentinha e tranquila que o mar.
Barra da lagoa na praia de Ibiraquera, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Standup paddle em família na praia de Ibiraquera, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
A parte sul da praia é mais desenvolvida, com alguns bares na beira da areia. Para o norte, a gente tem a sensação de se afastar da civilização. Por aí segue o caminho para a deserta Praia Vermelha (atrás do morro) e, bem mais adiante, a Ferrugem de Garopaba. Eu e a Ana vamos fazer essa caminhada amanhã ou depois, dependendo do tempo. Para o sul, depois do morro, estão as praias da Luz e de Ibiraquera, na boca da lagoa tão conhecida pelos amantes do kite surf.
O delicioso e tradicional restaurante Tartaruga, na praia de Ibiraquera, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Pesca solitária na Praia da Luz, em Imbituba, litoral sul de Santa Catarina
Foi para lá que seguimos ontem, na companhia do João e da Bruna. Caminhada tranquila e agradável, uma meia hora, talvez. No alto do morro, caminhamos por pastos e por uma mata e logo temos a impressionante visão das praias abaixo. Lindas! A praia da Luz é mais vazia, mas o movimento aumenta novamente em Ibiraquera. Atravessar a boca da lagoa para o outro lado é uma diversão. Água no pescoço, todo o cuidado para não molhar a máquina fotográfica ou carteira. Sempre há a possibilidade de se pagar um barquinho, mas quando vemos até cães fazendo a travessia, é difícil não tentarmos também.
Despedida do João Pedro e da Bruna em lanchonete da rodoviária de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Do alto da igreja, visão da praia central de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
O esforço vale a pena, pois do outro lado está o tradicional e delicioso restaurante Tartaruga. Peixes, pastéis de lamber o beiço e cerveja gelada. Realmente, um programão para quem está hospedado no Rosa, tanto a caminhada como o restaurante. Depois, para quem chegou lá a pé, não tem remédio: tem de voltar pelo mesmo caminho. Com a luz de fim de tarde, tudo ganha novos ares e cores. E depois, já no alto do morro, a vista passa a ser a da Praia do Rosa, uma das mais famosas e belas do país. Vale a pena!
Praça em frente à praia no centro de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Praça no centro histórico de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Hoje, chegou o dia da despedida do meu sobrinho e sua namorada. Eles seguiriam de ônibus para Florianópolis e Curitiba, onde estuda a Bruna. Então, fomos levá-los à rodoviária, no centro da cidade. Pois é, quem diria, depois de tanto tempo fui conhecer a cidade de Garopaba! Já estava mais do que na hora! Tempo nublado, mas não tinha problema; deixamos os dois, ficamos mais uma vez sós nos nossos 1000dias e seguimos para o centro histórico.
Escadaria da igreja em Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Igreja histórica de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Garopaba já consta nos mapas há 500 anos, uma enseada segura para se proteger de tempestades e mares violentos. Mas os índios foram deixados em paz por outros 200 anos até que, no início do séc. XVIII, começou a ocupação. Mas o desenvolvimento só veio no início do século XX. Infelizmente, o motor do progresso foi a pesca da baleia, algo muito comum aqui no litoral de Santa Catarina. Essa costa sempre atraiu as baleias francas e elas quase foram extintas com a perseguição impiedosa. Na época, o seu óleo valia ouro e movia a economia de cidades e estados. Garopaba era mais uma cidade nesse circuito.
Casa centenária em Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Dia nublado na praia central de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Felizmente, já há meio século isso parou. Hoje, a principal força econômica vem mesmo do turismo. E, ironicamente, as baleias também tem seu papel nessa atividade. Muitos vêm para cá para avistar as baleias francas. Mas a maioria continua vindo mesmo é atrás das belas praias: a já tradicional Ferrugem, o Rosa e outras como a Silveira e o Siriú, que pretendo conhecer nos próximos dias. Mas hoje, o que queria mesmo era sanar uma deficiência do meu passado: conhecer o centro da cidade cujo nome me traz tão boas lembranças.
Momento de descontração e alegria no centro de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
Dia nublado na praia central de Garopaba, litoral sul de Santa Catarina
E assim foi. Subimos até a histórica igreja de São Joaquim, no alto do morro, de onde se tem uma visão ampla da cidade e da tal enseada que protegia os navios. Passeamos na praça em frente à praia e nos refestelamos com um sorvete da sorveteria local. Caminhamos pela praia cheia de pequenos barcos ancorados quando a chuva rala deu um tempo. Muito gostoso o passeio, algo que recomendo e que já deveria ter feito 20 anos atrás! Aposto que não mudou quase nada por aqui!
Jantando em famoso restaurante de comida oriental na Praia do Rosa, litoral sul de Santa Catarina
Jantando em famoso restaurante de comida oriental na Praia do Rosa, litoral sul de Santa Catarina
De alma e consciência saciadas, voltamos para o Rosa. De noite, foi o momento de irmos atrás de outra das grandes atrações dessa praia famosa: sua culinária. Para quem quiser, sempre é possível encontrar comida mais barata. Mas já que veio até aqui, recomendo que, pelo menos uma vez, faça um investimento em seu prazer e entre em algum dos ótimos (e caros!) restaurantes da vila. Foi o que fizemos! Talvez no mais famoso restaurante do Rosa, que serve comidas orientais, nós nos esbaldamos. Valeu cada centavo! O jantar nos fez entender ainda mais porque a Praia do Rosa continua atraindo gente bacana dos quatro cantos do país. O turismo culinário, assim como o óleo de baleia um século atrás, vale ouro!
Jantando em famoso restaurante de comida oriental na Praia do Rosa, litoral sul de Santa Catarina
Trecho de carta de Guevara em sua antiga casa em Alta Gracia, na Argentina
Menos de uma hora ao sul da cidade de Córdoba, em uma das muitas regiões serranas da província de Córdoba, está a pequena Alta Gracia, Patrimônio Cultural da Humanidade. Mais uma para aquela “lista” de que falei alguns posts atrás (veja aqui), outra atração hermana tão pouco conhecida de nós, brasileiros. Com certeza, com um título desses, valia um pequeno desvio na nossa rota rumo à Buenos Aires!
Tajamar, a represa construída pelos jesuítas em Alta Gracia, na Argentina
Patrimônio Cultural da Humanidade, a Estâncoa Jesuítica de Alta Gracia, na Argentina
São duas as grandes atrações na pacata cidade: primeiro, justamente a que fez Alta Gracia atrair a atenção da UNESCO, é o seu valor histórico e arquitetônico. Aí ficava, e na verdade é esta a sua origem, uma das mais belas Estâncias Jesuíticas criadas para abastecer de alimentos a cidade de Córdoba, onde ficava a principal sede dessa Ordem na América do Sul.
Patrimônio Cultural da Humanidade, a Estâncoa Jesuítica de Alta Gracia, na Argentina
Patrimônio Cultural da Humanidade, a Estâncoa Jesuítica de Alta Gracia, na Argentina
A segunda atração é mais recente. Para cá se mudaram os pais do pequeno Ernesto Guevara, na sua infância, para ajudar na saúde problemática do filho que era asmático. O ar serrano faria bem aos seus pulmões, foi a recomendação médica. O pequeno Ernesto passou aqui sua infância e parte da adolescência, antes de começar suas lendárias viagens pelo país e continente até se transformar no mais famoso, amado e sanguinário revolucionário do séc. XX. A casa onde morou a família Guevara foi transformada em museu e atrai visitas de admiradores de todo o mundo.
A casa onde viveu na infância Ernesto Che Guevara, em Alta Gracia, na Argentina
Quarto de pequeno Guevara, em Alta Gracia, na Argentina
Nós chegamos à cidade pouco depois do meio dia, justamente quando fechava o horário de visitas da Estância Jesuítica. Só pudemos conhecer os prédios do lado de fora, a Torre do Relógio e a represa construída para fornecer água às plantações e aos moinhos para fazer a farinha. Ela é conhecida pelo nome de Tajamar e é uma delícia caminhar pela sua orla, sempre na sombra das árvores.
Um jovem Che Guevara viajando de bicicleta pela Argentina, em museu em Alta Gracia, na Argentina
Quanto à própria Estância, a igreja e o museu, só iriam reabrir depois das duas da tarde e aproveitamos esse tempo para ir conhecer a casa onde viveu Chê. A cidade é bem tranquila, lembra muito as cidades serranas brasileiras, ar puro e pouco movimento nas ruas. Em cinco minutos, a Fiona nos levou até a simpática casa, um garoto de bronze sentado na mureta, assim como costumava ficar o pequeno Ernesto.
Guevara atravessando rio amazônico de balsa com seu companheiro, foto em museu de Alta Gracia, na Argentina
A casa é pequena, uns poucos cômodos e o quintal ainda caracterizados como na época em que a família lá vivia. As paredes repletas de fotografias antigas, mapas das viagens de Chê e trechos de seus discursos mais famosos. Além disso, uma motocicleta do mesmo modelo daquela em que ele iniciou seu primeiro giro pela América do Sul, na companhia de um grande amigo. História retratada no belo filme “Diários de Motocicleta”.
Já houve tempo em que eu fui mais fã de Che Guevara. Mas a idade e o melhor conhecimento de tudo o que ele fez acabaram com aquela imagem pueril que eu tinha do revolucionário idealista que lutava pelo bem dos pobres e oprimidos. Enfim, conheci também o lado sanguinário irracionalmente racional desse incansável lutador. Hoje, entre a sua soma de defeitos e soma de qualidades, acabo pendendo para o primeiro, mas isso não impede que eu continue admirando muito do que fez e, principalmente, a força de suas convicções.
Mapa mostrando as viagens de Che Guevara pela América Latina, em museu de Alta Gracia, na Argentina
Exemplar da mesma motocicleta que Che Guevara iniciou sua mítica viagem pela América Latina, em Alta Gracia, na Argentina
Como não poderia deixar de ser, principalmente em meio a essa nossa jornada pelas Américas, impossível eu não me curvar a este lado “viajante” de Chê Guevara. Eu já sabia muito sobre aquela viagem de moto que inspirou o filme, mas aqui no museu pudemos ler sobre as outras que fez. Ele começou cedo, viajando de bicicleta por seu próprio país. Viagens longas, próprias de um sonhador e aventureiro. Ver uma foto sua, quando ainda se parecia um de nós, é emocionante.
Trecho da última carta de Che Guevara a seus filhos, em museu de Alta Gracia, na Argentina
Mais tarde, rodou a América Latina três vezes. Foi a Machu Picchu na década de 50! Tentou subir o Monte Orizaba, montanha mais alta do México, exatamente como eu fiz. Que interessante deve ter sido ver a América da década de 50, suas estradas, sua cultura, seus problemas. É uma história que eu já conhecia, por alto, mas ver as fotos e estar aqui no mesmo lugar que ele viveu, nos faz chegar muito mais perto daquela realidade.
Visita de Fidel e Chavez ao museu de Che Guevara em Alta Gracia, na Argentina
A Ana e o Ernestito, o pequeno Guevara na sua antiga casa em Alta Gracia, na Argentina
Quem também esteve por aqui foi seu companheiro Fidel Castro, acompanhado de um ainda saudável e sorridente Chavez. Interessante ver a foto do Fidel e vários dos amigos de infância do Chê, todo mundo tentando falar e ninguém ouvido ninguém, tudo aqui na mesma varanda onde tiramos a foto da Ana e do garoto Ernesto olhando a vida passar na rua em frente.
Visitando a Estância Jesuítica em Alta Gracia, na Argentina
Visitando a Estância Jesuítica em Alta Gracia, na Argentina
Enfim, deixo aqui minhas mais sinceras homenagens a este Chê viajante e aventureiro, numa época quando viajar era muito mais romântico do que hoje, em que se pode chegar de estrada asfaltada a quase todos os cantinhos do nosso continente. Quanto ao Chê revolucionário, como já disse, admiro a convicção, mas compadeço-me das centenas de vítimas e mesmo de seus filhos, que trocaram o pai por uma bela carta, sinceros conselhos e boas intenções. Mas, como diz o ditado, de boas intenções o inferno está cheio...
Visitando a Estância Jesuítica em Alta Gracia, na Argentina
Quarto dos antigos missionários que viviam na Estância Jesuítica de Alta Gracia, na Argentina
Chega de Chê, que depois de 50 anos, ainda disputa a liderança na venda de camisetas com outro ícone pop, Bob Marley, e voltemos aos jesuítas. Foram eles que colonizaram essa terra, domesticaram suas águas e a transformaram num celeiro para Córdoba e para o país. Agora sim, a igreja e o museu estavam abertos e para lá fomos eu e a Ana, ávidos por uma arquitetura colonial.
Visão da torre do relógio e do Tajamar, de dentro da Estância Jesuítica em Alta Gracia, na Argentina
As arcadas e colunas da Estância Jesuítica de Alta Gracia, na Argentina
Passeamos um bom tempo pelas arcadas e jardins das construções do séc. XVII, deliciamo-nos com suas pinturas, afrescos e livros ali expostos e nos imaginamos vivendo naquele tempo e naquela realidade. Não custa muito tempo para concordar com a UNESCO na sua intenção de preservar tudo aquilo!
As arcadas e colunas da Estância Jesuítica de Alta Gracia, na Argentina
Um dos belos afrescos na Estância Jesuítica de Alta Gracia, na Argentina
Por fim, era a hora de algo mais mundano mesmo: cuidarmos do estômago! Um lanche rápido seguido de espetacular “postre” (sobremesa!) e estávamos “listos” (prontos!) para seguir em frente, rumo à Villa Nueva, onde um grande amigo que ainda não conhecemos pessoalmente (viva a Internet!!!)nos espera de braços abertos!
Sobremesa irresistível em Alta Gracia, na Argentina
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet