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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A Missão Franciscana de san Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Os espanhóis conquistaram as Américas com três poderosos e eficientes exércitos. O primeiro eram os soldados propriamente ditos, “los conquistadores”. Com um punhado de soldados e alguns cavalos, mas com muita astúcia, Cortez e Pizarro derrotaram poderosos impérios que comandavam milhões de pessoas, os astecas e os incas, respectivamente. Outros povos menos conhecidos tiveram a mesma sorte (ou azar!) nas mãos e espadas dos espanhóis.
Guia leva grupo para conhecer a Mission de San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
O segundo exército foram os germes e micróbios trazidos do velho mundo. Uma verdadeira guerra biológica que matou, em menos de um século, mais gente nas américas do que morreram nas duas guerras mundiais do séc XX somadas. Quem realmente conquistou o continente e colocou os antigos habitantes e civilizações da América de joelhos não foram espanhóis, portugueses ou ingleses, mas a varíola.
A Missão Franciscana de san Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Por fim, na retaguarda, vinha o exército da cruz, padres, bispos e freis de diversas ordens religiosas que tinham por objetivo catequizar as populações locais, aumentando o rebanho da igreja e os súditos dos reis de Espanha. Traziam a fé católica e a cultura europeia, ajudando a “civilizar” os nativos, ensiná-los a usar roupas, cantar e rezar em latim. Mas, ironias à parte, não só isso, claro. Essas ordens foram alguns dos poucos movimentos a tentar proteger os índios da escravidão, a tentar preservar parte da sua cultura a ajudá-los a se adaptar ao novo modo de vida que lhes era imposto.
As belas janelas da Mission de San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Entre as ordens mais ativas, estavam jesuítas, franciscanos e dominicanos. Eles estabeleciam as chamadas missões ao longo das fronteiras e linhas de frente das colônias, muitas vezes sendo os primeiros a ter contato com a população nativa. Aprendiam seu idioma, para poder se comunicar melhor, assim como a sua cultura, até para ajudar a descobrir a melhor maneira de chegarem aos seus corações e mentes, para poder catequizá-los. Muitas vezes, eram empreitadas perigosas, e não são poucos os casos de padres que morreram a flechadas ou no caldeirão de alguma tribo antropófaga.
As belas janelas da Mission de San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Mas, de maneira geral, tiveram bastante sucesso naquilo que pretendiam. O catolicismo “conquistou” o continente, franciscanos e jesuítas os mais eficientes nesse processo. Ao longo de nossa viagem, estivemos em várias dessas missões, que se espalharam da Argentina à California. E chegaram aqui no Texas também, sob a mãos dos franciscanos. O Alamo, onde estivemos ontem, era originalmente uma missão. Mas não a maior delas. Essas, ficavam um pouco mais ao sul, onde estivemos hoje. A mais bela e famosa é a Mision de San Jose, muito bem restaurada. Nossa intenção era passar rapidamente e já seguir para a fronteira, para cruzar para o México ainda hoje. Mas gostamos tanto do que vimos que estendemos o passeio e resolvemos dormir ainda do lado de cá, na cidade de Laredo, ao lado do México, mas ainda nos Estados Unidos. Afinal, diz o bom senso, mais seguro do lado de cá que do lado de lá, principalmente de noite e colado na fronteira. Amanhã cedo, aí sim, entraremos com força total no mundo latino, do qual temos tantas saudades.
Cemitério da Mission San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Na Mision San Jose, acompanhamos um tour gratuito que é dado de hora em hora. Muito joia e elucidativo. Vimos como viviam os índios e frades aqui da Mision, como era o trabalho de catequese e a divisão de tarefas para manter tudo funcionando, população alimentada e vestida. Posso ter minhas críticas para o papel da igreja nesse processo de colonização, mas é impossível não reconhecer também os méritos. Eram eles os grandes e talvez os únicos protetores dos índios num mundo que não mais lhes pertencia. Não é a toa que, lá pelas tantas, jesuítas foram expulsos das colônias espanholas e portuguesas da América. Sem eles, seria mais fácil explorar os indígenas.
A fachada da Mission San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Mas, nem todos os indígenas precisavam da igreja para defendê-los. Muitos, nunca se converteram ou se “civilizaram”. Na verdade, as missões e os índios apaziguados e convertidos eram apena mais uma vítima de seus ataques e pilhagens. Exemplos assim se espalham pelo continente, mas aqui na América do Norte, o melhor exemplo são as tribos do oeste americano e, entre os mais ferozes, Comanches e Apaches.
Visitando a missão franciscana de San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Assim que os espanhóis começaram a colonizar o continente, no início do séc XVI, alguns de seus cavalos fugiram. Aos poucos, esses animais migraram para o norte, chegando às grandes pradarias, ambiente ideal para a espécie. Não demorou muito e já eram enormes manadas correndo livres pelos campos. Imagina o susto das tribos que ali viviam por milênios, sem nunca ter visto um animal parecido e, de repente, lá estão eles. Ao contrário de incas e astecas, que nunca tiveram tempo para se adaptar a esse novo animal e verdadeira máquina de guerra, pois foram conquistados logo no início, Apaches e Comanches tiveram alguns séculos para aprender a viver com cavalos e fazê-los parte de seu modo de vida. Quando a civilização finalmente os alcançou, em finais do século XVIII, já eram exímios cavalheiros.
Visitando a missão franciscana de San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Além disso, através do comércio com os brancos, também tiveram acesso às armas de fogo. Ou seja, dominavam bem duas das principais inovações que ajudaram espanhóis a derrubar de uma só vez as grandes civilizações pré-colombianas. De vítimas, passaram á algozes e os mexicanos eram suas vítimas preferenciais, mesmo antes da independência da Espanha. Por décadas e décadas, combateram em pé de igualdade, pilhagens para cá e expedições punitivas para lá. As missões... estavam no meio do caminho.
A Missão Franciscana de san Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Bem, aos poucos, índios catequizados, as missões foram perdendo a importância e sendo desativadas e abandonadas. A de San José, após ser quase totalmente destruída pelo tempo, foi restaurada pelo governo americano, a partir da década de 50. Hoje, são um colírio para os olhos que quem as visita, um lembrete de que, do Paraguay (onde vistamos belíssimas missões jesuítas) ao Texas, foram os espanhóis os donos do pedaço. Quanto aos índios ferozes do norte, resistiram o quanto puderam. Mas acabaram, eles também, por sucumbir à civilização, ao General Custer, ao mais poderoso exército do mundo e ao Rin-Tin-Tin. É a marcha inclemente do progresso e da civilização, seja através da espada, da cruz ou da varíola.
Área central da Mission San Jose, perto de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
E tem mais uma , na onda do revisionismo histórico....do mesmo jeito que a varíola veio , a sífilis e o tabagismo foram exportados....
Resposta:
Oi Rubens
É verdade, os americanos contratacaram com a sífilis e até um papa morreu dessa doença. Mas em termos de mortes e estragos na população original, não dá para comparar os efeitos da varíola e da sífilis...
Quanto ao tabagismo, esse continua matando até hoje. Mas ele não faz muitas distinções de continente...
Um abraço
Belo post . Assunto fascinante . Apenas acrescento que além dos 3 exércitos há mais um fator que não foi citado : Os povos das Américas viviam em constante guerra entre si .Afinal eram milhões e não poderiam ter caído devido a um punhado de europeus . Não conheço a história dos povos da América do Norte , mas por aqui , os portugueses e espanhóis apenas embarcaram nas rivalidades mais do que antigas. Tenho um amigo descendente de tupinambás e ele conta que seu avô dizia que o esquema era sempre de todos contra todos.Um traço cultural , onde a antropofagia era o ápice do ato de guerrear.
Resposta:
Oi Rubens
Pois é, vc está certo. Foi o que eu quis dizer quando falei que os espanhóis usaram "muita astúcia". Souberam usar com maestria as rivalidades que existiam entre os povos pré-colombianos. Na conquista do Império Asteca, por Cortez, e dos Maias, por Montejo, os espanhóis se uniram a povos e tribos que eram oprimidos por por esses antigos "senhores", os quais eles odiavam.
Mas, mal sabiam, estavam se livrando do capeta para cair nas mãos do demônio; Não demorou muito para perceberem o erro, mas aí já era tarde demais. O que teria acontecido se fossem mais unidos quando os espanhóis chegaram? Nunca saberemos, infelizmente...
Abs
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