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O tempo mudou hoje! Ainda está frio, mas o céu azul muda a cara de tudo...
Ainda durante a viagem de volta do Chimborazo para a pousada Papagayo, fi...
Ontem mesmo, após o passeio à Grota do Angico, já viajamos de Piranhas...
Tony (24/04)
Muito show.. Estou programando sair de Rio Branco-Acre, passo no Titicaca...
Fidelis A C Paula (19/04)
Vinicius (14/04)
Nossa lindas fotos, qual o valor deste passeio de dois dias saindo da ca...
Vinicius (14/04)
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Vinicius (14/04)
Nossa lindas fotos, qual o valor deste passeio de dois dias saindo da ca...
Com nossos amigos franceses no cume do Pico Duarte, na República Dominicana, o ponto mais alto de todo o Caribe
O dia 27 foi de deslocamentos, mas ainda conseguimos chegar a tempo de, no final da tarde, acertar toda a estrutura de nossa caminhada no dia seguinte ao ponto culminante do Caribe: o Pico Duarte, na República Dominicana. Saímos cedinho de Cap-Haitiens, ainda no Haiti, em direção à Santiago, a segunda maior cidade da República Dominicana. Viagem tranquila e confortável, com direito a um café da manhã que foi um macarrão apimentado. Nossos estômagos e cérebros começam a se acostumar com essa esquisitice de comer macarrão logo de manhã. Passamos sem problemas pela fronteira, mudamos o “canal” de francês para espanhol e chegamos à Santiago. Aí, descemos do nosso ônibus internacional e, meia hora mais tarde, já estávamos em outro em direção à La Vega. A ideia era pegar um terceiro ônibus para a cidade de Jarabacoa, uma espécie de Campos do Jordão daqui, mas as passagens já estavam esgotadas e teríamos de esperar mais de duas horas até o próximo. Sem tempo a perder, pagamos um táxi mesmo e, 30 minutos mais tarde chegávamos a cidade mais alta do país, cercada de montanhas, rios e cachoeiras.
Macarrão bem temperado, nosso café da manhã no ônibus de Cap-Haitien (Haiti) para Santiago (Rep. Dominicana)
Nosso caminho de ônibus de Cap-Haitien (Haiti) para Santiago (Rep. Dominicana). Daí, outro ônibus para La Vega (C) e um taxi para Jarabacoa (D). Finalmente, uma carona para Cienega (E), onde começa a trilha para subir o Pico Duarte
Uma dessas montanhas é o Pico Duarte e foi ele que nos fez vir até aqui. Trata-se da mais alta montanha do Caribe, superando os 3.080 metros de altitude. Mais alto do que qualquer montanha no nosso gigantesco Brasil! Desde que iniciamos os 1000dias, sabíamos que, um dia, chegaríamos aqui. Esse dia chegou e agora, só faltava arrumar um esquema para subi-lo. A montanha fica no interior de um parque nacional e só se entra lá acompanhado de um guia. Além disso, para quem pretende fazer a caminhada até o pico, se insiste muito para que se leve uma mula. A ideia é que, caso algo passe lá encima, é muito mais fácil e barato trazer uma pessoa para baixo com a mula do que organizar um resgate. Desse modo, praticamente todo mundo sobe com a mula, chamada carinhosamente de “amulância”. Também recomenda-se muito uma segunda mula, para carregar o peso para o alto. Mochilas, barraca, sacos de dormir, comida, tudo isso vai no lombo dela. Os visitantes carregam sua máquinas fotográficas, alguma água e só.
Arrumando as mulas para a subida do Pico Duarte, na República Dominicana
Último descanso antes do início da trilha do Pico Duarte, na República Dominicana
Isso tudo já tínhamos lido nos livros e, assim que chegamos à Jarabacoa, procuramos uma pessoa para nos ajudar a organizar tudo. Acabamos encontrando o Ramón, vulgo Moche, que nos explicou detalhadamente como se dá o passeio. Acertamos um preço com ele e ele providenciou as mulas, o guia, nossa comida e sacos de dormir. Para nós, restou simplesmente o trabalho de acordar bem cedo no dia seguinte (ontem) e de caminhar montanha acima.
Mapa de ascensão do Pico Duarte, na República Dominicana
Ainda com o dia escuro, o Moche nos apanhou no nosso hotel em Jarabacoa e seguimos para Cienega, a pequena vila que fica ainda mais alta nas montanhas e onde está a entrada do Parque Nacional. Aí, fomos recebidos com um café da manhã e pelas mulas e guia que nos ajudariam nesse empreitada. Eram cerca de 8 da manhã quando pusemos o pé na trilha.
Descanso na trilha do Pico Duarte, na República Dominicana
Encruzilhada na trilha do Pico Duarte, na República Dominicana
São cerca de 25 quilômetros de caminhada da entrada do parque até o cume do Pico Duarte. Quase dois quilômetros de desnível, dos 1.100 metros de Cienega até os 3.087 metros do cume. Considerando que há vários sobes e desces no caminho, na verdade são bem mais de dois mil metros que subimos. Para quem começa cedo como estávamos começando, a programação mais comum é chegar até o refúgio que existe num lugar chamado “La Compartición”, a 2.450 metros, e dormir por aí. Na manhã seguinte, com o dia nascendo, acelerar até o pico para aproveitar as primeiras horas da manhã, quando a chance de bom tempo é maior. Depois da conquista, para baixo, com toda a ajuda da gravidade, até a entrada do parque.
Muita névoa na subida do Pico Duarte, na República Dominicana
Muita névoa na subida do Pico Duarte, na República Dominicana
Na verdade, as maiores agências que organizam excursões até o pico até o fazem com um dia a mais. Não começam tão cedo e a primeira noite é passada ainda em Los Tablones, pouco abaixo dos 1.300 metros. Mas nós, como sempre com pressa, começando cedo, com duas mulas e um guia para nossa ajudar, estávamos mais do que resolvidos em fazer em apenas dois dias e uma noite lá encima.
Refúgio para os alpinistas que sobem o Pico Duarte, na República Dominicana
Refúgio para os alpinistas que sobem o Pico Duarte, na República Dominicana
E lá fomos nós, quase sem peso, montanha acima. Passos largos, aproveitando o início da triha que sobe apenas suavemente, sempre ao lado de um rio caudaloso. O nosso guia vinha uns minutos atrás, tranquilão, montado em uma mula e trazendo a outra. O caminho é muito fácil de ser seguido, com apenas uma bifurcação, mas que está muito bem sinalizada.
Último trecho para chegar ao cume do Pico Duarte, na República Dominicana
O cume da montanha mais alta do Caribe, o Pico Duarte, na República Dominicana
Quando finalmente começamos a subir de verdade, deixando o rio para trás, encontramos um casal de franceses que tínhamos procurado bastante ontem, lá em Jarabacoa. Na nossa procura por guias, ontem, ficamos sabendo que havia esse casal procurando também. Tentamos achá-los, para dividir os custos, mas não conseguimos. Agora, lá estavam eles, o Jean e a Martine, também com seu guia e suas mulas. Casal muito interessante, proveniente da região dos Alpes, amantes da natureza e das caminhadas. Estão na faixa dos 50 e poucos anos, mas caminham muito bem. Também, com o “quintal” que têm em sua casa...
Neblina cobre a floresta no alto do Pico Duarte, na República Dominicana
A 3.080 metros de altitude, em meio à neblina, junto com o Duarte, no alto da montanha mais alta do Caribe, na República Dominicana
Acabamos por nos juntar, os quatro, enquanto os dois guias (e as quatro mulas) seguiam juntos um pouco atrás. Ela falava inglês, mas apenas arranhava o espanhol. Ele, só no francês mesmo. De modo que, mesmo de volta à república Dominicana, tratei de prtaicar o francês novamente.
No refúgio no fim de tarde, esquentando-se na fogueira (trilha do Pico Duarte, na República Dominicana)
Cozinhando nosso jantar no refúgio em Compartición, pouco abaixo do Pico Duarte, na República Dominicana
A caminhada que havia se iniciado com uma chuva fina, agora era entre as nuvens, as florestas cobertas por uma névoa que lhes emprestava um ar fantasmagórico. Ficamos em a paisagem distante, mas o ambiente próximo era fabuloso. Além disso, a ausência de sol facilitava bastante a subida, a altitude subindo para cima dos 2 mil metros.
Fogueira noturna, no refúgio um pouco abaixo do Pico Duarte, na República Dominicana. O pé que aparece na frente é o do Rodrigo, tentando esquentá-lo ao fogo!
Com tanta conversa interessante, as etapas foram passando rapidamente. Houve a esperada parada do lanche, cruzamos com muita gente descendo (muitos dominicanos tinham aproveitado o feriado para caminhar nas montanhas) e finalmente o tempo começou a se abrir, revelando um mar de montanhas à nossa volta.
O dia nasce um pouco antes de chegarmos ao cume do Pico Duarte, na República Dominicana
A caminho do cume do Pico Duarte, na República Dominicana, com o dia nascendo
Depois de chegarmos quase aos 2.700 metros, a mais longa descida da trilha (pelo menos na parte da ascensão!) até o refúgio em La Compartición. Era um pouco depois das duas quando lá chegamos. O refúgio, que havia estado bem cheio na noite anterior, agora só estava com um grupo de 10 pessoas, amigos que haviam subido até o cume durante o dia e resolveram dormir por lá mais uma noite, para voltar no dia seguinte. Conversei rapidamente com eles e descobri que não havia mais ninguém lá no alto. Além do mais, disseram-me que, caminhando rápido, eram pouco mais de uma hora até o cume do Pico Duarte.
A bela visão que se tem quase ao chegar ao cume do Pico Duarte, na República Dominicana
As montanhas que cercam o Pico Duarte, na República Dominicana
Foi o bastante para tomar minha decisão. Esperei um pouco por lá, esperando que a Ana e o casal de franceses chegassem, aproveitando para recuperar o fôlego. A Ana ficou meio na dúvida se atacaria o pico hoje também, mas achou melhor ficar no acampamento mesmo. Eu parti em ritmo acelerado para cima, cerca de cinco quilômetros e 600 metros de ganho de altitude.
Junto com o Duarte, no cume da montanha que leva o seu nome, na República Dominicana
Levei apenas uma jaqueta para chuva e a máquina fotográfica, além de uma garrafa d’água enchida em uma das fontes puras e deliciosas ao lado do acampamento. Foi só na metade do caminho que lembrei que deveria ter trazido algo para comer também. Ao menos, uma barra energética. Mas, enfim, não tinha levado e era melhor não pensar na fome. Se bem que não era exatamente fome que eu sentia, mas a minha energia acabando, o final da “bateria”.
No ponto mais alto do Caribe, o Pico Duarte, com 3.080 metrtos, na República Dominicana
Segui no orgulho, bem menos resistente que havia imaginado, mas em 55 minutos estava lá encima, no ponto mais alto do Caribe. Eu e a estátua do Duarte, o herói da independência dominicana dos haitianos, 170 anos atrás. Uma densa neblina nos envolvia e por bem poucos momentos ela se abriu para eu poder ver algo da paisagem. Mas não era atrás de vista que eu estava, mas da sensação de estar ali, solo, naquele lugar tão especial. Foi muito legal!
Vista do alto do Pico Duarte, na República Dominicana
Vista do alto do Pico Duarte, na República Dominicana
Junte a emoção e a falta de energia e eu resolvi sentar um pouco no pedestal do grande Duarte. Dois minutos depois, eu já sonhava profundamente. Sonhos especiais, muita natureza, alturas e liberdade. Bem combinado com o lugar que estava. Vinte minutos depois, acordei no susto, sem saber exatamente onde estava. Foram uns dois minutos pensando, tentando organizar os pensamentos e ideias e separá-los dos sonhos. Por fim, me achei no tempo e no espaço e vi que estava mais do que na hora de voltar, para não caminhar no escuro. Disse um até logo ao cume a à estátua e desci para o refúgio.
No alto do Pico Duarte, na República Dominicana
Lá cheguei recebido de braços abertos por todos, impressionados com a façanha. É que a Ana já tinha feito a maior propaganda, esposa coruja! Melhor foi a enorme fogueira que tinham armado, a fonte de calor que eu tanto ansiava, em meio ao frio que começava a apertar. Para completar, comida quentinha que os guias tinham preparado. Todos já tinham comido, mas a Ana providenciou um prato para mim. Ali, na frente da fogueira, comida saborosa e quentinha, ótima companhia, não precisava de mais nada!
Umidade presa nas teias de aranha parecem flores! (trilha do Pico Duarte, na República Dominicana)
Com nossos amigos franceses, voltando do cume do Pico Duarte, na República Dominicana
Não fomos dormir tarde, já que o plano era madrugar para ir ao pico, nós quatro e um dos guias. O outro ficaria no refúgio, para nos aguardar com um café da manhã caprichado. No escuro ainda, todos com lanternas na cabeça, começamos a caminhar. O céu agora estava limpo e brilhava uma bela lua. Tão forte que quase já não precisávamos das lanternas.
Mulas descansam na área do refúgio do Pico Duarte, na República Dominicana
Planta na trilha do Pico Duarte, na República Dominicana
Agora que eu já sabia o caminho e na companhia da esposa e amigos, muita conversa para esquentar e distrair, foi infinitamente mais fácil que no dia anterior. Com o sol nascendo, chegávamos no Vale de Lílis, último ponto de parada, 100 metros abaixo do pico. Quinze minutos depois, estávamos todos no teto do Caribe, o Duarte feliz por me rever. O céu estava azul e finalmente pude ver a incrível natureza que cerca a montanha, dezenas de quilômetros para todos os lados. Dizem que, em dias excepcionais, dá até para ver o mar, ao norte, e o Haiti, a leste.. Hoje não dava para ver tão longe, mas mesmo assim, estava magnífico!
Descendo a trilha do Pico Duarte, na República Dominicana
Voltamos para o refúgio, nos esbaldamos no café da manhã e ganhamos força para a subida que nos esperava, o “reverso” daquela maior descida do trecho de ascensão. Chegando lá encima, só nos restava descer. A próxima parada foi a do lanche, no meio do caminho. Daí para baixo, desgarrei-me do grupo, descendo quase correndo, pura diversão na trilha cheia de curvas e pedras.
Encontro com tropa de mulas na trilha do Pico Duarte, na República Dominicana
Os quase vinte quilômetros de descida passaram muito mais rapidamente que na subida (claro!) e cheguei á entrada do parque, onde logo procurei um boteco para uma merecida Presidente (a cerveja nacional da Rep. Dominicana). Uma hora depois chegava a Ana e , um pouco depois, os franceses. Antes mesmo da cerveja, eles foram direto para um mergulho nas águas geladas do rio. Eu também não resisti e logo chegaram mais cervejas, trazidas pelos nossos guias. Um final de outo para dois suados e deliciosos dias de trekking.
Um rio refrescante na trilha do Pico Duarte, na República Dominicana
Os franceses partiram em seu carro alugado enquanto nós fomos levados de volta à Jarabacoa pelo Monche. Amanhã, é nossa vez de alugar um carro para, nos próximos dias, explorar o litoral norte do país. Chega de montanhas, vamos às praias!
Depois da trilha, um merecido e gelado banho em um rio no final da descida do Pico Duarte, na República Dominicana
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