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roberto (07/03)
Amarildo (05/03)
Morei em Altamira em 1987 a 2004 fomos proprietário de terras no KM 40 e...
Deusa Neiva (05/03)
Indignação, não tenho outra palavra pra definir o sentimento de raiva ...
Wanderlei Pereira (05/03)
Olá pessoal gostei de todos os comentários de Vocês, eu trabalho com m...
FERNANDA (28/02)
Adorei seu site.... estarei indo para Porto rico em breve e gostaria de ...
As incríveis pedras que se movem, no leito seco de um antigo lago no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Desmontamos acampamento, mal dormidos e acabados. Ainda assim reunimos forças para parar mais uma vez e ver este incrível mistério da natureza. Serão ETs? Ou os ITs, intra-terrestres, se tentando comunicar com os terráqueos?
Nosso acampamento em meio a bela paisagem perto da Race Track, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Eu acho que a teoria da argila, gelo, ventos boa, mas acho que mais um agente pode ser adicionado aí, a seca. Quando o solo seca, erode e quebra, ele se parte e “empurra” a pedra em diferentes direções. E aí, convenci? Espero viver para ver os cientistas encontrarem uma explicação.
Encruzilhada nos setores mais isolados do Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Nosso caminho para Las Vegas nos levava novamente à Furnace Creek e os vales do banho e das piscinas ainda estava válido, um banho quentinho após uma noite tão gelada era a nossa única saída para aguentar 3h de estrada e uma provável balada no encontro com a minha irmã.
A deliciosa piscina do hotel em Furnace Creek, no Death Valley National Park, na Califórnia - EUA
Passar a Páscoa com a minha irmã em Las Vegas foi um dos motivos de termos decidido pelo roteiro das duas semanas. A Juliane vive em Londres e tem um namorado inglês que vive em Nova Iorque, assim eles vão e vêm do velho ao novo continente para se ver sempre que podem e dessa vez decidiram conhecer juntos a Sin City! Para nós era perfeito, pois Las Vegas não era muito a nossa praia mesmo, melhor estar com um casal animado, matando as saudades da pequena que eu não via há 1 ano e meio!
Chegando à Las Vegas, em Nevada, nos Estados Unidos
Viajamos para Las Vegas e chegamos no final do domingo de páscoa e aproveitamos os 3 dias para conhecer a cidade, ver alguns shows e planejar os nossos próximos meses de viagem. Daqui dos Estados Unidos iremos fazer duas etapas importantes da viagem, voaremos para Islândia e Groelândia, que geograficamente também fazem parte da América e iremos aproveitar os preços baixos para voar para mais uma etapa caribenha dos 1000dias.
Foram 3 dias de muita pesquisa de preços, pacotes, passagens aéreas, mapas e guias para conseguir fechar o roteiro pelos Estados Unidos, a tempo de voar para estes lugares e finalmente ficou definido.
Visualizar Roteiro 1000dias - Cruzando os EUA em um mapa maior
Cruzaremos os EUA pela Route 66 até Memphis, desceremos para New Orleans e seguiremos em direção à Orlando. Em Orlando uma parada estratégica, encontramos vôos diretos do Sandford International Airport com bons preços para a Islândia e um pacote que parte da Islândia para um tour de 5 noites na Groelândia. Odiamos pacotes, mas o transporte na Groelândia é todo feito por aviões e acaba saindo muito caro viajar de forma independente. Dia 25/04 pegamos o voo em Orlando para Reikjavik e depois dos 5 dias na terra verde teremos uma semana na Ilha Viking. De volta à Orlando no dia 08/05 a noite, teremos 20 dias para subir a costa leste, antes descendo até o Everglades e Miami, subindo pela Georgia e fazendo um pequeno detour pelo Kentuky para conhecer o Mamooth National Park! Pensem na correria!
Visualizar Roteiro 1000dias - Costa Leste em um mapa maior
Teremos pouco mais de 30 dias para conhecer 9 países caribenhos e voltamos para Nova Iorque, agora para encontrar a nossa querida sobrinha Bebel, que irá passar duas semanas viajando conosco pelo extremo leste dos EUA e parte do Canadá. Depois disso hora de cruzar novamente para a costa oeste rumo ao Alasca! Ufa, acho que estamos conseguindo conciliar quase tudo!
Visualizar Canadá - Cruzando de Leste a Oeste em um mapa maior
Sugestões? Não deixem de comentar aqui abaixo e nos ajudar a enriquecer os nossos 1000dias por toda América!
Vista do alto da Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Chegamos ao Brasil! Cruzamos a fronteira para a cidade de Pacaraima, no norte de Roraima, sem precisar parar na fronteira mostrar documentos, fazer imigração ou aduana. Ahhh, lar doce lar! Fomos até o centro tomar a primeira providência necessária, sacar dinheiro no banco. Paramos no primeiro banco que vimos um Banco do Brasil e, OPA! Não podemos sacar dinheiro! Como assim? Pois é, o caixa automático não é do 24 horas e brasileiros só sacam dinheiro no caixa do seu banco, certo? Pois é, tanto tempo fora do Brasil e ficamos meio esquecidos... aí nos perguntamos, será que aqui tem HSBC, Santander ou Itaú? É claro que não! Em Pacaraima encontramos Banco do Brasil, Caixa Econômica ou Bradesco! Nenhum comerciante pode nos ajudar com os cartões de crédito, nos resta o que? Trocar nossos poucos dólares por reais! Quem diria, nunca imaginamos que justo no Brasil teríamos que trocar dólares! De repente pensamos... Sim, chegamos ao Brasil.
Fronteira de Venezuela e Brasil, em Santa Elena
Bom, não bastasse isso também descobrimos que em Pacaraima não existe posto de gasolina, pois o vizinho ali do norte quebra qualquer dono de posto aqui. Assim, tivemos que voltar à Venezuela e entrar na fila do posto de brasileiros que havíamos acabado de rejeitar. Sorte que na volta pelo menos a fila de diesel estava bem menor e conseguimos acelerar. O posto para brasileiros foi criado pelo governo venezuelano com um preço bem maior e que ainda assim é menos da metade do que pagamos no Brasil.
Posto para brasileiros lotado em Santa Elena, na Venezuela
Resolvidos estes “pequenos detalhes” operacionais, finalmente estamos prontos para adentrar em terras brasileiras e começar as nossas explorações nestes territórios tão distantes para a maioria dos brasileiros. Queríamos conhecer a região de Uiratumã, na terra indígena da Raposa Serra do Sol, que por tanto tempo estrelou nos noticiários nacionais. Nos informamos no caminho e... pois é, a situação aqui continua incerta e nem sempre os turistas tem autorização para visitar as terras indígenas. Além disso teríamos problemas com combustível, já que daqui à Uiramutã não existem mais postos de gasolina. Temos que estar em Boa Vista para pegar um avião no dia 19 cedo, assim sendo revolvemos facilitar as coisas e fomos direto para a Serra do Tepequém.
Buscando informações sobre a estrada para Uiramutã, em Roraima
As belezas do caminho para a Serra do Tepequem, no norte de Roraima
A Serra do Tepequém é aquele lugar que você vê e pensa: nunca imaginei que algo assim existisse aqui no norte do Brasil! Em meio aos sertões e veredas da savana brasileira, emerge uma pequena serra que traz diamante em seus veios. Muitos maranhenses e cearenses vieram para cá em busca de uma oportunidade de enriquecimento e uma vida melhor. Seu Marcos, o dono da venda na Vila de Tepequém, nos conta que o começo foi bem difícil, não existia nada aqui. Quando as grandes mineradoras chegaram com máquinas ficou ainda mais difícil encontrar as pedras precisosas e os garimpeiros chegaram a passar fome.
Chegando à Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Parte da gente que veio, foi embora, mas alguns poucos ficaram e começaram a encontrar alternativas para viver. A criação de peixes nos lagos foi uma delas e o turismo logo apareceu como uma boa alternativa. A serra possui várias cachoeiras e está próxima o suficiente para ser uma alternativa de final de semana para o pessoal de Boa Vista. Hoje o Tepequém recebe muitos turistas da região em busca de um lugar tranquilo, mais fresco e cheio de trilhas e cachoeiras, um ótimo lugar para entrar em contato com a natureza.
Passeando na Serra do Tepequem, no norte de Roraima
São várias pousadinhas e campings na vila e pelo menos 3 opções de restaurantes. Há quase um mês a cidade não recebia turistas, pois a ponte de acesso estava quebrada e deixou a vila isolada. Ontem a ponte reabriu e nós fomos os primeiros turistas a reiniciar as atividades. Depois de todos os estresses de fronteira, não teve melhor “tira zica” do que um banho de cachoeira no Salto do Paiva!
A bela cachoeira do Paiva, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Descansando em um dos rios da Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Há apenas 15 minutos e 120 degraus da cidade, o salto tem vistas lindas e as águas mais deliciosas da região! Rsrs! De volta à vila, sentamos na vendinha de frente para a praça/ pista de pouso da cidade e vimos o entardecer olhando para o platô, loucos para subir lá e fuçar cada trilha.
O Platô, ponto mais alto da Serra do Tepequem, no norte de Roraima
A pacata vila da Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Adendo importante! Que saudades da comidinha brasileira! Hummm! O jantar na casa da Dona Luzia, arroz com feijão, carninha e salada, definitivamente comprovam: estamos de volta ao Brasil!
Depois de tanto tempo, comendo uma legítima comidinha brasileira, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Com a Dona Luzia, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Papo vai, papo vem, acabamos entrando no clima tranquilo da vila. Faremos apenas o que o nosso tempo nos permitir. Relaxamos e decidimos aproveitar bem a manhã seguinte para uma caminhada até a Cachoeira do Barata. Águas verdinhas e geladas em uma trilha que desce o próprio leito do rio, de poço em poço, até a cachoeira principal. Linda!
Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Ficaram ainda na grande lista de cachoeiras, a Cachoeira do Funil, o Platô e suas araras azuis e o Cabo Sobral. Nos despedimos do Tepequém agradecendo por ele nos mostrar como o nosso Brasil pode ser diverso, de norte a sul! E você, já imaginou pegar um friozinho de serra aqui no norte do Brasil?
Cachoeira do Barata, na Serra do Tepequem, no norte de Roraima
Voltar para o nosso ponto de origem, nossa casa, a cidade onde nascemos, é sempre uma loucura, uma mistura de sensações. Os motivos são diversos:
1) Não faz mais parte do itinerário normal dos 1000dias, temos que pegar uma longa estrada de volta por onde já passamos.
2) Sempre nos programamos para ficar 2 ou 3 dias e acabamos ficando mais, porque não estamos programados? Não, pelo maldito clima do sul, chuva e frio, que sempre nos deixam na expectativa que o dia seguinte será melhor que o anterior.
3) Sempre tentamos subir o Pico Paraná e não conseguimos pelo motivo descrito no item acima.
4) Sempre tentamos encaixar o mergulho na Lage de Santos e não conseguimos, também pelo motivo descrito no item 2.
5) Sempre ficamos com a sensação que estamos ficando mais atrasados no itinerário, mas ao final tudo sempre dá certo.
Mas, como tudo na vida tem sempre um lado bom:
1) Vemos a família, matamos as saudades da mãe, pai, irmã, cunhado, tia, avó e principalmente da sobrinha, queridíssima Lulu.
Luiza, a vovó e a bisa, em Curitiba - PR
2) Podemos resolver algumas burocracias de forma mais fácil, pois já conhecemos os caminhos mais fáceis. Reuniões sobre o site, multas, bancos e chatisses do Detran, essas coisas.
Ana com o pai em Curitiba - PR
3) Podemos lavar a roupa na casa da mãe sem quererem cobrar 450 reais pela máquina.
A Luiza no colo da bisavó, em Curitiba - PR
4) Ter um dia de princesa, com direito a fazer a mão, pé e cortar o cabelo.
Com a Marta, em Curitiba - PR
5) Posso ir fazer uma drenagem linfática para desobstruir o meu frágil sistema linfático.
Para finalizar, é uma loucura também, porque não é o que a maioria das pessoas está esperando... Alguns amigos chegam a dizer que teremos que zerar a contagem dos dias sempre que pisarmos em Curitiba. Olha que nós não achamos má ideia, ao invés de 1000 serão 1200 dias! Que tal?
Depois das cachoeiras, voltamos ao hotel, trabalhamos um pouco, enquanto aguardávamos pelos nossos “anfitriões” em Carrancas, Quilia e Rodrigo. Rodrigo é amigo do Aroldo e da Nê lá de Perdões e que administra uma fazenda aqui em Carrancas. Ambos estavam trabalhando durante o dia todo, mas havíamos combinado de nos encontrar à noite, antes de seguirmos viagem para São Tomé.
Rodrigo apareceu aqui na nossa pousada perto das 20h e já engatamos numa prosa boa. Bem que Quilia havia falado que ele era “gente boa dimais, engraçado dimais!”. Não demorou muito sugeri que fôssemos jantar em algum lugar por aqui mesmo. Mineiro é um povo muito hospitaleiro, então logo Rodrigo falou “Se tivessem avisado antes a gente fazia uma carne procês lá em casa, uai, assava uma carne e tomava uns lá”. Foi a nossa oportunidade! Estávamos super curiosos para conhecer a fazenda, muito falada pela Ne e pelo Aroldo.
“Ara”, não deu dois minutos e já estava tudo armado! Rodrigo convidou o Quilia e rumamos para a casa dele, na fazenda Serra das Bicas. Cervejinha de cá, pinguinha de lá e enquanto isso descongelava a carne.
O Quilia, cozinheiro experiente, acertou em cheio o tempero. Novamente nos esquentamos ao lado do fogão à lenha em meio a vários causos contados pelo Rodrigo. Eu parecia uma criança de 5 anos perguntando tudo sobre a fazenda. Porque? Como? Quando? Onde? E assim meus conhecimentos sobre esse mundo rural, ou melhor, agropecuário estão aumentando significativamente!
Pra variar, engatei na prosa e o Ro teve que me puxar para ir embora... Mas, como dizem os mineiros... “fazê u quê?”
Amanhecer nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
4:30am, pegamos a estrada em direção à vila de Machuca. Não conhecemos o caminho, mas não deve ser difícil encontrá-lo, uma vez que é uma rota comum dos tours. São 99km até o Completo Termal de Tatio, onde encontramos os Geysers mais altos do mundo, a 4.320msnm. A noite não conseguíamos ter muita ideia do terreno e pelo mapa tínhamos dois caminhos. A procissão de carros e vans que seguia na mesma direção se dividiu, qual será o melhor caminho? Escolhemos o da direita, que parecia mais curto e sem tantas curvas.
Exibir mapa ampliado
Aqui já começamos a subida, saímos dos 2.500m de São Pedro e subimos aos 4.000m. Pouco a pouco a estrada vai sumindo e várias rotas alternativas começam a surgir. Sim, nessa altitude a neve torna-se um elemento presente e dificulta do trajeto. Vamos no faro, tentando adivinhar o melhor caminho e a rota escolhida pelo distante carro à nossa frente. Um rally na madrugada com a mínima de -11°C não era bem o que estávamos imaginando, mas tivemos que vencer o sono e manter a disposição para novas emoções!
Fiona nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
6am, o sol já começa a clarear o dia por detrás da cordilheira e aos poucos vamos visualizando melhor o cenário. Mais gelo, mais neve e aquele frio gelado que faz minutos antes do sol nascer... um dos momentos mais frios do dia. Ao longe começamos a enxergar torres de fumaça, não é a toa que este horário é o ideal para visitar os geysers, pois é quando a diferença térmica os faz ficar ainda mais visíveis.
Paisagem apocalíptica nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
6:30am, chegamos ao Geysers del Tatio! Uma paisagem exótica, diferente de tudo que já havia visto na vida. Torres de fumaça de 5, 10m de altura espalhadas em uma baixada entre montanhas nevadas e vulcões extintos.
Turistas póximos à coluna de vapor dos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Fumaças, fumacinhas e fumaçonas, é assim que nós, meros mortais, conseguíamos diferenciar os geysers. São vários tipos e formas de afloramento que a águas frias emergentes formam no contato com as rochas vulcânicas hiper aquecidas. Algumas são apenas o escape da fumaça, perfeitas para aquecer a mão da turista “sem noção” que esqueceu sua luva.
Aquecendo-se na manhã gelada nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Outras em formato de mini-vulcões ou panelas cheias de água borbulhante vão formando os mais belos espetáculos. A temperatura do vapor pode chegar a 85°C no complexo que é composto por 40 geysers, 60 termas e 70 escapes de fumaça nos apenas 3km2. Alucinante!!!
Em meio aos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Estavam muitos graus abaixo de zero e uma das formas de tentarmos nos aquecer era encontrando um geyser mais brando onde pudéssemos nos perder em meio à fumaça. Aos poucos o sol foi saindo e o céu clareando tornando o espetáculo ainda mais impressionante! Diferentes cores, verdes, alaranjados, brancos e azuis, desenham no chão um mostruário dos diferentes minerais e elementos presentes nas águas subterrâneas e rochas aquecidas. Cursos de água congelada convivendo com vapores e águas ferventes, novamente a terra dos contrastes nos surpreende!
A água "mineralizada" dos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Ao fundo vemos um maquinário abandonado, foi uma tentativa feita em 1960 para a geração de energia térmica a partir deste complexo. Infelizmente os resultados não foram satisfatórios e o projeto se comprovou inviável financeiramente. Hoje a estrutura montada para o projeto recebe os turistas, pesquisadores e cientistas que visitam o parque. Próximo dali, ainda no mesmo parque, estão os banhos termais. Uma barragem artificial construída no fluxo de águas termais para os corajosos se banharem. A temperatura varia de 28 a uns 31°C. Os turistas de apinham no raso, próximos de onde a água aflora quentinha, mais distante dali, mesmo os 28°C parecem congelantes somados ao frio da temperatura externa.
Banho aquecido na manhã gelada a mais de 4,3 mil metros de altitude nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
É difícil ir embora, em cada canto uma imagem mais linda, a cada minuto uma luz mais especial. Aos poucos os geysers parecem diminuir e se abrandar. Sabemos que eles ainda estão ali, apenas menos visíveis. Hora de ir embora... extasiados pela experiência, mas cansados. Havíamos dormido apenas quatro horas. Tínhamos planos de seguir para as termas de Puritama e, dependendo do pique, conhecer outros atrativos para este lado. Voltamos pelo outro caminho, desviando pelo povoado de Machuca. O caminho era muito mais fácil e tranquilo que o da vinda, o dia lindo agora nos mostrava as belas vistas do nosso retorno.
Início do dia nos Geisers del Tatio, na região do Atacama, no norte do Chile
Esgotados, acabamos decidindo retornar direto à São Pedro. Segunda-feira, final de feriado, poderíamos retornar ao nosso primeiro hostal e tentar colocar as nossas coisas em dia. A tarde que pensei que seria de descanso acabou sendo uma tarde de Maria. Fiz uma faxina geral na Fiona, por dentro e por fora. A coitada, estava imprestável. É, a vida na estrada é boa mas cansativa, em alguns momentos temos que parar e respirar para recuperar as forças e poder seguir caminho.
Admirando o Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela
Começamos a nossa aventura pela Gran Sabana venezuelana! Um lugar bem conhecido dos brasileiros do norte, principalmente do Amazonas e de Roraima, que aproveitam feriados e férias para conhecer as savanas e cachoeiras do sul da Venezuela. Uma terra de muitas belezas naturais cortada basicamente por uma única estrada, a 10, que sai de Santa Helena de Uairén, na fronteira com o Brasil, vai até Ciudad Guayana, 600 km ao norte e continua rumo ao Mar do Caribe. Nós percorremos esta estrada no sentido contrário, já que vínhamos de Ciudad Bolívar. Adiantamos parte do percurso dirigindo 5 horas até a cidade mineradora de El Callao, na fronteira norte da Gran Sabana.
Atravessando o centro garimpeiro de El Dorado, antes de entrar na Gran Sabana, na Venezuela
El Callao se desenvolveu em torno da região mais rica em ouro na Venezuela. Durante mais de 300 anos os espanhóis buscaram o El Dorado ao longo do Rio Orinoco, porém foi apenas em 1849 que os garimpeiros espanhóis encontraram os ricos veios de ouro do Rio Yuruarí. Mais de 15 toneladas de ouro eram retiradas por ano nos idos de 1880 e a Venezuela se tornou a maior produtora de ouro do mundo, só perdendo o posto para a África do Sul anos mais tarde. Ainda assim calcula-se que 10% das reservas de ouro do mundo estão em terras venezuelanas e andando pelas ruas de El Callao fica bem fácil acreditar nisso.
Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela
Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela
Fizemos umas comprinhas básicas na cidade, água e frutas e seguimos viagem pela Gran Sabana, com paisagens lindas! No caminho pararíamos em um posto de gasolina para colocar diesel, mas a fila gigantesca nos fez desistir. Tínhamos combustível justo para chegar à Santa Helena e contávamos com um posto no km 88 ou ainda com o posto das Rápidas de Kamoirán, no km 171. Nenhum deles tinha diesel, portanto ficamos apenas com uma pequena folga para desviar até o Salto Aponwao.
Gran sabana, na Venezuela. O Brasil é logo ali!
O Salto Aponwao está dentro do Parque Nacional Canaima, um dos maiores parques nacionais do país. Só para terem uma ideia do tamanho, é o mesmo parque onde está localizado o Salto Angel, com acesso apenas via aérea. Localizado no norte da Gran Sabana, para chegar até ele é necessário estar em um veículo alto, preferencialmente com tração 4 x 4.
Placa informativa de estrada secundária na Gran Sabana, na Venezuela
A Fiona nos leva através da Gran Sabana, na Venezuela
Saímos da estrada principal no km 140 e seguimos em direção à vila de Kawanayén. Rodamos 28 km até a região de Parupa e aí encontramos a trilha de areia e terra que nos leva até a Vila de Liworibo, onde está o Salto Aponwao. Lá chegando encontramos um dos moradores da vila pemón arikuna, o guia Omar.
O Luis, nosso guia na região do Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela
A esta altura já havíamos decidido acampar por ali, compramos um enlatado na venda local, antes que fechasse, e subimos na curiara de Omar, (canoa motorizada) para cruzar o Rio Aponwao. Os tours mais curtos e fáceis te levam ao salto direto de canoa, mas nós preferimos caminhar. Andamos uns 15 minutos na canoa e 40 minutos cruzando a savana em uma trilha plana e fácil até o mirante do Chinak Merú, como é chamado o Salto Aponwao na língua pemón.
Pronto para ir conhecer o Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela
Caminhando na Gran Sabana, a caminho do Salto Aponwao, na Venezuela
Uma cachoeira incrível, um rio que despenca do alto dos seus 105 metros e forma uma cortina d´água única em meio à Gran Sabana.
O Salto Aponwao, o maior da Gran Sabana, na Venezuela
Eu imaginava que poderíamos nos banhar nela, ledo engano! Há uma trilha que desce até o pé da cachoeira e quando o rio está mais baixo forma-se uma prainha onde é possível tomar banho. Não foi o caso hoje, a nuvem de água deixava todo o vale úmido e escorregadio, não muito convidativo para uma caminhada.
O Salto Aponwao, o maior da Gran Sabana, na Venezuela
Caminhando nas vastidões da Gran Sabana, na Venezuela
Voltamos com o sol baixando, uma luz linda e pouco tempo para conhecer as outras pequenas cachoeiras da região, mas com tempo, lugares não faltam para serem explorados. No caminho Omar, sabendo dos nossos planos de acampar, nos convidou para dormir em sua casa (com alguma gorjeta voluntária) na Vila Indígena Pemón de Riwo Riwo. Nós estávamos curtíssimos de dinheiro e fomos sinceros com ele, ainda assim, pela amizade e pela companhia ele manteve o convite e abriu as portas da sua casa. A casa está vazia, pois ele se mudou com esposa e filhos para morar na casa da sua sogra, que já precisa de cuidados. Com visão e tino para o turismo, Omar (38) e sua esposa Natália (49) estão planejando transformar a casa “extra” da família em um albergue simples para turistas como nós que chegam por ali.
O Luis, nosso guia, e sua esposa Stefany, moradores da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
Na casa cozinhamos uma sopa e um macarrão que eu sempre trago no carro, para os casos de emergência, e montamos nosso pequeno acantonamento, com isolantes térmicos e sacos de dormir. De noite faz frio na savana, ainda mais depois do temporal que caiu! Tomamos um banho rápido no rio que circunda a comunidade e, assuntando sobre combustível, descobrimos que um caminhão de suprimentos chegava na vila. A vila de não mais de 15 casas conta com uma igreja católica e uma escola. A professora do primário é a líder comunitária, a pessoa com maior grau educacional entre os integrantes do vilarejo. O mercador, dono do caminhão, é seu namorado e assim a vila tem este privilégio! Ele vende de tudo um pouco, luvas, botas, cordas, colchões, pequenos móveis, galões e o principal, ele faz o fornecimento do diesel para o gerador de luz da comunidade. Papo vai e papo vem, conseguimos negociar com o mercador e a professora a compra de um galão de 20 litros de diesel para a Fiona! Isso custaria aqui na Venezuela em torno de 30 centavos de real, mas aqui no meio da savana tudo fica mais caro, nos custando então 100 bolivares! Leia-se: a bagatela de 7 reais!
Nossa casinha na aldeia perto do Salto Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
Enquanto o Ro capotou de cansado em casa, eu saí em busca do diesel e acabei sendo intimada a desatolar o caminhão do nosso amigo mercador. O seu motorista havia se prontificado a levar uns indiozinhos para a vila vizinha, há 15 minutos dali. Ele pegou o caminho errado e acabou atolando! Que azar! Ele não queria deixar as mercadorias todas sozinhas, mas estava chovendo e já estava escuro, seria impossível tirá-lo de lá hoje! Então eu fui até lá com as crianças avisá-lo que tiraríamos o caminhão pela manhã e dei uma carona para os 5 jovens até a vila vizinha, onde está a sede do parque.
Nosso "acampamento" na casa do Luis, na Gran Sabana, na Venezuela
De volta à comunidade encontrei Omar e Natália e passamos longas horas conversando. O casal tem 5 filhos e leva uma vida muito simples na vila. Há alguns quilômetros dali Omar e seus familiares plantam mandioca, batata e alguns poucos vegetais. A pesca e a caça estão cada vez mais escassas e a venda de artesanatos e o trabalho como guia são a única renda que eles possuem. Natalia já esteve no Brasil acompanhando sua sobrinha que estava grávida e foi a Boa Vista para o parto. Elas reuniram as poucas economias que tinham e conseguiram carona para chegar até a capital de Roraima. Complicações no estágio final da gravidez fizeram que sua sobrinha ficasse quase um mês no hospital e ali ambas tiveram todo o apoio e atendimento necessário. Ela conta que ficou impressionada com a qualidade do atendimento, enfermeiras sempre preocupadas e médicos muito atenciosos. Ganhou roupas, comida e até salão de beleza das amigas que fez no hospital.
O Luis, nosso guia, e sua esposa Stefany, moradores da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
Para Natália o Brasil é um paraíso, cheio de pessoas educadas e muito gentis. Estava sempre muito curiosa para ver fotos de Boa Vista e querendo entender melhor o mapa do Brasil. Eu mostrei algumas fotos, o mapa e ensinei um pouco de português, enquanto Omar me perguntava sobre o trabalho e a vida no Brasil. Com a experiência de Natália sem dúvida Boa Vista lhes parece uma ótima saída desta vida paupérrima que vivem aqui. Quem dera fosse sempre assim, pensei... uma vida no campo às vezes lhes pode sair muito melhor do que a vida de imigrante em uma capital brasileira. Que a vida lhes guie pelo melhor caminho!
Fim de tarde na região do Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela
Com o combustível extra que conseguimos, voltamos a pensar em ir até Kawanayén, a pequena vila em meio a uma paisagem incrível de tepuis que foi construída ao redor de uma Missão de Padres Capuchinhos. Kawanayén, a 70km de estrada de terra desde a estrada principal, estava no nosso plano original, mas sem combustível disponível já havíamos desistido. Omar e Natalia se animaram em nos acompanhar, não apenas pelo passeio, mas por que Kawanayén é muito mais barata para comprar suprimentos, comida, etc. Sairíamos bem cedo, entre 6 e 7 da manhã para dar tempo de irmos até lá, retornarmos e ainda seguirmos até Santa Helena, parando em algumas cachoeiras no caminho. Nosso cronograma estava apertado, mas daria tempo. Porém não contávamos que seria tão difícil desatolar o caminhão.
Caminhão atolado perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
A Fiona guincha um caminhão atolado perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
Na manhã seguinte ficamos umas 3 horas trabalhando para tirar o caminhão de mais de 9 toneladas da lama! A roda estava quase toda afundada, calçamos com as nossas pranchas de alumínio, pedras, puxamos com o guincho e nada! Estouramos uma das nossas cintas tentando tirá-lo dali... Só depois de muito cavar, muitas pedras e muita paciência foi que conseguimos fazer ele se mover!
A prancha de aluminio nos ajuda a desatolar o caminhão perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
Controlando o motor do guincho da Fiona durante operação paa desatolar um caminhão, perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
Celebração após desatolarmos um caminhão perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela
Ao final, nos despedimos de Omar e Natália sem poder leva-los até Kawanayén. Ajudamos com o que pudemos, comidas e roupas que tínhamos, além de um extra pela casa. Hoje é dia dos pais e a vila está em festa o dia inteiro! Missa na igreja pela manhã, famílias e amigos reunidos para o almoço e uma gincana organizada pela professora durante a tarde iam animar o Dia dos Pais. Uma pena não podermos ficar. Fomos presenteados com esta experiência na Gran Sabana! O encontro com Omar e Natália e a convivência, mesmo que rápida, com o pessoal da tribo foi marcante e muito especial! Espero poder voltar aqui e encontrar Omar e sua família muito bem, com uma bela pousadinha, transformando para melhor a sua vida e a da vila sem precisar sair da sua terra e sem perder as suas raízes.
Nessa época, há muitas flores na Gran Sabana, na Venezuela
Praia alagadiça na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
Circundar a ilha de Lençóis não é uma tarefa difícil, basta ter um pouco de disposição, pois o resto a ilha faz por você. As paisagens da Ilha de Lençóis são fantásticas, mesmo com dias nublados. As manhãs tem sido chuvosas neste período de inverno, então aproveitamos a tranqüilidade do nosso quarto, telhado e paredes de babaçu para trabalhar enquanto chove e saímos explorar mais perto do meio-dia, quando temos uma brecha de tempo seco.
Trabalhando no quarto da pousada na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
Saímos caminhando pelas dunas altas, margeando o canal até chegar à área de manguezal. Beiramos o mangue e subimos as dunas até vermos o mar. O cenário de dunas é maravilhoso, mesmo para olhos acostumados, já que estamos vindo de tantos lençóis. Lá do alto avistamos uma lagoa e uma vastidão de areia impressionante! Todo o litoral muda com as marés, mas nunca havíamos presenciado uma mudança tão marcante. Ainda não entendemos bem como funciona a maré aqui na linha do equador, deve haver alguma explicação científica para isso, pois aqui as marés são muito grandes! A ilha deve praticamente triplicar de tamanho em marés baixas, principalmente se é lua cheia.
AS dunas da Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
Descemos as dunas para esta praia imensa, ladeamos a lagoa de água salgada e fomos explorando o terreno a cada passo que dávamos. Soubemos que no Maranhão são encontrados os únicos pontos de areia movediça no Brasil e ontem passamos por ela. É uma sensação engraçadíssima, ela parece uma gelatina, literalmente, e afunda rapidamente. Pode até haver alguma mais perigosa, como as dos filmes, mas aqui elas são praticamente inofensivas. É só não deixar atolar até o pescoço que você consegue sair. Caminhamos atentos, impressionados com a imensidão que uma pequena ilha nas reentrâncias maranhenses pode ter.
Explorando as dunas da Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
A praia é completamente deserta, mas mesmo nos lugares mais distantes sempre vemos indícios da ocupação humana, seja uma garrafa de vidro na duna, sejam inúmeras redes de pescadores fixadas à beira mar, só aguardando a maré subir para entrarem em ação.
A enorme praia na maré seca na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
Continuamos caminhando, a maré ainda está baixando e cada vez ficamos mais distantes do nosso destino. Comecei a cortar pelo meio do areal, pois circundar toda aquela planície descoberta pela água começava a se tornar um desafio muito grande para pés descalços. Nossa referência eram os cata-ventos, geradores eólicos da vila. Até agora só vimos pegadas, não cruzamos nenhuma alma viva, nem mesmo pescadores. A tranqüilidade é tão grande que quando demos por conta, já estávamos novamente no canal.
Caminhando na praia na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
A maré começou a subir rapidamente, seguimos andando em direção a vila pelo “mar de dentro” e mal sabia eu que a pior parte estava por vir. Chegamos a um igapó de mangue, para cruzá-lo não tínhamos escolha, tínhamos que enfiar o pé na lama. O Rodrigo foi e atolou até o joelho, praticamente. Foram pouco mais de 50m de muita lama nojenta. Era daquela mais desgraçada de mangue, com coisas duras que você fica pensando se são caranguejos ou tocos de madeira, argh! Afundei até metade da coxa, desesperada, enquanto o Rodrigo desdenhava da minha agonia com aquele sorriso sacana na cara. Não sei se a minha raiva maior era da lama ou dele, de estar rindo da minha cara. Enfim, passamos e sobrevivemos.
Cabras na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
A esta altura tudo o que eu queria era um banho e o almoço delicioso da Marluce. A noite ainda guardava mais uma social com os nossos pequenos amigos, lá no bar do Matias. A Micaela e o Micael vieram nos encontrar, dançamos e brincamos bastante, enquanto o Ro socializava com o Sebastião, pescador “borracho” do dia. Fomos para a pousada mais uma vez, depois de deixar os gêmeos na casa de Doza, sua mãe, dar um alô o Seu Mário e depois de ouvir a comemoração da galera quando o gerador de luz foi acionado. Tranquilos, pois sabemos que ainda teremos mais um dia nesta parte do paraíso aqui na terra.
Praia na Ilha de Lençóis, nas Reentrâncias Maranhenses - MA
Plantação de tabaco em Pinar del rio, no oeste de Cuba
Pinar del Rio, a província à oeste de Havana, possui uma geografia única, praias maravilhosas como Maria La Gorda e Cayo Levisa, um dos mais afamados centros de ecoturismo cubano e as principais plantações de tabaco do país. Uma região pitoresca, de vales e planícies completamente cultivadas com diferentes tipos de tabaco. Teremos apenas dois dias, mas não poderíamos deixar de explorar este cantinho de Cuba.
Despedida da "outra" Margarita, em Havana - Cuba
Hoje foi aquele dia em que tudo parecia perdido e que de repente deu uma virada impressionante. Após o delicioso café da manhã da Dona Margarita eu e o Rodrigo saímos procurar um carro para alugar. Não deveria ser algo difícil, mas para a nossa surpresa não havia carro disponivel! A Cubacar e a Rex, duas únicas empresas estatais de locação de automóveis, estavam esgotadas! Depois de tentarmos umas 4 lojas diferentes dessas empresas, já desacreditados, decidimos comprar a nossa passagem da Via Azul e pegar o primeiro ônibus de Havana a Viñales. Não foi que chegando lá, em frente à rodoviária o Rodrigo encontrou uma Cubacar que tinha um último carrinho disponível? Foi aí que descobrimos que a empresa não está totalmente integrada, embora tenha uma central de reservas. Eu estava com as malas prontas, esperando o Ro aparecer com as passagens quando ele chegou de carro e cuia para me buscar!
Uma das casonas no bairro de Miramar, em Havana - Cuba
Foi aí que a nossa sorte virou. Saímos de Havana já eram mais de três horas da tarde, conferindo o que poderíamos ver no caminho para aproveitar ao máximo os nossos dois últimos dias em Cuba. No meio do caminho, nas estradas vazias do país, eis que surge uma pessoa disfarçada de fiscal ou policial de trânsito e nos faz parar pedindo auxílio de transporte para dois “oficiais”. Quando vimos os dois já estavam dentro do carro e era tudo a maior balela! O cara era segurança de uma plantação de tabaco da região de Pinar del Rio e astuto, ligeiro e papudo, nos parou com pose de policial porque sabia que àquela hora nunca encontraria outro transporte ou turista que fosse lhe dar carona. O pneu do carro da “empresa” havia furado e eles tinham que retornar para Pinar, há uns 60 km dali.
Exibir mapa ampliado
No caminho eles foram nos explicando onde trabalhavam e o que havia de mais bonito para conhecer na região. Como agradecimento à carona (auto-stop), nos convidaram para conhecer a fazenda do seu chefe, Hector Luis. Uma das únicas plantações de tabaco particulares do país (uma de duas, na verdade), a Finca de Hector Luis, na área de San Juan y Martinez é hoje a produtora do melhor tabaco do mundo!
Plantação de tabaco em Pinar del rio, no oeste de Cuba
Todos conhecem a tradição do charuto cubano, não é a toa que o puro cubano possui essa fama, as terras e o clima desta região são os melhores do mundo para o cultivo dessa planta. Isso tudo somados à experiência e tradição das famílias espanholas que chegaram ao país há gerações, renderam ao Hector Luis o título de legítimo “Hombre-Habano”.
Visitando a fazenda do melhor tabaco e charuto de Cuba, de Hector Luis, em Pinar del Rio, no oeste de Cuba
Chegamos à finca com os nossos novos amigos e guias locais e eles já entraram em contato com o seu chefe, que estava recebendo visitas importantíssimas e nos atenderia uma hora mais tarde. O ilustre visitante era o ministro chefe de todo o tabaco de Cuba, homem de confiança de Fidel, que veio fazer uma visita especial ao seu principal produtor às vésperas da maior feira de charutos e tabaco do mundo que acontecerá nos próximos dias em Havana.
Teto repleto de folhas de tabaco, em Pinar del rio, no oeste de Cuba
Ao nosso redor, centenas de campos plantados, alguns com o tabaco “rubio”, usado para o cigarro comum, outros com o tabaco mais encorpado, de folhas maiores e mais frondosas, que é selecionado especialmente para os melhores charutos cubanos. Passamos pelas famosas terras e fábrica do Hoyo de Monterrey e mergulhamos na cultura do puro cubano.
Chegamos na época perfeita, em que todas as plantas estão crescidas e passando pelo período de colheita e secagem. O ciclo da planta de tabaco leva em torno de 45 a 80 dias. A planta utilizada para o “relleno” cresce pouco mais de um metro de altura, em solo arenoso e abaixo de sol. A folha que o envolve é do mesmo tipo de planta, porém crescida na sombra, chegando a 2m de altura e com as folhas mais finas e flexíveis. Quando mais dificuldade o tabaco encontra, somada à umidade e temperatura perfeitas, mais forte e saborosa fica a folha.
Folhas de tabaco em secagem dentro da casa-secadouro, em Pinar del Rio, no oeste de Cuba
As flores são podadas assim que florescem, para que não suguem a energia da folhagem. A partir daí, a cada dia dois andares de folhas são colhidas e colocadas na casa de secagem, alterando a quantidade de substâncias químicas que dão o sabor ao tabaco. As folhas mais baixas são as primeiras a serem colhidas, portanto as mais fracas, para puros mais suaves. As folhas do meio são consideradas as mais especiais, de onde sai, por exemplo, o Cohiba Esplêndido. A coroa é o tabaco mais forte, consumido principalmente por países com tradição no consumo do charuto, como a China, Estados Unidos e Rússia.
Tabaco, típico em Pinar del Rio, no oeste de Cuba
A secagem é feita naturalmente em casas estufas de madeira e dura em torno de dois anos, costuradas em linha uma a uma às ripas de secagem por mulheres tecedoras. Agora é que vem o principal segredo do sabor dos charutos: após a secagem, as folhas são colocadas em caixas de cedro da melhor qualidade, enterradas e regadas com uma mistura de água, mel e algumas vezes um pouco de rum. Ali ela irá fermentar por quase um ano, absorvendo os sabores e odores desta mistura e do cedro onde está conservada.
Processo de secagem e prensagem de folhas de tabaco, em Pinar del Rio, no oeste de Cuba
Toda essa explicação nos foi dada pelo próprio Hector Luis, que nos recebeu às seis horas da tarde, após o horário de visitação normal, e seu guia oficial Rafael. Enquanto nos contava estas histórias, Hector nos presenteou dois de seus charutos robustos para provarmos enquanto escutávamos maravilhados os segredos e minúcias daquele mundo tão novo para nós. Absorvemos ao máximo seu conhecimento e a experiência centenária de sua família no cultivo do tabaco em terras cubanas, um privilégio que ele tenta proporcionar a todos os seus visitantes e convidados. Rafael, após a explicação completa à luz de uma lanterna, ainda nos mostrou como é feita a montagem de um verdadeiro puro cubano.
Folha de tabaco já seca para ser enrolada em charuto, em Pinar del Rio, no oeste de Cuba
Eu já estava de olho nas plantações de tabaco, mas o Rodrigo estava reticente, “se der tempo faremos”, íamos direto para Viñales e pronto. Foi como seu Cuba tivesse nos dito: “vocês não podem sair daqui sem ver isso!” Uma experiência inigualável, um momento único e puramente cubano que só o destino e a nossa estrela viajante poderia ter nos proporcionado.
Quer saber mais sobre este assunto? Acesse este site super completo sobre a história e as curiosidades do tabaco.
Tocando tambor e reverenciando a natureza no alto de "El Quemado", na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Um dia de céu azul, com poucas nuvens no céu, maravilhoso! Uma cavalgada nas montanhas ao redor de Real era uma forma de nos sentirmos mais íntimos daquela terra tão cheia de história e com tantas belezas naturais.
Cavalos prontos para nossa cavalgada na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Saímos cedo pela manhã para uma cavalgada com Refúgio, um guia local, homem sabido e muito comunicativo. Ele foi nos explicando sobre a vida, os causos e os tempos áureos da cidade minera, que chegou a ser a mais rica reserva de prata da Nova Espanha.
Com o nosso guia durante cavalgada na região de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
Cavalgada na região de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
O recorrido sai da pequena cidade em direção ao Pueblo Fanstasmo, antigo povoado espanhol com palacetes e mansões riquíssimas da época da mineração. O povoado foi abandonado quando o preço da prata despencou e ficaram aqui as paredes em ruínas, testemunhas de um passado não muito antigo.
Chegando à Ciudad Fantasma, perto de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Explorando a Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Desfrutando cada luz e cor da paisagem com as passadas firmes e um pouco cansadas dos valentes Cacauate, Chiflado e Campeón, decidimos ampliar o nosso olhar e continuar em uma volta mais longa ao redor das montanhas da Sierra de Catorce. Fizemos o recorrido passando pelo alto dos montes por onde um dia floresceu a fazenda de Ventura Ruíz, fazendeiro e minerador mexicano que se tornou um símbolo da justiça entre os seus trabalhadores. Ele não enriqueceu e foi dos poucos a não ter mão de obra escrava em suas minas. “Nesta fazenda todos ganhavam!” diz Refúgio com orgulho do seu paisano mexicano.
Ruínas da Ciudad Fantasma, próxima de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Aos poucos as cores da terra, dos cactos e do céu começam a se avivar e a nossa visão fica mais potente do que nunca. Passamos a olhar o mundo em alta definição, com todos os detalhes, da menor rama do deserto ao mais distante cerro, tudo está nítido como nunca.
Planta do deserto na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Sentimos o vento intensamente, refrescando nosso suor do sol do deserto, enquanto cavalgamos acelerados rumo ao Cerro Quemado. O cerro de longe tem o formato de um elefante, segundo Refúgio, um dos motivos pelo qual muitos indianos peregrinam até aqui ao monte sagrado Huichol, para seus rituais e meditações.
Cavalos aguardam enquanto seus clientes sobem o El Quemado, montanha sagrada próxima de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
Cavalgada nas montanhas ao redor de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
O Quemado é o centro do mundo na cultura Huichol, o lugar onde nasceu Tatewari, o grande ancestral Fogo. É um centro místico e cerimonial a leste do território wixarika que atrai milhares de peregrinos indígenas que andam quilômetros e quilômetros como faziam, já há centenas de anos, os seus ancestrais.
Caminhando pelas montanhas da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Deixamos os nossos cavalos, Refúgio e subimos caminhando lentamente ao alto do Quemado. Passamos por uma grande mandala de pedras, com oferendas no centro. Lá do alto temos uma visão ampla do Wirikuta, o Deserto de Chihuahuan, lugar onde os wixarikas encontram os seus cactos sagrados, o hikuri, ou peyote, utilizado para guiá-los em seu caminho e aprendizados. Embora encontrado em todo o deserto, de Coahuila até San Luis Potosi, o peyote encontrado aqui no Wirikuta é o mais desejado para as suas cerimônias.
El Quemado, a montanha sagrada na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Um colorido cactus nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
O peyote é um cacto que cresce lentamente no Deserto de Chihuahuan, nos estados de Coahuila, Nuevo León, Tamaulipas e San Luis Potosí. Ele é utilizado por tribos indígenas norte-americanas a mais de 5.500 anos para usos medicinais e ritualísticos. As suas propriedades curativas estão relacionadas a tratamentos para reumatismo, diabetes, cegueira, gripes, doenças de pele e como analgésico para dores de dente, parto e outras.
O famoso peyote, espécie de cactus comum no região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
O seu princípio ativo é a mezcalina, também presente em outras plantas espinhosas do deserto como o maguey e o agave, por exemplo. Com o formato de uma cabeça de alho, o seu crescimento é muito lento, o que faz com que a substância fique mais concentrada em seus gomos. A mezcalina é conhecida também por suas propriedades psicoativas e é utilizada pelos indígenas como um instrumento de ampliação de consciência, induzindo a estados meditativos de profunda introspecção. Os indígenas da região amazônica utilizam o Ayuaska, planta com diferente princípio ativo, porém com efeitos muito parecidos. Conhecemos a história de um morador da região, um xamã (pajé) que utiliza o peyote há mais de 30 anos, ele já tinha ouvido falar do Ayuaska e mais jovem teve a oportunidade de prová-la. Segundo ele os efeitos e as experiências espirituais “San distintas, mas igualiiiitas, igualitas, igualitas.”
Conversando com nosso guia nas montanhas de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
O uso do peyote é visto com certa cautela, medo e as vezes preconceito por outras comunidades, pois acredita-se que por ter propriedades psicotrópicas, ele seria considerado uma droga. A realidade é que existem várias formas de classificação destas substâncias, desde as drogas farmacêuticas, até as drogas ilícitas. A principal questão no meu ponto de vista é: ela causa dependência química? Pesquisas de uso prolongado do cacto já foram realizadas com os índios Navajo nos Estados Unidos e o resultado afirma que além de não causar dependência, ela não causa déficits neurológicos nos seus usuários. Estes usuários, na realidade, mostram inclusive que os efeitos do uso do peyote são positivos para a saúde psicológica e mental.
O famoso peyote, espécie de cactus comum no região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Chegamos ao topo do Cerro Quemado e encontramos um grupo terminando seu ritual, entregando suas oferendas e emanando uma forte energia através da música batucada paulatinamente, entrando em comunhão as vibrações místicas da natureza pura e linda deste centro energético da Terra.
Labirinto místico de pedras na montanha sagrada da região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Oferenda à natureza no alto da montanha El quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Fechamos nossos olhos e meditamos por um momento. A introspecção profunda é natural, embalados pelos tambores, vemos dentro e fora, a beleza da vida. Fica claro o medo que nós humanos temos de nos perdermos da mente ao nos entregarmos ao conhecimento espiritual. O ser humano vive aprisionado em um mundo material, raso e irreal com medo de ver o que já lhe é familiar, mas que aqui, se torna quase inconcebível.
Prestando reverência à montanha sagrada de El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Esta experiência aconteceu de forma natural, nós não fomos atrás dela, ela veio até nós. Fomos presenteados com uma experiência incrível de transcendência do espírito, onde conseguimos apurar os nossos sentidos e estar mais conscientes da capacidade desperdiçada, mental, sensorial e energeticamente, pelo ser humano.
A pequena capela no alto da montanha sagrada El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Retornamos aos nossos cavalos, certos de que este foi um dos dias mais incríveis da nossa viagem. Refúgio nos explica que a montanha apenas se revela desta forma aos que estão em sintonia com a energia do lugar, com a natureza e as vibrações positivas, de puro amor pela vida e pelo mundo.
Cavalos e guias esperam seus clientes sob a lua e um céu azul, aos pés de El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Regressamos lentamente à cidade, passando por plantações de nopales, aveia, arroz e outros produtos do rico deserto mexicano. Novamente me sinto no sertão nordestino, um lugar que aos olhos dos urbanóides é pobre e sem vida, mas que sem precisar cavar muito encontramos alimentos, uma rica cultura e natureza.
Chegando de cavalgada à Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
De volta à nossa pousada encontramos o ambiente ideal para descansar as pernas e cadeiras das 5 horas de cavalgada. O sol nos aquecia carinhosamente nas cadeiras de balanço, com vista para a cidade de pedras, a arena de rinha de galos e a foto do Pancho Vila.
Aproveitando a luz do sol que entrava pela janela do nosso quarto, no fim de tarde em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Esta tarde chegou à cidade o Walter, fotógrafo argentino, que vive no Canadá e revisita a sua segunda pátria, o México. Ele está retornando de uma viagem de 3 meses do Canadá à América Central de carro, um mergulho na cultura Maya. Nos encontramos na varanda da pousada, vendo a vida passar, cavalgadas, artesãs e muitas histórias de viajantes.
Com o Walter, amgo argentino que fizemos em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
Luz mágica de fim de tarde no quarto de nosso hotel em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
Mais tarde conhecemos Mercedes, nossa anfitriã na Pousada Angel y el Corazón. Mercedes também chegava de uma cavalgada e nos contou sobre as vida no povoado de uma perspectiva diferente, de quem andou o mundo depois de ter saído da Argentina com os pais exilados, e escolheu essa boa energia de Real de Catorce para construir o seu lar. Uma luta nada fácil para quem quer recursos e educação de qualidade para os filhos, mas ela é das poucas que resistiu e se manteve firme, certa de suas escolhas.
Vaso com pequenos cactus no nosso hotel em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
A noite ainda nos reservava um momento ainda mais especial, o encontro com a turma da resistência, escritores, fotógrafos, chefs de cozinha, mexicanos, italianos, argentinos e espanhóis. Um grupo de amigos apaixonados pela vida, por Real de Catorce, que sonham e constroem um mundo melhor. Arie, Luiz, Franchesco, Triciel e Mercedes, acompanhados pelos filhos e filhas deste sonho com nomes como Jade, Luna, Arco-Íris, acompanhados pela criatividade que lhes é peculiar. A noite fria foi regada a vinho, mezcal, boas botanas, assuntos interessantíssimos e inflamados, declamações de poesias de Altazor, de Vicente Huidobro, e finalizada por uma reunião em torno da fogueira. Um mundo mágico com o qual me identifico, quase um sonho... Será que foi mesmo real?
Cavalos esperam seus clientes sob a lua e um céu azul, aos pés de El Quemado, na região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
Hoje decidimos fazer a maior caminhada do Brownsberg Park. Foi difícil para caraca levantar, dormi apenas 4 horas, mas eu já sabia que hoje o dia começaria cedo. O Rodrigo me acordou de bode, indignado com o meu pique de ficar conversando até tarde, o que pode ser tão interessante assim? Bem, quem leu o post acima já entendeu, que não leu ainda, irá entender. Eu adoro fazer caminhadas, mas convenhamos... Não consigo comparar a riqueza entre passar horas conversando com pessoas de cada canto do mundo, com uma trilha, ainda mais se esta é mais uma das várias que fazemos nesta nossa viagem. Conhecer matas e riachos entre a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, ao final das contas é meio parecido.
Atravessando a densa floresta da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
A caminhada era de uns 7 km, em meio a uma linda floresta úmida e descida dramática, pois sabíamos que depois teríamos que subir. Karin ia embora hoje cedo, mas ontem à noite ofereci carona para voltar conosco à Paramaribo, para poder aderir ao grupo do trekking ao Witti Creek. Nós descemos o tempo todo conversando, impressionante como nosso assunto nunca acaba! Falamos das respectivas famílias, namorados/maridos, saúde, relacionamentos, etc. Ainda bem que o Sven estava fazendo companhia ao Rodrigo. Os dois foram na frente, acelerados, falando de escaladas no Aconcágua e campo base do Everest. Ficou a própria Turma do Bolinha e da Luluzinha, engraçado como esta convivência com o mesmo sexo as vezes é necessária.
Com o Sven e a Karen no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
O Riacho Witti (creek = riacho), mesmo com toda a chuva e lama que temos visto por aqui, é límpido e convidativo. Uma piscina deliciosa com peixinhos esfomeados se forma dentre pedras e árvores gigantes. Os peixinhos nos cutucavam, mordendo a pele, não chega a doer, mas eram um tanto quanto decididos. Karin até perguntou se seriam piranhas! rsrs!
Delicioso banho no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
Sven ficou um pouco mais, sem pressa para voltar já que ficará mais um ou dois dias no parque. Entretanto nós tínhamos que pegar a estrada para Paramaribo. Mesmo sendo uma baita subida conseguimos subir bem, a chuvinha do meio-dia ajudou a refrescar durante a caminhada. Banho e despedidas depois pegamos estrada. O trecho de terra continuou bem escorregadio, mas para baixo é sempre mais fácil.
Despedida da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
Queríamos muito sair a noite, jantar com Karin e Scott, nosso amigo americano que está em Paramaribo, mas amanhã cedo voaremos para Trinidad logo cedo, então precisamos ficar arrumando nossas coisas, packing and unpacking a Fiona, equipamento de mergulho e modelitos caribenhos. Longa noite pela frente, já que 2:30am seremos acordados para a maratona até o aeroporto e Trinidad.
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