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Kely (08/10)
Nossa que maravilha 1000dias pelos vinhedos do mundo, ia ser demais! Vou ...
mabel (07/10)
Estou interessada nesse trecho.Sempre ouço falar de atravessar da Argent...
Joao (07/10)
Bolivia é muito interessante e os relatos mais interessantes ainda! Tudo...
Joao (06/10)
Não, respondeu tudinho. Obrigadão! E tenho acompanhado o blog de vcs, a...
Rubens Werdesheim (01/10)
Essa região é demais !! O que sobrou da Mata Atlântica ainda serve par...
As impressionantes cataratas de Niagara, em Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
As grandes Cataratas do Niágara que estão na fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos foram a primeira atração turística dos Estados Unidos. Formadas pelo Rio Niágara que conecta dois dos Grandes Lagos, o Lago Erie e o Lago Ontário. A cor das águas estava linda, o azul se destacava no meio da espuma branca da principal queda conhecida como Horseshoe Falls (Ferradura), que são também as mais famosas. Do lado americano vemos as American Falls e a Véu de Noiva que têm a melhor visão também do lado canadense.
O ponte internacional em Niagara Falls, que liga o Canadá aos Estados Unidos
A tradição de visitar as cataratas nasceu em 1801, quando a filha do então vice-presidente americano Aaron Burr, Theodosia, decidiu passar a sua lua de mel na região. Ela foi seguida por Jerome Bonaparte, irmão do Napoleão em 1804 e a partir daí o turismo em Niagara só cresceu e recebeu visitas de famosos como a Marlin Monroe, Princesa Diana e o Rei George V da Inglaterra. Hoje a cidade recebe mais de 50 mil recém-casados em lua de mel todos os anos!
Movimento de turistas em Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
Você sabia?
• Que em 1848 geleiras dentro do Lago Erie bloquearam a passagem de água para o Rio Niágara? A consequência disso foi o desaparecimento temporário das Cataratas do Niágara, que “secaram” durante 30 horas!
As impressionantes cataratas de Niagara, em Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
• Que em 1901 a Professora Annie Taylor, uma velhinha doida de 63 anos que queria ficar rica e famosa, se enfiou em um barril com o seu gato e se jogou no rio no alto das Cataratas do Niágara? A doida sobreviveu, teve mais sorte que outro maluco que na década de 90 tentou saltar de um jet sky e abrir um paraquedas.
Barco abarrotado de turistas se aproxima das Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
As Cataratas do Niágara me surpreenderam! Fizeram a brasileira e paranaense bairrista aqui tirar o chapéu e voltar atrás quando desfazia da sua grandeza comparada às Cataratas do Iguaçú. As nossas são maiores e mais bonitas, são mesmo, mas estas também não deixam nada a desejar! Da forma como muitas pessoas, inclusive americanos e canadenses, já as haviam descrito para mim, eu achava que seriam umas cascatinhas! Não, o volume de água é imenso e o cenário é maravilhoso! Só é um pouco estranho elas estarem rodeadas de uma cidade com grandes prédios, hotéis, torres e várias construções, completamente dominadas.
Os enormes hotéis e cassinos em frente à Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
Então, para visitar as Niagara Falls basta chegar à cidade do mesmo nome, estacionar o carro em um dos vários estacionamentos que cobram entre 15 e 20 dólares e caminhar pela avenida ao longo do rio. Se você quiser um encontro mais íntimo com a bichinha você pode pagar por um tour no barco “Maid of the Mist”, que acelera seus motores e chega bem próximo à ferradura!
Barco abarrotado de turistas se aproxima das Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
A Fiona foi conhecer as famosas Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
Se você tem mais uma tarde ou dois dias para explorar a região e não quer ficar se esbaldando em compras no Duty Free, pegue o carro e vá até a cidadezinha de Niagara on the Lake. Essa dica veio dos nossos amigos e de vários outros canadenses que visitam as cataratas, mas para almoçar e ter um ambiente mais tranquilo dirigem 20km ao norte.
Turistas caminham pela charmosa Niagara-on-the-Lake, no Canadá
Testando a água do lago Ontario, em Niagara-on-the-Lake, no Canadá
A cidadezinha é um charme, tem belas vistas do Lago Ontário e várias opções de restaurantes. No dia seguinte o que eu teria feito, se tivesse tempo, seria um tour pelas vinícolas ao longo das rodovias 81 e 87, degustando algumas das maravilhas de Baco produzidas na região.
Visitando as famosas Niagara Falls, na fronteira do Canadá e Estados Unidos
Flamingo na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile
No Salar do Atacama, perto do povoado de Toconao, encontra-se um dos lugares mais impressionantes da região. A Lagoa Chaxa (leia-se tcháqsá), está localizada no Setor Soncor do salar e dentro da área da Reserva Nacional Los Flamencos. A 2300msnm são mais de 320 mil hectares onde podemos observar os cristais de sal formados pela evaporação das águas salgadas subterrâneas. Todo o setor é alimentado pelas águas de lençóis freáticos andinos, que infiltram nas montanhas mais altas e afloram nessa baixada formando a Lagoa Chaxa.
O salar do Atacama, no deserto do Atacama - Chile
Os cristais de sal possuem diferentes formas, sendo predominante aqui as “crostas de cloruros”, que são aflorações rugosas e de até 70cm de altura. Essa morfologia varia conforme os componentes minerais do sal e da velocidade de evaporação da água. Todo esse ambiente não é muito propício ao desenvolvimento de uma flora variada, entretanto existem alguns tipos de gramíneas e arbustos nos seus arredores.
Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile
O horário preferido dos tours para este passeio é o final da tarde, pois além do espelho d´água proporcionar um colorido espetacular, é o horário de alimentação da principal atração do parque: os flamingos.
Flamingos na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile
São três tipos de flamingos encontrados neste parque, o Flamingo Andino (Parina Grande), o Flamingo Chileno (Flamenco Chileno) e o Flamingo James (Parina Chica). Não é fácil diferenciá-los, uma dica é prestar atenção nas pernas e joelhos, o andino é mais claro e tem pernas brancas, o chileno possui os joelhos avermelhados e o james a perna toda mais rosada. Eles se alimentam de um pequeno crustáceo, parecido com um camarão, que possui em torno de 1,5cm e se adaptou completamente às águas geladas e salgadas destas lagoas. Este pequeno ser é o principal responsável pelo espetáculo de hoje.
Turistas caminham no Salar do Atacama - Chile
A população destas espécies não passa de 200 mil exemplares, sendo o andino o mais raro, com apenas 40 mil indivíduos. Além dos flamengos encontram-se ainda outras espécies de pássaros e animais. Encontramos no meio do sal uma (das duas) espécie endêmica de lagarto que existe no parque.
Pequeno lagarto sobrevive no deserto do Atacama - Chile
A caminhada de 500m tem várias placas explicativas e leva a dois mirantes, onde, em pleno feriado nacional, todos os turistas se apinham para tentar enxergar os flamingos se alimentando tranquilamente na lagoa. O sol aos poucos vai refletindo nas nuvens e no espelho de água, formando desenhos e uma paleta de cores inacreditável.
Incrível entardecer na Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile
São milhares tons de azul, amarelo, laranja e rosa se mesclando com o cenário das montanhas nevadas e do salar. Aos poucos o sol vai se pondo e as aves vão deixando o céu ainda mais colorido.
Flamingos sobrevoam a Laguna Chaxa, no deserto do Atacama - Chile
Saímos dali estupefatos com o espetáculo que tínhamos acabado de presenciar, dirigíamos ainda meio abestalhados quando, olhando na direção oposta ao sol, vemos um fio brilhante saindo detrás de um vulcão...
Lua cheia nasce no deserto do Atacama - Chile
... imaginem a nossa reação... sem palavras.
Pink Sand Beach em Harbour Island - Eleuthera - Bahamas
Eleuthera, uma das 700 ilhas das Bahamas, é muito conhecida por suas praias de areia cor-de-rosa em uma pequena ilha vizinha, Harbour Island. Vivem aqui em torno de 15 mil pessoas espalhadas em pequenos vilarejos por toda a ilha. Chegamos pelo Aeroporto Internacional de Eleuthera, que recebe mais vôos internacionais que o Afonso Pena (em torno de sete vôos diários diretos de Miami e Fort Lauder Dale), porém menor do que a rodoviária de Caraguatatuba. Dali, vamos direto para o Tree Points Dock pegar um táxi aquático para Harbour Island, onde estamos hospedados.
Chegando à Bahamas House Inn logo conhecemos John, dono da pousada, um americano viajado e que mora aqui há 12 anos, sujeito suigeneris. A pousada é uma gracinha, arquitetura colonial inglesa, com vista para a baia, quarto super confortável e toda estrutura que precisamos. Chegamos cedo, então o café da manhã estava quase pronto, grape fruit trazida direto de Miami, super docinhas, earl grey tea e um pão caseiro delicioso. John senta à mesa conosco para nos apresentar a ilha, mapa, restaurantes, praia, pontos de mergulho, etc. Já começo a me sentir em casa... Em uma viagem como a nossa, esta é a forma mais fácil de saber se o lugar em que chegamos é especial.
Fomos à praia, Pink Sand Beach, com o vento de noroeste soprando, perfeita para Kite Surf. O Rodrigo correu durante uma hora, quando ele voltou encontrou apenas uma duna de areia. Eu, canga e nosso equipamento de mergulho já haviam desaparecido sob ela. Começo a me preocupar com o meu post de hoje... Como vou descrever novamente uma praia paradisíaca sem me tornar repetitiva? Pior ainda, se eu achei que Paradise Island fazia jus ao seu nome, estava totalmente “out”, aqui sim fica o paraíso. Aos poucos as nossas referências vão mudando e fica ainda mais claro como tudo é relativo. Nassau é lindo e é tudo aquilo que descrevi, mas se comparada a Harbour Island é praticamente como Santos em relação à Búzios ou algo ainda mais exclusivo. Se Nassau é um lugar para ricos, aqui é para podre de ricos, mas tenho até medo de falar isso, pois ainda temos 25 dias de Caribe pela frente. Parece até que a verdadeira casa do Mick Jagger é aqui e não em Paradise Island. Uma das mulheres e seus filhos são freqüentadores da ilha e até a Luciana Gimenez já veio para cá passar uma temporada com o herdeiro. John já o encontrou algumas vezes, uma delas “o Mick” (buddy) estava tocando no evento da Igreja, surreal!
Na praia corremos, fizemos snorkeling com tubarão, moréias e brincamos em várias passagens naturais formadas pelos corais, pequenas cavernas. No Blue Bar provamos uma entrada de camarão com crocante de côco e molho de manga deliciosa e dois drinks de rum típicos, o Bahamas Pink e o Bahama Pink Sands, é lá estavam os dois Kapankalupla! Rsrsrs.
Acho que não tenho vocabulário suficiente para descrever o Caribe sem me tornar repetitiva. Espero que as fotos ajudem a fazer este trabalho. Finalmente começo a me sentir Bahamas In.
Chegando cedinho no aeroporto internacional de Eleuthera
Pink Sand Beach em Harbour Island - Eleuthera - Bahamas
Pink Sand Beach em Harbour Island - Eleuthera - Bahamas
Pink Sand Beach em Harbour Island - Eleuthera - Bahamas
OBS.: Finalmente recebemos as fotos do Shark Feeding! Confira nos seus respectivos posts!
Feliz da vida em Tiradentes - MG
Tiradentes é uma cidade histórica um pouco diferente de Ouro Preto, Mariana e Diamantina. É uma menor, mais plana, quase não precisamos nos afobar subindo e descendo ladeiras. Ao mesmo tempo em que tem um clima interiorano, justamente por ser pequena, também tem um ar muito cosmopolita. Hoje além de abrigar vários artistas de áreas diversas, Tiradentes se tornou uma cidade completamente turística. Durante o ano são realizados dois grandes festivais que movimentam ainda mais a cidade: o Festival de Gastronomia e o Festival de Cinema de Tiradentes. Toda a cidade é estruturada para sediar estes eventos. Dezenas de pousadas, restaurantes, bares e lojas de artesanato fazem parte do dia a dia dos moradores, com ou sem turistas.
Descanso merecido em Tiradentes - MG
Nós chegamos em uma segunda-feira, aquele dia internacional do não turismo, onde dificilmente encontramos igrejas e museus abertos. Ainda assim conseguimos visitar a Igreja de Santo Antônio, segundo o guia a terceira mais rica do Brasil em quantidade de ouro nos seus adornos. Curioso foi que um português de Macao, colônia portuguesa na China, demorou 24 anos para finalizar a construção do altar, completamente adornado e com muitas influências da arte chinesa, pagodes, carpas e também algumas referências à mitologia grega como a face do Netuno nas colunas laterais ao altar.
Fachada de casa em Tiradentes - MG
Caminhamos pelas ruas estreitas, e chegamos à Igreja Nossa Senhora do Rosário, igreja construída pelos escravos, já que não podiam freqüentar a mesma igreja de seus senhores. Uma das questões que mais me instiga neste nosso roteiro turístico por cidades históricas é como os escravos aderiram tão rapidamente à uma nova fé. Vieram da África de diversas tribos e fés diferentes, na Bahia logo percebemos o sincretismo religioso entre catolicismo e a umbanda ou candomblé. Porém nas Minas Gerais não se fala em outras crenças, vemos apenas igrejas e mais igrejas que os negros penaram para construir durante a noite, roubando ouro em pó para adornar os seus altares. Curioso, deve haver alguma explicação. Sei que houveram algumas missões que trabalharam na conversão dos negros, tentando oferecer melhores condições, alimentação, mas não sei se foram as responsáveis por uma conversão com tanto fervor.
Igreja N.S. Rosário dos Pretos, em Tiradentes - MG
No caminho encontramos uma loja das marcas que mais gosto e havia encontrado apenas no Bazar do Melo em Curitiba, a Ave Maria, marca de BH com um trabalho maravilhoso em rendas, fuxicos, com um design super alternativo. Nada de compras, era só para babar mesmo. Em um restaurante reencontramos Ricardo e Andalice, um casal hospedado na mesma pousada em que estamos. Ficaram curiosos com a viagem quando viram a Fiona, o que nos rendeu muito assunto para o final da tarde. Começa a noite e voltamos ao trabalho. Amanhã –pela manhã nos despedimos de Minas Gerais e rumamos à Parati, fechando finalmente o roteiro da Estrada Real.
Na frente da igreja de Sto. Antonio, em Tiradentes - MG
A 5.830 metros de altitude, no topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Acordamos a 1h da manhã, a noite estava fria, a temperatura deve ter chego aos -5°C, com sensação térmica de -6 ou 7°C. Na verdade acordou quem conseguiu dormir, pois eu se dormi uma hora completa nessas 7 horas dentro da barraca, foi muito! Descansar em lugares altos já não é fácil, mas o meu caso sem dúvida foi o horário em que deitamos... sou mais ativa durante a noite, meu sono começa a aparecer perto da hora que hoje precisávamos estar em pé. Durante a noite ouvi todos os barulhos, ventos e inclusive um vizinho de barraca que não estava passando muito bem, provavelmente dos males da altitude. As meninas peruanas decidiram nem sair da barraca. Café da manhã e começamos a caminhar. Segui o conselho do José, coloquei todas as camadas que eu havia trazido, 5 ou 6, até perdi as contas. Calças foram 3, não é a toa que estou mais gordinha nas fotos! Rsrsrs!
No topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
O início do ataque ao cume foi pouco antes das 2am. Subimos em um interminável zigzag, passo a passo em fila indiana, com nossas lanternas de cabeça iluminando o pé do próximo e os olhos mirando a pegada mais batida para cansarmos menos. Antes mesmo de chegar à segunda parada, os 2 canadenses companheiros das peruanas, desistiram. Estavam ficando para trás e já não conseguiam mais. Mat e Max, os dois canadenses mais jovens, estavam impacientes, queriam subir mais rápido. Desta vez, porém, o José quis manter o grupo unido, pelo menos enquanto estava escuro. Logo passou por nós um segundo grupo com 2 alemães e os canadenses se uniram à eles com a permissão do guia, acelerando mais o passo.
Dia raiando, enfrentando o frio rumo ao topo do El Mistí, em Arequipa - Peru
As paradas foram de hora em hora, partimos dos 4.600m e seguimos aos 5.300, quando o sol começou a iluminar a paisagem. Essa é a melhor e a pior hora da caminhada. Melhor pois começamos a ter luz, enxergar a paisagem e o caminho. Pior, pois inexplicavelmente, a hora que o sol nasce é justamente a hora mais fria do dia! Nessa altitude o vento começou a aumentar e a sensação térmica deveria estar próxima dos -10°C. Respirar com esse frio já é chato, caminhando é pior, com o nariz escorrendo a cada segundo então, é um suplício.
Próximo do cume do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Foi nessa hora também que os meus dedos da mão começaram a congelar, eu nunca havia sentido algo parecido... ou melhor, eu nunca tinha “não sentido” os meus dedos da mão. Eles primeiro ficaram duros e de repente não respondiam mais direito... Sabe Deus, vai que me dá um frostbite ou coisa parecida!? Falava com o Rodrigo e o José e me diziam para movimentá-los o tempo todo, mas parecia não adiantar. Eu só não queria sair dali sem a ponta de um dedo! Respirei, me acalmei, pensei racionalmente... “Deve ser normal, deve estar tudo bem, eu logo vou acostumar.” E enquanto lidava com esses medos, com o nariz, o vento e o frio, eu ia caminhando e chegando cada vez mais perto. A esta altura Etiene, o terceiro jovem canadense, também já não estava mais conseguindo acompanhar. Júlio já havia voltado para cuidar da turma que havia ficado para trás. José o chamava “Let´s go, let´s go!!!” e Etiene só nos olhava lá de baixo, aparentemente sem forças até para responder.
Início da descida do El Mistí, em Arequipa - Peru
Estávamos cada vez mais próximos, eu já conseguia ver melhor o cume e o caminho de gelo por onde íamos passar. Sobramos eu, Rodrigo e José. O Ro disparou, com muito frio e energia de sobra, tinha mais é que se mandar para cima e se aquecer mesmo. Sabíamos que eu estava em boas mãos. José foi o meu companheiro inseparável daqui em diante.
Atravessando trecho de gelo na subida do El Mistí, em Arequipa - Peru
Subimos pacientemente, agora próximos de um novo grupo de um casal de franceses. Parávamos apenas nas paradas programadas por José e seguíamos quando ele dizia. Quando chegamos aos 5.500m finalmente consegui avistar os outros, cruzando uma língua de gelo, Rodrigo tinha conseguido alcançá-los! Vê-los lá me deu um novo ânimo, não estávamos longe. O trecho dos 5.500m aos 5.600m foi para mim o mais difícil, finalmente o ar mais rarefeito estava mostrando seus efeitos e a cada dois passos eu precisava respirar. Quase fiquei sem fôlego para assoar o nariz! Hahaha! Este trecho tinha muita cinza e não estava tão compactada, cada passo acima eram 2 para baixo. Aqui novamente tiro meu chapéu para o nosso guia, José não me pressionou, caminhou à frente me esperando pacientemente. Ele sabia que ali não havia maneira alguma de eu desistir.
Cruzamos o gelo, sem grampões, 3 trechos íngremes e em um deles a neve estava meio fofa. Enfiei o bastão e ele afundou uns 40cm no vazio, não queria imaginar onde ia chegar se tivesse sido o meu pé. Durante um minuto meu olhar acompanhou a inclinação da neve para baixo e vi Arequipa, percebi que se parasse para pensar o medo ia bater, mas o objetivo estava claro, não havia o que pensar, muito menos o que temer.
Atravessando trecho de gelo na descida do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Finalmente chego aos 5.700m, onde o Rodrigo me esperava por quase uma hora! Eu achei que ele já tinha ido ao cume e retornado para me encontrar, mas o meu marido querido preferiu me esperar para subirmos os 130m finais juntos. Essa é sem dúvida a parte mais bonita da caminhada, terminamos a subida por uma crista de onde já podemos enxergar a cruz à frente no ponto mais alto, a cratera de um lado e a vista infinita do horizonte do outro. Foi nessa hora que comecei a me sentir mais “montanhista”, já sentindo o gostinho especial de chegar ao cume de uma montanha acima de 5.000m de altura, com direito à gelo e tudo.
A 5.830 metros de altitude, no topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Cheguei ao topo com um nó na garganta, “será que choro ou vou engolir o choro?”. Pensei... “Por que me privar disso? Se é o que estou sentindo, deixa vir! Antes só quero agradecer ao José e depois posso chorar.” Rsrsrs! E assim foi, agradeci, falei para a câmera, pois o Ro estava filmando e aí sim, abracei o meu lindo e deixei a emoção transbordar.
Comemorando a chegada ao topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Aí sim, eu estava pronta para olhar em volta e finalmente ver a vista mais esperada do cume do El Místi, a 5.830m de altura! Visão 360° no sentido anti-horário: ao sul estava Arequipa, sudeste Pichu Pichu e à leste víamos a linda e imensa cratera do El Místi. Ao norte as lagunas de Aguada Blanca e mais à oeste estava o imponente vulcão nevado Chachani, com seus 6.075m.
O vulcão Chachani, com mais de 6 mil metros, visto do topo do El Mistí, em Arequipa - Peru
José logo nos colocou pilha, vamos à cratera?!? Claro!!! Descemos uma canaleta de cinzas, já aprendendo um pouco a técnica de “esqui nas cinzas vulcânicas”, que seria muito necessária para o restante da descida. A cratera linda estava fumegando, sinal de que El Místi ainda vive, só está em um profundo sono. Ali, às margens da cratera foram encontradas seis múmias, uma senhora com dois meninos e um senhor com duas meninas. Eles foram sacrificados pelos Incas, ofertados ao El Místi para que acalmasse sua fúria. O pior é que parece que funcionou! Rsrsrs!
Grupo se aproxima da gigantesca boca do El Mistí, em Arequipa - Peru
Na boca do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Começamos o nosso caminho de volta. Desceremos agora em 3 horas tudo o que subimos em 2 dias ou 13/14h de caminhada. Afinal, para baixo todo santo ajuda! Pegamos uma canaleta de cinzas e aos poucos fomos aprimorando a técnica de esqui, acelerando o passo e ignorando os quilos de areia (ou cinza) que entravam nas nossas botas. No retorno eu tinha duas preocupações: uma era não sobrecarregar o meu joelho defeituoso de fábrica, para que agüentasse chegar em Arequipa sã e salva. A segunda, ainda mais importante, e compartilhada com o José, era se o Etiene tinha conseguido encontrar o caminho de volta. Meio-dia em ponto estávamos de volta ao acampamento base para organizar as coisas e partir. E sim! Etiene estava no acampamento, triste por não ter subido, mas bem, que é o que importa.
Quase esquiando pelas rampas de descida do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Retornamos em mais 1h30 de esqui e caminhada. Estava feliz e faceira, com a sensação de dever cumprido. No hotel um banho demorado e um sono merecido para recuperar a noite não dormida. Ainda encontramos forças para sair comemorar! Fomos ao El Paladar, nosso restaurante preferido em Arequipa, tomar um belo vinho e comer tudo o que não comemos o dia inteiro! Tudo isso e mais um pouco você também pode conferir no vídeo editado para contar essa história.
foto do grupo na base do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
Hoje decidimos fazer a maior caminhada do Brownsberg Park. Foi difícil para caraca levantar, dormi apenas 4 horas, mas eu já sabia que hoje o dia começaria cedo. O Rodrigo me acordou de bode, indignado com o meu pique de ficar conversando até tarde, o que pode ser tão interessante assim? Bem, quem leu o post acima já entendeu, que não leu ainda, irá entender. Eu adoro fazer caminhadas, mas convenhamos... Não consigo comparar a riqueza entre passar horas conversando com pessoas de cada canto do mundo, com uma trilha, ainda mais se esta é mais uma das várias que fazemos nesta nossa viagem. Conhecer matas e riachos entre a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, ao final das contas é meio parecido.
Atravessando a densa floresta da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
A caminhada era de uns 7 km, em meio a uma linda floresta úmida e descida dramática, pois sabíamos que depois teríamos que subir. Karin ia embora hoje cedo, mas ontem à noite ofereci carona para voltar conosco à Paramaribo, para poder aderir ao grupo do trekking ao Witti Creek. Nós descemos o tempo todo conversando, impressionante como nosso assunto nunca acaba! Falamos das respectivas famílias, namorados/maridos, saúde, relacionamentos, etc. Ainda bem que o Sven estava fazendo companhia ao Rodrigo. Os dois foram na frente, acelerados, falando de escaladas no Aconcágua e campo base do Everest. Ficou a própria Turma do Bolinha e da Luluzinha, engraçado como esta convivência com o mesmo sexo as vezes é necessária.
Com o Sven e a Karen no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
O Riacho Witti (creek = riacho), mesmo com toda a chuva e lama que temos visto por aqui, é límpido e convidativo. Uma piscina deliciosa com peixinhos esfomeados se forma dentre pedras e árvores gigantes. Os peixinhos nos cutucavam, mordendo a pele, não chega a doer, mas eram um tanto quanto decididos. Karin até perguntou se seriam piranhas! rsrs!
Delicioso banho no Witti Creek, na Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
Sven ficou um pouco mais, sem pressa para voltar já que ficará mais um ou dois dias no parque. Entretanto nós tínhamos que pegar a estrada para Paramaribo. Mesmo sendo uma baita subida conseguimos subir bem, a chuvinha do meio-dia ajudou a refrescar durante a caminhada. Banho e despedidas depois pegamos estrada. O trecho de terra continuou bem escorregadio, mas para baixo é sempre mais fácil.
Despedida da Reserva Natural de Brownsberg, no Suriname
Queríamos muito sair a noite, jantar com Karin e Scott, nosso amigo americano que está em Paramaribo, mas amanhã cedo voaremos para Trinidad logo cedo, então precisamos ficar arrumando nossas coisas, packing and unpacking a Fiona, equipamento de mergulho e modelitos caribenhos. Longa noite pela frente, já que 2:30am seremos acordados para a maratona até o aeroporto e Trinidad.
Explorando campo de dunas em Vassouras, região de Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
Tem coisa melhor que acordar com o galo cacarejando e os sapos alvoroçados pela chuva matinal? Alguns não estão muito acostumados, mas convenhamos, é muito melhor que um despertador.
Rancho do Buna, em Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
O Rancho do Buna não está no “esquema” dos locais para indicação de pousada, embora o seu dono, o Buna, esteja em Atins há 30 anos. Quando ele chegou não havia nada, apenas uma pequena comunidade de pescadores. Com apenas 20 anos resolveu empreender e iniciar com suas economias uma cooperativa de pesca de camarão. Levou camarão de Atins para São Luis e Brasília durante anos e há 11 anos abriu sua pousada, o Rancho do Buna. Uma pousada diferenciada para os padrões da vila, com o igarapé ao fundo, chalés em torno de uma área comum muito aconchegante com restaurante, piscina e um pequeno zoológico doméstico.
Um dos habitantes do Rancho do Buna, em Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
A nossa diversão todos os dias era tentar interagir ou apenas observar a interação entre os animais. Cachorros, gatos, galinhas, patos, gansos, pavões e até tartaruga. Cada um está lá por um motivo, o equilíbrio da vida. Os cachorros, Mel, Azeitona, Caramelo e Chocolate ajudam a tocar o gado alheio que entra na propriedade. As aves comem os animais rasteiros, cobras, minhocas e pequenos bichos rasteiros. Os gatos são 7, lembro bem da Olhuda e da Acerola, caçam ratos e vivem em plena harmonia com os dogs e aves, pois sabem que são todos de casa.
A Olhuda, uma das gatas do Rancho do Buna, em Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
O Tim Maia, bem o Tim Maia, dá o ar da graça de vez em quando, eu o encontrei tomando banho na ducha da piscina, achei que ia se esconder no seu casco, mas nada! Aproveitou e curtiu o refresco. O Buna é uma figura, sempre tem boas histórias para contar, se orgulha da pousada e os móveis que ele mesmo construiu, mas o seu maior orgulho mesmo é Mônica, gerente de sua pousada que ele trouxe da Nestlé para cuidar de tudo. A pousada não funciona sem ela, ele próprio nos conta. Foi buscá-la há quase 6 anos atrás, apaixonado, casaram e 3 anos depois separaram. A complementariedade deles para os negócios foi tanta que ele a trouxe de volta após a separação e ela topou! Sempre super atenciosa, prestativa e organizada, Mônica se acostumou com a vida do Atins e decidiu ficar por lá. Já nós não tivemos a mesma sorte, então é chegada a hora da despedida. Mônica conseguiu agendar uma lancha rápida que bem divididinha com os outros 2 casais ficou uma beleza, até por que a outra alternativa que seria a toyota das 4h30 da matina resolveu não sair.
Despedida do Buna e do seu "rancho", em Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
Pegamos o barco e saímos para a nossa última volta pelo Rio Preguiças. Embora rápida, a lancha foi respeitando o no nosso ritmo, a nossa saudosa despedida. Paramos no restaurante da Graça, na comunidade de Vassouras. Na ida havíamos parado ali, mas não pudemos descer do barco de linha. Agora a Mel fez questão de nos mostrar as dunas, menores que as de Atins, mas com lagoas cheias e até mais freqüentes, nos dando um gostinho daquela paisagem conhecida dos Lençóis.
Pequenas lagoas entre as dunas de Vassouras, região de Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
Os macacos-prego são a outra atração do local, uma gracinha todos eles tem nome e são super adestrados. Banho de lagoa, banho de rio, cervejinha saideira dos Lençóis e lá vamos nós. Tínhamos apenas mais uma parada programada, no meio do rio, em algum lugar fundo para nadar na água doce. Pouco antes de chegarmos a Barreirinhas nosso barqueiro parou em uma pequena entrada de casa para nos apresentar a sua “véia" a Dona Maria José, que teve 17 filhos mas criou 13, pois os outros não vingaram. Nadamos gostoso no rio, sem nem pensar nos jacarés, e provamos um doce caseiro que ela nos ofereceu.
O macaco-prego, presente em Vassouras, região de Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
Chegamos à Barreirinhas e parece que chegamos à realidade, quase como se a viagem tivesse acabado. A convivência com o pessoal foi tão intensa que a sensação era esta, Monica e Jackson continuam para Jericoacoara mas Mel e Edu continuam conosco para São Luis. Comemos uns petiscos, arrumamos as coisas, usamos a internet da pousada e pé na estrada. Foram umas 4 horas de viagem, sendo mais da metade dela embaixo de chuva. Só tivemos uma trégua rápida da aguaceira quando saímos para jantar em São Luis, em um restaurante japonês muito gostoso. A viagem foi cansativa e a despedida da Mel e do Edu dão realmente aquele clima de fim de viagem, fim de festa. Tudo bem, já estamos combinando que eles irão nos visitar em algum trecho da viagem, Canada? Alaska? Temos muitos destinos nesses 1000dias, não será difícil escolher.
Lagoa refrescante em Vassouras, região de Atins, nos Lençóis Maranhenses - MA
A Plaza de Armas, em Tarija - Bolívia
Uma cidade boliviana com ares argentinos, ruas limpas, prédios bem conservados e algumas atrações nos seus arredores. Zoológico, uma pequena cascata em Tomatillas, trilha nos arredores e um centro plano com as mesmas características principais de todos os centros. Ruas movimentadas, um intenso comércio de rua, mercado central com frutas deliciosas, cholas preparando almoços na grande praça de alimentação.
Homenagem à Sucre, em Tarija - Bolívia
Andamos pela Praça de Armas e pela Praça Sucre, vimos que a proximidade com a Argentina já muda inclusive os traços da população. Tarija é uma cidade muito gostosa, sem dúvida com muitas ruazinhas, cafés e lugarzinhos a serem descobertos. Mas infelizmente não temos este tempo, precisamos seguir viagem.
Rua em Tarija - Bolívia
Hoje continuamos ao sul, em direção à fronteira com a Argentina. A fronteira mais movimentada é a de Villazón (BOL) e La Quiaca (AR), porém algo nos dizia que deveríamos seguir por Bermejo. Uma estrada que beira uma área de preservação no extremo sul da Bolívia e cruza a fronteira com a Argentina na cidade de Aguas Blancas. Nossa intuição estava correta! Além de ser a indicação feita pela maioria dos “chapacos” como são chamados os naturais de Tarija, descobrimos ser esta mais uma das rotas de magnífica beleza cênica.
Chola da melhor idade descansa na Plaza de Armas, em Tarija - Bolívia
A maior parte da estrada foi construída no cânion do Rio Bermejo, que desce até a fronteira onde encontra o Rio Grande de Tarija. Belíssimo cânion diferente de tudo o que vimos na Bolívia até agora. Imensas florestas subtropicais aparecem conforme vamos baixando a altitude. Chegamos aos 400m acima do nível do mar, cruzando pontes e túneis que eram verdadeiras obras de engenharia, cavernas sem luz e sem fim.
A estrada que liga a Bolívia à Argentina segue pelo lindo canyon do rio Bermejo, sempre com asfalto e muitos túneis
No caminho encontramos uma frente fria, chuva e garoa fina se alternavam, além dos 10, 8, 6°C que faziam fora do carro! Fizemos os trâmites burocráticos na fronteira, carta verde, permissão para entrada da Fiona no país, tudo certo! Ali, conversando com os policiais da aduana argentina, decidimos que seguiríamos viagem pelo menos até Jujuy. Quando cruzamos a fronteira perdemos “automaticamente” uma hora de nossas vidas. Essa hora faz muita diferença para quem ainda pretendia dirigir mais 350km!
A estrada que liga a Bolívia à Argentina segue pelo lindo canyon do rio Bermejo, sempre com asfalto e muitos túneis
Fato é, nossa primeira estrada neste país e já estamos dirigindo à noite, com chuva e depois de uma tarde toda na estrada. Não é exatamente o que tínhamos em mente, mas eu adoro termos a liberdade de quebrarmos as nossas regras de vez em quando. Depois de tantas montanhas na Bolívia, chegamos a um país plano, estradas retas, uma maravilha para a pessoa aqui que enjoa nas serras e mares da vida. Pude até me dedicar à leitura do nosso guia argentino e decidir a cidade em que iríamos dormir, Tilcara!
Fronteira entre Bolívia e Argentina, entre as cidades de Bermejo (BO) e Água Blanca (AG)
Fizemos um pit stop estratégico para abastecer não só a Fiona mas os motoristas. A cidade de Orán é a primeira cidade maior depois da fronteira. Lá retiramos nossos primeiros pesos argentinos, enchemos o tanque de gasoil e encontramos um café lindo, super mimoso e com menu requintado, nessa cidadezinha longe de tudo! É claro, isso só nos fez lembrar que realmente estamos na Argentina!
São 90km entre Jujuy e Tilcara, os 90km que fizeram valer a pena a nossa decisão de continuar! Neste trecho da estrada tivemos a primeira neve dos 1000dias! Passamos 2 semanas atrás dos lugares mais altos e gelados do sul do Brasil, caçando a neve. Hoje, estamos andando aqui, como quem não quer nada... e bingo! A neve nos encontrou! Não é comum nevar na região de Tilcara, mas logo depois de Jujuy, passamos pela cordilheira onde fica um dos montes mais altos da região, este é o motivo da neve... pois o vento a traz lá deste cume.
Chegamos à Tilcara as 22h de um domingo e ainda assim a primeira opção de pousada estava lotada. Muito prestativa, Ana Lia nos ajudou a encontrar uma pousadinha quentinha e gostosa. Acomodados, não tínhamos outra opção a não ser comemorar a nossa viagem e primeira neve em frente da lareira.
Local do Acampamento Base para o trekking do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Trekkings e escaladas sempre foram paixões, mas como boa brasileira que sou nunca estive habituada à altitude. Durante as últimas semanas de viagem temos cruzado as regiões da cordilheira andinas, altiplanos, seus lagos, salares e vulcões. Descobri que meu corpo se adapta bem à altitude, não sinto dores de cabeça e nenhum outro sintoma do famoso “mal de puna” ou “sorotchi”, o mal da altitude.
Subindo o vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
A minha primeira investida à uma montanha acima dos 5.000m foi apenas 12 dias atrás, quando fizemos um trekking até os 5.300m no Cerro Toco (5.600m), que estava com sua trilha principal inacessível pelo acúmulo de neve. Hoje nos preparamos para um desafio maior: vamos ao cume do El Místi a 5.830m!
O belo vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Um dos principais cartões postais de Arequipa, o El Místi é um vulcão ativo adormecido e possui aquele formato cônico mais tradicional, dos vulcões que vemos em desenhos animados. Sua última erupção foi nos idos de 1400, quando os Incas ainda dominavam a região, antes da dominação espanhola.
Inicio de caminhada rumo ao topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
O nosso grupo é formado por 11 pessoas, sendo 2 guias, José e Júlio e 9 turistas. Destes, 5 canadenses, 2 peruanas limeñas, eu e o Rodrigo. 3 canadenses são jovens estudantes de farmácia, tipos atléticos e bem esportistas que estão empolgadíssimos para sua primeira grande montanha. Os outros 2 canadenses e suas companheiras peruanas tampouco possuem experiência, uma delas inclusive já tentou subir a montanha no ano passado mas não chegou ao cume.
Subindo o vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Júlio é um guia experiente, já possui 25 anos de montanhismo aqui no Perú, entre os vulcões de Arequipa e as montanhas nevadas da Cordillera Blanca em Huaráz. Ele será o chefe da expedição, contando com toda a experiência de Julio, segundo guia, que virá fechando o grupo.
Entrando na reserva do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
A caminhada começou em torno das 10h da manhã, aos 3.400m, cada um de nós carregando suas mochilas com sacos de dormir, isolantes térmicos, roupas, lanches e 5 litros de água. Durante a caminhada dois grupos se formaram naturalmente, o mais rápido formado pelos 3 canadenses, eu e Rodrigo, à frente com José e o segundo mais lento, com os dois canadenses e as peruanas que ficaram com Júlio para trás.
Inicio de caminhada rumo ao topo do vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Dois canadenses estavam bem, aclimatados e resolveram acelerar. Eu mantive meu ritmo, quase sempre junto do José e o Rodrigo adotou a tática de ficar por último sempre e dar tiros para chegar junto com os dois canadenses, assim passava um tempo comigo e seguia o seu ritmo acelerado preferido. Ótimo também para as fotos e filmagens, pois sempre tinha todos os ângulos! Rsrsrs!
As paradas para descanso, água e um lanche rápido eram de uma em uma hora até os 4.000m, quando o terreno ficou bem mais inclinado e a altitude começa a pegar mais e então as paradas passaram a ser de 30 em 30 minutos, porém mais rápidas. Vistas lindas e até um beija-flor com suas asas aceleradas nos acompanharam até o campo base, a 4.600m de altitude. Dia tranquilo de caminhada e logo estávamos com o nosso acampamento montado e, do nosso quintal, a vista da cidade de Arequipa e do Pichu Pichu, montanha com 5.571m.
Visão do nosso acampamento no vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Um final de tarde inacreditável e o ascender das luzes de Arequipa nos acompanharam no jantar. O sol baixou e sem ele a temperatura despencou, havia pouco vento, mas as 2 camadas de calça e 5 de casacos e blusas não foram suficientes para agüentarmos todo o jantar do lado de fora da barraca.
Incrível pôr-do-sol visto do acampamento nas encostas do El Mistí, em Arequipa - Peru
Sopinha, macarrão, ao final quase congelado, e um chá quentinho fecharam cedo as atividades do nosso primeiro dia no El Místi. Até logo Arequipa iluminada, nos vemos à 1h da manhã.
As luzes da cidade de Arequipa vistas do nosso acampamento no vulcão El Mistí, em Arequipa - Peru
Calgary, no Canadá, em noite de lua quase cheia
Calgary, a cidade das pradarias, dos rodeios e do petróleo é a quinta maior cidade canadense. Sua população é de pouco mais de um milhão de habitantes, bem equilibrada com a capital do estado de Alberta, a cidade de Edmonton que forma o eixo conhecido como “Calgary-Edmonton Corridor”. Um centro de comércio entre o meio oeste agrícola e as vastas pradarias que a separam do populoso leste canadense, tem tudo o que uma cidade grande oferece, bons restaurantes, alguns museus, universidades e um pequeno centro histórico. A cidade é um centro cultural que recebe muitos festivais, concertos, shows e teve os holofotes mundiais voltados para si quando sediou os Jogos Olímpicos de Inverno em 1988.
Propagandas do famoso e concorrido rodeio de Calgary, no Canadá
Embora o ser humano já tenha passado por estas terras há mais de 15 mil anos, na sua descida do Estreito de Bering para popular todo o continente, a origem da vila foi nos tempos coloniais com tropas enviadas pela coroa britânica para proteger suas fronteiras e o rico mercado de peles dos vizinhos americanos. Uma das grandes mercadorias do Canadá no período colonial era a pele de castor que conhecemos dos chapéus russos e dos exploradores dos países do norte, aquele com um rabinho caído do lado. Foi a caça desse pobre animal que movimentou o comercio desta região durante todo o período colonial.
Calgary, no Canadá, vista do alto da torre mais alta da cidade
Foi pelos idos de 1883, no caminho da recém inaugurada Canadian Pacific Railway, que a cidade se tornou um centro comercial e agrícola da região, além da principal porta de entrada para o primeiro parque nacional nas Montanhas Rochosas Canandeses: Banff criado em 1885. Apenas em meados de 1950 foi que Calgary experimentou o boom econômico e cresceu vertiginosamente devido à descoberta e exploração de petróleo na região.
A quase 200 metros de altura, sobre o piso de vidro da torre mais alta de Calgary, no Canadá
Depois de duas semanas cruzando o meio-norte dos Estados Unidos foi bom chegar em uma cidade grande. A cidade tem o estilo de urbanização norte americano, bem espalhada com grandes avenidas e estradas, quase impossível se locomover a pé. Ficamos hospedados em um Boutique Motel a 10 minutos de carro do centro. O Centro Boutique Motel foi o primeiro que encontramos nesse estilo. Um motel aqui no Canadá e nos Estados Unidos é um hotel de beira de estrada, daqueles que você estaciona seu carro em frente, com serviço bem básico e preços mais acessíveis. O que eles fizeram foi remodelar um motel antigão, dando um toque moderno na decoração e incrementado com pequenos confortos só oferecidos em hotéis, conceito bem interessante. Aproveitamos o dia em Calgary e o nosso confortável motel para descansar dos longos dias de estrada, dar um banho na Fiona e trabalhar nos blogs.
Fiona de banho tomado em frente ao nosso
Além dos museus, quilômetros de trilhas e ciclovias ao redor da área verde de Calgary e do Parque Olímpico, a cena gastronômica é uma das grandes atrações da cidade. Por isso, à noite fomos jantar no restaurante 360°, a 191m de altura, no alto da Calgary Tower. O restaurante giratório tem pratos maravilhosos e uma vista espetacular da cidade, ainda mais charmosa durante a noite.
Um delicioso jantar no restaurante giratório da torre mais alta de Calgary, no Canadá
Amanhã caímos na estrada novamente rumo ao Banff, Icefields e Jasper National Park para conhecer as Rochosas Canadenses em pleno feriado nacional.
A quase 200 metros de altura, sobre o piso de vidro da torre mais alta de Calgary, no Canadá
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