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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Eva Perón, a famosa "Evita", um dos ícones da história argentina, em Buenos Aires, na Argentina
O dia hoje começou com arrumação de malas, roupas de frio ficando com a gente e as de calor indo direto para a Fiona. Isso porque hoje, no final do dia, vamos nos encontrar com o Marcelo e a Carola, que vão guardar o carro para gente enquanto estivermos viajando para a Antártida. Vou guardar esse assunto para o próximo post, quando for falar do nosso encontro e combinação com eles, além da pequena viagem até Pilar, onde ficará muito bem protegida nossa querida amiga de quatro rodas.
Prédio da Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Enfim, foi só no final da manhã que saímos para mais uma caminhada de explorações, dessa vez bem mais curta que a de ontem. Fomos até a Recoleta, bairro muito mais próximo de Palermo do que o centro da cidade, onde estivemos ontem, e presença obrigatória em todos os roteiros turísticos pela cidade de Buenos Aires. Mas antes de chegarmos lá, ainda em Palermo, tivemos uma outra parada, num local que eu ainda não conhecia de minhas visitas prévias à cidade: o museu da Evita Perón.
Uma das frases famosas de Evita, na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Eva Duarte Perón, ou simplesmente Evita, personifica tanto este país como o tango ou o futebol. Uma personagem real, histórica, que acabou engolida pelo mito de uma vida curta, marcante e trágica e que acabou elevada quase à condição de santa, apesar de ter também gerado tanto ódio em alguns de seus contemporâneos.
Cenas do funeral de Evita, na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Eva nasceu e cresceu em uma família simples do interior e teve um início de vida duro. Na verdade, seu pai era rico, mas sua mãe não era sua esposa oficial. Assim, ela e seus irmãos eram considerados ilegítimos, o que naquela época, na década de 30, na Argentina, era algo muito pesado. O pai morreu cedo e a vida de sua família, que já era difícil, piorou ainda mais, sem direito nenhum sobre a herança. Enfim, Eva cresceu e aos 15 anos foi morar na capital, buscando o que sempre sonhara: a vida artística.
Vestidos usados por Evita, na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Trabalhou em teatros, rádio e até cinema, mas sempre em produções de 2ª grandeza. Mas um terremoto devastador na distante San Juan mudaria a sua vida. O militar Juan Carlos Perón foi incumbido pelo governo de organizar a ajuda à cidade destruída. Para arrecadar fundos, ele pediu a ajuda da comunidade artística para organizar shows e espetáculos beneficentes. Assim conheceu Evita e foi amor a primeira vista. A campanha em prol de San Juan lhe trouxe popularidade e ele acabou sendo eleito presidente, agora já casado com Evita.
Evita no seu auge, visitando trabalhadores mineiros, em foto na Fundação Eva Perón, em Buenos Aires, na Argentina
Ao contrário das antigas primeiras-damas, Evita se envolveu com o governo, sempre ajudando seu marido, mas rapidamente ganhando luz própria. Liderou a campanha pela aprovação do voto feminino nas eleições e abraçou a bandeira dos mais trabalhadores, protegendo sindicatos e direitos. Mais do que isso, lançou diversas campanhas assistencialistas para os “descamisados”, como chamava a população menos favorecida.
Caminhando na praça Justo Jose de Urquiza, em Buenos Aires, na Argentina
O sempre movimentado Centro Cultural da Recoleta Buenos Aires, na Argentina
Tanta popularidade obteve que a população a queria como vice-presidente num possível 2º mandato do marido. No maior comício já realizado no país, cerca de 2 milhões de pessoas gritaram pelo seu nome, pressionando-a para que aceitasse a indicação. Ela titubeou, pois sabia também do ódio que lhe tinha a classe mais abastada e os militares, assustados com tanto poder conferido para uma mulher, algo inédito naquela sociedade. Mas a esta altura, já com 31 anos de idade, ela também já sabia que algo não ía bem na sua saúde, com desmaios frequentes. Acabou não aceitando a indicação em um emocionante discurso transmitido ao vivo na rádio.
Chegando ao Centro de Exposições da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Interior do Centro Cultural da Recoleta Buenos Aires, na Argentina
Era o câncer. Mesmo escondendo a gravidade da doença, ela definhou em público. Quando o marido foi reeleito de forma avassaladora, ela pesava apenas 38 kg. Alguns meses depois, faleceu, fazendo o país parar e chorar por vários dias. Seu corpo foi embalsamado e colocado em exposição, virando ponto de peregrinação. Um enorme monumento, maior do que a Estátua da Liberdade, seria construído e o corpo embalsamado ali ficaria, assim como Lenin, no Kremlin. Mas dois anos depois, antes do monumento ficar pronto, um golpe militar derrubou seu marido. Ele fugiu do país, mas não teve tempo de resgatar sua esposa. Os militares, em campanha para extirpar o movimento peronista da história do país, sequestraram seu corpo e sumiram com ele.
A Petrobrás, uma das patrocinadoras da exposição de fotos no Centro Cultural da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Exposição de fotos no Centro Cultural da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
O corpo de Evita só reapareceu 16 anos mais tarde, num pequeno túmulo em Milão, na Itália. Como foi parar lá, ainda é matéria controversa. O fato é que seu marido, então exilado na Espanha e casado com Isabelita, recuperou o corpo e o levou para casa, onde ficou guardado na sala de estar. Seu exílio terminou em 73 e ele voltou à Argentina para ser reeleito presidente. Antes que pudesse repatriar o corpo da antiga esposa, faleceu, mas sua nova esposa e nova presidente do país o fez. Evita foi enterrada no famoso cemitério da Recoleta, em um túmulo super protegido e, ainda hoje, é a maior atração do lugar, mesmo com tantos outros famosos enterrados por ali.
Chegando ao Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Entrada do famoso Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Tudo isso vimos no museu, além de fotos e filmes da época. E também toda uma sala com os vestidos que usava, desde seus tempos de radio e atriz, até o guarda-roupa que levou em sua aclamada viagem à Europa, já como primeira-dama, quando foi recebida por Franco, na Espanha, pelo papa, no Vaticano, e na França. Só desistiu de ir à Inglaterra porque a família real inglesa se recusou a recebê-la. Afinal, uma plebeia ilegítima entre a realeza?
Caminhando nas ruelas do Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Túmulos e esculturas no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Enfim, ainda com Evita na cabeça, seguimos nosso caminho através dos parques da Recoleta até o Centro Cultural, onde visitamos uma interessante exposição de fotografias patrocinada pela Petrobrás e American Express. Era um favor que fazíamos ao Che Toba, que necessitava de umas fotos de lá para terminar um post que faria sobre a exposição.
A capela do Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
A gigantesca e centenária figueira da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Depois, finalmente, ao ponto mais famoso do bairro, o cemitério! O elegante bairro foi ocupado originalmente pelos monges da Ordem dos Recoletos, ainda no séc. XVIII, quando aquilo era uma área afastada da cidade. Tinham sua igreja, monastério e cemitério. A Ordem foi desmantelada em 1822 e o cemitério passou a ser público. A cidade cresceu e a área passou a ser ocupada pela fina flor da sociedade portenha, os vivos e os mortos! Presidentes, intelectuais, artistas, todos disputavam um lugar naquele cemitério. As famílias que conseguiam seu espaço, tratavam de enfeitá-lo bem com estátuas e criptas bem elaboradas.
A gigantesca e centenária figueira da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Hoje, além de ser considerado um dos mais belos do mundo, virou atração turística. O interessante é entrar lá e se perder em seu labirinto de ruelas, sempre atento para encontrar alguém famoso e, principalmente, encontrar a Evita. Acaba sendo fácil, pois a quantidade de turistas ao redor do seu túmulo é sempre uma boa pista. A gente, que já havia estado lá outras vezes, fez o circuito rapidinho, apenas por desencargo de consciência, e fomos logo para os belos cafés que existem ali perto, quase em frente ao cemitério.
A gigantesca e centenária figueira da Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
Ainda antes de nos sentarmos, pagamos nossos respeitos à centenária figueira que há no jardim e que foi testemunha de todos os enterros que por ali passaram e também de todas as outras vezes que estive em Buenos Aires. Já me chama pelo nome, o que é uma grade honra para mim, hehehe! Depois, um delicioso lanche acompanhado de bom vinho para celebrar estamos ali, naquele lugar delicioso, perto daquela árvore mágica, na cidade que adoramos. Um brinde à Evita, que conhecemos melhor hoje. Um brinde à Fiona, de quem vamos nos separar amanhã. Um brinde à Antártida, que mercê sempre ser brindada. E de brinde em brinde, a tarde passou e já era hora de irmos encontrar a Carola e o Marcelo, assunto do próximo post!
Lanche com vinho na Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina
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