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Saara na Venezuela

Venezuela, Coro, Paraguaná

Caminhando pelos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

Caminhando pelos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela


Poucos quilômetros ao norte da cidade de Coro, na Venezuela, está uma das mais inusitadas paisagens do país: um pedacinho do Saara em plena América do Sul, um verdadeiro deserto com autênticas dunas de areia.

As dunas invadem a estrada nos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

As dunas invadem a estrada nos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela


Subindo nas dunas de Médanos de Coro, no noroeste da Venezuela

Subindo nas dunas de Médanos de Coro, no noroeste da Venezuela


O Parque Nacional Médanos de Coro está localizado no estreito istmo que liga o continente à península de Paraguaná, uma antiga ilha. “Médanos” quer dizer “dunas” e o nome não poderia ser mais apropriado, já que a área, ao lado da cidade de Coro, é formada por dunas de areia que chegam à 40 metros de altura. Lembram muito a região dos Lençóis Maranhenses, mas sem aquelas lindas lagoas. É uma área menor também, cerca de 5 quilômetros de largura por 30 quilômetros de comprimento.

Subindo as dunas de Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

Subindo as dunas de Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela


Passeio nas dunas de Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

Passeio nas dunas de Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela


Saímos de Coro logo cedo, rumo à Paraguaná. Bem, na verdade não foi tão cedo assim, já que perdemos mais de uma hora na cidade buscando um posto de combustível que tivesse diesel. Vou falar disso no próximo post, uma das facetas do chavismo, combustível quase de graça, mas difícil de ser encontrado. Enfim, com tanque vazio mesmo, seguimos para a península e, poucos minutos de estrada, chegamos ao inusitado deserto.

Estrada passa pelas dunas dos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

Estrada passa pelas dunas dos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela


A paisagem desértica dos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

A paisagem desértica dos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela


O caminho passa bem no meio das dunas, uma luta constante para manter a estrada aberta já que as montanhas de areia estão em constante movimento. Ali, encontramos um local para deixar a Fiona no acostamento e enfrentamos, de chinelo, as areias quentes da duna que escalamos. Lá do alto, Coro ainda bem próxima no horizonte, a belíssima visão da vastidão desértica. Não é nada difícil esquecermos que estamos na Venezuela e fomos parar em algum outro lugar. Se os espanhóis tivessem chegado por aqui, na primeira vez, o nome do país poderia ter sido outro, pois não há nada que lembre Veneza nesses médanos...

A paisagem desértica dos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

A paisagem desértica dos Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela


Em outros tempos, mais turísticos, o deserto estaria cheio de visitantes, caminhando, à cavalo ou mesmo montando camelos, que foram importados para cá. Mas nessa época meio confusa para o país, éramos apenas nós e outro pequeno grupo, que estacionou seu carro algumas dunas à frente. Nós tiramos nossas fotos do deserto sem nenhuma dificuldade de evitar “estranhos” nas nossas fotos. Respiramos fundo, curtimos aquela bela paisagem e voltamos à Fiona, antes que ela mesma se transformasse em mais uma duna de areia. Estávamos apenas começando o passeio do dia...

Passeio nas dunas de Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

Passeio nas dunas de Médanos de Coro, na entrada da península de Paraguaná, no noroeste da Venezuela

Venezuela, Coro, Paraguaná, deserto, Médanos de Coro

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Yojoa, Bananas e um Pouco de História

Honduras, Yojoa

Pier avança até a borda do lago Yojoa, região central de Honduras

Pier avança até a borda do lago Yojoa, região central de Honduras


“Hmmm...” – murmurava alto a Dani, enquanto pensava. “Yojoa Lake!”, ela respondeu finalmente, com firmeza. Dani é a simpática holandesa namorada do Chris, o inglês dono da Round House, o delicioso hotel que ficamos às margens do rio Dulce, na Guatemala, na região de Livingston. Faz tempo que ela trabalha com turismo e já viajou muito pela América Central, sua região predileta no mundo. Eu tinha perguntado para ela qual o terceiro destino turístico de Honduras, depois das internacionalmente conhecidas atrações de Copán e Bay Islands (Roatán e Utila, onde estivemos).

Lago Yojoa, região central de Honduras

Lago Yojoa, região central de Honduras


Lago Yojoa, região central de Honduras

Lago Yojoa, região central de Honduras


Pois é... uma semana depois dessa nossa conversa, após passarmos pelas duas atrações mais famosas de Honduras e também pela simpática e pacata Gracias, chegávamos ao lago Yojoa, a meio caminho entre as duas principais cidades do país, San Pedro Sula e a capital Tegucigalpa. Tínhamos deixado para trás os destinos mais concorridos, chegando às atrações visitadas apenas por turistas mais alternativos. O lago Yojoa, por exemplo, atrai os amantes dos pássaros, já que concentra o maior número de espécies do país e quiçá, do continente. Nós, talvez influenciados pelos últimos lagos que passamos na Guatemala, imaginávamos um lugar com pousadas a beira d’água, onde poderíamos nadar de manhã ou de tarde, ou mesmo sob o luar, estimulados pelo calor e beleza do ambiente.

Caminhada pela mata da Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Caminhada pela mata da Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Observando árvore gigante na mata da Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Observando árvore gigante na mata da Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Doce ilusão! A região é mesmo muito bela, mas o lago não é feito para nadadores. Cercado por charcos ou pastos, quem se diverte próximo à orla são bois, vacas e garças. No meio do lago, pescadores, seus barcos apenas pequenos pontos quase perdidos no meio daquela imensidão toda. Yojoa é todo cercado por montanhas e florestas, um colírio para os olhos, embora o nariz reclame um pouco quando chegamos muito perto.

Plantação de café e banana no meio da mata, na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Plantação de café e banana no meio da mata, na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Pé de café carregado na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Pé de café carregado na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Talvez por isso as pousadas sejam mais afastadas, no meio da mata, perto dos pássaros que tanto atraem os “bird watchers”. Nós escolhemos uma que pertence a um americano e que, além de pousada, é também a primeira microcervejaria de Honduras. Outra dica da Dani e do Chris, alé de muito bem cotada no Lonely Planet. Tão bem cotada que, quando lá chegamos, não havia espaço para nós. Acabamos ficando na opção B, a pouco menos de um quilômetro dali, a Finca Paraíso. Não demorou muito para agradecermos aos céus esse golpe do destino.

lago Yojoa, região central de Honduras

lago Yojoa, região central de Honduras


A D&D Brewery, a primeira microcervejaria do país, na região do lago Yojoa, parte central de Honduras

A D&D Brewery, a primeira microcervejaria do país, na região do lago Yojoa, parte central de Honduras


A tal finca é uma fazenda cheia de matas e trilhas. Daí caminhávamos para a microcervejaria através de um caminho bucólico que tanto me lembrou da fazenda em Ribeirão Preto. Caminho de terra, por entre campos, casas rurais, cachorros latindo, montanhas ao fundo e muito verde ao redor. Sensação de tranquilidade e segurança. Nada parecido com a Honduras “perigosa” que nos é pintada por jornais ou guias de turismo. Fomos uma vez, de noite, para jantar e testar as cervejas e outra pela manhã, para tomar o café. No escuro, com pouca visão e até por isso com todos os outros sentidos mais apurados, aquele delicioso cheiro de interior, de campo e de sereno. Na caminhada da manhã, além do visual da natureza que nos rodeava, uma casa onde os uniformes de todo um time de futebol secavam no varal, a simpática dona posando para fotos para nós. Duas das mais doces lembranças que sempre terei desse país!

Toda a roupa de um time de futebol seca no varal de uma casa no meio do campo, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Toda a roupa de um time de futebol seca no varal de uma casa no meio do campo, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


A simpática senhora que lavou toda a roupa de um time de futebol, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

A simpática senhora que lavou toda a roupa de um time de futebol, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Além das caminhadas até a D&D (a microcervejaria), também percorremos as trilhas da própria Finca Paraíso, por entre matas e rios. Ali, até ruínas Lencas pudemos ver. Os mayas, como já disse, só chegaram até o norte de Honduras, mas influenciaram todos os povos ao sul da fronteira, incluindo os Lencas. Por exemplo, lá estava um juego de pelota, totalmente coberto por vegetação, mas sua forma particular e já tão conhecida por nós bem distinguível abaixo do mato. Não muito longe dali, um pequeno lago de águas azuis em meio à vegetação, um centro cerimonial dessa tribo. Apesar do calor, não se pode nadar por ali. Bem, ali não, mas no rio de águas geladas vindas diretamente das montanhas, aí pudemos nos refrescar, nosso banho mais gelado nesses últimos meses, disparado!

Caminhada bucólica por estrada rural na região do lago Yojoa, em Honduras

Caminhada bucólica por estrada rural na região do lago Yojoa, em Honduras


No meio da mata, um pequeno lago azul que foi um centro cerimonial do povo Lenca (na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras)

No meio da mata, um pequeno lago azul que foi um centro cerimonial do povo Lenca (na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras)


Só tivemos coragem para entrar pelo calor que sentíamos após subirmos ao ponto mais alto da Finca, um mirante no alto de um morro de onde se pode observar o Yojoa de longe. Para chegar até lá no alto, cruzamos plantações de café e banana mescladas, as duas protegidas pelas sombras de árvores mais altas que compunham a mata ao redor. Realmente, uma cena simpaticíssima: pés de café carregados ao lado de bananeiras com grandes cachos, todos na sombra de um pé de ceiba. A terra produzindo em total sintonia com a natureza, espaço para todo mundo, Inclusive para dois viajantes perdidos caminhando por ali, os únicos na propriedade, nesses dias pós-feriadão.

Delicioso e refrescante banho de rio na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Delicioso e refrescante banho de rio na Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


A visão das bananas muito me fez lembrar da atribulada história de Honduras. Em tempos coloniais, quase todo o continente era espanhol, apesar da influência inglesa ser muito forte no litoral caribenho. Foi no litoral norte de Honduras que os garifunas se espalharam, depois de terem sido trazidos até Roatán pelos ingleses. Mas aqui, ao contrário do que ocorreu em Belize, ao final, os britânicos reconheceram os “direitos” espanhóis. Com isso, mesmo depois da independência, o país se manteve unido, língua espanhola de uma lado e inglesa do outro. Quanto aos garifunas, apesar de terem se espalhado da Nicarágua à Belize, Honduras sempre se manteve como seu principal centro, o maior número de cidades e vilas. Infelizmente, não tivemos a chance de visitar essa região que tem em Trujillo a principal cidade.

Bananeiras, muito comuns na região do lago Yojoa, parte central de Honduras

Bananeiras, muito comuns na região do lago Yojoa, parte central de Honduras


Falando em Trujillo, foi aí o último campo de batalha do flibusteiro americano William Walker, de quem já falei quando passamos na Nicarágua há mais de um ano. Honduras, assim como os outros países da América Central, “nasceu” unida ao México, quando aquele país conquistou sua independência. Mas era uma união artificial, sem nenhuma raiz histórica, e logo se desfez, os países centro-americanos preferindo formar uma nação à parte. Essa união também foi frágil e, poucos anos mais tarde, por volta de 1835, já estavam todos separados. Seus exércitos só se reuniram novamente na década de 50 daquele mesmo século, agora para combater o maluco do William Walker, que queria unificar a América Central sob o seu comando. Seu sonho: formar por aqui uma república escravocrata que falasse inglês e que fosse intimamente ligada aos estados do sul dos Estados Unidos, justamente aqueles que usavam a mão-de-obra escrava.

Belíssimas flores durante caminhada pela Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Belíssimas flores durante caminhada pela Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


William Walker até chegou ao poder na Nicarágua. Mas isso era apenas o começo de seu plano e ele logo quis conquistar Honduras. Após ser derrotado, fugiu para reunir mais mercenários e voltou à carga em Trujillo. Eis que, ainda no mar, seu navio foi capturado pela marinha inglesa, então a mais poderosa do mundo. A Inglaterra, preocupada em manter o status quo da região, para o qual o americano representava uma ameaça, entregou o prisioneiro ao governo de Honduras. Esse, sem titubear ou dar tempo ao governo americano de intervir, fuzilou o flibusteiro. Eliminada a ameaça, os países da América central puderam seguir os seus caminhos enquanto que, no norte, os apoiadores de William Walker agora tinham de se preocupar com uma guerra em seu próprio país, os Estados Confederados da América, de tão curta existência.

Belíssimas flores durante caminhada pela Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Belíssimas flores durante caminhada pela Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Aqui, chegamos finalmente às bananas que citei lá encima. Os Estados Unidos, unidos novamente, cada vez mais senhores do hemisfério, voltaram seus olhos novamente para os frágeis países do sul. Companhias americanas descobriram que não poderia haver melhor lugar no mundo para plantar bananas do que por aqui. Com o desenvolvimento dos processos de refrigeração e tão perto do insaciável mercado consumidor, Honduras (assim como os vizinhos) se tornou um verdadeiro bananal. Em 1892, 11% das exportações hondurenhas vinham das bananas. Esse número subiu para 42% em 1903 e 66% em 1913, quando cerca de 75% das terras do país produtoras de banana pertenciam à companhias americanas.

Belíssimas flores durante caminhada pela Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Belíssimas flores durante caminhada pela Finca Paraíso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Com números assim, dá para imaginar a força política e econômica que essas companhias tinham no país. Cada uma das companhias produtoras se aliou com um dos partidos políticos locais. Golpes e contragolpes se tornaram corriqueiros e foram, literalmente, centenas deles, ao longo dos últimos dois séculos, boa parte ligada às bananas. Não é à toa que a famosa expressão “República de Bananas” foi cunhada aqui, em Honduras.

Chichigua, uma fruta de boa aparência, mas péssimo gosto, na Finca Paraiso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras

Chichigua, uma fruta de boa aparência, mas péssimo gosto, na Finca Paraiso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras


Foi apenas em 1954, em uma famosa greve de que participaram 25 mil pessoas, conhecida como “Greve da Banana” (claro!), que os trabalhadores tiveram parte de seus direitos reconhecidos e deixaram de trabalhar sob condições que hoje classificaríamos como semi-escravidão. Foi um momento importantíssimo na história de Honduras.

Apenas alguns animais conseguem comer o Chichigua (Finca Paraiso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras)

Apenas alguns animais conseguem comer o Chichigua (Finca Paraiso, perto do lago Yojoa, região central de Honduras)


Mas não foi o fim da influência americana. Longe disso! Na década de 80, o país estava no lugar errado na hora errada. Localizada entre Nicarágua e El Salvador, dois dos mais importantes campos de batalha da Guerra Fria naqueles anos, em plena administração Reagan, Honduras teve de abrir suas fronteiras para os famosos “Contras”, no sul, assim como para grupos paramilitares salvadorenhos, no norte. O resultado foi uma incrível proliferação de armas e a transformação de boa parte do país em terra sem-lei. A década passou, a Guerra Fria acabou, os Contras e salvadorenhos se foram, mas as armas ficaram. Não é a toa que Honduras se mantém como o pais mais violento da região, como bem mostram as estatísticas...

Trabalhando e aguardando o almoço às margens do lago Yojoa, região central de Honduras

Trabalhando e aguardando o almoço às margens do lago Yojoa, região central de Honduras


Peixes aguardam a sua vez em restaurante às margens do lago Yojoa, região central de Honduras

Peixes aguardam a sua vez em restaurante às margens do lago Yojoa, região central de Honduras


Bom, longe de qualquer sinal de violência e perigo, nos passeamos prazerosamente entre pés de banana e café hoje pela manhã. Apenas a paz nos cercava e foi com tristeza que partimos dali. Nosso destino era a capital Tegucigalpa, a última que nos faltava conhecer aqui na América Central. Mas antes de pegar estrada, ainda queríamos ver o lago Yojoa mais de perto. Afinal, pelo menos num primeiro momento, foi para isso que tínhamos ido até ali, e não para ver bananas. Encontramos um restaurante na beira do lago e aí almoçamos, o Yojoa como nosso cenário. Foi bem legal! Depois, através de um longo píer de madeira, atravessamos o “umedal” que cerca o lago e chegamos bem perto de suas águas, pelo menos para dar um alô e tirar umas fotos. Afinal, não podíamos deixar de ver de perto o terceiro destino turístico do país! Agora, daqui para “Tegu”, como a capital é carinhosamente conhecida.

Pier no lago Yojoa, região central de Honduras

Pier no lago Yojoa, região central de Honduras

Honduras, Yojoa, história, Lago

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Cores de Outono na Terra de Shakespeare

Estados Unidos, Oregon, Ashland

As fantásticas cores de Outono nas ruas de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

As fantásticas cores de Outono nas ruas de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


Depois do inesquecível entardecer de ontem lá no Crater Lake (veja o post anterior), nós ainda esticamos até a cidade de Ashland, no sul do estado, já bem próxima da fronteira com a Califórnia.

Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos, a terra americana de Shakespare

Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos, a terra americana de Shakespare


Para quem chega nessa época do ano, já em Novembro, pode achar que é apenas mais uma pequena cidade do interior, igual às outras centenas espalhadas pelo país. Doce ilusão. Ou doce ignorância. Ashland é internacionalmente conhecida como a pátria de Shakespeare fora da Inglaterra. Não que o famoso poeta inglês tenha estado alguma vez por ali (de fato, na época do bardo inglês, os britânicos ainda nem haviam começado a colonizar os Estados Unidos!), mas um movimentado festival de teatro traz milhares de artistas, turistas e amantes da mais bela das artes à pequena cidade, onde tudo gira em torno das peças shakespearianas.

Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos, a terra americana de Shakespare

Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos, a terra americana de Shakespare


Tudo começou na década de 30, quando a cidade e seus habitantes viviam em plena crise da Grande Depressão. Um professor de artes teve uma ideia para movimentar e animar a população e, quem sabe, criar oportunidades de emprego. Conseguiu que a prefeitura investisse na produção de uma peça de teatro de Shakespeare com artistas locais. O sucesso foi muito maior do que o esperado e o professor não só conseguiu pagar o seu empréstimo como também dinheiro suficiente para financiar outras três peças para o ano seguinte. Daí para frente, a coisa só foi dando certo, as peças cresceram para virar um festival, a fama foi ganhando a nação e o mundo e hoje movimenta cultural e economicamente toda a região. Do amadorismo ao profissionalismo, de uma simples peça para nove meses quase ininterruptos de teatro da melhor qualidade, só uma coisa não mudou: Shakespeare! Continua sendo o tema central, o patrono e a inspiração desses 9 meses de arte.

Teatro shakespereano em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

Teatro shakespereano em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


Programação do festival de teatro para o ano que vem, em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

Programação do festival de teatro para o ano que vem, em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


Mas, como vocês podem imaginar, nós chegamos atrasados! O festival desse ano terminou há poucos dias. A programação do próximo ano já está pronta, já se pode comprar bilhetes e, nesses próximos três meses, dezenas de pessoas estarão ocupadas produzindo os cenários e figurinos das longa jornada cultural do ano que vem.

As fantásticas cores de Outono nas ruas de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

As fantásticas cores de Outono nas ruas de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


Enfim, pegamos a cidade vazia, ótimos preços e excelentes restaurantes acostumados a servir os exigentes turistas que vem de todo o mundo para assistir Shakespeare. Mas sem chance de ver alguma peça, apenas desenhos e gravuras espalhados pela cidade.

A incrível beleza das cores em parque de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

A incrível beleza das cores em parque de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


Ficamos sem Shakespeare, mas ganhamos as cores de Outono. A cidade é conhecida também por seus parques e jardins e, nessa época do ano, com as folhas ficando amarelas, vermelhas e caindo, esles estão absolutamente espetaculares.

Caminhando sob uma chuva de folhas em parque de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

Caminhando sob uma chuva de folhas em parque de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


As cores marcantes da mudança de estações, em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

As cores marcantes da mudança de estações, em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


Já faz quase dois meses que a gente vem acompanhando essa maravilha da natureza, tão pouco frequente no Brasil. Mas aqui foi especial! Os jardins são especialmente preparados para que as cores se misturem. Verde e os vários tons até o amarelo. Amarelo e os vários tons até o vermelho. São de uma beleza de perder o fôlego!

As cores marcantes da mudança de estações, em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

As cores marcantes da mudança de estações, em Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos


Ou, na verdade, para ganhar o fôlego! Nada melhor para a lama e espírito do que sentar em um dos bancos no parque e ficar admirando essa beleza toda. Quase dá para esquecer Shakespeare. Acho que ele mesmo se esqueceria. Pelo menos, nesses três meses de folga...

A incrível beleza das cores em parque de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

A incrível beleza das cores em parque de Ashland, no sul do Oregon, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Oregon, Ashland, Shakespeare

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Thingvellir e o Golden Circle

Islândia, Reykjavik, Thingvellir

O magnífico visual do Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

O magnífico visual do Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


O mais popular programa turístico entre os visitantes da Islândia é percorrer uma rota chamada de “Golden Circle”. É um circuito de pouco mais de 150 km nas cercanias da capital Reykjavik e que pode ser percorrido em apenas um dia, possibilitando aos turistas passar por belas e variadas atrações como cachoeiras, gêiseres, parques e até o principal sítio histórico do país, o vale de Thingvellir.



São várias as agências de turismo da capital que oferecem esse passeio em suas vans e na companhia de guias, mas também é comum fazê-lo por conta própria, com a ajuda de um carro alugado. As indicações nas estradas são claras e as atrações são todas sinalizadas, sempre com painéis informativos traduzidos para o inglês.

O local onde se reunia o primeiro parlamento do mundo, já há mais de 1000 anos, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

O local onde se reunia o primeiro parlamento do mundo, já há mais de 1000 anos, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


Pois bem, esse foi o caminho que percorremos hoje, primeiro acompanhados da nossa agência de mergulho até Thingvellir e depois sós, pelo resto do dia. A primeira parada foi exatamente no Parque Nacional criado em 1930 para proteger um solo considerado “sagrado” pelos islandeses, por sua importância histórica e na formação de um caráter nacional. Aí fizemos nosso mergulho e depois caminhamos pelo vale onde se reunia o antigo parlamento do país. Em seguida, fomos para o campo de gêiseres de Geysir e para a cachoeira de Gullfoss, retornando à Reykjavik no final da tarde.

O magnífico visual do Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

O magnífico visual do Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


Falo do fantástico mergulho no próximo post. Agora quero me ater à interessante história desse que foi o primeiro parlamento verdadeiro da história moderna, antecedendo em muito experiências semelhantes na Inglaterra e Holanda. Na antiguidade, espécies de parlamentos também existiram na Grécia e em Roma, mas seus poderes eram claramente subordinados aos poderes executivos daquelas sociedades. Não aqui na Islândia! O Althingi (nome dado ao parlamento) se reunia anualmente em Thingvellir e era a máxima autoridade legislativa e judiciária do país, subordinando os poderes executivos que existiam localmente por toda a ilha.

Caminhando sobre a fenda que divide dois continentes, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

Caminhando sobre a fenda que divide dois continentes, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


A colonização permanente da Islândia começou em 874 pelo norueguês (leia-se viking!) Ingolfur Arnarson. Seis décadas mais tarde e todas as terras aráveis do país já estavam ocupadas. Os descendentes do pioneiro Ingolfur controlavam a área mais produtiva, no sudoeste do país e formavam a família mais poderosa. Foi quando diversos líderes locais resolveram criar uma espécie de conselho, exatamente para contrabalançar esse poder. Esse conselho reuniria todos os líderes locais do país numa reunião anual que duraria cerca de duas semanas. Nele se discutiriam novas leis que valeriam para toda ilha e também a aplicação das leis já existentes às questões que surgiram no último ano. As decisões desse conselho eram supremas e seriam acatadas por toda a ilha.

O magnífico visual do Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

O magnífico visual do Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


Nascia assim uma espécie de parlamento misturado com suprema corte. Nada de reis ou de monarcas. Quem mandava era o Althingi, ou parlamento. Que passou a se reunir no vale de Thingvellir. As reuniões atraíam multidões que passavam duas semanas acampados por ali, quase uma cidade provisória que festejava uma democracia em plena Idade Média. Todos tinham direito à palavra, mas todos tinham de aceitar a decisão da maioria.

Local de reunião dos antigos vikings no primeiro parlamento do mundo, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

Local de reunião dos antigos vikings no primeiro parlamento do mundo, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


Representação do mais antigo parlamento do mundo, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

Representação do mais antigo parlamento do mundo, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


Pois bem, esse parlamento funcionou a pleno vapor por quase 250 anos até que, em 1271, a situação mudou. O clima já era bem mais frio, dificultando as lavouras e diminuindo a força econômica da ilha como um todo. Por decisão do próprio parlamento, a ilha associou-se à Noruega. Aos poucos, os poderes foram sendo transferidos para a monarquia além-mar, mas o Athingi continuou a se reunir anualmente, pelo menos para discutir problemas, política e leis locais. Até que, já em 1662, o parlamento se reuniu pela última vez, cedendo suas atribuições restantes ao monarca absolutista da Dinamarca, que reinava também sobre a Noruega e Islândia.

Caminhando sobre a fenda que divide dois continentes, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

Caminhando sobre a fenda que divide dois continentes, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


Moedas da sorte deixadas no lago que divide a Europa da América, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

Moedas da sorte deixadas no lago que divide a Europa da América, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia


Por quase duas horas, caminhamos hoje sobre esse solo sagrado da nação. O visual é lindo, a paisagem grandiosa e ficamos aí, a imaginar, como seria um dia típico de reunião, 1000 anos atrás. Vikings na tribuna, vikings em discussão, vikings na audiência, vikings aproveitando o movimento da pequena cidade que aí se formava para comprar, vender, encontrar pessoas. Enfim, um verdadeiro evento. Quase que ainda dá para ouvir o burburinho ressoando pelo enorme paredão que delimita o vale. Mas o que ouvimos mesmo são as moedas que são jogadas num pequeno lago que há no local. Vikings atuais pedindo a sorte a vikings antigos.

O local onde se reunia o primeiro parlamento do mundo, já há mais de 1000 anos, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

O local onde se reunia o primeiro parlamento do mundo, já há mais de 1000 anos, no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia

Islândia, Reykjavik, Thingvellir, Golden Circle, história, Parque, trilha

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Dias de Planejamento e Espera. Em Cusco!

Peru, Cusco

Plaza de Armas em Cusco, no Peru

Plaza de Armas em Cusco, no Peru


A noite do dia 21, quando chegamos à Cusco, foi uma noite de lembranças, ou de tentativa de lembranças, para mim e para a Ana. O GPS nos levou até o centro da cidade e nós, ainda dentro da Fiona, olhando as praças e ruas, puxávamos por nossos memórias para tentar nos orientar. A Ana esteve aqui em Agosto de 2005 e eu, em Julho de 1990! No stress do trânsito engarrafado de ruas apertadas, estava difícil nos lembrar de caminhos ou pontos de referência de 8 e 23 anos antes, respectivamente. As primeiras pousadas e estacionamentos que encontramos estavam lotados e tudo o que queríamos era um lugar para deixar a Fiona e outro para descansarmos um pouco, depois da longa viagem.

A noite cai na Plaza de Armas, em Cusco, no Peru

A noite cai na Plaza de Armas, em Cusco, no Peru


A noite cai na Plaza de Armas, em Cusco, no Peru

A noite cai na Plaza de Armas, em Cusco, no Peru


Viajar com a Fiona é vantajoso em 98% do tempo. Esses 2% restantes são justamente aqueles em que estamos chegando nessas antigas cidades que não foram feitas para carros. Nessa hora, falta um botão para transformá-la numa valise. Sem o botão, precisamos logo de um hotel com garagem. No centro de Cusco, tarefa quase impossível! Então, precisamos é de um estacionamento mesmo. Por fim, achamos um! Metade do problema solucionado. Ali seria a casa da Fiona por um bom tempo, enquanto a gente iria se virar a pé! O deus-sol dos Incas estava sorrindo para nós e achamos logo um hotelzinho joia, perto do estacionamento e muito bem localizado na cidade, em frente à Plaza San Franciso, a dois quarteirões da Plaza de Armas (no Peru, toda cidade tem sua “Plaza de Armas”, justamente o centro da cidade). Assim, garantimos também nossa hospedagem, voltamos ao estacionamento para buscar as mochilas grandes e estávamos devidamente instalados (nós três!) na fabulosa Cusco! Agora sim, era só relaxar e aproveitar!

As famosas construções Incas, com encaixe perfeito de pedras, em Cusco, no Peru

As famosas construções Incas, com encaixe perfeito de pedras, em Cusco, no Peru


De banho tomado e devidamente vestidos para o frio de 3.400 metros de altitude (agora sim, estávamos nos Andes!), saímos para passear, jantar e relembrar. É claro que Cusco mudou bastante nos últimos 23 anos, mas o centro histórico, bem, esse é mais ou menos o mesmo dos últimos 300 anos. Assim, com um pouco de esforço, lembrei sim das praças e igrejas, as mesmas que eu tinha visto há pouco mais de duas décadas. Mas a quantidade de turistas, nossa, isso mudou! Tem umas dez vezes mais, no mínimo! Naquele tempo, ainda no auge do Sendero Luminoso, bem menos gringos se arriscavam por aqui. Já as lembranças da Ana, muito mais frescas, eram mais precisas. Até me mostrou o barzinho de uma balada memorável. Enfim, voltar à Cusco é sempre um enorme prazer!

Porta de igreja em Cusco, no Peru

Porta de igreja em Cusco, no Peru


A cidade deve ser uma das mais internacionais do mundo. Se consideramos apenas o centro histórico, tenho certeza que a quantidade de estrangeiros aqui, comparados ao número de habitantes da cidade, é bem maior que do Rio, e mesmo que de Paris ou Nova York. É impressionante. Caminhando na Plaza de Armas, ou entrando nos restaurantes, só vemos gringos! Uma Torre de Babel, um caldeirão cultural, uma viagem pelo mundo. Ouve-se de tudo por aqui, até espanhol, hehehe!

Estátua do Inca e torre de Igreja em Cusco, no Peru

Estátua do Inca e torre de Igreja em Cusco, no Peru


Depois de jantar e tirarmos umas fotos da Plaza de Armas, voltamos para o hotel para uma boa e merecida noite de sono. Eu tive de apelar para uma Neosaldina, para combater uma incipiente dor de cabeça. Ainda era o corpo tentando se ajustar a brusca mudança de altitude. Já a Ana, aparentava estar muito bem e nem precisou de remédio. Mas, no dia seguinte...

Mais um exame da Ana, dessa vez em Cusco, no Peru

Mais um exame da Ana, dessa vez em Cusco, no Peru


Pois é, no dia seguinte, o efeito da mudança de altitude e de temperatura no corpo ainda combalido pela infeção que tinha atacado ela lá em Puerto Maldonado foi terrível. Ela voltou a ficar de cama, febre e enjoo. ... Dessa vez, não precisamos de hospital, mas as consultas com a mãe-médica via Skype eram constantes e fomos a um laboratório providenciar novos exames. Ao mesmo tempo, de volta aos antibióticos e muito descanso e repouso. Soro e canja de galinha, aqui conhecida como “dieta de pollo”. Tanto pollo que ela já não aguentava ver galinha pela frente!

Plaza de Armas em Cusco, no Peru

Plaza de Armas em Cusco, no Peru


Felizmente, tínhamos tempo para a sua recuperação. O Gustavo vai chegar aqui em Cusco dia 26 cedinho e, depois disso, pelo menos na nossa programação, vai ser pauleira, quase sem tempo de descansar. A parte mais complicada seria uma longa caminhada que pretendemos fazer pelas montanhas da região, até as ruínas de uma antiga cidade inca chamada Choquequirao. Para aguentar o caminho, a Ana tem de estar em forma, pois ficar subindo montanhas a 3 mil metros de altitude não é brincadeira.

Torre de igreja em Cusco, no Peru

Torre de igreja em Cusco, no Peru


Para nossa felicidade, os dias foram passando e ela foi melhorando. Aos poucos, foi saindo do quarto, indo ao pátio da pousada e, em seguida, às ruas da cidade. Devagarzinho, com todo o cuidado. Conseguimos até fazer mais umas fotos e, melhor de tudo, comprar os bilhetes e tickets da nossa programação com o Gustavo, passagens de trem e entradas para Machu Picchu. Pelo menos em teoria, está tudo pronto para o nosso roteiro da próxima semana, que começa amanhã cedo, quando vamos buscá-lo no aeroporto. A programação vai esquentando de pouco em pouco, para dar tempo dele se aclimatar com a altitude e também para testarmos a saúde da Ana. Choquequirao fica para o fim!

Catedral colonial em Cusco, no Peru

Catedral colonial em Cusco, no Peru


Plaza de Armas em Cusco, no Peru

Plaza de Armas em Cusco, no Peru


Amanhã e depois, ficaremos em Cusco mesmo, explorando as diversas atrações e bairros da cidade. No dia seguinte, já de Fiona, vamos dar uma volta no famoso Valle sagrado, ver Pisaq e Ollantaytambo, locais com impressionantes ruínas. Depois, de trem para Aguas Calientes, pois não há estradas para lá e a Fiona vai ter de nos esperar em Ollantaytambo. Aguas Calientes é a pequena cidade ao lado de Machu Picchu, o mais famoso achado arqueológico do século XX, destino obrigatório para quem vem ao Peru ou para qualquer casal que tem a pretensão de conhecer toda a América. Finalmente, se todos passarem em todos os testes até aí, seguiremos de carro até o ponto de partida da caminhada para Choquequirao. Essas ruínas de nome difícil eram uma localidade Inca, tudo indica muito mais importante que a própria Machu Picchu. Dizem que é tão bonita como sua irmã mais famosa, mas com uma importante diferença: enquanto em Machu Picchu chegam 2.500 pessoas por dia, nela chegam apenas 15. Pois é, se lá chegarmos, teremos a nossa “Machu Picchu” só para nós. Só vendo para acreditar...


De Cusco (A), percorreremos o Vale Sagrado, de Fiona. Primeiro, Pisac (B), depois as salinas de Maras (C) e as ruínas de Moray (D). Dormiremos em Ollantaytambo (E) de onde, no dia seguinte, após conhecer as ruínas, seguiremos de trem para Aguas Calientes, de onde visitaremos Machu Picchu (F). De volta para Cusco, seguiremos de Fiona até perto da cidade inca de Choquequirao (G), para onde faremos uma árdua caminhada de 3 dias

Peru, Cusco, cidade

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Espetacular!!!

Brasil, Minas Gerais, Januária (P.N Cavernas do Peruaçu)

Rio Peruaçu, no interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Rio Peruaçu, no interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Difícil encontrar palavras para descrever o lugar que estivemos visitando hoje. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e, mais especificamente, a Caverna do Janelão, é um lugar sensacional, espetacular, épico, grandioso, hollywwoodiano e sei lá mais o quê...

Observando o interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Observando o interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


O que mais impressiona é a escala da caverna. Com quatro quilômetros de comprimento, quase a metade disso está na parte clara, onde entra a luz do sol, através de gigantescas clarabóias, fruto de desabamentos titânicos. As galerias são extremamente amplas, verdadeiras avenidas, onde é fáci caminhar, sempre próximo ao pequeno rio Peruaçu, que atravessa a caverna de ponta à ponta.

Atravessando a Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Atravessando a Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Nós só estivemos na parte clara da caverna, mas a parte escura também tem grandes proporções. Para quem está acostumado com cavernas sabe que, quando não se tem iluminação, uma caverna muito ampla não pode ser realmente admirada. As fracas luzes de nossas lanternas não conseguiriam nos dar a real idéia dos salões. Mas, como a luz do sol entra pelas clarabóias, podemos ver e sentir exatamente a grandiosidade da paisagem, paredes de até 100 metros de altura, formações de mais de 20 metros, inclusive o maior estalagtite do mundo, com 25 metros de comprimento.

Atravessando a Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Atravessando a Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Eu já tinha estado em outras cavernas com grandes bocas. Mas, o que chama a atenção nesta é que há uma sequência delas, três ou quatro grandes portões, salões absolutamente gigantescos, clarabóias que fazem as aberturas de outras cavernas parecerem buracos de goteira. Com tanta luz do sol entrando, uma rica vegetação floresceu dentro da caverna, tornando-a uma espécie de caverna verde, o que também a distingue das outras.

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Acompanhados do nosso guia Rosivaldo e do brigadista anti-incêndio designado pelo parque para nos acompanhar, o Reinaldo, nós percorremos os 1,5 km de "caverna clara", ida e volta. Ao final, o queixo já doía de tanta admiração pela mãe-natureza. Um verdadeiro patrimônio brasileiro e mundial encravado em pleno sertão mineiro.

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Mesmo sabendo que esta é a mais famosa das cavernas do parque, é incrível pensar que são mais de 100 cavernas catalogadas numa área tão pequena. O parque está se preparando para receber turistas, com infraestrutura e segurança. A aproximação da Copa do Mundo e do turismo que ela vai trazer serve como uma espécie de ponto de referência para que esteja tudo pronto e que mais e mais pessoas possam aproveitar e admirar este lugar incrível. A preocupação com a segurança não só das pessoas mas principalmente do patrimônio natural, aliado àquela conhecida "eficiência burocrática estatal" tem atrasado o cronograma de abertura do parque mas a Copa irá mudar isso. Na pior das hipóteses, pelo menos essas benesses ela vai nos trazer.

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Perdoem-me se pareço repetitivo, mas faço mais uma homenagem: Viva as Cavernas do Peruaçu!

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG


Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Interior da Caverna Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo à Januária - MG

Brasil, Minas Gerais, Januária (P.N Cavernas do Peruaçu), Caverna, Parque, Peruaçú, trilha

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Águas Incríveis e Placas Mal Criadas

Bahamas, Long Island - Stella Maris

Admirado com a cor da água

Admirado com a cor da água


Passamos a manhã de hoje mergulhando. Finalmente, o vento parou de nos atrapalhar. Foi meia hora de barco para chegarmos ao local dos mergulhos, que foram bem gostosos, sem grandes desafios. Visibilidade estupenda, perto dos 40 metros. Estávamos dentro de um aquário cheio de peixinhos coloridos, um tubarão bem manso (Nurse Shark) e uma "arquitetura" de corais de cair o queixo. O mundo subaquático é impressionante. Só vendo com os próprios olhos para entender. Quando mergulhamos, interagimos com os animais de uma forma que não conseguimos fazer aqui em cima. Ficamos a centímetros dos peixes. Mesmo de tubarões. Quando conseguiríamos fazer o mesmo com pássaros ou leões? Só se eles estiverem em gaiolas ou jaulas. É isso o que faz a nossa visita ao mundo submarino tão interessante!

Agora, mais do que os peixes, o que mais me chamou a atenção hoje foi, novamente, a cor do mar. Uma pintura. Um verde chiclete, com bastante corante. De onde vem essa cor de água? Porque aqui é assim e no Brasil não é? Algum mineral na água? Plâncton? A areia? Alguém me explica, por favor!!! Por que as águas do Caribe são dessa cor?

Barco em Long Island - Bahamas

Barco em Long Island - Bahamas


Já no final da tarde, saí para uma corrida pelo local. Peguei uma estradinha esburacada que se transformou numa pista de terra completamente deserta. Aqui e acolá, casas semiconstruídas eram o sinal da civilização. A vista era o imponente Oceano Atlântico, o objetivo era chegar numa praia distante. Quanto mais me afastava do resort, mas me achava distante da civilização, num mundo onde eu era o único ser humano, livre para ir e correr por onde quisesse. Bem, nem tanto. Chegando na praia, havia uma casa isolada de qualquer outra (que já tinham ficado para trás). No acesso à casa pela areia, uma placa com os simpáticos dizeres: Keep Out! Violators will be prosecuted". Que tapa na na cara, bem naquele paraíso isolado de tudo e de todos. Se eu fosse um bahamense ficaria ainda mais indignado! Um gringo vem ao meu país, à minha ilha, e põe uma placa dessa. Quase fiquei com saudade do MST!

E o pior é que a tal placa mal educada não é exceção não. Eu e a Ana vimos várias parecidas, em Harbour Island. Aqui em Long Island, nessa praia tão isolada, numa ilha com menos de 3 mil habitantes, fiquei com vontade de colocar a placa abaixo. Mas, melhor não, né? I might get prosecuted...

Bahamas, Long Island - Stella Maris, Mergulho

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Pôr-do-Sol

Brasil, Ceará, Jericoacoara

Maravilhoso pôr-do-sol em Jericoacoara - CE

Maravilhoso pôr-do-sol em Jericoacoara - CE


Era nosso plano partir hoje de Jeri, viajar para Ubajara com uma parada "estratégica" na Lagoa Azul. Mas desde a hora do café da manhã uma voz ficava me dizendo: "Fica aí, Mané! Só mais um dia!" Tanto ela insistiu que eu resolvi propor isso à Ana. Ela abriu um sorriso quando falei de ficarmos e assim, estava tudo decidido!

Aulas de kite surf atrás da duna em Jericoacoara - CE

Aulas de kite surf atrás da duna em Jericoacoara - CE


Caminhando na duna tentando se proteger do sol, em Jericoacoara - CE

Caminhando na duna tentando se proteger do sol, em Jericoacoara - CE


A tal "voz" sabia do que estava falando e hoje foi o dia mais ensolarado que tivemos. Passamos umas duas horas na praia, do lado da duna, vidinha bem difícil. A única preocupação era o vento que jogava a areia, mas a duna se mostrou um bom escudo.

No alto da duna em Jericoacoara - CE

No alto da duna em Jericoacoara - CE


Depois, aquele almoço de fim de tarde e aí, finalmente, o principal programa da cidade! Jericoacoara tem um dos pores-do-sol mais conhecidos do Brasil. Seria um pecado passarmos por aqui e não termos a chance de ver nenhum, de verdade. Todos os outros dias tivemos um belo entardecer, mas estava sempre nublado. Hoje não! A "voz" acertou em cheio e o pôr-do-sol foi espetacular!

A tradicional 'peregrinação' verspertina em Jericoacoara - CE

A tradicional "peregrinação" verspertina em Jericoacoara - CE


Garotos dão show de piruetas na duna de Jericoacoara - CE

Garotos dão show de piruetas na duna de Jericoacoara - CE


No final da tarde, mais de duzentas pessoas subiram a duna para assistir ao show celestial. O céu se encheu de cores para alegria e deslumbramento de todos. Lá encima, uma verdadeira "social". Famílias, grupos de amigos, gente local, turistas, brasileiros, gringos, crianças, idosos e até cachorros, todos curtindo aquele momento mágico. As crianças locais aproveitam para dar um show de piruetas na duna. Enquanto isso, o sol vai baixando devagarzinho. Muito jóia mesmo! E, o melhor, não tem nenhum chato tocando o Bolero de Ravel!

Autofoto assistindo ao pôr-do-dol em Jericoacoara - CE

Autofoto assistindo ao pôr-do-dol em Jericoacoara - CE


Família assiste ao pôr-do-sol em Jericoacoara - CE

Família assiste ao pôr-do-sol em Jericoacoara - CE


Pronto! Nossa vinda à Jericoacoara estava completa! Justo hoje, dia de Iemanjá. Agora de noite, ainda fomos entregar um flôr à rainha dos mares. Maré bem baixa, tivemos de caminhar uns trezentos metros praia adentro para encontrar o mar. A Ana ficou impressionada! Parecia até que viria um tsunami. Mas, é assim mesmo, quanto mais perto do Equador, maiores as marés. E é para lá que vamos!

Maravilhoso pôr-do-sol em Jericoacoara - CE

Maravilhoso pôr-do-sol em Jericoacoara - CE


Cores do pôr-do-sol, visto a olho-nu e com óculos escuro, em Jericoacoara - CE

Cores do pôr-do-sol, visto a olho-nu e com óculos escuro, em Jericoacoara - CE

Brasil, Ceará, Jericoacoara,

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Dia em Ilhéus, Noite em Itacaré

Brasil, Bahia, Ilhéus, Itacaré

Com Jorge Amado no Vesúvio, em Ilhéus - BA

Com Jorge Amado no Vesúvio, em Ilhéus - BA


Enquanto não chegava a hora do médico da Ana, no meio da tarde, aproveitamos para passear e fotografar um pouco do centro de Ilhéus, além de usar a excelente internet do Ilhéus Praia Hotel, a mais rápida que já encontramos na viagem.

Catedral de Ilhéus - BA

Catedral de Ilhéus - BA


A catedral é dos tempos de glória da cidade, no auge da cultura do cacau e de seus barões. Não faltava dinheiro para grandes edificações, seja igrejas, seja palacetes residenciais. Aos poucos, a cultura do cacau foi decaindo e recebeu seu golpe de misericórdia com a praga da Vassoura de Bruxa, há uns 20 anos. Hoje, o pouco que resta da cultura de cacau serve mais ao turismo e não é nem sombra do passado.

Interior da catedral de Ilhéus - BA

Interior da catedral de Ilhéus - BA


Por falar em turismo, a figura e o nome de Jorge Amado são usados ao máximo. Tem até um "Quarteirão Jorge Amado". Tudo em honra ao filho mais ilustre da cidade e também para atrair os fãs de seus livros, que estão sempre a tirar fotos no Vesúvio.

O famoso bar Vesúvio, de Gabriela e Nacib, em Ilhéus - BA

O famoso bar Vesúvio, de Gabriela e Nacib, em Ilhéus - BA


Aliás, a praça do Vesúvio, onde estão também a catedral e o nosso hotel é um dos pontos nevrálgicos de Ilhéus. Tanto é que foi lá que se encerrou a "Passeata das Mulheres por Dilma". Discursos inflamados e politiqueiros que me faziam rir e chorar ao mesmo tempo...

Manifestação das Muilheres Pró-Dilma, em Ilhéus - BA

Manifestação das Muilheres Pró-Dilma, em Ilhéus - BA


Bom, a Ana foi ao médico e vai ficar mais uma semana sob cuidados de remédios e evitando entrar na água. Tarefa bem difícil nesse pedaço de litoral maravilhoso. Quero só ver...

O rio em Ilhéus - BA

O rio em Ilhéus - BA


Depois do médico, estávamos liberados para viajar à Itacaré, 60 km ao norte. O asfaltamento dessa estrada há pouco mais de dez anos provocou um boom de turismo em Itacaré, quase irreconhecível para mim. Na Pituba, a rua principal, são dezenas de pousadas, dezenas de restaurantes e dúzias da agências de turismo. A cidade se transformou num polo de ecoturismo e são oferecidos diversos tipos de passeio, desde canoagem e rafting até arvorismo, rapel e tirolesas. Sem esquecer das praias ótimas para surf e as cachoeiras da região. Eu e a Ana ainda temos de decidir o que fazer, entre tantas opções...

Praia do centro de Ilhéus - BA

Praia do centro de Ilhéus - BA


Viemos direto para a mesma pousada que fiquei já duas vezes, tanto tempo atrás. É a deliciosa e charmosa Sage Point, praticamente na areia da Praia da Tiririca. Instalados, seguimos para o nosso tour noturno, começando no maravilhoso árabe vegetariano Alamain, passando pelo boteco das caipirinhas Jungle e finalizando num reagge numa barraca na Praia da Concha. O resultado é que voltamos à pousada já com a luz do dia. Foi uma daquelas noites de balada que a Ana precisa ter, pelo menos uma vêz por mês. E o quarentão aqui tem de acompanhar!Bom, agora, só o mês que vem...

Mesa de frutas para caipirinhas do Jungle, em Itacaré - BA

Mesa de frutas para caipirinhas do Jungle, em Itacaré - BA

Brasil, Bahia, Ilhéus, Itacaré,

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Maré de Lua

Brasil, Bahia, Moreré (Boipeba)

Praia de Moreré na maré baixa, na Ilha de Boipeba - BA

Praia de Moreré na maré baixa, na Ilha de Boipeba - BA


Muita gente associa civilização, entre outras coisas, ao nível de conhecimento. Isso pode ser verdade para algumas coisas, mas para outras é exatamente o contrário. Quando vivíamos em volta de fogueiras, vivendo da pesca e da caça, sabíamos muito mais coisas do céu e do mar que sabemos hoje. Estou falando do cidadão médio, que vive numa grande cidade e não dos cientistas e do conhecimento acumulado nas enciclopédias, claro!

Barcos visitam as pscinas de maré baixa na praia de Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Barcos visitam as pscinas de maré baixa na praia de Moreré, na Ilha de Boipeba - BA


Quem sempre viveu na cidade nunca viu um céu estrelado, não tem a menor idéia como reconhecer as constelações e jamais saberia se orientar no tempo e no espaço (a não ser que tenha um GPS!), se precisasse. Sabe vagamente que existe algo chamado "maré", mas não tem noção de como e porque ela ocorre, e se isso faz alguma diferença para a vida. Foram conhecimentos báscos que fomos deixando para trás, já que são bem menos importantes para nós do que saber dirigir um carro ou mudar o canal da televsão.

Maré baixa em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Maré baixa em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA


Na nossa viagem dos 1000dias, gostamos de passar nos lugares pequenos, onde as pessoas ainda vivem muito mais próximas do ciclo natural das coisas do que nós, habitantes das grandes e iluminadas cidades. Olham para o céu com sabedoria, sabendo a época do ano em que estamos, e para onde ficam norte e sul, se é época de plantar ou de colher. Olham para o mar com sabedoria também, sabendo se é época de maré grande ou pequena, de sardinha ou de caranguejo, de mar bravo ou calmo.

Maré baixa, próximo aos recifes de Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Maré baixa, próximo aos recifes de Moreré, na Ilha de Boipeba - BA


Hoje de noite passei mais de uma hora conversando com um pescador. Eu perguntando, na minha eterna e faminta curiosidade, e ele respondendo. Deu-me uma verdadeira aula sobre a natureza local, mangues e marés, caranguejos e trilhas, mudanças no tempo e na paisagem. Algo que dificilmente eu aprenderia de forma tão clara em algum livro. Conhecimentos adquiridos de forma prática transmitidos por um sábio naquilo e daquilo que vive. Enfim, um espetáculo de aula, de conversa, de simplicidade e de praticidade.

Caminhando de Moreré para a praia de Cueira, na maré baixa, na Ilha de Boipeba - BA

Caminhando de Moreré para a praia de Cueira, na maré baixa, na Ilha de Boipeba - BA


Aqui no Moreré as marés falam mais alto. A cara da vila e redondezas mudam completamente da maré alta para a baixa. O mar recua uns quinhentos metros, deixando esposta uma longa planície de areia. Os pescadores aproveitam para a pesca de polvos e lagostas, presos entre os recifes expostos. Esse ciclo é acentuado nas grandes marés, de lua cheia e lua nova. Assim, todo mês há duas grandes marés e eles fazem a festa. Ao longo do ano, essas grandes marés também se alteram. No verão, são ainda maiores. Aí, é a época de se refestelar nos caranguejos e parentes próximos do mangue. Esses pequenos seres ficam encantados pela lua, saem perdidos por aí, se expondo para garças e pescadores.

Trilha em coqueiral entre a Cueira e Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Trilha em coqueiral entre a Cueira e Moreré, na Ilha de Boipeba - BA


As grandes marés se dão quando Sol, Terra e Lua estão alinhados. As gravidades da Lua e do Sol se unem para "ovalar" a Terra, ou a parte líquida dela (o mar). A face voltada para os astros e também a face oposta ficam mais gordas, com mais água, enquanto as outras duas faces "perdem" água. Como a Terra gira, a face voltada para os astros também vai mudando. Com isso, as marés vão "andando" pelo planeta afora, carregando consigo trilhões de litros d'água. Isso fica bem claro para nós na entrada de baías onde o estreitamento do canal de entrada vira um rio caudaloso, correndo para dentro ou para fora conforme a maré. Ao longo do ano, conforme o eixo da Terra se inclina para lá ou para cá, mudando as estações, isso também afeta as marés, ficando maiores ou menores.

Cruzando o rio para a praia de Cueira, na Ilha de Boipeba - BA

Cruzando o rio para a praia de Cueira, na Ilha de Boipeba - BA


Isso tudo o pescador sabe na prática. Pois é esse ciclo que comanda a sua vida. E comanda também, pelo menos temporariamente, a vida minha e da Ana. Dependemos dele para saber a hora de ir e voltar pelas praias. Na maré alta, o rio fica maior e não podemos cruzá-lo. Na maré baixa, podemos caminha pela areia da praia, e não pela trilha que contorna a montanha. Na maré baixa, pode-se jogar futebol. Na maré alta, talvez o polo aquático...

Campo de futebol na maré baixa, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Campo de futebol na maré baixa, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA


Campo de futebol na maré cheia, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Campo de futebol na maré cheia, em Moreré, na Ilha de Boipeba - BA

Brasil, Bahia, Moreré (Boipeba),

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