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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Santa Elena foi nossa primeira parada na Venezuela, nessa viagem de 2007. Tínhamos voado do sul do Brasil para Boa Vista e, de lá, tomado um ônibus para essa cidade na fronteira. Sabíamos que lá era a principal base para organização de grupos para a subida ao Monte Roraima, o primeiro motivo que tinha nos trazido de tão longe.
Grupo prepara-se para a subida do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Em Santa Elena são várias as agências que organizam os tours, todas anunciando partidas para o dia seguinte. Mas quando vamos averiguar, não é bem assim. O grupo tem de ter um número mínimo de pessoas senão, não parte. Assim, os turistas que chegam na cidade ainda sem pacote comprado ou agendado ficam rodando de agência em agência até que uma delas consiga juntar o número mínimo de pessoas e pronto: temos um tour para amanhã!
Início da trilha para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Conosco, calhou de ser uma agência toda mística a que conseguiu juntar o grupo. O dono acredita piamente na existência ITs, ou seres “Intra-terrestres”. Eles não viriam do espaço, mas do centro da Terra. E o Monte Roraima é um dos portais para esse mundo interior. “Hmmmm... sei! Mas, tá bom, então tem um grupo amanhã?” – “Temos!” – “Ótimo! Estamos dentro!”. Só fiquei na dúvida sobre como seriam os participantes desse grupo formado pela agência mística...
Caminhando na Gran Sabana na região do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Para minha surpresa, o único que era um pouco mais “místico” era um hippie mexicano, viajando vagarosamente rumo ao sul. Depois, tinham três gregos bem figuras, um casal e o amigo vela, e um japonês que estava indo de bicicleta dos Estados Unidos até a Patagônia. Junte-se a eles o casal de brasileiros de Curitiba e tínhamos o grupo completo. O guia era o Roger, um índio da Guiana que falava melhor o inglês que o espanhol. Perguntei para ele como ele viajava entre os dois países, já que não há estradas e ele respondeu: “Para nós, os índios, não há fronteiras. Temos nossos caminhos na mata, sem frescura de passaporte!”. Taí, é preciso avisar aos burocratas que Venezuela e Guiana são muito mais ligados do que eles gostariam!
Caminhando para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Juntos, seguimos de van para a aldeia indígena de Paraitepui, onde começa a trilha e o Parque do Monte Roraima. Aí, já sabíamos todos da programação da caminhada: dois dias de trilha até a base da montanha, onde dormiríamos na segunda noite. Um dia para a subida íngreme até o topo e outro dia de caminhada na parte alta do Monte Roraima. A quinta noite já seria na metade do caminho de volta e chegaríamos outra vez à Paraitepui no início da tarde do sexto dia da expedição. Cada qual levando a sua barraca e saco de dormir enquanto a comida era levada pelo Roger e seu ajudante. A exceção eram os gregos, que haviam contratado também as barracas que eram levadas e armadas pelos guias.
Caminhando para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Então, mãos à obra e pés na trilha. Até o topo do Roraima, ganharíamos pouco mais de mil metros de altitude, mas boa parte dessa elevação é feita no final do segundo dia e, principalmente, durante o terceiro dia, quando subimos a rampa nos paredões do tepui. Assim, o primeiro dia de caminhada é bem leve, ganhando pouca altitude ao longo do dia, aqui e ali descendo um pouco para atravessar algum rio ou riacho.
Caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O bonito é ver as paredes do Roraima ficarem cada vez mais perto de nós. Aos poucos, vamos tendo a noção do quão grandes e imponentes elas são. São como as montanhas da Chapada Diamantina, mas numa escala bem maior. Algumas vezes, o topo fica coberto de nuvens, mas depois elas somem e podemos admirar toda a extensão da montanha. É de encher os olhos!
Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Ao final do dia, chegamos ao local do acampamento, ao lado de um riacho. Dá até tempo de um banho rápido, para depois o grupo se reunir ao redor da comida. Recolhidos na barraca, apenas os sons da natureza e a luz das estrelas do lado de fora, é quando realmente sentimos que estamos indo para o Roraima, a civilização já bem longe de nós. A vontade é que amanheça logo para retomarmos a caminhada!
Banho de rio em acampamento no final do 1o dia de caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
No meio da manhã do segundo dia, um último trecho de descida para chegarmos ao maior dos rios da trilha. Aí, um último e merecido mergulho, pois apenas uma longa subida nos espera. Um último lanchinho ali do lado, mochilas nas costas é pé na trilha!
Na barraca, primeira noite na caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Agora sim, na tarde do segundo dia, sentimos que estamos subindo. As paredes do Roraima estão enormes e agora, elas não apenas enchem nossos olhos, como enchem também o horizonte. Paramos mais cedo hoje, pois é preciso descansar bastante para a caminhada de amanhã, a mais dura da expedição. Armamos as barracas, jantamos e nos deliciamos com o céu estrelado. São Pedro está cooperando!
Acordando para o 2o dia de caminhada para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Doce ilusão! No meio da noite, o tempo vira e o céu desaba sobre nós. Nossa barraquinha de 80 reais resiste o quanto pode, mas meia hora de aguaceiro são demais para ela, que começa a fazer, literalmente, água. Começamos a ficar ilhados dentro da nossa própria barraca e, pior, a ilha está cada vez menor. Enquanto tentamos salvar nossos pertences de ficarem molhados, ouvimos nossos companheiros de grupo reclamando também. Não éramos os únicos em apuros. Na verdade, tinha gente pior do que nós. Com o dia raiando e a chuva amainando, abrimos nossa porta e percebemos o pobre mexicano. Ele tinha armado sua barraca justamente encima do que virou um riacho de água. Sua barraca era um lago e ele, com um copinho de chá, tentava tirar a água lá de dentro. Quem tinha se dado bem era o Jung, o japonês. Sua barraca mais parecia um disco voador e ele saiu bem sequinho lá de dentro. Mas tarde, durante o café, nos perguntou com curiosidade, com aquele sotaque típico dos nipônicos: “Isn’t your tent waterproof?”. - “Não, acabamos de saber que não...”.
Capela no caminho para o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Bom, a chuva, na verdade, ainda não havia parado e nós arrumamos nossas mochilas e barracas do jeito que deu. O paredão do Roraima tinha mudado bastante desde a tarde aprazível de ontem. Ao invés da única cachoeira que havia anteriormente, agora eram umas cinco. E nós teríamos de passar por todas elas!
Cada vez mais perto do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Então, outra vez mais, pé na trilha, enfrentar a subida e a chuva. O caminho tinha se transformado em um rio e nossos calçados já estavam encharcados antes de virarmos a esquina. Meia hora de subida molhada e cruzamos com duas expedições voltando. Tinham partido antes de nós, mas a fúria das cachoeiras os fez dar meia volta. Disseram-nos que estava impossível de passar. Preocupados, perguntamos ao Roger o que faríamos. Ele não titubeou: “It may be impossible for them, but not for Roger!”.
Cada vez mais perto do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
E assim, confiando no nosso guia, seguimos adiante. As cachoeiras realmente impediam o caminho e teríamos de passar embaixo delas. E foi assim que fizemos, literalmente. Podia sentir o peso da água caindo sobre a mochila nas costas, as mãos buscando desesperadamente algum apoio para não escorregar. Com cuidado e presteza, fomos passando, uma a uma, o Roger nos orientando. Ao final, entre mortos e feridos, passamos todos, mas absolutamente encharcados. Nós, as mochilas e tudo o que havia dentro delas.
Acampamento do 2o dia, aos pés do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
O problema, agora, era o frio. Roupas molhadas e, naquela altitude, sem sol, um vento congelante. O negócio era continuar andando. Mas aí, com ritmos diferentes, o grupo se dispersou, alguns chegando no alto bem antes dos outros. Lá encima, quase não se vê mais a trilha, e quem chegou antes deveria esperar os outros, para seguirmos com o guia. A temperatura baixava mais ainda, perto dos 10 graus, e nós molhados.
Enfrentando muita chuva para subir o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Sem dúvida, foi o momento mais difícil. A Ana batia o queixo de frio, quase um início de hipotermia. Eu resolvi descer em busca do resto do grupo, para ajuda-los a subir. A Ana ficou lá encima junto com o grego solteiro, o Panakotis. Foi quando, no meio da tragédia, aconteceu o momento cômico do dia. O pobre Panakotis veio ao Roraima enganado pelo seu casal de amigos. Na verdade, quando o convidaram para uma viagem à Venezuela, só falaram da Isla Margarita, onde poderia bailar salsa e conhecer as latinas calientes. Chegando no país, disseram que a programação incluía esse trekking ao Roraima. Mas isso não foi tudo. Disseram para ele que, no alto da montanha, havia hotéis. “Hoteles” é como os guias e agências chamam as pequenas tocas na rocha, quase umas cavernas, onde todos montamos nossas barracas. Até aquele momento, o Panakotis ainda acreditava que os hoteles eram mesmo hotéis. O casal de gregos já havia nos dito antes que ele achava isso e que não tinham tido a coragem de contar que não era bem aquilo...
Passando por baixo de cachoeira para subir o Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Pois bem, no auge do frio e do desespero da Ana, o Panakotis, tentando ser encorajador, veio dizer para ela se animar, que logo chegaríamos a um hotel, quiçá até com água caliente. Diante do absurdo que ouvia, a Ana até se esqueceu de suas agruras e se compadeceu do Panakotis. Disse que não havia hotel nenhum nos esperando, mas o grego insistiu que sim. “É... tem gente pior do que eu”, pensou.
Acampamento nos "hoteles" no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Enfim, cheguei ao pessoal de baixo, reparti um pouco do peso e, pouco tempo depois, estávamos todos juntos novamente. Caminhando, esquentamos um pouco, apesar do frio continuar. A chuva finalmente passou e ainda tivemos direito a um entardecer sensacional, o céu pintado de vermelho. Chegamos aos “hoteles” que, para tristeza do Panakotis, não eram mais do que fendas e tocas na rocha. Armamos nossas barracas e abrimos nossas mochilas para descobrir se havia sobrado algo seco. Aí, quem se deu melhor nesse quesito foi a Ana, que sempre organiza suas coisas em sacos plásticos. Quem estava pior eram os gregos, tudo totalmente encharcado. Nas horas seguintes, vestidos apenas com suas roupas de baixo, eles tentavam secar suas roupas em pequenas fogueiras. E eu, tive de me acostumar com a ideia de dormir com a ponta do meu saco de dormir molhada. Pior para meus pés...
Pôr-do-sol na primeira noite no topo do Monte Roraima, na Venezuela, em 2007
Bom, agruras à parte, estávamos todos instalados e cansados. Não tinha sido um dia fácil. Em reunião, o Roger nos explicou sobre as possibilidades para amanhã. Um passeio longo até o marco da fronteira tríplice que deveria durar o dia inteiro, ou um passeio mais curto, pelas redondezas mesmo. A maioria, depois do stress de hoje, optou pelo passeio mais curto, mas eu e o Jung não abrimos mão do passeio longo. Assim, combinou-se que o grupo se dividirá amanhã. Eu e o Jung vamos até o marco fronteiriço e os gregos e o mexicano ficarão aqui por perto. A Ana, ainda naquele estado de espírito, exausta e gelada, optou pelo passeio curto também. Mas amanhã é um novo dia. Veremos...
Olá, tudo bem? Adorei o seu relato sobre a subida ao Roraima. Gostaria de saber qual o valor que foi pago para fazer a trilha com essa agência e como faço pra encontrar a agência. Obrigada =)
QUERO IR DICAS ?!?!?!? JA ESTIVE LA MAS NAO NO MONTE RORAIMA ANDAMOS DE CARRO 1.800KM NA RESERVA RAPOSA SERRA DO SOL,FOMOS A STA HELENA,(DEI UM PORRE!!)2 DIAS PASSANDO MAL. MAS NA RAPOSA TBM E O BICHO ALTOS VISUAIS E TEM LUGARES Q DA P/ VER O MONTE RORAIMA,DORMIMOS NUMAS 6 ALDEIAS INDIGINAS "PUNK" E JUSTAMENTE NAQUELA EPOCA QUE OS INDIOS ESTAVAM BRIGANDO COM O FAZENDEIROS PLANTADORES DE ARROZ, OS INDIOS SÃO UNS MALAS,FUDERAM A RAPOSA SERRA DO SIOL Ñ FIZERAM NADA SO DESTRUIRAM.MAS VALEU PASSAMOS ESSES APUROS AI QUE VC RELATOU TBM CHUVA ,FRIO,VENTO ,PERIGOS 50KM DE S-10 03.30HS DE PERCURSO , MAS VALEU..
Resposta:
Oi Antonio
Pois é, essas aventuras sempre valem a pena! Nós não pudemos ir na Raposa Serra do Sol por falta de combustível, infelizmente. Ainda temos de voltar lá. Todos que conhecem, como vc, gostam muito, apesar das dificuldades.
O Monte Roraima também é incrível. Mas tem de ir com guia. As expedições mais baratas são organizadas em Santa Helena ou no povoado que fica na entrada do parque. Vale cada real investido!
Um grande abraço e, qualquer dúvida, pode escrever
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