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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A cidade de Ranga Roa vista do alto do vulcão Rano Kau, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Hoje era o nosso dia de alugar um carro para rodar pela ilha. Mas começamos nossa manhã a pé mesmo, em busca de uma das mais inusitadas atrações turísticas da ilha: uma missa rezada no idioma rapa nui! Essa cerimônia ocorre apenas uma vez por semana, sempre aos domingos, e costuma atrair quase todos os turistas que estejam na ilha. Pois é, nós pudemos conferir não só a cerimônia, mas o sucesso que ela faz, com os próprios olhos. Dez minutos de caminhada nos levaram a uma igreja alotada, tanto do lado de dentro como no lado de fora. A arquitetura do prédio já é interessante, mas é mesmo a missa que atrai as pessoas.
A simpática igreja de Hanga Roa, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Missa movimentada em Hanga Roa, capital da Ilha da Páscoa
Na verdade, ela é rezada em espanhol mesmo. Essa é a língua que todos os moradores da ilha entendem. O rapa nui é falado principalmente por aqueles que tem sangue polinésio, pouco mais da metade da população. Mas a missa tem mitos cantos e esses são todos em rapa nui, assim como o Pai Nosso. A celebração acaba se tornando um grande encontro semanal da população local, o que faz a alegria dos turistas, que ainda podem aprender um pouco de rapa nui.
A movimentada missa dominical rezada em Rapa Nui, na Ilha de Páscoa, território chileno no meio do Oceano Pacífico
A religião católica e seus missionários (franceses) chegaram à ilha em 1864. Naquela época, a religião da ilha era baseada no culto do homem-pássaro, ou “Tangata-Manu”, em rapa nui. Foi esse o culto que substituiu a religião dos Moais, um século antes, quando uma série de guerras internas acabou por derrubar todas as estátuas gigantes de pedra, causando uma reviravolta na ordem social e religiosa da Ilha de Pascoa. Quatorze anos depois da chegada dos primeiros missionários, foi realizado, pela última vez, a competição anual do homem-pássaro, que se extinguiu como religião e passou a fazer parte da história da ilha. O local onde era realizado esse festival e como ele ocorria eram nosso principal “objetivo turístico” do dia.
Caminho para Ana Kai Tangata, onde moravam pessoas na antiga Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
A caverna de Kai Tangata, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Terminada a missa, voltamos para a casa e pegamos nosso carro, alugado com a Joana mesmo por 30 mil pesos (60 dólares). Antes de subirmos o vulcão Rano Kao, para aprendermos mais sobre o festival do homem-pássaro, ainda paramos na mais famosa caverna da Ilha de Pascoa, bem pertinho de Hanga Roa. Ela se chama Ana Kai Tangata, está na beira do mar e é conhecida por suas pinturas, especialmente as que retratam exatamente o Tangata Manu, ou festival do homem-pássaro.
Pinturas rupestres na caverna Kai Tangata, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Visitando uma caverna (Ana) ao lado de Hanga Roa, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
O engraçado é que “Ana”, além de significar o nome da minha amada esposa, quer dizer “caverna” em rapa nui. É claro, então, que não perderíamos a chance de tirar uma foto das duas Ana ao mesmo tempo! Depois da brincadeira, fomos lá ver a tal caverna, criada pela ação do mar nas antigas rochas vulcânicas. Admiramos a fotografamos as pinturas da caverna e seguimos adiante, rumo ao vulcão.
A cidade de Ranga Roa vista do alto do vulcão Rano Kau, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
O Rano Kao está bem ao lado de Hanga Roa e é uma das sedes do parque. É o único lugar da ilha, além da fábrica de Moais, onde precisamos mostrar aquele ticket do parque que compramos lá no aeroporto, quando chegamos. É também o lugar mais visitado pelos turistas, por sua significância, pela proximidade de Hanga Roa, estrutura (estrada até o cume e muitos painéis informativos) e pela vista que propicia de toda a Ilha de Páscoa, do alto de seus 324 metros de altura.
Topo do vucão Rano Kau, onde se iniciava o festival do homem-pássaro, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Essa vista é realmente linda. Podemos vislumbrar perfeitamente a cidade de Hanga Roa aos nossos pés, além dos outros dois grandes vulcões que deram a forma triangular à Ilha de Pascoa. Nós tiramos nossas fotos e seguimos ainda mais adiante, onde está a antiga cidade cerimonial de Orongo, onde se organizava o festival do Tangata Manu. Antes de chegarmos às ruínas de Orongo, passamos pelo museu e, enfim, aprendemos os detalhes dessa antiga competição religiosa.
A cratera do vulcão Rano Kau, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Lago coberto por junco no interior da cratera Rano Kau, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Pois é, o festival do homem-pássaro era sim uma competição. Os maiores e mais valentes guerreiros de cada um dos clãs da ilha se reunia, uma vez ao ano, na cidade de Orongo, construída no topo do vulcão Rano Kao. Aí, durante semanas, se preparavam espiritualmente para o desafio que chegava junto com um pássaro migratório, o manurata. Esse espécie de ave tinha como costume colocar seus ovos numa pequena ilha rochosa, um “motu”, a cerca de um quilômetro da costa. Os guerreiros apostavam uma corrida para pegar o primeiro ovo colocado naquela estação e retorná-lo, inteiro, a ilha de Rapa Nui. A corrida começava por uma descida desenfreada das encostas íngremes do vulcão em direção ao mar e depois, continuava com uma natação até o motu. Ali, era preciso encontrar um ovo. Muitas vezes, os guerreiros se adiantavam aos pássaros e tinham de esperar dias na pequena ilha rochosa até que um pássaro se dignasse a colocar seu ovo sagrado. Depois, todo cuidado era pouco para retornar o ovo à ilha principal.
Ruínas da cidade cerimonial de Orongo, no topo do vulcão Rano Kau, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Ruínas da cidade cerimonial de Orongo, no topo do vulcão Rano Kau, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
Não era incomum que houvesse mortes nessa corrida, principalmente no trecho de descida do vulcão. Mas a recompensa de tantos perigos valia a pena. O líder do clã a que pertencesse o guerreiro vencedor (algumas vezes, o próprio líder era o competidor!) se tornava líder supremo da ilha, político e religioso, por um ano, e todos os clãs reconheciam sua autoridade, agora revestida de um caráter espiritual, quase sagrado.
Ilhas onde chocavam os manutaras e para onde nadavam os participantes do festival do homem-pássaro, em frente ao vulcão Rano Kau (em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico)
Bem, com a chegada da Igreja católica e a conversão dos ilhéus ao cristianismo, foi-se o festival e, por algum estranho motivo, foram-se os pássaros, que pararam de chocar naquela pequena ilha rochosa. Hoje, existe até um programa científico para tentar trazer de volta o pequeno manutara. Quando à corrida, ela passou a ser encenada novamente por “guerreiros” atuais que tentam reviver sua cultura. Mais como uma maneira de valorizar o passado do que uma volta à antiga religião.
Manutara, cujo ovo era o prêmio máximo no festival do homem-pássaro, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
A antiga cidade de Orongo pode ser visitada, mas não se pode entrar nas casas. Dali, a vista para a cratera do antigo vulcão, hoje um grande lago, é magnífica. A mesma visão que tiveram os diversos saqueadores de tesouros arqueológicos que chegaram à ilha de Pascoa no início do séc. XX e roubaram descaradamente várias relíquias aqui de cima. Até posavam para fotos, equipes americanas ou europeias. Essas tristes cenas podem ser vistas no museu e a Ilha de Pascoa tenta hoje, por enquanto sem resultado, que essas peças sejam devolvidas ao seus lugares de origem. Mas os museus internacionais e colecionadores particulares fingem que não ouvem...
A cratera do vulcão Rano Kau, em Rapa Nui (ou Ilha de Páscoa), ilha chilena no meio do Oceano Pacífico
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