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Roberto (09/02)
Poderia citar os endereços para colocar no GPS, mas pelo que vi seu blog...
Herlane (06/02)
Boa Tarde Ana e Rodrigo, Em primeiro lugar, adorei muito o relato e foto...
Herlane (06/02)
Boa Tarde Ana e Rodrigo, Em primeiro lugar, adorei muito o relato e foto...
RENATO (01/02)
Estamos começando nossos planos para cruzar do Ushuaia ao Alasca de moto...
RENATO (01/02)
Estamos começando nossos planos para cruzar do Ushuaia ao Alasca de moto...
Monumento Nacional, no final do Paseo Montejo, em Mérida, no sul do México
Há muito tempo o nome “Yucatán” frequenta minha imaginação. Primeiro, foi quando comecei a me interessar pela história dos povos pré-colombianos. Incas e astecas, com seus exércitos poderosos, atraíram logo minha atenção, mas depois, foi o misterioso povo maia que mais me cativou. Viviam eles nas impenetráveis selvas da América Central, principalmente nesse lugar chamado “Yucatán”. Fixei o nome, mas não o lugar. Sabia que era ali na América Central, mas aonde?
Nosso caminho de Puebla à Mérida, dormindo em Acayucan
Bom, tão rápido como mudava meu corpo e mente no início da minha adolescência, mudavam também meus interesses. Da exploração espacial para o destino dos neandertais para a extinção dos dinossauros para a Biblioteca de Alexandria, tudo estava a um passo um do outro. Era a série Cosmos, de Carl Sagan, que fustigava e alimentava minha imaginação. Foi aí que tomei conhecimento, pela primeira vez, da teoria de que o choque um enorme meteoro com a Terra seria dado cabo dos tiranossauros e companhia. E que esse choque teria ocorrido na Península do Yucatán, há cerca de 65 milhões de anos. Resquícios do impacto e da cratera haviam sido encontrados por lá recentemente. Agora, com um mapa em mãos, nunca mais esqueceria a localização daquela península que unia maias e dinossauros.
Os grandes lagos de Atasta e Términos são a porta de entrada para a península do Yucatán, no México
Passam-se muitos anos e eis que, acompanhado da amada esposa, cruzamos a América Central de carro e adentramos o México pelo estado de Chiapas. A mística Yucatán estava ali, do ladinho, mais perto do que nunca. Mas teria de esperar mais um pouco. Nosso destino era o norte, a América do Norte nos chamando. Foi em Janeiro do ano passado. Um pouquinho mais de paciência. Pois bem, 12 meses se passaram, o mundo não acabou (nem a nossa viagem!) e nós estamos aqui de volta. Dessa vez, muito bem acompanhados da nossa madrinha e amiga Valéria, temos todo o tempo do mundo para o Yucatán.
Fachada de igreja em Mérida, no sul do México
Ontem tínhamos dormido em Acayucan, vindos de Puebla. Na nossa pressa para aqui chegar, deixamos para trás e para uma outra vez a cidade portuária de Vera Cruz, sede do mais animado carnaval do país. Justo em época de carnaval! Bom, não se pode ver tudo. Queríamos mesmo era chegar à Mérida, a cidade de maior importância histórica da região, sede do poder colonial espanhol. É o ponto inicial de nossas explorações nessa semana antes do retorno da Val para o Brasil. Depois, teremos mais tempo para, com calma, curtimos as praias, cenotes e ruínas dessa região fascinante.
Interior da catedral em Mérida, no sul do México
Nós chegamos à Mérida de noite, mas ainda em tempo de apreciar suas ruas coloniais cheias de restaurantes, hotéis e turistas de todas as partes. A cidade está cheia e não foi fácil achar um lugar para ficarmos. Mas achamos, precisando de um descanso depois de tantas horas e quilômetros de estradas e ansiosos por uma noite de sono.
Altar decorado na catedral de Mérida, no sul do México
Hoje, então, foi a largada oficial de explorações. E começamos logo com chuva. Tempo ideal para uma boa sessão de museus, entre uma corrida e outra entre ruas e praças. Foi ótimo para começarmos a ter uma ideia da rica história da península, que começou com um impacto colossal, passou pela mais interessante das civilizações pré-colombianas e se transformou numa verdadeira febre do turismo mundial.
Visita ao belo Palácio Municipal, em Mérida, no sul do México
Visita ao belo Palácio Municipal, em Mérida, no sul do México
Depois de passar por igrejas e pela catedral, pelo pomposo teatro e pela movimentada universidade e por ruas e praças coloniais esvaziadas pela chuva fina, chegamos ao Palácio Municipal, todo decorado com enormes murais que retratam aspectos da história e do cotidiano da península, da época maia aos séculos de opressões e lutas sociais que se seguiram à conquista espanhola. Em um bem decorado salão, uma pincelada sobre os principais momentos históricos dos últimos 500 anos, o que me fez ver o quão pouco eu sabia além de generalidades muito vezes equivocadas. Para alguém que se julga “sabedor da história”, foi um delicado tapa na cara...
Pintura moderna mostrando a importância do milho para os povos do Yucatán (em Mérida, no sul do México)
Sempre aprendi que, ao chegarem ao Novo Mundo, espanhóis encontraram apenas dois grandes povos e impérios: incas e astecas, conquistados por Pizarro e Cortes, respectivamente. Já os maias, não seriam nem sombra do passado, apenas bandos de selvagens vivendo em meio às ruínas de sua decadente civilização. Nada mais falso.
Quem se habilita a ler um texto no idioma maia? (em Mérida, no sul do México)
É certo que os grandes centros mais na Guatemala haviam sido abandonados muito antes, mas ao norte do Yucatán ainda fervilhava uma civilização, com suas cidades e palácios. Dividiam-se em cidades-estado o que, com suas rivalidades, facilitou a conquista espanhola. Mas, ao mesmo tempo, prolongou ao máximo a guerra de conquista, pois não bastava aos colonizadores conquistar uma “capital” ou um país. Tiveram que fazer guerra com cada uma delas, mesmo as mais isoladas e diminutas. Enquanto astecas e incas caíram em menos de uma geração, os mais resistiram por séculos.
Sala de exposições de história em prédio público em Mérida, no sul do México
O grande conquistador da península foi, na verdade, uma família, os Montejo. Pai, depois filho, depois sobrinho. Explorando ao máximo as divisões internas, aliando-se a povos antes oprimidos, derrubaram e conquistaram as antigas cidades dominantes, para depois traírem e escravizarem também seus aliados, Depois, pouco a pouco, foram estendendo seu domínio por toda a península, tribo após tribo. Mas o espírito indígena nunca foi batido, apesar dos séculos de repressão.
Passeando em dia de chuva pelo centro histórico de Mérida, no sul do México
Tanto que, com a independência do México, o Yucatán declarou-se logo independente do poder central, um país governado pela elite local, descendentes mestiços dos antigos colonizadores. Sua capital era Mérida, a cidade fundada pela família Montejo. Mas em seguida, dentro desse novo país, foram os índios a reclamar sua independência. O Yucatán foi dividido em dois, uma república branca e outra índia. Incapaz de controlar a sublevação maia, a “parte branca” preferiu voltar ao controle mexicano para, juntos, controlarem toda a península. Essa guerra que durou um século, conhecida como Guerra de Castas, manteve a península dividida, os maias com seu país independente na parte sudeste da península, uma terra proibida para brancos e mestiços.
Em escultura nada sutil, um conquistador aparece pisando sobre os indígenas conquistados (em Mérida, no sul do México)
Foi só no início do século XX, depois de um acordo entre México e Inglaterra que impediu que os maias continuassem a comercializar armas e mantimentos com Belize que as forças de Porfírio Diaz retomaram o controle da região. Mesmo assim, ainda na década de 30, rebeldes lutavam no interior da península.
Interior da Casa de Montejo, a família que conquistou o Yucatán (em Mérida, no sul do do México)
Depois dessa verdadeira aula de história, atravessamos a praça para visitar a casa dos conquistadores, a família Montejo. Do lado de fora, um alto relevo nada sutil mostra os antigos conquistadores pisando sobre a cabeça dos indígenas conquistados. Pois a cultura deles sobreviveu aos séculos, língua, vestimentas, culinária e o povo. É essa península que começamos a explorar hoje, cada vez mais curiosos em nos aprofundar em sua cultura, história e belezas naturais. Yucatán, chegamos!
Banco especial para namorados, no Paseo Montejo, em Mérida, no sul do México
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