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Sheila Mello (15/08)
Como sempre você arrasa nos relatos!!Esperando o livro :/...
Cintia (29/06)
Boa noite! Por favor, qual hotel que vocês ficaram na Transpantaneira, e...
Ayrton Aguiar (25/06)
Ola Rodrigo, Aqui Ayrton. Gostei muito de seu blog. Parabéns! Somos ad...
monalisa (13/06)
Olá, adorei as fotos e as informações, gostaria de saber quantas horas...
vladimir baginski (28/05)
eu vi essa cidade na verdade é um pais e gostaria muito de ir conhecer e...
Dançarinos de tango em palco na noite de Buenos Aires, na Argentina
Voltamos ao nosso hotel, tomamos um rápido banho e descemos ao saguão, onde nosso grupo já se avolumava a espera dos dois ônibus que nos levariam ao restaurante para o jantar e show de tango. Ainda sem conhecer ninguém, mas já curiosos em observar aqueles que seriam nossos companheiros inseparáveis pelas próximas três semanas, entramos aleatoriamente nos ônibus. Uma conversa rápida aqui, outra ali, o inglês rapidamente se consolidando como nova língua oficial, chegamos ao restaurante e nos dividimos em grandes mesas, grupos se formando de novo de forma aleatória.
Encontro no saguão do hotel do grupo que vai para a Antártida, em Buenos Aires, na Argentina
A curiosidade de observar quem estaria conosco por tanto tempo era grande, mas a vontade de ver o show de tango era ainda maior. Boa comida, bom vinho, uma alemã, um australiano, um casal da Noruega, outro da Índia. Muitos americanos, canadenses e ingleses. Latino-americanos, só a gente. Quase todo mundo nos seus 50-60 anos, uns poucos jovens como nós. De repente, as luzes se apagam. Vamos ter ainda muito tempo para nos conhecer...
Preparados para o jantar e para o show de tango em Buenos Aires, na Argentina
Nenhuma viagem para conhecer Buenos Aires sem a chance de ouvir e admirar o tango é completa. Afinal, foi na periferia dessa cidade (e na de Montevideo) que esse estilo de dança e música nasceu, já há mais de um século, e desde então tornou-se parte intrínseca da alma argentina. No final do século XIX Buenos Aires transbordava de imigrantes, principalmente italianos e espanhóis, todos em busca de uma nova vida e oportunidade em uma nação que dava seus primeiros passos. Vinham para trabalhar nas novas indústrias e no movimentado porto da cidade. Muitas vezes, filhos e esposas tinham ficado para trás, esperando que pais e maridos enviassem o dinheiro para a longa viagem. O clima nos bairros onde se aglomeravam esses imigrantes era um misto de esperança, nostalgia e muita testosterona. A tensão era aliviada nos bordéis que se multiplicavam por ali.
Cantor de tango em Buenos Aires, na Argentina
E foi justamente nesses bordéis que nasceu o tango, prostitutas e trabalhadores que ainda tinham seus corações na Europa, a família e a antiga vida a um oceano de distância, o trabalho duro e o dinheiro suado sendo gastos para ajudar a aplacar e esconder o sentimento de perda que não poderia ser demonstrado. Nascia a alma dramática e sofredora argentina através dos passos e expressões teatrais e dramáticas do tango.
Show de tango em Buenos Aires, na Argentina
Rapidamente, a nova dança se tornou uma febre nas classes mais baixas do país, mas era desprezada pela classe alta. Mas não demorou muito para que alguns jovens da classe mais abastada, com a rebeldia que é peculiar da idade, também fossem hipnotizados por essa nova arte. Foram eles que levaram a dança para a Europa, onde iam estudar. Ali, nos anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial, a dança virou coisa chique nos cabarés parisienses. De Paris para Londres e Nova York foi um pulo. E aí, aceita pela burguesia mundial, foi a vez da sociedade portenha abraçar a nova dança. Bailar tango passou a ser chique também! Mais do que isso, passou a ser argentino.
Show de tango em Buenos Aires, na Argentina
Ainda mais com o advento de Carlos Gardel, que foi pioneiro e mestre em cantar o tango, algo que até então era só tocado e dançado. Agora com letras, geralmente tristes e dramáticas, mais uma vez o tango traduzia a alma do país, que por sua vez, traduzia o tango, numa espécie de retroalimentação.
Dançarinos de tango em palco na noite de Buenos Aires, na Argentina
Enfim, pode ser triste, mas é uma música linda de se ouvir, que nos toca a alma. E mais bonita ainda de se ver, quando bem dançada. Infelizmente, para alguém pouco coordenado como eu, é impossível de bailar. Tudo bem, já me basta ver, assistir e me emocionar. E assim faço, sempre que tenho chance.
Dançarinos de tango em palco na noite de Buenos Aires, na Argentina
A melhor maneira para ver o tango, na minha opinião, é ir a alguma milonga, que é onde os amantes da música e dança vão bailar. Em Buenos Aires há muitas delas. Não é um lugar de shows, mas onde pessoas normais, portenhos mesmo, vão se divertir. Turistas, de forma geral, preferem os shows que se espalham pela cidade, um estilo meio Broadway. Um pouco artificial, mas também vale a pena.
Show de tango em Buenos Aires, na Argentina
Nosso grupo de expedicionários para a Antárttida aplaude show de tango em Buenos Aires, na Argentina
Foi a experiência que tivemos hoje. Felizmente, um show menor, para menos pessoas. Mas dançavam num palco e não num salão, como seria numa milonga. Enfim, o show apresentou a evolução do tango, seus diversos estilos e vários casais que sabiam muito bem o que estavam fazendo, além de um cantor com aquela voz grave e tradicional. Aqueles que vieram do hemisfério norte ficaram ainda mais impressionados do que nós, mas no fundo, o que todos queremos agora é zarpar amanhã. Mas antes disso, ainda temos um city tour pela frente... De qualquer maneira, sou um fã dessa dança. E deixo aqui abaixo, como homenagem a ela, uma das mais belas cenas de cinema das últimas décadas, um verdadeiro show de interpretação do Al Pacino no filme Perfume de Mulher, na magistral música de Carlos Gardel “Por Una Cabeza”
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