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samuel baker mororo aragao (12/03)
Esse preservacionista, devia ser presidente do nosso Brasil, pois hoje ve...
Anna Ariel (10/03)
E MUITO LEGAL E EDUCATIVO E EU ANNA ARIEL E MEU IRMÃO ALAN GOSTAMOS MUIT...
claudete (03/03)
Parabéns é o sonho de muitos Sonho com uma viajem dessas!!! Quem sabe u...
mabel (03/03)
Deliciosa pausa. ...ainda mais sabendo das maravilhas que vem pela frente...
Marcelo JM (03/03)
Nunca me esqueço de minha viagem para lá aquele ano. Eu tinha saído pr...
Fim de linha após descer no Sarcófago, no Beach Park, em Fortaleza - CE
Consegui resistir das outras vezes que estive em Fortaleza, mas desta vez a criança dentro de mim falou mais alto. "Vamos ao Beach Park!" - ela gritava sem parar. Aparentemente, a criança dentro da Ana fazia o mesmo. Aí... já viu, né?
Tobogãs do Beach Park vistos do alto da torre do Insano, em Fortaleza - CE
O dia chuvoso era a promessa que o parque não estaria tão abarrotado. Mas, ao chegarmos lá, vinte e poucos quilômetros ao sul da cidade, demos de cara com o esatcionamento de ônibus. Xiiiiii... dezenas deles! O estacionamento de carros estava mais animador. A resposta final só veio ao entrar no parque: realmente, não estava cheio. Oba!!!
Tobogã com o nome de Sarcófago, no Beach Park, em Fortaleza - CE
Cento e vinte reais mais tarde (cada um!), já estávamos lá dentro, olhando admirados os tobogãs gigantescos. Enquanto a Ana estreava o pré-pago novo justamente com o pai na loja da TIM em Curitiba para conseguir o nosso chip do pós-pago de volta, eu já corria escadaria acima para descer meu primeiro tobogã, chamado de Sarcófago. A gente despenca dentro de um túnel, não vê mais nada, coração na boca e, de repente, splash!, estamos na piscina lá embaixo! Uma delícia!
Tobogãs do Beach Park vistos do alto da torre do Insano, em Fortaleza - CE
Daí para frente, pelas próximas horas, ficamos nos divertindo pelos diversos tobogãs do parque, enfrentando pequenas filas próprias de um dia chuvoso. Apesar do risco das atrações serem fechadas se a chuva aumentasse, o que não ocorreu, acho que é muito melhor do que ir num dia ensolarado e ter de competir com outras centenas de pessoas a cada vez que for descer algum tobogã.
Despencando do Insano, tobogã com 41 metros de altura, no Beach Park, em Fortaleza - CE
Despencando do Insano, tobogã com 41 metros de altura, no Beach Park, em Fortaleza - CE
Sem dúvida, a maior (literalmente) atração é o Insano, tobogã com mais de 40 metros de altura onde se atinge uma velocidade de mais de 100 km/hora. Incrível! Insano! A gente chega que nem uma bala lá em baixo. E ainda tem a vantagem de ficar fazendo exercício para subir as escadas até lá no alto.
Fim do Insano: mergulho na piscina, no Beach Park, em Fortaleza - CE
Feliz da vida, depois de ter passado pelo Insano, no Beach Park, em Fortaleza - CE
Com tantos tobogãs e uma vontade de criança reprimida há mais de vinte anos, nem sobrou tempo para dar um pulo na praia, considerada a melhor de Fortaleza. Preferimos ficar até o último minuto nas atrações do parque. Se bem que, ao final da tarde, a idade já estava falando mais alto, sob a forma de dor nas costas e torcicolos. Um custo pequeno para a diversão que se tem por ali. Realmente, o único perigo são as filas, que hoje não atrapalharam.
Praia no Beach Park, em Fortaleza - CE
Voltamos satisfeitos para casa, dever de turista cumprido, todos os ossos quase no lugar e pensamento completamente focado em apenas uma coisa: o jantar, gentil presente de nossos padrinhos. Mas isso é assunto para o próximo post...
Beach Park, em Fortaleza - CE
Chegando na incrível praia de Shoal Bay East, em Anguilla (Caribe)
Ontem de noite conseguimos a passagem mais barata que procurávamos pela internet. Uma economia de quase 100 euros! Aí, hoje de manhã, antes de pegarmos o ferry para Anguila, passamos na agência e compramos as passagens para Saba e St. Eustatius. Ficou faltando só a ida para St. Kitts (já que a volta foi o que compramos ontem de noite). Nossa... quanta passagem de avião! Depois dessa última, quero passar um bom tempo sem ter de entrar em site de empresa aérea...
A Boulangerie onde comemos sanduíches e acessamos a internet, em Marigot - St. Martin
Marina em Marigot, em St. Martin - Caribe
Depois, seguimos para o porto, aproveitando para tirar fotos da cidade, inclusive da nossa querida Boulangerie da internet. Compramos nossas passagens para St. Barth para amanhã e volta no dia seguinte, inclusive já com um carro alugado por lá. Se não acharmos hotel, já temos onde dormir, hehehe. Tudo resolvido, embarcamos para Anguilla, ufffffff... Quer dizer, ainda houve outro "incidente". Na hora de passar pela imigração, a Ana, com seu passaporte italiano, passou direto. Já o meu, do bom e velho Brasil, o guarda logo perguntou pelo visto. "What visa?" - eu respondi, misto de indignação e ar de superioridade, mascarando o medo de "só me faltava mais essa..." Ele foi olhar numa lista e, para meu alívio, viu que brasileiros não precisam de visto, ao contrário dos outros países sulamericanos. Vamos ver como vai ser com St Barth amanhã...
Deixando Marigot, em St. Martin, para Anguilla
Bem pertinho de St. Martin, a pequena ilha de Anguilla foi colônia inglesa, com uma história relativamente tranquila. O grande evento se deu no final da década de 60. Alguns anos antes, a Inglaterra tinha tentado unificar todas as suas colônias do caribe numa única "administração". Não deu certo e as Ilhas Virgens Britânicas logo se separaram das outras ilhas. Anguilla ficou sob administração de St. Kitts. Seus habitantes não gostaram muito disso, sempre se sentindo meio discriminados pela ilha vizinha. Então, num belo dia, numa espécie de revolução, botaram a polícia de St. Kitts para correr da ilha. É o dia da "independência"! Com isso, voltaram a ter ligação direta com os ingleses, sem intermediários. Hoje, a rainha nomeia um governador-geral, figura meio simbólica. Quem manda mesmo é o primeiro-ministro, eleito pela assembléia da ilha. Uma nação independente dentro do Commonwealth britânico.
No barco durante viagem entre Marigot, em St. Martin e Anguilla
Chegada no terminal de ferries de Anguilla
O mar que separa as duas ilhas, embora meio agitado, tem aquela cor de piscina. Bom, pelo menos a gente achava que si, antes de conhecer a verdadeira co de piscina, um pouco mais tarde. A alfândega nos recebeu muito bem e, logo ali na saída do porto, já alugamos um carro. Direção do lado esquerdo para dirigir do lado esquerdo da estrada. Como estamos fazendo no Suriname, com a Fiona. Ou seja, já temos prática nesta estranha combinação!
Nosso belo carrinho em Anguilla
O carro já vem com mapa da ilha (mapa de papel, nada de GPS!) e seguimos direto para a principal atração da ilha, a praia de Shoal Bay East. Fomos com o espírito preparado, já que nosso guia falava muito bem de lá. Assim como as pessoas de St. Martin. Bom, na verdade, nada poderia ter nos preparado para aquela maravilha. A tal praia é absolutamente alucinante! Parace aquelas fotos de posters do Caribe que juramos ter passado pelo photoshop. Que nada! É real!
Praia de Shoal Bay East, em Anguilla. Mais caribe, impossível!
Praia de Shoal Bay East, em Anguilla. Mais caribe, impossível!
De longe, do alto da colina, ela já é incrível. Mas, quando chegamos mais perto, ela consegue melhorar mais ainda. A areia é branca e macia, quase que massageia nossos pés. A água parece que brilha, de tão azul. Como uma americana definiu, a cor é "eletric blue", meio neon. Passamos boa parte do dia nesta praia, caminhando, nadando, comendo, tomando sol, sempre maravilhados com o mar. Sem exageros, a cada dois ou três minutos, instintivamente, ao olhar o mar, eu exclamava, boquiaberto: "Nossa!" Depois do décimo-oitavo "nossa", essas exclamações repetitivas acabaram chamando minha própria atenção e eu passei a tentar me controlar. De nada adiantou. Bastava me distrair, pensar em outra coisa e, sem perceber, já estava soltando outro "Nossa!", assim que olhava para o mar.
Aproveitando a vida! (praia de Shoal Bay East, em Anguilla )
Impressionado com a praia de Shoal Bay East, em Anguilla (Caribe)
Difícil foi ir embora. Mas ainda queríamos passear um pouco na ilha. Assim, em uma hora, rodamos por quase todo o "país", visitando outras praias e também a capital, a tranquila e espalhada The Valley. Tiramos algumas fotos e voltamos para o terminal, à tempo de pegar o último ferry, às 18:15. Junto com o pôr-do-sol, deixamos para trás a pequena Anguilla, lar da mais bela praia dessa viagem. Não é à tôa que o turismo gera tantas receitas para a ilha (assim como o setor financeiro). Mas é um turismo ordenado, pouco invasivo. A praia, hoje, por exemplo, não estava cheia. E como jet skies são proibidos, também estava silenciosa. Que delícia! Pequenos detalhes e enormes belezas que vão nos deixar com saudades...
Admirando a praia de Shoal Bay East, em Anguilla (Caribe)
Trânsito movimentado em The Valley, capital de Anguilla
Mas o tempo não para e devemos continuar. Saint Barth nos espera. E St. Kitts também. Agora de noite conseguimos comprar a passagem que faltava. Como disse no começo do post, chega de passagens aéreas por um bom tempo! Sinceramente, esta noite espero sonhar com praias e não com aviões, hehehe.
Pôr-do-sol no momento em que deixamos Anguilla
Exatamente no ponto mais ao norte da América do Sul, em Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia
Acordamos hoje bem cedo, praticamente junto com o sol. Estávamos num quarto sem paredes e numa cama sem lençóis, então ficou mais fácil madrugar, hehehe. Na verdade, dormimos em umas redes maravilhosas, bem espaçosas, penduradas em um galpão aberto. Cheiro delicioso de deserto no ar, afinal, estávamos no meio do deserto. Bem fresquinho de noite e madrugada, mas começa a esquentar cedo.
O nosso quarto na península de La Guajira, na Colômbia
A Ana ainda dorme no nosso quarto na península de La Guajira, na Colômbia
Nós dormimos em um rancho que se especializou em receber turistas. Essa noite, além de nós, estavam lá o Marco e a Elisiana, um simpaticíssimo casal italiano que está na Colômbia para assistir a um casamento em Cartagena. Aproveitaram para dar uma esticada e conhecer a península de La Guajira.
Café da manhã com o Marco e a Elisiana, nossos amigos italianos, num rancho no norte da península de La Guajira, na Colômbia
Com o Marco e a Elisiana no rancho em que dormimos, no norte da península de La Guajira, na Colômbia
Café da manhã na península de La Guajira, na Colômbia
Tomamos o café da manhã juntos, com vista para o deserto, de um lado, e um braço de mar do outro. Paisagens magníficas! Ali do lado, tinha uma árvore maravilhosa, toda inclinada para um lado, fruto do vento que nunca para. Difícil imaginar uma árvore mais fotogênica. Uma árvore dessas, solitária, no meio do deserto e com vista para o mar. Faz a gente parar e pensar...
A mais bela e sábia das árvores, na península de La Guajira, na Colômbia
Braço de mar ao lado de nosso rancho na península de La Guajira, na Colômbia
Muita estrada nos esperava hoje e tivemos que começar bem cedo. Despedimo-nos dos amigos italianos, que iriam embora de barco, e fomos de Fiona em direção à Punta Gallinas, a pontinha norte da península em que estávamos que, por sua vez, já era a ponta norte da península La Guajira que é a ponta da América do Sul. Resumindo, estávamos indo para onde nasce o nosso continente, a terra elevando-se sobre o Mar do Caribe.
O farol que marca o início da América do Sul, em Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia
1000dias chega à Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia, o ponto mais ao norte da América do Sul
Vinte minutos e estávamos lá, na praia mais ao norte de Sudamerica. Na verdade, estamos tão ao norte por aqui que estamos acima de todo o Panamá e Costa Rica, Na verdade, estamos numa latitude maior até que Manágua, capital da Nicarágua. Quando falei isso para o Marco, o suíço (não confundir com Marco, o italiano!), ele não quis acreditar. Mas foi conferir no mapa e voltou mesmo impressionado.
Punta Gallinas, extremo norte da América do Sul, está mais ao norte que Panamá, Costa Rica e até de Manágua, capital da Nicarágua!
O Marco e a Tina saboreiam seu café da manhã na sombra do farol de Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia, ponto mais ao norte da América do Sul
Aliás, adivinha quem encontramos quando chegamos ao farol que marca Punta Gallinas? Exatamente, os nossos amigos suíços! Eles tinham dirigido para lá bem cedinho e estavam tranquilamente tomando seu café da manhã no ponto extremo da América do Sul. Ao me ver, foi a primeira coisa que ele me disse: “Você estava certo! Estamos mais ao norte que Manágua!”.
A Fiona no topo da América do Sul, em Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia
Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia, o ponto mais ao norte da América do Sul
No rústico farol, uma mapa pintado na parede da casinha mostra aonde estamos, para não deixar dúvidas. Tem até um desenho de uma galinha, por causa do nome daqui. Ponto obrigatório de fotos para todos que chegam tão longe nesse continente.
Piscina natural no extremo norte da América do Sul, em Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia
A Fiona no ponto mais ao norte da América do Sul, em Punta Gallinas, península de La Guajira, na Colômbia
Mas nós queríamos ir um pouco além! Caminhamos até a praia em frente ao farol, a primeira praia da América do Sul. Ali, uma bonita piscina natural se forma e, além dela, uma ponta de coral avança sobre o mar. O verdadeiro início do continente! A ponta da ponta da ponta da ponta! É claro que tinha de ir lá para tirar uma foto. Daquele ponto privilegiado, até dava para ver Manágua, um pouco mais ao sul e, do outro lado da América do Sul, a Terra do Fogo, aonde ainda vamos chegar! Hehehe, talvez não visse com meus olhos, mas a imaginação via isso tudo!
Ao longe, uma das muitas salinas da península de La Guajira, na Colômbia
Meio de transporte na península de La Guajira, na Colômbia
Chegava a hora de nos despedir, em definitivo, do Marco e da Tina. Será mesmo? Depois de tantas despedidas, já estávamos até sem graça de dizer adeus. Melhor um “até logo”. Mas desse vez, acho que será por um bom tempo. Enquanto nós entramos na Venezuela amanhã, eles vão passar alguns dias por aqui e depois, vão atravessar a Colômbia rumo ao Equador. Vamos ver o que o destino nos reserva...
sertão do Brasil? Não! Península de La Guajira, na Colômbia
A belíssima península de La Guajira, na Colômbia
Bom, a Venezuela é para amanhã, mas para hoje ainda tínhamos muita coisa. Primeiro, muitas horas cruzando o deserto novamente, dessa vez na direção sul. Outra vez, passamos por paisagens impressionantes, aquela vastidão infinita que há muito não víamos.
Nossos guias, Edwin e Alex, na península de La Guajira, na Colômbia
Chegando ao bel[issimo Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
O simpáticos Edwin e Alex nos guiando com maestria enquanto nós tentávamos aprender o máximo com eles sobre sua cultura indígena e sobre a história e geografia da região, Muito bem humorados, os dois eram ótima companhia e demos muitas risadas juntos. Até paramos em um mirante para tirarmos fotos com eles para depois enviarmos por e-mail. Não é todo dia que eles guiam brasileiros em seu próprio carro por aqui.
O mar azul de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
Muitas horas de trilhas e caminhos depois, chegamos à Cabo de La Vela. É uma vila de pescadores em frente a uma baía de águas verdes e tranquilas, protegidas por um cabo. É a cidade mais visitada da península, pela beleza da praia, e tem várias pequenas pousadas. A gente almoçou em uma delas e, enquanto a comida não ficava pronta, até deu tempo para um relaxante mergulho no mar. Como diria o anúncio: não tem preço!
Pilón de Azucar, perto de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
Pequena capela no topo do Pilón de Azucar, perto de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
De barriga cheia, seguimos para uma das maiores atrações da cidade e de La Guajira: uma montanha em forma de pirâmide com o nome de Pilón de Azucar. Fica a beira mar e tem uma trilha que leva a seu topo, onde há uma pequena capela e uma imagem de Nossa Senhora.
No topo do Pilón de Azucar, perto de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
No topo do Pilón de Azucar, perto de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
Convite irresistível para subir! Ainda mais com a vista que imaginávamos ter lá de cima. Pois é, por mais otimistas que tenhamos sido, ficamos surpreendidos com a beleza da paisagem. Absolutamente maravilhosa, para qualquer lado que se olhasse. O único cuidado era com o forte vento, que quase nos fazia alçar voo.
A incrível beleza da paisagem vista do topo do Pilón de Azucar, perto de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
Ficamos ali, a tirar fotos e admirar ao nosso redor durante um bom tempo. O final em grande estilo da nossa viagem por esse lugar mágico chamado La Guajira. Que bom que o destino nos convenceu a vir até aqui e, que bom que demos ouvidos a ele!. Há muito tempo que não nos sentíamos tão bem em um lugar como nos sentimos aqui. Desertos são mesmo especiais, ainda mais quando temos o ar condicionado da Fiona por perto, hehehe.
A incrível beleza da paisagem vista do topo do Pilón de Azucar, perto de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
Descemos do Pilón de Azucar e dirigimos mais um bom tempo, outra vez cortando caminho pelo deserto e driblando as partes encharcadas. Enfim, chegamos à estrada principal, aquela que acompanha a linha de trem. Aí, uma interminável reta até o asfalto e mais 40 minutos até a estrada principal. O Edwin e Alex desceram aí, para pegar um ônibus de volta a Riohacha e nós viramos para leste, em direção à Venezuela, cada vez mais perto. Nós dormimos em Maicao, a última cidade colombiana antes da fronteira. Amanhã é dia dos 1000dias entrarem em terras bolivarianas...
Imagem da Virgem no topo do Pilón de Azucar, perto de Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
As famosas Montanhas Rochosas, no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Deixamos Aspen e suas montanhas nevadas para trás no dia 2, numa viagem de quase 4 horas até a cidade de Boulder, no centro norte do estado, aos pés das Montanhas Rochosas, a maior cordilheira de montanhas da América do Norte.
Região de Aspen, no Colorado, nos Estados Unidos
Dessa vez, ao invés de usarmos o PriceLine para nos ajudar a encontrar um hotel na cidade, resolvemos usar outra ferramenta maravilhosa desse nosso mundo moderno: o Airbnb. Ao invés de hotéis, ele nos mostra casas particulares que alugam quartos ou todo o apartamento para viajantes. Desse modo, fugimos da frieza de hotéis e caímos num ambiente mais pessoal, a casa de alguém, uma pessoa local que pode nos dar boas dicas do que fazer, aonde ir e aonde não ir na cidade em que mora. O sistema é bem inteligente e iterativo, mostra a opinião das pessoas que ficaram naquele mesmo lugar, assim como a localização dentro dos bairros da cidade. É preciso se cadastrar e, assim como as habitações são julgadas pelos hóspedes, também os hóspedes são avaliados pelos anfitriões, de modo a prevenir futuros anfitriões em outras cidades de uma possível roubada. Para nós, que usávamos o sistema pela primeira vez e não tínhamos histórico, o anfitrião teria de “arriscar” e confiar nas informações que nós mesmos passamos ao sistema, que as checa da melhor maneira possível.
A nossa casa em Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
A gente resolveu ficar na casa do Jeremy, bem central e perto de parques. Foi uma ótima escolha! Durante nossa estadia no seu apartamento, tivemos várias chances de conversar, ele nos deu dicas valiosas sobre Boulder e até sobre o México, onde chegaremos em poucas semanas. Ele saía pela manhã e voltava só de noite e nós tínhamos um apartamento mobiliado e confortável só para nós. Foi muito joia, quase que como se estivéssemos na nossa própria casa. Vizinhança tranquila e a dez minutos de caminhada do centro por um cenário típico de inverno: árvores sem folhas, jardins bem cuidados, mas tomados pela neve.
Muita neve nas ruas de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Boulder é uma cidade universitária, sede do maior campus da maior universidade do estado. A mesma universidade que tantas vezes consultei, por internet, ainda quando morava em Curitiba. Ela é o principal centro de pesquisas do mundo sobre a glaciologia, ciência que estuda os polos e, nesses nossos tempos, os possíveis efeitos do aquecimento global. Em seu site é fácil acompanhar, até diariamente, a extensão das calotas polares e geleiras espalhadas pelo mundo, tudo medido por satélites e colocado à disposição de quem possa se interessar (o que era o meu caso). Bem joia!
Visual de inverno em Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
A cidade também é conhecida como um centro de vida saldável, cujos habitantes adoram esportes de outdoor, como caminhadas, ciclismo e escaladas. Não é a toa que são milhares de quilômetros de trilhas espalhados pela região, assim como centenas de vias de escalada na rocha. A altitude, cerca de 1.600 metros, também atrai os melhores atletas do mundo de triatlo, que passam meses por aqui treinando, aproveitando-se da infraestrutura e cultura voltada ao esporte. Sem contar o clima jovial e as dezenas de restaurantes de comida saldável. Sem esquecer que, com uma farta população estudantil, as ofertas de atividades culturais e noturnas também são de fazer inveja a qualquer cidade grande.
Examinando um lago congelado no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Nós chegamos aqui no fim da tarde do dia 2 e ficamos até o dia 5, pela manhã. Aproveitamos o conforto e conveniência da casa para descansarmos, trabalharmos na internet e curtimos um pouco a vida de uma cidade estudantil. Caminhávamos até o centro, passeávamos pelo calçadão, comíamos em um bom restaurante. A época não era das mais agitadas, final de feriadão, muitos estudantes começando a voltar para a retomada do ano letivo. Assim, as baladas não estavam das mais agitadas, embora tenhamos visto e frequentado algumas poucas.
Caminhando sobre um lago congelado no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Um bom exemplo de como essa cidade é e quem são seus habitantes se deu quando entramos numa loja procurando óculos escuros para mim. Faz tempo que estou sem. Já era de noite e todas as outras lojas estavam fechadas. Arriscamos essa última, que nem era de óculos, mas tinha roupas esportivas. Eles não vendiam óculos, mas o simpático atendente disse que me daria um usado, que estava no “achados e perdidos” da loja há mais de um mês. Um presente. Enquanto ele foi buscar os óculos lá dentro, ficamos amigos da outra atendente, uma senhora em muito boa forma. Contamos da nossa viagem e que gostávamos muito de montanhas. Eu disse que estava precisando dos óculos escuros já que estava planejando subir uma montanha bem alta, com muita neve. Ela quis saber qual e eu já pensei: “Hmmm... vou falar do Orizaba (a mais alta montanha do México) e ela não vai ter nem ideia de onde é. Americanos não sabem quase nada de fora de suas fronteiras, principalmente para baixo do Rio Grande”. Assim, meio desanimado, preparado para uma longa explicação, eu respondo: “Pico Orizaba”, ao que veio a resposta: “Ahhnn... o Orizaba! É linda! Eu já subi!”. Tentei disfarçar a surpresa, mas ela só foi aumentando. Aquela senhora ali não só tinha subido o Orizaba, mas também tinha estado no Aconcágua, no Ojos del Salado e até no campo-base do Everest. Toma, Rodrigo! Só para eu me lembrar que estava em Boulder, e não numa outra cidade qualquer. Enquanto isso, voltou o outro atendente, com meus novos óculos usados. Também se interessou com a nossa viagem, mas ele não fica atrás, não. Agora, em 2013, está planejando, numa só caminhada, subir as 53 montanhas do estado com mais de 14 mil pés. Numa só caminhada! Uma empreitada de cerca de um mês!
Um dos muitos lagos congelados no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Pois é, assim é Boulder. Quanto a todos esses picos com mais de 14 mil pés (cerca de 4.270 metros, ou seja, muito mais alto que o nosso Pico da Neblina!) apenas no Colorado, isso se explica pelo fato de aqui do lado passar as famosas Montanhas Rochosa, ou “Rockies”, para os íntimos. É a chamada “espinha dorsal” da América do Norte, se estendendo por quase 5 mil quilômetros, desde o Novo México, no sul, até a Colúmbia Britânica, no Canadá, no norte. São centenas e centenas de picos acima dos 4 mil metros, permanentemente nevados e com possibilidades infinitas de trekkings e escaladas. O maior playground dos amantes dde outdoor dos Estados Unidos. Tudo aqui, no quintal de Boulder. Não é a toa que essa é a capital dos esportes de aventura...
Usando esquis e sapatos de neve para caminhar no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Essa longa cadeia de montanhas se formou recentemente, em termos geológicos, entre 80 e 55 milhões de anos atrás. Foi o resultado de colisão de grandes placas tectônicas. Elas “escorregaram” por baixo da grande placa onde se assenta a América do Norte, levantando a placa e o continente, criando a cordilheira. Quando o processo de levantamento terminou, calcula-se, o que são hoje as Montanhas Rochosas eram, na verdade, um grande platô com cerca de seis quilômetros de altura, algo parecido com o platô que forma o Tibet, na Ásia. Mas milhões de anos de ação inclemente da erosão, rios, lagos, chuva, vento, neve e, principalmente, gigantescas geleiras, acabaram por desgastar esse enorme planalto, formando montanhas, vales e canyons escarpados, além de roubar boa parte da altitude. A maior montanha da cordilheira não passa dos 4.400 metros, atualmente. As Rockies foram muito exploradas economicamente ao longo dos séculos XIX e XX, principalmente em mineração, mas hoje são bastante protegidas, através de parques nacionais, estaduais e municipais, florestas nacionais e demais reservas. São dezenas de milhares de trilhas bem mantidas e sinalizadas, algumas entre as mais belas do mundo, aproveitando-se de um cenário cheio de rios, cachoeiras, florestas e montanhas e uma rica vida selvagem.
Um vale em meio às Montanhas Rochosas, no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Um desses parques é justamente o Rocky Mountains National Park, bem ao lado de Boulder. Ali fomos passear no dia 3, para pelo menos ter uma ideia das belezas que cercam a cidade. Nessa época do ano, boa parte das estradas pelo parque estão fechadas pelo excesso de neve. Também as trilhas estão cheias de neve, muito mais apropriadas para cross-country (com esquis!) do que para turistas com tênis ou botas sem grampões. Enfim, fomos até lá percorrer as estradas ainda abertas e enfiar nossos sapatos na neve fofa.
Elks pastam tranquilamente no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Caminhando sobre lagos congelados, pudemos observas as poderosas montanhas no horizonte. Testemunhas de incontáveis eras geológicas, elas não parecem se importar muito com um ano após o outro. Para elas, a escala é outra, seus minutos são milênios. Até por isso, turistas que vão e voltam em míseros dias ou horas, para elas, nem existem. Somos nós, olhando para cima com veneração e admiração, para essas montanhas. Na sua indiferença, são belíssimas. Assim como a paisagem abaixo delas, as florestas com folhas brancas, os lagos congelados por onde caminhávamos e os elks que pastavam tranquilamente, no terreno e no clima que chamam de “casa”. Falando em casa, nós deixamos a nossa, aqui em Boulder, para trás, já no dia 5. Devagarzinho, vamos rumando para a nossa outra casa, essa que ainda nem temos, em algum lugar a 15 mil quilômetros mais ao sul, num clima e terreno que somos nós que chamamos de “lar”. Um dia, chegamos lá.
As famosas Montanhas Rochosas, no Rocky Mountains National Park, perto de Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos
Saindo incólume de uma grande tubo na praia de Pipeline, em Oahu, no Havaí
Nosso grande objetivo aqui na ilha de Oahu, além de conhecer a capital Honolulu, era ir ver a mais famosa “north shore” do mundo. Afinal, é na costa norte da ilha que estão localizadas algumas das mais concorridas praias do circuito de surf mundial: Waimea e a mitológica Pipeline. Durante boa parte do ano o mar é tranquilo por lá, mas no inverno o bicho pega! E agora é o inverno...
A famosa praia de Waimea num dia completamente sem ondas, na costa norte de Oahu, no Havaí
Engraçado, na minha infinita ignorância, sempre achei que todo dia era dia de onda grande aqui no Havaí. Mas ao começar a ler sobre o arquipélago, um pouco antes de vir para cá, aprendi que não. É só no inverno que o “swell” bate de verdade e são nesses meses que são realizados todos os torneios de surf importantes do Hawaii. Agora, por exemplo, justamente nesses dias, está sendo realizado o torneio de Pipeline. Pipeline é a praia conhecida por ter os mais perfeitos tubos do surf mundial.
Hoje, a praia de Waimea nem precisava de salva-vidas! (em Oahu, no Havaí)
Pois bem, é por isso que queríamos ficar hospedados lá encima, na north shore. Nós e a torcida do Corinthias e do Flamengo, claro. Assim, as boas opções estavam todas ocupadas e as caras opções estavam muito além do nosso orçamento. Ficamos mesmo em Honolulu, dispostos a dirigir até a costa norte os dois dias inteiros que ficaremos por aqui. E o primeiro dia foi hoje.
Torneio de Pipeline parado por falta de ondas, em Oahu, no Havaí
A falta de ondas adiou por alguns dias o Pipeline, em Oahu, no Havaí
Assim, ainda de manhã, para lá fomos. Tomamos a rota mais rápida, que cruza pelo interior da ilha. Depois de deixarmos a urbanidade e as grandes avenidas de Honolulu para trás, nos vimos num clima mais bucólico e tranquilo, mas o que nos interessava mesmo era ver o mar no horizonte. Finalmente ele apareceu e, um pouco depois, chegávamos à Waimea, que tantas vezes tinha visto em reportagens no Fantástico, durante a adolescência. Dia perfeito, com céu azul, muito sol, mar limpo e... sem ondas.
Pelo menos no cartaz, lá estão as famosas ondas de Pipeline, em Oahu, no Havaí
Pois é, a praia mais parecia uma lagoa. Salva-vidas dormindo na sombra e crianças brincando no mar. Cadê as ondas? Nem sombra delas... Será que essa é uma outra Waimea ? Tem tantas com esse nome, aqui no Havaí... Não, era a Waimea certa sim. O dia é que era o errado.
Tabela do torneio de Pipeline, com brasileiros presentes, em Oahu, no Havaí. Também aparece um tal de Kelly Slater...
A esperança é a última que morre e seguimos para a vizinha Pipeline. Logo que chegamos, a ausência de um trânsito mais pesado era a pista de que algo não estava certo. A facilidade de encontrarmos estacionamento, então, terminava com qualquer chance. Enfim, a estrutura do evento estava lá montada. Uma foto gigantesca mostrando uma enorme onda em forma de tubo era a prova de que, nos bons dias, elas realmente existem.
Até os cães apreciam as ondas de Pipeline, em Oahu, no Havaí
Mas não hoje. Ao menos, ali em Pipeline, havia ondas sim, pequenas. E uma grande quantidade de surfistas treinando, tentando tirar água de pedra. Alguns, muito bons. Belas manobras, segurança total no que faziam, verdadeiros voos sobre a água. Bonito de se ver. Imagina então, num dia de ondas grandes...
Surfistas fazem belas manobras nas ondas de Pipeline, em Oahu, no Havaí
Surfistas fazem belas manobras nas ondas de Pipeline, em Oahu, no Havaí
Um cartaz avisava que o campeonato estava parado em espera das ondas que prometiam chegar em alguns dias. Na chave do torneio, surfistas de todo o mundo, inclusive brasileiros. No caminho deles, Kelly Slater, o multi-campeão do torneio, lenda viva do esporte. Aliás, o torneio desse ano está sendo feito em homenagem ao único outro surfista que pode ser comparado a Slater nas últimas décadas. Falo de Andy Irons, outro multi-campeão, mas que implesmente adoeceu, teve convulsões, a febre aumentou e ele morreu. No auge da vida, da saúde e da fama. Prata da casa aqui do Havaí, era e continua sendo um ídolo e o Pipeline desse ano é mais uma forma de homenageá-lo.
Em dia de mar tranquilo, o tradicional remo havaiano substitui o surf na north shore de Oahu, no Havaí
Sem as ondas, ficamos ali admirando a bela vista, pegamos um sol numa praia vizinha e até fizemos snorkel (a Ana e o Rafa) ali perto. Nossa esperança de ver as ondas grandes e os surfistas em ação ficam para amanhã, embora a previsão não seja animadora. Agora, já sabemos o caminho, o local para estacionar e até onde comer. Comidinha de feira!
Local de snorkel na Shark Cove, costa norte de Oahu, no Havaí
O Rafa averigua o fundo do mar durante snorkel na Shark Cove, na North Shore de Oahu, no Havaí
Isso mesmo! Bem em frente à Pipeline tem um carrinho de lanches que vende guaraná, açaí, caldo de cana e um legítimo pastel de queijo desses que se come em feiras no Brasil. Para mim e para a Ana, longe da terrinha a quase 20 meses, foi irresistível! Pastel com guaraná, que coisa mais boa, hehehe!
Comida bem brasileira em carrinho de lanches em frente à Pipeline, em Oahu, no Havaí
O carrinho, claro, é de brasileiros. Enquanto comíamos nosso pastel, comia ali também os dois brazucas que competem em Pipeline. E logo apareceu mais um casal, dessa vez turistas. Ninguém perde a chance de comer um pastel em Pipeline! Mas, para quem quer algo mais típico daqui, e não daí, tem outros carrinhos na região, também. O mais famoso é o Giovanni’s, com um suculento prato de camarão que faz muito sucesso entre famosos e anônimos como nós. Uma delícia!
Olha só como se escreve "coxinha" em inglês e quanto vale um pastel (em dólares!) em Pipeline, na costa norte de Oahu, no Havaí
Então tá, depois do pastel e do camarão e sem as ondas, resolvemos seguir em frente, rumo ao centro de cultura polinésia, assunto do próximo post. Amanhã, voltaremos para cá. Na pior das hipóteses, se as ondas ainda não aparecerem, o nosso pastel estará garantido. Não vamos perder a viagem.
Matando as saudades de um delicioso pastel brasileiro, em Pipeline, na costa norte de Oahu, no Havaí
Chegando ao parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
Quando eu era criança, assim como tantas outras crianças no Brasil e no mundo, um dos meus sonhos era ir a tal da “Disney”. Na minha ideia, era um gigantesco parque de diversões. O único que eu conhecia até então era um “playcenter” itinerante bem tabajara que, uma vez por ano, passava uma temporada lá em Belo Horizonte. Tinha uma incrível montanha-russa, um tobogã gigante e um trem-fantasma assustador. Pelo menos na cabeça de uma criança de 7 anos.
Herois da Marvel passeiam pelo parque da Universal em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
O sonho de viajar ao exterior para conhecer essa tal de Disney foi se protelando, protelando, até que a vontade passou. Já estava no início da adolescência e o grau de exigência havia aumentado. O Playcenter itinerante tinha desaparecido e agora a diversão era no Tívoli, no Rio, e no Playcenter de São Paulo.
Jurassic Park, no parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
Finalmente, chegava a vida adulta. Viagens para a Disney tinham ficado muito mais fáceis e baratas, tornando-se lugar-comum entre a juventude brasileira. Mas agora, o que me interessava eram montanhas, cavernas e cachoeiras, e não mais um parque de diversões. Ouvia até com um certo desdém os relatos de pessoas que viajavam para a Flórida atrás desses programas. Diziam que a Disney tinha ficado para trás, que novos parques eram ainda mais interessantes, com brinquedos maiores e mais rápidos. Novas montanhas-russas eram gigantescas, cheias de loopings e torsões. A criança que viveu em mim e ainda está lá escondida começava a se interessar novamente...
A famosa montanha-russa do Hulk no parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
Pois é, a vida começa depois dos quarenta. Foi nessa idade que cheguei novamente à Flórida, dessa vez dirigindo o próprio carro. Vim com o propósito de conhecer todo o país. Ou, pelo menos, as partes que melhor o representam. Entre elas, os famosos parques de diversão. Tinha de ver pelo menos algum. Estava também na hora de saciar o desejo da criança. Depois de checar com amigos que conhecem os parques daqui, fui na onda deles e escolhi o parque da Universal. A Disney vai ficar para quando tiver netos. Avós fazem cada sacrifício...
Uma das atrações do Parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
Pois bem, entramos no clima e chegamos logo cedo ao megaparque. Nós e a torcida do Flamengo. Mas a competência e profissionalismo americano dão um show nessa hora. Rapidinho já estávamos lá dentro, enfrentando filas muito mais rápidas do que enfrentava quando tinha 7 anos, lá no Playcenter itinerante. E a primeira fila foi logo na atração mais famosa do parque.
Enfrentando um tiranossauro no Jurassic Park, no parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
A super montanha-russa do Hulk é realmente incrível. E começou logo com uma surpresa. Pelo menos nas montanhas-russas da minha infância e adolescência, a brincadeira começava com a aflição do carrinho chegar até o alto da torre, para só depois acelerar e iniciar a adrenalina. Nessa do Hulk, quando estamos no meio da subida, ainda esperando por mais uns 10 segundos de lenta escalada, de repente o carro dispara a toda velocidade. Na subida! Depois, uma sequência interminável de loopings. Muito legal! Tanto que voltamos ao brinquedo mais umas quatro vezes nesse dia.
Diversão nas montanhas-russas do parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
Para onde se olhe, pessoas de ponta-cabeça nas montanhas-russas do parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
As outras duas grandes e fabulosas atrações são o brinquedo do Homem-Aranha e o do Harry Potter. Nos dois, somos levados encima de carrinhos por um mundo de realidade virtual em 3D, solavancos, quedas, sensação de estar voando no meio de paisagens maravilhosas e cinemas que nos envolvem. Um verdadeiro espetáculo! Mesmo quando repetimos a dose, continua muito legal, pois percebemos vários detalhes que não tínhamos visto na primeira corrida.
Castelo do Harry Potter no parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
A vila nevada do Harry Potter, no parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
Os outros brinquedos são meio sem-graça, mas esses três mais do que valem o valor da entrada. Fico tentando imaginar o que aquela criança de 7 anos que já se maravilhava com uma montanha-russa mequetrefe da década de 70 pensaria desses brinquedos ultra-modernos do 3º milênio. Acho que não iria querer crescer nunca mais...
Passeando no setor da Marvel, no parque da Universal, em Orlando, na Flórida - Estados Unidos
Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Além da paisagem espetacular, o maior atrativo no Parque Nacional de Badlands, em South Dakota, são os animais que lá vivem. Uma fauna selvagem para ninguém botar defeito! Bisões, veados, cabras montanhesas, prairie dogs e muito mais.
Cabra montanhesa descansa em platô no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Isso sem contar os animais que já viveram, em outras épocas, e deixaram seus vestígios. Uma extensa fauna marinha, da época em que um mar interior cobria toda a região central dos Estados Unidos, há 70 milhões de anos, além de inúmeros exemplares da megafauna americana, do tempo em que mamutes, tigres dente-de-sabre e porcos gigantes vagavam pelas florestas e, posteriormente, savanas da região.
Cabras montanhesas no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Mas nós estávamos interessados era na fauna vivinha da silva mesmo. Não demorou muito para vermos os primeiros animais, cabras montesas que, com uma habilidade tremenda, ficam correndo pelas infinitas encostas do parque. Estavam bem longe, mas deram o primeiro gostinho da vida selvagem no parque.
As pradarias do Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Com o entardecer, os animais foram aparecendo. Essa é a hora preferida deles, junto com o amanhecer. Enquanto o sol está alto, preferem mesmo é uma boa sombra, longe do calor que faz nessa época.
Coelho nos observa no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Começamos com os menores: um curioso coelho, que depois de tantos anos vivendo em um lugar onde a caça é proibida, já não aprece temer os humanos.
Coiote circula no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Um pouco mais à frente, aí sim, alguém de quem o coelho tem muito medo: um solitário e apressado coiote, de certo em busca do seu jantar. Corre, coelho!
Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Por fim, as centenas de prairie dogs, ou cães da pradaria, uma espécie de roedor simpático que faz sua casa em buracos na terra e vive em verdadeiras cidades, em certas partes do parque. Enquanto passávamos devagarzinho com o carro, víamos dezenas de cabecinhas nos especiando, do lado de fora de suas tocas. Alguns, mais corajosos, ficavam totalmente em pé, ou corriam para a toca de seus vizinhos, para espalhar a notícia da nossa “visita”.
Praire Dog no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Ainda ontem, no final da tarde, algumas vezes caminhando tranquilamente ao lado das estradas, outras muito bem acomodados em seus terraços nas encostas, vimos muitos veados e cabras montesas, com seus enormes chifres curvados. É incrível como já não temem mesmo carros e turistas com suas máquinas fotográficas. Bom para nós!
vida selvagem, visão comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Faltava ver o nosso maior prêmio, o bisão, o enorme animal que existia aos milhões até a metade do século XIX, mas que quase chegou a ser extinto pela estupidez do homem branco, que os matava por puro prazer. Essas gigantescas bestas, uma versão cabeluda do nosso gado de fazendas, com um aspecto mais selvagem, foi o grande sobrevivente da chamada megafauna, que se extinguiu misteriosamente ao final da última era glacial, há 12 mil anos. Bisões eram contemporâneos dos mamutes e mastodontes. Darwinisticamente falando, foram mais “adaptáveis” que seus amigos colegas de pradaria...
Espécie de cabra montanhesa comum no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Pois é, mesmo eles quase não resistiram ao homem branco. Mas, felizmente, à beira da extinção, o bom senso prevaleceu e eles passaram a ser protegidos. Principalmente nas áreas de parques nacionais. E aqui em Badlands é um dos lugares que hoje passeiam sem ser molestados.
Pequeno veado no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Não conseguimos vê-los ontem, mas hoje voltamos ao parque decididos a encontrá-los. Para isso, pegamos uma estrada de terra secundária e nos embrenhamos no coração das pradarias. A emoção bateu quando vimos o primeiro grupo deles, mas muito longe para ser devidamente fotografados. Um monte de pequenas manchas escuras pastando tranquilamente em uma ravina distante.
Bisão solitário no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Pouco depois, encontramos outro grupo, agora bem grande. Mas a emoção ainda não foi aquela, pois estavam atrás de uma cerca, o que, de certa forma, tira o aspecto selvagem do animal. De qualquer maneira, aí podemos fazer muitas fotos, observá-los de perto e realizar a força desses enormes animais.
O primeiro bisão a gente nunca esquece! (Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos)
Continuamos a nos embrenhar no parque quando, finalmente, vimos um bisão solitário, livre, leve e solto, sem cercas ou grades por perto, senhor absoluto da área em que estava. Aí sim, sentimo-nos felizardos de estar em meio à natureza. Foi quando bateu mais forte aquele sentimento de que o mundo não é nosso, mas compartilhado ente as milhares de espécies que vivem na Terra, nenhuma mais importante do que as outras.
Encontro com bisões no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Aí ficamos um bom quarto de hora, observando, fotografando, tentando nos aproximar, com o devido cuidado. Foi muito joia! O primeiro bisão, a gente nunca esquece, criatura magnífica! Encerrávamos com chave de ouro nossa visita ao parque de Badlands. Agora, rumo às Black Hills...
Tentando socializar com um bisão no Badlands National Park, em South Dakota, nos Estados Unidos
Início de flutuação no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Já tínhamos feito dois dos mais incríveis programas de Bonito, o Abismo de Anhumas e a Lagoa Misteriosa, mas isso era apenas uma pequena amostra entre tantas coisas para se ver e fazer na cidade e cercanias. Desde a década de 80, quando o turismo começou a se desenvolver na cidade, Bonito se transformou em um dos principais polos de turismo ecológico no país e, certamente, o mais organizado entre eles. São dezenas de opções entre cavernas, cachoeiras, rios e lagos de águas transparentes ou uma combinação de tudo isso junto e ao mesmo tempo!
Já de coletes, esperando a hora da flutuação no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
O turismo na região começou com a Gruta Azul, já há muitas décadas, mas foi só na década de 80 que outras atrações começaram a ser “descobertas” e exploradas. Naquela época, aqueles que por aqui se aventuravam ainda tinham o prazer de chegar a lugares maravilhosos e vazios, caminhar por rios a procura de novas cachoeiras ou entrar em fazendas onde se dizia haver rios de águas cristalinas ou grutas inexploradas. Mas a notícia desse lugar paradisíaco foi se espalhando pelo Brasil afora, de boca em boca e, logo depois, já eram dezenas de turistas que chegavam por aqui.
Alguns turistas aprendem na piscina como fazer flutuação, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Empreendedores locais e outros que vieram para se estabelecer logo perceberam a mina de ouro que tinham em mãos. Enquanto as belezas de Bonito eram propagandeadas a quatro ventos, tratou-se também de se organizar o acesso às diversas atrações. Criou-se o Parque Nacional e as fazendas deixaram de permitir o acesso a pessoas que viessem de forma independente. Agora, só acompanhado de guias e, mais tarde, só através de agências. O número cada vez maior de visitantes pedia uma organização cada vez mais estrita e restrita. Afinal, o lago, a cachoeira ou a caverna não comportaria centenas de pessoas ao mesmo tempo. Limites e ordem tinham de ser impostos. Para o bem da natureza, para o bem do capitalismo e das finanças da cidade e para que todos tivessem sua chance. Investimentos foram feitos, uma infraestrutura foi criada para facilitar o acesso e as belezas foram “democratizadas”.
Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Muitos peixes no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Essa é minha terceira vez em Bonito. Estive aqui há dez anos e há vinte anos. A diferença do turismo salta aos olhos. Tanto no número de turistas e agências como no número de regras do que se pode e o que não se pode fazer. Para viajantes pretensamente mais “descolados”, o nível de aventura diminuiu quase a zero, mas para as pessoas “normais”, abriram-se as portas do paraíso. Eu cheguei aqui pela primeira vez já alguns anos depois da “descoberta”, quando o turismo e as regras começavam a se implantar e ainda tive chance de fazer algumas coisas sem guias e sossegado. Mas em 2000 já não havia como fugir das agências. Mesmo assim, ainda lembro de ter feito umas flutuações com tranquilidade.
Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Agora em 2013, mesmo já antecipando o que nos esperava, confesso que me surpreendi. As atrações mais populares (Gruta Azul e flutuações) recebem grupos de turistas em série, com horários pré-determinados. Muitas vezes, esses passeios devem ser reservados com dias ou até semanas de antecipação! Cada grupo tem um número máximo de pessoas e um tempo determinado para o passeio. Depois, tem de abrir espaço para o próximo grupo. As fazendas onde estão as atrações já oferecem o equipamento necessário e muitas vezes tornado obrigatório (como coletes para flutuação) e também almoços no estilo buffet. Tudo incluído já no voucher comprado na agência. As agências tem seus computadores interligados para saber se ainda há espaço nos grupos e horários. Parece até a Disney World...
Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Jogando-se no rio Baía Bonita, no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Enfim, a gente já tinha feito o que mais queríamos fazer e agora, partimos para as atrações mais populares. Conseguimos marcar o passeio da Gruta Azul para amanhã cedo e queríamos fazer a flutuação hoje de tarde. Tanto eu como a Ana já conhecíamos as flutuações mais famosas da cidade, no Rio da Prata e no Rio Sucuri e, na nossa modesta opinião, a melhor é a da Prata. Mas, decepção nossa, ela já estava lotadaça para hoje, apesar de estarmos tentando marcá-la já há alguns dias. Resolvemos, então, tentar uma terceira opção: flutuação no Aquário Natural e rio Baia Bonita.
Caminhada para a área de flutuação no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Assim, depois do mergulho na Lagoa Misteriosa, só pudemos observar as pessoas se equiparem para o Rio Da prata, que é no mesmo complexo. Seguimos de carro para o Aquário Natural e almoçamos ali mesmo (voucher comprado na agência). Depois, chegou a nossa guia e o resto do grupo. Ganhamos nossos coletes snorkel e fomos para a piscina, onde a guia ensinou como deve ser feita a flutuação. Felizmente, pudemos optar por só observar de longe... Em seguida, em fila indiana, caminhamos até o local onde se inicia a prática. Mais uma palestra sobre como se portar no rio e entramos todos nas águas transparentes do Baía Bonita. Aí, outra vez em fila indiana, fomos descendo o rio e observando os peixes que também nos observam, mais um grupo de turistas a cruzar seu habitat.
Grupo de catetos de alimenta em área do Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Como quase tudo em Bonito, foi muito bonito, é inegável. A gente fica com um pouco de saudade de algumas décadas atrás, quando os peixes daquele rio ainda não conheciam turistas. Mas, é forçoso reconhecer, para que todos possam ter esse prazer de flutuar num rio tão bonito, é preciso organizar as coisas. Assim foi feito. Perde-se em charme, ganha-se em segurança. É o tênue equilíbrio entre a civilização e a natureza, tentando coexistir em um mesmo lugar.
Uma capivara e uma anta dividem o mesmo espaço no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Ao final da flutuação, ainda tivemos a chance de nos divertir em uma pequena tirolesa que nos jogava em um lago ladeado de cachoeiras e depois, na trilha de volta, ainda passamos por um pequeno zoológico. Na verdade, os bichos estão soltos, mas eles sabem muito bem aonde lhes é colocado o alimento, para a alegria dos turistas que podem fotografá-los sem ter de se embrenhar na floresta. Fizemos então a nossa flutuação, programa OBRIGATÓRIO para quem visita Bonito, mas continuamos com a impressão que o Rio da Prata é a melhor opção. Desde que seja reservado com antecedência! E amanhã é a vez da Gruta Azul...
Anta se alimenta em área no Aquário Natural, em Bonito, no Mato Grosso do Sul
River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Em 1821, após mais de 10 anos de lutas, o México finalmente conseguiu sua independência da Espanha. Era, de longe, a maior nação do novo mundo, seu território se estendendo desde a América Central até a atual Califórnia, Novo México e Texas. Após um breve período monárquico, proclamou-se a república e o próximo passo era definir se o sistema seria centralista, como a maioria dos países europeus, ou federalista, como a jovem e promissora nação ao norte. Na primeira opção, o controle era firmemente exercido pelo governo central, na Cidade do México. Na segunda, os estados tinham mais poderes, vivendo em relativa independência.
Chegando ao Alamo, em San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Ao mesmo tempo, independente de ser colônia ou país livre, monarquia ou república, centralista ou federalista, o México vivia um problema grave na sua fronteira norte. A região era muito pouco povoada e os ferozes índios que habitavam mais ao norte viviam fazendo incursões no território, destruindo vilas, queimando fazendas e matando e escravizando aqueles que se aventuravam por lá. A solução encontrada para essa situação, ainda em tempos espanhóis, mas muito estimulada depois da independência, foi atrair novos colonizadores, com promessas de terras baratas e isenções de impostos. Os americanos, cujas próprias terras, agora, eram muito mais caras, logo responderam à chamada, migrando em elevado número para terras texanas. Na entrada, juravam lealdade ao novo país e prometiam adotar a nova cultura.
O Alamo, local da mais famosa batalha para a independênica do Texas, em San Antonio, no sul do estado, nos Estados Unidos
Os mexicanos imaginavam que, em uma só tacada, resolveriam os dois problemas: a terra seria povoada e os americanos serviriam de “buffer” contra os ataques de índios. Mas, como se diz por aí, o tiro saiu pela culatra. Os novos colonizadores, de maneira geral, se tornaram mais parceiros do que inimigos dos índios. Passaram a comercializar com eles, vendendo armas e comprando mulas e cavalos. E adivinha aonde os índios encontravam essas mercadorias? Exatamente nas pilhagens que passaram a fazer com mais frequência em território mexicano. Ao mesmo tempo, o número de anglo-saxônicos no Texas crescia perigosamente. Em algumas áreas, sobrepujavam o de mexicanos na relação de 10 por 1. O censo da época, no estado, contabilizava pouco mais de 40 mil americanos e apenas 7.500 mexicanos. Obviamente que essa situação começou a alarmar o governo central. Ainda mais que os novos habitantes teimavam em falar inglês e viver como viviam em seu país de origem. Um informe secreto da época diz que “esses novos habitantes andam sempre com o livro da constituição em seu bolso, muito cientes de seus direitos de cidadão. O problema é que esse livro é o da constituição americana, e não o da mexicana!”.
O pátio interno do Alamo, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
No México, governos federalistas e centralistas se alternavam, mas estavam todos preocupados em reverter a situação no Texas. Novos migrantes foram proibidos e leis mexicanas passaram a ser observadas com maior vigor. Entre elas, aquela que proibia a escravidão, o que “ofendia” sobremaneira os migrantes americanos, que exigiam o sagrado direito do indivíduo pela propriedade, inclusive a propriedade de escravos. A tensão só aumentava entre os dois lados.
O Alamo, local da mais famosa batalha para a independênica do Texas, em San Antonio, no sul do estado, nos Estados Unidos
Foi nesse momento que, já no final da década de 20, que voltou ao palco a Espanha! Quem diria, ela tentava recolonizar o México, com uma nova invasão. A consequência dessa nova guerra, vencida de lavada pelos mexicanos, foi a emergência de um novo herói, o general Santa Anna, o primeiro grande caudilho do continente e a consolidação de um regime centralista. Não demorou muito, e os estados e regiões periféricas começaram a se rebelar contra o despótico poder central, entre eles o Yucatan, no sul, e o Texas, no norte.
A bela River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Depois de massacrar exemplarmente os zacatecas, na região central, que também pediam por mais autonomia, Santa Anna voltou-se para o norte, decidido a resolver a questão texana de uma vez por todas. Promulgou uma lei denominando “pirata” todos os estrangeiros pertencentes a nações não beligerantes com o México e que fossem capturados em batalha dentro do país. A pena para isso? Morte por fuzilamento, sem dó nem piedade. Um recado claro às centenas de americanos vivendo no Texas. Não haveria “prisioneiros”. Em seguida, montou um exército e marchou para o norte.
A bela River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Na prática, os texanos já viviam em independência há alguns anos. Não voltariam atrás. O avanço rápido das forças principais mexicanas surpreendeu os americanos, que até então tinham vencido as batalhas contra pequenos destacamentos. Milhares de mexicanos comandados pessoalmente por Santa Anna tomaram a cidade de San Antonio e sitiaram o forte do Alamo, onde pouco mais de uma centena de americanos se entrincheirou. A batalha que se seguiu foi um morticínio. Os americanos, na esperança de que reforços chegariam, não se renderam, até o último homem. Os mexicanos, que queriam fazer dali um exemplo, não aceitariam rendições. A resistência foi mesmo heroica e já rendeu muitos livros, lendas e filmes, como o clássico de John Wayne. Todos os defensores foram mortos, numa luta que, ao final, já era corpo à corpo. Mas o estrago no exército mexicano também foi grande, com mais de 500 mortos e centenas de feridos. Com a exceção de poucas mulheres e crianças, os sobreviventes, já feridos, foram executados. Mais um recado claro de Santa Anna para os revoltosos.
O magnífico River Wak, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Mas a mensagem teve o efeito contrário ao desejado. Os americanos, cada vez mais armados pelos seus compatriotas do outro lado da fronteira, correram às fileiras do exército da nova nação, liderada por Houston. O exército de Santa Anna, que se julgava o “Napoleão do Oeste”, foi emboscado algumas semanas mais tarde, um pouco mais ao norte, e o caudilho foi capturado pelos revoltosos. Em uma batalha que durou menos de uma hora. Encarcerado, Santa Anna foi “convencido” a ordenar a retirada de seu exército das fronteiras texanas e a reconhecer a independência do novo país. Assinado os papéis, com o rabo entre as pernas, o Napoleão do oeste foi enviado de volta a seu país. Nascia uma Nova República. De homens livres, brancos e que falavam inglês. Na constituição promulgada, lá estava o direito de se ter escravos... Não tinha mocinho nessa história.
Turistas passeiam de barco pelo River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Na nova república, duas facções disputavam o poder e foram se alternando no comando. A primeira, defendia a expulsão de todos os índios do território e o avanço das fronteiras até a Califórnia. A segunda, defendia uma convivência pacífica com os índios e a anexação do Texas aos Estados Unidos. Na alternância de poder entre esses dois grupos, viveu a nova república por dez anos. Na capital, lá estavam embaixadores franceses e americanos, representantes do governo inglês e de outra dezena de países europeus. Apenas o México teimava em não reconhecer sua independência. Obviamente, nem Santa Anna reconhecia os papéis que tinha assinado. Ao longo desse período, por várias vezes mexicanos e texanos guerrearam outra vez, a cidade de San Antonio sendo tomada duas vezes e retomada em seguida.
Caminhando pelo charmoso River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Mas as guerras mais violentas foram contra os índios da nação comanche. Carnificina dos dois lados, com tramas cheias de traições e episódios sangrentos. Tantas guerras infrutíferas assim acabaram por enfraquecer a facção que defendia a expulsão dos índios. Além disso, para custear essas batalhas, o novo país acabou se endividando muito com o vizinho poderoso ao norte. Uma solução para quitar esses débitos seria a anexação. Quando essa opção se tornou clara, embaixadores ingleses e franceses se apressaram a pressionar e convencer o México em reconhecer a independência do Texas. Queriam impedir que os Estados Unidos engolissem mais esse território e se tornasse ainda mais poderoso. É engraçado imaginar um mundo em que Inglaterra, França e EUA ainda sejam rivais na política externa. Mas assim era, as potências europeias tentando impedir que a nova nação americana se tornasse um player mundial. Enfim, de nada adiantaram seus esforços, o Texas votou pela anexação. O México, obviamente, não ficou muito feliz com isso. Mal sabia que, alguns anos depois, liderado pelo mesmo Santa Anna, a figura mais detestada da história do país segundo pesquisa recente, o país perderia mais uma enorme parte de seu território para os mesmos americanos, na guerra entre os dois países. Mas isso é um assunto para outro post...
Caminhando pelo charmoso River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Hoje, aqui em San Antonio, eu e a Ana visitamos o forte do Alamo, uma antiga missaõ franciscana transformada em quartel e fortaleza. Símbolo máximo da República do Texas e exemplo de bravura estudado, até hoje, nas escolas americanas em todo o país. O grito “Remember the Alamo” ainda é repetido pelos americanos em batalha, onde quer que estejam, uma maneira de se imbuir com o mesmo espírito patriótico e de bravura daqueles valentes soldados que resistiram até o fim. A história está muito bem contada no museu da fortaleza e atrai milhares de turistas todos os dias.
Turistas passeiam de barco pelo River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Teatro ao ar livre na River Walk, arquibancada de um lado e o palco do outro lado do rio (em San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos)
Depois dessa visita história obrigatória, seguimos para o River Walk, uma agradável área da cidade que se desenvolveu ao longo de rios e canais, uma espécie de Veneza texana. É como se fosse um “andar de baixo” da cidade, passeios e calçadas ao lado da água, com muitos bares e restaurantes ao redor. O clima é super agradável e não algo artificial como a Disneylandia ou Las Vegas. Foi realmente uma surpresa para nós, que não estávamos esperando por isso. Encantador!
Distrito histórico de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Praça central de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Aí ficamos por algumas horas, tirando fotos, observando os turistas passando em barcos lotados, aproveitando a sombras das árvores e o frescor do rio. Comemos, nos regozijamos, celebramos a vida e brindamos à bela surpresa de San Antonio e, claro, ao Alamo. Difícil imaginar que um lugar que só inspira paz e diversão, hoje, possa ter sido palco de um episódio tão violento há pouco mais de um século. Mas a fortaleza está lá, para nos lembrar e inspirar: “Remember the Alamo”. Nós lembramos. Mas, felizmente, ao invés de um rifle, tínhamos um copo nas mãos.
Monumento no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos
Nossos mais novos amigos em Seattle, o David, a Corine e a filha Thalia (no estado de Washington, nos Estados Unidos)
Hoje, após nosso passeio pelo centro de Seattle e ao Gold Rush Museum, seguimos apressados a um dos pontos prediletos de turistas e habitantes locais na cidade: o Pike Public Market. Um verdadeiro universo em si mesmo, paraíso de fotógrafos e fãs de salmão, visita obrigatória para quem vem à Seattle, ele não poderia faltar em nosso programação. Mas nós chegamos com pouco tempo, aceleramos por seus corredores, tiramos um punhado de fotos e saímos correndo. Tudo porque tínhamos um compromisso no final da tarde, do outro lado da cidade. Mas voltaremos aqui, com mais calma, com o devido respeito que esse maravilhoso lugar merece. A Ana encontrou um show de um DJ que ela quer muito ver, no dia 31. Decidimos, então, sair de Seattle amanhã, para conhecer os parques nacionais do Mount Rainier e do vulcão Saint Helens e retornar no dia do show. O PriceLine já nos garantiu no mesmo hotel pelo mesmo bom preço e teremos nova chance de voltar ao Pike Market para fazê-lo justiça.
Pike Public Market, o famoso mercado de Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos
Quanto ao compromisso, a história dele começa há alguns dias, quando nos preparávamos para atravessar o North Cascades National Park, naquele dia em que pegamos muita neve na estrada. Pouco antes de entrarmos na zona montanhosa, paramos num posto de gasolina numa cidadezinha perdida do mundo, chamada Mazama. Até tivemos de sair da estrada principal e andar alguns quilômetros até chegar lá. Só fiz o desvio para não arriscar os próximos 100 km de estrada sem diesel e sem cidades. Um punhado de casas, um posto e nada mais. Pois é, não é que, enquanto abastecíamos, apareceu um cara falando em português, impressionado em ver a Fiona por ali (sempre ela!)!
Nossos mais novos amigos em Seattle, o David, a Corine e a filha Thalia (no estado de Washington, nos Estados Unidos)
Era o David, um americano que morou alguns anos no Brasil. Mora em Seattle e tem uma propriedade por lá. Mais interessante ainda, ele voltou do Brasil para cá em seu carro, uma Land Rover com o lindo nome de “Tudo Azul”. Junto com a esposa, que não estava ali, demoraram mais de dois anos nessa longa viagem. Enfim, já deu para perceber que rolou uma empatia total, né? Ele fez a sua viagem há cerca de dez anos e estava super interessado na nossa (e nós na dele, claro!). Contou que até hoje não conseguiu regularizar a pobre Tudo Azul aqui nos Estados Unidos. Estava, inclusive, trazendo ela para essa região perdida do mundo, com menos chance de ser pega por um policial mais encrenqueiro. Conversamos por um bom tempo, mas combinamos de nos reencontrar em Seattle, agora para conhecer sua esposa e companheira de aventuras, a Corine, e a jovem filha do casal, a Thalia, de quatro anos.
Nossos mais novos amigos em Seattle, o David, a Corine e a filha Thalia (no estado de Washington, nos Estados Unidos)
E hoje foi esse reencontro. Primeiro, num dos parques na costa norte da cidade, finalzinho da tarde. Se não estivesse chovendo, poderíamos ver as montanhas nevadas do outro lado da baía. De lá, seguimos para um restaurante de comida mexicana, lá da nossa saudosa Oaxaca. O restaurante acabou de ser premiado, saindo em diversos jornais. Por isso mesmo, estava bem concorrido. Mas nós chegamos cedo e pudemos desfrutar da boa comida, além da deliciosa companhia. Foram três horas de muita conversa, troca de experiências e boas risadas. Momentos que ajudaram a tornar muito mais humana essa nossa primeira visita à cidade. É sempre bom ter amigos locais e nós ganhamos três grandes amigos. Quer dizer, a Thalia ainda é pequenina, mas viva que nem ela só! Foi um enorme prazer ter compartido essa noite com os três!
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