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Leandro (20/05)
Quais os dias de visitação do parque? A partir de que horas até que ho...
Jeremias (13/05)
Estou atônito e encantado. Há muito tempo procurava saber onde seria a ...
ANDRE LUCIO CHAVES (07/05)
Parabenizo a vocês por essa tão importante viagem. Aliás, essa não po...
Tatiana Konrath Wolff (05/05)
Nossa, que nervoso essa foto da Ana embaixo da pedra! Muito legal!!...
maya (03/05)
Olá meus parabéns a vocês pelas mais belas paisagens que ja vi até ho...
Trabalhando no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, na escala entre o México e Jamaica
Às vezes, para quem acompanha este blog, parece que tudo sempre corre às mil maravilhas na nossa viagem e que só temos bons momentos. Bom, para falar a verdade, a porcentagem de “bons momentos” realmente é bem grande no nosso dia a dia, mas também temos as nossas dificuldades, problemas e angústias. Não falamos (ou escrevemos) muito sobre eles, mas que passamos por eles, passamos.
Hoje, por exemplo, foi fuego. Acordamos cedo para pegar o táxi para o aeroporto e um trânsito mais livre que o esperado nos permitiu chegar com bastante antecedência. Era isso o que eu queria, porque ainda iria passar na imigração para conversar sobre o problema do nome e sobrenome no visto mexicano e assim, quem sabe, não ter problemas na volta.
Foi quando começaram as agruras... No balcão da Aeromexico, não conseguiam achar nossos nomes na lista do voo. Eu tinha comprado as passagens já há umas duas semanas, por internet. Fuça daqui, pesquisa dali, descobrimos que o espertão tinha sim comprado as passagens, mas para o dia 26 de Fevereiro, daqui a um mês!!! Aí, começou a corrida para tentar mudar a data das passagens, já que o voo Mexico-Miami ainda tinha vagas. A perna Miami-Jamaica, só com a American...
Entre México e Jamaica, escala no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos
Exatamente por ser um voo compartido entre duas companhias aéreas, eu só poderia fazer a mudança de datas, dos dois trechos, com a American, no distante Terminal 1. E lá fomos nós, de ônibus, para lá. Enquanto a Ana ficou na longa fila da companhia, eu passei um bom tempo no telefone com a American. No fim, chegou a vez da Ana e foi mesmo no balcão que conseguimos resolver tudo. Pagando, é claro! A passagem que tinha saído bem baratinha, acabou ficando cara. Mas, fazer o quê?
O problema foi que acabamos voando com a American mesmo, para Miami, num voo uma hora mais cedo que o da Aeromexico. Assim, não precisamos voltar ao Terminal 2 mas, em compensação, perdi qualquer chance de falar com a imigração. Agora, isso vai ficar mesmo para a volta. Até o documento da importação temporária da Fiona eu estou levando, para mostrar à imigração na volta. Um argumento a mais para entrar, além do carimbo recente de que eu já entrei no país. Vai dar tudo certo...
Trabalhando no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, na escala entre o México e a Jamaica
Enfim, foi uma correria pelos corredores do aeroporto, mas chegamos em tempo para embarcar às 11 da manhã para Miami. Voo tranquilo e chegamos mais uma vez a esta cidade e aeroporto que já passamos tantas vezes nesses 1000dias. A última vez já faz quase 2 anos, em Maio de 2010, depois do primeiro tour caribenho e de volta ao Brasil para sair com a Fiona pelas estradas nacionais. Parece que foi ontem!
Passamos pela imigração americana sem problemas e nos preparamos para a longa espera até o voo para Montego Bay. Quase cinco horas de enrolações e embarcamos novamente. Miami, na próxima vez, já vai ser de Fiona!!! Ahn, aproveitamos esse tempo para comprar uma câmera nova, já que nossas queridas Nikon e Sony ficaram na manutenção na Cidade do México. Já estamos com saudades! Quem vai nos acompanhar este mês no Caribe é uma Lumix!
Era um pouco depois das nove da noite quando chegamos em Montego Bay, o principal destino turístico da Jamaica. Junto com amigos, sonhamos em comemorar aqui nossa formatura universitária, há quase 18 anos. Foi todo esse tempo que precisei esperar para que o sonho de conhecer a terra de Bob Marley se concretizasse! E, na verdade, precisei esperar um pouco mais. Na imigração, quando souberam que vínhamos do México, fomos imediatamente encaminhados para uma médica de plantão. Tudo por causa da gripe suína que voltou a matar em terras mexicanas. O problema era que a Ana estava com uma rinite fortíssima e ficamos na dúvida se a doutora gostaria disso... Bem, ela deu uma disfarçada na hora, passamos pela médica, pela imigração e estávamos de novo no Caribe!
Os infinitos corredores do aeroporto de Miami, nos Estados Unidos
Táxi para o hotel e lá, mais uma surpresa: desconheciam a nossa reserva, feita através do site hotel.info. A dificuldade era que não só eles estavam lotados, mas também todos os hotéis da cidade. Um festival de blues e jazz neste fim de semana trouxe milhares de pessoas à cidade. Depois de muito choro, conseguimos um quarto ali mesmo, com a promessa de pagar por ele caso não tivessem nenhuma informação do tal site até o dia seguinte.
Finalmente instalados, a rinite da Ana virou uma tremenda enxaqueca. Pelo menos, já tínhamos quarto e banheiro! E também a certeza de que o dia de amanhã será muito melhor que o de hoje e que a Jamaica sorrirá para nós, assim como todos os outros países anteriormente!
Manhã saudável no Rio Novo, no Jalapão - TO
Chegamos na escada que dá acesso à Prainha do Rio Novo nos últimos minutos de luz do dia. Aí, foi aquela corrida. Pegamos as coisas principais do acampamento no bagageiro do carro, como barraca, sleepings e fogareiro e descemos correndo para armar a nossa "casa". Barraca montada sob uma vasta lona que também serviria como nossa varanda, já no escuro da noite, começamos a dar falta de coisas como nossos isolantes, um pano, toalhas, etc... Tudo lá encima, na Fiona. A Ana já foi agilizando nosso jantar e eu subi, em busca desses "detalhes" que garantiriam nosso conforto pela noite.
Noite de acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Noite, aliás, bem escura, já que a lua ainda não tinha nascido e as nuvens cobriam os céus Descendo as escadas novamente, breu total e aquele barulho gostoso do rio e da mata a minha volta, a sensação era de estar no litoral. Afinal, lá embaixo tinha uma praia, e o barulho das corredeiras do rio Novo pareciam ondas do mar. Na mata à minha volta, macacos e aves disputam quem gritava mais alto. Mais natureza, impossível.
Noite de acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Enquanto jantávamos, as nuvens se foram e o céu se encheu de estrelas. Milhares delas! A temperatura estava super agradável, nem calor nem frio. O rio, logo ali na frente, era um convite mas, ao mesmo tempo, escuro como estava, era meio amedrontador. Resolvemos esperar pela lua para arriscar um banho. Como ela não nascia, aproveitamos para dormir um pouco...
Acampamento em noite de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Noite clara de lua cheia, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Acordamos com aquele forte clarão no nosso rosto. Parecia dia, mas era só a lua reinando no céu. Aí, não tínhamos mais desculpas; direto para o rio! Nossa, que delícia! Sensação total de comunhão com a natureza, nadar sob a lu do luar no Rio Novo, em pleno Jalapão, a dezenas de quilômetros de qualquer outra pessoa. Experiência inesquecível!
De manhã bem cedo, em acampamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
A vista da varanda da nossa barraca, na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
De banho tomado, voltamos para a barraca. Dormir em barraca com travesseiros é um luxo, hehehe. Mais luxo ainda é acordar com aquele cenário, aquela praia maravilhosa só para nós! E começamos o dia da forma mais saudável possível:banho de rio seguido de café da manhã à base de frutas! Em seguida, uma caminhada pela orla do rio, primeiro até uma praia vizinha, logo ali do lado e, depois, através das pedras, galhos e vegetação da orla, por uns 15 minutos, até conseguirmos vislumbrar uma outra praia, do outro lado de uma baía circular formada pelo rio.
Caminhando pela orla do Rio Novo, no Jalapão - TO
Nadando para praia no Rio Novo, no Jalapão - TO
Aí, ao invés de circunda a baía, simplesmente deixamos nossas coisas nas pedras e atravessamos a baía nadando, até essa terceira e imaculada praia, certamente muito pouco visitada, É a mais bela das très e forma um banco de areia submerso e raso que é uma delícia. Por aí ficamos por algum tempo até chegar a hora de voltar ao acampamento para desmontar a barraca. Foi a hora que as mutucas chegaram. Nada pode ser perfeito, não é? Sorte que esses bichos não primam muito pela agilidade e, com uma certa habilidade, eram duas mutucas mortas a cada tapa, hehehe.
Nadando na prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Estacionamento na Prainha do Rio Novo, no Jalapão - TO
Barraca desarmada e um último banho de rio de despedida e subimos com todo o material para a Fiona. Nas escadas, um último olhar para baixo, para aquela praia que nos deu momentos tão maravilhosos. Difícil partir, mas foi exatamente na hora certa. Afinal, foi entrar na Fiona e dirigir por trezentos metros que cruzamos com três carros de uma mesma companhia, abarrotados de turistas. Vinham da Cachoeira da Velha, para onde estávamos indo, para a Prainha. Parece que foi até combinado, hehehe!
Rio Novo, um pouco acima da Cachoeira da Velha, no Jalapão - TO
Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO
Assim, chegamos na Velha sem ninguém também. Uma belíssima cachoeira! Tinha estado lá uma vez antes, há onze anos, mas agora o acesso está bem facilitado, com uma plataforma de madeira que nos leva até lá. Ali, observando aquela força da natureza, a Ana não se conteve: " Mas, se o rio é novo, como é que a cachoeira pode ser velha?" Hehehe, fico imaginando quantas vezes a respeitável cachoeira já teve de ouvir este trocadilho infâme...
Cachoeira da Velha, no Rio Novo, no Jalapão - TO
Réplica do foguete Ariane V, no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa
A Guiana Francesa é uma terra de contrastes. Provavelmente, entre todas as terras da América do Sul, é a que menos mudou nos últimos séculos. A maioria da mata continua por aqui, alguns garimpeiros ilegais escondidos lá e cá, mas a mata ainda está lá. Mata, rios, animais, a natureza. A civilização chegou por aqui há mais de 300 anos, mas o clima úmido e quente, a mata quase impenetrável e principalmente as doenças mantiveram o homem branco e o progresso próximos ao litoral. Certamente, os rios serviram de "estradas" para o interior, mas foram muito poucos os lugares onde a civilização conseguiu se fixar. Um ano mais quente trazia mais doenças e a civilização era novamente expulsa. Hoje, em todo o país, são pouco mais de 200 mil pessoas. Menos que qualquer cidade média do Brasil. Em Cayenne, a capital, são pouco mais de 50 mil pessoas.
A Fiona encontra outro foguete, no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa
Pois bem, nesta mesma terra que parece parada no tempo, foi instalada a mais moderna e eficiente base de lançamento de foguetes do mundo. Mais da metade dos satélites lançados nos últimos 15 anos saíram daqui, da base espacial de Kourou, a segunda cidade mais importante do país.
Bandeiras dos países que participam da ESA, agência espacial européia (no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa)
Por estar localizada quase sobre a linha do Equador, a região favorece o lançamento de satélites, tornando essa "atividade" muito mais barata e eficiente energeticamente falando do que em lugares como a Flórida ou o Casaquistão, onde estão as principais bases americana e russa de lançamentos. Resumindo, no Equador a Terra gira mais rapidamente, o que dá um maior impulso aos foguetes. Sendo um território francês, foi aí que a Europa, unida, resolveu investir para não ficar para trás na corrida espacial.. O vazio populacional e a proximidade do mar também foram fatores relevantes.
Lançamento do Ariane V, no Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa
Hoje, são lançados daqui os foguetes Ariane V, o mais potente da Europa. Ainda este ano, em convênio com a Rússia, serão lançados também os foguetes Soyuz, os mais tradicionais na história da exploração espacial. Há três semanas atrás, a bordo de um Ariane V, foi lançado um módulo-cargueiro para a estacão espacial. Enfim, não é pouca coisa não!
Visitando o museu do Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa
Para lá fomos hoje. Kourou fica a 60 km de Cayenne, estrada simples e de pouco movimento. Infelizmente, todos os hotéis da cidade já estavam lotados, então tivemos de ir e voltar. Amanhã seguimos novamente para lá. Desta vez sem volta. Fomos diretamente para a base, onde participamos de um tour pela sala de comando de lançamentos, a Júpiter. Ali, assistimos filmes e uma palestra. Tudo em francês! A Ana ainda conseguiu um fone para tradução para o inglês de um dos filmes, enquanto eu desenferrujava meus parcos conhecimentos de 15 anos atrás. Como gosto do assunto, não foi difícil entender não.
A sala de comando do Centro Espacial em Kourou - Guiana Francesa
Voltamos para Cayenne com foguetes na cabeça para nos despedir da cidade. Amanhã, antes das sete da manhã, voltamos à Kourou. Desta vez, não para visitar o espaço, mas o mar, logo ali na frente. Ao invés de foguetes, um catamarã. No lugar de outros planetas, ilhas. Ilhas por onde passaram pessoas como Papillon e Alfred Dreyfuss, parte da minoria que sobreviveu aos rigores da mais infame prisão dos tempos modernos: a Ilha do Diabo.
Fim da caminhada, chegando em Moreré, na ilha de Boipeba - BA
Meu primeiro programa de hoje, antes mesmo do café, foi uma caminhada do hotel até a rodoviária. Fui em busca de um Banco 24 horas, mercadoria raríssima por onde temos passado. Nesses lugares pequenos é quase tudo em dinheiro ou cheque. Cheque, quase já não temos e dinheiro, só quando achamos banco. Tem sido uma difuculdade recorrente, aqui no litoral baiano.
Igreja em Valença - BA
A caminhada serviu para dar uma olhada em Valença, tão simpática antigamente. Esse porto fluvial vem ganhando fama de violenta. Para variar, consequência do crack que se espalhou pelo Brasil, infelizmente. Justiça seja feita, caminhamos ontem de noite por aqui, em busca de restaurantes e hoje também e não tivemos problema nenhum. Só ouvimos as histórias.
O porto de Valença - BA
Às 10 horas estávamos no movimentado porto onde se concentra o movimento da cidade. Fomos pegar nossa lancha rápida, depois de guardar a Fiona num dos estacionamentos formados para atender os turistas que vão à Boipeba e, principalmente, à Morro. Para Boipeba, o barco normal demora umas 3 horas. Melhor embarcar da pequena Cairu, mais ao sul. Mas como nós queremos passar por Morro também, pareceu mais inteligente já deixar o carro por aqui mesmo. Com a lancha rápida, são 50 minutos por entre os canais de mangue, mar com cara de rio. É preciso muita experiência e prática do piloto, principalmente na maré baixa, para "negociar" com os bancos de areia. Felizmente, estávamos em boas mãos...
Visual na viagem entre Valença e Boipeba - BA
Aproveitei para ler um pouco sobre Boipeba. Foi aí que surgiu o nome de Moreré, pequena vila no lado atlântico da Ilha de Boipeba. Fui lendo e as lembranças de 11 anos atrás foram avivando de algum lugar perdido lá do cérebro. Nossa... como foi que eu fui esquecer da inesquecível Moreré? Que pecado!!! Um pequeno paraíso, protegido da civilização pela dificuldade de se chegar lá e pelo desconhecimento da sua existência. Pronto! De repente, já tínhamos programa para os próximos dias! Eu sabia que tínhamos de ir para Boipeba (tanto que estávamos já a caminho), mas não tinha claro o que faríamos por lá. Que mané!
Lancha entre Valença e Boipeba - BA
Chegamos na já não tão pequena Velha Boipeba, "capital" da ilha, e seguimos direto para o "ponto do trator". No caminho, a pracinha do campo de futebol, que tinha reaparecido na minha memória, e muitas das mais de uma centena de pousadas que hoje existem na vila. Estava tudo bem vazio e tranquilo mas imagino e concluo que na temporada deve ferver. Não há carros na ilha e o transporte é feito à pé, com animais ou de trator, além de barco, claro. Mas o modo mais comum de ir de Velha Boipeba para Moreré é de trator, pelo caminho de areia fofa que corta a ilha.
Almoçando no Daniel, na ilha de Boipeba - BA
O problema é que, estando só nós por ali, o trator sairia muito caro. Quarenta reais para vencer os pouco mais de quatro quilômetros. Para caminhar, teoricamente nem é tão longe. O problema era o sol, a areia fofa e as duas mochilas de cada um. Já estava me rendendo ao trator quando a Ana animou a caminhar! Já que ela insiste... O dinheiro economizado serviu para um belo almoço no restaurante do Daniel, ali mesmo. O único porém foi que usei a pimenta achando que era o molho de salada e só descobri quando já tnha virado um tanto. Aí, foi uma luta ir até o fim, tentando diluir a pimenta com mais feijão, mais salada, mais feijão de novo, etc. Parecia um caminhoneiro!
Caminhando entre Boipeba e Moreré, na ilha de Boipeba - BA
Carregado de pimenta, partimos para enfrentar a caminhada. Devagarzinho e sempre, vencemos o sol, a areia e a ladeira e chegamos à maravilhosa Moreré, com sua meia dúzia de pousadas. Exatamente o que procurávamos!
Caminhando na praia de Bainema, próximo à Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
Aqui nos instalamos na pousada do Tony e da Suzane, um casal de ingleses que largou tudo na Inglaterra para comprar uma pousada no Moreré. Que coragem! O lugar é uma delícia, desses que dá vontade de ficar uma semana. Bem instalados, já saímos para pegar o fim de tarde na vizinha praia de Bainema. Apenas coqueiros, areia branca, um mar quente e verde, o sol se pondo atrás de nós, um único corredor solitário indo e voltando.
Sol entre coqueiros na praia de Bainema, próximo à Moreré, na Ilha de Boipeba - BA
É a inesquecível Moreré que eu tinha esquecido...
Campo de futebol alagado na maré cheia, na praia de Moreré, na ilha de Boipeba - BA
No Paso de Jama, fronteira entre Argentina e Chile, a 4.400 metros de altitude
Hoje era o dia de deixarmos a Argentina e entramos no Chile. Sem querer correr riscos, saímos cedinho de Susques em direção à fronteira, cem quilômetros à frente. Difícil mesmo foi enfrentar o frio. O termômetro da Fiona marcava seis graus negativos na hora da saída!
A linda paisagem do Paso de Jama, ntre Argentina e Chile
Para variar, a paisagem era magnífica. Cruzamos mais um salar, muitas montanhas e chegamos, finalmente, ao Paso de Jama. Ali vencemos as burocracias normais de saída de um país e entramos na fila. A fronteira entre os dois países está funcionando num esquema especial, devido ao excesso de neve no lado chileno. Só passa quem chega lá até às 10:30, hora em que a fronteira abre e os carros e caminhões que cumpriram o horário limite e as burocracias podem entar no Chile.
A Fiona enfrenta seu frio recorde, pouco antes de chegar ao Paso de Jama, fronteira entre Argentina e Chile
Aí, por uns 20 km, podemos dirigir, parar e fotografar ao nosso bel prazer. E paisagens impressionantes não faltam! Salares, lagoas congeladas, montanhas nevadas, vastidões inexploradas, tudo pedindo para ser fotografado e filmado.
No Paso de Jama, fronteira entre Argentina e Chile, a 4.400 metros de altitude
Aí, chegamos a um bloqueio dos carabineiros (a polícia daqui) chilenos. Neste ponto, todos os carros e caminhões que passaram a fronteira são reunidos e seguem em comboio por uns 40 km, guiados pelo carro da polícia. Em muitos pontos, a neve tomou conta da estrada e só meia pista está aberta. Em outros, só usando um desvio.
Nosso primeiro salar no Chile, a caminho de San Pedro de Atacama
Lindas lagoas na puna chilena, a caminho de San Pedro de Atacama
Ao nosso lado vão aparecendo antigos vulcões, uma visão que encanta qualquer brasileiro, já que não estamos acostumados com isso. Junta-se a isso a neve e o gelo e parece que estamos em outro planeta. Mas é apenas o Chile, país muito perto do Brasil!
Comboio para enfrentar a neve no lado chileno da fronteira
A estrada ainda ganha bastante altitude, chegando aos 4.750 metros, novo recorde da Fiona. Aliás, o segundo do dia, pois o termômetro chegou a marcar nove graus negativos! Quando finalmente começamos a abaixar o carro da polícia nos deixa passar e o comboio se dispersa. Lá embaixo, numa enorme planície, avistamos o deserto do Atacama pela primeira vez. Ele está uns 50 km à frente e 2 km abaixo. Mas a dimensão do deserto e das montanhas e a limpeza do ar nos engana e tudo parece muito mais perto.
Trator limpa a estrada entre o Paso de Jama e San Pedro de Atacama, no Chile
Os olhos não querem acreditar mas o relógio não mente. São quase 30 minutos de descida sem curvas, saindo dos 4.500 metros e chegando nos 2.500 metros de altitude do Atacama. Chegamos diretamente na cidade de San Pedro, onde finalmente é feita a aduana chilena. Nós e a Fiona somos legalizados no Chile, o vigésimo-segundo país desse nosso giro pelas Américas. Deixamos a nossa querida Argentina para trás, por onde ainda vamos viajar bastante nessa viagem, e chegamos ao Chile, país com atrações naturais que atrai turistas do mundo inteiro. Agora, temos de achar um hotel e começar logo nossas explorações por esse lugar mágico que é o Deserto do Atacama.
A primeira visão do deserto do Atacama, 2 mil metros abaixo de nós, no Chile
A bela praia de Punta Cana, no litoral da República Dominicana
No dia 4 pela manhã, após passarmos por uma rodoviária vagabunda em Santo Domingo (cada companhia tem a sua, na capital), tivemos três horas de boas estradas e viagem confortável com direito à filme na TV até o extremo leste da ilha de Hispaniola, onde está localizada a mundialmente famosa Punta Cana. Antes de seguir para o ponto final, no centro da cidade, o ônibus vai passando pelo aeroporto e pelos diversos resorts e all-inclusives despejando passageiros ávidos por uma temporada sem preocupações. Passamos pelos hotéis mais caros e exclusivos, com diárias que chegam a ultrapassar os 1.000 dólares, passamos por hotéis baratos que nada oferecem além do quarto, por preços que chegam a 30 dólares e chegamos, finalmente, ao nosso destino: o Bavaro Dominican Beach.
A praia em frente ao nosso hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Vida mansa em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
A linha de hotéis Bavaro talvez seja a maior de Punta Cana. Dos mais caros aos mais populares, como o nosso. Mas o Dominican Beach passou por uma renovação há poucos meses e nos foi bastante recomendado por um dominicano que trabalha por aqui e conhece todos os resorts. Basicamente, existe apenas uma longa praia nessa ponta da ilha e todos os hotéis estão voltadas para ela. Areias brancas, fileiras de coqueiros, águas calmas e azuis e, não fosse pelo movimento constante de barcos no mar e vendedores nas praias, aquele visual de praia ideal de comercial de TV. Essa praia, que também tem seus acessos públicos, é dividida por todos os resorts, não importa o quanto se está pagando no seu, dos mais caros aos mais baratos.
Vida mansa em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Olha só a cor do mar em Punta Cana, no litoral da República Dominicana!
Outro ponto em comum é que trabalham no sistema all-inclusive. Todas as refeições e algumas bebidas alcoólicas já estão incluídas na fatura inicial, além do acesso à estrutura de piscinas, quadras esportivas e outras amenidades. Essa é a grande vantagem de um all-inclusive: o cliente não terá um susto ao final, na hora de pagar a conta. Fica muito mais fácil controlar o orçamento, principalmente para quem viaja com família e filhos.
Piscina principal do nosso hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Aproveitando as piscinas do hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
O que diferencia esses hotéis é a qualidade da comida servida nas refeições, a variedade dos restaurantes, as marcas de bebidas alcoólicas servidas e, claro, o conforto dos quartos e da arquitetura em geral. O nosso, por exemplo, após a renovação, melhorou muito o nível das habitações. Ficamos em um quarto delicioso, cheio de janelas, ótima cama e banheiro. Em compensação, ficamos meio indignados pelo fato de termos de pagar para acessar a internet. Afinal, para quem já teve wifi de graça em hotéis vagabundos no meio da estrada, ter de pagar por ele em um all-inclusive (nem tão “all” assim...) é mesmo um absurdo.
Bar da piscina do hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Nosso bar predileto no hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Também ficamos felizes com a qualidade e quantidade de piscinas espalhadas pelo hotel, mas meio decepcionados com a dificuldade de acesso e qualidade das bebidas alcoólicas. Para começar, elas não estão presentes na geladeira do quarto, o que é bem comum em outros hotéis. Além disso, os bares das piscinas e da praia fecham às seis da tarde. A última opção é o bar que fica na longínqua recepção, bem longe dos centros de lazer (piscinas e praia). Pior ainda, quando se quer beber algo além da cerveja (cuja marca servida é a saborosa Presidente, um verdadeiro patrimônio do país), as marcas são todas desconhecidas, ou “talibans”, como define a Ana em seu jargão do mundo publicitário. Para quem não quiser arriscar, lá estão as marcas conhecidas também, mas por um preço extra e salgado.
Restaurante de buffet do hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Outro ponto de importante diferenciação entre os hotéis all-inclusive é a comida servida e a qualidade e quantidade de restaurantes. Geralmente, há um restaurante maior, que funciona no sistema de buffet para as três refeições, e vários outros restaurantes menores, com comida especializada, que funciona a la carte e com reserva. Nos hotéis mais caros, o acesso a esses restaurantes é bastante facilitado. No nosso, mesmo tentando fazer a reserva assim que chegamos, só conseguimos para a última noite e nem pudemos escolher entre os diversos restaurantes: só havia vaga em um deles, justamente o brasileiro. Para falar a verdade, acho que isso foi uma sorte, pois essa foi a maior decepção da temporada: esse jantar foi uma verdadeira bomba e teríamos estado muito melhor no restaurante de buffet mesmo. Aliás, esse aí não era nem bom nem ruim, mas dava bem para o gasto. Tudo, claro, depende das expectativas e ninguém pode esperar uma refeição gourmet em um buffet que serve centenas e centenas de refeições por dia.
Buffet do restaurante do hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Nossa rotina esses três dias foi de dormir muito bem e depois, dividir nosso tempo entre as piscinas, o mar e o conforto do quarto, onde tentávamos trabalhar. O café e o jantar eram no buffet (com a exceção já mencionada) e o almoço era alguma porcaria (pizza, sanduíches, etc...) ao lado da piscina. Quanto às bebidas, a Ana até arriscou alguns talibans enquanto eu fiquei na segura Presidente mesmo. Nossa dúvida era se respeitávamos a famosa regra Am/PM (bebida só depois do meio-dia!) ou a regra mais inteligente, ensinada por nossa amiga dinamarquesa lá em Galápagos, dos dois dígitos. A vantagem dessa última é que podíamos começar às 10 da manhã, hehehe. O bar preferido era o que ficava dentro da piscina principal e era também o que mais se animava, pouco antes do horário de fechamento, às seis da tarde.
Café da manhã no hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Foi aí que fizemos mais amigos, como dominicanos, americanos, porto-riquenhos, equatorianos, entre outros. Aliás, entre esses “outros” estavam um grupo de soldados brasileiros da Minustah, que vem para cá para se aliviar um pouco da tensão em que vivem na capital haitiana. Ao contrário dos soldados que conhecemos por lá, esses aqui trabalham na pequena base na Cite Soleil, a maior favela de Port-au-Prince. Eles nos contaram da barra pesada que enfrentam por lá e imagino como deve ser sair de lá por uns dias e cair aqui, num all-inclusive em Punta Cana. Mudança bem radical...
Praia em frente ao hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Mas a nossa maior amiga da temporada foi uma belíssima russa, que também conhecemos no bar da piscina. Os russos disputavam com os franceses o título de nacionalidade mais comum entre os hóspedes do nosso hotel, mas essa aí veio sozinha de Moscou. Mais interessante, ela não falava uma palavra de espanhol ou francês e seu inglês também era fraquíssimo. Como o nosso russo também não é lá essas coisas, a nossa comunicação era mais por mímica do que qualquer outra coisa. O Ipad e seu tradutor ajudavam bastante! Acabou rolando um empatia entre nós e ela até jantou conosco, mostrando suas fotos andando a cavalo na neve na periferia de Moscou.
Jardim do nosso hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Bem, fechados os bares da praia e da piscina, restava refugiar-se no lobby, onde rolava a maior social. Mais tarde, depois do jantar, em uma arena ao ar livre, algum show de 2ª categoria que não nos empolgava. O negócio era ir dormir para aproveitar a praia e as piscinas no dia seguinte.
A praia em frente ao nosso hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
Enfim, foram três dias de descanso em um ambiente que, definitivamente, não nos pertence e nem combina conosco. Mas queríamos conhecê-lo. Nada mais típico aqui nesse país do que um hotel desse em Punta Cana. Aliás, para minha surpresa, notei que os próprios dominicanos frequentam bastante também esses hotéis. No final de semana que aqui estivemos, a população local tinha o mesmo tamanho da estrangeira. Bem melhor que em Cuba, onde os pobres cubanos só entram como empregados e são proibidos de colocar o pé na praia. Enfim, para quem quiser ver uma praia bonita e não ter de pensar em nada, é uma boa opção. Mas, para quem quer um pouco mais de liberdade e aventura ou fugir de vendedores e passeios pasteurizados, Samaná não é longe daqui. Ou, para quem quer sim o conforto e segurança de um all-inclusive, mas gosta de beber um Johny Walker no fim de tarde, melhor pagar um pouco mais caro do que nós pagamos por aqui.
Aproveitando as piscinas do hotel em Punta Cana, no litoral da República Dominicana
A magnífica paisagem da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Saímos hoje de Santiago rumo a Mendoza, na Argentina. No caminho, uma parada importante: a famosa estação de esqui de Portillo, já bem perto da fronteira, a quase 3 mil metros de altitude nos Andes, sonho de muitos brasileiros e cidadãos de outros continentes, principalmente na temporada de inverno.
O hotel e a estação de esqui foram abertos ao público em 1949, a exatos 2.880 metros de altitude. Mas os teleféricos aí instalados levam os esquiadores bem mais alto, até os 3.300 metros. Daí, eles podem esquiar quase 800 metros para baixo, até os 2.550 metros, de onde um teleférico os leva de volta ao hotel ou ao alto da pista novamente.
Rumo ao Paso Cristo Redentor, sobre os Andes, entre Santiago (Chile) e Mendoza (Argentina)
O famoso hotel da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
A estação de Portillo ganhou fama internacional depois que foi sede de um campeonato mundial em 1966. Desde então, tornou-se um dos locais prediletos para treinos de diversas equipes de países do hemisfério norte, principalmente quando é verão por lá e inverno por aqui. Entre os fregueses costumeiros estão equipes dos Estados Unidos, Áustria e Itália.
Cadeirinhas desligadas na estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Agora, em plena primavera, a estação de esqui está fechada. Mesmo assim, parar por aqui é um colírio para os olhos. O hotel fica ao lado da Laguna del Inca, um lago alpino espremido entre várias montanhas cobertas de neve. É uma paisagem magnífica, um verdadeiro colírio para os olhos. Para quem se hospeda no hotel, pode até tomar banho de piscina aquecida no meio de todo esse visual. Para quem não é hóspede, a opção é comer no restaurante, que também tem suas janelas voltadas para esta paisagem deslumbrante. E se você não quiser ver as montanhas, pode ver os diversos quadros que adornam as paredes, mostrando todos os esquiadores famosos que já passaram por aqui.
A magnífica paisagem da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
A gente foi só conhecer o lugar, mas não comemos. Preferimos nos divertir com o enorme São Bernardo que recepciona os visitantes. Nesta época do ano, ele deve achar o movimento meio caído e fica fazendo cara de enfadado. Mas que é um cão que combina com aquela paisagem, isso ele é!
A magnífica paisagem da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Bom, depois da nossa parada em Portillo (o hotel fica na beira da estrada!), seguimos mais uns poucos quilômetros e passamos pela aduana chilena. Nem precisamos nos deter ali, pois toda a aduana e burocracia, chilena e argentina, é feita do lado de lá, dentro de um acordo entre os dois países. Seguimos adiante, subimos mais um pouco até que, aos 3.200 metros, chegamos à fronteira propriamente dita, o Paso Cristo Redentor, também conhecido como Paso Los Libertadores.
Piscina do hotel da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
A curiosidade é que essa fronteira está dentro de um túnel com cerca de 3 quilômetros de extensão. Entramos no Chile e saímos na Argentina, assim, num passe de mágica. Essa é a fronteira mais utilizada entre os dois países, sempre com muito tráfego pesado, caminhões e ônibus. Do lado chileno, temos de vencer uma verdadeira ladeira inclinada, muitas idas e voltas num ziguezague interminável. Na verdade, termina sim, são pouco mais de 30 voltas no tal caracol que serpenteia montanha acima. Já no lado argentino, a descida é bem mais suave.
Algumas das equipes de esqui internacionais que já se hospedaram e treinaram na estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Mas não foi sempre assim. O túnel foi inaugurado em 1980 e, antes dele, a estrada subia muito mais alto, até os 3.800 metros, com mais 65 voltas no ziguezague. Lá encima estava (e continua lá!) uma estátua do Cristo Redentor, com 7 metros de altura sobre um pedestal com outros 6 metros. Daí vem o nome dessa importante ligação entre os dois países.
A Ana com o cão São Bernardo que é o mascote da estação de esqui de Portillo, próximo ao Paso Cristo Redentor, entre Argentina e Chile
Foi por aí que passaram as tropas do general argentino San Martin em 1817, na campanha militar que liberou o Chile do jugo espanhol. Essa estrada foi solenemente inaugurada em 1904, uma celebração entre os dois países que, pouco tempo antes, quase chegaram à guerra por questões fronteiriças. Ao invés da guerra, veio e paz e, com ela, essa estrada por onde já transitaram milhões de pessoas entre os dois países vizinhos, Primeiro, lá por cima, ao lado da estátua. Mais tarde, pelo túnel, por onde passamos eu, a Ana e a Fiona hoje, de volta ao país dos hermanos que tanto amamos! Começa mais uma etapa dos nossos 1000dias!
Chegando à fronteira entre Chile e Argentina no Paso Cristo Redentor, na estrada que liga Santiago a Mendoza
Velejando na grande barreira de corais, em Belize
Sentados em um restaurante de frente à praia, com os pés na areia e curtindo o fim de tarde na pequena cidade de Hopkins, no sul de Belize, não demorou muito para conhecermos outras pessoas. Meninas garifunas que queriam nos vender algo, cidadãos locais para quem perguntávamos sobra a famosa batida de tambor do local e um solitário indivíduo de cabelos que começavam a embranquecer, pele curtida pelo sol e alta estatura que se divertia com seu cão. Era o Gaston, dono de um veleiro que estava “estacionado” ali na frente.
Amarras do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Detalhe do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Conversa vai, conversa vem, contamos a ele sobre nosso caminho pelas Américas, assim como ele nos contou sobre sua própria jornada. Ele trabalha como mergulhador durante alguns poucos meses por ano, em projetos no mundo inteiro. Trabalho altamente especializado, com poucas pessoas aptas para fazê-lo. Por isso, paga-se bem e ele pode se dar ao luxo de, em boa parte do ano, fazer o que mais gosta: viver em seu pequeno veleiro perambulando pelo litoral da América Central e Caribe. Não é uma vida luxuosa. Para isso, ele teria de trabalhar mais. Mas prefere a vida simples, sempre perto do mar, pescando a própria comida, casa apertada, mas com o maior e mais belo quintal do mundo, o oceano.
Vela içada na grande barreira de corais, em Belize
Chegando á ilhota na grande barreira de corais, em Belize
Ele também é amigo da Trisha, a dona da nossa pousada. Já de noite, foi visitá-la, enquanto a simpática e falante nova-iorquina preparava o jantar para sua clientela. Ali, continuamos nossas conversas. Ele nos ofereceu um passeio em seu veleiro até a grande barreira de corais, cerca de 25 quilômetros mar adentro. Ali, quase em frente à Hopkins, está uma pequena ilha, assentada justamente sobre a barreira de corais, chamada Tobacco Caye. Tão pequena que podemos dar a volta nela, caminhando, em uns 10 minutos. Alie estão três hotéis, entre o caro e o barato e uns cinquenta habitantes, além de uns poucos turistas felizardos. Pode-se chegar até lá de lancha também, saindo de Dangriga. Até cogitamos fazer isso também, mas foi o charme de poder velejar até lá, ao ritmo dos ventos, que mais nos apelou.
A sala de estar e refeições do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Nossa suíte no veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Então, nessa noite mesmo, nos decidimos: íamos com ele. Acertamos preço e condições. Duas noites no barco, três dias no veleiro. Além de Tobacco Caye, velejaríamos ao largo da barreira também, conhecendo outras ilhotas e fazendo snorkel sempre que possível. A saída seria no dia seguinte, logo depois de eu pegar dinheiro em Dangriga (não há bancos em Hopkinns) e da Ana e o Gaston comprarem comida em uma quitanda local.
Início da nossa velejada na grande barreira de corais, em Belize
Vida dura no veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Feito isso, eram pouco antes das 11 da manhã quando abordamos o The Rob (“A Foca”, em holandês), o veleiro até o qual já tínhamos nadado no dia anterior, para conhecer nossa nova “casa”. Com sua namorada, o Gaston já tinha feio isso outras vezes: receber um casal de clientes para uma temporada pelos mares. Depois de muitos anos nesse tipo de vida, a namorada sentiu falta da vida agitada e da terra firme. Atualmente, está na Europa, onde organiza festas eletrônicas. Em poucas semanas, o Gaston voará para lá, para matar as saudades.
Dias lindos a bordo de nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Chegando à Tobacco Caye, na grande barreira de corais, em Belize
O veleiro não é grande, pouco mais de 10 metros de comprimento. Na parte interna, a sala de refeições, uma cozinha e um quarto, que ele cedeu para nós. Do lado de fora, a “varanda” de comando e um deck com passagens apertadas, por entre amarras e velas dobradas. Espaço mais que suficiente para pendurar uma rede ou para se tomar sol admirando o mar azul, cor de piscina, a nossa volta.
Recolhendo âncora para zarpar, na grande barreira de corais, em Belize
A bordo do veleiro na grande barreira de corais, em Belize
O barco tem um pequeno motor, principalmente para quando o vento está muito preguiçoso. O Gaston o comprou na década de 90, na Europa, de onde o barco nunca havia saído. O The Rob vai fazer 100 anos muito em breve, um respeitável senhor construído no início do século XX por um famoso construtor de barcos holandês. Passou pela mão de uns 5 proprietários até que o Gaston o comprasse de um casal alemão. Não muito tempo depois, na companhia de um casal de amigos, fez a travessia oceânica, trazendo “a foca” para as ágas quentes do Caribe, de onde não mais saiu.
Um pequeno coqueiro na popa do Rob, nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Por aqui, ficou muito tempo no Panamá, navegando pelas paradisíacas ilhas de San Blás, de doces memórias para nós também. Também teve uma temporada em Honduras e agora por aqui, entre Belize e Guatemala. Isso sem falar de passagens mais rápidas pelo litoral da Venezuela e de algumas ilhas no sul do Caribe. Mas atualmente, sua casa é mesmo a grande barreira de corais de Belize, a não ser quando se aproxima um furacão, quando o gaston e toda a torcida do Corinthias levam seus barcos para as águas seguras de Rio Dulce, um rio na Guatemala considerado pela marinha americana como o local mais seguro para barcos no lado caribenho da América Central.
O Gaston mostra nosso jantar fresquinho, na grande barreira de corais, em Belize
Tudo isso fomos aprendendo nas interessantes conversas com o Gaston, ao longo desses três dias no mar. A melhor hora das conversas era durante as refeições, sempre preparadas por ele mesmo. Algumas vezes, até mesmo pescadas por ele. Por gosto e necessidade, ele ficou craque em pesca submarina e peixe fresco e gratuito é o item principal de sua dieta. Junte-se a isso sua classe em criar molhos e temperos, mistura da herança europeia e condimentos caribenhos e será fácil concluir que nós passamos bem nesses três dias, muito bem alimentados.
Hora do jantar no veleiro, na grande barreira de corais, em Belize
Na parte de bebidas, além de umas poucas cervejas geladas e de sadios sucos de laranja, caprichamos bem era nos rum punches, sabor aveludado com o uso de água de coco como um dos ingredientes. A Ana ficou especialista na sua confecção. Entre um mergulho e outro, entre uma ilha e outra, sempre tínhamos a nossa jarra pronta para saborear.
Uma velha loba do mar, na grande barreira de corais, em Belize
De resto, só posso dizer que foi uma experiência incrível, ver e sentir de perto como funciona um veleiro e como seria viver no mar. Na parte de dentro da barreira de corais, exceto em poucas situações, o mar é sempre tranquilo e nem a Ana teve problemas de enjoo. A gente observou o uso das velas, como se joga ou se recolhe uma âncora, a escolha do melhor lugar para “estacionar” e como dirigir o timão. Foram três dias que nos ajudarão e responder nossa eterna pergunta: poderíamos ou não passar alguns anos dentro de um barco desses, conhecendo aquelas partes do mundo em que a Fiona não pode nos levar?
A bordo do Rob, nossa casa nesses 3 dias velejando pela grande barreira de corais de Belize
É claro que só tivemos noções básicas e navegamos apenas por um mar tranquilo. Mas é preciso começar em algum lugar, certo? E nós começamos por aqui, na barreira de corais de Belize, a bordo do The Rob, “capitaneados” pelo nosso agora muito amigo Gaston, que nos levou com segurança e conforto por esses três dias inesquecíveis. Já de volta à Hopkins, a despedida foi calorosa, com uma pequena esperança de reencontro em poucos dias, na Guatemala. Mas, se não for por lá, será em algum outro lugar desse mundão, que não é tão grande assim... Meu caro Gaston, muito obrigado pela oportunidade e aprendizado!
Despedida do nosso capitão e amigo, o holandes Gaston, já em terra firme, em Hopkins, no litoral sul de Belize
Com a Val, em uma das escadarias da pirâmide de Cholula, no México
Ontem de noite, depois de deixar o Gera na rodoviária de Puebla, voltei ao mesmo hotel que tinha ficado duas noites antes, aqui na cidade. Lá era o ponto de reencontro com a Ana e a Val, depois de alguns dias de separação, eu na montanha e elas na capital do país. Lá cheguei e as meninas já me esperavam, muito bem instaladas. O Hotel Colonial é mesmo um charme e o nosso quarto dessa noite, ainda mais amplo do que o outro. Vontade de passar vários dias por ali, intercalando passeios em Puebla e região com noites muito bem dormidas. Infelizmente, não temos esse tempo. Nosso destino é a península do Yucatán, onde vamos passar a semana que ainda resta na companhia da Val, entre praias, pirâmides e muita história. Assim, o que nos restou foi um jantar delicioso na cidade, a melhor pizza que já comi no México, acompanhado de todas essas histórias dos últimos dias, eu falando da minha aventura nas alturas e elas dos passeios em Teotihuacán e Xochimilco. Bom, as minhas histórias, vocês já viram aqui no blog. As histórias da Ana, isso quem vai contar são elas...
Com a Val, visitando a igreja construída sobre uma antiga pirâmide, em Cholula, no México
Hoje cedo, então, começaria nossa longa viagem até o mundo maia, a uns bons mil quilômetros de distância de Puebla. Mas antes disso, resolvemos aproveitar que aqui estávamos e dar uma última e rápida “passeadinha” na região. Queríamos ver Cholula. Realmente, foi o último passeio, mas quem disse que foi rápido? Gostamos tanto que passamos várias horas por ali e nossa longa viagem de carro teve de esperar mais um dia.
Cholula, mais um Pueblo Mágico no México
Cholula também é um Pueblo Magico (não conseguimos resistir mais a essa classificação...), bem ao lado de Puebla, quase como se fosse um bairro. Mas, na verdade, a cidade é bem mais antiga que sua vizinha maior e vem dos tempos pré-colombianos, quando era um importante centro religioso. A cidade começou a ganhar importância por volta do ano 700 e foi contemporânea da gloriosa Teotihuacán, sua principal parceira comercial e cultural. Foi nessa época em que se começou a construir o templo que, com o passar dos séculos, se tornaria a maior construção em volume da história da humanidade. Estou falando da famosa Pirâmide de Cholula.
Cholula e suas dezenas de igrejas, mais um Pueblo Mágico no México
O tempo foi passando e civilizações foram ficando para trás, como a própria Teotihuacán, enquanto outros as substituíam, como Toltecas e Astecas. Enquanto isso, em Cholula, novos governantes ampliavam o seu templo, em forma piramidal, ou faziam uma totalmente nova, sobre a antiga, quase que engolindo a anterior. Desse modo, o que havia começado de maneira modesta, agora já era uma pirâmide com incríveis 430 metros de lado! Para se ter uma ideia, a grande pirâmide de Quéops, no Egito, tem duzentos metros a menos que isso. A altura dessa construção não era tão impressionante assim, com “apenas” 70 metros, metade de sua similar egípcia, mas o volume resultante é simplesmente fabuloso, superando de longe os “rivais” maias, chineses (eles também tinham pirâmides!), astecas e mesmo os egípcios.
Tecidos a venda em Cholula, no México
Em finais do séc. XIII a cidade foi conquistada pelos guerreiros toltecas. A pirâmide parou de crescer, finalmente, já que os toltecas construíram um novo templo, mais apto a receber seus deuses sedentos de sangue. Mas a grande pirâmide de Cholula, assim como toda a cidade, continuou sendo um importante centro religioso e de peregrinação. Tanto é assim que, dois séculos mais tarde, agora já sob domínio asteca, era aqui que os governantes desse poderoso império vinham ser coroados, ou ungidos, pelos deuses.
Em Cholula,socializando com a Roberta, simpática vendedora ambulante (região central do México)
Chapolines, os famosos gafanhotos comestíveis mexicanos! )em Cholula, no México)
Nesse meio tempo de 200 anos, a grande pirâmide, deixada de lado, passou por uma grande transformação. A vegetação cresceu, escondendo-a sobre terra. A maior construção humana de todos os tempos disfarçou-se de montanha! Ou colina, pela sua altura. Era esse o seu estado quando chegaram por aqui os espanhóis liderados por Cortes.
Em Cholula, no México, experimentando chapolines (gafanhotos crocantes!)
A Roberta, vendedora de chapolines e outras iguarias em Cholula, no México
O mais famoso dos “conquistadores” encontrou em Cholula a segunda maior cidade do Novo Mundo, atrás apenas da capital imperial, Tenochtitlan. Eram cerca de 100 mil habitantes vivendo ao redor da gigantesca pirâmide-montanha e outras centenas de templos pagãos. Cortes foi muito bem recebido na cidade e ainda hoje não se sabe ao certo o que levou ao massacre, pelos espanhóis, de mais de 5 mil indígenas, incluindo aí boa parte dos nobres e sacerdotes de Cholula. Uma versão diz que Cortes se antecipou a uma traição dos índios que estaria por acontecer e outra diz que foi simplesmente um ato deliberado para espalhar o terror e o medo entre os habitantes do Novo Mundo e, principalmente, em seu vacilante imperador, Montezuma.
Francisco, nosso guia nos túneis da pirâmide de Cholula, no México
Bom, qualquer que tenha sido a razão, o massacre deixou a cidade aos seus pés. Cortes ordenou então a destruição de diversos templos e sua substituição por igrejas cristãs. Mas, um dos templos, ele sequer percebeu. Justo o maior deles. Tanto que a montanha foi deixada em paz. Setenta anos mais tarde, já em tempos coloniais, foi construído uma igreja sobre aquela verdejante montanha quase no meio da cidade e, novamente, a pirâmide disfarçada tornou-se um centro de peregrinação, agora cristã.
Percorrendo os túneis da gigantesca pirâmide de Cholula, no México
Interior da pirâmide de Cholula, no México
Mas, mesmo depois de tantas igrejas, os espanhóis acharam por bem fundar uma nova cidade ali do lado, que veio a se tornar Puebla. Sua função era crescer e se sobrepor ao antigo centro religioso pagão, o que realmente aconteceu. Cholula permaneceu pequena e foi praticamente engolida pela vizinha. Mas o turismo trouxe a glória de volta e hoje, nós estávamos entre esses novos “peregrinos”.
A pirâmide que virou uma pequena montanha, em Cholula, no México
As ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México
Visitamos primeiro a igreja no topo da colina que, de longe, observamos com incredulidade: “Aquela montanha é uma pirâmide mesmo?”. Pois é, estava difícil acreditar. Lá encima, depois de apreciar a vista da cidade e do Popo e Izta ali do lado (Cholula fica quase aos pés desses vulcões, formando um visual fantástico!), a Ana e a Val pararam em frente a uma barraca onde uma simpática senhora vendia Chapolines, os famosos gafanhotos torrados mexicanos. Não poderia ser melhor o lugar para experimentar essas iguarias, as mesmas que foram servidas aos soldados de Cortes, quando foram bem recebidos na cidade (terá sido esse o motivo da ira espanhola?). De barriga cheia, estávamos prontos para ir ver a pirâmide sob os nossos pés.
As ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México
Percorrendo as ruínas da antiga pirâmide de Cholula, no México
Uma série de túneis foi escavada por arqueólogos pelo interior dessa construção monumental. Quilômetros de passagens, dos quais percorremos apenas algumas centenas de metros, não deixam dúvida que aquela montanha é mesmo feita pelo homem. O Francisco, nosso simpático guia, nos mostrou várias das etapas construtivas, uma pirâmide sobre a outra, cada uma com suas escadarias, portais e paredes. É mesmo incrível!
Com a Val, em uma das escadarias da pirâmide de Cholula, no México
Depois, de volta ao ar puro, ele nos mostrou as seções que já foram expostas novamente à luz do sol. Pátios, altares e escadarias. Um local que foi sagrado por quase 1.000 anos, atraindo milhões de peregrinos ao longo da história. É como visitar o Vaticano ou Meca depois que eles tivessem sido soterrados por meio milênio. Quase pode-se ouvir o burburinho das incontáveis pessoas que passaram por ali, principalmente no meio do pátio com sua acústica perfeita. O Francisco nos demonstrou como o barulho de uma palma ou de uma fala pode ser escutado à perfeição. Imagino como deve ter ecoado os gritos dos milhares massacrados por Cortes sob o fogo dos mosquetes espanhóis...
Praças e igrejas de Cholula, no México
Venda de roupas em Cholula, no México
Depois da pirâmide, fomos passear pelas simpáticas ruas da cidade. Muitas praças, igrejas e botecos. Isso porque Cholula vem se transformando em um centro estudantil, clientela certa para boa comida e cerveja gelada. A gente se refestelou em um deles, atacando pratos típicos pueblanos deliciosos, acompanhados de uma jarra de cerveja para contrabalançar os sabores mais picantes. O boteco estava cheio, estudantes fazendo festa, igualzinho seria em qualquer outro lugar parecido do mundo. Cidades históricas e vida estudantil são mesmo uma combinação perfeita!
Delicioso e movimentado boteco em Cholula, no México
Almoçando cordeiro em Cholula, no México
Desse modo, o que era para ter sido uma visita rápida se tornou uma deliciosa tarde de conhecimentos e culinária. A grande viagem teria mesmo de aguardar, mas foi por um ótimo motivo. Mas, em um esforço final, ainda resolvemos aproveitar as duas últimas horas de luz e as primeiras da noite para adiantar um pouco o roteiro de amanhã. No caminho, passamos ao lado do meu agora amigo Pico Orizaba. Foi a chance que a Ana e a Val tiveram de ver essa magnífica montanha de perto. Depois, ainda tivemos tempo de descer do planalto mexicano para a planície costeira, de 3 mil metros de altitude para quase o nível do mar. Deixamos o porto de Vera Cruz para trás com peso na consciência e chegamos a Acayuacan. Quatrocentos quilômetros a menos para viajar amanhã...
Na estrada, passando ao lado do Pico Orizaba, no México
Aproximando-se de mais um barco afundado no litoral sul de Bermuda
Dia de mergulho aqui em Bermuda. Em busca do misterioso mundo submarino que engoliu todos os barcos e aviões desaparecidos por aqui nos últimos séculos, se é que eles não foram parar em Marte ou em outra dimensão...
Nossa rota no segundo dia em Bermuda: táxi (de A à B), mergulho, ônibus (de B à C) e ferry de volta para casa
Tínhamos de ir ate Sommerset Bridge, na mesma direção da praia de ontem, mas bem mais adiante. Seria a mesma linha de ônibus, mas para chegar lá no horário, teríamos de madrugar. Então, acabamos apelando para um táxi mesmo, o que nos deu tempo para nosso café da manhã inglês no nosso Inn, além do conforto para levar nossa parafernália (equipamentos) de mergulho, como roupas e reguladores. Quando voltássemos do mergulho, aí sim enfrentaríamos o busão novamente, para seguirmos até a ponta da ilha, conhecida como Dockyards. Finalmente, de lá, pegaríamos o ferry de volta à Hamilton.
Posando para fotos no deck de navio afundado no litoral sul de Bermuda
O táxi nos deixou lá no horário, preenchemos a papelada habitual e logo já estávamos à bordo do barco com outros 10 mergulhadores, rumo à costa sul da ilha. Como não poderia deixar de ser, nosso alvo eram os naufrágios! Será que conseguiríamos desvendar o mistério do Triângulo das Bermudas?
Na cabine de comando de um barco afundado no litoral sul de Bermuda
Que nada! Para começar, os barcos que desapareceram, desapareceram mesmo, e não podem ser visitados num mergulho recreativo. Em segundo lugar, os naufrágios que visitaríamos eram, na verdade, barcos que foram afundados de propósito, para formar corais artificiais e atrair peixes, mergulhadores e turistas manés que acreditam em histórias da carochinha. Aliás, é o que dizem as pessoas daqui quando perguntamos sobre o Triângulo. Dizem que o último barco que sumiu por lá estava carregando a Branca de Neve em visita ao Papai Noel.
Aproximando-se de mais um barco afundado no litoral sul de Bermuda
Interior de barco afundado no litoral sul de Bermuda
Bom, mesmo com a lenda desacreditada, o mergulho é muito legal! Dois naufrágios separados por cerca de 80 metros de distância, numa profundidade perto dos 20 metros. A gente desce justamente encima do mais novo deles, com sua aparência fantasma no meio daquele mundo azulado. A maioria dos mergulhadores, vários de primeira viagem, fica só do lado de fora, mas eu e a Ana entramos e passamos por cada buraquinho no casco e na estrutura. A torre de comando é um ótimo lugar para tirar fotos, ampla e “arejada”, se é que é possível usar esse adjetivo embaixo d’água...
Explorando barco afundado no litoral sul de Bermuda
O estranho leito marinho no litoral sul de Bermuda
Para chegar ao segundo naufrágio é preciso nadar por um tempo ao lado dos corais de aparência extraterreste que abundam por aqui. Esses estranhos corais e mais o vulto do navio tombado que encontramos um pouco à frente, solitário e silencioso, são o cenário perfeito para nos lembrar que estamos em pleno “Triângulo das Bermudas”. Lá pudemos ficar por um bom tempo, apenas os dois (os outros não quiseram se aventurar tão longe...), explorando o outro barco e tentando captar um pouco da “energia perdida de Atlântida”...
Lap top na cabina de barco afundado no litoral sul de Bermuda. será que ainda funciona?
Mergulhando bem próximo à superfície e às ondas, no litoral sul de Bermuda
O segundo mergulho foi sobre um banco de corais que formava diversas tocas, cavernas, túneis, arcos e passagens. Um labirinto de corredores alegremente percorrido por nós, que seguíamos sem guia, fazendo nosso próprio caminho. De novo, não podíamos ver uma passagem mais apertada e lá íamos nós, tentar chegar ao outro lado. Com as ondas batendo logo acima de nós e muita luz do sol naquelas águas rasas, era um cenário ideal para fotos. Fotos e muita diversão.
Atravessando túnel de coral no litoral sul de Bermuda
Canyon de coral no litoral sul de Bermuda
E assim encerramos nossas explorações do mundo imaginário do tal triângulo. Era hora de voltar à superfície, à realidade e à marina de onde havíamos partido. Por falar em realidade, lá, a “dura realidade” era pegar um busão para seguir até Dockyards, na pontinha da ilha. Depois de alguns minutos de espera, lá veio o ônibus e nós entramos felizes e saltitantes com o valor exato da passagem (não tínhamos mais tokens!). Apenas para descobrir que não se pode pagar em notas. O problema era que dos 6 dólares da passagem, 5 eram em nota e não tínhamos mais moedas. Felizmente, a motorista se compadeceu de nós, devolveu nosso dinheiro e mandou que nos sentássemos. Acho que devem estar acostumados com turistas perdidos...
Felizes, voltando de mergulhos no litoral sul de Bermuda
Chegamos à Dockyards alguns quilômetros mais tarde. O lugar foi a maior fortificação inglesa na ilha, preocupados com a defesa da ilha frente a uma possível invasão americana. Quando os americanos conseguiram sua independência, os britânicos resolveram transformar Bermuda na sua principal base no Atlântico, um meio de vigiar e conter a emergente nação que acabava de nascer.
Dockyards, na ponta oeste de Bermuda
Navios-cruzeiro aportados em Dockyards, na ponta oeste de Bermuda
Noventa anos mais tarde, durante a Guerra Civil Americana, quem começou a frequentar a ilha foram os navios confederados que conseguiam furar o bloqueio das forças da União. Traziam as mercadorias (da Inglaterra, claro!) que seus compatriotas do sul tão desesperadamente precisavam.
Turistas nadam em praia artificial em Dockyards, na ponta oeste de Bermuda
Bom, apesar da fortaleza, ou talvez por causa dela, as ilhas nunca foram atacadas. Hoje, formam um complexo turístico meio sem alma para receber grandes navios-cruzeiro. Haviam dois, ancorados por ali. Nós passeamos um pouco, almoçamos numa deliciosa cervejaria local e passamos a tarde em uma pequena praia artificial, ao lado do antigo forte.
Final de tarde refrescante na praia artificial de Dockyards, na ponta oeste de Bermuda
Depois, bem no final do dia, voltamos de ferry para Hamilton, cortando caminho pelo meio da baía ao invés de dar a longa volta por terra. Mesmo preço, mas muito mais gostoso e interessante. A Ana, como sempre, rapidamente já tinha feito novas amigas, que além de se admirar com a nossa viagem, deram várias dicas sobre o que fazer e o que ver em Bermuda, de dia e de noite. Assim, já temos muito mais subsídios para nosso roteiro de amanhã, quando planejamos ter nossas próprias rodas. Pois é, pela primeira vez nessa viagem, finalmente, vamos sair de scooter por aí.
Novas amigas no ferry entre Dockyards e Hamilton, em Bermuda
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