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Já há algum tempo que definimos quais os lugares que queríamos visitar...
Como mostrei no post anterior, tínhamos todo o conforto para as horas de...
Quando voltamos do passeio à cavalo e retornamos ao hotel para dizer que...
Lurdes-Lajeado-RS (19/07)
vc até descreveu muito bem este lugar,mas só vendo e sentindo a beleza ...
Cleia (19/07)
ola...demorei mas voltei.. nossa trabalho foi arduo mas valeu a pena..na ...
Ale (19/07)
É um lugar maravilhoso! Eu estava lá no ano passado e eu realmente gost...
Luciana (18/07)
Estou fascinada por essa expedição... Vou acompanhá-los virtualmente e...
Érica (18/07)
Atualizações diárias por favor....... Fiquei fascinada com o projeto d...
Um belíssimo e verdejante bosque na trilha para o Glaciar do Rio Mosco, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Quem acompanha nossa viagem de perto sabe que, apesar de termos dirigido até o Alaska e a Terra do Fogo, o 1000dias é muito mais feito de pernas do que de rodas. Sim, foram mais de 160 mil quilômetros rodados até aqui, mas se toda essa quilometragem for distribuída ao longo da viagem, são cerca de 110 quilômetros por dia. Não é muito e há bastante gente que roda mais do que isso sem nunca sair de sua cidade ou estado, apenas na sua rotina diária de trabalho. Na média, isso significa, talvez, 1h 30min diários dentro da Fiona e o resto, fora dela! É onde os 1000dias realmente acontecem, conosco perambulando entre montanhas e florestas, praças e museus.
A cidade de Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, vista do alto do parque Cerro Santiago (sul do Chile)
Caminhando pela praça central de Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
Pois bem, digo isso porque os últimos 10 dias de nossa viagem foram bem atípicos nesse sentido. Desde nosso último dia cheio em Torres del Paine, exatamente na véspera de natal, que temos dirigido todos os dias. Fomos até a Terra do Fogo, cruzamos o sul da Argentina, entramos no Chile e chegamos à Carretera Austral sempre a bordo da nossa querida Fiona. Apenas em Punta Arenas e Ushuaia passamos mais de uma noite, mas mesmo nessas cidades, durante o dia cheio que nelas passamos, foi nosso carro que nos levou até o ponto extremo da América do Sul, na primeira, e ao Parque Nacional Tierra del Fuego, na segunda. Sim, caminhamos também, não só em Ushuaia como também no Bosque Petrificado ou nas passarelas de Caleta Tortel, mas a Fiona foi bastante usada todos esses dias. Enfim, uma correria, mas uma correria sobre rodas!
A charmosa e rústica arquitetuta de Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
Embalado por cerveja, trabalhando um pouco no computador em nosso albergue em Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
Então, merecidamente, vimos a chance aqui em Villa O’Higgins de quebrar um pouco esse ritmo. Esticar as pernas de verdade e dar um descanso à Fiona. Não poderíamos escolher melhor lugar, pois a cidade que fica no extremo sul da Carretera Austral está circundada por uma natureza exuberante e quase virgem. Bosques, geleiras, rios, lagos e montanhas formam o entorno dessa cidade perdida no meio da patagônia chilena e que se autodenomina “a porta de entrada do Campo de Gelo Sul”. Pois é, nós já estivemos em outras “portas de entrada” desse enorme campo gelado, como El Chaltén e El Calafate, ambos do lado argentino. Mas aqui desse lado da fronteira, é mesmo Villa O’Higgins a principal via de acesso ao segundo maior banco de gelo do planeta fora das regiões polares.
Nosso albergue em Villa O'Higgins, também muito frequentado por ciclistas que viajam pela Carretera Austral, no sul do Chile
Nosso albergue em Villa O'Higgins, também muito frequentado por ciclistas que viajam pela Carretera Austral, no sul do Chile
Nós chegamos aqui no dia 2 às 21:00 e ainda aproveitamos a luz de fim de tarde (viva o dia “esticado” da patagônia!) para dirigir até o fim da estrada, alguns quilômetros ao sul de Villa O’Higgins. Foi só depois disso que viemos para a pequena cidade de 600 habitantes para nos instalar no aconchegante El Mosco Hostel. É um misto de albergue e hostel, muito popular com os ciclistas que fazem a travessia daqui para a Argentina, ou vice-versa. Tem quartos coletivos e para casais e infraestrutura para cozinharmos as próprias refeições. Todo em madeira, é uma delícia!
Despedida da Fili, proprietária da nossa casa em Villa O'Higgins, o Hostel Rio Mosco (sul do Chile)
Despedida da Fili, proprietária da nossa casa em Villa O'Higgins, o Hostel Rio Mosco (sul do Chile)
A dona do hostel é a simpaticíssima Fili e conversamos bastante com ela nessa noite e na manhã seguinte. Foi ela que nos indicou o excelente “Entre Patagones”, um restaurante delicioso que jamais imaginei encontrar nesse verdadeiro fim de mundo (no bom sentido!). Aí nos refestelamos com comida e vinho chilenos, nós e muitos dos viajantes de passagem por aqui. Todos celebrando estar no lugar onde estamos. Mas, voltando a Fili, foi ela também que nos deu um panorama geral da questão da Hidroaysen, as hidrelétricas que querem construir na região. Muito ponderada, nos mostrou prós e contras tentando não influenciar nossa própria opinião. Uma ótima e agradável conversa, um dos pontos altos de nossa estadia por aqui.
Mirante no alto do parque Cerro Santiago, em Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
A caminho do Glaciar do rio Mosco, perto de Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
Foi também ela que nos orientou sobre os diversos trekkings existentes na região. Conforme já esperávamos, a caminhada até o Campo de Gelo Sul dura vários dias, tempo que infelizmente não dispomos. Vamos mesmo ter de voltar à patagônia algum dia só para conhecer essa que é uma das mais fascinantes e inexploradas regiões do mundo. Por outro lado, ela também deu várias dicas de caminhadas de apenas um dia pela região e foi assim que escolhemos o nosso trekking de hoje: uma trilha pelo vale do Rio Mosco até o glaciar onde nasce o rio. Certamente, não é uma trilha tão impressionante como o trekking até o Campo de Gelo, mas ainda sim mais belo do que a maioria das trilhas espalhadas pelo nosso continente.
Marcações na trilha para o Glaciar do rio Mosco, em Villa O'Higgins, no sul do Chile
Atravessando um bosque na trilha do Glaciar do rio Mosco, em Villa O'Higgins, no sul do Chile
Foi assim que, devidamente agasalhados e com sanduíches na mochila, saímos a caminhar hoje, primeiro pela própria cidade e depois subindo o vale do rio Mosco. O primeiro destino foi o Cerro Santiago, o parque municipal de Villa O’Higgins. Aí subimos um pequeno morro de onde temos belas vistas da cidade e ruas retas e ordenadas e construções baixas e de madeira. Era daí que partia a nossa trilha, devidamente sinalizada com tinta em árvores e pedras a cada 50 ou 100 metros.
Trecho aberto da trilha para o Glaciar do Rio Mosco, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Durante a caminhada para o Glaciar do Rio Mosco, uma visão do belo vale onde está Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
Durante a caminhada para o Glaciar do Rio Mosco, uma visão do belo vale onde está Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
Aqui ou ali, alguma bifurcação e a dúvida sobre por onde seguir. Principalmente no trecho inicial, ainda perto de fazendas e gado que cria suas próprias trilhas. Mas, aos poucos, fomos nos afastando da civilização e a trilha ficou bem clara ao cruzar bosques ou subir e descer encostas.
Na trilha para o Glaciar do Rio Mosco, um mirante para o vale onde está Villa O'Higgins, no sul do Chile
Retornando à cidade depois de fazermos a trilha para o Glaciar do Rio Mosco, região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Do ponto mais alto do caminho, tivemos uma belíssima visão do vale onde está Villa O’Higgins, desde a própria cidade até o lago onde chegamos ontem, ponto de término da Carretera Austral. Ao fundo, do outro lado do vale, as montanhas que escondem atrás de si o Campo de Gelo Sul. Um dia, chegamos lá... Já olhando para o outro lado, para a direção em que caminhávamos, as montanhas e o glaciar do Rio Mosco. Ele está longe de ser grande como os glaciares que nascem no Campo Sul, como o Viedma, o Grey ou o Perito Moreno, mas não deixa de ser uma visão impressionante, aquele rio de gelo pendurado entre as montanhas longínquas. Acho que brasileiros nunca vão se acostumar ou achar “normal” a visão de uma geleira. Mesmo nós que vimos tantas delas nesses últimos anos, no norte e no sul do nosso continente.
Um belíssimo e verdejante bosque na trilha para o Glaciar do Rio Mosco, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Um belíssimo e verdejante bosque na trilha para o Glaciar do Rio Mosco, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Dessa parte alta descemos para o vale criado pela própria geleira alguns milênios atrás, mas que hoje é percorrido apenas pelo rio de mesmo nome que nasce na sua linha de frente. A partir daí, entramos em bosques maravilhosos e por eles caminhamos durante horas, acompanhando as curvas do terreno e as curvas de nível. Muitos córregos e pequenas cascatas no caminho, mas o mais impressionante mesmo é o verde exuberante do bosque.
Encontrando o rio Mosco, na trilha que leva ao Glaciar do Rio Mosco, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
No meio do bosque, o refúgio Puesto Rivera, na trilha para o Glaciar do Rio Mosco, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Chegando ao refúgio Puesto Rivera, na trilha para o Glaciar do Rio Mosco, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Por fim, chegamos à uma pequena casa de madeira no meio da floresta. Era o refúgio Puesto Rivera, nome que homenageia um dos pioneiros da região e que também usava essa mesma trilha que caminhamos hoje muito tempo atrás. Era um dos caminhos que levava à terras argentinas, do outro lado das montanhas. O refúgio é bem simples e rústico, mas convidativo o suficiente para lancharmos lá dentro. Não sei como seria passar a noite por ali, certamente algo entre o aventureiro e o amedrontador, o clima meio parecido com a Bruxa de Blair, principalmente no meio daquele bosque e totalmente longe da civilização.
Interior do refúgio Puesto Rivera, com direito até a chaminé para fazzer uma fogueira, na trilha para o glaciar do rio Mosco, região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Lanche para recuperar as energias, no refúgio Puesto Rivera, na trilha para o Glaciar do Rio Mosco, região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Mas nossos planos nunca foram mesmo dormir ali. Continuamos um pouco mais adiante, até a beira do rio Mosco que agora corria ao nosso lado. Daí voltamos a ter uma vista mais ampla, o glaciar já bem mais perto de nós. Foi o ponto final da nossa trilha, já bastante satisfeitos com a esticada de pernas, com o ar puro ingerido, o contato com a natureza e a sensação total de liberdade. Hora de retornar.
O rio Mosco, na trilha que leva ao glaciar de mesmo nome, região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
O rio Mosco, que nasce no glaciar de mesmo nome, ao fundo, na região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Poucas horas mais tarde e chegávamos ao hostel. Além de uma cama mais confortável e de mais calor humano do que no refúgio no meio da floresta, ali tínhamos material para um nutritivo jantar. Muito macarrão, cerveja gelada e o sempre bom e barato vinho nacional, uma das grandes vantagens de se estar no Chile. Podíamos não estar tão isolados como se estivéssemos ainda no Puesto Rivera, mas, mesmo assim, ficar bebericando aquele vinho numa varanda nessa cidade perdida no meio da patagônia chilena entre ciclistas de todo o mundo foi mais do que o suficiente para saciar nossos “instintos selvagens”.
O Glaciar do Rio Mosco, região de Villa O'Higgins, no sul do Chile
Fim de tarde e de caminhada, hora de merecido lanche acompanhado de vinho e cerveja no nosso albergue em Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
A Fiona ganhou seu dia de descanso, assim como nossos corações e espíritos. Apenas quem se cansou foram as pernas, mas o motivo foi justo, hehehe. Amanhã, elas terão seu descanso, já que retomaremos a estrada. Dessa vez, rumo ao norte. Para nós, a Carretera Austral começa aqui e agora e seu final está a 1.250 km ao norte, lá na distante Puerto Montt. Será uma viagem e tanto...
Fim de tarde e de caminhada, hora de merecido lanche acompanhado de vinho e cerveja no nosso albergue em Villa O'Higgins, última cidade da Carretera Austral, no sul do Chile
Lanche na casa do Maurício e Oscar em Newark - Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Ontem no final do dia, depois de enfrentar a hora do rush na saída de Washington (quase todo mundo que trabalha lá mora nos estados vizinhos!) e cruzarmos o estado de Maryland e sua movimentada cidade portuária, Baltimore, chegamos ao Delaware. “Dela-onde?” – eu perguntaria – “Dela-ware!” – responderia a Ana, na piadinha mais repetida nos próximos dois dias...
O Oscar nos recebe em sua casa em Newark, no Delaware, nos Estados Unidos
Churrasco preparado pelo Maurício e o Oscar para nos receber em sua casa em Newark, no Delaware, nos Estados Unidos
Estava escuro quando a Fiona finalmente nos levou ao nosso endereço-destino, na cidade de Newark, norte do estado, onde fica a casa dos brasileiros Maurício e Oscar. Foram os dois os “responsáveis” para acharmos alguns dias na nossa corrida programação para ficarmos aqui no Delaware, o penúltimo menor estado dos Estados Unidos, logo após Rhode Island. Mas, agora, depois de mais de 24 horas por aqui, posso afirmar que valeu muito a pena ter vindo conhecer um pouco do “Dela-onde”! Principalmente quando se pode contar com a hospitalidade do dois e também ter o Oscar como guia para um passeio pelas redondezas!
Na Fiona com o Oscar, pelas estradas do Delaware - Estados Unidos
Conhecemos os dois há pouco tempo, de novo através dessa maravilhosa ferramenta chamada internet. Eles tem um delicioso blog de viagens, o mauoscar.com, contando suas peripécias pelos Estados Unidos, Brasil, Europa e Sudeste da Ásia, locais em que já moraram. O Maurício trabalha no HSBC e, de tempos em tempos, o banco “muda” o endereço deles. Melhor para nós, que podemos acompanhar tudo pelos relatos nos posts, uma excelente fonte de informações para quem vai viajar por Cingapura, Seattle ou Serra Catarinense, entre outros.
Bela paisagem na região de Newark, em Delaware - Estados Unidos
Pois bem, o Mauricio e o Oscar nos esperavam em sua casa, já meio preocupados com o atrasado da hora. Eles nos receberam com um saboroso churrasco, algo para nos fazer sentir mais perto do Brasil. Jantar acompanhado de vinho e muitas conversas sobre experiências de viagens, claro!
Área rural em Newark, em Delaware - Estados Unidos
Casa enfeitada para o Memorial day, na região de Newark, em Delaware - Estados Unidos
Hoje a programação já foi mais extensa. O Maurício ficou trabalhando em casa (está com uma fratura no pé) enquanto o Oscar, a bordo da Fiona, nos levou para passear pela região. Passamos por um parque, pela bela paisagem rural do norte do Delaware e fomos conhecer as “Pontes de Madison” daqui.
Uma das pontes cobertas históricas na região de Newark, no Delaware - Estados Unidos
Visitando as "Pontes de Madison", na região de Newark, em Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Para quem não conhece o delicioso filme, trata-se de um romance entre Mary Streep e Clinton Eastwood. Ele é fotógrafo da National Geographic e vai para Madison, em Iowa, fazer uma reportagem sobre as famosas pontes rurais da cidade. Pois bem, aqui no Delaware, também há “Pontes de Madison”! São construções de quase dois séculos cuja principal característica é o fato de serem cobertas. Geralmente, estão em locais bem bucólicos, cruzando algum rio o canal no meio do campo ou de uma floresta, cenários perfeitos para fotografias. Pena que não temos a classe do Clinton Eastwood... O Oscar logo nos ensinou porque elas são cobertas: “É para proteger a madeira do piso da chuva. Com isso, a ponte dura mais tempo.” Protegem, mas não fazem milagres por tantos séculos. Assim, hoje elas são restauradas, reformadas ou refeitas, tudo para manter esse belo patrimônio arquitetônico!
Visitando as "Pontes de Madison", na região de Newark, em Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
"Pontes de Madison" na região de Newark, em Delaware - Estados Unidos
Depois das pontes, seguimos para fronteira com a Pennsylvania, para o principal programa do dia: um passeio pelo parque de Longwood Gardens, o mais belo Jardim Botânico do país. E quem se juntou conosco nesse passeio foram as amigas Cláudia e Tete, que vieram de Washington para esse “encontro de blogueiros”. A Cláudia trouxe sua mãe, em visita ao país e, claro, o pequeno Dylan, o famoso Aprendiz de Viajante.
O grupo de blogueiros que visitou o Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Apesar do Oscar, já com um sentimento meio patriótico, dizer que o parque deveria ser considerado do Delaware, ele fica mesmo é na Pennsylvania. A área pertenceu por algumas gerações, a partir do início do séc XIX, à família Peirce. Eles usavam a área como fazenda, mas também destinaram uma boa parte da propriedade para um “arboreum”. Ao longo de duas gerações, constituíram uma das maiores coleções de árvores de todo o país, ganhando fama e visitantes de todos os lados. Mas, infelizmente, a geração seguinte não era assim, tão “talentosa”. Vendeu toda a área a o novo comprador tinha planos “ambiciosos” para o arboreum: transformar tudo em lenha.
Os cuidados jardins de Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Foi quando apareceu uma outra personagem, Pierre du Pont. Ele era um dos muitos netos e descendentes do primeiro du Pont à chegar aos Estados Unidos, fugido da Revolução Francesa. Aqui, criou uma bem sucedida empresa de fabricação de pólvora. Na terceira geração da família, Pierre logo se destacou, chegando ao comando da empresa, diversificando sua atuação e tornando-a uma das maiores corporações mundiais, especialmente na área química. Seu sucesso nos negócio era tão grande que também foi chamado a ser CEO da General Motors. Enfim, Pierre era um dos mais ricos e poderosos homens do seu tempo.
Uma das muitas fontes no Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
caminhando pelo Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Pois bem, além de homem de negócios, também era amante da natureza. Quando soube do triste fim reservado à fazenda Longwood, tratou de comprá-la do novo proprietário, além de pagar-lhe pelo preço da “lenha”. A propriedade passou a ser uma de suas maiores paixões ao longo da vida. Ele criou um Jardim Botânico, usou as maiores tecnologias da época para construir uma enorme estufa e abriu a propriedade para visitações.
Com a Tete e o Oscar no Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
fotografando flores no Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Foi o fruto desse trabalho e dessa paixão que fomos visitar hoje: o mais incrível Jardim Botânico dos Estados Unidos. A propriedade é cheia de campos, bosques, caminhos bucólicos, lagos e fontes. É famosa também pelos seus shows de luzes a águas, atraindo milhares de visitantes em dias de celebrações. Conforme as estações do ano, são feitas exposições de flores, os jardins são renovados e novas atrações são criadas.
Uma das muitas fontes em Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Mas para mim, sem dúvida, no meio de tanta coisa bonita, o que mais chama a atenção é a magnífica estufa, um verdadeiro universo sobre vidros onde se pode ver a apreciar flores dos quatro cantos do mundo. Trato dela no próximo post...
Clima romântico na entrada do Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Muito gostoso também foi a convivência com o Oscar, Cláudia e Tete. Era engraçado ver, todos com suas máquinas fotográficas, tirando fotos dos locais em que passávamos. Fiquei com uma vontade danada de ler os respectivos posts desse dia no blog de cada um desses blogueiros.
todos fotografando ao mesmo tempo, em visita ao Longwood Gardens, na Pennsylvania - Estados Unidos
Hora da despedida na casa do Marício e Oscar, em Newark - Delaware, nos Estados Unidos (foto do Oscar, do mauoscar.com)
Mostrando o mapa dos 1000dias ao Aprendiz de Viajante, em Newark, no Delaware - Estados Unidos
No final do dia, ainda deu tempo de irmos todos para a cada do Oscar, de volta à Delaware, reencontrar o Maurício e comer um lanche na casa deles. A Cláudia, sua mãe e Tete voltaram para Washington e nós fomos jantar fora. Um jantar de “até logo”, e não de despedidas, pois pretendemos nos ver em breve, em Philadelphia. Vamos passar um dia por lá, na primeira capital dos Estados Unidos, assim que voltamos do Caribe. E nossa ideia é encontrar nossos amigos de “Dela-onde” por lá!
Jantar de despedidas com o Maurício e Oscar, em Newark, no Delaware - Estados Unidos
Fazendo caiaque em Deception Island, na Antártida
Hoje pela manhã chegamos a uma das ilhas mais conhecidas da Antártida: Deception Island. Uma antiga caldeira vulcânica invadida pela água do mar após uma enorme erupção, a ilha foi inicialmente o paraíso dos caçadores de lobos marinhos, depois dos baleeiros, depois dos pesquisadores e hoje, dos milhares de turistas que a visitam anualmente. A razão para isso é muito simples: a antiga caldeira se transformou em uma enorme baía, quase um lago dentro de um anel de terra, ligado ao oceano por uma estreita e pitoresca passagem chamada Neptune’s Bellows. Essa baía é o melhor lugar da Antártida para um navio se proteger, a não ser nas raras ocasiões em que o vento sopra justamente no sentido da Neptune’s Bellows. Além disso, as atividades vulcânicas continuam (a última erupção foi em 1970) e água quente brota continuamente do solo na praia da baía conhecida como Whaler’s Bay. Ou seja, é possível tomar um banho de água quente em plena Antártida!
Os zodiacs cobertos de gelo e neve pouco antes de chegarmos à Deception Island, na Antártida
Caiaques congelados pouco antes de chegarmos à Deception Island, na Antártida
Foi este cenário incrível, quase mágico, o escolhido para nosso primeiro passeio de caiaque na Antártida. Depois de tantos dias sem remar, desde que partimos da Geórgia do Sul, o grupo estava ansiosíssimo para cair na água novamente. Ainda mais sabendo que, finalmente, estaríamos remando em águas antárticas. Um sonho prestes a se tornar realidade!
Os caiaques já estão prontos para nossa primeira sessão de remo na Antártica, aqui em Deception Island, uma antiga caldeira de vulcão
Os caiaques já estão prontos para nossa primeira sessão de remo na Antártica, aqui em Deception Island, uma antiga caldeira de vulcão
Mas, para isso, alguns passos ainda tinham de ser cumpridos. Para começar, hoje cedo os caiaques e zodiacs amanheceram cobertos de gelo e neve. Eles ficam estocados no convés na popa do navio e essa última noite fez muito frio. Nada de se estranhar, afinal estamos na Antártida. Bom, isso foi um trabalho para os bravos funcionários do Sea Spirit e, enquanto tomávamos nosso café da manhã, os botes e caiaques foram limpos e secos, prontos para nos receber.
Alegria do grupo rumo ao primeiro caiaque na Antártida! (em Deception Island)
Alegria do grupo para mais um caiaque, dessa vez em Deception Island, na Antártida
Depois, enquanto fomos nos arrumar e vestir toda a parafernália necessária para realizar essa atividade em águas tão geladas, os caiaques foram colocados na água e amarrados no zodiac que nos levaria até o ponto de embarque. Assim que ficamos prontos e saímos no convés, lá estavam nossos caiaques nos esperando, enfileirados atrás do zodiac sobre um mar prateado. Cena linda e inspiradora, as boas vindas de Deception Island para nós.
A bela paisagem de Neptune's Bellows, nome do estreito canal que dá acesso à baía de Deception Island, na Antártida
A bela paisagem de Neptune's Bellows, nome do estreito canal que dá acesso à baía de Deception Island, na Antártida
Animadíssimos, entramos no barco, a vontade de remar cada vez maior. Nada mais poderia nos impedir de fazer caiaque na Antártida. Será que não? A esta altura, o Sea Spirit já estava dentro da antiga caldeira, mar tranquilo e seguro, quase uma lagoa. Mas o nosso ponto de caiaque não era ali. O zodiac nos levaria novamente através da Neptune’s Bellows para que fôssemos remar ao lado dos enormes paredões que cercam esta estreita passagem.
Destroços de um antigo barco baleeiro em Deception Island, na Antártida
Enormes estalagtites de gelo nos paredões que circundam Neptune's Bellows, em Deception Island, na Antártida
O visual é mesmo magnífico, paredes de pedra com quase 100 metros de altura, cavernas cavadas na rocha pela ação milenar do oceano, geleiras penduradas nos penhascos chegando a formar enormes estalactites de gelo. Não poderia ser mais inspirador! O problema é que aqui o vento estava bem mais forte e o mar, agitado. Por mais devagar que o zodiac nos levasse, os caiaques estavam ficando inundados de água gelada. Por duas vezes, paramos e viramos os caiaques para tirar a água de dentro, mas ela teimava em voltar.
Por causa do mar revolto, os caiaques se enchem de água em Neptune's Bellows, em Deception Island, na Antártida
Tentando tirar a água do caiaque em Deception Island, na Antártida
Nós insistimos. O zodiac procurou algum lugar mais calmo e tranquilo entre aquelas grandes paredes, mas o mar estava muito agitado. Uma rápida reunião aconteceu e, acordado por todos, decidimos voltar. Do jeito que estava, com certeza alguém acabaria virando seu caiaque e, com a água perto do zero grau, essa não é uma boa perspectiva. Nosso primeiro caiaque na Antártida estava sendo cancelado... Tivemos a chance de ver aquela paisagem grandiosa de um ângulo que poucas pessoas tem a chance de ver, mas isso não compensava nossa decepção em voltar ao navio...
Puxando os caiaques de volta para a baía de Deception Island, na Antártida
Início do nosso caiaque na baía de Whaler's Bay, em Deception Island, na Antártida
Remando na grande baía de Deception Island, na Antártida, outrora a cratera de um vulcão!
Mas, eis que, ao passar novamente pela Neptune’s Bellows, o mar começou a se acalmar. A Val, nossa guia, olhou, pensou, confabulou com o guia que pilotava o zodiac e decidiu que ainda tínhamos uma chance. Iríamos fazer o caiaque na própria baía e de lá, remar até a praia. Foram as palavras mágicas para que todos voltássemos a sorrir.
Remando em Whaler's Bay, em Deception Island, na Antártida
Remando na grande baía de Deception Island, na Antártida, que um dia já foi a caldeira de um vulcão
E assim foi. Embarcamos em nossos caiaques em águas muito mais tranquilas, já longe das grandes paredes. Daí começamos a seguir a costa em direção á praia onde já desembarcavam os outros passageiros do Sea Spirit. No caminho, alguns pequenos icebergs e muitos patos nadando tranquilamente. Nas encostas geladas, pinguins nos observavam curiosos, perguntando-se de onde havíamos aparecido.
Remando na antiga cratera de um vulcão, hoje a baía de Deception Island, na Antártida
remando ao lado da praia em Deception Island, na Antártida
Para nós, remar em meio a um antigo vulcão em plena Antártida, a situação não poderia ser mais surreal. Estaríamos mesmo acordados? Os pingos de água gelada espirrados em nosso rosto eram um lembre que sim, aqui era mesmo real!
Remando na grande baía de Deception Island, na Antártida, outrora a cratera de um vulcão!
Um pinguim observa a Ana remar ao lado da praia de Deception Island, na Antártida
Cada vez mais perto da praia, logo nos chamou a atenção as ruínas de antigos prédios perto da praia. Em seguida, foi a estranha neblina na praia que atiçou nossa curiosidade. Em meio ao fog, alguns pinguins e guias nos esperando para o desembarque na areia. De onde viria toda aquela fumaça que chegava a tampar as pessoas? Era algo que não combinava com a paisagem gelada que nos cercava.
Do caiaque avistamos as ruínas de antiga estação baleeira em Deception Island, na Antártida
Na praia o vapor da água quente de origem vulcânica em Deception Island, na Antártida
Bom, não iria demorar muito tempo para descobrirmos. Já era hora de terminar essa nossa primeira sessão de caiaque e explorar um pouco essa ilha tão especial, dessa vez em terra firme. A gente se posiciona de forma perpendicular a praia e rema com toda a força em direção aos guias que nos esperam. Eles são aquela forma disforme e colorida no meio da fumaça e é para lá que vamos. As últimas remadas, já sentindo a areia no fundo do caiaque, são ajudas por braços que nos puxam. Chegamos em terra. Colocamos os caiaques um pouco mais para cima e passamos a observar com alma o estranho mundo que nos cerca. É tempo de explorar!
Nossos caiaques estacionados em meio ao vapor de água quente de origem vulcânica na praia de Deception Island, na Antártida
Após o caiaque, caminhando na praia em Deception Island, na Antártida
Deixando Santa catarina e voltando definitivamente ao Paraná. A última fronteira da expedição 1000dias
Hoje, dia 1º de Abril, dia da Mentira, atravessamos a última fronteira dos 1000dias. Pois é, parece mesmo mentira que está tudo acabando. Depois de 1.400 dias fora de casa, de dezenas de países percorridos de carro, de cruzarmos a América de ponta a ponta, de quase 180 mil km de estradas, caminhos e trilhas, estamos chegando ao ponto de partida. Curitiba é logo ali, a menos de uma hora de carro, quase já dá para ver a cidade, embora ainda vamos passar alguns dias aqui na planície litorânea do estado.
Despedida da tia Walkiria, que nos recebeu tão bem em Joinville, Santa Catarina
Despedida de Santa Catarina, de Joinville, da tia Wal e dos primos Luis Felipe e Vitoria. Rumo ao Paraná e ao fim dos 1000dias
Pois é, chegamos ao estado do Paraná. Essa foi a última fronteira a que me referi, Santa Catarina ficando para trás. Não é uma fronteira internacional, claro! Desse tipo, a última que cruzamos foi lá no Chuí, vindos do Uruguai e entrando no Rio Grande do Sul no dia 24 de Fevereiro, há exatos 36 dias (ver post aqui). Também foi um momento emocionante. De volta ao país, a última das mais de 120 fronteiras internacionais que passamos durante a viagem, 59 delas a bordo da nossa Fiona.
Nossa última fronteira nesses 1000dias, na viagem entre Joinville (SC) e Guaratuba (PR)
Voltando ao Paraná nos últimos dias de nossa volta pelas Américas
Mas hoje, dia da mentira, foi a vez de mais uma fronteira estadual. Depois de tantas fronteiras internacionais, uma fronteira estadual não parece grande coisa. Pode ser... Mas para um país com dimensões continentais como o Brasil, viagens interestaduais também têm o seu valor. Nossos estados são maiores do que a maioria dos outros países americanos que visitamos, principalmente as ilhas caribenhas e as pequenas nações da América Central. Estados como o Pará e a Amazonas só são menores, na nossa América do Sul, que a Argentina.
Divisa de estado entre Pernambuco e Alagoas, chegando em Maragogi
Divisa entre Pernambuco e Ceará, na Chapada do Araripe
Chegamos longe! Fronteira de Pernambuco e Piauí
Quando eu era pequeno e viajava de carro com a minha família, saíamos lá de Belo Horizonte e era preciso quase cinco longas horas de estrada para chegarmos ao estado vizinho, São Paulo, Rio ou Espírito Santo. Era uma verdadeira jornada! Passar por mais de dois estados na mesma viagem, então, era um feito! É claro que estou falando de viagens de carro e não de avião. Lá de cima, fica tudo pequenino mesmo, voamos sobre as fronteiras e nem as percebemos. O choque está só no aeroporto de chegada. Mas de carro, a cada vez que nos aproximamos de alguma fronteira e lá está a placa anunciando um novo estado, pelo menos para mim, sempre foi uma emoção.
Fronteira Minas-São Paulo em estrada de terra
Chegamos na divisa Bahia-Sergipe!
rio Guaju, na fronteira entre Rio Grande do Norte e Paraíba
A diferença com as fronteiras internacionais é que não há papelada e burocracia no caminho. Apenas uma placa para anunciar a novidade. É muito mais ágil. Além disso, claro, é a mesma língua falada dos dois lados da linha imaginária. Por isso, não resta dúvida, cruzar uma fronteira internacional de carro é muito mais marcante. Mas as fronteiras estaduais também são um importante ponto de referência e nos indicam, deixam claro, o quanto já andamos e o quanto estamos longe de casa.
Entrando no estado do Acre
Chegando á fronteira de Rondônia e Mato Grosso, o penúltimo estado que ainda não havíamos visitado
Depois de nos despedir de nossos queridos anfitriões em Joinville, a tia Wal e seus filhos Luís Felipe e Vitória, nós pegamos logo a estrada para o Paraná. Mas ao invés de seguirmos pela rodovia principal, a BR-376 que subiria e Serra do Mar e nos levaria diretamente a Curitiba, optamos pela pequena estrada de Garuva, que segue pelo litoral e nos leva para Guaratuba, o mais movimentado balneário paranaense. Menos de meia hora de strada e chegamos na temida fronteira, essa tal que está merecendo um post especial. Mas o post não é só para ela não. É também para as outras 74 fronteiras estaduais que passamos aqui no Brasil, lá do Acre e do Amapá até o Rio Grande, do Mato Grosso à Paraíba. Apesar de serem “apenas” 27 estados, nessas nossas idas e vindas, “vais e voltas”, ziguezague país afora, o número de fronteiras acabou sendo bem maior.
Chegando ao Maranhão!
Placa receptiva na fronteira do Espírito Santo
Com essa derradeira de hoje, foram 75, das quais, 71 com a Fiona. Quais foram as outras quatro? Bom, para quem não se lembra, logo no início da nossa viagem, na nossa primeira fronteira estadual dos 1000dias, nós nadamos entre o Paraná e São Paulo, mais especificamente entre a Barra do Ararapira e a Ilha do Cardoso, ida e volta (post aqui). Foi em 30 de Março de 2010, 4 anos atrás! A outra vez foi caminhando, entre o Espírito Santo e a Bahia, lá em Itaúnas, indo e voltando para Riacho Doce (post aqui). As outras todas foram com a Fiona mesmo, seja numa estrada, seja numa balsa.
Fronteira entre Maranhão e Pará. Estamos longe!
Chegando ao Rio Grande do Sul, nosso 23o estado nesta viagem
Chegando ao Mato Grosso do Sul, o último estado que nos faltava conhecer nesses 1000dias pela América e Brasil
As fotos desse post, com exceção das primeiras, são a nossa lembrança desses momentos especiais explorando todos os cantos e confins do nosso gigantesco e maravilhoso país. Rever essas fotos e ler essas placas nos faz viajar e nos emocionar novamente. Ainda mais agora que estamos tão pertos do fim...
Sorria, você está na Bahia! (fronteira de Itaúnas - ES com Bahia)
A hora da verdade! Polar plunge nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Antes mesmo de embarcarmos no Sea Spirit, quando ainda líamos sobre as atrações oferecidas nessa viagem, ficamos sabendo sobre um tal de “polar plunge”. A gente sempre brincava que iria dar um mergulho nos mares gelados do sul, mas não imaginava que, na verdade, isso fazia mesmo parte da programação. O que tinha começado apenas como uma brincadeira entre nós virou mesmo uma coisa muito séria, mais do que uma possibilidade, uma verdadeira obrigação que teríamos de cumprir ao final da viagem. Obrigação moral que nos impusemos, com muito prazer, claro!
O fotógrafo novaiorquino Brian foi o primeiro a encarar o "polar plunge" nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Pois é, “polar plunge” quer mesmo dizer “mergulho polar” e é uma atividade oferecida por muitos dos navios que viajam à Antártida. Algumas vezes é na praia, mas a maioria delas é em alguma baía tranquila, ao lado do Sea Spirit. Essa espécie de “batismo” é oferecida no final da viagem, pouco antes de zarparmos de volta à América do Sul. Obviamente, é uma atividade (ou loucura!) voluntária, prontamente adotada pelos mais corajosos e tolos. Nós entre eles, claro!
A plateia assiste e aplaude os valentes participantes do polar plunge nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Éramos 17 no total, praticamente toda a “ala jovem” dos passageiros além de uns senhores mais loucos, como nosso grande amigo Sail, da Holanda, o sexagenário de alma mais jovem do navio. Todos os outros passageiros do barco, aqueles com mais juízo, se aboletam no no deck de cima e ficam lá, incentivando, aplaudindo e fotografando. Os guias ficam conosco no deck de baixo e também em um bote em frente ao barco, para terem os melhores ângulos para fotografar. Também está lá o médico do barco, pronto para qualquer eventualidade. Com todas as letras, ele nos disse: “Vocês são loucos!”.
O canadense Doug também encarou o "polar plunge" nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
A temperatura da água é de 0 graus. Isso mesmo, ZERO graus. Ela é azul, transparente e muito gelada! Antes de entrarmos na água, uma pessoa de cada vez ou, para os pombinhos apaixonados, dois de cada vez, somos devidamente amarrados. Isso é para o caso de congelarmos ou termos algum ataque lá embaixo. Assim, fica mais fácil eles nos puxarem de volta ao barco. O médico tem com ele um desfibrilador, aparelho que ele jura nunca ter usado (ainda!) nessa atividade. Enfim, melhor estar preparado para tudo, não é?
A escocesa Rowan faz pose durante o mergulho gelado nas águas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
A Rowan se apressa em sair das águas geladas em Brown Bluff, na Antártida
E assim, tudo preparado, lá vamos nós! Quem abriu a contagem foi o Brian, um fotógrafo nova-iorquino que ficou muito amigo nosso também. Depois veio a simpática Rowan, uma escocesa que está viajando pela segunda vez à Antártida. Dentre nós, era a única “veterana” em polar plunge! Por isso, já pulou com estilo!
O cinegrafista Jeff entrou com estilo nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
O Jeff ainda teve forças de nadar um pouco nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Teve ainda o Jeff, diretor de cinema, que deu uma linda ponta e ainda algumas braçadas na água congelante. Mas nem todo mundo se dava tão bem assim. O nosso amigo Sail fez uma terrível careta ao entrar na água, devidamente captada e eternizada pelas câmeras.
O holandês Sail faz cara feia ao cair nas águas geladas em Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
O holandês Sail faz cara feia ao cair nas águas geladas em Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Mas quem mais chamou a atenção foi mesmo a sul-africana Kim, com um belíssimo salto acrobático e que, ao se levantar na água, para delírio geral de todos, mostrou os seios de propósito. É claro que fotos foram tiradas. E censuradas!
Com todo o estilo, a sulafricana kim salta para as águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
A Kim ainda consegue relaxar nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida
Entre os casais, nossos amigos companheiros de remadas no caiaque e também os simpáticos Lochi e Anne, ele australiano e ela alemã. Deram o beijinho da sorte bem estilosos, mas na hora de pular, foi cada um para um lado, numa cena bem menos glamorosa.
Clima de romance entre o australiano Lochi e a alemã Anne pouco antes do polar plunge do casal nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Sem muito estilo, Lochi e Anne caem nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
E por fim, chegou a nossa vez, os últimos da fila. Eu com a GolPro a postos e a Ana vestida de rosa. Será que ela achou que assim era mais quente? Demos também nosso beijinho e, naquela hora já não tinha mais volta, para água fomos os dois!
Um beijo de despedida antes do polar plunge do casal 1000dias nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
A sensação, como já haviam descrito para mim, é a de um milhão de agulhas entrando no seu corpo ao mesmo tempo. O nosso coração para, sem entender o que está acontecendo. Assim também ocorre com os sentidos, que entram em parafuso. Já não sabemos se aquilo é calor ou frio, só sabemos que dói. E dói bastante.
A hora da verdade! Polar plunge nas águas polares de Brown Bluff, na Antártida (foto de Vladimir Seliverstov)
Com a GolPro em mãos, caindo nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida
Quando me levantei da água, minha ágil esposa já estava na escada do navio, rápida como um foguete para voltar a bordo. Nunca tinha visto ela nadar tão rápido, hehehe. Eu ainda dei umas braçadas por lá, mas quando parei de sentir da perna para baixo, achei melhor voltar para o navio também. Mais alguns segundos e começaria a perder a coordenação. Fica fácil entender porque pulamos amarrados!
A Ana volta acelerada para o Sea Spirit enquanto o Rodrigo ainda filma e curte as águas geladas de Brown Bluff, na Antártida
A Ana já está de volta ao Sea Spirit enquanto o rodrigo ainda nada nas águas geladas de Brown Bluff, na Antártida
Depois do mergulho, vamos todos recobrar os sentidos e a razão na pequena piscina no deck superior do Sea Spirit. Piscina com água aquecida, claro! Aí, todos nós nos apertando lá dentro, felicidade pura flutuando sobre nós, fomos servidos com uma bela champanhe. Um brinde ao nosso batismo, ao nosso primeiro banho em águas antárticas, à coragem e à loucura. Um momento para nunca mais esquecermos, a cereja do bolo da nossa viagem à Antártida, a nossa tão esperada hora da verdade nessa viagem.
Prêmio merecido! Todos os valentes participantes do polar plunge dividem o espaço das águas aquecidas da piscina do Sea Spirit, em Brown Bluff, na Antártida
Vista do Pico do Papagaio no Vale do Matutu - MG
Céu azul em Curitiba, um ar meio frio, meio seco. Clima típico do alto de montanhas. Como bom mineiro, sempre as estou procurando no horizonte, seja em Curitiba, em Minas ou no Amazonas. São um ponto de referência, tanto na geografia como no espírito. Sem nada muito interessante para relatar sobre hoje, passo logo a elas, companheiras de viagens e de sonhos, tema da retrospectiva que tenho feito durante esses dias parados na cidade.
Acordando acima das nuvens!
Ana saindo da barraca durante o nascer-do-sol na Pedra da Mina em Passa Quatro - MG
Inspiração logo pela manhã...
Paisagem maravilhosa no alto da Pedra da Mina em Passa Quatro - MG
Além de nós, também as nuvens adoram as montanhas...
Pausa para admirar a bela paisagem, na descida do Pico do Itambé, na região de Capivari - MG
Enfrentando o frio e a chuva para chegar ao alto do Paraná
Neblina total no Pico Paraná - PR
Serra do Caparaó, em Minas. Lugar abençoado!
Vista das montanhas e nuvens do mirante da Cachoeira do Aurélio, na trilha capixaba de acesso ao Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó - MG/ES
A mais famosa das enormes rochas que brotam do solo no Espírito Santo
Gigantesco monolito em Pedra Azul, região de Domingos Martins - ES
O mais conhecido cenário da Chapada Diamantina, na Bahia
A Chapada Diamantina, vista do alto do Pai Inácio, próximo à Lençóis - BA
Medo de altura não combina com montanhas!
Equilibrando-se num dos mirantes do Cachoeirão, no Vale do Pati, na Chapada Diamantina - BA
Prontos para a escalada, na fronteira de Rio Grande do Norte e Paraíba
Em frente à Pedra do Lagarto com o Julio, nosso guia montanhista na região de Passa e Fica - RN
O Brasil não tem vulcões, mas o Caribe...
Como dois irmãos, o The Quill, em Sint Statius e o Liamuiga, em St. Kitts (Caribe)
Reverência natural, diante de tanta beleza...
Visitando as dunas do Jalapão - TO, com a Serra do Espírito Santo ao fundo
Porto Rico, com 4 milhões de habitantes, é a menor das quatro grandes ilhas que formam as Grandes Antilhas (Cuba, Jamaica, Hispaniola e P. Rico). Tem cerca de 130 km de leste a oeste e 40 km de norte a sul. Como é bem servido por estradas, pode-se atravessar o país em pouco mais de duas horas. A ilha foi colônia da Espanha por 400 anos, que teve de defendê-la de outras potências da época, como Holanda e Inglaterra . Mas... no finalzinho do séc XIX, acabou entrando em guerra com uma outra potência, emergente: EUA. Aí, se deu mal, perdeu várias de suas colônias para os americanos, inclusive Porto Rico.
Desde então, a terra do Tio Sam e Porto Rico vem mantendo uma relação meio estranha. Na teoria, a ilha é um "estado associado" aos EUA. Para muitos, isso é só um eufemismo para não dizer que é uma colônia. O fato é que os portorriquenhos não precisam de visto ou passaporte para ir aos EUA, mas ao mesmo tempo, não podem votar para presidente naquela nação. Tem acesso ao dinheiro americano, mas muitos dizem que eles tiram mais dinheiro daqui do que colocam. O comércio exterior e as relações internacionais são todas conduzidas por Washington, e os americanos mantém por aqui várias bases militares. Enfim, essa é uma matéria bem controversa por aqui. Tanto que há tês grandes partidos políticos em Porto Rico: um defende que a ilha se transforme oficialmente no 51o estado americano; outro defende a total independência; e o outro defende o status quo, de estado associado. É este último que está no poder, atualmente.
A língua natural, pelos 400 anos na mão dos espanhóis, é o castelhano. Mas quase todas as pessoas aqui também falam o inglês, um pouco mais ou um pouco menos, mas sempre com aquele sotaque característico latino.
Lembro-me, quando comecei a me interessar por geografia, mapas, nomes de países e capitais, de sempre confundir Porto Rico com Costa Rica. Ainda mais que os dois ficavam na América Central e tem nomes de capitais parecidos (San Juan e San Jose). Depois, quando passei a acompanhar e torcer pelo Brasil no basquete, esse sempre foi um país que complicava ao máximo a nossa vida. Não tinha jogo fácil! Que o digam Oscar e Marcel.
Agora, começo a entender um pouco mais desse país tão próximo e parecido conosco, mas tão pouco visitado pelos brasileiros...
Gigantesco monolito em Pedra Azul, região de Domingos Martins - ES
Depois da visita à Reserva dos Muriquis, pegamos a estrada em direção à Vitória, de volta ao Espírito Santo. No caminho, nosso intuito era conhecer o Parque Estadual da Pedra Azul, onde uma gigantesca pedra atrai os olhares e a curiosidade de todos os que passam na BR-262, que liga Belo Horizonte à Vitória.
A famosa e gigantesca pedra no parque estadual da Pedra Azul, em Domingos Martins - ES
O programa com os Muriquis demorou mais do que havíamos imaginado e acabamos almoçando em Ipanema mesmo. Aí, quando chegamos à Pedra Azul, já era mais de quatro da tarde. Mas de nada adiantaria ter chegado antes. O Parque Estadual está fechado para uma reforma do centro de visitantes e só se pode ir até a portaria. Isso é mais do que o suficiente para se admirar a gigantesca pedra, uma visão tão incrível que nossos olhos custam a acreditar que aquilo realmente existe.
Gigantesco monolito em Pedra Azul, região de Domingos Martins - ES
A sua face mais impressionante tem 500 metros de altura, uma big wall que deve ser o sonho de todos os alpinistas radicais. Da distância que olhamos, ela parece super lisa, nada fácil de ser escalada. Aliás, é isso que a distingue de tantas outras pedras gigantes que vemos por aí. Nessa região, então, existem às dezenas. Existe até um parque nacional no Espírito Santo em homenagem a elas, o P.N dos Pontões Capixabas. Mas nenhuma dessas pedras, pelo menos as que eu já vi, é tão bonita e chama tanto a atenção como a Pedra Azul. Parece que foi polida!
Gigantesco monolito em Pedra Azul, região de Domingos Martins - ES
Eu e a Ana tiramos muitas fotos, de vários ângulos e nos informamos sobre as caminhadas dentro do parque, quando ele está aberto. A mais interessante sobe até meia altura, por trás da Pedra Azul e chega à uma série de poços naturais. Pelo menos na época das chuvas, há água o bastante para um mergulho, para quem não teme água fria. Na seca, as tais piscinas naturais secam.
Não foi dessa vez que tivemos a chance de caminhar por lá. Para mim, que já tinha visto a Pedra Azul da estrada várias vezes, mas nunca tinha chegado tão perto, valeu muito a pena ter ido lá. As trilhas, ficam para a próxima.
Casa no pé da Pedra Azul, região de Domingos Martins - ES
De lá, seguimos até Domingos Martins para passar a noite. Esperávamos uma cidade bem charmosa, mas ficamos meio decepcionados. Na verdade, as pousadas mais estilosas estão lá perto da Pedra Azul e não na cidade. Acabamos ficando no tradicional Hotel Imperador, com quase 50 anos de idade. Dá para perceber que ele já teve seus momentos de glória. A gente não encontrou o charme que esperávamos, mas compramos um vinho bem gostoso e liquidamos com ele no quarto do hotel mesmo. Foi o bastante para que tudo ficasse mais aconchegante.
Formações rochosas no arenito de Vila Velha - Paraná
O tempo mudou hoje! Ainda está frio, mas o céu azul muda a cara de tudo. Continuamos andando com nossos afazeres pré-viagem por aqui, mas conseguimos tirar algumas horas para ir conhecer o Parque de Vila Velha, uma das principais atrações turísticas do Paraná. Fica no município de Ponta Grossa, a cerca de uma hora de carro daqui, em direção ao interior.
Placa explicativa do Parque de Vila Velha,no Paraná
Eu, tão viajador, já morando no Paraná há mais de sete anos, ainda não conhecia. Uma vergonha! A Ana já havia estado lá algumas vezes, mas já há bastante tempo. Quando eu cheguei no Paraná, em 2002, nos primeiros seis meses, viajava quase todos os finais de semana, para conhecer as praias, parques, cachoeiras e cidades históricas aqui perto. Mas este parque, naquela época, estava fechado. E assim ficou por dois anos. Quando reabriu, estava cheio de regras para visitação. Isso me deixou meio irritado e fui sempre adiando uma ida para lá.
Formações rochosas no arenito de Vila Velha - Paraná
Finalmente, hoje foi esse dia. O parque está muito bem estruturado. Aventura, absolutamente nenhuma. Mas não se pode reclamar dos visuais. Incríveis. É só dar 400 milhões de anos para a natureza e, com certeza, ela vai nos presentear com algo. Nesse caso, enormes torres de arenito, com formas variadas, fruto do trabalho de geleiras (pois é, geleiras por aqui!), água e muito vento. As torres formam labirintos, mas não se pode mais caminhar entre elas. Há uma trilha demarcada, de cimento, que devemos percorrer, sempre acompanhados de um monitor. É o preço que se paga pelo vandalismo anterior à reforma do parque quando, em poucos anos, as pessoas estavam destruindo o que a natureza havia feito com aquela paciência toda. As torres tinham sobrevivido aos dinossauros, mas não sobreviveriam a nós. Que beleza...
Garrafa de Coca-Cola, em Vila Velha - Paraná
O caminho de cimento nos leva à várias das formações. Além da mais famosa de todas, a "Taça", fiquei muito impressionado com outra, a "Garrafa de Coca-Cola". Incrível, a semelhança. Difícil acreditar que é natural. Bom, tirando as pichações que sobraram dos tempos dos vândalos e o tal caminho de cimento, tudo é natural sim. Algumas coisas com 400 milhões de anos (as torres) e outras com 10 anos (o mato nativo que cresceu novamente onde antes se caminhava). A Ana, que conheceu o parque quando havia mais liberdade de deslocamento, ficou meio decepcionada. Mas entende a necessidade de se controlar o acesso dos vândalos.
A Taça, símbolo do Parque de Vila Velha, no Paraná
Além das "torres", o parque também tem as "furnas". São fenômenos geológicos em que a água se infiltra pelo solo, cria grandes cavernas, o piso fica oco e acaba desabando sobre essa cavernas. Assim, são enormes buracos no solo, parcialmente preenchidos pela água. A mais bonita delas, Furnas I, tem mais de 100 metros de profundidade, 50 deles inundados, formando um lago de águas escuras lindo de se ver, lá de cima. O buraco, em formato circular, paredes quase verticais, deve ter uma diâmetro de uns 60 metros. Nadar, nem pensar, infelizmente. Primeiro, porque é proibido. Segundo, porque não há como chegar lá embaixo, exceto pulando. O elevador que lá existe está fechado há 10 anos. Por fim, a água é gelada. A monitora disse que estava a 8 graus. Fiquei meio desconfiado. Talvez não fosse assim, tão gelada, mas que é bem fria, isso dá para sentir lá de cima.
Visão da Furna I, em Vila Velha - Paraná
A vantagem que tivemos indo lá hoje, plena quinta-feira, dia de trabalho para pessoas normais, é que só havíamos nós. Nos dias mais cheios, chega a dar mil pessoas. Soma-se a isso o caminho de cimento e certamente eu estaria bem decepcionado. Mas, sendo a visita VIP, foi ótimo. Primeiro, poder esticar as pernas, sair da cidade e chegar perto da natureza novamente. E depois, estar num lugar tão distinto como Vila Velha. Valeu!
Lagoa Dourada, em Vila Velha - Paraná
Com a Lu Misura, depois de mais uma revisão internacional da Fiona, agora com 120 mil Km (em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos)
O Texas já foi um país autônomo, com reconhecimento e embaixadores de todos as grandes potências da época. Desgarrou-se do México em meados do século XIX, após uma guerra de libertação que incluiu a famosa batalha do Álamo. Ainda vou falar mais disso quando chegarmos à San Antonio, onde essa batalha aconteceu. Depois da independência, a guerra foi contra os índios da nação Comanche. Cheia de episódios sangrentos. Afundado em dívidas com os Estados Unidos, achou melhor ser incorporado a este país, o que lhe garantiria segurança e recursos. Mas vem dessa época turbulenta o amor pela liberdade, inclusive a liberdade de carregar suas próprias armas e pelos direitos do indivíduo contra um estado opressor (México) ou que não pudesse garantir sua própria segurança (contra os índios).
Um legítimo e suculento Bar-b-que americano, na Salt Lick, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Ao longo dos anos, transformou-se em uma potência agrária dentro dos Estados Unidos, enormes fazendas e ranchos preenchendo seu território. Mais tarde, já no século XX, foi a vez da exploração do petróleo se tornar a maior força econômica. Os mais velhos se lembrarão do famoso seriado do início da década de 80, “Dallas”, mostrando a vida da família Ewing, milionários do petróleo e grandes rancheiros do estado. O malvado JR, o principal protagonista, (o ator morreu recentemente), nada tinha a ver com o simpático astronauta dono da “Jeanne é um Gênio” (seriado dos anos 60). Enfim, o retrato de uma sociedade conservadora nos costumes e liberal economicamente.
Almoçando na Salt Lick, uma típica churrascaria à moda texana, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Imaginar-se-ia que a capital de um estado assim seria o principal exemplo dessa sociedade. Mas é exatamente ao contrário! Austin é uma ilha dentro do Texas, muito mais combinada com a California ou Oregon do que com o estado de que é capital. Os próprios texanos acham ela e quem lá mora bem “esquisitos”. A razão para isso vem do fato de que milhares de expatriados moram ali, gente de todos os Estados Unidos e também de outros países. A cidade é um enorme polo estudantil, com enormes universidades atraindo estudantes de todos os lados. Apenas a Universidade do Texas tem 50 mil estudantes em seu campus. Além disso, transformou-se também num polo de tecnologia e empresas como a IBM, Dell, Google e Facebook tem sua sede ou grandes escritórios na cidade. Todo esse universo criou uma cultura própria, distinta, bem diferente do resto do estado que a rodeia.
Um legítimo e suculento Bar-b-que americano, na Salt Lick, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Ao longo de nossa viagem pelos Estados Unidos, conhecendo e conversando com outras pessoas e viajantes, recebemos diversos conselhos para visitar a cidade. “Texas? Não deixem de ir à Austin!”. Então, não poderíamos deixar o país sem antes passar por aqui. O PriceLine nos colocou em um hotel bem central, pertinho dos locais da balada e ao lado do rio Colorado, que corta a cidade (não confundir com aquele outro rio Colorado, construtor de canyons!) e nós agendamos também uma concessionária para a Fiona poder fazer sua revisão dos 120 mil km. Chegamos no dia 9 de noite e nos preparamos para o longo dia que nos esperava.
O famoso molho para barbecue feito na própria salt Lick, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Quem nos esperava também era a simpática blogueira Lu Misura (http://luciana.misura.org/), uma brasileira radicada nos EUA há muito tempo, casada com americano e com dois lindos filhos. Eles já moraram nos estados de Washington e Michigan, mas cansados do frio, resolveram encontrar um lugar com clima mais amigável. Como os dois trabalham de casa, podem se dar ao luxo de escolher a cidade em que querem morar. Um dia, cansados definitivamente do frio, abriram um grande mapa do país e começaram a pensar nas possibilidades. O calor texano, as empresas de tecnologia e o fato de Austin figurar em todas as listas de melhores cidades para se morar os fez escolher viver aqui, algo de que não se arrependem. Desde então, o blog da Lu Misura passou a ser a melhor fonte de informações para quem quer saber mais da cidade, dos costumes à comida, da programação às atrações turísticas. Muito amiga e sócia da Claudia (AprendizdeViajante), desde que passamos lá em Washington que temos também um olho aqui em Austin.
Com a Lu Misura, visitando a Hamilton Pool, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Então, hoje bem cedo, já deixamos a Fiona na concessionária e, de volta ao nosso hotel, encontramos a nossa nova amiga e cicerone ideal para esta cidade. Para começarmos bem, fomos diretamente ao Salt Lick, um restaurante típico do Texas, uma espécie de churrascaria americana onde fazem o típico e suculento barbecue. Ali, nos refestelamos com a carne preaparada ao modo americano e com um molho especial produzido ali mesmo. Esquema parecido com o nosso, pagamos um valor e comemos tudo aquilo que pudermos. Um pecado!
A bela Hamilton Pool, uma piscina natural entre um grande rochedo, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
A conversa (e a comida) estava boa, mas tínhamos de seguir em frente. A Lu nos levou então à Hamilton Pool, uma das famosas piscinas naturais que se espalham por essa região do estado. Um lago pitoresco no meio de um enorme buraco na rocha, lugar ideal para um bom mergulho durante o calor do verão. Não era o caso agora e nós ficamos apenas do lado de fora, vendo a pequena cachoeira, observando a bela paisagem e a luz do sol refletida nas águas. Muito legal!
A Hamilton Pool, já no final da tarde, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Os deveres de mãe a chamavam de volta ao lar, mas ela ainda nos deixou na concessionária, onde pegamos a Fiona novinha em folha, pronta para os próximos 120 mil km. Quer dizer, quase. Ainda faltava comprar “calçados” novos para ela. Pneus são muito baratos aqui no Tio Sam e não poderíamos perder essa oportunidade, os nossos já vindo lá do Equador, prontos para serem aposentados. Seguimos para uma loja ali do lado e trocamos os pneus. Mas aí, veio a s surpresa. A loja (e nem a concessionária, para quem ligamos dali mesmo) não conseguiria fazer o alinhamento. Aqui, é tudo feito por computador e os softwares daqui não têm os parâmetros da Fiona, essa estranha camionete a díesel. Vamos ter de esperar para fazer isso no México, onde o alinhamento ainda é feito à moda antiga, no braço e no olho mesmo.
A bela Hamilton Pool, uma piscina natural entre um grande rochedo, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Por fim, de noite, saímos para conhecer a night da cidade. Rodamos por duas das áreas mais famosas e movimentadas, ouvimos boa música, conhecemos gente e resolvemos tentar uma terceira área, bem recomendada por esses novos conhecidos. Eis que, para a nossa surpresa, ela estava a poucos blocos do nosso hotel. Assim, deixamos a Fiona muito bem guardada e pudemos tomar aquelas cervejas à mais, coisa complicada quando temos de dirigir depois. Uma rua com dezenas de bares construídos em antigas residências, todas com grandes quintais que hoje atraem centenas de estudantes. Muito legal, mudar de bar em bar e ir sacando a “fauna” de cada um deles. É quando percebemos que, não importa o país, no fundo, somos todos bastante parecidos...
Fiona novinha em folha, depois da revisão dos 120 mil km em concessionária de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos
Amanhã, é dia de darmos uma olhada no centro da cidade, nos seus parques e na loja original da Whole Foods, a famosa cadeia de supermercados, da qual já viramos fãs, de comida orgânica e que nasceu aqui em Austin e hoje está presente em todo o pais. Falando em comida saudável, depois da churrascaria americana, amanhã é dia de irmos numa bem brasileira mesmo. Com direito a bufê de saladas e pão de queijo de entrada! Hmmm.... já estou até aguando...
Camiseta vendida em Austin, no Texas, nos Estados Unidos
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