0
Arquitetura Bichos cachoeira Caverna cidade Estrada história Lago Mergulho Montanha Parque Patagônia Praia trilha vulcão
Alaska Anguila Antártida Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Falkland Galápagos Geórgia Do Sul Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Islândia Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Uruguai Venezuela
Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Luz de fim de tarde em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
No ano de 2001, o governo mexicano, através da secretaria de turismo e outros órgãos federais e estaduais, resolveu criar um programa de incentivo ao turismo para mostrar ao mundo que o país não era apenas praias bonitas e caribenhas, tendo muito mais a oferecer. A ideia era valorizar e enaltecer cidades e vilas que oferecessem ao visitante “uma experiência mágica, em razão de suas belezas naturais, riquezas culturais e relevância histórica”. O nome do programa não poderia ter sido melhor escolhido: “Pueblos Mágicos”. As cidades admitidas no programa teriam de seguir certas exigências de atendimento ao turista e, em contrapartida, teriam acesso à fundos especiais.
A linda região de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Chegando à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Na nossa passagem anterior pelo México, no ano passado, conhecemos algumas delas, sempre muito charmosas. Por exemplo, San Cristobal de Las Casas, em Chiapas e Tequila, em Jalisco. E agora, por indicação do Gera, estávamos indo para a primeira delas, admitida no programa ainda em 2001, Real de Catorze. O Gera é um amigo do meu irmão que mora aqui na Cidade do México. Brasileiro, casado com uma mexicana e amante das montanhas. Meu irmão nos colocou em contato para que subamos o Pico Orizaba juntos e, já há alguns dias que trocamos e-mails e mensagens tentando organizar isso, a nossa programação para subir uma montanha que requer uma aclimatação à altitude. Aos poucos, estamos acertando tudo e logo vou falar disso.
O incrível túnel na rocha que dá acesso à Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Mas não agora. O assunto é Real de Catorze. Além das montanhas, o Gera também tem viajado muito pelo país e nos disse que essa era uma ótima opção, bem no nosso caminho rumo ao sul. A gente foi ler um pouco sobre a cidade e gostamos! Assim, tratamos de inclui-la no roteiro.
Charmoso restaurante de pedra em em Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México
Delicioso aperitivo feito com flores de cactus, em restaurante de Real de Catorce, pueblo mágico no nordeste do México
Bem, se gostamos quando lemos sobre ela, era porque ainda não tínhamos conhecido pessoalmente. Depois de chegar e passar dois dias por aqui, aí a palavra certa a usar é “adoramos”! Ela é uma espécie de São Thomé das Letras, toda em pedra também, mas sem aquela pedreira horrorosa que está destruindo a cidade mineira e com uma história muito mais rica. Um charme só, perdida no meio das montanhas que se erguem em pleno deserto potosino.
Manhã de ceú azul em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
A origem da cidade está na exploração de prata, ainda em tempos coloniais. A mão-de-obra era indígena, pobres escravos que trabalhavam até a morte dentro das minas, sem jamais ver a luz do sol. No início do século XIX a cidade era o segundo maior centro produtor de prata do mundo. A cidade cresceu, igrejas e prédios públicos foram sendo construídos, assim como grandes fazendas de mineração. Mas, aos poucos, os veios de prata foram se esgotando e a riqueza acabando. Boa parte da população se foi e a cidade localizada a mais de 2.700 metros de altitude quase se transformou em uma “cidade-fantasma”. Foi apenas o fervor religioso como centro de peregrinação que manteve Real de Catorce viva por muito tempo. Até que ela foi redescoberta para o turismo, na década de 70. Forasteiros foram chegando e montando pousadas e restaurantes charmosos, aproveitando-se e incentivando uma demanda que apenas crescia. Há poucos anos, a cidade estava “bombando”. Mas a crise de segurança no país afastou muitos turistas e hoje Real anda bem mais calma, apesar das boas pousadas e restaurantes continuarem por lá. Melhor para os turistas que continuam indo para Real. Quem aqui chega, como nós, tem a impressão de estar no lugar certo na hora certa.
Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Nós chegamos aqui no final da tarde do dia 18. Bastou começar a subir pela estrada de paralelepípedo as montanhas da região que eu já senti que iria gostar muito. O ar das montanhas sempre me faz bem. Além disso, a pureza do ar do deserto faz o horizonte ficar mais claro e distante. Iluminado pela luz de fim de tarde, é a combinação ideal. Depois de muito subir, percebi que a estrada acabaria depois da próxima curva, pelo menos no nosso GPS. E até lá, nada de cidade! “Que estranho!”, pensávamos, mas a resposta apareceu. A estrada desembocava em um túnel no meio da rocha. E não era um túnel qualquer, não! Era cavado a mão. Uma antiga mina. O túnel não é largo, mal cabia a Fiona. Cruzar com outro carro por ali seria impossível. Depois, descobrimos que só passa um carro por vez, duas pessoas por rádio, nas entradas do túnel controlando o tráfego. E precisa mesmo, pois são quase três quilômetros. A impressão que se tem é que chegaremos a um outro mundo.
Com o argentino Walter em frente ao nosso hotel em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
E realmente chegamos! Em Real de Catorce! Mal saímos do túnel e já entramos em suas ruas estreitas de pedra, por entre antigas igrejas e construções charmosas. Além de estreitas, as ruas formam um labirinto. Mas o instinto acabou nos levando até a praça e, depois de três tentativas, achamos um hotel joia. O negócio era estacionar logo a Fiona e passar a andar só a pé, que é o que combina com a pequena cidade. Quer dizer, a pé por aqui, mas para os passeios pela região, o melhor são cavalos! No dia 19 fizemos uma cavalgada inesquecível, um dos nossos melhores dias nesses 1000dias, mas vou falar disso no próximo post.
Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Ainda no dia 18, tivemos um maravilhoso jantar em um dos restaurantes aconchegantes, com direito a um aperitivo saborosíssimo, feito de uma espécie de cactos que cresce por aqui. Enfim, depois desse jantar, da noite deliciosa no nosso hotel e da cavalgada inesquecível do dia 19, foi fácil mudar de planos e desistir de seguir viagem. Muito melhor seria passar mais um dia por aqui e foi o que fizemos. Afinal, o que quer que fosse que veríamos pela frente, não poderia ser mais legal que Real.
Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Uma das charmosas casas em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Bom, na verdade, ficou até melhor, por aqui. Isso porque, quando retornamos ao nosso hotel para dizer que ficaríamos mais uma noite, eles já tinham passado nosso quarto para frente. Em compensação, colocaram-nos em outro quarto melhor ainda, mas com o mesmo preço. Esse quarto foi tão legal, mas tão legal, que também vou fazer um post só para ele, hehehe. Depois do post da cavalgada...
Com o Walter, amgo argentino que fizemos em Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
Nós ficamos muito amigos do novo hóspede do nosso primeiro quarto, um argentino fotógrafo que mora no Canadá e que viajou para o Yucatan e Guatemala nas férias com a família e estava retornando para o norte, ele de carro enquanto a família seguiu de avião. Gente finíssima e interessantíssima, muitas conversas de viagem. Foi ótimo! Junto com o Walter (seu nome), ficamos amigos da dona do nosso hotel, que acabou por nos convidar para um jantar com amigos ali em frente. Todos forasteiros e artistas há muito radicados na cidade. O jantar e, principalmente as conversas nesse grupo, parecia que estávamos em algum filme do Almodovar. Foi sensacional!
Caminhando em Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Caminhando pelas ruas de pedra de Real de Catorce, pueblo mágico no norte do México
Ainda tivemos tempo de caminhar pela cidade, conhecer outros restaurantes, ir à igrejas e praças, interagir com artesões que ali moram. Mas, o melhor de tudo era simplesmente estar ali, respirando aquele ar e vivendo aquela vida. A vontade era passar uma temporada por lá, uns dez dias talvez, entrar no clima e no ritmo. Mas temos compromissos à frente e tínhamos de seguir.
Interior da igreja matriz de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
A rústica estrada que sai de Real de Catorze para o vale, ao norte do México
Fomos embora na metade do dia 20. O caminho de saída, para quem tem um carro grande e tracionado, pode ser descendo uma rústica estrada que segue por dentro de um canyon. Se o carro não for assim, tem de sair pelo túnel mesmo, mas aí a volta seria bem maior, para quem segue rumo ao sul. A gente, com a Fiona, claro que seguimos pelo canyon, mais uma bela paisagem desse Pueblo Mágico. Real de Catorce foi, sem dúvida, um de nossos pontos altos aqui no México. E olha que a concorrência é forte...
Fiona pronta para enfrentar a estrada 4x4 wue sai de Real de Catorze, Pueblo Mágico ao norte do México
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet