0 Enfim, a Lama, o Madeira, Porto Velho - Blog do Rodrigo - 1000 dias

Enfim, a Lama, o Madeira, Porto Velho - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Enfim, a Lama, o Madeira, Porto Velho

Brasil, Amazonas, Humaitá, Rondônia, Porto Velho

A Fiona enfrenta a lama nos piores trechos da BR-319, logo após a cidade de Realidade, já não muito distante do asfalto e da cidade de Humaitá, no Amazonas

A Fiona enfrenta a lama nos piores trechos da BR-319, logo após a cidade de Realidade, já não muito distante do asfalto e da cidade de Humaitá, no Amazonas


Ao primeiro raio de sol, acampados lá na torre da Embratel do km 500, eu e a Ana despertamos. Eu tinha dormido muito bem na minha rede, mas a Ana reclamou ter ficado meio preocupada com os bichos, afinal, estávamos em plena Floresta Amazônica. A área da torre é cercada, mas nada que impeça a entrada de cobras ou aranhas. Mas, enfim, nada aconteceu e nem tenho notícia de que tenha passado algo com os outros aventureiros que passam por aqui.

A torre da Embratel no km 500, onde montamos acampamento, na BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

A torre da Embratel no km 500, onde montamos acampamento, na BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


Recolhemos nossas coisas, fizemos um rápido café da manhã e pé na estrada outra vez. Hoje era o último, cerca de 100 km de terra até chegarmos ao asfalto, que começa um pouco antes de Humaitá, Depois, mais duas confortáveis horas até Porto Velho. Estávamos perto!

A bela paisasem da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

A bela paisasem da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


A bela paisasem da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

A bela paisasem da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


Nesse trecho final de terra, as fazendas já são cada vez mais comuns, pastos e gado no lugar da floresta, que fica bem mais afastada. Exceto nos pontos onde cruzamos igarapés, onde a mata aparece linda e exuberante. Algumas dessas fazendas são pontos de referência, como a dos “Catarinos” (adivinha de onde vieram...), que passamos ontem no final de tarde, e a dos “goianos”. É... essa é uma terra de imigrantes. De imigrantes teimosos!

Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


Enfrentamos nossos primeiros trechos de barro ainda antes de chegarmos ao próximo e importante ponto de referência: a cidade de Realidade. Pequena, mas depois de dois dias sem ver quase ninguém, parece uma metrópole. Aí, encontramos um recém aberto posto de combustível. A Fiona já estava no osso, mas conseguiu cruzar toda a estrada sem usarmos o galão extra! Que carro valente que ela é!

Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


Pois foi exatamente depois de Realidade que ela teria de provar mesmo sua valentia. Os trechos mais escabrosos da BR-319 são justamente entre Realidade e o asfalto que não está longe. Talvez pelo maior movimento desse trecho da estrada, é aqui que ela se acaba em barro e lama. Os trechos que tinha visto na internet, com vários carros e caminhões atolados em um mar de lama eram todos aqui. Caminhões cavam valas gigantes, formando o famoso “facão”. Tão alto que fica impossível para carros menores. Botar uma roda em cima do facão também não adianta, pois logo escorrega e cai nas valas. O negócio é inventar novos caminhos, alargando a estrada. Mas os caminhões começam a passar por lá também e o lamaçal só aumenta. É o caos, em trechos com mais de cem metros de comprimento. Na época da chuva, chegam a ter centenas de metros...

Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

Logo depois da cidade de Realidade, a Fiona enfrenta os piores trechos da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


Bom, felizmente a época das chuvas terminou há alguns meses e a coisa não está tão feia assim. Mas bastou uma chuva forte dois dias atrás para ele se complicar um pouco. Tração acionada, mão firme na direção, fomos vencendo esses trechos. Na verdade, parecem mais feios do que são, pelo menos a bordo da nossa Fiona. Tudo parecia ir bem até que vimos uma confusão mais à frente: um caminhão atolado, vindo em sentido contrário e obstruindo totalmente a passagem. Muita gente na caçamba e mais um tanto tentando empurrar, cavando e se sujando no barro.

Muito barro, mas nada segura a Fiona na travessia da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia

Muito barro, mas nada segura a Fiona na travessia da BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia


A Fiona enfrenta a lama nos piores trechos da BR-319, logo após a cidade de Realidade, já não muito distante do asfalto e da cidade de Humaitá, no Amazonas

A Fiona enfrenta a lama nos piores trechos da BR-319, logo após a cidade de Realidade, já não muito distante do asfalto e da cidade de Humaitá, no Amazonas


Esperamos um pouco, mais de longe, mas percebemos que de lá ele não sairia. Aproximamo-nos e logo pediram nossa ajuda. Primeiro com uma corda, mas nossa força não fez nem cócegas. Teria de ser no guincho mesmo. O caminhão até começou a se mover um pouco, mas era a Fiona que era puxada, deslizando sobre a lama. Botamos pedras enormes para calçá-la, guincho a força máxima, muita gente empurrando e ajudando e, enfim, tiramos o caminhão de lá. Uma hora de trabalho, suor e sujeira. Mas saiu de lá. Tão entretidos que estávamos que nem tiramos fotos, infelizmente. Mas filmamos! Um dia, com calma, a Ana vai editar o vídeo e vamos postar. Aí sim, vai dar para se ter uma noção do “tamanho” do problema, hehehe...

caminhão atolado bloqueia a estrada, logo depois da cidade de Humaitá. Uma hora de trabalho e muita força da Fiona para tirá-lo de lá (BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia)

caminhão atolado bloqueia a estrada, logo depois da cidade de Humaitá. Uma hora de trabalho e muita força da Fiona para tirá-lo de lá (BR-319, estrada que liga Manaus à Porto Velho, em Rondônia)


Mas, enfim, para alegria nossa e das dezenas de passageiros, o caminhão seguiu viagem. Mal sabiam que encontrariam trechos ainda piores mais à frente. Nós, ao contrário, já tínhamos passado pelo pior. Uma hora mais tarde e chegávamos ao asfalto. A viagem começou a render mais, até chegarmos a outro trecho de terra, esse, em construção. Novamente, é o Exército construindo, asfaltando a ponta de cá da estrada, assim como os vimos do lado de lá. Será que um dia vão se encontrar?

Chegando á Humaitá, no Amazonas

Chegando á Humaitá, no Amazonas


A praça central de Humaitá, no Amazonas

A praça central de Humaitá, no Amazonas


Asfalto novamente e chegamos à Humaitá, a maior cidade ao sul do estado do Amazonas. Pelas dificuldades de comunicação, são muito mais ligados à Rondônia, claro! A cidade fica na beira do rio Madeira, um dos mais caudalosos afluentes do rio Amazonas. É aqui também que a BR-319 encontra outra rodovia famosa, a Transamazônica. Se quiséssemos seguir para Santarém, era só atravessar o rio de balsa e pegar a estrada do lado de lá. Aparentemente, ela está em melhores condições que a BR-319. Nos nossos 1000dias, nós até fizemos a Transamazônica, mas foi de Santarém para lá. Com certeza, foi muito mais tranquilo que esses últimos três dias.

Crianças brincam na orla do Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas

Crianças brincam na orla do Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas


O caudaloso Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas

O caudaloso Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas


Nós fomos conhecer Humaitá, achamos um restaurante na orla do rio e almoçamos. Dali, deu bem para observar porque o Madeira tem o nome que tem. São centenas de toras e troncos descendo o rio, trazidos pela corrente. Quando chove, o Madeira invade a floresta e traz com ele muitas árvores. Por isso as balsas não gostam muito de subir o rio na época das cheias. Fica meio perigoso, muito “trânsito” no rio.

Almoço na beira do Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas

Almoço na beira do Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas


fazendo jus ao nome, muitas toras de madeira no Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas

fazendo jus ao nome, muitas toras de madeira no Rio Madeira, em Humaitá, no Amazonas


Alimentados, voltamos à estrada, agora para percorrer 200 km em ótimo estado. Não demorou muito e entramos em Rondônia, mais um estado na nossa coleção. Agora, só faltam o Acre e os Mato Grossos. Estamos quase lá!. Por fim, chegamos à capital, Porto Velho, mas uma última barreia nos esperava: o mesmo Rio Madeira.

Fila da balsa para atravessar o Rio Madeira e chegar à Porto Velho, a capital de Rondônia

Fila da balsa para atravessar o Rio Madeira e chegar à Porto Velho, a capital de Rondônia


Estão construindo uma ponte sobre ele, que já está quase pronta. Falta apenas a saída dela do lado norte do rio. Então, temos de usar a velha e confiável balsa. Aproveitamos o percurso para admirar e fotografar a ponte nova e também para perguntar aos outros motoristas o melhor caminho para chegarmos ao endereço do meu xará Rodrigo. Isso mesmo, teremos um lar aqui em Porto Velho, sempre muito melhor do que um hotel. Chegar a um lar depois de três dias na selva e de uma epopeia de 800 km, não tem preço!

Na balsa sobre o Rio Madeira, chegando à Porto Velho, em Rondônia, e admirando a ponte quase pronta que vai atravessar o enorme rio

Na balsa sobre o Rio Madeira, chegando à Porto Velho, em Rondônia, e admirando a ponte quase pronta que vai atravessar o enorme rio

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BR-319 - KM 500 a Humaitá

Comentários (3)

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  • 21/09/2013 | 20:58 por José Ramos

    Valeu Rodrigo!

    É bom saber que nosso exército estar construindo estradas. Sempre imaginei isso. Servi o exército em 77, vejo uma grande saída para mão de obra e profissionalização dos nossos jovens. É preciso construir e criar alguma coisa para profissionalizar os jovens.
    Espero que com essas viagens possa aprender para ensinar aos brasileiros a valorizar o que têm.

    Resposta:
    Oi José

    Outro lugar que encontramos o exército e onde estão fazendo um trabalho maravilhoso foi no Haiti. Muito legal a base, a principal das forças da ONU naquele país.

    Quanto às viagens,é impressionante a quantidade de lugares interessantes nesse país. Iria precisar de outros 1000dias para ver tudo, hehehe

    Um abraço

  • 11/09/2013 | 12:06 por JOSÉ RAMOS

    Em 1981 passei por esses trechos. O sofrimento era o mesmo. Veja que situação, ainda hoje são os mesmos problemas. Quando é que alguém vai olhar para essa região?

    Resposta:
    Oi Jose

    Então, parece que agora vai, o Exército trabalhando nas duas pontas. Mas, sinceramente, tb tenho minhas dúvidas.

    Um abs

  • 14/08/2013 | 13:04 por Rubens Werdesheim

    PQP!

    Resposta:
    Oi Ribens

    Hehehe, seu comentário é um bom resumo do aperto dessa estrada!

    Um abs

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